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segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Ação do Espírito Santo na Evangelização




        “Sereis inspirados para o que tiverdes de dizer. Não sereis vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai é que falará por vós” (Mt. 10:19-20).

Introdução
A Bíblia apresenta a poderosa ação do Espírito Santo em diversas situações. No primeiro capítulo de Génesis, Ele já é mencionado como aquele que “se move sobre as águas”, trazendo luz, reconstruindo, dando sentido e forma ao planeta que estava totalmente desfigurado e caótico (Gn. 1:2).
Como seria a igreja, sem a presença e a ação real do Espírito Santo? Obviamente, sem vida. O Espírito Santo é o protagonista da evangelização na Sua assistência ininterrupta na vida da Igreja para prestar auxílio em cada dia, para que o Reino de Deus cresça e dê frutos de conversão nas pessoas. É a ação do Espírito Santo, que trabalha na nossa vida para restabelecer o progresso da vida cristã, que nos faz ver aquele verdadeiro mundo das coisas espirituais que transcendem o mundo material que tanto nos atrai, que nos leva a que agrademos a Deus e nos esqueçamos da multidão, e que faz com que adoremos a Deus de modo que nos tornemos mais parecidos com Ele.
É pela ação do Espírito Santo, fonte de Sabedoria para conhecermos e compreendermos o mundo e a vida dos homens à luz da Fé, da Esperança e do Amor, que aprendemos a ver como Deus vê, para sermos e dizermos o que Deus quer e diz.
O Espírito Santo é muito importante na vida do cristão, pois Ele é o único que pode nos ensinar como deve ser o nosso proceder diante do Senhor. Em Lucas 12:12 está escrito: “Porque o Espírito Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as coisas que deveis dizer”. O Espírito Santo está disposto a nos ensinar, se estivermos dispostos a aprender! Para isso, precisamos de estudar a Palavra de Deus, onde, a partir de então, o Espírito Santo trará as verdades de Deus às nossas mentes, ajudando-nos a apresentá-las aos outros de maneira eficaz. O Espírito Santo é um grande ajudador na hora da evangelização, pois somente Ele pode convencer o pecador do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16:8).
Sem a ação do Espírito Santo, a compreensão teológica bem como as estratégias na dinâmica da propagação do evangelho e da multiplicação de igrejas, serão insuficientes. Dependemos do Espírito para converter o coração do povo, uni-lo, levá-lo à adoração a Cristo e inflamá-lo a pregar o evangelho. E o vento sopra onde quer.
Sempre que Deus precisou de fazer algo extraordinário na História, o Espírito Santo entrou em ação e capacitou as pessoas escolhidas por Deus tanto para anunciar a Palavra, quanto para realizar milagres! Foi assim na vida dos profetas e na vida de todos aqueles que acreditaram nesse poder. A palavra poder e virtude apresentada em (At. 1:8), vem do termo grego “dunamis” e descreve um poder que jamais havia sido provado e experimentado pelos discípulos e por muitos outros. Antes de provar esse poder e virtude, os discípulos eram pessoas medrosas, incrédulas e desistiam facilmente de seus propósitos pessoais bem como dos de Deus. Mas, após receberem o revestimento do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tornaram-se audaciosos, fervorosos e grandes administradores em favor do Reino de Deus. Jesus os orientou a aguardarem a descida do Espírito Santo (Lc. 24:49), antes de iniciarem a missão de pregar o evangelho em Jerusalém, Judeia, Samaria, e até aos confins da Terra (At. 1:8). Sem a presença e a ação real do Espírito Santo essa tarefa de inscrever o Evangelho de Jesus Cristo no coração dos que estão disponíveis a ser evangelizados seria inviável.
Muitas igrejas deste século sofrem uma grave sequidão espiritual. Há poucas conversões a Cristo, pouca evidência de piedade pessoal e falta de entusiasmo por missões e evangelismo. O compromisso com Cristo e com a sua igreja está em baixa. O cenário atual, em nada é comparado com o de aquele tempo atrás, no qual a Igreja se havia deixado impactar pelo sobrenatural permanentemente pelo Espírito Santo presente no mais íntimo do seu íntimo, onde ecoa a Palavra de Deus e a configura a Cristo Ressuscitado como princípio de uma Vida Nova; havia experimentado o poder de Deus, de forma tão próxima e visível; havia sido cheia do Espírito Santo, tornando-se uma igreja missionária, proclamadora do evangelho, que é o poder de Deus para a salvação, e jamais enclausurada.
Neste mundo onde os homens nos esquecem, mudam de atitude em relação a nós conforme os ditames de seus interesses particulares e revêem as suas opiniões a nosso respeito por causa de uma causa ínfima, é uma fonte de extraordinária força saber que é na abertura fiel e verdadeira à ação do Espírito Santo no nosso coração que reside o segredo da Evangelização que torna presente em cada tempo, em cada lugar e situação o Evangelho de Jesus Cristo.
Devemos lembrar-nos de que o Espirito Santo é o maior comunicador, precisamos de aprender com Ele, assim seremos efetivos na evangelização, e no ensino ao corpo de Cristo cumprindo o nosso chamado que é ensinar e treinar.
Ao considerar o papel do Espírito Santo na evangelização, surgem três perguntas:
1.     Precisamos do Espírito Santo na evangelização?
 A principal resposta a esta pergunta encontra-se no começo da era evangélica. João Batista declarou: “Aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo. 1:33; ver também Lc. 3:16). Há duas verdades distintas aqui.
Primeira: o próprio Cristo foi capacitado pelo Espírito Santo em sua proclamação do evangelho. Como Jesus descreveu o seu ministério público? Citando Isaías 61:1-2: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados...”.
Jesus mostrou assim, que Ele precisava do poder do Espírito Santo para cumprir a missão para a qual fora enviado. Se Jesus, como verdadeiro e perfeito homem, precisava do poder do Espírito Santo, muitos mais nós, homens fracos e limitados, temos necessidade de possuir esta unção.
Jesus mesmo experimentou pessoalmente a bênção de possuir o poder do Espírito Santo, o qual lhe foi dado quando do batismo nas águas por João Batista (Mt. 3:16). E este poder se manifestou continuamente em sua vida (Lc. 5:17; 6:19). Quando a mulher doente tocou na orla de sua veste ele disse: “Alguém me tocou, porque bem senti que de mim saiu virtude” (Lc. 8:46).
Quando Jesus disse: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há-de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At. 1:8), Jesus mostrou assim que a essência da pessoa do Espírito Santo e sua função na Igreja de Cristo está diretamente ligada à evangelização.
Em Lucas 24:49 Jesus promete enviar-nos um consolador, que é o Espírito Santo, e que viria sobre a Igreja em Atos 2 de forma mais permanente. O certo, porém, é que Deus atuou sobrenaturalmente a fim de que a mensagem do Cristo vivo fosse compreendida, clara e nitidamente, por todos os ouvintes.
No meio daquele momento atordoante (vento, fogo, som, línguas) o improvável aconteceu. Aquilo que seria apenas uma festa espiritual interna para 120 pessoas chega até às ruas. O caráter missiológico do evangelho é exposto. O Senhor com certeza já queria demonstrar desde os primeiros minutos da chegada definitiva do Espírito Santo sobre a Igreja que este poder – dinamis de Deus - não havia sido derramado apenas para um culto cristão restrito, a alegria íntima dos salvos ou confirmação da fé dos mártires.
O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações vindouras e nada melhor do que aquele momento do Pentecoste, quando 14 nações ali presentes e, no meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada uma – miraculosamente – passou a ouvir o Evangelho em sua própria língua. Portanto vemos aqui a pessoa do Espírito Santo, o cumprimento da promessa, habitando a Igreja, estando ao seu lado para o propósito de Deus.
Era o Espírito Santo mostrando já na sua chegada para o que viria: conduzir a Igreja a fazer Cristo conhecido na terra. Num só momento Deus fez cumprir não apenas o “recebereis poder” mas também o “sereis minhas testemunhas”. A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar de Jesus.
