Vivemos em uma época em que
muitos têm almejado um avivamento; alguns se arrepiam imediatamente quando
ouvem falar do assunto; outros logo exclamam: “Isso é coisa de pentecostal!”
Tudo isso porque apesar do avivamento ser algo totalmente bíblico, há muita
confusão quanto ao seu significado. Há uma falta de discernimento quanto ao que
é e ao que não é avivamento. Muitos crentes devido à ignorância do assunto
confundem avivamento com euforia, mudança doutrinária baseada em sonhos ou
revelações extra bíblicas, campanhas evangelísticas ou, ainda, como uma nova
onda do momento, desprezando a Bíblia e a História da Igreja. Este trabalho
visa, à luz da Bíblia e da História da Igreja, clarear nossa mente sobre o que
é o genuíno avivamento, mostrar os perigos das distorções doutrinárias em nome
do avivamento e despertar a igreja para buscá-lo e preparar o caminho da sua
chegada. Não pretendemos aqui, trazer qualquer inovação sobre o assunto, mas
restaurar as verdades bíblicas e históricas que estão esquecidas. Que o
Espírito do Avivamento sopre em nosso coração a fagulha que está preste a
apagar!
O verbo hebraico hyh (avivar) tem
o significado primário de "preservar" ou "manter vivo".
Porém, "avivar" não significa somente preservar ou manter vivo, mas
também purificar, corrigir e livrar do mal. Esta é uma consequência natural em
toda a vez que Deus aviva. Na história de cada avivamento, dentro ou fora da
Bíblia, lemos que Deus purifica, livra do mal e do pecado, tira a escória e as
coisas que estavam impedindo o progresso da causa.
Neste sentido, o avivamento é
sempre indicado como uma obra ativa e intensiva de Deus. Alguns exemplos de sua
ocorrência são as clássicas orações de Davi, como esta: "Porventura, não
tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?" (Sl.
85:6), e da clássica oração do profeta Habacuque: "Tenho ouvido, ó Senhor,
as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor, no
decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, fá-la conhecida; na tua ira,
lembra-te da misericórdia" (Hc. 3:2).
Encontramos no Novo Testamento
grego um conjunto de palavras que expressam o conceito básico de avivamento.
São elas: egeíro, anastáso, anázoe e anakaínoo. Outras palavras gregas comparam
o avivamento ao reacender de uma chama que se apaga aos poucos (cf. anazopyréo
em 2 Tm. 1:6) ou uma planta que lança novos brotos e "floresce novamente"
(cf. anaphállo em Fp. 4:10).
Ora, avivamento não é uma ação da
igreja. Jamais pode o homem, por mais piedoso, santo e dedicado à obra do
Senhor, produzir vida nos que dormem, porque o único Autor do avivamento é
Deus. É Ele, e, Ele somente que soberanamente e por sua livre graça derrama do
seu Espírito Santo sobre o seu povo! Avivamento é uma obra soberana e livre do
Espírito Santo. A igreja não promove e nem faz avivamento. A igreja não é
agente de avivamento. A igreja não agenda e nem programa avivamento. Todavia,
isso não anula a responsabilidade da Igreja. O avivamento jamais virá, se a
Igreja não buscar e preparar o caminho para a sua chegada. Isso não é difícil
de nós entendermos, é só lermos a Bíblia e a História da Igreja, e veremos que
só houve avivamento quando o povo se humilhou, orou, se santificou e se
converteu da impiedade para a piedade. Preparando, assim, o canal das águas do
Espírito. A igreja não produz o vento do Espírito, ela só pode içar suas velas
em direção a esse vento.
O avivamento jamais virá se a
igreja não preparar o caminho do Senhor. O avivamento jamais acontecerá se a
igreja não se humilhar. Sem a oração da igreja, as chuvas torrenciais de Deus
não descerão. Sem busca não há encontro. Sem obediência a Deus, jamais haverá
derramamento do Espírito. O avivamento precisa estar embasado nas Escrituras e
não por sonhos e visões. Avivamento não é mudança litúrgica apenas. Muitos
crentes confundem avivamento com forma de culto, com liturgia animada, com
coreografia e instrumental. Contudo, quem determina o quando e o como do
avivamento é Deus. Ele é soberano.
