Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Somos Propriedade Exclusiva de Deus


Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” (Ef. 1:13-14).
Introdução
A Palavra “exclusivo” é encontrada em Tito 2:14. Os cristãos são o povo exclusivo de Deus. Usamos a palavra, por vezes, quando falamos de algo estranho ou diferente. Mas essa não é a sua utilização aqui. A palavra é traduzida de uma palavra grega que é composta por duas outras palavras: uma que significa uma “volta”, como um círculo, e a outra que significa “ser”. Pode ser traçado por um ponto dentro de um círculo. Isto nos ajudará a compreender o significado da palavra combinada. Assim como é o círculo em torno do ponto, assim Deus está ao redor de cada um de Seus santos. O círculo monopoliza o ponto, tem todo o ponto em si. Então todos os cristãos são uma propriedade exclusiva de Deus. Eles são a Sua posse privada. Ele reservou-os para Si mesmo. A expressão em 1 Tessalonicenses 1:1, “A igreja dos Tessalonicenses em Deus”, tem a mesma ideia, pois o caso grego é locativo da esfera, ou seja, está na esfera de Deus, delimitada por Deus, cercado por Ele. 
No verso 14, os crentes são chamados de “propriedade de Deus”. O sublime de tudo isto é que a fonte de tudo o que somos, temos e esperamos ser, no que diz respeito à salvação, é a vontade de Deus para nós; mas essa corrente flui para nós através do Senhor, e por fim para o qual se dirigem todas as coisas é a integração de tudo em Cristo, Aquele que foi o Alfa, mas que também será o Omega.
O selo do Espírito é uma garantia absoluta de que somos propriedade exclusiva de Deus e que ninguém pode violar essa propriedade, pois o Espírito nos foi dado como penhor e garantia de que a obra da redenção será consumada.
O selo do Espírito Santo é de valor incalculável, porque significa que recebemos a marca da semelhança com Cristo e, assim, somos conservados invioláveis no meio de todas as vicissitudes da vida. O Espírito Santo é o “penhor” da nossa ressurreição futura, ou seja, a garantia de que não estamos órfãos (Jo. 14:18) e de que seremos transformados na ressurreição (1 Co. 15:52.).
O selo é um sinal de autenticidade. Não somos bastardos nem filhos ilegítimos. Pertencemos verdadeiramente à família de Deus. O selo também é um símbolo de propriedade. Nós somos propriedade exclusiva de Deus por três razões: pertencemos a ele por direito de criação; por direito de resgate; e também, por direito de possessão.
A nossa salvação não é um engodo, mas uma realidade insofismável. Somos propriedade exclusiva de Deus e somos invioláveis. Ninguém pode afastar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus (Rm. 8:38-39). Com isso, entendo que Deus nos olha de uma forma amorosa e especial. Temos um Senhor maravilhoso, que só planeia o melhor para cada um de Seus filhos.
1.     Fomos selados como propriedade dele e para a habitação dele.
O selo ainda é símbolo de proteção. O selo é inviolável. Assim, ninguém pode arrancar-nos das mãos de Deus. Somos dele, inviolavelmente dele.
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia“ (1 Pe. 2:9-10).
Eu chamo esta passagem de caderneta de identidade porque nos oferece uma série de descrições vívidas do que somos em Cristo. Nós, os que creem e confiam em Jesus Cristo, somos descritos como “...pedras vivas, casa espiritual e sacerdócio santo, uma raça eleita, um sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”.
Estes mesmos privilégios Deus já os havia prometido à nação de Israel, se ela se mostrasse obediente. Em Êxodo 19: 5-6a encontramos: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo”.
Antes de qualquer comentário é interessante pensarmos na mudança de posicionamento que Deus promoveu na vida de todos que o buscaram com sinceridade de coração, obedecendo em tudo à sua vontade, pois estavam vivendo na região das trevas e foram transportados para a região da luz do Senhor que é descrita aqui no texto, como maravilhosa. É interessante notarmos que quando estávamos nas trevas, as nossas obras eram escondidas, mas hoje, na sua maravilhosa luz, nossa vida ganhou transparência, pois o pecado que ofuscava o brilho do nosso viver foi eliminado pelo Senhor.
Gosto muito das expressões usadas na Palavra de Deus, tais como: “em outro tempo não éreis povo”, e povo significa conjunto de habitantes de um país ou de uma localidade, multidão de gente. Creio que com estas definições, dá para entendermos um pouco do que Pedro disse. Na verdade nós pertencemos hoje a um povo que não tem a sua Pátria neste mundo, e sim na glória celestial. Hoje pertencemos ao Senhor que nos comprou com o sangue da cruz.
Deus promete a seu povo que, de toda a criação, nós seríamos a sua propriedade exclusiva. Isto é, embora todas as coisas que existem pertençam a Deus, Ele nos escolheu para sermos uma propriedade particular. Em outra passagem a Bíblia diz que Deus plantou um povo especial no mundo com uma finalidade específica: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda” (Jo. 15:16).
Sendo assim, este povo representado pelos eleitos de Deus, deverá viver tão íntimo do Senhor, andando em seus caminhos diariamente, em tão profunda comunhão com Ele, a ponto de ser facilmente identificado como uma nação santa e como o povo que pertence exclusivamente a Deus. Deverá evidenciar em seus semblantes, a marca desta nacionalidade celestial, e justamente por ter a sua nacionalidade celestial assegurada pela Bíblia é que deve viver aqui e agora evidenciando os costumes celestiais, falando o idioma celestial, alimentando-se das coisas celestiais, tendo hábitos celestiais, afetos celestiais, amando as coisas celestiais e, principalmente, desejosos esperançosos de morar definitivamente em sua cidade celestial, com o nosso Pai celestial. Deverá ser reconhecido como celestial pelo olhar puro, pelas mãos santas e pelo caminhar íntegro. Mas, se esta nação santa ainda não alcançou tal progresso na vida cristã, a ponto de ser reconhecida como um povo eminentemente celestial mesmo sem falar uma única palavra, simplesmente pelo proceder, que então, seja conhecida como de propriedade exclusiva de Deus, pelo idioma cristão, pelos desejos das coisas santas, pelo amor cristão, pelo caráter de Cristo sendo formado em seu interior, pelo proceder, pela união uns com os outros, pelo amor fraternal, pelo perdão, pelas preferências celestiais, pelo agir cristão, pelo alimento que mais buscam, qual seja, o alimento espiritual, a Palavra de Deus e ainda, pelo que pensa, “nas coisas do alto” (Cl. 3).
Como propriedade exclusiva de Deus, não devemos ser enganados, ocupando a mente com coisas que não sejam o próprio Deus. Segundo a experiência de Pedro, obtemos a salvação da alma por meio de sofrimentos (1:7). Assim como o ouro é depurado por fogo, nós passamos por tribulações. A vida da igreja é o nosso viver depois da salvação. Por amor a nós, Deus deseja remover os elementos naturais de nossa mente, emoção e vontade, porque somos Sua propriedade exclusiva. Ele quer retirar de nós todos os elementos naturais que não Lhe pertencem. Pedro nos mostra que, uma vez refinados pelo fogo, podemos ser povo de propriedade exclusiva de Deus. Já não pertencemos a Satanás nem ao mundo, pois somos Sua propriedade exclusiva. Podemos pertencer totalmente a Deus porque passamos por provações de fogo na vida da igreja.
2.     Em tudo, precisamos de depender do Senhor.
Existe uma geração que é propriedade exclusiva de Deus e que permite que o Senhor trabalhe e mexa em seu ser. Essa é a única forma de ter uma vida transformada segundo o propósito de Deus a fim de que possamos experimentar os seus planos para nós, ou seja, a sua boa, agradável e perfeita vontade (Rm. 12:2). Deus deseja que vivamos em santidade na Sua Presença e quer restaurar todas as áreas da nossa vida.
