(1 Samuel 22.1-2)
Introdução
Davi havia vivido um momento de
glória, pois tinha sido ungido como rei escolhido por Deus, pelo profeta Samuel,
sem o conhecimento de Saul. Ele estava de bem com o povo, e por estar de bem
com povo, por ter caído nas graças do povo, por ter sua unção reconhecida e
valorizada pelo povo, por todos adquirindo fama e confiança, principalmente,
após derrotar o gigante Golias, levou as mulheres, em Israel, a cantarem, sem
segredos: “Saul feriu os seus milhares,
porém Davi os seus dez milhares” (I Sm. 18:7), o que despertou ciúmes,
inveja e ódio em Saul, o rei escolhido pelo povo e que oficialmente reinava em
Israel, mas que por desobedecer a Deus e lutar contra a Sua vontade (um sintoma
evidente de um líder fracassado), estava em declínio, tendo começado a perseguir
Davi, em ascensão, para o matar, pois sabia que ele seria o próximo rei de
Israel.
Davi, o matador de gigantes, que
na verdade era um líder naturalmente abençoado por Deus mas que só podia fugir
de Saul, pois não o poderia matar por respeito ao ungido do Senhor, começa por
se sentir, por causa das circunstâncias à sua volta, amedrontado e oprimido. Israel
tinha um rei que perdera a unção e um líder que não podia reinar ainda. Nesse
contexto Davi foge de Saul e se esconde na Caverna de Adulão, lugar bastante
conhecido em Judá, a cerca de dezasseis quilómetros de Gate e vinte e quatro
quilómetros de Belém, sua cidade natal.
Na verdade aquilo que era chamado
de caverna de Adulão era um complexo de cavernas que ficava no vale de Elá.
Segundo os arqueólogos e exploradores, existem partes desse complexo de
cavernas que ainda não foram exploradas, e certamente caberia ali todo aquele
exército que se ajuntou a Davi. Esse momento de fuga foi muito mais que a busca
de um esconderijo, foi um momento especial e inesquecível na vida de Davi.
Foi nesse lugar que Davi ansiou
por um pouco de água do poço em Belém e três de seus valentes passaram pelas
linhas inimigas a fim de busca-la para seu líder (2 Sm. 23:13-17). Sabendo que
aquela água havia custado muito aos três homens, que arriscaram a vida a fim de
busca-la, Davi derramou-a como libação ao Senhor. Os grandes líderes não se
esquecem do valor de seus seguidores nem tratam com descaso os sacrifícios que
fazem além de seu dever.
Mas de repente ele ouve vozes e
passos em direção à caverna. Eram os seus familiares que estavam preocupados
com Davi. A sua família toda juntou-se a ele na caverna, o que significa que
seus irmãos desertaram do exército de Saul e tornaram-se fugitivos como Davi. Eles
ficaram felizes em saber que ele estava “bem” e começaram a abraçá-lo. Sabiam
que Davi era o rei ungido de Deus, de modo que se ligaram ao futuro de sua
nação.
Muitos outros, homens ameaçados
de morte, homens que foram perseguidos, homens que um dia caíram no descrédito
de muitas pessoas, homens amargurados por causa de dívidas, homens completamente
alienadas da sociedade por problemas de caráter, homens que se encontravam em
apertos e com problemas “psíquicos” (quem sabe!), homens descontentes com a
forma de Saul governar Israel (ver 1 Sm. 14:29), que se sentindo ameaçados
foram tomados de pavor, viram em Davi a única esperança de um reino
bem-sucedido. No final Davi ficou com quatrocentos excelentes guerreiros,
numero que posteriormente subiu para seiscentos. Alguns de seus valentes e seus
líderes são relacionados em 2 Samuel 23:8-39 e em 1 Crónicas 11:10-41. Saul
possuía um exército de três mil homens escolhidos (1 Sm. 26:2). A unção que
estava sobre Davi falou mais alto do que a voz das circunstâncias à sua volta e
diz o texto que “ele se fez chefe
deles”.
Os verdadeiros líderes atraem as
melhores pessoas, que veem neles as qualidades de carácter que mais admiram. As
pessoas que cercaram Davi teriam passado despercebidas pela história se não se tivessem
unido a ele, assim como os discípulos de Jesus teriam morrido no anonimato se não
tivessem andado com Cristo. Deus não costuma chamar grandes e poderosos para
serem seus servos, mas sim aqueles cujo coração está recetivo e se mostram
ansiosos para obedecer à sua vontade (1 Co. 1:26-31).
