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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Um Salto de Fé Pode Colocá-lo no Lugar do Milagre!

Texto: Marcos 10:46-53
Introdução
Jesus e seus discípulos chegaram a Jericó. Ao sair da cidade, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, encontraram um cego mendigo à beira do caminho, cujo nome é Bartimeu, que estava assentado pedindo esmolas. Acredito que ele estava ali todos os dias tentando sobreviver com o que recebia dos transeuntes. Esse é um retrato de muitos que vivem nas margens da estrada da vida porque não encontraram ainda o caminho, a verdade e a vida que é Jesus.
Mas, quem era Bartimeu? Literalmente, o texto diz que ele era cego, e isso o tornava limitado em suas ações e mobilizações, e impossibilitado de contemplar as belezas da vida. A cegueira física inutiliza o homem para muitas coisas e o limita nas ações, paralisando muitos projetos,  que para os que têm o dom da visão não é difícil.
Bartimeu, certamente era um homem cansado, desempregado, falido, arruinado, sem esperança e sem ânimo. Estava fora da cidade, excluído do núcleo social. Ele vivia pedindo esmolas, sentado à beira do caminho, como um mendigo e resignado. Assentado” porque já estava cansado de esperar em pé, o que indica também que estava há muito tempo naquela situação que parecia sem saída. Bartimeu, além da debilidade física, tinha o agravo do preconceito daquela sociedade ignorante que via aquilo como resultado de um maldito carma. A cegueira produz empobrecimento, marginaliza, segrega e discrimina, pois muitos evitam a compainha de alguém que não tem visão. Há vários níveis de mendicância: Física; Emocional; Afetiva; Psicológica; Espiritual. Era evidente que ele precisava de um milagre na sua vida. Muitos estão como ele, à beira dos caminhos da vida, da vitória e da conquista, assumindo o caráter de mendigo, pedinte e resignado  por causa das suas impossibilidades físicas e materiais. São pessoas muito amadas pelo Senhor, mas que só por uma intervenção sobrenatural alcançarão a vitória.
Há uma cegueira espiritual que inutiliza o homem de ver e contemplar as coisas belas da vida, que Deus proporcionou para que assim usufruísse. Mas muitos estão cegos em seus entendimentos e obtusos em suas ações. “Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co. 4:3-4).
Assim como a cegueira física a cegueira espiritual, torna o doente desqualificado, dependente, humilhado em suas ações  e limitado para fazer o que  a perfeita visão lhe poderia proporcionar.
Como o texto mostra Bartimeu era filho de Timeu, e o nome vem da junção do sufixo “Bar” que indica filho de. Diz-se que Timeu foi um General que servia a Israel no destacamento de Betel e que ao aposentar-se se tornou um bem-sucedido na região, mas quando o domínio do Império Romano se instalou em Israel, todos os seus bens foram confiscados e o soldo da aposentação cortada.
Timeu tornou-se um revoltoso. Liderou várias sedições e que se moviam na direção de desestabilizar o governo romano na região. Identificado pelo império Romano como uma pessoa perigosa aos seus objetivos, Timeu foi perseguido, preso e morto crucificado por causa das suas sedições e após a a sua morte, para evitar que seu filho Bartimeu se tornasse um revoltoso ainda mais perigoso do que ele, mandaram arrancar-lhe os olhos.
Naquela época era comum a crucificação de um grande número de pessoas que prejudicassem a ordem e o governo do império opressor. Como também era comum eliminar os filhos homens ou torná-los deficientes para que não seguissem o exemplo de seus pais. Tanto melhor se os deixassem vivos com alguma deficiência porque seriam um verdadeiro cartaz de rua ambulante avisando “não sigam o exemplo de Timeu. Vejam o que aconteceu a ele e a seu filho”.
Esse conhecido texto de Marcos 10:46-52 nos apresenta uma sintética mensagem do evangelho de Jesus. Algumas expressões dessa passagem bíblica têm muito a nos dizer quanto àquilo que somos e o que podemos receber de Deus se tão-somente acreditarmos na bondade de Jesus.
O Que tinha Bartimeu? Uma capa surrada e um amigo também cego, colega de profissão. Dois mendigos. Ele era muito conhecido naquele local, junto ao caminho que ia de Jericó a Jerusalém, o lugar ideal para mendigar, segundo a sua conceção, já que dar esmolas diante da multidão é uma “obra”, ainda que muitas vezes hipócrita, que nenhum que se dizia judeu poderia desprezar. Imagino quão sofrida será a vida de um cego, de um pedinte. Somos descriminados por nossas deficiências. Agora que já conhece um pouco melhor quem era o cego Bartimeu, vejamos porque ele foi curado.
1.     Ele não se revoltou com a situação.
Sabemos que os filhos herdam a natureza e tomam as dores dos pais. Vemos que aquele mendigo cego de Jericó era desprezado e tratado com desdém. Aos olhos do mundo, era um Zé-ninguém, mas não aos olhos de Deus! Ele tinha todas as potencialidades possíveis para se tornar um amargo revoltado. Seu pai quisera vencer o império sozinho e fora sacrificado por isto. Timeu não soube esperar o tempo certo e a forma correta das coisas acontecerem. Destruiu a sua vida e complicou a de toda a sua família. Bartimeu estava pagando um alto preço pelos erros de seu pai, mais não há indícios de que vivesse choramingando pelos cantos de Jerusalém, nem que ele tivesse se revoltado contra Deus como muitos fazem quando a vida não lhe parece justa.
Bartimeu estava pagando por um erro que não era seu. Como José, que inexperiente estava pagando um preço enorme por ter contado a seu pai o que Deus havia revelado ao seu coração, e por isto foi perseguido e vendido escravo por seus irmãos. A saga de sofrimentos de José é muito idêntica à de Bartimeu, ambos pagavam um preço caro pelos erros dos outros.
Bartimeu estava pagando um alto preço pelos erros de seu pai. Esta história é muito triste! Porém, não encontramos nenhum relato nas Escrituras que mostrem Bartimeu choramingando pelos quatro cantos de Jerusalém, colocando a culpa de sua desgraça, de sua situação e de sua miséria em seu pai, ou de que ele se tivesse revoltado contra Deus como muitos fazem quando a vida não lhe parece justa. Outra característica de Bartimeu é que não o vemos blasfemando contra Deus ou questionando o por quê de sua situação quando se encontrou com Jesus. Pelo contrário, Ele sabia que Jesus era o único que podia resolver o problema. Por isso, Bartimeu é honrado com a menção de seu nome como também do nome de seu próprio pai: “Filho de Timeu”! Ele é alguém aos olhos de Deus. Alguém muito amado com identidade, história e valor!
Bartimeu resolveu ir à luta. Não podia muito, mas o pouco que podia fazia-o para manter a sua família, recorrendo ao único recurso que lhe sobrara, que foi o de mendigar, isso ele o fazia com regularidade e eficiência. O Salmo 34:4-6 diz: “No dia que comecei a ficar deprimido, busquei ao Senhor, e ele livrou-me de todos os meus temores. O Senhor ouviu este pobre, livrou-me de todas as minhas angústias”. Gosto da palavra “todas”. Deus não o livrou de algumas, de várias ou de uma, mas o livrou de todas. Aleluia!
2.     Ele não se isolou
Lá estava Bartimeu bradando e clamando também. Bartimeu provavelmente já havia ouvido falar de Jesus de Nazaré. Ouviu dizer que era um grande mestre e profeta que, por onde passava, curava os enfermos e operava grandes sinais e maravilhas. Quando viu a oportunidade passar, não hesitou em correr atrás da cura. Muitos ao enfrentarem crises se isolam dos amigos, da sociedade, se enclausuram no mosteiro da comiseração e da autopiedade. Quem tem problemas tem tendência para se isolar. Quem sofre de alguma deficiência se sente descriminado pela vida e fatalmente cai em depressão, começa a sentir o mundo de uma forma diferente e irreal, bem como um grande vazio no seu íntimo, como se a sua personalidade se lhe tivesse sido “roubada”, o que a leva a isolar-se. Mas, este homem era diferente, ele chamou outro deficiente e sob a sua influência estavam os dois ali no dia em que Jesus passou. Como no caso de Bartimeu, os obstáculos e as dificuldades, ao invés de nos desalentarem, de nos deprimirem, de nos entristecerem, de nos desanimarem, de nos abaterem, devem nos incitar a orar com maior fervor. Jesus nos ensinou um princípio lindo acerca de unidade no sofrimento: “Onde dois ou três se reunirem em meu nome, lá estarei eu no meio deles” (Mt. 18:20).