Se ouvirmos a voz de Deus e guardarmos o seu concerto, Ele nos fará sua propriedade exclusiva dentre todos os povos, porque todas as coisas são dEle, quer dizer de todas as coisas que o Senhor Deus fez, nós seremos a mais especial delas para Deus. Se ouvirmos a sua voz e guardarmos o seu concerto, isto é ouvir e aceitar que o Senhor é Deus e vivermos naquilo que são os seus mandamentos, então o Senhor nos tomará como sua propriedade exclusiva, da qual desfrutaremos de todas as bênçãos e todas as Suas promessas serão cumpridas em nossa vida, claro se ouvirmos a sua voz e guardarmos o seu concerto (Ver. Êx. 19:5).
Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha” (Êx. 19.5), e Pedro afirma a mesma coisa em sua carta: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia ” (1 Pe. 2:9-10).
Por intermédio de Jesus Cristo, do seu sangue derramado na cruz fomos adquiridos, somos povo adquirido de Deus, o Senhor Deus nos escolheu dentre todos os povos, pois nos tirou das trevas para a luz, a Sua luz, por aceitarmos a Jesus como nosso Senhor e bastante Salvador e se fazermos a Sua vontade somos chamados de nação santa, aqueles que praticam o sacerdócio real, e para que sejamos provadores e testemunhas das virtudes do Senhor Deus que para Si nos chamou, e por via disso, anunciarmos as virtudes do nosso Senhor para que almas se convertam ao ouvirem o nosso testemunho em Cristo Jesus.
Somos um povo separado, um povo exclusivo, um povo de propriedade exclusiva de Deus. Fomos chamados, fomos reconciliados para andar na presença de Deus, para viver a sua vontade, para manifestar a sua glória, para revelar o seu caráter e a sua natureza neste mundo.
Ao andarmos segundo os mandamentos Divinos, que o Senhor Deus instituiu para o homem, andaremos na sua presença, o Senhor Deus nos fará Seus, pertenceremos ao Senhor, seremos Seu particular tesouro no dia em que o Senhor vier para o Seu juízo, seremos poupados do Seu juízo porque dele somos, e tal como faz o homem a seu filho que o serve, devemos também nós servir a Deus. Ele como Pai nos dá todo o poder de sermos Seus filhos, nos trata como tal, nos dá todas as bênçãos e nós como filhos temos o dever de servi-lo (Ver Ml. 3:17).
Ser “Sua própria propriedade exclusiva” significa literalmente ser “Seu tesouro especial”. Isso é o que Deus disse para o povo de Sua aliança em Êxodo e é o que está dizendo aos seguidores de Jesus.
Ninguém despreza a sua propriedade exclusiva, cujo verdadeiro valor está na imagem e semelhança de Deus (Gn. 1:26), refletindo a sua glória, o seu caráter, através do amor, perdão, paciência, bondade e fidelidade, muito pelo contrário, Ele cuida, protege e faz quaisquer sacrifício por ela, afinal é algo de muito valor. Não existe vida mais feliz e mais cheia de satisfação do que quando buscamos exclusivamente a vontade de Deus.
Quando Jesus afirma que quem põe a mão no arado e olha para trás, não é digno do reino de Deus, pois quem deseja seguí-lo deve negar-se a si mesmo e tomar a cruz. Ou, quando Paulo, em suas cartas afirma que devemos morrer para a natureza humana, que devemos rejeitar as obras das trevas, que não podemos viver como o mundo vive, é de tudo isso que ele está falando: ser propriedade exclusiva de Deus, ser para o seu exclusivo uso, para a manifestação daquilo que ele é. Fomos chamados para a sua maravilhosa luz, para revelar as obras da luz.
Devemos sentir-nos bem a respeito de nós mesmos. Deus habita em nós, pois somos a sua propriedade exclusiva. “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos” (1 Co. 6:19)? Confiemos-lhe a guarda do nosso corpo, consideremos o corpo como o átrio exterior de um templo, em cujo santuário habita o Espirito Santo; e como, no passado, a glória do Senhor enchia todo o templo, de modo igual, confiemos nos Espírito de Santidade para tornar-nos inteiramente santos e nos conservar assim. 
Não dá para ser filho de Deus, dizer que conhece a Deus e que o ama, mas que continua a viver da mesma maneira que vivia anteriormente. Ou seja, se continuamos a enganar, a mentir, a subornar, a roubar, se as nossas vidas ainda são regidas pela acepção a pessoas, se tratamos com diferença, se somos hipócritas, se não cumprimos as nossas obrigações como cidadãos, se somos avarentos, egoístas, se pensamos somente em nós mesmos, então, não temos amadurecido e nem temos sido o instrumento de manifestação da glória de Deus.
Precisamos de amadurecer, de crescer espiritualmente e de deixar as coisas de criança, deixar as coisas infantis e o pensamento e a forma de viver do mundo. Na natureza de Deus não encontramos os mesmos pensamentos, nem a mesma forma de viver. Deus deseja, que assim como ele é, que nós como resgatados pelo sangue de Jesus e purificados diante do Criador, santifiquemos os nossos atos para revelar a sua glória.
Deus olhou para nós e achou muito bom; “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom...” (Gn. 1:31); Achou excelente em todos os aspectos, somos parte da criação e Ele ama-nos da maneira como nos fez. Lembre-se que Deus o criou por uma boa razão e que nós temos valor aos Seus olhos. Nosso verdadeiro valor é expresso pelo conceito que Deus tem de nós e não pela opinião das outras pessoas.
As pessoas nos avaliam, rotulam, de acordo com o nosso desempenho, com o que alcançamos, pela nossa aparência, não perdoam. Mas Deus cuida de nós como faz com todas as criaturas, porque Lhe pertencemos.
3.  Como propriedade exclusiva de Deus, podemos enfrentar a vida com um temor saudável.
Um temor saudável de Deus está ligado a uma revelação de quem é Deus e da realidade que está presente em nós em todos os momentos. O temor de Deus nos ajudará a ter sucesso no aperfeiçoamento da santidade.
Quando olhamos para a criação, é incrível verificar como as pessoas se esquecem com facilidade que o ar que respiram é gratuito e ainda assim é o princípio básico de sobrevivência! Existem pessoas que precisam de aparelhos para respirar. A natureza, rios, mares, desertos, montanhas, selvas e animais de todas as espécies, tudo perfeito. A criação de Deus é perfeita, e cada um de nós faz parte dela!
Mas então, como é que Deus pode preocupar-se com pessoas que constantemente se esquecem de engrandecer o Seu nome e de reconhecer os Seus justos e retos caminhos, que estão contaminadas com a imundícia do mundo e se corrompem contra o Deus Criador, desapontando-o? Isso é amor, o verdadeiro amor, mesmo com nossa rebeldia Ele nos fez um pouco inferiores aos anjos! Não questione o seu valor, nem o de ninguém, Deus nos tem em uma autoestima elevadíssima. Ele nos ama e deu o seu Único filho para sofrer, morrer por nós, derramando o seu sangue, por amor a nós. E Ele quer nos levantar nesta geração que vivemos para hastear a bandeira do arrependimento e da consagração apenas a Ele! Somos a propriedade exclusiva de Deus! Somos a sua imagem e semelhança.
Independentemente de qualquer coisa, Deus nos ama incondicionalmente. E se Ele nos valoriza dessa maneira, quem somos nós para que nos sintamos desvalorizados pelo mundo ou pelas pessoas. Ele sofreu por nós, Ele nos ama e quer-nos ao Seu lado, não precisamos de drogas, sexo, divertimentos exagerados que fogem ao caráter de Deus, para nos sentirmos melhor, para preencher o vazio. Não faça isso! Preencha o vazio com o amor de Deus, que acredita em si, afinal derramou o seu sangue na cruz para lhe dar vida! Busque a Deus em todos os momentos de sua vida, porque só Ele pode trazer a felicidade completa e eterna.
Essa maravilhosa constatação nos atinge diretamente dando-nos esperança e segurança, dando-nos a certeza de que podemos descansar os nossos corações abatidos, quando em períodos de provações ou tentações. Nós, os cristãos temos um lugar de proteção! Estamos dentro do círculo da proteção divina!