David Brainerd orou vários anos
pelo avivamento entre os índios “peles vermelhas” no século XVIII. Aquele
jovem, ajoelhado na neve, suava de molhar a camisa, em agonia de alma, em oração
fervente, em favor daqueles pobres índios. Quando o seu coração parecia
desalentado e já não havia prenúncios de chuva da parte de Deus, o Espírito foi
poderosamente derramado e os corações se dobraram a Cristo aos milhares.
Este grande avivalista escreveu
em seu diário: “Meus desejos parecem ser especialmente no sentido de me alongar
do mundo, e de morrer inteiramente para ele, e de ser crucificado para as suas
atrações [...] Oh! Quanto desejo a santidade! Quanto quero mais de Deus em
minha alma! Oh! Esta dor agradável! Ela faz com que minha alma anseie ainda
mais por Deus”.
Portando, creio que o avivamento,
sendo o movimento dado por Deus, como “Dom”, somente acontece com um preparo
espiritual do corpo da Igreja. Faz-se necessário que todos estejam em uma só
corrente e ligação. Desta forma, haverá, com certeza o movimento desejado por
Deus.
Quem não quiser pagar o preço do
preparo do caminho do Senhor para o avivamento espiritual não deveria orar por
ele.
Não! Não é heresia! A verdade é que há muitos
cristãos que estão, literalmente, tentando o Senhor com suas orações, jejuns e
vigílias com vistas ao avivamento espiritual, tanto pessoal como de seus grupos
ou igrejas. Avivamento espiritual não é modismo, nem deve ser visto como tal.
Só por desconhecimento, é que os crentes se posicionam contra o avivamento
porque consideram-no a mais nova onda da igreja, uma coqueluche moderna e uma
inovação sem nenhum respaldo bíblico e histórico.
1.
O que é avivamento espiritual?
Estritamente falando, avivamento
é algo que acontece unicamente no meio do povo de Deus. O Espírito Santo
renova, reaviva e desperta a igreja sonolenta. É revitalização onde já existe
vida. Ou, como disse Robert Coleman, é "o retorno de algo à sua verdadeira
natureza e propósito".
É uma experiência na vida da
Igreja quando o Espírito Santo realiza uma obra incomum. Ele a realiza,
primeiramente, entre os membros da Igreja: é um reviver dos crentes. Não se
pode reviver algo que nunca teve vida; assim, por definição, o avivamento é
primeiramente uma vivificação, um revigoramento, um despertamento de membros de
igreja que se acham letárgicos, dormentes, quase moribundos. Uma vez que o
nosso Deus não é qualquer Deus, nem a Sua vida qualquer vida, também o Seu
avivamento não vem de qualquer jeito. O avivamento espiritual é a vida plena de
Cristo fluindo na Igreja, através de discípulos comprometidos com a
santidade.
Quando há esse impacto da obra do
Espírito de Deus na vida da igreja, os resultados imediatos do avivamento são
sentidos no povo de Deus: senso inequívoco da presença de Deus; oração
fervorosa e louvor sincero; convicção de pecado na vida das pessoas; desejo
profundo de santidade de vida e aumento percetível no desejo de pregação do
evangelho. Em outras palavras, a igreja amortecida e tristemente doente é a
primeira a ser beneficiada pelo avivamento.
Temos discernido que quem ora por
avivamento na Igreja, mas não busca uma vida pessoal de arrependimento,
separação para Deus, compromisso com Jesus, repúdio e ódio pelo pecado,
sujeição à liderança, não está autorizado a pedir o avivamento divino,
simplesmente porque avivamento da Igreja é avivamento do discípulo.
É tentar ao Senhor pedir que Sua
vida flua na Igreja, se não estivermos dispostos a largar os pecados que
sistematicamente praticamos, santificando nossa vida pessoal, conjugal,
familiar, ministerial, financeira... Avivamento traz alegria no Espírito, mas
alegria que vem depois de muito choro, contrição, quebrantamento; é a vida de
Cristo que flui depois da morte do eu e da carne. O avivamento está prestes a
vir, quando a Igreja chora e geme, confessando e repudiando o pecado. O
avivamento só fluirá na Igreja, quando Cristo puder fluir do nosso coração!
O avivamento é resultado de um conjunto de operações
que envolvem ações divinas, a vontade de Deus e ações humanas, a busca do homem
por Deus.
2.
Como preparar o caminho para o avivamento espiritual?