Sabemos que a luta é feroz e que a batalha é renhida, mas quando aplicamos a perspectiva bíblica à nossa vida faz diferença em tudo, por isso chame outras pessoas para estarem consigo, oferecendo com isso evidência convincente de que o cristianismo é a religião mais prática e razoável de todo o mundo. Ela muda as pessoas – seu modo de pensar e de agir – e cria um novo estilo de vida. Comecem a clamar juntos, Jesus vai aparecer e o milagre vai acontecer. Isto não é chavão de pastor, é padrão Bíblico para o cristão. Daniel se viu em aperto, logo chamou Hananias, Misael e Azarias para orar (Dn. 2:16-19). A confiança no poder divino é a base para um bem-estar genuíno e uma vida saudável e feliz. Jesus quando se viu em aperto não se isolou, chamou os seus discípulos para orar com ele. Jesus os levou consigo para aumentar o coro do clamor.
       3. Ele não se importou se o seu caso era pior que o do seu amigo
O seu amigo também era cego, mas pelo menos ainda tinha os globos oculares. A sua situação era mais difícil e poderia afetar a sua fé, e continuar a viver no estado em que estava para o resto de sua vida. Mas ele não desistiu do seu objetivo, preferiu lutar contra todas as adversidade, de alguma forma parecia entender que quanto mais difícil fosse o problema, melhor para Deus. Somente a fé poderia fazer com que um cego lançasse de si a capa. Jesus certamente lhe restauraria a vista, e ele sabia que, então seria capaz de reencontrá-lo.
Precisamos de crer que Jesus tem poder para resolver o nosso problema. Não desista dos seus objetivos, faça como Bartimeu, ele creu que Jesus poderia resolver o seu problema, ele não deu ouvidos à voz da multidão, mas ele continuou insistindo na busca da solução naquele que tinha o poder de mudar a história da sua vida. Seja qual for o problema que esteja enfrentando, seja qual for a sua dor, seja qual for a sua luta, seja qual for a sua adversidade, não dê ouvidos à voz da multidão, não se importe com as coisas que as pessoas pensão a seu respeito, não se preocupe com o problema, mas permaneça firma no propósito e nunca se esqueça que existem soluções para todas as suas aflições e para todos os seus problemas, basta crer em Jesus, porque só Jesus tem o poder de mudar a história da sua vida. Não importa o grau de dificuldade, não importa se as circunstâncias são adversas, ou que os seus problemas sejam grandes demais, a única coisa que fará a diferença em sua vida será a sua fé. Confie na libertação do Senhor, o seu Deus tem poder para mudar a história da sua vida. Creia, pois tudo é possível ao que crê… Creia no milagre que Jesus pode operar. Jesus disse aos seus discípulos: Eis que me é dado todo o poder no céu e na terra. Então levante a cabeça e creia que alcançará, como Bartimeu, o milagre de Deus em sua vida.
Nabucodonosor em apuros chama Daniel: “Daniel, príncipe de Deus, eu sei que há em ti um espírito excelente, o espírito dos Deuses e que nada para ti é difícil” (Dn. 4:4-5, 8-9. Paulo nos ensinou: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp. 4:13).
        4. Ele vivia informado
Tudo o que Bartimeu conhecia até agora eram vozes. Vozes que lhe davam um pão, que lhe ofereciam uma moeda. Vozes de um romano que passando praguejava: “Bem feito filho de Timeu! Quem mandou seu pai provocar o império, quem o mandou levantar sedições?” Quando estas coisas acontecem só a palavra nos conforta, sustenta e levanta. Na época de Bartimeu a palavra havia descido à terra e estava habitando entre os homens. “No princípio era o verbo e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus” (Jo. 1:1) “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade, e vimos a sua glória como a glória do unigênito do pai” (Jo. 1:14).
Bartimeu sabe quem é Jesus de Nazaré - o verbo, a palavra, o filho do próprio Deus -, pois ao ser informado que era o Mestre que estava passando por ali, e que estava ao alcance da sua voz, não titubeou e começou a gritar a plenos pulmões, pelo seu nome. Sabe que Jesus é o Messias, e afirma isso ao falar “Filho de Davi tem misericórdia de mim”, revelando que conhece a descendência, a história de Jesus e reconhece nele o Enviado de Deus, demonstrando com isso que tem conhecimento das escrituras sagradas. De alguma forma ele sentiu que aquela era a chance da sua vida. Ele resolveu lançar-se em total dependência aos pés do Senhor Jesus. Ele concebeu a possibilidade de ser alcançado com a cura, sem questionar as dificuldades, a falta do globo ocular. O Salmo 33:6 diz: “Os céus se fizeram por sua palavra” e o Salmo 107:20 diz: “Enviou a sua palavra e os sarou, e os livrou da destruição”.
Por incrível que possa parecer, a situação daquele homem lhe proporcionou a oportunidade de experimentar a graça do Deus-Homem Jesus Cristo!
O poder da palavra de Jesus é tremendo: os demónios tremem e batem em retirada. Os mares se abrem ou lhe obedecem. As enfermidades se desfazem. Os mortos ressuscitam. O mais vil pecador é perdoado, restaurado e regenerado. Faz o milagre da mudança de caráter de Pedro. Absolve a mulher adúltera e tem coragem de jantar com publicanos apenas para anunciar o perdão e o amor a Zaqueu. É “Ele quem sustenta o inverso com a sua palavra, é ele quem cobre o céu de nuvens, é ele quem dá a chuva que faz produzir as árvores, que dá aos animais o seu sustento” (Sl. 147:8-9). “É ele quem fortalece o ferrolho da sua porta para que o inimigo não o ataque” (Sl. 147:18). “Porém não faz assim com nenhuma outra nação, pois as suas palavras só funcionam com os seus eleitos” (Sl. 147:20). O centurião disse a Jesus: “Dizei-me uma palavra e o meu rapaz sarará” (Mt. 8:8).
Clame o nome de Jesus feito Bartimeu, reconheça a grandeza desse Mestre, e reconheça que só Ele pode perdoá-lo e dar-lhe nova chance de vida, novo recomeço, nova oportunidade. Ele é aquele que da vista aos cegos. E quebra toda a maldição.
        5. Pôs-se a Clamar, Clamar e Clamar
Ao ouvir que Jesus passava diante dele, Bartimeu começou a gritar. É como se ele tivesse pensado: “Se eu perder essa oportunidade de falar com Jesus, talvez nunca mais tenha outra chance”. Mas, para seu espanto, a sua atitude incomodou aqueles que seguiam com Jesus, que o repreenderam, que tentaram calá-lo, afastando-o de Jesus, assim como haviam tentado impedir que as crianças de se aproximassem de Jesus. É interessante notar que o Evangelista Marcos relata tais eventos muito próximos um do outro, separados apenas pelo registo do encontro de Jesus com o Jovem Rico. Bem, a este os discípulos deram as boas vindas. Os discípulos ainda tinham muito a aprender com Jesus.
No entanto, Bartimeu não desanimou, não deu ouvidos a eles, antes, clamou mais alto ainda! Diante da oposição, quebrou o protocolo e seguiu em frente a exemplo de Zaqueu! Tem gente melindrosa que se escandaliza e desiste de seguir a Jesus por muito menos. Os próprios discípulos, ainda carnais e imaturos, estavam servindo de pedra de tropeço para ele, mas Bartimeu não caiu, não desanimou, mas insistiu e será recompensado por isto! Bartimeu cria que Jesus, o Nazareno, era o enviado de Deus, o prometido como Salvador do mundo. O clamor de Bartimeu deveria ser o clamor de cada um de nós na dependência de Deus.