Somos de Deus, para Deus, instrumentos úteis à manifestação da sua glória e majestade; precisamos, portanto, de viver como ele deseja e da mesma maneira que ele, revelando o seu caráter e os seus valores em tudo o que fizermos. Deus nos fez filhos, não para vivermos como pensamos ou desejamos, mas para revelarmos o seu poder de cura e transformação. Sejamos filhos, revelemos a sua glória. Andemos em sua presença e que as nossas obras, nossas atitudes, nossas ações revelem o bom perfume de Cristo, que sejamos cartas vivas que revelam a vontade e o desejo de Deus em tudo o que fizermos.
Como propriedade exclusiva de Deus que somos temos como que por obrigação perpetuar os ensinamentos de Deus às futuras gerações e só somos capazes de tal feito quando o vivemos, quando o nosso coração está voltado para a palavra de Deus. Devemos vigiar e viver os ensinamentos do Senhor, pois eles não são vagos, antes são verdadeiros, como nossa própria vida. E nossa vida é a Palavra de Deus! Não devemos aceitar nada menos que viver a Palavra de Deus em nossos dias!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Perfeito Equilíbrio da Verdade


A realidade em que vivemos parece ser determinada por dois princípios opostos, o que é conhecido como dualidade. Uma das virtudes mais importantes no homem de Deus é o equilíbrio, tanto no ministério quanto na família, nos gastos pessoais, na alimentação e em todos os setores da sua vida.
Toda a matéria criada por Deus tem o seu próprio equilíbrio. O Sol, a Terra e os demais planetas, as estrelas e o que nelas há seguem uma ordem natural equilibrada.
Quando o homem é de Deus, é equilibrado, temperante e nunca dado ao exagero. Sabe medir as coisas, não sendo tendencioso nem para um lado nem para o outro, pois sendo de Deus, sabe evitar os extremismos ou a posição radical. Nem de mais e nem de menos: tudo na medida certa. Isto é de extrema importância, não somente para ele, mas sobretudo para a obra que realiza para Deus, pois quantos homens outrora eram de Deus e se perderam totalmente, por causa da insensata posição radical?
Nem mesmo na nossa própria justiça devemos ser extremos, pois a Bíblia aconselha: “Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo” (Ec. 7:16)?
O equilíbrio verdadeiro, portanto, não está em permitir que os opostos assumam aleatoriamente ou moderadamente o domínio de nosso corpo, de nossas emoções e de nossos princípios, como se fossem equivalentes, mas em saber que existe apenas um polo que está vinculado à vida e à verdade e que seu oposto necessariamente conduz ao engano e à morte.
No caso das coisas materiais, o equilíbrio não está num esotérico Caminho do Meio, acima do bem e do mal, e nem na moderação, mas na maximização do bem ou daquilo que é bom, daquilo que é necessário, e na eliminação do mal, daquilo que é prejudicial, conforme os mandamentos de Deus. Toda a atividade deve ser maximizada ou minimizada em quantidade e qualidade necessárias. Todo e qualquer vício deve ser obviamente eliminado ou minimizado, dado o seu caráter prejudicial, conforme a capacidade de cada um.
Saber encontrar o equilíbrio verdadeiro é portanto uma virtude que advém da sabedoria. Esta sabedoria entretanto não consiste da sabedoria humana, como criam os filósofos pagãos, mas na sabedoria de Deus. A prudência, o bom senso e a modéstia são sem dúvida virtudes a serem cultivadas, mas não segundo um referencial filosófico humano apenas, que é falho e transitório, mas segundo o referencial absoluto da Palavra de Deus.
Deus nos deu a Sua Palavra de sabedoria e inteligência para que julguemos todas as coisas e retenhamos o bem; além do mais, o Seu Santo Espírito tem falado aos nossos corações. Se não temos ouvidos para ouvi-Lo, ou se ouvimos e não damos atenção à Sua direção, isto é outra coisa!
A verdade é que a temperança ou o equilíbrio em tudo o que fazemos é bom e profundamente necessário. A própria Igreja do Senhor Jesus está assentada sobre o equilíbrio dos frutos e dos dons, ou do amor e da fé.
A Igreja, como um corpo, caminha sobre estas duas pernas: os frutos e os dons. Os frutos simbolizando o amor, e os dons simbolizando a fé; a fé para conquistar e os frutos para edificar.
A igreja que não está equilibrada nestes dois pilares vai mal. Não se pode enfatizar o amor e deixar a fé em segundo plano, pois está escrito: “Não havendo profecia, o povo se corrompe...” (Pv. 29:18).
A profecia aqui está simbolizando os dons. Por outro lado, não se pode igualmente enfatizar só a fé, porque também está escrito: “...ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei” (1 Co. 13:2). Portanto, a Igreja do Senhor Jesus tem de andar sobre estas duas pernas; do contrário, jamais poderá se desenvolver em todo o mundo.
Normalmente, uma congregação começa desenvolvendo a fé. Porém, depois que há um certo número de convertidos, deixa de lado a fé e inicia o trabalho de doutrina, pelo ensino dos frutos. A verdade é que se começou com a fé tem que continuar com ela, e nunca retroceder. Ao trabalho da fé deve-se somar o trabalho dos frutos. Um passo com a fé, outro passo com os frutos; mais um passo com a fé e em seguida outro passo com os frutos. É assim que a Igreja se desenvolve gloriosamente!
Devemos sempre buscar fazer o bem, fazer o melhor e vencer, embora saibamos que nem sempre estas atitudes positivas vão prevalecer em nossas vidas, e aceitar isto sem nos culparmos ou nos condenarmos, mas confessando sempre diante de Deus nossas eventuais falhas, para que nossa consciência esteja sempre limpa segundo a sua justiça e a sua graça. Não nos conformemos com o caminho do meio, com a mediocridade do mundo, mas reconheçamos que fomos chamados para sermos filhos de Deus, para herdar toda a sua riqueza e plenitude e conhecer a sua glória e bem-aventurança eternas!
1.     O Equilíbrio Entre a Graça e a Verdade
Na história da Igreja tem sido difícil estabelecer o equilíbrio entre a graça e a verdade. Jonas errou ao basear-se apenas na verdade, decidindo que os ninivitas não mereciam nada mais do que a justiça de Deus. Mas o Senhor demonstrou não ser apenas um Deus da verdade e da justiça, mas também da graça e da compaixão, sempre pronto a perdoar e a receber em seus braços o pecador. Sendo assim, podemos afirmar que a graça que ignora a verdade não é graça, e a verdade isolada da graça almeja um alvo inatingível, que é a perfeição.
A graça é o coração da verdade. Ela é o nosso referencial, nossa segurança, nossa estabilidade. Mas a verdade e a graça não podem ser separadas pois ambas se completam (Jaime Warren Kemp).