O Senhor Jesus disse que a igreja
deve estar no mundo, porém ela não é do mundo (cf. Jo.17:14-16). O navio foi feito
para andar nas águas, mas se as águas entram no navio há um naufrágio e tudo
está perdido. A igreja foi feita para estar no mundo, mas se o mundo entrar na
igreja tudo está perdido. Se quisermos um avivamento, precisamos de uma Igreja
santa, em um mundo profano. A santidade é o caminho da intimidade com Deus e da
plenitude do seu Espírito; por isso é o caminho do avivamento. João Batista
exprimiu esta ideia em Lucas 3:4-6, quando nos desafia dizendo: “preparai o
Caminho do Senhor”. Devemos ser um meio de acesso a Cristo, através do qual ele
possa revelar-se. Temos que ser a ponte de passagem para Cristo, e não o abismo
que impede as pessoas de vê-lo. O que significa “preparar o caminho do
Senhor?”. Aqui temos de forma implícita o roteiro e o preço do avivamento. Se
quisermos que Deus se manifeste, precisamos endireitar o caminho. Endireitar
significa “retirar os obstáculos”. Se quisermos avivamento, é preciso retirar
as pedras e tocos que há no caminho. O arado de Deus não passará sobre nosso
lote, plantando as sementes do avivamento, sem que o terreno esteja plano.
Enquanto o caminho estiver tortuoso e não for endireitado, não haverá como a
esperança do Senhor se manifestar.
Uma vez que a Bíblia é a nossa
única regra de fé e prática, é ela e somente ela que nos pode dar a direção
certa deste assunto. A relação entre a Bíblia e o avivamento é tão intrínseca
que é impossível um avivamento de verdade sem que a Bíblia faça parte dele.
É importante salientar que Bíblia
foi, é e sempre será a espada do Espírito Santo em todo o avivamento bíblico.
Não existe verdadeira espiritualidade sem a Bíblia. Observando os avivamentos
ocorridos na Bíblia e na história da igreja, notamos que os objetos do Espírito
eram sempre persuadidos com e para a Bíblia. Avivamento onde a Bíblia não está
presente não passa de um mero pentecostalismo convencional.
Cometem ledo engano aqueles que
querem descartar a teologia e desprezar a doutrina na busca do avivamento.
Desprezar a doutrina é dinamitar os alicerces da vida cristã. Desprezar a
doutrina é querer levantar um edifício sem lançar o fundamento. Desprezar a
doutrina é querer por um corpo de pé e em movimento sem a estrutura óssea.
Não há vida piedosa sem doutrina.
A doutrina é à base da ética. A teologia é mãe da ética. “Assim como o homem
crê no seu coração, assim ele é” (Pv. 23:7).
Vida sem doutrina gera misticismo
e experimentalismo subjetivista. Avivamento sem doutrina é fogo de palha, é
movimento emocionalista, é experimentalismo personalista e antropocêntrico.
Deus tem compromisso com a verdade e a sua Palavra é a verdade e todo o
avivamento precisa estar fundamentado na Palavra. O avivamento precisa estar
norteado pelas Escrituras e não por sonhos e visões. Precisa estar dentro das
balizas da Bíblia e não dentro dos muros de revelações subjetivistas, muitas
vezes feitas na carne.
Deste modo, somos desafiados a
preparar-nos e preparar o caminho para o avivamento; dando prioridade à Palavra
de Deus; buscando a Deus em oração; humilhando-nos como fez o povo em Ninive;
arrependendo-nos dos nossos maus caminhos, para que a nossa autoridade
espiritual seja restaurada.
Preparar o caminho quando
reconhecemos que temos estado afastados de Deus (não o temos amado como Ele
merece):
Saindo das quatro paredes, para
um evangelismo amplo e irrestrito, antes da volta gloriosa de Jesus
(Mat.24:14).
Trazendo arrependimento e
confissão de pecados, motivando os crentes a temerem a Deus e a evitarem a
iniquidade, causa maior da falta de curas e milagres no meio do povo de Deus
(Tg. 4:9; 5:16).
Trazendo de volta os crentes ao
primeiro amor e à prática das primeiras obras, negligenciadas e deixadas de
lado. (Ap. 2:4-5).