Quando o nome Jesus entrou pelos seus ouvidos, algo sobrenatural entrou em seu coração: a fé que atrai o milagre nasceu. Aleluia! Por isso, o grito de Bartimeu era convicto, fervoroso, ele tinha conhecimento do Messias e acreditava ser aquela, uma grande oportunidade de mudança. A única, a maior oportunidade da vida! De modo que, ao ouvir falar que Jesus estava passando por ali, não vacilou na investida por sensibilizar Jesus e pôs-se a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim”! Ele não se importou com os bons costumes da época e simplesmente abriu a sua boca para clamar pelo milagre diante do Único que poderia socorrê-lo. Seu grito denunciou o tamanho da sua fé e a sua insistência denunciou o tamanho da sua esperança! Num mesmo brado estava rogando e admitindo que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus que havia de vir ao mundo conforme o previsto nas Escrituras. Mas, a resposta do mundo a seu apelo é o impedimento: “E muitos o repreendiam, para que se calasse, mas ele cada vez gritava mais” (Mc 10:48). Aleluia!
Como acontece com muitos de nós, quando Bartimeu clama para que Jesus tenha compaixão dele, surgem as vozes da repreensão. São as resistências que naturalmente se levantam tentando nos impedir de prosseguirmos na rota da conquista do milagre. Vozes da repreensão são as estruturas que se opõem à operação da nossa fé. São vozes que procuram nos fazer desistir de receber o sobrenatural de Deus e nos levar a abortar o sonho do milagre em nossas vidas. Elas podem ser internas ou externas.
As vozes internas são representadas pelos mecanismos bloqueadores da fé que estão na alma da pessoa, impedindo-a de se achegar a Jesus e, assim, receber a bênção. Em geral são os gritos da alma humana para que Jesus não seja o provedor do homem. Bartimeu precisou de vencer as vozes contrárias ao milagre que povoavam a sua alma. Diante da necessidade de um milagre, para clamarmos a Jesus pelo sobrenatural, sempre teremos de vencer muitas resistências internas, tais como: complexos, traumas e feridas, medos, preconceitos, orgulho, vergonha, paradigmas, religiosidade, tradições.
Já as vozes externas são as provenientes das pessoas e do contexto ao nosso redor. São as palavras e posturas de impedimento para estarmos com Jesus que provêm da família, amigos, parentes, vizinhos, trabalho, sociedade, mundo, demónios etc. Sejam quais forem as resistências ao sobrenatural de Deus em nossas vidas, todas elas precisarão de ser enfrentadas e vencidas, para que os milagres do Senhor nos alcancem.
Portanto, seja qual for a nossa situação, uma verdadeira explosão de fé precisa de acontecer dentro de cada um de nós, sempre que o nome Jesus, o Nazareno, ecoar em nossos ouvidos. Nunca se cale! Resista! Continue clamando! Grite cada vez mais alto! Creia que há milagres esperando por si e que a sua saúde, a sua casa, as suas finanças e o seu ministério jámais serão os mesmos. Lembre-se que é o seu grito de fé e esperança em Jesus que vai quebrar todo o poder dessas vozes em sua vida! A fé é a base do milagre e Jesus, o Nazareno, é a base da nossa fé. Nosso discurso denuncia a nossa fé.
Jesus parou para dar atenção ao Clamor de Bartimeu, sinal do valor que ele dava aquele homem ainda que ele não representasse nada para o povo da cidade de Jericó e não passasse de um Zé-ninguém aos olhos dos próprios discípulos que ainda estavam contaminados por preconceitos de toda espécie. O Coração do Senhor se derrete ante o clamor do seu povo. Ele disse a Moisés, “eu ouvi o clamor do meu povo”. Os filhos de Israel gemiam pela escravidão egípcia, e por causa dela clamaram. O clamor daquele povo subiu ao Senhor (Êx. 2:23). “Se alguém te afligir e clamares a mim, ouvirei o teu clamor” (Êx. 3:9). E o Salmo 22:7 diz: “Na minha angústia clamei ao Senhor e ele do seu templo me ouviu”.
É interessante notar que Jesus, ouvindo aquele clamor, não atende diretamente ao chamado, mas concede a oportunidade aos discípulos de se redimirem, enviando-os com uma mensagem a Bartimeu. Os discípulos se dirigem agora a ele de modo completamente diferente com uma mensagem acolhedora de esperança: “Tem bom ânimo”, “Levanta-te” que “Ele te chama”. Também nós, hoje, à semelhança dos discípulos, somos enviados aos oprimidos com a boa notícia do Evangelho que anima os fracos e levanta os caídos. Bendito seja o chamado de Jesus!
Diante do chamado, Bartimeu que era tão pobre, que seu bem mais valioso era a sua capa, com a qual se protegia do sol, da chuva, que escondia o rosto por vergonha, medo e desprezo, não titubeia, num salto, se levanta, do mesmo modo que Zaqueu, e abraça alegre e prontamente o convite de Jesus. Ele Lança a capa, ou seja, joga fora a capa do pecado, a capa da cegueira espiritual, a capa da revolta, a capa da exclusão social, a capa da maldição hereditária (Mc. 10:50). Bartimeu não possuía casa, carro, poupança, ele não tinha nada a não ser uma capa, que, até então, lhe fora muito útil, a ponto de servir-lhe até como cobertor. No entanto, em vista do chamado de Jesus, ela perdeu o valor de estimação. Ele não faz mais caso dela.
Bartimeu encontrou algo supremo diante de si e está deixando as coisas velhas para trás. Ao se desprender daquela capa, ele estava se libertando de uma cobertura temporal e humana para abrigar-se no Esconderijo do Altíssimo. Aqui também se pode observar um contraste com a atitude do Jovem Rico que, vêm a Jesus clamando pela solução de seus problemas, mas, apegado às riquezas, recusam-se a deixar a sua capa, a sua cobertura mundana para tomar a cobertura de Cristo, virando as costas para Jesus, abrindo assim mão do Reino de Deus, enquanto Bartimeu, desapegado, lança a sua capa, volta-se para Jesus para apropriar-se do Reino de Deus. Ele nos ensina o desprendimento ao mundo, tradições, imposições sociais. Nos ensina que fazer escolhas corretas implica em ter fé e arrepender-se. O jovem rico, perdeu a grande oportunidade de sua vida! E era considerado por todos, como homem influente e importante. Porém, o Reino de Deus, não considera a aparência, mas a essência interior e não exterior.
Então, Jesus chama Bartimeu e lhe diz: aproxime-se filho, e lhe pergunta: “Que queres que eu te faça? Jesus certamente sabia o que ele queria, mas desejava ouvir isto dos próprios lábios dele, pois a oração é um exercício de fé e que aprimora também o nosso relacionamento com Deus. Quando Jesus chama é para depositar toda confiança nEle. Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? (Porque todas essas coisas os gentios procuram). Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas (Mt. 6:31-32).
O Senhor Jesus sempre ouve o nosso clamor de fé e responde, deixando aberto o caminho para nos encontrarmos com Ele e com todo o Seu poder. No entanto, para entrarmos na rota do sobrenatural é necessário nos livrarmos de tudo aquilo que agasalhava a nossa história de incapacidade e perdas. Por isso, diante da rota do sobrenatural, arranque de sua vida aquilo que lhe cobria e identificava como limitado e desprovido.
Descubra-se diante de Jesus. Deixe de vez a capa chamada medo, pecado, impossibilidade, vergonha, tradição, timidez. Mostre-se a Ele como está: com os seus problemas e limitações e sem desfrutar da provisão do Pai. Tire agora mesmo esse peso que lhe impede de saltar para Jesus e para o seu milagre. Entre o grito da fé e o salto para o milagre é preciso deixar para trás o manto da derrota, do fracasso e da impossibilidade.