Há somente um homem que andou por esta terra possuindo um perfeito equilíbrio entre a graça e a verdade. Este homem (Jesus) foi grande em mostrar a graça e proclamar a verdade ao mesmo tempo. Ele foi capaz de equilibrar perfeitamente esses dois conceitos aparentemente contraditórios. João, falando do Senhor Jesus, diz que ele era “cheio de graça e de verdade” (Jo. 1:14). Logo na frase seguinte, sem tomar fôlego, o autor nos diz que “a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo. 1:17)
Diretamente depois de proclamar que Jesus era “cheio de graça e de verdade”, o apóstolo João escreve então acerca de duas histórias muito diferentes em João 2.
a)   A primeira é no terceiro dia de um casamento em Canaã da Galileia
Tanto a mãe de Jesus, como Jesus e seus discípulos haviam sido convidados para um casamento em Canaã da Galileia. “Quando o vinho acabou, como sempre ocorre com o que é terreno e humano, de maneira a dar lugar ao que é divino, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho. Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não chegada a minha hora. Deus é sempre ponderado e espera a hora exata para a sua intervenção. Então Sua mãe disse aos serventes Fazei o que Ele vos disser. Estavam ali seis talhas de pedra que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava 20 a 30 litros. Jesus lhes disse: Enchei as talhas de água, e eles as encheram totalmente. Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram. Tendo mestre-sala provado a água transformada em vinho, não sabendo donde viera, se bem o sabiam os serventes que haviam tirado a água, chamou o noivo e lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora. Com este deu Jesus princípio a seus sinais miraculosos, em Canaã da Galileia. Assim, manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele” (Jo. 2:1-11)
Esta história é uma grande ilustração da graça que Jesus expressou de nada mais do que reflexão e bondade. Ele, obviamente, não fez isso para chamar a atenção para si ou até mesmo para trazer a si mesmo a glória do Pai. Ela nos diz que além dos servos, dos seus discípulos, e de sua mãe, mais ninguém sabia que ele tinha realizado o milagre. Se ele estivesse querendo mostrar a verdade de sua natureza “todo-poderoso”, Ele o teria feito antes de todos os convidados. Outra coisa muito interessante é que Maria, mãe de Jesus, já sabia que Jesus tinha o poder de fazer esse milagre, e obviamente já sabia que ele o iria realizar, independentemente de suas objeções, pois, mesmo depois de Ele se opor ela ainda determinou aos servos para fazerem tudo o que ele dissesse. Isso nos diz que ela já conhecia esse lado da graça de Jesus muito bem. Poucas pessoas sabem melhor do que a sua própria mãe - ela sabia que Jesus era cheio de graça antes mesmo de Ele ter dado inicio ao seu ministério público.
b) Logo após esta história terminar, João, então, diz uma outra história com um toque muito diferente:
Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará. Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isto? Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito” (Jo. 2:12-22).
Aqui, neste mesmo capítulo do livro de João, nos é contada a história de um Jesus muito diferente. Ele não está mais atuando graciosamente - agora Ele está fazendo chicotes, virando mesas, e gritando com os cambistas para que deixem a área do templo. Se alguém tivesse visto a cena do milagre de casamento em Caná, e esta no templo em Jerusalém, poderia pensar que Jesus tinha transtorno de personalidade múltipla. Mas isto não é o caso. O caráter de Jesus incluiu graça, mas também incluía uma paixão pela verdade que é a Palavra de Deus. A Escritura diz que Ele seria consumido pelo zelo da casa de Deus, e esta verdade foi expressa através deste ato de limpeza ao perseguir os cambistas da área do templo. Isso não era nada mais do que outra expressão do caráter de Cristo, que estava cheio de graça e verdade.
Nosso Senhor é a corporificação da verdade, do Deus vivo. As verdades bíblicas irradiam dAquele que uma vez declarou a seus discípulos ser, Ele mesmo, “o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14:6). Mas o mesmo escritor também afirma: “Todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” (Jo. 1:16).
Em outras palavras, Jesus Cristo mantinha a graça e a verdade numa tensão dinâmica, um perfeito equilíbrio. Aqueles que diziam que eram defensores da verdade perceberam que ele era extremamente cheio de graça (Nicodemos por exemplo). Aqueles que buscavam nele um pouco de graça para se livrarem do fardo da verdade percebiam que ele era inflexível neste requisito (o jovem rico, por exemplo). Jesus mantinha a graça e a verdade em perfeito equilíbrio por que ele era e é um homem perfeito.
Se queremos ser equilibrados, então precisamos de ser cada vez mais como Jesus. Se queremos ser cheios de graça e de verdade, tendo ambas em perfeito equilíbrio e proporção, devemos ser cheios dele.
Precisamos de não só apresentar a verdade mas também a graça que motiva as pessoas a fazer uma segunda análise de quem é Deus e o quanto ele as ama. Precisamos construir um caminho para que a graça de Deus aconteça; especialmente aqueles que estão ao serviço de Deus precisam de estar atentos. A graça mostra ao mundo que claramente ainda não alcançou graça, um mundo marcado por guerras, violência, opressão econômica, lutas religiosas, processos e desmembramentos de famílias, o caminho para Deus e a maneira de ter um relacionamento de afeto com ele.
Equilibrar a graça e a verdade é difícil. Sempre que conseguimos mostrar a graça para alguém, nós muitas vezes negligenciamos a verdade da Palavra de Deus e somos demasiado lenientes com as nossas ações ou muito preocupados com o ferir os seus sentimentos. Sempre que conseguimos expressar a verdade para as pessoas, muitas vezes nós surgirmos como julgamento ou indiferença. Mas nós temos que ser capazes de conseguir equilibrar essas duas características, senão nós vamos ser uma má representação de Cristo neste mundo. Então, oremos uns pelos outros para que sejamos melhores, e saibamos como mostrar graça e expressar a verdade em cada situação.
Que o bom Deus nos abençoe a viver e a andar no Espirito (Gl. 5:25).
2. Precisamos do Equilíbrio Bíblico Para Viver.
Eclesiastes 11:9 diz: “… Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento
Esse versículo, figura carimbada em mensagens para jovens, me fez repensar sobre seu real significado. Não que o tenha interpretado errado antes, mas, ele me chamou a atenção para a conclusão, de que, de facto, muitas pessoas não entendem a graça. Acham que é desculpa para pecarmos desenfreadamente. Paulo já sofria com esse problema, como vemos em Romanos 6:1: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente”? Ele mesmo responde à pergunta no versículo seguinte: “De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele”?
Não precisamos de dizer muita coisa após essa objetiva e clara explicação de Paulo. Ele, de outra forma, disse o que o autor de Eclesiastes disse. Tendemos a ser extremos em tudo o que fazemos. Não conseguimos curtir a vida sem ser de forma adoidada. Não conseguimos seguir regras sem nos tornarmos legalistas.
O convite ao equilíbrio é, exatamente, o convite da graça. Pelo sacrifício de Jesus somos livres para fazermos qualquer coisa, não estamos presos no pecado nem nas rígidas regras que o legalismo tenta nos impor. Mas lembremo-nos que a graça não é de graça. O sacrifício de Jesus jamais poderá ser pago por nada que façamos. A única forma que temos de viver, depois de conhecer a graça, é o equilíbrio. Nos devemos alegrar plenamente em Jesus para que Ele seja mais e mais glorificado, e devemos viver em obediência porque reconhecemos a importância do sacrifício de Jesus na cruz por nós, pelos nossos pecados.
Obviamente, reconheço que não é fácil encontrar esse equilíbrio. Demora até acharmos o centro gravitacional de algumas coisas. Mas é preciso. É a graça que nos capacita, e não os nossos próprios esforços. Isso não significa que devemos ficar inertes esperando o equilíbrio, mas sim saber que em nossa busca, não somos nós que alcançamos o equilíbrio, mas que é o Senhor que nos ajuda a encontrá-lo.
Viver sabendo que Deus trará julgamento sobre os nossos atos não deve ser motivo para vivermos assustados, mas sim para vivermos em gratidão a Ele e aceitarmos o convite ao equilíbrio que Ele nos enviou por graça.
Certamente que já passou pela experiência de perder o equilíbrio e levar um tombo? Quando perdemos o controle, qualquer que seja a situação, algo desagradável sempre acontece e, às vezes, acaba afetando aqueles que estão por perto. Por isso, para manter o equilíbrio bíblico para viver é fundamental para quem quer ser bem-sucedido:
a) Que Faça a Vontade de Deus.
Parece incrível, mas é verdade: nem sempre conseguimos agir da maneira como gostaríamos... Algumas vezes planeamos uma coisa e fazemos outra... Pensamos uma coisa e falamos outra... Sentimos de uma determinada maneira, mas agimos de forma contrária.
Por que é que isso acontece? Que conflito é este que há dentro de nós que nos faz perder o controle... o domínio... o equilíbrio? Vivemos uma verdadeira guerra dentro de nós! Queremos fazer o que é certo, mas bem lá no fundo gostamos de fazer o que é errado. O apóstolo Paulo retratou bem esse conflito quando escreveu: “... não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.19).