Devemos observar que aqui, há uma
correlação entre esta situação e o senhor Jesus e é algo que não devemos perder
de vista. O senhor Jesus está chamando hoje um povo para levar o Seu nome, eles
são os valentes de Deus.
Vivemos dias em que o Senhor
Jesus é rejeitado, até o Seu próprio povo disse: “Eu não quero que este homem reine sobre nós”. Ele não tomou ainda
sua posição no trono como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, Davi também foi
um homem rejeitado, embora tenha sido ungido para ser rei em Israel quando Saul
ainda reinava. Deus está chamando os seus valentes para servi-lo e fazerem a
diferença, mas não se esqueça que é necessário sair da caverna, não importa
quem seja você ou o que tenha feito no passado ou como está sua vida hoje.
Quem é que poderia crer ou
imaginar que naquela caverna se encontrava o homem que havia sido escolhido
para reinar sobre Israel, em quem um dia muitos encontrariam ajuda? Mesmo que
Davi tenha começado de maneira tão humilde, esse era o caminho de Deus para
ele, pois ele era o ungido do Senhor, o novo Rei de Israel. E apesar de não ter
sido reconhecido como soberano quando se encontrava nessa situação, ele não
deixou de sê-lo.
Veja como Jesus foi desprezado,
cuspido, torturado e escarnecido quando se encontrava pendurado na cruz! Mas
mesmo assim, o Rei nunca perde sua majestade, ele continuava sendo o homem da
salvação, o verdadeiro Rei e o único refúgio para a humanidade perdida. Pedro
testemunhou o seguinte aos fariseus incrédulos: “E não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”
(At 4:12). Jesus é o verdadeiro Filho de Davi. E Ele é o verdadeiro soberano e
Senhor do Céu e da terra e rei dos Reis, mesmo que na cruz não tenha sido
reconhecido.
Onde Estão os Lideres que
Deus Quer Usar?
Deus está à procura de homens e
mulheres que estejam dispostos a sair da caverna. A história mostra que o rei
Davi cercou-se de homens valentes, no começo, ninguém dava nada por eles,
porém, eles eram leais, arriscaram suas vidas pelo rei, tinham convicções e
tornaram-se soldados de seu exército. Hoje em dia, Deus está procurando por
homens e mulheres valentes que Ele quer usar para fazer parte do Seu poderoso
Exército, essencial para o crescimento do Seu reino.
A importância da disponibilidade
e da disposição de se trabalhar para Deus pode ser mais claramente vista nas
exigências que Jesus colocou sobre um homem que ele chamara para segui-lo. “Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas
Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lc.
9.59-60). Para outro candidato que se oferecera seguir Jesus depois de
despedir-se de sua família, Jesus disse: “Ninguém
que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”
(vs. 61-62). Grandes recompensas estão reservadas para aqueles que deixam
casas, famílias e campos para trabalhar para Deus (Mc. 10:29-30). Esse é o tipo
de desprendimento que bons líderes necessitam. Quando olhamos o sucesso
extraordinário que Jesus atingiu através de homens que ele escolhera, vemos a
verdade nesta definição: “Um líder é uma pessoa comum com uma determinação
extraordinária”.
É no meio das dificuldades que os
valentes aparecem, eles dependem única e exclusivamente de Deus, e com certeza
que eles não lutam com a força do seu braço, mas sim com a força que Ele dá.
É necessário colocar nossos olhos
naquele que tudo pode, e, vencer será possível se deixarmos o nosso Deus ir
diante de nós como poderoso gigante. Assumir a tarefa de conquistar com Sua
ajuda e com o Seu poder às metas que estabelecemos, é estar preparado para tudo.
Saiba que na batalha surgem imprevistos, mas também grandes vitórias.
Deus levanta lideranças nos
lugares mais esquisitos. Onde ninguém imagina que possa se levantar uma
liderança, ali Deus manifesta seu poder e levanta alguém para fazer uma
diferença tremenda.