Bartimeu não se levantou de qualquer jeito, nem foi sem direção definida. Uma verdadeira explosão de fé o arrancou do lugar de necessitado e o conduziu ao lugar da provisão. Na verdade, a sua fé em Jesus, o arrebatou do plano material e humano para o território sobrenatural dos milagres do Senhor. Aleluia! Ele ora de maneira simples e direta e diz: Mestre que eu veja novamente! Às vezes falamos demais para dizer tão pouco. Repare que as orações bíblicas são geralmente muito curtas. Jesus nos ensina a orar de maneira objetiva, sem vãs repetições, e nos adverte a não seguirmos o exemplo dos fariseus que gostavam de utilizar a oração para promoção pessoal. Outra coisa a observar aqui é que Bartimeu pediu algo que só Deus podia fazer, sinal de que realmente acreditava estar diante do Filho de Deus!
A fé de Bartimeu é contemplada por Jesus, que lhe diz: “Vai, tem bom ânimo, levanta-te” (Mc. 10:52)! Ele recebe a cura dos olhos humanos, e, mais do que isto, ele ganha também uma visão espiritual! Recebida a bênção da cura, Bartimeu não foi embora para viver a vida à sua maneira. Mas, ele passa a seguir a Jesus caminho fora! Não está mais à beira do caminho, mas no Caminho. Não é mais um excluído, mas um incluído, caminhando no centro da vontade de Deus entre os discípulos de Jesus. Não foi apenas iluminado, mas está seguindo os passos do iluminador do Mundo, com vistas a tornar-se uma lâmpada desta Luz (Jo. 8:12; Mt. 5:15). Seu caminho já não era de morte, mas de vida. Enxergando, de novas vestes, aparência, renovado em ânimo e modo de falar, Bartimeu ganhara fama nacional! Ele nos ensina a não desperdiçarmos as oportunidades, a não nos calarmos diante dos obstáculos, mas a insistirmos e a persistir na vitória. Aprenda com Bartimeu que é importante identificar o momento oportuno e investir na ocasião.
Bartimeu agora não era um cego que esmolava, mas um cego que clamava. Jesus ao curar Bartimeu: Comprou uma briga com o Império Romano. Não podemos nos esquecer de que a sua cegueira havia sido provocada por juízo e castigo pelos erros de seu pai.
Bartimeu, até mesmo devido à sua deficiência, jamais tinha tido a oportunidade de ver a Jesus, todavia, ele creu! Fez melhor que Tomé! Tornando-se, assim, um tipo dos crentes de hoje! Bem-aventurados os que não viram e creram. Crendo, clamou humilde e insistentemente por compaixão – buscou com fé pelo “Filho de Davi” (título messiânico)!
A história de Bartimeu é realmente linda, assim como Israel no passado tinha vencido as muralhas de Jericó usando as trombetas, agora no Novo Testamento, Bartimeu venceu a multidão usando o Clamor, assim como Israel queria tomar posse de Jericó para garantir posição para alcançar Jerusalém, Bartimeu recuperou as vistas, a posição espiritual, para então seguir Jesus em direção à nova Jerusalém.
A multidão via Bartimeu como o cego (Inválido, Incapaz, Limitado); como o cego à beira do caminho (Desprezado, Derrotado, Fraco, Sem comunhão = Não ia para Jerusalém/Páscoa); como o mendigo (Necessitado, Dependente, Sujo, Vivendo de restos); como o imundo (Excluído da vida religiosa e social, Culpado, Pecador); e via Jesus como o Nazareno, filho de José, o carpinteiro, homem simples, limitado pela natureza, sem poder para curar, modificar o homem e por fim salvar. Mas, Bartimeu não via Jesus como o Nazareno, pois a sua deficiência física o impedia de ver as circunstâncias, mas O via como Filho de Davi. Quem não olha para as circunstâncias, vê Jesus como o cumprimento das promessas messiânicas (Ap. 22:16). Bartimeu enxergou o que a multidão não via. Bartimeu alcançou a Revelação, porque Jesus não está preocupado com a massa, multidão e números. Ele sabe que existimos, conhece nosso clamor, e nos ouve.
Jesus dá atenção especial para cada um, Ele nos chama e dedica tempo e atenção. Jesus vê Bartimeu próximo ao caminho, mas está impedido pela multidão de se chegar a Ele. Jesus vê Bartimeu como necessitado, no clamor, na oração, na perseverança da salvação. Jesus vê o cego lançar fora a capa antes de ser curado (Fé) e O seguir. Jesus viu a prontidão, a rapidez na resposta, a motivação sincera.
Jesus viu o ex-cego curado, liberto, seguindo-o no caminho. Jesus via Bartimeu, como mais um discípulo. Para chegar até Jesus é preciso enfrentar a multidão (o mundo e as concupiscências, os conceitos, a razão, e por fim a opressão do joio).
O clamor era o único meio de fazer com que ele se aproximasse de Jesus. Bartimeu O chama de “Filho de Davi”, mas a multidão não sabia nada a respeito do Messias Jesus. A multidão (religião) que seguia Jesus tentava impedir o grito dele, muitos o repreendiam, mas ele cada vez mais tornava o seu clamor mais forte. Bartimeu demonstrou como proceder ante a oposição de nossa fé. Ele ao invés de se calar, cada vez gritava mais. Isso mostrou a sua convicção de fé em Jesus e também nos diz como proceder quando nossa fé for combatida. A atitude do cego não foi de revolta ou de fanatismo religioso, mas uma clara demonstração de confiança em Deus que não se deixa intimidar.
Aqui encontramos algo estranho: Jesus era seguido por uma multidão que não aceitou a expressão de fé do cego. Mas, é exatamente isso que acontece quando alguém quer viver piedosamente em Cristo – será perseguido, e geralmente por quem diz ser de Jesus. Andar com Jesus é ter a consciência de viver na contramão deste mundo. A multidão não quer que clamemos. O clamor pelo sangue de Jesus incomoda a religião. A religião é o que torna Jesus distante dos homens, só é vencida pelos meios de graça. O clamor nos faz ser notados no meio da grande multidão (religião). O clamor consegue parar Jesus para que Ele olhe para a nossa necessidade.
A perseverança no pedido fez com que Jesus parasse no Caminho para chamá-lo. A voz do necessitado fala mais alto do que qualquer ovelha gorda e forte (Sl. 78:71). O clamor vence o legalismo. Não era comum que judeus conversassem com um homem impuro. A pedido de Jesus, foram buscar o cego. Acredito que ninguém esperava que aquilo acontecesse, mas foi exatamente o que aconteceu – Jesus ouviu o clamor de Bartimeu, parou e mandou chamá-lo. Isso só confirma o que encontramos em várias partes da Bíblia, que Deus habita com o contrito de espírito, que ele não abandona um coração quebrantado, que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
O clamor vence a religião. A multidão foi até o cego e animaram-no: “Tem bom ânimo! Levanta-te! Ele te chama”! Ao ser informado que Jesus o chamava, Bartimeu agiu com todas as forças do seu ser. Ele jogou de lado a capa que o protegia do frio, do sol e da poeira à beira daquela estrada, mas que naquele momento lhe era um obstáculo. Sempre penso naquela capa como algo que nos atrapalha e que deve ser lançado fora para que cheguemos a Jesus. Qual é a capa que precisa lançar fora? Quem ouve e cumpre o chamado de Cristo joga a capa fora.
Quem joga a capa fora, consegue levantar-se (v. 50). Imagine a cena – um cego levantar-se de um salto. O entusiasmo de Bartimeu era evidente. Como já notamos, ele viu naquela oportunidade a sua única chance de encontrar-se com Jesus. O salto do cego nos mostra como precisamos de romper com qualquer obstáculo para chegarmos a Jesus e diz também que é preciso levantar-se dentre os mortos para recebermos vida.
