“E
vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a
virtude, e à virtude a ciência, E à ciência a temperança, e à temperança a
paciência, e à paciência a piedade, E à piedade o amor fraternal, e ao amor
fraternal a caridade” (2 Pe. 1:5-7).
Introdução
Consideremos esta escada. A raça
humana foi cortada da relação (comunicação) com Deus. Podiam contemplar um
paraíso perdido mas não viam meios de nele entrar e manter comunhão com o Céu.
O pecado de Adão cortou toda a relação entre o Céu e a Terra. Até ao momento em
que Adão e Eva transgrediram a determinação de Deus, havia livre comunhão entre
a Terra e o Céu. Ligavam-se por uma senda que a Divindade podia percorrer. Mas
a transgressão ao que Deus lhes havia determinado interrompeu esse trilho, e a
raça humana se separou de Deus.
Tão logo Satanás seduziu os
nossos primeiros pais a desobedecerem ao que Deus havia determinado, pareceu
romper-se todo o elo que unia a Terra ao Céu e a raça humana ao infinito Deus.
Os seres humanos podiam olhar para o Céu, mas como conseguiriam alcançá-lo? Para
júbilo do mundo o Filho de Deus, Aquele sem pecado, o perfeito em obediência,
torna-Se o canal através do qual se pode renovar a perdida comunicação, o
caminho através do qual se pode reconquistar o paraíso perdido. Através de
Cristo, nosso substituto e segurança, podemos guardar os mandamentos de Deus.
Podemos retornar à nossa lealdade e Deus nos aceitará.
Cristo tomou a iniciativa de nos
chamar para Ele mesmo. E é Aquele que nos chama e nos capacita. Não nos dá tudo
quanto talvez queiramos, mas, sim, tudo quanto precisamos para a vida e a
piedade, “porque Deus não nos chamou para
a impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas coisas não
está rejeitando o homem, mas a Deus, que lhe dá Seu Espírito Santo” (1 Ts.
4:7-8).
Estes dons são entesourados em
Jesus Cristo, que “pelo Seu divino poder
nos dá tudo o que necessitamos para a vida e a piedade, por meio do pleno
conhecimento d’Ele, a fim de desfrutarmos do poder para vivermos uma vida santa
para aquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” (2 Pe.
1:3).
A pessoa de Cristo atrai os
homens. Seu poder os capacita a corresponder. Dessa maneira Suas grandiosas e
preciosas promessas nos são dadas através da glória e virtude de Cristo. A nós
é-nos dada a promessa de compartilharmos de algo de Sua excelência moral nesta
vida e da Sua glória na vida futura. Isto, porque, as promessas do poder e da
Pessoa do Senhor regeneram o homem e o tornam coparticipante da própria
natureza de Deus, de modo que a semelhança de família começa a ser vista nele,
não ao escapar do mundo natural do tempo e do sentido, mas, sim, depois de
livrar-nos do mundo no sentido da humanidade em rebelião contra Deus.
Nos versículos 5 a 7, passa
diante de nós um coral - Fé Pessoal em Cristo; Virtude – Bondade Moral;
Conhecimento; Domínio Próprio; Perseverança; Piedade; Fraternidade; e Amor - cujos
membros estão de mãos dadas, cada um puxando o outro; ou, podemos usar outra analogia
e dizer que cada graça aqui mencionada está contida na seguinte, como um
conjunto de caixas chinesas. Ser deficiente nessas coisas é ser inativo e
infrutífero (v.8), e cego (v. 9). Nós bem podemos desejar a entrada amplamente
suprida, não como navios alagados, mas como uma embarcação cujas velas estão
todas desfraldadas – não aportando à praia celestial sem sermos esperados e
como indesejáveis, mas recepcionados por aqueles que no passado ajudamos.
A verdade é um princípio ativo,
eficaz, que molda o coração e a vida de modo que haja um constante movimento
para cima, subindo a escada, na direção do Senhor no topo da escada. A cada
degrau da subida, obtém a vontade um novo impulso para a ação... A glória de
Deus revelada acima da escada pode ser apreciada somente por quem progride na
subida, por quem se deixa atrair sempre para mais alto, para as metas mais
nobres que Cristo revela. Cristo é a escada, cuja base repousa sobre a Terra e
cujo topo alcança os mais altos Céus. Os elos partidos foram restaurados.
Abriu-se uma estrada real, ao longo da qual podem passar os cansados e
sobrecarregados. Podem entrar no Céu e achar descanso.
A pessoa pode subir pela escada
da fé, pois a sua base repousa na Terra e seu topo alcança o Céu. Então a alma,
deixando os costumes, práticas e modas da Terra, sobe por ela até ao Céu. A luz
e glória de Deus estão sobre cada degrau dessa escada.
Agora descobrimos que as ameias
podem ser alcançadas, que Deus está acima da escada e espera, de braços
estendidos, para ajudar toda a pessoa que entrar no reino eterno de nosso Deus.