Daí muitos se convertem e a Igreja passa de 120 crentes para 3.000, e depois 5.000. Não sabemos o resultado daqueles representantes de 14 povos voltando para as suas terras com o Evangelho vivo e claro, em sua própria língua, mas podemos imaginar o quanto o Evangelho se espalhou pelo mundo a partir deste episódio. Certamente o primeiro grande movimento de impacto transcultural da Igreja revestida.
É, na dependência do Espírito Santo na Evangelização, por ocasião de um governo divino e de uma extrema sensibilidade e obediência à voz do Espírito Santo, que o sucesso apostólico se dá. Em todas as decisões que tomarmos procuremos ser direcionados pelo Espírito Santo, levando a mensagem para as ruas, para fora do salão e procurar com testemunho Santo e o uso da Palavra de Deus, fazer Cristo conhecido aos que estão ao seu redor.
Segundo John Knox a essência da função do Espírito Santo é estar ao lado da Igreja de Cristo, fazê-la possuir a face de Cristo e espalhar o nome de Cristo. Nesta perceção, o Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais parecida com o seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido na terra.
O senhorio do Espírito Santo gera um avivamento incomparável na vida do cristão, aproximando-o de Deus, levando-o a conquistar muitas vidas para o seu Reino! O Espírito Santo procede de Deus e capacita o cristão a evangelizar a todos até o arrebatamento da Igreja. “...Enchei-vos do Espírito” (Ef. 5:18).  
Esta força do Espírito é mais necessária do que nunca para o cristão do nosso tempo, a quem se pede que dê testemunho da sua fé, num mundo muitas vezes indiferente, senão hostil. Trata-se de uma força de que necessitam, sobretudo os pregadores, que devem voltar a propor o Evangelho, sem ceder perante os compromissos e os falsos atalhos, anunciando a verdade de Cristo “a tempo e fora de tempo” (2 Tm. 4:2).
a)    Cumprindo a Promessa     
Por sua vez, Jesus exorta os discípulos para que fiquem em Jerusalém e proibi-os de pregar, até que se cumprisse a promessa do Pai, ou seja, até que recebessem a unção do Espírito (At. 1:4-5), que até então fora simbolizado por água, pomba, nuvem, luz e sempre presente na história da salvação, mas que agora se iria manifestar como “fogo abrasador”, devorando tudo o que é contrário à Vontade de Deus e, em sua força transformadora, capacitando o pobre coração humano a arder de amor pelo Seu Criador.
Paulo recordou os crentes de Tessalónica: “O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts. 1:5). Pedro resumiu o assunto quando se referiu àqueles “que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho” (1 Pe. 1:12). Não há como especificar exatamente o minuto e o segundo, mas dá para ver que quem ouve o evangelho e crê é selado com o Espírito Santo, pois é o penhor (garantia) da sua salvação. No Antigo Testamento os crentes tinham o Espírito sobre si, ou os influenciando, mas nunca habitando neles como acontece na Igreja. Não se pode chamar alguém de crente, a menos que tenha o Espírito Santo.
No Novo Testamento, esta é a única maneira pela qual o evangelho pode ser verdadeiramente pregado, porque é o Espírito quem esquadrinha o mundo para ver onde existem almas que podem ser conduzidas ao Salvador. O Espírito Santo preenche o vazio deixado pelo Senhor que ascendeu ao céu após ter realizado a Sua missão aqui.
O Espírito descendo no Pentecostes foi como a “chuva temporã” do outono, que fazia as sementes brotar e proveu a nutrição vital para a igreja cristã em seus primórdios. Ele capacitou os apóstolos a comunicarem o evangelho de maneira clara no idioma das pessoas vindas “de todas as nações do mundo” (At. 2:3-6).
A segunda: é que João Batista define o ministério de Cristo como a outorga do Espírito Santo sobre o seu povo. O Espírito veio para permanecer sobre Cristo, não apenas para as Suas próprias necessidades, mas também para que Ele derramasse sobre todos os cristãos. “Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo. 1:33). Portanto, Ele concede a bênção que Ele mesmo recebeu e faz da Sua Igreja e Seus seguidores, coparticipantes com Ele mesmo. As palavras do apóstolo João não são apenas uma predição referente ao Dia de Pentecostes, são também uma afirmação poderosa sobre a missão de Cristo — “Cristo nos resgatou da maldição da lei... para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl. 3:13-14).
Não podemos evangelizar sem o pleno envolvimento do Espírito Santo em cada etapa. Sabemos que Deus cumprirá todas as promessas feitas aos profetas; sabemos que os pecadores, um dia serão tirados da terra; sabemos que um povo remido entrará no gozo de Deus e que os justos brilharão no Reino de seu Pai; sabemos que as perfeições de Deus ainda serão proclamadas por todo o universo, que todas as formas de inteligência criadas pertencerão ao Senhor Jesus Cristo para a glória de Deus Pai; sabemos que a presente ordem imperfeita será revertida e que um novo céu e uma nova terra serão estabelecidos para sempre.
2. Devemos mencioná-Lo em nosso evangelismo?
Esta pergunta é muito interessante. Devemos mencionar o Espírito Santo em nosso evangelismo? Reconhecendo que o Espírito Santo é o cerne de todo o evangelismo verdadeiro, devemos fazer menção dEle quando nos dirigimos aos não salvos? Os incrédulos precisam de ouvir sobre o Espírito Santo como parte integral da pregação do evangelho?
O Novo Testamento responde “sim”. Quando Jesus se envolveu no evangelismo prático, Ele não hesitou em falar claramente sobre o Espírito Santo. Jesus disse a Nicodemos que ele tinha de “nascer... do Espírito”, e ofereceu “a água viva” do Espírito Santo à mulher samaritana, no poço de Jacó, bem como às multidões reunidas na Festa dos Tabernáculos (Jo. 3:5-7; 4:10; 7:37-39).
Com a mesma clareza, Pedro se referiu ao Espírito Santo no Dia de Pentecostes. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo (At. 2:38). E essa não foi uma “oferta limitada” que marcou o início da Nova Aliança, visto que Pedro continuou: “Para vós outros é a promessa [do Espírito], para os vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”.
Décadas mais tarde, Paulo expressou o interesse de que os discípulos de Éfeso entendessem que uma posse consciente do Espírito Santo é necessária, para alguém desfrutar a segurança de salvação (At. 19:1-6).
Deste modo, também nós devemos mencionar o Espírito Santo em nosso evangelismo, devemos falar sobre o Espírito Santo, porque o Novo Testamento O apresenta como a fonte de Sabedoria para conhecermos e compreendermos o mundo e a vida dos homens à luz da fé, da esperança e do amor; como Aquele que dá o poder pelo qual o evangelho tem de ser pregado e como a essência do dom do evangelho; porque Ele é aquela parte do Espírito de Deus, que manifesta a sua presença e cuidado transportando o Amor Divino dEle para as almas dos homens. Este Amor é a suprema, maior e mais santa das possessões dEle, e pode chegar aos homens somente pelo Espírito Santo; porque Ele é aquela parte do Espírito de Deus, que transforma os homens, em sua qualidade de Amor; porque Ele é a fonte da vida, da luz, da saúde e de outras numerosas bênçãos, que os homens possuem e das que desfrutam — tanto o pecador como o santo, tanto o homem pobre como o rico, tanto o ignorante como o iluminado e educado — e cada um e todos dependem deste Espírito em sua existência e consolação; porque este Espírito de Deus ainda está funcionando para o bem e a felicidade da humanidade e seguirá trabalhando continuamente, sem cessar, e sempre espera a chamada dos homens, até que estes cheguem a estar em harmonia consigo mesmos como o primeiro criado; porque Ele é universal em sua existência e operação, é omnipresente, e pode ser obtido por todos os homens neste sentido; porque é Ele que controla o universo, do que a terra do homem é uma parte infinitesimal.