Devolvendo aos obreiros do
Senhor, a santa ousadia no falar, apontando e nomeando os pecados, sem rodeios
e precauções de perder membros, amigos ou outra coisa qualquer (At. 4:29,
13:10, 11 e Mt. 3:7-10).
Trazendo de volta os dons
espirituais e a divina sabedoria para usá-los corretamente, segundo a sábia
revelação e orientação do Espírito de Deus, acompanhados pelos poderosos sinais
de Deus (2 Cor. 12:31, Rm. 12:6-8).
Entendendo que o propósito de
Deus para estes tempos é o avivamento para aqueles que o buscarem (Jr. 29:13).
A nossa parte no que diz respeito à busca precisa ser moldada. Precisamos:
estudar a Palavra de Deus; orar e nos arrependermos dos pecados; buscar a Deus
de todo o nosso coração; conhecer a Deus; temer a Deus; clamar pela sua
misericórdia.
A última coisa de que nos devemos
lembrar é que Deus quer outorgar-nos novos e maravilhosos avivamentos. Ele não
quer fabricar ou padronizar avivamentos. Ele não quer repetir avivamentos. Ele
quer avivar! Não vamos copiar um avivamento qualquer, vamos dar liberdade ao
Espírito para que Ele produza um avivamento único para a igreja aqui, em
Portugal.
Só quando estivermos dispostos a
cumprir em nossa vida pessoal o que está em Lucas 3:3-6, poderemos ver o fluir
da plena vida de Cristo em nós. Segundo o relato bíblico é preciso fazermos
quatro coisas:
a) Aterrar os vales da vida humana.
Os vales – representam os
momentos de dissabor e aflição que sobrevêm aos habitantes da terra. Vale é uma
cova, fossa, depressão geográfica, fundo do poço.
Quando estamos no vale, parece
que não há mais esperança e que o destino é ficarmos no vale para sempre. Ora, isso não é verdade, porque Deus pela sua
misericórdia vai levar-nos para fora dele.
Ele vai ajudar-nos a atravessá-lo, porque todo o vale da vida humana
deve ser elevado.
Deus nivela os vales e aplaina os
montes indo adiante do homem que o teme e o busca de todo coração. São muitas
as provações, são muitas as tribulações, mas Deus de todas o livra. Assim como
Ele disse pelo profeta Isaias que iria adiante do povo quebrando as portas de
bronze e as trancas de ferro, dando tesouros ocultos e riquezas escondidas,
também Ele vai adiante do homem que tiver como propósito servi-lo.
Se tais vales - que representam
os fossos da vida humana, que podem ser traduzidos pela depressão, angústia,
medo, temores, culpas, opressão, insegurança, ansiedade e que são lugares onde
se acumula todo tipo de lixo; os detritos da vida que são jogados ali ou para
lá são levados pelas correntezas maléficas da história humana - não forem
cheios e nivelados com a vida de Deus, continuarão a receber lixo e a podridão
e a morte proliferarão. Precisamos encher esses vales com a Palavra de Deus
trazida pelas águas do Espírito Santo, isto é: preencher tais “buracos” da vida
com os decretos e as promessas da Palavra de Deus.
b) Nivelar os montes da vida humana.
Monte é elevação, obstáculo.
Montes, colinas e vales, não só caracterizam a paisagem de Israel, mas
tornaram-se características de destaque na narrativa bíblica, se usado
literalmente ou em uma figura literária.
Representa um lugar santo, uma
casa onde a presença de Cristo é manifesta. É um lugar onde o povo de Deus tem
comunhão e ceia com Ele, adorando-O em espírito e em verdade. Esse monte da
presença de Deus é um conceito importante para o Seu povo. Daí que cada monte
da vida humana tem que ser nivelado.
Há um monte espiritual elevado e
santo. E é encontrado unicamente em seu lugar secreto de oração. Não importa se
a sua igreja é grande ou pequena. A única coisa importante aos olhos de Deus é
a manifesta realidade de Seu Filho. A presença de Cristo tem de ser plenamente
aparente aos olhos, ao coração, a todos os sentidos.
"O Senhor é um Deus dos
montes e não um deus dos vales" (1 Rs. 20:28).