Este é o conflito da vontade própria X a vontade de Deus (Gl. 5:17). E quando não conseguimos manter o equilíbrio acabamos agindo fora dos princípios divinos. Paulo nos orienta que “se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl. 5:25). É o Espírito Santo de Deus quem nos ensina o que é certo e o que é errado, e é Ele quem nos concede a força necessária para andarmos no bom caminho. Sim, o Espírito Santo ensina e capacita, mas nós é que temos que andar... Escolher... Decidir. O equilíbrio vem quando usamos o poder de Deus com sabedoria para fazer a escolha certa.
Foi assim que Jesus agiu para ser vitorioso. Ele não confiou em si mesmo, mas se deixou guiar pelo Espírito Santo de Deus (Lc. 4:1; Is. 11:2; At. 10:38). Jesus não fez a sua vontade, e sim a vontade do Pai: “... não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai” (Jo. 5:30); não falou as suas palavras, mas falou as palavras d'Aquele que o enviou: “... Os milagres que eu faço em nome do meu Pai falam por mim” (Jo. 10:25). Jesus agiu com perfeito equilíbrio.
Só aquele que tem a sua vida controlada por Deus e que se deixa ser guiado pelo Espírito Santo tem o verdadeiro equilíbrio.
b) Que se Deixa Dominar Pelo Espírito Santo.
Quando entregamos a direção de nossa vida ao domínio e orientação do Espírito Santo de Deus, recebemos uma nova natureza que vai nos ajudar a exercitar o equilíbrio. Deus nos deu a capacidade de sentir alegria quando pensamos e fazemos o que é certo. O conflito entre a vontade própria e a vontade de Deus desaparece e passamos a agir debaixo dos princípios divinos, não por obrigação, mas espontaneamente.
Os nossos pensamentos afetam os nossos sentimentos, e os nossos sentimentos influenciam as nossas atitudes. Então, para manter o equilíbrio nas coisas que fazemos, devemos manter o equilíbrio nas coisas que pensamos. “...tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp. 4:8).
Se, de facto, queremos manter o controle naquilo que pensamos, sentimos e fazemos, devemos encher as nossas mentes com coisas que tragam edificação e firmeza para a nossa vida espiritual.
Precisamos de deixar que o Espírito Santo nos ensine a manter o equilíbrio em qualquer situação, do contrário acabaremos perdendo o controle sempre que surgir uma situação difícil.
Vida equilibrada só existe quando é Deus que tem o domínio da nossa vida. Jesus sabia dessa verdade, e por isso se deixou guiar pela vontade do Pai celestial: “Pai..., não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc. 22:42). Deus sabe o que é melhor para si e deseja conduzi-lo a uma vida vitoriosa, alegre e equilibrada.
Precisamos de personalizar e aplicar este princípio de viver uma vida equilibrada. Nós somos um trabalho em progresso e Deus não terminou ainda a obra em nós (Ef. 2:10). Para obtermos o máximo deste trabalho, precisamos de estabelecer metas e fazer planos para colocar este princípio bíblico em prática, a fim de viver uma vida cristã mais saudável e equilibrada.
c) Que Evite o Extremismo
A verdade bíblica quando extremada demais em qualquer direção pode se tornar uma heresia.
O extremismo, causado pela falta de equilíbrio bíblico, leva alguns para extremos no que acreditam ou praticam ou ensinam a outros. É semelhante ao problema dos fariseus no tempo de Jesus. Um de seus objetivos declarados era viver a letra da lei, a melhor de sua capacidade. Mas esse extremismo religioso fez com que eles se desequilibrassem e desagradassem a Deus. Não vamos pensar que este perigo é insignificante ou que somente os fariseus é que tiveram que lutar. Ele é também um problema para algumas pessoas hoje.
Qualquer coisa que ocupe o legítimo lugar de Deus em nossas vidas pode se tornar um ídolo. Mesmo as coisas que são boas em si mesmas podem se tornar idolatria – incluindo, se amamos mais o cônjuge e os filhos do que a Deus. Uma maneira equilibrada de pensar sobre a nossa saúde é usando a analogia de um automóvel. Os carros têm quatro rodas e é importante que elas sejam devidamente equilibradas para um bom passeio. Se os pneus são assimétricos e aumentamos a sua velocidade, o passeio vai ser muito difícil!
d) Que Mantenha o Equilíbrio
 “Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei” (Js. 1:5).
Estas instruções dadas por Deus a Josué são também nós. O livro de Hebreus também diz que elas são nossas. Glória a Deus! Deus está a falar para si e Deus lhe diz assim: “Sejam os vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb. 13:5).
E se o “Não te deixarei nem te desampararei” é para nós, e o “ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida” é também para nós, então o: “como fui com Moisés, assim serei contigo” também foi para nós. Glória a Deus!
Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente esforça-te e tem muito bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela (isto é, da palavra de Deus, aqui era a palavra que estava disponível na altura) não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares (outra tradução diz: para que sejas bem sucedido por onde quer que andares). Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem-sucedido. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes (ou seja, não desanimes nem tenhas medo: os dois piores inimigos de um homem de Deus); porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares” (Js. 1:6-9).
Normalmente prega-se muito a respeito de Josué capítulo 1 versículo 8: meditar na palavra, confessar a palavra e agir de acordo com a palavra o caminho para o sucesso. Correto, mas as instruções de Deus a Josué, não se resumem ao versículo 8, preparam o caminho para o versículo 8, e entre essas instruções está o que vamos descrever hoje: “...dela não te desvies nem para a direita nem para a esquerda...”
Deus está a dizer a Josué para manter o equilíbrio, ser equilibrado. (“...Não sejas exagerado nem para um lado, nem para o outro. Mantém-te, equilibrado”).
Equilíbrio significa o estado de um corpo em que as forças aplicadas sobre ele contrabalançam mutuamente com os seus efeitos; significa, também, igualdade, harmonia, estado de normalidade.
Tudo o que Deus criou, criou em estado de equilíbrio, tudo o que Deus fez foi para funcionar de forma equilibrada. Tudo o que Deus criou, criou para funcionar em equilíbrio! Olhe para a Natureza à nossa volta, tudo está num perfeito estado de harmonia, e equilíbrio. Tudo está ligado, se a corrente fria do Oceano Atlântico se atrasa é uma catástrofe, provoca tempestades enormes, destruição; se por acaso um iceberg deslocar-se e derreter, a superfície do mar perde sal, é uma catástrofe, dá origem a tempestades terríveis e o degelo nos polos provoca, por exemplo, o aumento da superfície das águas, a destruição de espécies de plantas, de peixes, de pássaros, de tudo. Porquê? Porque tudo está num perfeito estado de equilíbrio. Tudo o que Deus criou foi para funcionar equilibradamente. Tudo o que sai de um estado de equilíbrio sai do propósito de Deus.
O equilíbrio é uma força que nos mantém dentro do propósito de Deus para a nossa vida. Aquilo que perde o equilíbrio transforma-se em algo prejudicial para a nossa vida, ainda que tenha sido criado para o bem. Por exemplo: o casamento é bom mas se perde o equilíbrio o bom transforma-se em mau e prejudicial; o vinho é bom mas se a pessoa perde o equilíbrio o bom, transforma-se em mau e pode até matar a pessoa; a água é boa mas se a pessoa usa a água de forma desequilibrada torna-se prejudicial, pode até afogá-lo; o carro é bom desde que seja usado com equilíbrio, respeitando determinadas regras, utilizar de forma desequilibrada pode ser fatal, mortal para quem o usa e para os que estão de fora; o dinheiro é bom mas o dinheiro utilizado de maneira desequilibrada, torna-se mau e prejudicial. Então, tudo o que perde o equilíbrio perde o propósito de Deus!