Deve ser mencionado em nosso evangelismo, porque Ele constitui a parte do Espírito de Deus, que trata com a relação da alma de Deus e a alma do homem somente; porque a Sua missão é a salvação dos homens no sentido de levá-los a esta harmonia com Deus. E sem esta operação do Espírito Santo, os homens não podem realizar esta união; porque o Espírito Santo esquadrinhou a mente de Deus e revelou por meio dos apóstolos e dos profetas tudo o que precisávamos de saber sobre o maravilhoso projeto de redenção de Deus. Por meio do que foi revelado, podemos ser salvos tanto agora quanto para sempre.
A visão da atividade do Espírito Santo na vida cristã deve servir de guia para a condução da mesma. Ser dependente da pessoa do Espírito é o alvo que Paulo apresentou para os seus leitores romanos. Esta visão deve determinar o curso da vida de um crente a honrar, reverenciar e adorar o Espírito Santo. Se um homem não nascer de novo, ele não poderá entrar no Reino de Deus. E este cumprimento é somente possível pela operação do Espírito Santo.
3. Quais as atividades dEle na evangelização?
Nossa resposta a esta pergunta é importante, porque afeta profundamente as nossas expectativas, quando pregamos o evangelho de Cristo.
a)    As obras do Espírito no evangelismo são três.
A primeira operação, conforme já vimos, é autenticar, autorizar e dar a medida exata do poder à pregação do evangelho. Paulo testificou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co. 2:4).
A segunda operação, é convencer aqueles que estão mortos em delitos e pecados — convencê-los de que são responsáveis por seus próprios pecados, diante de Deus. O homem natural sabe que é pecador, porém apenas e tão somente com a intervenção do Espírito Santo ele passa a se sentir perdido. Sem a intervenção e o trabalho do Espírito Santo, o homem natural não busca Deus e nem sente a necessidade de salvação ou perdão. Portanto, se em toda a apresentação do evangelho, o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, a nossa exposição da verdade de Cristo, por mais eluquente que ela seja,  não passará de uma simples apologia humana (1 Ts. 1:5).
O Senhor Jesus prometeu: “Quando ele (o Espírito) vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo. 16:8-11). É este Espírito Santo que convence o homem do pecado, que trabalha no mais profundo do coração do homem e não podemos ter dúvidas disso. É uma ação que ninguém mais poderia operar. Esclarecer e convencer o coração humano do pecado das pessoas; da justiça de Deus em Cristo, pelos pecadores; da existência e julgamento do inimigo de Deus, o Diabo. Se o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.
É o Espírito Santo que habita em nossa vida que nos conduzirá em toda e qualquer evangelização. Precisamos de deixar que Ele nos leve às pessoas certas e que Ele coloque em nossas bocas aquilo que devemos falar. Mas o interessante é que muitas das vezes pedimos para que o Espírito Santo nos use, para que Ele coloque as pessoas, a que devemos falar, no nosso caminho, e depois de as pessoas serem colocadas no nosso caminho, nós não falamos. Ao fazermos isso sufocamos o Espírito Santo e não deixamos que Ele venha a agir com liberdade em nossas vidas. A nossa timidez, o nosso comodismo e o nosso medo de evangelizar só serão vencidos quando dermos total liberdade ao Espírito santo.
Uma obra espiritual de convicção é necessária — um abrir do coração para o evangelho. E quando o Espírito de Deus toma posse do coração, Ele transforma a vida. Os pensamentos pecaminosos são afastados e as más ações são renunciadas; o amor, a humildade e a paz tomam o lugar da ira, da inveja e da contenda. A alegria substitui a tristeza e o semblante reflete a luz do Céu. Ninguém vê a mão que suspende o fardo, nem a luz que desce das cortes celestiais. A bênção vem quando, pela fé, a alma se entrega a Deus. E somente Deus, o Espírito Santo, pode realizar essa obra.
A ação evangelizadora jamais foi resultado de habilidade humana ou metodologia certeira, mas, sim fruto da ação do Espírito Santo que convence o homem do pecado e do juízo. A dependência da ação do Espírito Santo é, portanto, condição necessária e fundamental para sonharmos com igrejas nascendo e se multiplicando, em Cristo, para a glória do Pai.
A terceira operação do Espírito como o sopro da boca do Pai é, sem dúvida, trazer os mortos para a vida! Essa é a obra do Espírito Santo: ressuscitar, tirar do pó aquilo que está sem vida. “E, se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós” (Rm. 8:11).
Ninguém pode ver ou entrar no reino de Deus, se não “nascer de novo” ou nascer do Espírito (Jo. 3:1-8). Paulo se regozijava nesta obra de regeneração do Espírito; ele disse: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos” (Ef. 2:4-5).
b)  Os incrédulos precisam de ouvir sobre o Espírito Santo como parte integral da pregação do evangelho?
O propósito imediato do evangelho não é reformar as pessoas ou influenciar a sociedade. Tampouco é encher o auditório da igreja. O propósito do evangelho é comunicar vida espiritual a pecadores mortos em ofensas e pecados. Isto é algo que somente o Espírito Santo pode realizar; e Ele o faz de maneira soberana.
No nível humano, talvez vejamos pouco da operação do Espírito de Deus porque não a pedimos, nem esperamos vê-la. Se o Espírito de Deus está entre nós, estejamos certos de que não impediremos a obra que Ele veio realizar. Mas, se O entristecemos com o nosso baixo nível de expectativa, Ele pode reter a sua liberalidade por algum tempo. O verdadeiro avivamento derrama “água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca”. Mas isso jaz no soberano dom de Deus, e não podemos fazê-lo acontecer.
Podemos realmente preparar o solo, por meio de oração e fidelidade pertinaz à pessoa do Senhor Jesus Cristo. Mas, visto que os sintomas da sequidão espiritual incluem falta de oração e negligência, estamos presos num ciclo vicioso.
Talvez tenha exagerado na figura. Há exceções e lugares em que o reino de Deus está avançando de modo admirável — embora essas chamas de avivamento não sejam bem vistas por alguns. Mas esses acontecimentos são a exceção, e não a regra. O que podemos fazer?
Existe algo que creio que podemos e devemos fazer. Devemos buscar uma maior consciência experimental do Espírito Santo e um entendimento mais profundo do ensino bíblico a respeito da sua Pessoa e obra.
c)     Estamos negligenciando o Espírito Santo.
As igrejas, em geral, estão negligenciando estes aspetos do evangelho e da vida cristã — sem dúvida porque tememos o declive escorregadio dos excessos carismáticos. Mas um evangelho que não tem lugar para o Espírito de Deus não é o evangelho. Também não somos verdadeiros filhos de Deus, se não somos “guiados pelo Espírito” (Rm. 8:14).
Raramente pregamos sobre a sua Pessoa e obra. Não é feita qualquer menção a Ele em nosso evangelismo — em contraste nítido com a prática do Novo Testamento. No meio da abundante literatura evangélica, há poucos livros a respeito do Espírito Santo, em nossos dias, e menos ainda a respeito de nosso relacionamento com a terceira Pessoa do Deus trino. Negligenciar o ministério do Espírito é desprezar um dos aspetos mais importantes da educação cristã. Pois se o negligenciarmos, então estaremos escolhendo o caminho oposto.
O contrário é verdade no movimento carismático. As prateleiras das livrarias evangélicas gemem sob o peso desses livros! Mas, em sua maioria, não têm utilidade, porque fazem o leitor retirar a sua atenção de Cristo e agradam os desejos carnais por misticismo, emoções e “poder”.
Sem a ação do Espírito Santo, a compreensão teológica bem como as estratégias missionárias serão insuficientes na dinâmica da propagação do evangelho e da multiplicação de igrejas. Dependemos totalmente do Espírito para converter o coração do povo, uni-lo, levá-lo à adoração a Cristo e inflamá-lo a pregar o evangelho, que é o poder de Deus.
d)    Evitando os Perigos
Um pouco de inquietação é compreensível. Um pastor carismático descreveu a sua chamada como “pregar o evangelho do Espírito Santo”. Mas é claro que o Novo Testamento desconhece esse tipo de evangelho — conhece somente o evangelho de Cristo — pois a obra do Espírito é glorificar a Cristo. Como disse Jesus: “Ele me glorificará, porque há-de receber do que é meu e vo-lo há-de anunciar” (Jo. 16:14).