O cego estava longe da família; não podia trabalhar e era marginalizado. Não podia ter contato com as pessoas, tinha que manter 100m de distância e gritar “impuro, impuro”! Pela lei farisaica, nem podia frequentar a sinagoga ou o Templo. Agora, ele se levanta, porque pela fé, viu que Jesus era a solução dos problemas dele. O clamor proporcionou a Bartimeu um encontro com Jesus. Foi um momento único na vida de Bartimeu. Ele não estava levantando-se para cumprir um ritual ou ir a um local sagrado, não, ele levantava-se para ir ter com Jesus, que disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Nosso encontro com Jesus acontece onde estamos, pois ele se dá em nosso coração.
O clamor pelo sangue de Jesus purifica o homem. Jesus cumpriu toda a lei, e fala com ele (v. 51), logo ele já estava purificado pela fé que tinha em Jesus como Cristo e filho de Deus. Bartimeu viu Jesus, falou com Ele, ouviu, conversou, teve intimidade, a Obra leva o homem a reconhecer um Jesus vivo, a ter comunhão com o Pai. Quando Jesus atenta para olhar o nosso problema, Ele não impõe a solução: “O que queres que Eu te faça”.
A pergunta de Jesus para Bartimeu parece ser desnecessária, pois, que mais o cego quereria, senão a visão? Mas, ela nos mostra ainda mais o interesse de Jesus por Bartimeu e por sua necessidade. Não são poucas as pessoas que já se acostumaram com as suas deficiências que nem mais pensam em se livrarem delas. O que mais precisa que Jesus faça por si hoje?
Bartimeu estava pronto a mudar de vida e a obedecer. Queres realmente ser curado? Passando a enxergar, teria que trabalhar, não mais o ajudariam, e ele não estava acostumado com este tipo de vida. Jesus quer ouvir dos nossos lábios o pedido, embora o saiba, Ele quer que o peçamos, assim temos comunhão. Bartimeu O chama de Rabboní, palavra aramaica que significa Mestre. Em seguida, disse que queria voltar a ver. A resposta de Bartimeu à pergunta de Jesus já era esperada – ele queria ver, dando a entender que ele já havia visto antes, não era cego de nascença. É o que precisa acontecer com algumas pessoas, voltarem a ver a vida de novo com outros olhos.
Pela fé reconheceu a autoridade espiritual e profética do ensino de Jesus como o Messias. Marcos 1:22 diz: “Vai, a tua fé te salvou”. A palavra “vai” do grego rýpague, pode ser traduzida também por volte para casa, vá de volta, retorne. O poder de curar era de Jesus, mas o cego creu na possibilidade da cura, o que aconteceu imediatamente. Jesus Cristo é o mesmo sempre. Isso não significa dizer que tudo o que cremos que ele fará acontecer por nós, pois nem sempre sabemos o que pedimos a Deus, mas não se pode subestimar a necessidade de fé. Uma vez curado, Bartimeu seguiu a Jesus estrada fora.
Ao curar o cego, Jesus lhe devolve o direito de viver com a sua família novamente, com direitos políticos e religiosos, podendo, novamente, frequentar o Templo e a sinagoga, mas assim como o samaritano leproso que reconheceu Jesus como Sumo-sacerdote, retornando pela fé aos pés Dele, e por tal atitude, sendo ainda considerado leproso para a sociedade por não ter ido aos sacerdotes como fizeram os outros nove, assim também, Bartimeu continuou impuro, pois após a cura, seguiu a Cristo sem ir ao templo.
Bartimeu foi curado porque não se deixou influenciar pelas vozes da religião, foi curado porque não se fez de vítima, apegando-se à sua deficiência, foi curado porque foi audacioso e determinado ao levantar a voz em clamor, foi curado porque abandonou a capa do homem marginalizado. “Tirar a capa” é despojar-se do velho homem, é despir-se do pecado, dos bens materiais. Para chegar até Cristo, é preciso sacrifício, jogar fora tudo o que estorva.
Bartimeu atende ao chamado, lançando fora o passado e imediatamente indo ao encontro com Jesus, ele ainda era cego. Muitas vezes se quer primeiro a bênção para depois, se dar tempo, o compromisso; com Bartimeu foi diferente.
A maior evidência de um verdadeiro encontro com Jesus é que a pessoa passa a segui-lo por toda a sua vida, pois foi o que aconteceu com o cego Bartimeu. Ele não queria apenas um milagre, ele queria Jesus. Isso parece tão distante do que observamos no meio religioso, porque as pessoas não querem viver com Deus, elas querem apenas as bênçãos de Deus; elas não querem viver de modo certo, elas querem algo que vai dar certo, mesmo que seja contra a vontade de Deus. Que nossos olhos se abram por Jesus e para Jesus.
A história do cego de Jericó nos ensina que existe sim uma possibilidade de mudança para toda e qualquer pessoa, nada é impossível para Deus. Ensina, o valor de um clamor, a necessidade da oração. Também, a simplicidade da fé. A oração feita por ele foi curta, mas tão intensa que alcançou o coração de Jesus. O encontro de Jesus com Bartimeu, ensina, entre tantas coisas, que milagres acontecem todos os dias, em lugares comuns. Aquele, parecia ser um dia como outro qualquer, até que: Jesus aparece! Quanta diferença entre: um dia sem Jesus e um dia com Ele!
O cristianismo começa em nós quando reagimos diante da pessoa de Jesus, e quando esta nossa reação é de amor, um sentimento instintivo de que alguém é capaz de sair ao encontro de nossa necessidade. Até se nunca chegamos a ser capazes de elaborar teologicamente as coisas, essa resposta instintiva, esse grito que sai da alma, é mais que suficiente.
Creia que hoje pode ser o dia do sobrenatural do Senhor em sua vida. Se está livre das vozes da repreensão e da capa do passado, então levante-se do lugar das impossibilidades e limitações. Dê um salto de fé e entre na rota do surpreendente de Jesus! O tempo da sua bênção chegou!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

É Mais Nobre Servir do Que Ser Servido

 
Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos” (Fp. 2:3).
Introdução
Gostaria de começar por falar de como é nobre, esplêndido e honroso servir uns aos outros. Hoje em dia muitas pessoas se esqueceram de praticar este lindo acto, pois vivemos numa sociedade onde a grandeza tem como ícone o poder e num contexto em que ser grande é ser servido. Quem serve é visto como alguém sem esperteza.
Mas Jesus, alguém que tem os anjos para O servirem, abriu mão dessa mordomia, se fez carne e veio e viveu para servir aos homens a ponto de dar a sua vida para resgatá-los da morte, deixando assim claro que servir é a maneira mais nobre de viver. Ele nos ensina que ser grande é ser servo de todos. Almejar ser servido o tempo todo não é algo saudável. O autor Jim Smith comenta que: “Querer e precisar ser servido pelos outros não é um factor gerador de vida, mas um fator destruidor de alma”.
Hoje a maioria dos crentes não querem servir a Deus, mas servirem-se de Deus. Enxergam a igreja como um balcão de serviços a seu favor. Não se enxergam como serviçais mas como senhores e Deus como o serviçal. Basta Deus fazer um milagre e tudo o que querem é o milagre e não mais o Deus que o fez.
Vejamos este fenómeno acontecer no exemplo do milagre da multiplicação. “E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil. E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos, pelos que estavam assentados; e igualmente também os peixes, quanto eles queriam. Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é, “verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte (Jo. 6:10-15). 
Assim que a multidão viu o milagre da multiplicação dos pães, viram logo uma oportunidade de terem aquele milagre de forma permanente: “Vamos fazê-lo Rei, e assim teremos pão de graça todos os dias”.
Tente no seu dia-a-dia mudar de posição, deixando de se focar somente em si e focando-se no outro. “Quem preferem ser? O que come o jantar ou o que serve? Preferem comer e ser servidos? Mas eu assumi entre vós o lugar de quem serve” (Lc. 22:27).