Agora, dá-se a situação oposta! Em repulsa ao desequilíbrio para a direita, e o exagero em utilizar certas coisas, há pessoas que se desviam para o lado oposto. Exemplo: O vinho “Oh não, o vinho é do diabo!” porquê? Em repulsa ao exagero dado ao uso do vinho, a pessoa acha que então o vinho é do diabo e daí surgem montes de teorias, nós não vamos discutir essas teorias agora porque não temos tempo para isso mas, daí que até a doutrina de que Jesus não bebia vinho, era sumo de uva e tomar a santa ceia é com sumo de uva e não com vinho e essa repulsa toda. Respeito! Não discuto essa matéria mas é a repulsa ao exagero do outro lado.
O que devemos fazer? Ser equilibrados! A bíblia até manda beber um copo de vinho à refeição. Qual é o problema? Sabe bem, se for um bom vinho, Glória Deus, e faz muito bem ao organismo. O vinho, se for especialmente o vinho tinto, tem uma substância química que são os flavonoides; os flavonoides têm a tarefa de desintoxicar as células do corpo humano.
Outro exemplo de pessoas que se desviam de um oposto a outro? Em repulsa as pessoas que gastam mal o dinheiro, até pregadores, desviam-se para o outro lado “isso do dinheiro é tudo do diabo. Olha aquele fulano que até tem torneiras de ouro, que vergonha! Na minha igreja não se fala de dinheiro porque o dinheiro é a raiz de todo o mal…” Onde é que diz isso? “Algures…” Não! Diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.
Então o que devo fazer? Ser equilibrado. Porque é bíblico trazer finanças à casa de Deus, é bíblico dar dízimos e ofertas, é bíblico dar ofertas especiais “três vezes no ano o povo se apresentava com uma oferta especial” (e nem sequer fala de projectos especiais) era o Yon Kipur (o dia da expiação) o Dia da Sementeira e o Dia das Colheitas. Então tenho que ser equilibrado.
Agora, vamos falar um pouco mais do desequilíbrio a respeito das finanças. As teorias que eu já ouvi – teorias que andam por ai – “o dízimo é da Lei” a bíblia até diz que o dízimo é antes da Lei, 430 anos. É durante a Lei e depois da Lei, Jesus disse aos fariseus “dizimais tudo, os coentros, os cominhos e esqueceis o mais importante da Lei: a misericórdia e a fé. Deveis fazer estas coisas e não deixar aquelas” Jesus está a dizer o quê? Olha, não deixem de dar os dízimos mas observem a fé e a justiça.
Outro aspecto e até se aplica a pregadores e a líderes da igreja, é a corrida louca atrás do dinheiro, “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço (quer dizer, no engano), e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição” (I Tm. 6:9).
Mas então, espere lá… é errado ser próspero, é errado ter um ministério próspero? Não…não é errado, mas não nos esqueçamos que é a bênção do Senhor que enriquece e faz prosperar, agora, aqueles que querem ir atrás das riquezas vão cair em muitas tentações, muitos laços e muitas concupiscências e eu sei do que estou a falar porque, infelizmente, já vi exemplos de pessoas a correrem atrás do dinheiro, que inventam trinta por uma linha para buscar mais dinheiro e é isso que Pedro também disse: “também, movidos pela ganância (amor ao dinheiro), e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; …” (II Pe. 2:3). O que é isso? Palavras fingidas, significa dar um bom argumento, muito espiritual, mas o verdadeiro objectivo é ir buscar mais dinheiro.
Conheci uma certa denominação que para aumentar a sua receita mensal, tratava de inventar todo o tipo de formação aos seus colaboradores, mas cada curso tinha um preço e todo eram acompanhados de um livro, que também tinha o seu preço. As palavras fingidas, era que os médicos também pagavam a sua própria formação. Quanto mais nós para Jesus. Todas as pessoas faziam os cursos e pagavam as suas despesas.
Um tempo depois, na sede de aumentar de novo as receitas, inventava-se uma nova forma de ir buscar esse dinheiro. As palavras fingidas, era que agora precisavamos de que fazer uma reciclagem para aqueles que já tinham feito os cursos, para poderem servir melhor a Deus, porque os pilotos todos os anos pagam eles próprios a sua reciclagem, caso contrário não podem exercer a sua profissão. E essa reciclagem tinha também o seu preço e todos eram obrigados a proceder desta forma, caso contrário não podiam servir a Deus nessa denominação.
Veja que o facto de treinar pessoas e prepará-las para o ministério é bom e bíblico, mas este ministro tinha os seus propósitos completamente errados.
Aprendemos muito com Jesus, um homem rico foi ter com Jesus e disse-lhe: “O que farei para herdar a vida eterna”? Aparentemente, ele está disposto a fazer qualquer coisa, mas Jesus disse: “Vende tudo quanto tens e dá-lo aos pobres, vem e segue-me e terás o tesouro no céu”, e o rapaz retirou-se porque era dono de muitas propriedades.
Se fosse nos dias de hoje, como as coisas andam por aí, meio desequilibradas, o que lhe teriam dito? (não Jesus) Teriam dito assim ao homem: “Olhe, quer entrar no céu? Venda tudo quanto tem, dê-me a mim e depois venha servir a Deus”. Eu acho tão extraordinário Jesus ter dito: “Tudo o que tu tens, dá aos pobres, vem tu e segue-me” Jesus estava mais interessado na pessoa do que no que a pessoa tinha.
Hoje perdeu-se esse valor, hoje a pessoa vale por aquilo que ela tem ou por aquilo que ela pode dar e não por aquilo que ela é! Estamos desequilibrados.
A bíblia tem exemplos para tudo, é só nós querermos, as coisas estão escritas. Ouvi falar de uma história do manto de Elias. O manto de Elias é um manto bordado e cada pessoa, é estipulada em preço, a instituição manda fazer os mantos de Elias (obviamente que o manto de Elias já nem existe e nem tinha pano para tantos mantos que há por aí), mas com o objectivo de fazer negócio, ouça bem o que estou a falar porque isto é verdade, e depois cada pessoa tem que ter o seu manto porque cada manto é ungido e o seu manto tem uma unção específica para si e essa unção não vai funcionar com a sua esposa. Então, o marido, a esposa e os seus filhos, cada um tem que ter o seu manto. Cada manto, vamos imaginar, custa trinta euros e numa família de quatro pessoas, são logo cento e vinte euros “mas tem um manto ungido lá dentro de casa, não é qualquer coisa” e depois é um frasquinho com terra do monte Sinai ungido, ou um frasquinho de água do Rio Jordão ungida, ou um frasquinho de azeite das oliveiras do Monte das Oliveiras. E nós dizemos assim: “Isso é a Igreja tal, onde toda a gente que vai para ali conhece e faz disso um negócio” mas não é só a igreja tal, eu conheço muitas igrejas evangélicas que, infelizmente, já entraram pelo mesmo caminho, mas não é com frasquinhos de terra nem de água, é com manuais e outras coisas, por exemplo, mas o objectivo é o mesmo: corrida atrás do dinheiro com palavras fingidas.
Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro” (Êx. 12:3-4).
Deus disse: É um cordeiro por cada família, mas se a família é pequena e não come muito, junte outra família e comam o cordeiro e se mesmo com a outra família e o cordeiro continua a ser grande, então vá buscar outra família e comam um cordeiro.
O que se faria hoje no estado de desequilíbrio em que se encontram algumas igrejas? Deus falou que cada família tem que comer o cabrito. Eu vendo os cabritos, cada cabrito vai custar X e tem que ser um cabrito por pessoa, mas não foi isso que Deus falou.
3. O Perfeito Equilíbrio da Verdade na Nossa Vida nos faz Crescer e Amadurecer.
Pare um pouco, pense nas pessoas que conhece. Desde a mais intima até a mais desconhecida. Em sua mente deve passar um filme com várias pessoas que já conviveu, convive ou apenas avistou na rua. Seres semelhantes, com sonhos, desejos, expectativas assim como você.