Creio que foi Charles Spurgeon quem disse: “Eu olhava para Cristo, e a pomba da paz voava ao meu coração. Olhava para a pomba, e esta ia embora novamente”. Não ousamos tirar nossos olhos de Cristo, quer para encontrarmos a salvação, quer para corrermos a carreira que nos está proposta (Hb. 12:2).
Mas não devemos ir ao outro extremo e ignorar o Espírito Santo, pois isto significa virar as costas ao Novo Testamento. Muitos crentes ainda estão quase na condição de Atos 19:2: “Nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo”.
Você se recorda que essas palavras foram proferidas em resposta à pergunta de Paulo: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” Quantos evangelistas ousam fazer essa pergunta em nossos dias? Sim, ela é tão relevante hoje como sempre o foi.
Mas, afinal, o que significa verdadeiramente evangelizar no Espírito Santo? Resumidamente pode dizer-se que significa evangelizar com a força, com a novidade e na unidade do Espírito Santo. Evangelizar com o Espírito Santo, quer dizer: estar revestido da força que se manifestou, de um modo supremo e tremendo, na atividade evangélica do Senhor. O Evangelho diz-nos que todos os que o ouviam, se admiravam muito, porque Ele “ensinava como quem tinha autoridade, e não como os escribas” (Mc. 1:22).
O mundo geme e clama, como ovelha que não tem pastor; a miséria material, intelectual, social e espiritual luta para ganhar cada vez mais terreno neste mundo. A Igreja de Jesus Cristo, ungida pelo Espírito Santo, é chamada a proclamar a vida, a salvação, a verdade e unidade em Cristo. Não há tempo para esperar, precisamos de dar uma resposta afirmativa a Jesus, pregar, proclamar, prestar solidariedade ativa, a tempo e fora de tempo. É Jesus quem nos fala: “Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (Jo. 4:35b). Amém!

 

 

 
 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

SALMO UM - OS DOIS CAMINHOS


Introdução
O livro de Salmos se inicia com esta joia preciosa. Este salmo é um dos mais bem conhecidos e favorecidos no Saltério. Ele resume os dois caminhos da vida disponíveis para as pessoas, o caminho para a bênção do justo e o caminho do julgamento para o ímpio (cf. Dt. 30:11-20; Jr. 17:5-8). Qualquer pessoa deverá escolher entre um deles. Ele lida também com Deus, com o viver piedoso e a esperança do justo em vista das promessas do pacto mosaico. Portanto, ele é apropriado para abrir a coleção de 150 salmos. Em vista do seu conteúdo, é um salmo de sabedoria e didático, designado para dar entendimento ao leitor (cf. Pv. 2:12-22).
É desejo do salmista ensinar-nos o caminho para a bem-aventurança e avisar-nos sobre a destruição certa dos pecadores. Este Salmo serve como estímulo para que busquemos o caminho da verdadeira felicidade.
Davi é o autor da maioria dos Salmos; porém, é evidente que alguns foram compostos por outros escritores e ainda existem dúvidas sobre quem foram os autores de alguns deles. Não obstante, todos eles foram escritos por inspiração do Espírito Santo. Entre todos os livros do Antigo Testamento, nenhum tem agradado tanto ao coração humano como os Salmos. Nenhuma outra parte é mais frequentemente citada ou referida no Novo Testamento do que o livro dos Salmos. Em nenhum outro livro da Bíblia podemos encontrar tal variedade de experiências religiosas. Cada Salmo dirige-se diretamente a Cristo, seja à sua pessoa, seja ao seu caráter ou ofícios, ou pode conduzir a Ele os pensamentos dos crentes.
No Livro dos Salmos existe uma qualidade universal que só pode advir da expressão combinada das experiências espirituais dos homens nos muitos períodos da história e numa variedade de circunstâncias da vida. Cada homem foi motivado pelo seu desejo de reação para com o Deus vivo. Todos foram unidos pelo seu desejo inerente de reagir através de suas mais profundas emoções. Cada tipo de experiência religiosa reflete-se no cadinho da vida dada e projeta-se sobre a vida do crente de hoje. Assim, encontramos nos Salmos uma ausência da limitação do tempo que torna este livro igualmente aplicável a cada período da história. 
Os Salmos são a linguagem do coração do crente, seja para lamentar-se pelo pecado, seja para expressar a sede que sente pela presença de Deus ou regozijar-se nEle. Nas ocasiões em que estivermos carregados de aflições, quando lutamos contra as tentações ou triunfamos na esperança ou no gozo da libertação; seja quando admiramos a perfeição divina ou estejamos agradecidos ao Senhor por suas misericórdias; seja quando meditamos em suas verdades ou nos deleitamos em seu serviço.
Os salmos formam uma norma de vida divinamente estabelecida, pela qual podemos julgar a nós mesmos. O valor destes é muito grande a partir deste ponto de vista e a sua utilização aumentará com o crescimento da verdadeira fé no coração. O Espírito Santo nos ajuda a orar quando utilizamos as expressões do salmista. Se nos familiarizarmos com os Salmos em todas as nossas petições perante o trono da graça ou em nossas confissões ou ações de graça, poderemos ser assistidos por eles. Qualquer que seja a devota emoção que nos embargue, um desejo piedoso ou uma santa esperança, tristeza ou gozo, nos salmos podemos encontrar as palavras de consolo, um falar que não pode ser condenado. Na linguagem deste livro divino, têm sido elevadas ao trono da graça as orações e os louvores da Igreja, século após século.
Escrito sob a influência do Espírito de inspiração, o seu objecto é digno de sua origem celestial. Em geral, ele contém detalhes da história nacional do povo judeu, os registos de partes específicas da vida e da experiência dos indivíduos e as previsões de eventos futuros. Este salmo continua a mostrar a escolha sóbria que é base disto.
Nós nos encontramos com muitas revelações da grandeza, majestade e perfeições do único Deus verdadeiro, do seu governo do mundo e seus cuidados especiais sobre o seu povo escolhido. Têm-nos apresentado muitas predições maravilhosas a respeito do Messias, sua humilhação, sofrimento, morte, ressurreição, ascensão e de sua posição à direita de Deus Pai; sua obra no céu como intercessor de seu povo e sua autoridade como Rei universal, a efusão das influências do Espírito Santo e a conversão de todas as nações para a fé do Evangelho. Em suma, se desdobraram em nosso entender, o acórdão final, o recolhimento de todos os justos a Deus e à exclusão eterna dos ímpios de felicidade e de esperança.
Estes e outros temas que constam das mais nobres linhagens da poesia, e em cuja dicção, magnificência e sublimidade correspondem à importância e grandeza dos sentimentos, constituem o material deste livro, e enquanto eles oferecem uma prova incontestável de que é inspirado, que não consta das criações do génio humano simples, mas é uma emanação do céu, eles mostram que o seu carácter e tendência é completamente diferente da personagem e da tendência dos mais admirados da poesia, que o génio das nações pagãs tem já produzido. Ela ensina a piedade mais exaltada, e da mais pura moralidade. Tende apenas para refinar e exaltar a natureza do homem, para elevar a alma a Deus e inspirá-la com a admiração e o amor de seu personagem, para refrear as paixões, purificar os afectos e estimular o cultivo de tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama.
Este livro tem sido muito apreciado em conformidade com o melhor dos homens em todos os tempos e eles têm trabalhado para descobrir as expressões em que expõem a sua excelência. Muitos dos Salmos, para além do significado literal, têm um sentido profético, evangélico e um sentido espiritual. Embora referindo-se principalmente a David e à nação de Israel, eles têm, ao mesmo tempo, uma referência a Cristo e à Igreja do Novo Testamento, fundada no facto de que as primeiras eram típicas deste último.
Este salmo consiste de duas partes: na primeira (do versículo 1 ao versículo 3), Davi expõe em que consiste a felicidade e a bem-aventurança de um homem piedoso, quais são os seus procedimentos e quais as bênçãos que receberá do Senhor. Na segunda parte (do versículo 4 ao final), ele contrasta o estado e o caráter daqueles que não têm Deus, revela o futuro, e descreve, em linguagem impressionante, seu destino final.