Paulo, no grande hino do capítulo treze da primeira Carta aos Coríntios, diz que o amor não busca os seus próprios interesses (1 Co. 13:5), e exorta também os cristãos de Filipos a nada fazer por espírito de partido ou vanglória, mas – como ele escreve – “que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros” (Fl. 2:3-4). Essas palavras são um eco da constante exortação de Cristo a servir, atitude imprescindível para imitá-Lo: “O Filho do homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt. 20:28).
Estas últimas palavras foram pronunciadas por Jesus para encerrar um triste incidente que se deu entre os Apóstolos. Vale a pena recordá-lo…, para meditar e aprender.
Aconteceu que, indo Jesus a caminho de Jerusalém com os seus discípulos, Tiago, João e sua mãe foram até Jesus solicitar privilégios na consumação do reino de Deus. A mãe adotou um ar solene, um olhar suplicante: Prostrou-se diante de Jesus, para lhe fazer um pedido. E o que pediu? O melhor para os filhos, como é próprio de uma mãe: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. Nada menos! Pedia os dois primeiros lugares naquele Reino que tanto ela como os filhos ainda o imaginavam como um reino terreno.
Jesus olhou-a, imagino que carinhosamente divertido, e não disse nem que sim, nem que não, mas aproveitou para reforçar que o reino de Deus é reino de servos e, portanto, os servos são os verdadeiros governantes do mundo. Sorrindo, dirigiu-se aos dois que tinham vindo conchavados com a mãe, e disse-lhes: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Cristo ia ser, certamente, Rei, mas o seu Reino seria conquistado pela Cruz, por meio da sua entrega redentora. Eles não sabiam ainda o que isso significava, saberiam mais tarde; mas, mesmo assim, com simplicidade inconsciente, respondem sem hesitar: Podemos! Como que a dizer: “Estamos dispostos a tudo, contanto que nos tenhas, no Reino, como homens de confiança, bem perto de ti”.
Foi aí que irrompeu o conflito. Os dez outros (Apóstolos), que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. Pronto, já estava armada a briga. O Evangelho não a descreve com detalhes, mas todos sabemos as caras que fazemos, as palavras que dizemos e o tom com que falamos quando estamos morrendo de raiva. No caso, morrendo de inveja: “Quem pensam que são esses dois, que querem passar à frente de todos nós, e ainda por cima com artimanhas de politicagem materna”?
Jesus, calmo e entristecido pelo espetáculo, chamou-os. “E disse-lhes: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós faça-se vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro faça-se vosso escravo. Assim como o Filho do homem – o próprio Jesus – veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por uma multidão” (Mt. 20:20-28).
A ambição dos dois irmãos e a explosão irritada dos outros dez deram ensejo ao Senhor para expor uma das lições mais belas do Evangelho: o espírito de serviço. Por outras palavras, diz-lhes: “Não se comparem, para ver se um é mais do que o outro; não se deixem arrastar pela inveja e uma competitividade vaidosa; pelo contrário, a vossa ambição deve ser dar-se totalmente e servir, por amor, como Eu faço. Aí encontrarão a felicidade: servindo e dando alegrias, e não procurando a alegria vaidosa de ser mais que todos”.
Servir é para quem conhece o amor, de tal maneira que desconhece preço elevado demais para que possa continuar servindo. Servir é para quem conhece o fim a que se pode chegar servindo e amando, de tal maneira que não é motivado pelo reconhecimento, a gratidão ou a recompensa, mas pelo próprio privilégio de servir. Servir é para gente parecida com Jesus. Servir é para muito pouca gente.
Muitos desejam o poder do trono sem estarem preparados para pagar o preço do sofrimento. Outros dizem levianamente: “Nós podemos”, pouco apercebidos do que a sua escolha envolve, e que nada, senão a graça de Deus, pode tornar possível o cumprimento do voto. Mas a graça é suficiente! Basta buscá-la. Deus não falhará! Observe o versículo 28. O Senhor ministra a todos nós, todos os dias, paciente e amorosamente. Ele tomou a forma de servo e se mostrou obediente. Sirvamos a todos os homens por amor a Ele! Temos de descer para chegar ao seu lado.
Talvez o pedido dos dois irmãos fosse motivado mais pelo desejo de estar perto do Mestre do que pela ambição; mas, em qualquer caso, há somente um preço a ser pago. Precisamos de conhecer a comunhão dos seus sofrimentos se pretendemos participar de sua glória (2 Tm. 2:11 e seguintes). É fácil dizer: “Nós somos capazes”; mas se estes dois pretendentes não tivessem vivido a experiência do dia de Pentecostes, com toda a certeza teriam fracassado (Fp. 4:13). Se alguém não foi chamado para sofrer com ele, então deve servir. Um serviço semelhante ao de Cristo o levará para junto do trono dele, como sua participação no seu sofrimento. Como no caso de Bartimeu, os obstáculos e as dificuldades, ao invés de nos desalentar, devem nos incitar a orar com maior fervor. Somente a fé poderia fazer com que um cego lançasse de si a capa. Jesus certamente lhe restauraria a visão, e ele sabia que, então, seria capaz de reencontrá-la.
1.     A Grandeza de Servir, Servir, Servir
Servir uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe. 4:10).
Espelhando-me no adágio popular, “quem não vive para servir, não serve para viver”, digo que só se serve servindo. Servir uns aos outros e não uns e outros é um dos mandamentos recíprocos que precisa de ser colocado em prática nos relacionamentos interpessoais; a exemplo do Mestre da Vida, Jesus, que veio para servir e não para ser servido. Todos precisam imitar esta nobre virtude do Mestre. Este espírito de servir deve estar presente em toda gente, principalmente nos que são identificados como o sal da terra e a luz do mundo. Toda a liderança só será eficaz se exercitar o espírito de servir e servir sem acepção de pessoas; é uns aos outros que devemos servir e não uns e outros. Tudo o que temos e somos vem de Deus, portanto devemos ser bons mordomos de tudo o que temos e somos; recebemos o dom não para nos apropriarmos dele, mas para o serviço do reino, para um fim proveitoso, para a edificação do corpo de Cristo, a sua Igreja. O Espírito Santo nos concede o dom para servirmos e não sermos servidos. Deus não quer filhos egoístas, retentores das bênçãos, quer filhos generosos, altruístas, amorosos, abençoadores, servos...
A mensagem é clara: para termos o espírito de serviço que é próprio do cristão, devemos pôr-nos em condições de ser úteis, e estar dispostos a servir realmente.
Com efeito, servir significa, em primeiro lugar, que alguém é útil, serve, presta, cuida, exerce, oferece, fornece; da mesma maneira que dizemos das coisas materiais: “esta ferramenta serve; esse tecido não presta, não tem serventia”. Para servir, é preciso ter qualificação, preparo, condições pessoais para poder prestar determinados serviços.
Servir é um acto muito mais ligado ao qualitativo do que ao quantitativo; muito mais ao emocional do que ao racional; muito mais ao satisfazer-te do que ao satisfazer-me. Mas ser servo não basta, é preciso ter um coração de servo de fato, onde o levará a servir espontaneamente, sem esperar nada em troca e nem ser reconhecido. Cada um de nós deve ter os irmãos como superiores, deve buscar atender os interesses dos irmãos e não os próprios interesses. Isso é servir! É assim que, verdadeiramente, somos servos! É sair do “eu” para o “nós”. E sair da vontade, da preferência, da visão, do desejo, do pensamento, do serviço, pessoal para viver a vontade, a visão, a preferência, o desejo, o pensamento, o serviço, comunitário.
Ter os outros como superiores não é algo só para ser vivido entre os irmãos, mas para ser estendido a todos os que nos rodeiam, para nossa família, para Igreja e para o mundo. É ser servo de todos, ou seja, é ter os irmãos como superiores. Mas é claro, que a comunidade, por sua realidade oferece, sem dúvida, infinitas oportunidades para buscarmos os interesses dos outros e não os nossos.
Numa segunda acepção, o verbo servir indica o acto e o espírito de serviço: a atitude da pessoa prestativa, serviçal, dedicada, sacrificada. Para servir…, o único jeito é dedicar-se, servir mesmo.