Louvem-Lhe o santo nome! Habitantes da Terra, louvem-nO! Por quê? Porque por
intermédio de Jesus Cristo - cujo longo braço humano envolve a raça, enquanto
com o Seu divino braço alcança o trono do Todo-Poderoso - é o abismo transposto
com seu próprio corpo; e este átomo de mundo, que se separou do continente do
Céu pelo pecado e se tornou uma ilha, é novamente reintegrado porque Cristo
transpôs o abismo - Cristo é a ponte!
Para tornar segura a nossa vocação e eleição,
requer-se diligência muito maior do que aquela que muitos estão dando a essa
importante questão. “Pois se estas coisas fizerdes” - vivendo no plano da
adição, crescendo na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo -
subireis, degrau a degrau e jamais caireis.
Primeiro degrau - Fé Pessoal em Cristo
A fé cristã não é baseada em
coisas, mas numa pessoa (Cristo). A “fé comum” usa coisas para que se possa
conseguir outras coisas. A fé cristã se remete a uma pessoa que nos conseguiu
uma nova vida. Ela está baseada em promessas garantidas por um facto, ou
acontecimento (cruz), que mesmo não tendo visto, cremos, aceitamos e recebemos.
Jesus disse em João 10:10: “Eu vim para
que tenham vida, e a tenham em abundância.”
A fé é a expressão máxima da
natureza religiosa do homem. Quando recebemos a Cristo como Salvador Deus pôs
em nós uma fé centralizada na pessoa de Jesus Cristo. Não se trata de uma
confiança cega ou sem fundamento. É a confiança plena na Palavra de Deus, pois
ela é inteiramente verdadeira e infalível. É o reconhecimento da obra de
Cristo, de seu poder e do seu ensino para a nossa vida. É o Espírito Santo que
opera a fé, e diga-se de passagem: Ele só habita no coração daqueles que
abandonaram definitivamente o estilo de vida mundano para seguirem a Cristo. Em
João 14:17 lemos assim: “O Espírito de
verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o
conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.”
A fé é a nossa condição de vida!
Está escrito: “o justo viverá da fé” (Gl. 3:11b). Sem ela seremos como um barco
à deriva. Em 1 Timóteo 1:19 lemos assim: “Conservando
a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.”
Muitas pessoas veem o
Cristianismo como ir à igreja, realizar rituais e não cometer certos pecados.
Isso não é Cristianismo. O verdadeiro Cristianismo é uma relação pessoal com
Jesus Cristo. Aceitar Jesus como seu Salvador pessoal significa colocar a
própria fé pessoal e confiança Nele. Ninguém é salvo pela fé dos outros.
Ninguém é perdoado por realizar certas obras. A única forma de ser salvo é
pessoalmente aceitar Jesus como seu Salvador, confiando na Sua morte como
pagamento pelos seus pecados e na Sua ressurreição como a sua garantia de vida
eterna (Jo. 3:16).
“Vós sois salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef. 2:8-9). Por
isso mesmo, por causa do novo nascimento e das preciosas promessas e do divino
poder que nos são oferecidos em Cristo, não podemos acomodar-nos e ficar
satisfeitos com a “fé”, porque a fé sem obras é inútil. A graça de Deus exige,
como também capacita, a diligência ou o esforço no homem. Devemos trazer para
dentro deste relacionamento, lado a lado, com aquilo que Deus fez, cada grama
de resolução que podermos reunir.
Pedro começa a sua lista com a
fé. Esta aceitação inicial do amor de Deus, esta resposta à sua graciosa
disposição para nos receber, é a pedra fundamental sobre a qual estão
edificadas as virtudes que se seguem. Paulo dá também uma posição primária à fé
em Romanos 5:1-5: “Tendo sido, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora
estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso,
mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação
produz perseverança; a perseverança, um carácter aprovado; e o carácter
aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou Seu
amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que Ele nos concedeu”.
Barnabé também coloca a fé em primeiro lugar, com
reverência e perseverança, longanimidade e domínio próprio como seus aliados;
ao passo que Hermes não somente coloca a fé em primeiro lugar, como também
especificamente diz: “através dela os
eleitos de Deus são salvos”. A fé é representada aqui como uma mulher que
tem várias filhas, isto é, outras virtudes, e a culminação em todas elas, como
aqui, é o amor.
Segundo
degrau - A Virtude ou Bondade Moral
A primeira qualidade que Pedro
menciona brotando da fé cristã verdadeira, é a virtude, que é uma disposição firme
e constante para a prática do bem; boa qualidade moral; força moral; valor, que
significa excelência - aquela qualidade interior da ternura, da compaixão e da
doçura. Tudo isto se poderia resumir com a palavra amor. O amor é gentil. O
amor é bondoso, procurando sempre ministrar para atender às necessidades de
outras pessoas.
No grego o termo “arete” denota
tudo o que obtém estimação preeminente por uma pessoa ou coisa; por
conseguinte, “eminência intrínseca, bondade moral, virtude” (VINE, 2002, p.