 Salmo Um
Estudando este capítulo de Salmos, que foi chamado o salmo do limiar, estamos em frente de um lindíssimo poema que pode perfeitamente ser a introdução de todo o saltério. Ele nos põe face a face com o desafio lançado pelo Antigo Testamento a todos os homens e que trata da felicidade duma vida inteiramente entregue a Deus e da completa destruição que aguarda aqueles que voltam suas costas para o Eterno. O salmista crê que a comunhão ou amizade com Deus, só se obtém quando se faz um curso especial, para se aprender a Palavra de Deus e a comunhão com ele; quando se expulsa do pensamento e da conduta aquelas coisas que desagradam a Deus.
Este poema descreve o homem ideal e nos revela algo do seu carácter, da sua influência, da sua conduta e do seu destino. É muito interessante notar que esses quatro pontos são a espinha dorsal do Sermão do Monte (Mt. 5). São como uma placa de sinalização, indicando ao homem a estrada da bem-aventurança. Jesus conseguiu achar o germe de todos os ricos requisitos de bem viver, no simples esboço que Davi nos dá aqui.
Neste capítulo, o salmista nos dá o retrato de dois homens. Um deles sabe se conservar numa direção certa; sabe usar bem suas horas vagas; sabe buscar boas companhias; gosta de meditar na Palavra de Deus e se delicia em agradar a Deus com suas palavras, pensamentos e ações. Já o outro é bem diferente, exatamente o oposto. É, assim, em vez de ser uma pessoa firme, frutífera e feliz, vê-se completamente desarvorado, perdido, esfalfado e batido pelas tempestades da vida, e finalmente destruído por não ter comunhão com Deus. Dificilmente encontraremos tratamento melhor deste assunto, pois ele está em perfeita consonância com o cerne do divino padrão.
Quem quer que tenha feito a coletânea dos Salmos em um só volume, seja Esdras ou alguma outra pessoa, parece ter colocado este Salmo no início, a título de prefácio, no qual o autor inculca a todos os piedosos o dever de meditar sobre a lei de Deus. The sum and substance of the whole is, that they are blessed who apply their hearts to the pursuit of heavenly wisdom; whereas the profane despisers of God, although for a time they may reckon themselves happy, shall at length have a most miserable end. A soma e substância de todo o Salmo consistem em que são bem-aventurados os que aplicam seus corações na busca da sabedoria celestial; ao passo que, os profanos desprezadores de Deus, ainda que por algum tempo se julguem felizes, por fim terão um final mais infeliz.
1. Blessed is the man. 19 1. O Caminho da vida – “Bem-aventurado é o homem”.
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda do escarnecedor. Mas tem o seu prazer na lei do Senhor, e na lei faz a sua meditação de dia e de noite” (Sl. 1:1-2).
A palavra inicial deste salmo, “Bem-aventurado” trata-se de um termo que enfatiza a alegria. No Novo Testamento Jesus usou esta expressão para se referir à verdadeira felicidade. A intenção do salmista, segundo expressei acima, é que para uma vida bem-sucedida, tudo deve estar sempre bem com os devotos servos de Deus, cuja incansável diligência é entrarem na companhia dos profetas e reis, dos salmistas e historiadores, e, principalmente, na do próprio Deus, os quais nos falam através das Escrituras; é serem dirigidos pela Palavra e fazerem progressos no estudo da mesma e não se limitarem apenas a ler a Bíblia, mas a meditarem nela, porque é melhor um versículo bem mastigado, do que um capitulo inteiro engolido às pressas. Ao invés de seguirem os conselhos errados, devem encontrar na Palavra a fonte de conselhos sábios que os conduzirão à vida, já que o maior contingente do género humano vive sempre acostumado a escarnecer da conduta dos santos como sendo mera ingenuidade e considera o seu labor como sendo total desperdício. São livres-pensadores cínicos, espíritos orgulhosos e autossuficientes. São de pensamentos e linguagem desdenhosa no que concerne a Deus.
O salmista declara que o indivíduo que realmente merece o nome de justo é aquele que terminantemente recusa andar ou viver na atmosfera criada por tais homens maus. Não tem o menor desejo de se deter ou de gastar tempo na companhia desses que tragicamente erram o alvo da vida. Foge de assentar-se na roda desses escarnecedores, para não ser contado como um deles.
Deste modo, é de suma importância que o justo se deleite no que Deus diz, ouvindo com atenção e seja confirmado no caminho da santidade, pela consideração da miserável condição de todos os homens destituídos da bênção de Deus e da convicção de que Deus a ninguém é favorável senão àqueles que zelosamente se devotam ao estudo da verdade divina. Além do mais, como a corrupção sempre prevaleceu no mundo, a uma extensão tal que o carácter geral da vida humana, nada mais é do que um perene afastar-se da lei de Deus.
O salmista, antes de declarar a ditosa sorte dos estudantes da lei divina, os admoesta a se precaverem para não se deixarem levar pela impiedade da multidão que os cerca. Ele nos ensina como é impossível para alguém aplicar sua mente à meditação da lei de Deus, se antes não recuar e afastar-se da sociedade dos ímpios. Eis aqui sem dúvida uma admoestação em extremo necessária; porquanto vemos quão irrefletidamente os homens se precipitam nas armadilhas de Satanás; no mínimo, quão poucos, comparativamente, há que se protegem contra as fascinações do pecado.
Para que vivamos plenamente conscientes de todos os perigos que nos cercam, necessário se faz recordar que o mundo está saturado de corrupção mortífera e que o primeiro passo a dar para viver bem consiste em renunciar a companhia dos ímpios; consiste em ter consciência de que Deus nos conhece e nos ama (Ver Salmo 56:8), de outra sorte, é inevitável que nos contaminemos com a sua própria poluição. O impio começa com a impiedade, depois passa ao escarnecimento e termina como palha (Mt. 13:30).
As the prophet, in the first place, enjoins the godly to beware of temptations to evil, we shall follow the same order.Como o salmista, em primeiro lugar, prescreve aos santos precaução contra as tentações para o mal, seguiremos a mesma ordem. Sua afirmação de que é bem-aventurado, – plantado junto aos rios, dando fruto e prosperando (Ver Génesis 39:34; 49:22) - quem não têm nenhuma associação com os ímpios, é o que o comum sentimento e opinião do género humano dificilmente admitirá; pois enquanto todos os homens naturalmente desejam e correm após a felicidade, vemos com quanta determinação se entregam a seus pecados; sim, todos aqueles que se afastam ao máximo da justiça, procurando satisfazer suas imundas concupiscências, se julgam felizes em virtude de alcançarem os desejos de seu coração.
O salmista, ao contrário, aqui nos ensina que ninguém pode ser devidamente encorajado ao temor e serviço de Deus e bem assim ao estudo de sua lei, sem que convictamente, se persuada de que todos os ímpios são miseráveis e que os que não se afastam de sua companhia se envolverão na mesma destruição a eles destinada. Como, porém, não é fácil de evitar os ímpios com quem estamos misturados no mundo, sendo-nos impossível distanciar-nos totalmente deles, o salmista, a fim de imprimir maior ênfase à sua exortação, emprega uma multiplicidade de expressões.
In the first place, he forbids us to walk in their counsel ; in the second place, to stand in their way ; and, lastly, to sit in their seat.Em primeiro lugar, ele nos proíbe de andarmos segundo a conselho dos impios; em segundo lugar, de nos determos no caminho dos pecadores; e, finalmente, de nos assentarmos junto deles.
Notemos bem a forma como o primeiro versículo deste Salmo demonstra uma progressão entre os verbos andar, deter-se e assentar-se; e dos substantivos conselho, caminho e assento; e dos adjetivos impios, pecadores e escarnecedores. Podemos assim observar que passo a passo o pecado é um ato contínuo, induzindo sempre o pecador para ir mais além no seu erro. Começa por andar, depois por se deter e, por fim, por se assentar a despojar-se.