Em ambos os sentidos, servir é caminhar na contramão do egocentrismo; é esforçar-se com generosidade em colaborar com o bem e a alegria dos outros.
A Bíblia diz que o servo é aquele que se faz escravo, não reivindica nada, não exige os seus direitos. O que reivindica e exige seus direitos não é servo, é empregado. Podemos servir com um sorriso, abraço, uma palavra, atenção a alguém, etc… “porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1 Co 9.19).
O caminho do serviço é estreito, poucos são os que andam por ele, é mais fácil o caminho da zona de conforto, do ser servido. Mas, apesar de ser estreito o caminho dos servos, é um caminho fascinante de se andar, fomos chamados para sermos uma bênção e brilharmos diante dos homens com as nossas boas obras, para que eles glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus.
Se almeja alguma posição, como cristão, torne-se primeiro um servo. Ponha isso na mente, só se serve servindo. Ponha o dom recebido do Espírito Santo a serviço dos outros. É abençoando que somos abençoados. Existem pessoas que possuem sonhos e metas, mas não alcançam seus objetivos porque não aprenderam a servir. Temos que ser servos em qualquer posição em que estamos servindo. “Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará” (Jo. 12:26).
O maior exemplo de servo é Jesus, onde nos ensina de como servir ao Pai Celestial e também uns aos outros. “Assentando-se, Jesus chamou os doze e disse: Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos” (Mc. 9:35).
Eu poderia escrever mais sobre este assunto, mas melhor do que escrever, é começarmos a viver mais este acto tão simples, nobre e perfeito que Jesus nos ensinou, que é servir.
Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fp. 2:5-11).
Que vivamos para servir os irmãos em unidade com a vontade de Deus! Que saibamos aproveitar as oportunidades que Deus nos oferece através de nossas comunidades e, assim, que passemos a “considerar os outros superiores”. Amém.
2.     Honrar aos Outros Com o Nosso Ouvir
Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos” (Fl. 2:3).
Se avaliarmos hoje, ainda que superficialmente, as nossas incompatibilidades comportamentais e os desajustes de nossos relacionamentos, veremos que, quase na sua totalidade, estas se dão por conta de uma comunicação esfacelada, onde muito dos ouvintes quase nunca ouvem aquilo que lhes é comunicado, retendo tudo do mesmo modo como lhes fora transmitido, surgindo, portanto, mais uma das implicações que tem tornado difícil à tarefa do ouvir.
Gostaria de partilhar convosco algo que aprendi em oração, numa ocasião em que pedi ao Senhor para ser uma pessoa menos impulsiva ao falar, pois sempre me apressava a dar a minha opinião sobre tudo.
Aprendi a dar ao meu ouvido um novo sentido, “emprestando”, por assim dizer, os meus ouvidos ao Senhor para se tornarem ouvidos de discípulo, esforçando-me para ouvir mais, ser mais atento, não me apressando em falar, fazendo do acto de ouvir um acto sagrado. Passei a exercitar a cautela, a prudência, não me apressando a dar a minha opinião sobre tudo.
Existe, um diferencial entre aquele que ouve e aquele que simplesmente escuta. O ouvir é diferente, pois o seu exercício é criteriosamente responsável pelas informações que lhe são transmitidas e, uma vez tendo sido armazenadas em nossa mente, esta é que condicionará todo o nosso comportamento, principalmente em relação àquele com quem se está comunicando.
Percebi então que saiu um grande peso de minhas costas quando passei a dar menos importância ao facto de os outros saberem ou não o que penso sobre tudo. Passei a fazer uma espécie de silêncio em oração, orando no meu coração ao Senhor enquanto ouvia os outros falarem. Surpreendi-me de como o meu entendimento ficou apurado, refinado através do ouvir os outros, percebia melhor as nuances das verdadeiras intenções dos outros ao falarem e, sobretudo, uma maior clareza do certo e do errado. Na minha impulsividade eu era também rápido em aderir à opinião dos outros, mas passei a submeter minha opinião ao Senhorio de Jesus.
Ao consagrar ao Senhor os meus ouvidos e o meu julgamento das coisas, eu sentia como se o meu silêncio fosse uma espécie de espera na presença de Deus, até que Ele se manifestasse, dando-me clareza sobre o que falar e quando falar. Sentia que Deus agia enquanto eu orava em silêncio, iluminando meu entendimento.
Outra coisa, ainda, foi que passei a ter uma atitude mais humilde, não mais supervalorizando a minha opinião e passando a considerar que os outros também poderiam ter algo importante para dizer e que talvez o que eles tivessem a dizer se aproximasse mais da verdade do que eu poderia supor. Passei a honrar os outros no meu coração e nos meus pensamentos e isso melhorou muito o meu relacionamento com as pessoas.
Que o Senhor nos ajude e continue a nos ensinar para que possamos ser cada vez mais mansos e humildes e termos assim o nosso coração em paz.
3. Ouvir de Modo Adequado
 Ouvir de maneira que se compreenda a profundeza das intenções do coração de alguém é, sem dúvida, uma prática que está fora do nosso alcance, mesmo porque o atributo da omnisciência pertence somente a Deus. O máximo que podemos conseguir é conjecturar através de uma interpretação decorosa e subtil e, ainda assim, carregada de indubitáveis imperfeições.
A maneira como nos propomos a ouvir é que determina a qualidade de nossas atitudes. Por exemplo, quando os irmãos de José (do Egito), filho mais novo de Jacó, o ouviram contar acerca do sonho que tivera, estes o invejaram (Gn. 37:11), pois não admitiam que seu irmão mais novo estivesse dizendo que, algum dia, exerceria autoridade e domínio sobre eles. E, como resultado dessa leviana interpretação auditiva, traíram José e o venderam aos mercadores midianitas (Gn. 37:28).
Se obstinadamente nos inclinarmos a ouvir tudo de modo arrogante, certamente nossa atitude será coagida a proceder de modo similar. Por outro lado, se formos humildes e nos detivermos numa compreensão desarmadora de nosso próprio egoísmo, estaremos então atingindo a verdadeira diplomacia auditiva.
Precisamos de aprender a ouvir. Ainda quando crianças, nossas primeiras palavras foram ditas como resultado de um intenso exercício da audição. Isso porque, ao ouvirmos as pessoas falar, tentávamos reproduzir, de igual modo, alguns fonemas. Assim que, uma vez tendo aprendido a falar ouvindo, devemos, portanto, aprender a ouvir nos calando. Já nos recomenda as Escrituras, dizendo: ”todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...” (Tg. 1:19).
4.     O Benefício de Quem Realmente Ouve
A palavra de Deus nos traz a menção realçada da importância do ouvir verdadeiramente o que está a ser dito, processar a informação e usá-la de forma efetiva, e ser beneficiado por essa iniciativa: : “Se quiserdes e me ouvirdes comereis o melhor desta terra” (Is. 1:19); “Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim, ouvi e a vossa alma viverá...” (Is. 55:3). Essas são apenas algumas das citações bíblicas, entre tantas outras, que nos dão todo o aparato legal para usufruirmos os deleites de uma boa audição. Devemos admitir que, como seres humanos falhos e susceptíveis às tendências do engano, acabamos por exercer a audição de maneira negligente, e, por essa razão, sofremos com as consequências. Por isso, é comum encontrarmos pessoas por aí dizendo: Fulano não me quis ouvir... por isso quebrou a cara!
Acredito existir apenas duas razões principais por que as pessoas se recusam a ouvir atentamente umas às outras: a primeira por causa do orgulho. Aquilo que é dito pelos outros quase nunca tem relevância para o ouvinte orgulhoso, pois julga que somente ele é que detém o “conhecimento” e que as demais pessoas nada sabem. A segunda por causa da ignorância. O desconhecimento de alguns assuntos muitas vezes impede que as pessoas destinem total interesse em ouvir aquilo que lhes é comunicado.