Todo o lar cristão deveria ser um
lugar elevado, um monte de separação do mundo e da carne, um salão santo de
banquetes com o Senhor. o lugar elevado representa um lugar santo, uma casa
onde a presença de Cristo é manifesta. É um lugar onde o povo de Deus tem
comunhão e ceia com Ele, adorando-O em espírito e em verdade. Esse monte da
presença de Deus é um conceito importante para o Seu povo. Por quê? Porque tudo
que o Senhor está fazendo nesses últimos dias está intimamente ligado à Sua
presença. Porém isso não acontece em muitos lares cristãos porque eles se
contaminaram com a imundície.
“Eis a voz do que clama: Preparai
no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso
Deus. Todo o vale será levantado, e será abatido todo o monte e todo o outeiro;
e o terreno acidentado será nivelado, e o que é escabroso, aplanado. A glória
do Senhor se revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor
o disse” (Is. 40:3-5).
Quando Deus fende os céus e
desse, com grande poder, os montes tremem na Sua presença (cf. Is. 64:1).
Quando o fogo inflama os gravetos, quando faz ferver as águas, para fazer
conhecido seu nome as nações tremem (cf. Is. 64:2). Quando as chuvas
torrenciais do Espírito regam as sementes do avivamento plantadas pela igreja,
produz frutos em abundância.
Os maiores índices de crescimento
da igreja deram-se nos tempos de visitação de Deus; os frutos mais duradouros
são aqueles colhidos nos tempos de avivamento; toda a vez que o Espírito é
derramado há um crescimento qualitativo e Deus dá o crescimento quantitativo.
Quando o Espírito Santo põe fogo na igreja, a seara fica em chamas. No
avivamento, Deus acrescenta, dia a dia, os que vão sendo salvos (Cf. At. 2:47).
Este crescimento extraordinário é visto na igreja apostólica e delineado no
livro de Atos.
O monte da vida humana representa
a regência do ego: vaidade, ódio (falta de perdão), mágoa, complexos, orgulho,
rebeldia. Quando o ego está no comando de alguma área, o Senhor Jesus não
consegue governar plenamente aquela pessoa. Quem deve governar o cristão é o
Senhor Jesus e não a sua alma (mente, vontade, emoções). Para um avivamento
genuíno é preciso nos quebrantarmos, passando o arado da Palavra de Deus em
cada monte de nossas vidas e, no poder do Espírito Santo, arrancar cada pedra
(pecado) e raiz (distúrbio emocional) que aparecer.
À luz de tudo o que os vales
bíblicos têm para nos ensinar, podemos optar por viver no vale fértil e
produtivo da vitória e garantir a esperança em vez de vaguear num deserto de
dúvidas ou incertezas.
c) Retificar os caminhos tortuosos.
Caminho tortuoso é sinuoso,
torto, oposto à Verdade e ao Juízo, próprio de Satanás. Podemos dizer que
representa a vida dupla de muitos crentes, que ora estão na Verdade, ora na
mentira, regidos, em geral, por espírito de religiosidade. É o caminho do
descompromisso, do engano, traçado pelos princípios da mentira. Para
retificá-lo é preciso uma vida transparente, santa, íntegra, sem mentira,
baseada nos princípios imutáveis da Palavra de Deus.
O grande obstáculo de avivamento
é o pecado. Nada nos separa de Deus, senão o pecado. Por isso, a igreja jamais
será avivada, se primeiro não for santificada. Deus não derrama das torrentes
do seu Espírito em vasos que não estejam limpos e puros. Ao lermos a História
Bíblica, vemos que Deus só refez a aliança com seu povo, quando esse se
divorciou do pecado. A principal mensagem não é outra senão “santificai-vos
porque amanhã Deus fará maravilhas entre vós!” (cf. Js. 7:10-15). A santidade é
o caminho da comunhão com Deus; por isso é o caminho do avivamento. O Espírito
Santo sempre é derramado sobre homens santos. No tempo de Ezequias, só houve tempos
de “grandes alegrias em Jerusalém”, quando toda a congregação de Israel se
santificou e consagrou sua vida inteiramente ao Senhor (cf. 2 Cr. 30:13-26). A
chuva torrencial do Espírito só foi derramada sobre o povo de Israel, no tempo
de Esdras e Neemias, quando este se divorciou do pecado, e em santidade de vida
restabeleceu sua aliança com o Senhor. Em Joel 2:28a, o profeta diz: “E, depois
disso derramarei do meu Espírito sobre todos os povos”. O derramamento do
Espírito não vem antes, mas depois. Entretanto, depois do quê? Os versículos
anteriores nos respondem a esta pergunta, quando o profeta diz: “Rasgai o vosso
coração, e não as vossa vestes e convertei-vos ao Senhor nosso Deus [...] tocai
a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembleia solene.