Demonstra aquela pessoa que vai aos poucos atentando e se acomodando aos conselhos daqueles que desprezam o Senhor. Os ímpios com suas práticas e conquistas são efêmeros e passageiros, como “a palha que o vento dispersa” (v. 4). Isto porque não serão poupados no juízo (v. 5), permanecendo separados daqueles que andam segundo o conselho de Deus. Seu fim é a destruição (v. 6).
The sum of the whole is, that the servants of God must endeavor utterly to abhor the life of ungodly men.A suma de tudo é: os servos de Deus devem diligenciar-se ao máximo por cultivar aversão pela vida ímpia. Essas etapas sucessivas na estrada do mal devem ser religiosamente evitadas por esse homem que tem sabedoria suficiente, para ver que a vida é muito curta para ser assim esbanjada com um comportamento iniquo.
Os servos de Deus devem andar sempre em direção oposta ao “curso deste mundo” (Ef. 2:2), não aceitando conselhos de pessoas que os induzirão a pecar contra o Senhor (Is. 30:1; Pv. 12:5). O cristão que se preza, anda segundo o conselho de Deus por meio do Espírito Santo (Sl. 33:11; Gl. 5:25).
O crente não pode se embaraçar com as coisas desta vida (Hb 12.1). Quando ele começa a se envolver com as práticas comuns aos ímpios, é porque se deteve naquilo que o levará consequentemente à morte espiritual. Esse é um estágio mais adiantado que o anterior, no qual ele já experimentou andar no pecado, se adaptou e se deteve.
As rodinhas onde se contam piadas “evangélicas”, ou não, são a característica marcante de um ajuntamento onde a igreja, os líderes e Deus são escarnecidos (Pv. 1:22).
Estejamos atentos, pois a habilidade de Satanás consiste em insinuar seus embustes, de uma forma muito astuta. O salmista, a fim de que ninguém se deixe insensivelmente enganar, mostra como paulatinamente os homens são ordinariamente induzidos a se desviarem do reto caminho.
No primeiro passo, não se precipitam em franco desprezo a Deus, mas, tendo uma vez começado a dar ouvidos ao mau conselho, Satanás os conduz, passo a passo, para um desvio mais acentuado, até que se lançam em transgressão aberta. O salmista, portanto, começa com um conselho, termo este, a meu ver, significa a perversidade que ainda não se exteriorizou abertamente.
A seguir o salmista fala da vereda, o que deve ser tomado no sentido de habitual modo ou maneira de viver. E coloca no ápice da ilustração o assento, uma expressão metafórica que designa a obstinação produzida pelo hábito de uma vida pecaminosa. In the same way, also, ought the three phrases, to walk, to stand, and to sit, to be understood. Da mesma forma, também, devem-se entender os três verbos, a andar, deter e assentar.
Quando uma pessoa anda voluntariamente, em consonância com a satisfação de suas corruptoras luxúrias, a prática do pecado o enfatua tanto que, esquecido de si mesmo, se torna cada vez mais empedernida na perversidade, o que o salmista denomina de deter-se no caminho dos pecadores. Então, por fim, segue-se uma desesperada obstinação, a qual o salmista expressa usando a figura assentar-se.
Ora, se nos dias do salmista, necessário se fazia que os devotos adoradores de Deus evitassem a companhia dos ímpios, a fim de manterem a sua vida bem estruturada, quanto mais necessário é no tempo presente, quando o mundo se transformou em algo muitíssimo mais corrupto. O nosso dever é evitar criteriosamente todas as ameaças da sociedade, para que nos conservemos incontaminados de todas as suas impurezas.
The prophet, however, not only commands the faithful to keep at a distance from the ungodly, from the dread of being infected by them, but his admonition farther implies, that every one should be careful not to corrupt himself, nor abandon himself to impiety. 22 O salmista, contudo, não só prescreve aos fiéis que se mantenham à distância dos ímpios, temendo ser contaminados por eles, mas também que cada um seja prudente, a fim de que se não corrompa e nem se entregue. Mesmo que uma pessoa não tenha ainda contraído todo o aviltamento provindo dos maus exemplos, no entanto é possível que se assemelhe aos perversos, ao imitar espontaneamente os seus hábitos corruptos.
In the second verse, the Psalmist does not simply pronounce those happy who fear God, as in other places, but designates godliness by the study of the law, teaching us that God is only rightly served when his law is obeyed.No segundo versículo, o salmista não declara simplesmente ser bem-aventurado aquele que teme a Deus, como faz em outros passos, senão que designa o estudo da lei, como sendo a marca da piedade, nos ensinando que Deus só é corretamente servido quando a sua lei for obedecida; quando se busca respostas e se recorre à Palavra de Deus e não a conselhos de pessoas sem o temor de Deus. Não se deixa a cada um a liberdade de codificar um sistema de religião ao sabor de sua própria inclinação, senão que o padrão de piedade deve ser tomado da Palavra de Deus.
Quando Davi aqui, fala da lei, não deve ser deduzido como se as demais partes da Escritura fossem excluídas, mas, antes, visto que toda a Escritura outra coisa não é senão a exposição da lei, ela é como a cabeça sob a qual se compreende todo o corpo.
O salmista, pois, ao enaltecer a lei, inclui todo o resto dos escritos inspirados. É mister, pois, que ele seja compreendido como a exortar os fiéis a meditarem também nos Salmos. Ao caraterizar o santo se deleitando na lei do Senhor, daí podemos aprender que obediência forçada ou servil não é de forma alguma aceitável diante de Deus, e que só são dignos estudantes da lei aqueles que se chegam a ela com uma mente disposta e que se deleitam com as suas instruções, não considerando nada mais desejável e delicioso do que extrair dela o genuíno progresso. Desse amor pela lei procede a constante meditação nela, o que o salmista menciona na última cláusula do versículo; pois todos os que são verdadeiramente impulsionados pelo amor à lei devem sentir prazer no diligente estudo dela.
Somos comparados a ovelhas, animal ruminante que passa a noite regurgitando e mastigando o alimento que engoliu durante o dia. Desta forma, o cristão se alimenta da maravilhosa Palavra de Deus e “rumina de dia e de noite”.
Ser cristão significa ser uma nova criatura em Cristo Jesus (2 Co. 5:17) que corresponde ao “nascer de novo” em João 3:5. Esse processo acarreta em mudanças radicais, que começam no espírito do homem. Logo, os desejos do coração do servo de Deus têm novo alvo, e agora, ele se deleita no Senhor e tem grande prazer em seus mandamentos e não no mundo (Sl. 37:4; 112:1).
Porque está plantado junto à fonte da fertilidade espiritual, se torna qual árvore forte e vigorosa, formosa e garbosa, cujas raízes são muito profundas no subsolo e alcançam lençóis de água, dos quais recebem ocultamente o alimento que vai aparecer abertamente em frutos abundantes no seu devido tempo e as suas folhas não murcham. Estando firmemente plantada, jamais os ventos que varrem a planície conseguem derribá-la, porque a esperança e a fé sustentam e fortificam essas pessoas,  pois a sua confiança está em Deus (Sl. 56:11).
Esta afirmação revela a vitalidade do cristão. Uma vez seguidas as recomendações nos vs. 1 e 2, ele pode esperar resultados esplêndidos em sua vida espiritual, pois será idêntico a uma planta regada constantemente. É junto às margens de rios e lagoas que se encontram as terras mais férteis e, da mesma forma, a vida cristã vigorosa não permite distanciar-se da Palavra do Senhor.
O salmista nos diz que uma vida que se alimenta da Palavra de Deus, que se alegra em fazer a vontade de Deus, é sempre frutífera, produzindo boas obras. A combinação do viver limpo com o comer a Palavra de Deus, e com o produzir fruto, o conservará vigoroso no seu interior, como no seu exterior e produzirá essa espécie de vida que positivamente influenciará para o bem, onde quer que esteja.
Aqui temos a produtividade do crente. É importante frisar que as árvores, exceto as de enxerto, só produzem fruto na estação própria. Portanto, o cristão que tem raízes firmes, profundas e que está bem fixo e otimamente sustentado, não deve se preocupar em forçar a produção de frutos em sua vida, mas sim, em prover os meios necessários para que, no devido tempo, eles apareçam (Jo. 15:1-8; 2 Pe. 1:5-8).