Não são os lugares e nem as
circunstâncias que vão impedir Deus de levantar líderes. Não importam as
adversidades. Deus olha para os seus ungidos e espera que eles se manifestem no
tempo oportuno, expressando tudo aquilo que o Senhor os chamou para realizar.
Não importa o tipo de caverna em que você se meteu, Deus pode arrancá-lo de lá
e levá-lo a cumprir todo o Seu propósito em relação a você!
Deus quer usar a todos os
que nEle creem! Sobre cada santo de Deus há uma unção para atrair o poder do
Senhor e arrancar das cavernas da vida todo aquele que está precisando ver a
glória do Todo-Poderoso, inclusive os ungidos de Deus. O Senhor Jesus disse que
coisas maiores que Ele fez nós faríamos. Aleluia!
Estamos debaixo de uma tremenda
unção de conquista e liderança, capaz de levantar líderes valentes e ousados,
mesmo nas cavernas mais escuras da vida. O Senhor nos plantou na Terra para
exercermos influência do Reino de Deus sobre a vida das pessoas à nossa volta.
Ele quer usar sua vida para arrancar das cavernas os que estão em aperto, os
amargurados e os endividados, tanto material como espiritualmente. Creia que há
muita gente esperando que você se levante para dar-lhe direção, para
mostrar-lhe o caminho a seguir, arrancando-o das cavernas nas quais está se
refugiando. Você é essa pessoa especial que Deus quer usar na Terra, para a glória
do Seu nome.
Faça como aqueles homens,
saia da caverna, ficar lá dentro chorando, reclamando e procurando desculpas
não vai ajudar em nada. Aqueles homens fizeram uma aliança com Davi, um ungido
de Deus, e eles passaram de perseguidos a conquistadores. Hoje mesmo, aí onde
você está, pode sair da caverna e fazer uma aliança não com um ungido de Deus,
mas sim, com o próprio Deus, e com segurança, vai ver como será sua vida a
partir de hoje.
Um líder é líder em todo o lugar
e em qualquer situação. Líder sempre atrai multidões. Davi era um líder nato,
mesmo fugindo de Saul ele liderou e cuidou de homens que precisavam de ajuda.
Foi nesse lugar que Deus forjou um grande líder e um grande exército. Em Jesus
encontramos esse refúgio quando estamos em aperto, porque quando achamos que
chegamos no fundo do poço Ele nos tira de lá. Quando achamos que estamos
endividados, Jesus já rasgou nosso escrito de dívida na cruz. E quando achamos
que estamos amargurados de espírito devemos lembrar que o Espírito de Deus ungiu
Jesus para derramar óleo de alegria sobre nossas vidas (Is. 60).
“Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é
suave, e o meu fardo é leve” (Mt. 11:28-29).
1. Os Benefícios da Caverna de Adulão como
Lugar de Refúgio e Segurança.
Deus que havia desistido de Saul
devido à sua idiotice instruiu o profeta Samuel para ir a casa da família de
Jessé, onde seria escolhido a dedo aquele que haveria de ser o herdeiro do
trono do rei Saul sobre Israel. Esta escolha recaiu sobre Davi que era o menor
da ninhada e em que nem mesmo seu pai o considerava um candidato ao trono, pois
ele não conseguia ver o potencial do filho, mas Deus não.
Contudo, após se sentir
praticamente rei de Israel, depois de triunfar sobre Golias, depois de ter a
confirmação pela unção do profeta, Davi conheceu os porões do submundo. O ponto
mais baixo da sua vida foi quando ele precisou de fugir da fúria de Saul,
refugiando em Gate, e de lá, com medo de ser morto pelo rei desta cidade,
afinal Davi matara o seu maior guerreiro, foi se esconder na caverna de Adulão.
Davi fugiu para essa caverna como último recurso, onde ficou sozinho e
totalmente perturbado.
Tais são os caminhos de Deus. Os
caminhos pelos quais conhecemos a injustiça, vivemos a crise, passamos por
isolamentos e as dúvidas crescem exponencialmente. Deus Se deleita em deixar
que nos envolvamos em situações impossíveis, para que, quando Ele nos salve,
fique bem claro que foi Ele que o fez.
Davi escreveu o salmo 142 para
definir exatamente o que sentia nesse momento de sua vida. Derramo perante ele
a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação. Quando dentro de mim
me esmorece o espírito, conheces a minha vereda. No caminho em que ando, me
ocultam armadilha. Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça,
nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse. Davi, em seus salmos,
faz um retrato desolador de sua condição, e então prossegue descrevendo a
maneira como Deus o resgata.