5.     Ouvir é Também Ministrar.
O Senhor nos dotou dessa excepcional capacidade para nos oferecermos a Ele como instrumentos da sua justiça (Rm. 6:19). Compete a nós exercê-la de tal modo que Deus venha a ser glorificado. Veja o que Dietrich Bonhoeffer, teólogo luterano do século passado, diz a esse respeito:
“O primeiro serviço que alguém deve ao outro na comunidade é ouvi-lo. Assim como o amor a Deus começa com o ouvir a sua Palavra, assim também o amor ao irmão começa com aprender a escutá-lo. É prova do amor de Deus para connosco, que não apenas nos dá a sua Palavra, mas também nos empresta o ouvido. Portanto é realizar a obra de Deus no irmão quando aprendemos a ouvi-lo. Cristãos, e especialmente os pregadores, sempre acham que têm algo a ‘oferecer’ quando se encontram na companhia de outras pessoas, como se isso fosse o seu único serviço. Esquecem-se que ouvir pode ser um serviço maior do que falar. Muitas pessoas procuram um ouvido atento, e não o encontram entre os cristãos, porque esses falam quando deveriam ouvir...” (Vida em Comunhão, 1938).
Bonhoffer traduz, com precisão, aquilo de que tanto necessitamos resgatar em nossas comunidades cristãs, que é o serviço da audição. Temo-nos detido em diversas atividades com vistas ao serviço ao próximo, entretanto pouco temos enfatizado sobre a real necessidade de se ouvir, sem reservas, os anseios e angústias do coração humano. Que a preciosa graça de nosso Senhor Jesus Cristo nos ajude a frutificar em toda boa obra. Ouvir é uma delas (Cl. 1:10).
6.     Uma Fina Camada de Prata Faz a Diferença
Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros (Fp 2:3-4).
A palavra de Paulo está alicerçada no modelo de Amor de Jesus. Os cristãos, em todos os tempos, têm como referencial a forma como Jesus amou e se doou às pessoas. Eles seguem o novo modelo de vida chamado Jesus.
O Senhor Jesus convida-o a olhar para além de Si mesmo e perceber que há outras pessoas neste mundo. É incrível: elas precisam do seu amor, cuidado e carinho. Quem se volta para si mesmo, pensa que é o único. Engana-se e é privado da razão de viver. O Amor de Jesus, porém, liberta-nos de nós mesmos e nos dispõem a repartir nosso pão.
7.     Em Meus Passos, o Que Faria Jesus?
Um vizir (título usado em alguns países muçulmanos para designar autoridades como ministros de Estado), conhecido por sua avareza, arrogância e orgulho, conversava com um sábio, buscando conselho e orientação. Vivia inquieto e angustiado, mas sem saber ao certo os motivos de sua preocupação. O sábio levou o ministro à janela e, mostrando-lhe a rua, perguntou: “o que o senhor está vendo?” Ele respondeu: “vejo muita gente andando, homens, mulheres, crianças”. Então o sábio colocou na janela, entre o vizir e a rua, um espelho. “E agora”, perguntou o conselheiro, “o que o senhor vê?” “ Vejo-me a mim mesmo!” “O que distingue o vidro da janela e do espelho é apenas uma fina camada de prata. A prata impede que o senhor veja os outros e faz com que se concentre em si mesmo”, argumentou o conselheiro.
Pergunte-se novamente: o que tem preocupado o seu coração? Ou: o que tem ocupado o seu coração no dia-a-dia? São seus planos e sonhos pessoais? Suas conquistas têm determinado o ritmo de sua vida?
O Senhor Jesus convida-o a olhar para além de Si mesmo e perceber que há outras pessoas neste mundo. É incrível: elas precisam do seu amor, cuidado e carinho. Quem se volta para si mesmo, pensa que é o único. Engana-se e é privado da razão de viver. O Amor de Jesus, porém, liberta-nos de nós mesmos e nos dispõem a repartir nosso pão. Deixe Jesus fazer a sua vida tornar-se diferente.
 
      8.     Exame de consciência
Tendo presente o que acabamos de ver, talvez nos ajude a meditar e a falar com Deus um exame de consciência sobre como vivemos os dois sentidos desse verbo servir.
Primeiro: por que são tantas as ocasiões em que dizemos: “Não sei fazer, não tenho jeito, não tenho condições”? É lógico que não saibamos fazer tudo nem sejamos aptos para todas as tarefas. Mas há muitas coisas que deveríamos saber fazer. Por exemplo, um pai e uma mãe deveriam saber educar os filhos e, se não sabem, é porque não se deram ao trabalho de aprender, de formar-se, de preparar-se (o que é, para eles, um dever grave). Outro exemplo: uma mãe de família, por mais que tenha que trabalhar fora de casa, deveria saber cuidar com primor de todas as coisas que tornam um lar agradável, aconchegante e bem cuidado. Que pena ver mães com os filhos desleixados, mães que não sabem nem proporcionar uma comida variada e gostosa, nem fritar um ovo, nem meter a roupa na máquina de lavar sem que saia desfiada e desbotada. Se a mãe não sabe, é porque não foi responsável: deveria ter-se preparado. A sua inaptidão e despreparo rouba alegrias que deveria dar à família.
Segundo: assim como é muito cômodo não saber fazer as coisas, também é muito cômodo saber fazê-las, mas “ficar na moita”, esconder-se, mascarar-se, omitir-se. Estamos no segundo sentido da palavra servir.
Será que já percebemos a enorme capacidade inativa de ajudar (portanto, de servir), que todos nós temos? Que acha se, para não ficarmos na teoria, pegássemos um papel e um lápis e fizéssemos uma lista – em várias colunas – com as nossas possibilidades? Por exemplo, as seguintes:
- Primeira coluna: Pequenos serviços que eu poderia prestar, se fosse generoso, às pessoas da minha casa (pensando em todas elas, uma por uma). Serviços materiais (ordem, tarefas, compras, limpeza, atendimento da porta, do telefone, etc.) que posso fazer. Ajuda no estudo dos filhos. Auxílios mais profundos, de orientação, de aconselhamento moral e espiritual, de formação nas virtudes, que poderia dar e não dou…
- Segunda coluna: Pequenos serviços que poderia prestar – além dos “grandes” serviços do próprio trabalho – no meu ambiente profissional. Modos possíveis de auxiliar, facilitar e tornar mais amável o trabalho a colegas e subordinados. Será que podem contar comigo, se estão atribulados? Sabem que estou disposto a ouvir, e por isso me confidenciam as suas dificuldades?
- Terceira coluna: E no clube, na equipe de futebol, na turma de pescadores, na bicicleta de montanha, na dos integrantes da banda, será que não poderia ser mais prestativo, ter mais iniciativas, ser um apoio maior, dar o couro quando é preciso preparar festas, churrascos e outros bons momentos?
- Quarta coluna: E com os necessitados, com os que sofrem? Que faço? Digo que não posso fazer nada, a não ser dar esmolas de vez em quando, uma contribuição para o orfanato e o dízimo na igreja? Digo que não sei falar, ensinar, dar aula e, por isso, não posso prestar serviços? Mas… posso visitar doentes. Posso fazer visitas a algum hospital ou asilo. Posso prestar algum serviço de voluntariado (uma vez por semana, uma vez por mês…) baseado nos meus conhecimentos profissionais (assessoria jurídica gratuita, assistência médica ou dentária, assistência técnica para a construção de casinhas populares, aulas de complementação, etc, etc).
Há, sem dúvida, outras colunas, que cada qual pode descobrir sozinho e preencher; mas sejam quantas forem, o que importa é tirar delas propósitos concretos de servir mais, muito mais, conscientes de que assim daremos as alegrias que devemos aos outros, e ao mesmo tempo, o nosso coração irá ficando mais cheio de alegria e mais próximo do coração de Cristo que não veio para ser servido, mas para servir, e do coração de Maria, quer só queria ser a serva do Senhor, pronta para fazer tudo quanto Ele lhe pedisse: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc. 1:38).