Trata-se de uma promessa para o fiel. Encontra paralelo na profecia de Jeremias 17:5-10. Lembre-se de que a árvore é um ser vivo em dinâmico ciclo de crescimento, fotossíntese, alimentação, geração de frutos, mudança de folhagem etc. Assim é o crente que está ligado à Palavra de Deus. Ele absorve seus ensinos vitais e o Senhor transforma isso em crescimento e frutos. O justo não teme as estações, pois as suas raízes estão solidas e totalmente seguras pela Rocha, que é Jesus. “Mas eu confio em ti, ó Senhor; digo: Tu és o meu Deus. Todos os meus dias estão nas tuas mãos...” (Sl. 31:14, 15).
The Psalmist here illustrates, and, at the same time, confirms by a metaphor the statement made in the preceding verse; for he shows in what respect those who fear God are to be accounted happy, namely, not because they enjoy an evanescent and empty gladness, but because they are in a desirable condition. Aqui, o salmista ilustra, e, ao mesmo tempo confirma pelo uso de metáfora, a afirmação feita no versículo anterior; pois ele mostra em que sentido os que temem a Deus devem ser considerados bem-aventurados, ou seja, não porque desfrutem de evanescente e infantil alegria, mas porque se encontram numa condição saudável. Há nas palavras um contraste implícito entre o vigor de uma árvore plantada num sítio bem regado e a aparência decaída de uma que, embora possa florescer lindamente por algum tempo, no entanto logo murcha em decorrência da aridez do solo em que se acha plantada.
Com respeito aos ímpios, como veremos mais adiante (Salmo 37:35), eles são às vezes como “os cedros no Libano”. Desfrutam de uma prosperidade tão exuberante, tanto de riquezas quanto de honras, que nada parece faltar-lhes para a sua presente felicidade. Não obstante, quanto mais alto se ergam e quanto mais se expandem por todos os lados os seus galhos, uma vez não possuindo raízes bem fincadas na terra, nem ainda suficiente humidade da qual venha a derivar seus nutrientes, toda a sua beleza e grandeza desaparece.
Apenas e tão-somente pela bênção divina é que alguém pode permanecer numa condição de prosperidade. Os que explicam a figura dos fiéis produzindo o seu fruto na estação própria, significando que sabiamente discernem quando uma coisa que deve ser feita, até onde pode ser bem-feita, em minha opinião revela mais subtileza do que bom senso, impondo às palavras um sentido que ele jamais pretendeu.
A intenção do salmista é nada mais, nada menos de que os filhos de Deus floresçam constantemente e sejam sempre regados com as secretas influências da graça divina, de modo que tudo o que lhes possa suceder será proveitoso para a sua salvação. Enquanto que, em contrapartida, os ímpios são arrebatados pelas repentinas tempestades ou consumidos pelo escaldante calor. And when he says, he bringeth forth his fruit in season, 23 “””E ao dizer: “produz seu fruto na estação própria”, ele expressa o pleno do fruto produzido, ao passo que, embora os ímpios aparentem precoce fecundidade, contudo nada produzem que conduza à perfeição.
Nesse estágio, o cristão tem o retorno merecido pela sua fidelidade ao Senhor: a prosperidade. Embora esteja implícita a ideia de riquezas materiais, o ensino principal é que todos os planos e investimentos na vida espiritual terão êxito. A relação é com a “árvore plantada junto a ribeiros de águas”, pois a sua progressão está intimamente relacionada com o terreno e a água abundante. Portanto, o cristão só prosperará se a sua vida estiver pautada na Palavra do Senhor e a sua vida totalmente Nele, por Ele e para Ele. (Jo. 15:1-7; Ef. 1:3).
O ímpio está em “lugares escorregadios” (Sl. 73:18), mas o cristão é feliz por sua estabilidade. As árvores normalmente perdem as suas folhas no tempo frio ou muito seco. O cristão, cheio de vida, não se abate quando as dificuldades aparecem, pois está sempre rejuvenescido pela presença do Espírito Santo e alimentado pela Palavra de Deus (Ef. 6:10).
2. O Caminho da Condenação
  Os ímpios não são assim, são, porém, como a palha que o vento dispersa” (Sl. 1:4).
O salmista pôde, com propriedade, ter comparado os ímpios a uma árvore que rapidamente murcha. O homem que não vive em contato com Deus é como gramínea sem raiz, sem fruto, sem frescura, sem vigor vital interior. Não tem nenhuma estabilidade, nenhuma frescura e nenhuma graça atrai. O seu caráter, conduta e destino são errados, porque preferiu ter Deus fora de sua vida.
Ele tem a sua casa construída sobre a areia. Não tem alicerces. Ao chegar ao término da carreira, verá que correu em vão, desancorado, sem fundamento, sem lar, sem Deus, sem luz no anoitecer da vida. E ao passo que o caminho do justo desemboca na vida eterna, a vida do iniquo é visceralmente ridícula, malbaratada, desorientada, terminando na morte eterna.
Com essa forma de discurso, o Espírito Santo nos ensina a contemplar com os olhos da fé o que de outra forma nos pareceria incrível, pois ainda que o ímpio agora viva prosperamente e se eleve e surja de forma sobranceira, à semelhança de uma árvore imponente, descansemos certos que aos poucos será mesmo como palha ou o refugo, porque quando o Senhor no seu devido tempo o expulsar do seu trono aparente de prosperidade e o arrojar da alta posição em que se encontra pela humilhação, ele será levado para lá e para cá com o sopro da ira do Senhor. A vida do ímpio é como um vai-e-vem sem direção, inseguro, sem qualquer esperança de ficar no mesmo lugar, sem fruto, sem atratividade e sem frescura, é como a moinha, sem peso, sem conteúdo e sem valor algum. No presente, é desprezível. A sua ruina é inevitável. Os que deixam a Palavra de Deus e seguem doutrinas enlatadas, modismos de homens perversos, são assim também: “levados em roda por todo vento de doutrina” (Ef. 4:14; Sl. 37:10; Ml. 4:1).
Aquele versículo The Psalmist might, with propriety, have compared the ungodly to a tree that speedily withers, as Jeremiah likens them to the heath which grows in the wilderness, ( Jeremiah 17:6 ) But not reckoning this figure sufficiently strong, he debases them by employing another, which represents them in a light still more contemptible: and the reason is, that he does not keep his eye on the prosperous condition of which they boast for a short time, but his mind is seriously pondering on the destruction which awaits them, and will at length overtake them.trata do juízo de Deus contra os maus, contra os que deliberadamente decidem escolher caminhos tortuosos e distantes do Senhor. “Moinha” ou “palha” servem para mostrar que tais pessoas são superficiais, não possuem raiz (o contrário da árvore do v. 3), peso ou utilidade, pois a palha serve apenas para ser espalhada pelo vento ou para ser queimada. Na colheita do trigo, o cereal é debulhado e jogado para cima, de forma a separar a palha do alimento. A palha é dispersada pelo vento.
O salmista bem poderia, com propriedade, ter comparado os ímpios a uma árvore que rapidamente murcha, à semelhança de Jeremias que os compara ao arbusto que cresce no deserto (Jr. 17:6). Considerando, porém, que tal figura não era suficientemente forte, ele os avilta ainda mais, empregando uma outra (figura) que os exibe por um prisma que os torna ainda mais desprezíveis. E a razão é porque ele não mantém os seus olhos postos na condição de prosperidade da qual se vangloriam por um curto tempo, mas a sua mente está seriamente na destruição que os aguarda e que, finalmente os surpreenderá. Portanto, eis o significado: embora os ímpios vivam no momento prosperamente, todavia vão paulatinamente se transformando em palha; pois quando o Senhor os derribar, ele os arrojará de um lado para o outro com a sua fulminante ira.
“Portanto, os ímpios não prevalecerão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Porque o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá(Sl. 1:5-6).
Pela parábola do trigo e do joio (Mt. 13:24-30), entendemos que o ímpio pode permanecer num estreito relacionamento com os cristãos, inclusive participando de todas as atividades da igreja. No entanto, haverá um dia em que serão apartados, como bodes das ovelhas (Mt. 25:32; Ec. 8:13).