A libertação de Deus é mais do
que temporal, mais do que apenas física; ela inclui a libertação da condenação
eterna (Sl. 34:21-22; 56:13). É interessante que no Novo Testamento a palavra
que muitas vezes é traduzida por salvo é usada com sentido muito mais amplo do
que apenas salvação espiritual. É usada como cura física e outros atos de
livramento. Em nosso texto, Deus salva a vida de Davi, mas, em seus salmos, ele
informa aos leitores que esta salvação temporal é um protótipo da salvação
eterna que Deus também realiza. O Deus que nos salva de nossas aflições e de
nossos inimigos, é o mesmo Deus que nos salva de Sua ira eterna.
Vamos todos entrar na Caverna de
Adulão em algum momento da nossa vida. A dúvida pode ser a tal caverna. A
perseguição pode ser a tal caverna. A doença pode ser a tal caverna. Luto pode
ser a tal caverna. Conflitos nos relacionamentos podem ser a tal caverna. No
entanto, não há nenhuma caverna escura o suficiente para nos escondermos de
Deus. Charles Swindoll descreve o papel que o isolamento da caverna fez na
formação de um líder: Davi foi levado para o lugar onde Deus pode realmente
começar a moldá-lo e a usá-lo. Quando o Deus Soberano nos leva ao nada, é para
redirecionar as nossas vidas, e não para acabar definitivamente com elas.
É bem certo que alguns de nós vão
entrar na caverna de isolamento pelos nossos próprios pecados. Alguns de nós
vão entrar por causa do orgulho, da arrogância e da presunção. Mas ainda assim,
Deus vai usar a caverna de isolamento para nos livrar da índole que nos levou a
tomar decisões que nos levaram para a caverna de isolamento. Deus vai usar esse
tempo para moldar as nossas vidas para que elas, nesse processo, tenham o
efeito do chamado que ele tem para nós.
A caverna também é o lugar para
processar a nossa dor e receber consolo de Deus para as nossas vidas e para o
benefício de outros. Os resultados das experiências dos muitos dos servos de
Deus que foram colocados na caverna são pérolas do pensamento cristão, como
essas: Daniel 2:22 - Ele revela o profundo e o escondido. Ele sabe o que está
em trevas, e a luz habita com ele. Isaias 45:3 - Eu te darei os tesouros das
trevas e as riquezas escondidas em lugares secretos, para que saibais que eu, o
Senhor, que te chama pelo nome. Eu sou o Deus de Israel. Jó 12:22 - Ele
descobre coisas profundas das trevas, e traz à sombra da morte a luz.
A Caverna de Adulão foi aquele
lugar especial que Deus colocou como um instrumento de solução para a hora
difícil no meio da batalha. Davi fugiu e escapou para a caverna de Adulão. A
caverna é um lugar de escape, é um lugar de refúgio e segurança que Deus
concedeu no momento certo. Parece paradoxal a ideia de que um homem tão importante
para Deus precisasse se esconder numa caverna. Porém, existem momentos que isso
se faz necessário. O filho de Deus precisa se esconder nos braços poderosos do
Pai. Existe uma diferença marcante entre a fuga psicológica dos problemas e a
busca de um refúgio em Deus. Fuga psicológica é quando fugimos para não
enfrentar nossos próprios medos e traumas. Fuga psicológica é fugir das próprias
obrigações. Busca de um refúgio em Deus é quando precisamos de proteção e
conforto do Pai celestial. Esta é uma realidade presente na vida de Davi. Como
vemos no Salmo 131: “Senhor, o meu
coração não é soberbo, nem os meus olhos são altivos; não me ocupo de assuntos
grandes e maravilhosos demais para mim. Pelo contrário, tenho feito acalmar e
sossegar a minha alma; qual desmamada sobre o seio de sua mãe, qual desmamada
está a minha alma para comigo. Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para
sempre”. Como criança no colo da mãe ou o filho brincando com o pai. Deus
oferece uma solução que é se refugiar sob as asas do Todo-poderoso. O Salmo 57
foi um cântico inspirado na Caverna de Adulão. “Compadece-te de mim, ó Deus, compadece-te de mim, pois em ti se refugia
a minha alma; à sombra das tuas asas me refugiarei, até que passem as
calamidades. Clamarei ao Deus altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa. Ele
do céu enviará seu auxílio, e me salvará, quando me ultrajar aquele que quer
calçar-me aos pés. Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade. Estou
deitado no meio de leões; tenho que deitar-me no meio daqueles que respiram
chamas, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e flechas, e cuja língua é
espada afiada. Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; seja a tua glória sobre
toda a terra. Armaram um laço para os meus passos, a minha alma ficou abatida;
cavaram uma cova diante de mim, mas foram eles que nela caíram. Resoluto está o
meu coração, ó Deus, resoluto está o meu coração; cantarei, sim, cantarei
louvores. Desperta, minha alma; despertai, alaúde e harpa; eu mesmo despertarei
a aurora. Louvar-te-ei, Senhor, entre os povos; cantar-te-ei louvores entre as
nações. Pois a tua benignidade é grande até os céus, e a tua verdade até as
nuvens. Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e seja a tua glória sobre a terra”.