Congregai o povo, santificai a congregação...” (cf. Jl. 2:13-16). O
derramamento do Espírito Santo não acontece antes; mas depois; só depois que
seu povo se arrepende do pecado e com vestes santas volta-se para o Senhor. Só
depois que a igreja seguir rumo à santificação, receberá de Deus a unção. Orar
por avivamento sem querer ter vida santa é ofender a santidade de Deus.
Muitos estão com tortuosidades no
casamento, família, grupos, discipulado, finanças, com alto nível de
descompromisso e engano. Se o caminho não for retificado pelos princípios da
Palavra de Deus, a vida de Cristo não poderá fluir na plenitude através daquela
pessoa.
Deus chama os homens para
testemunharem a todos os povos. Deus havia dito a Israel que a nação seria Sua testemunha
para outras nações e povos, até os confins da terra, hoje Deus tem chamado a
Igreja para ser testemunha para os povos e nações da terra, falando dos Seus
grandes feitos.
Às vezes, quando passamos por
experiências muito difíceis é porque Deus está tentando nos mostrar que Ele tem
todo o direito de reinar sobre esse mundo e sobre nossas vidas. Quando enfrenta
uma situação dessas quanto tempo demora até que você clame: “Senhor, meu Deus! Toma
o controle. O Senhor é soberano e tem autoridade absoluta sobre a minha vida”!
d) Aplanar os caminhos escabrosos.
Escabroso é pedregoso, irregular,
indecoroso, fora do lugar, perigoso. Caminho escabroso representa os
comportamentos e relacionamentos fora dos padrões do Reino de Deus,
irregulares, perigosos. É a vida pessoal fora dos padrões (infidelidade,
adultério, prostituição, perversões sexuais, mundanismo, rebelião, defraudação,
autojustificação e etc.). Há muitos caminhos escabrosos no casamento e na
família, o que pode explicar o facto de muitas casas colherem mais maldição do
que bênção, vida abundante do Senhor.
Aqui estão as doutrinas perigosas
do humanismo e da alta permissividade, que tentam a Deus e manipulam a Graça
divina. É a vida do “pode tudo”, do “não tem nada a ver”, do “não é bem assim”.
É o evangelho das permissividades e facilidades, que gera pessoas
despreocupadas com o facto de serem tropeço para si e para os outros. É preciso
sair dessa zona de perigo e descaracterização cristã, porque avivamento não
abre mão do caráter cristão!
Sem a disposição de experimentar
uma mudança de vida radical, na direção de Jesus Cristo, não se deve orar por
avivamento, e sim por arrependimento, quebrantamento e isso com choro e
lágrimas. Não limite suas ações às vigílias de oração pelo avivamento da Igreja,
esperando que só os outros mudem. Ore sempre pelo avivamento, mas nunca se
esqueça de colocar sua vida sobre o fundamento da santidade pessoal, tendo uma
vida de compromisso inegociável de crescer na Palavra e no Espírito, moldando
seu caráter ao caráter de Cristo. Então, quando já estiver bem integrado nessa
prática, verá, com alegria, que o avivamento chegou em si! Pois as
características de Cristo serão facilmente vividas por si e percebidas por sua
família, discípulos e vizinhos!
Se anseia por “dias de céus sobre
a terra”, precisa preparar o caminho, precisa arrancar os tocos dos pecados e
as pedras da iniquidade para que o arado de Deus are a terra e plante a semente
do avivamento, que regada pela chuva do Espírito dará fruto em abundância. Precisamos
clamar a Deus para que Ele intervenha em nossas igrejas, transformando nossas
vidas e caráter, nossas famílias e negócios, nossa grande piedade em uma
profunda piedade, nossa vida de falsidade, em uma vida de santidade.
Lembre-se que você é alguém que
Deus quer usar para trazer o avivamento (santidade, amor e compaixão) para a
sua geração (casamento, família, discipulado, cidade e etc.). Por isso,
decida-se por uma mudança radical, derrame sua vida aos pés do Senhor e
comprometa-se em buscar uma vida santa, para a glória dEle.