O Senhor conhece todas as coisas, inclusive o caminho do justo e o do ímpio. Isso torna a situação do pecador mais desconfortável, pois de modo algum escapará no juízo final (Sl. 9:16).
Diante do Juiz, não há argumentos ou defesa no Dia do Juízo. As escolhas já terão sido feitas. Não haverá mais tempo para mudar de opinião. Não entrará pecado na Cidade Celestial; assim, não haverá lugar para pecadores impertinentes na congregação dos justos. Leia Isaías 2:10-21.
A advertência divina é que: “os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl. 9:17). “Portanto, o seu caminho lhes será como lugares escorregadios na escuridão; serão empurrados e cairão nele; porque trarei sobre eles mal, o ano mesmo da sua visitação, diz o Senhor” (Jr. 23:12).
Ele não apenas tem informações sobre o justo, como também se preocupa com ele. Veja a expressão de Davi: “Eu me alegrarei e regozijarei no teu amor, pois consideraste a minha aflição e conheceste a angústia da minha alma” (Sl. 31:7). E: “Ó Senhor, tu me sondaste e me conheces” (Sl. 139:1). Deus se identifica com as nossas necessidades. Creia nisso. Já o caminho (viver) do ímpio “perecerá”. Aqui, os dois caminhos se separam. Para sempre. Lembremo-nos: não existe um terceiro caminho. Lembremo-nos das palavras de Jesus: “Quem comigo não ajunta, espalha” (Mt. 12:30b).
In the fifth verse, the prophet teaches that a happy life depends on a good conscience, and that, therefore, it is not wonderful, if the ungodly suddenly fall from the happiness of which they fancied themselves in possession.No quinto versículo, o salmista ensina que uma vida feliz depende de uma sã consciência, e que, portanto, não é de admirar que o ímpio de repente se veja sem aquela felicidade que julgara possuir. E há implícita nas palavras, uma espécie de concessão: o profeta tacitamente reconhece que os ímpios se deleitam e desfrutam e triunfam durante o reinado da desordem moral no mundo; justamente como os ladrões se regalam nas florestas e esconderijos, enquanto se veem fora do alcance da justiça. Ele nos assegura, porém, que as coisas nem sempre correrão bem em seu presente estado de confusão, e que quando forem reduzidas ao seu real estado, tais pessoas ímpias se verão inteiramente privadas de seus prazeres, e perceberão que foram enfatuadas imaginando ser felizes. E assim percebemos que o salmista apresenta o ímpio como sendo um miserável, visto a felicidade ser uma bênção interior procedente de uma sã consciência. He does not deny, that before they are driven to judgment, all things succeed well with them; but he denies that they are happy unless they have substantial and steadfast integrity of character to sustain them: for the true integrity of the righteous manifests itself when it comes at length to be tried.
O salmista não nega que, antes que compareçam a juízo, todas as coisas foram bem-sucedidas com eles; mas ele nega que sejam de facto felizes, a menos que tenham substancial e inabalável integridade de caráter para se manterem; pois a genuína integridade dos justos se manifesta quando ela finalmente é provada. É deveras verdade que o Senhor exerce juízo diariamente, quando faz distinção entre os justos e os perversos; visto, porém, que isso só é feito parcialmente nesta vida, devemos olhar mais alto se desejamos ver a assembleia dos justos, da qual se faz menção aqui.
Even in this world the prosperity of the ungodly begins to pass away as often as God manifests the tokens of his judgment; (for then, being awakened out of sleep, they are constrained to acknowledge, whether they will or no, that they have no part with the assembly of the righteous;) but because this is not accomplished always, nor with respect to all men, in the present state, we must patiently wait for the day of final revelation, in which Christ will separate the sheep from the goats. Mesmo neste mundo a prosperidade dos ímpios começa a escoar-se assim que Deus manifesta os emblemas de seu juízo (porque, sendo despertos do sono, são constrangidos a reconhecerem, queiram ou não, que não têm qualquer parte na assembleia dos justos); visto, porém, que isso nem sempre se concretiza em relação a todos os homens, no presente estado, devemos pacientemente esperar o dia da revelação final, quando Cristo separará as ovelhas dos cabritos. At the same time, we must maintain it as a general truth, that the ungodly are devoted to misery; for their own consciences condemn them for their wickedness; and, as often as they are summoned to give an account of their life, their sleep is broken, and they perceive that they were merely dreaming when they imagined themselves to be happy, without looking inward to the true state of their hearts. Ao mesmo tempo, devemos ter como verdade geral, o facto de que os ímpios estão destinados à miséria; pois suas próprias consciências os condenam em virtude de sua perversidade; e, assim que forem convocados a prestar contas de sua vida, seu sono será interrompido, e então perceberão que estiveram meramente sonhando quando eles acreditavam ser felizes, sem visualizar em seu interior o real estado de seus corações.
Moreover, as things appear to be here driven about at the mercy of chance, and as it is not easy for us, in the midst of the prevailing confusion, to acknowledge the truth of what the Psalmist had said, he therefore presents to our consideration the grand principle, that God is the Judge of the world. Além do mais, as coisas aqui parecem ser atiradas à mercê da sorte e como não nos é fácil, no meio da confusão reinante, reconhecer a verdade, o que o salmista havia dito, ele, pois, apresenta, para nossa consideração, o grande princípio de que Deus é o Juiz do mundo. Isso concedido, segue-se que não pode haver outra sorte para o reto e o justo senão o bem-estar, enquanto que, em contrapartida, outra sorte não será revelada ao ímpio senão a mais terrível destruição.
De acordo com toda a evidência According to all outward appearance, the servants of God may derive no advantage from their uprightness; but as it is the peculiar office of God to defend them and take care of their safety, they must be happy under his protection. externa, os servos de Deus não podem extrair qualquer benefício de sua retidão; mas, como é o ofício peculiar de Deus defendê-los e tomar providência em favor de sua segurança, eles devem viver felizes sob sua proteção divina. E de tal facto, podemos também concluir que, como Deus é o inexorável vingador contra os perversos, ainda que por algum tempo ele pareça não notar o que o ímpio faz, finalmente o visitará com a destruição. Portanto, em vez de admitirmo-nos ser enganados com a sua imaginária felicidade, tenhamos sempre diante de nossos olhos, em circunstâncias de stress, a providência de Deus, a quem pertence a prerrogativa de estabelecer os negócios do mundo e fazer com que, do caos, surja a perfeita ordem.
 Deveras, o primeiro salmo nos dá cordial encorajamento para nos agradarmos da lei de Deus, evitando a intimidade dos que realmente não amam o Altíssimo. Este proceder resultará em sermos felizes, não apenas por alguns anos, mas eternamente, como servos leais de Deus.
Aplicações do Salmo 1 Para a Igreja de Hoje
a) Planejando seu crescimento espiritual.
O salmista nos indica o caminho para uma vida inteiramente entregue a Deus, conhecendo a sua Palavra e dela tirando bons conselhos. A vida que se quer ter daqui a 5, 10, 20, 40 ou 60 anos, depende de nossas decisões que tomarmos hoje.
b) Escolhendo que tipo de pessoa quer ser.
O justo é direcionado por Deus, usa seu tempo em coisas espirituais, busca boas companhias, gosta do estudo bíblico, apresenta-se diante de Deus para agradá-lo. O ímpio é superficial, zombador, carnal, vive pecando, é sem direção, perdido, sofrido pelas tempestades da vida. A ideia é de pessoa desassossegada, inquieta, em constante desarmonia.
c) O cristão tem prazer no ensino bíblico!
Este é o segredo do sucesso na vida do justo. A Bíblia é a nossa norma de conduta. Todo aquele que deseja ser bem-sucedido na vida deve se interessar pelo que Deus falou, fez e revelou nas Escrituras. Os ensinos adquiridos ao longo da vida do fiel tornam-se nossa regra de conduta. Tal como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, o fiel vai sendo “irrigado” pela Palavra de Deus.