Todos os homens foram criados da mesma maneira, sentem dor da mesma forma, amam com a mesma intensidade, por fim, são expostos aos mesmos sentimentos a vida inteira. Com uma única diferença. A capacidade de se equilibrar mediante estes.
Quando vemos uma sociedade tão dividida, com tanta desigualdade é impossível não pensar: “Porque eu não tenho isso? Porque ele tem aquilo? Porque eu não nasci assim? Porque, porque, porquês…” Fazem parte de nossa história estas indagações.
E um porquê bem interessante que quero explanar aqui é: Porque todo o mundo tem um sonho, mas poucos o conseguem realizar… É, isso mesmo, porque todos andam na mesma estrada e só poucos conseguem chegar à meta?
Talvez seja porque há uma mínima diferença que age do interior para o exterior dessas poucas pessoas que conseguem se destacar na caminhada da vida. O perfeito equilíbrio da verdade.
Nós fomos criados iguais, não é classe social, cor ou doença que nos separa ou oferece privilégios, mas sim a capacidade de ter equilíbrio na vida. Se notar, com certeza que já ouviu em algum lugar sobre algum rico que perdeu a sua fortuna, ou algum negro que se tornou presidente. Ou algum doente que conseguiu dar muitas lições a quem viveu cheio de saúde na vida. Logo a diferença que nos separa não está ligada ao exterior do mundo ou da realidade, como: condição financeira, estudo e etc… A diferença está ligada à maneira como reagimos dentro de nossos pensamentos sobre tudo o que acontece com a vida do lado de fora. Já vi pessoas morrerem de câncer, mas também, já vi pessoas com câncer serem extremamente felizes. Já vi doutores sendo presos por estarem viciados em drogas e também já vi um semianalfabeto se tornar presidente de uma nação.
Então por enxergar com facilidade exemplos como este, é que podemos ter a certeza de que o que nos torna senhores da vida, da nossa própria vida é a capacidade de entender que a sabedoria verdadeira só pode ser dada por Deus, que ensina um ignorante a ser sábio ou um louco a ter razão.
E a poucos permite que compreendam que o segredo do equilíbrio está na paz de espirito e na mansidão dos pensamentos. Na capacidade de ouvir, no prazer de aprender… Na pura humildade e na determinação de superar os obstáculos causados pelos problemas aos quais somos todos expostos.
4. A Soberania de Deus não Anula a Nossa Responsabilidade.
Tem-se ressaltado com frequência que o requisito fundamental na exposição da Palavra de Deus é a necessidade de preservar o equilíbrio da verdade. Com isto concordamos de coração. Duas coisas são indisputáveis: Deus é soberano, o homem é responsável... Que existe o perigo de salientar indevidamente uma delas, e de negligenciar a outra, reconhecemos sem hesitação; e a História nos oferece numerosos exemplos de ambos os casos. Ressaltar a soberania de Deus, sem acentuar, ao mesmo tempo, que a criatura é responsável, tende ao fatalismo; preocupar-se tanto em manter a responsabilidade do homem, ao ponto de perder de vista a soberania de Deus, é exaltar a criatura e rebaixar o Criador.
Quase todos os erros de doutrina são, na realidade, a Verdade pervertida, a Verdade mal distribuída, mal ensinada. O mais lindo rosto da terra, o mais encantador semblante, logo ficaria feio e de aparência desagradável, se um membro continuasse a crescer, e os demais não se desenvolvessem. A beleza é, primariamente, uma questão de proporções. Assim acontece com a Palavra de Deus: sua beleza e bem-aventurança se percebem melhor quando a multiplicidade da sabedoria é exibida em suas verdadeiras proporções. É nesse ponto que tantos fracassaram no passado. Determinada fase da Verdade de Deus tem impressionado uma pessoa ou outra de tal maneira que nela lhe concentrou toda a atenção, ficando excluídos todos os outros interesses. Esta ou aquela porção da Palavra de Deus se tem transformado em “doutrina predileta”, e, não raro, se tornou o distintivo de alguma corrente específica...
Perdeu-se tal equilíbrio, e essa perda se deve à ênfase, que vai além das proporções, dada ao lado humano, ao ponto de apequenar-se, senão mesmo de excluir, o lado divino.
Todos nós somos moralmente responsáveis diante de Deus e, como tal, responderemos pelos nossos atos. O ser humano precisa de se arrepender de seus pecados e confiar somente em Jesus para a vida eterna, pois Deus não pode se arrepender e crer em seu lugar. Por outro lado, se nós mesmos temos fé, isso se deve apenas ao facto de que Deus em sua misericórdia abriu os nossos olhos. A conversão de Lídia é um ótimo exemplo. Lucas relata: “E no dia de sábado saímos fora das portas, para a beira do rio, onde se costumava fazer oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se ajuntaram. E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia” (At. 16:13, 14). Aqui temos o que biblicamente denominamos de novo nascimento ou conversão de Lídia. Uma obra do Espírito de Deus. O verbo grego dih/noicen (abriu) está no aoristo e significa que ali houve uma ação completa e definitiva do Espírito Santo. Durante a pregação de Paulo, Lídia “escutava” e o seu coração foi “aberto” para que atendesse. É necessário que a intervenção divina, que torna o homem natural receptivo para com a Palavra de Deus, anteceda o ouvir com proveito a pregação do evangelho. Deus concedeu a Lídia um coração receptivo para compreender coisas espirituais. Ele deu a ela o dom da fé e a iluminação do Espírito Santo.
O autor aos Hebreus (12:2) nos lembra ainda que Jesus Cristo é o autor e consumador de nossa fé. O princípio e o fim da fé salvadora. E o que é que isso quer dizer? Quer dizer que como Autor, Jesus “preparou o caminho da fé com triunfo diante de nós, abrindo assim um caminho para os que o seguem”. Como Consumador da fé ele é “o completador e aperfeiçoador; no sentido de levar uma obra até o fim.
A Bíblia é clara ao dizer que o homem natural está morto em seus delitos e pecados (Ef. 2:1). Não diz que ele está doente ou com força suficiente para fazer alguma coisa por si só. Ele está morto! A palavra “morto” já diz tudo.
Embora sejamos responsabilizados a crer em Jesus (porque Deus não crê em nosso lugar), a fé, do começo ao fim, é dom de Deus.
5.     A Incapacidade não Anula a Nossa Responsabilidade
As Escrituras deixam inequivocamente clara a total incapacidade do homem para transformar seu carácter, por suas próprias forças e vontade, tornando-se deste modo semelhante a Cristo. Isso está além da capacidade do homem. “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal” (Jr. 13:23). No capítulo 6 de João, vemos Jesus Cristo ensinando a multidão que O segue. Cristo ensinava a inabilidade do homem chegar a Deus pelas suas próprias forças. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”, declarou o Senhor Jesus (Jo. 6:44). E é verdade nos dias de hoje: nós jamais alcançaremos o perdão e aceitação de Deus pelas nossas próprias forças. É Deus que precisa trazer-nos, ajudar-nos, levar-nos até Si-mesmo. O acto da verdadeira e simples fé no Senhor é impossível sem o “trazer” e sem a graciosa dádiva do Pai. Jesus novamente nos diz que, a menos que um homem seja nascido de novo, ele não pode ver ou entrar no reino de Deus (Jo. 3:3, 5).
Todavia, existem mandamentos com os quais Deus confronta cada ser humano. Por exemplo: “Importa-vos nascer de novo” (Jo. 3:7); “Deus... notifica os homens para que todos, em toda parte, se arrependam” (At. 17:30); e “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração”. Estes são mandamentos sinceros? Com toda a certeza. Todas as criaturas são responsáveis perante o seu Criador. Será que tais mandamentos não pressupõem uma módica porção de capacidade? Não. Não, desde a queda de nosso pai Adão.