Aqui pode-se ver como Davi louva a Deus pelo seu lugar de refúgio e segurança.
Jesus também orientou aos seus discípulos para que buscassem um lugar de
descanso. “Ao que ele lhes disse: Vinde
vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos
os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer. Retiraram-se, pois, no
barco para um lugar deserto, à parte” (Mc. 6:31-32). Eles não estavam
fugindo dos problemas, mas estavam buscando um refúgio para refazer as forças.
Deus, em Sua misericórdia nos deu
um meio de escape. Os meios de libertação de Deus não nos lisonjeiam, mas
sempre glorificam a Ele. Ele enviou Seu Filho à terra como homem (o perfeito
Deus-Homem), para viver uma vida perfeita e morrer como inocente como pagamento
por nossos pecados. A cruz não foi um acontecimento para inflar o ego. Foi a
morte horrível de nosso Senhor em favor de pecadores culpados. Mas Deus
levantou Jesus da morte, glorificando-O e aqueles que, pela fé, estão
Nele. É pela fé em Jesus Cristo que pecadores indignos são libertados
da morte eterna, para a glória de Deus. Você já recebeu o perdão de
seus pecados, este presente da justiça de Deus em Cristo? Tudo o que precisa
fazer é reconhecer seu pecado e confiar em Jesus como único meio de Deus para
sua libertação. Eu o incentivo a fazer isto hoje.
2. Um Lugar de Restauração de Vidas
“Ajuntaram-se a ele todos os que se achavam em aperto, todos os
endividados, e todos os amargurados de espírito; e ele se fez chefe deles;
havia com ele cerca de quatrocentos homens”.
Um facto evidente é que a
pregação do Evangelho nos nossos dias tem sido carregada de uma grande dose de
positivismo. Para muitos crentes as pessoas que viveram na época bíblica não
tinham problemas. Quando lemos a Escritura encontramos a realidade de pessoas
que passam os mesmos problemas que todos nós. Para a caverna de Adulão também
foram as pessoas que estavam em turbulência. Pessoas endividadas e amarguradas
de espírito. Talvez na linguagem de hoje pudéssemos usar outras expressões,
tais como pessoas deprimidas e sem esperança. Jesus sabia dessa realidade dura
quando chamou a Ele todos: “vinde a mim,
todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o
meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve”
(Mt. 11:28-13). Jesus pode ser comparado com esta caverna. Na caverna de Adulão
há restauração das nossas vidas, há alivio para as enfermidades da nossa alma e
salvação para a nossa alma. Temos que nos preocupar quando vemos a pregação do
Evangelho sendo tão deturpada. Para muitos a fé cristã tem se tornado um jugo
pesado demais para carregar e para outros uma vida sem compromisso nenhum com a
ética e a verdade. Esse desequilíbrio gera uma confusão enorme nas pessoas e
cria uma casta vacinada contra a verdadeira obra do Espírito Santo de Deus. Alguém
disse que a Igreja de Jesus Cristo não é um museu de santos, mas um hospital de
pecadores. Temos que buscar refúgio em Cristo para tratar nossas enfermidades e
sarar nossas dores. Temos que fazer isso com humildade e sinceridade de
coração. Não tenha medo de se esconder na caverna de Deus para ser totalmente
restaurado pelo Poder de Deus. Outro detalhe importante que o texto revela é
que houve também uma restauração na liderança e nos liderados. As pessoas que
foram para a caverna desesperadas e enfermas encontraram um líder, Davi. E Davi
encontrou força no grupo. Deus leva um líder ungido para a caverna e leva
também pessoas sem referência e rumo. Deus restaura todos que foram para a
caverna. Vejamos o que diz o escritor de Hebreus a respeito desses vitoriosos.