Deus lida com as pessoas de acordo com os padrões de responsabilidade e obrigação, e não de acordo com a medida de capacidade. John Murray afirmou: “Se a obrigação pressupõe capacidade, todos nós temos de ir até o fim da linha e pregar a total capacidade do homem”. Por que, então, os mandamentos nos foram dados? Eles são uma revelação da vontade do Deus Todo-poderoso, e também farão com que os homens percebam sua total incapacidade. Um dos resultados de pregarmos a incapacidade do homem é que as pessoas são forçadas a pararem de confiar em si mesmas. Isto as obriga a confiar tão-somente na graça de Deus. Não é a convicção da incapacidade que mantém os homens afastados de Cristo; é exatamente o oposto: “Eu não consigo achegar-me a Ele, mas preciso de me achegar a Ele. Que incapacidade amedrontadora! Que tremenda responsabilidade! Quem me livrará desse dilema? Agradeço a Deus por Cristo Jesus, o Salvador que capacita”. Geoffrey Thomas
6.  A Certeza Não Anula a Nossa Necessidade
Tudo o que Deus determinou fazer certamente será realizado: “Desde o princípio anuncio o que há-de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Is. 46:10). O plano de Deus é imutável, porque Ele é fiel e verdadeiro (Jó 23:13-14). O plano de Deus é incondicional, ou seja, a sua execução não depende de qualquer ação humana, mas torna-a uma certeza (At. 2:23; Ef. 2:8). Além disso, o plano de Deus é totalmente abrangente, envolvendo as boas e más ações dos homens (Ef. 2:10; At. 2:23), os eventos incertos (Gn. 50:20), a duração da vida de um homem (Jó 14:5) e o lugar onde ele viverá (At. 17:26). O plano de Deus assegura a salvação de um grande número de pecadores favorecidos.
Entretanto, a certeza de que a vontade secreta de Deus está sendo realizada não anula a necessidade do homem obedecer a tudo o que Deus ordenou na Bíblia. Quando o Senhor disse a Paulo que tinha muito povo em Corinto, este não ficou sentado numa cadeira em sua varanda, esperando que os coríntios viessem trazer-lhe os seus cartões de decisão. Durante 18 meses, o apóstolo ensinou a Palavra de Deus a todos que em Corinto o ouviam (At. 18:11). Ele o fez rogando que crescem, estendendo-lhes sua mão, suplicando-lhes que se arrependessem. Paulo chorou por causa deles; orou e pediu que outros orassem em favor deles. O apóstolo os visitou em particular, debateu com seus oponentes publicamente e pediu desculpas se os havia ofendido por meio de palavras severas. Ele procurou viver uma vida semelhante à de Cristo perante eles, para que, em nada, a mensagem fosse maculada através do pecado. Paulo sabia que o povo escolhido de Deus em Corinto certamente haveria de confessar a Cristo, mas esse conhecimento de forma alguma anulou a necessidade de viver uma vida de temor a Deus, permeada por fervor evangelístico. Geoffrey Thomas
7.  O Propósito Limitado Não Anula a Pregação Indiscriminada
Existe um povo que Deus, o Pai, presenteou a Deus, o Filho (Jo. 17:2, etc.). Esse povo possui títulos como “a igreja”, “o povo de Deus”, “os filhos de Deus” ou as “ovelhas” de Jesus. Constantemente, o Novo Testamento nos informa que a morte de Cristo se concentrou na realização da salvação dessas pessoas: “Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt. 1:21); “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef. 5:25); “Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também para reunir num só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos” (Jo. 11:51-52); “Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo. 10:26-28). O Senhor Jesus Cristo cumpriu o propósito de Deus em salvar todos os que são povo dEle.
Entretanto, para cada pessoa no mundo, sem exceção, o cristão pode dizer com sinceridade: “Eu tenho boas-novas para si. Tenho Cristo crucificado para que você creia nEle. Tenho o Salvador que é profeta, sacerdote e rei para você receber e servir”. O cristão precisa convidar seus ouvintes a crer em sua mensagem, exigir que o façam e até exortá-los, em nome de Cristo, a não continuarem na incredulidade. O cristão faz isso para todas as pessoas sem distinção ou discriminação. Anuncia a todos os homens as palavras de Deus: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is. 45:22). E, ainda: “Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel” (Ez. 33:11)? O Salvador é apresentado aos homens perdidos como Quem realizou a completa e perfeita redenção, Aquele que sinceramente deseja salvá-los de seus pecados e que não se compraz na morte deles. Geoffrey Thomas
8.  A Preservação Não Elimina a Perseverança
Todo o verdadeiro cristão experimenta a contínua atividade do Espírito Santo, através da qual a obra da graça divina que começou nele está sendo continuada e será levada à sua plenitude. Essa doutrina é claramente ensinada nas Escrituras (Jo. 10:28-29; Rm. 11:29; Fp. 1:6; 2 Ts. 3:3; 2 Tm. 1:12; 4:18). Todo o crente é preservado pelo poder de Deus para a salvação (1 Pe. 1:5).
Ao mesmo tempo, a Bíblia ensina que cada cristão deve perseverar na sua peregrinação individual. Isso nos protege contra toda a ideia ou sugestão de que o cristão está seguro, ou seja, seguro quanto à sua eterna salvação, independentemente da extensão que ele possa cair no pecado e apostatar da fé e da santidade. Enquanto o cristão está sujeito a pecar e, de facto, comete pecados, ele não pode entregar-se ao pecado nem vir a permanecer debaixo do domínio do pecado; ele não pode cometer e tornar-se culpado de certos tipos de infidelidade (por exemplo, o “pecado para a morte”). Portanto, embora seja preservado, o crente não está seguro totalmente, sem levar em conta a sua vida subsequente de pecado e de infidelidade. Ele perseverará em crer em Deus. Isto não significa que ele será salvo à parte de sua perseverança, mas ele continuará labutando rumo a essa finalidade. Sua preservação é inseparável de sua perseverança. Geoffrey Thomas
9.  O Amor Não Anula a Lei
O amor cristão é o maior de todos. Ele é “a marca distintiva da vida cristã” (John Blanchard), “o sinal dos discípulos de Cristo” (Matthew Henry), “a principal afeição da alma” (Matthew Henry), “ a rainha de todas as graças cristãs” (Arthur Pink), “o fio prateado que percorre toda a conduta do cristão” (J. C. Ryle). Sem amor (ágape), uma igreja não é coisa alguma (1 Co. 13). O novo mandamento dado por Cristo ao seu povo é que se amem mutuamente, assim como Ele os amou. Por meio desse sentimento puro e fervoroso, o mundo saberá que somos povo de Deus. O amor é a graça mais semelhante a Deus.
Ainda assim, Paulo disse: “A lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm. 7:12). É claro que tem de ser; ela vem de Deus e demonstra a própria natureza dEle. Paulo declarou: “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm. 7:22). Ele amava a lei, porque ela demonstra as perfeições dAquele que é santo. O cristão está livre da maldição e da condenação da lei, através da obra salvadora realizada por Cristo. Para o crente, a lei não é mais aquela voz aterrorizante, acusando-o e condenando-o. Cristo apagou a chama do Monte Sinai; o crente está liberto do pecado e da lei. Agora, entretanto, ele se tornou escravo de Jesus Cristo, seu grande Libertador, e cumpre a “lei de Cristo” (Gl. 6:2). “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”, afirmou o Salvador (Jo. 14:15). O amor é a motivação íntima do crente; mas a lei de Cristo é sua diretriz. Como alguém já afirmou: “A lei são os olhos do amor. Sem lei, o amor é cego”.
Esses temas gémeos, o resultado da revelação da soberania de Deus, ensinados tão claramente nas Escrituras, são os elementos que integram a conversa santa e a meditação proveitosa. Geoffrey Thomas
Podemos afirmar seguramente que o amor (Cristo) veio não apenas redimir o homem, como também veio sustentar a autoridade e santidade da lei de Deus. Com sabedoria Jesus apresentou a grandeza e glória da lei e ainda ofereceu um exemplo de como relacionar-se corretamente com ela. 
O próprio amor cumpre a lei, não para anulá-la, nem para destruí-la, mas para viver em obediência. Jesus instruiu Seus seguidores a observar os mandamentos.