Os verdadeiros heróis da fé. “Foram
apedrejados e tentados; foram serrados ao meio; morreram ao fio da espada;
andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e
maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e
montes, e pelas covas e cavernas da terra” (He. 11:37-38). Deus nos leva
para sua caverna para restaurar completamente as nossas vidas. Interessante é
que cada um tem sua caverna. A caverna do profeta Jonas era um grande peixe.
3.
Um Lugar de Reflexão Para Conhecer a Vontade de Deus.
“Dali passou Davi para Mizpe de Moabe; e disse ao rei de Moabe: Deixa,
peço-te, que meu pai e minha mãe fiquem convosco, até que eu saiba o que Deus
há de fazer de mim. E os deixou com o rei de Moabe; e ficaram com ele por todo
o tempo que Davi esteve no lugar forte. Disse o profeta Gade a Davi: Não fiques
no lugar forte; sai, e entra na terra de Judá. Então Davi saiu, e foi para o
bosque de Herete”.
Este é outro benefício
maravilhoso da caverna de Adulão na vida de Davi e na nossa vida. Deus nos leva
para algum lugar seguro, para nos restaurar e nos mostrar a Sua soberana
vontade. “Rogo-vos pois, irmãos, pela
compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a
este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm.
12:1-2). A maior bênção que um filho de Deus pode receber é ter certeza que
está no centro da vontade de Deus. Davi tinha essa certeza. A presença na
caverna era uma oportunidade de ouvir a voz do Senhor. Ele deixa sua família
com o rei de Moabe “até que eu saiba o
que Deus há de fazer de mim”. Mais tarde Deus falou através do profeta para
que ele saísse da caverna. E ele saiu. Um exemplo clássico de alguém que se
colocou na presença de Deus esperando uma resposta, foi Habacuque. No capítulo
dois ele ora a Deus: “Sobre a minha torre
de vigia me colocarei e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver
o que me dira, e o que eu responderei no tocante, a minha queixa. Então o
Senhor me respondeu , e disse: Escreve a visão e torna-se bem legível sobre
tabuas, para que a possa ler quem passa correndo. Pois a visão é ainda para o
tempo determinado, e se apressa para o fim. Ainda que se demore, espera-o;
porque certamente virá, não tardará. Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele;
mas o justo pela sua fé viverá” (Ha. 2:1-4). Depois dessa experiência
magnífica ele recebe a revelação da doutrina mais importante da Bíblia. A
salvação pela graça de Deus, mediante a fé. Outro momento importante em que
vemos a direção de Deus é na segunda viagem missionária de Paulo. Foi um
momento que eles não sabiam ao certo para onde ir e tiveram de fazer uma
parada. “...e tendo chegado diante da
Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu.
Então, passando pela Mísia, desceram a Trôade. De noite apareceu a Paulo esta
visão: estava ali em pé um homem da Macedônia, que lhe rogava: Passa à Macedônia
e ajuda-nos. E quando ele teve esta visão, procurávamos logo partir para a
Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o
evangelho” (At. 16:7-10). Deus geralmente fala de maneira muito especial
quando paramos para ouvir a Sua doce voz.
Conclusão:
Assim, a maior lição que tiramos
desse importante facto bíblico é que em alguns momentos da nossa vida
precisamos nos esconder em alguma caverna. Davi foi um rei especial para a
história de Israel e para a vinda do Messias. Davi foi bem sucedido pois
entendeu a importância desse momento. Com certeza no caminho de Davi para o
palácio real estava a Caverna de Adulão. Para sermos vitoriosos precisamos
aprender a passar pelos lugares de refúgio, de restauração e de reflexão para
saber qual a vontade de Deus. Estar na caverna é esperar no Senhor e amadurecer
na fé. Deus seja louvado!