1066). O contexto da nossa lição diz respeito ao conjunto de virtudes morais e
espirituais amadurecidas pelo Espírito Santo na vida do crente como resultado
de uma permanente comunhão com Cristo.
O cristão deve desenvolver a
salvação com temor e tremor, que Deus opera nele. Numa palavra, a sua vida deve
refletir alguma coisa do carácter atraente de Cristo. Ele, pois, era o Homem
por excelência, o verdadeiro Homem. A verdadeira excelência humana, pois, é a
varonilidade que é a semelhança a Cristo. Aquela semelhança não pode ser
adquirida senão através de encontros pessoais e contínuos com Ele mediante a
fé. Não adianta falarmos muito acerca da fé, se não exibirmos nas nossas vidas
nada daquela bondade prática que é indispensável ao discipulado cristão
genuíno.
Não basta ter fé, é necessário
unir com a fé a virtude, e isso é algo bem prático para nós, pois vivemos tempos
onde jamais se viu tanta imoralidade e devassidão. Justamente para vencermos o
pecado é que Deus nos orienta a viver uma vida de virtude moral e retidão.
Somente assim conseguiremos vencer as paixões que há no mundo. Não podemos ser
teóricos, mas práticos quanto à virtude.
Como servos de Deus e imitadores
dele, ordena-se aos cristãos que provem qual é a boa e perfeita vontade de Deus
para eles (Rm. 12:2), que devem apegar-se ao que é bom (Rm. 12:9), que devem praticá-lo
(Rm. 13:3), que devem fazer o que é bom (Rm. 2:10), que devem empenhar-se por
isso (1 Ts. 5:15), que devem ser zelosos do que é bom (1 Pe. 3:13), que devem imitar
o que é bom (3 Jo. 11) e que devem vencer o mal com o bem (Rm. 12:21). Todos
devem fazer o bem e devem aplicar-se especialmente aos aparentados com eles na
fé cristã; adicionalmente, isso deve ser praticado para com todos os outros (Gl.
6:10).
O caráter de Deus é refletido na
ética bíblica. Assim, as virtudes como honestidade, bondade, gentileza e
integridade, são atributos definidos por Deus e não estão sujeitos às opiniões
particulares. A ética bíblica é para todos, não distingue raça, classe social e
nível cultural (Gl. 3:28; Cl. 3:11 e Tg. 2:1-10). Os requisitos morais pelos
quais os cristãos devem viver hoje são os mesmos de ontem e serão os mesmos de
amanhã, porque “Jesus Cristo é o mesmo,
ontem, hoje e o será eternamente” (Hb. 13:8).
Devemos viver de uma maneira que reflita Cristo em
nós. Jesus sempre se orientava em relação aos outros e estabeleceu o padrão
ético; os ‘‘uns aos outros’’ das escrituras. Devemos seguir o Seu exemplo e
orientar o nosso comportamento de acordo com a preciosidade dos outros (Jo.
13:34-35; Cl. 3:8-9, 12-14) e assim finalizaremos a subida do segundo degrau da
escada.
Terceiro degrau - Conhecimento
“Antes crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador,
Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade.
Amém” (2 Pe. 3:18). O apóstolo Pedro teve as suas dificuldades no início da
sua fé em Cristo, e também ao longo dela, como regista o Novo Testamento.
Jesus, antes do calvário, chegou a adverti-lo de que Satanás estava a tramar
contra os Doze, inclusive ele, Pedro, para arruinar a sua fé. “Disse-lhe também o Senhor: Simão, Simão, eis
que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para
que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”
Lc. 22:31-32. O texto bíblico mostra-nos que na vida espiritual, do crente mais
simples ao líder cristão mais destacado, o elemento basilar é a fé em Cristo,
priorizada, mantida, fortalecida, purificada, renovada e, ao mesmo tempo,
seguida do conhecimento de Deus.
O conhecimento é necessário
porque há problemas como resultado direto da Queda. O conhecimento que é
verdadeiro permite que entendamos o que é certo, justo e correto - todo o bom
caminho -, e que os problemas sejam resolvidos e evitados. Se um carro avaria, o
conhecimento mecânico é útil, de outra forma, seria desnecessário. É a mesma
coisa com todos os outros problemas da vida. Deus nos dá conhecimento para nos
ajudar a “consertar” pessoas com problemas, proteger-nos das dificuldades da
vida e permitir que o amor se expresse através de boas obras.
“Crescei na graça e no
conhecimento”, diz o texto sagrado. Essa ordem jamais deve ser invertida.
Cuidar da nossa fé é cuidar do nosso crescente relacionamento e comunhão com
Deus. Estamos falando da fé como elemento da natureza divina, como atributo de
Deus (At. 16: “...a fé que é por Ele...”;
Gl. 5:5: “...pelo Espírito da fé...”).
O cristianismo, portanto, não é
meramente uma questão de fé pessoal e de bondade prática; o elemento
intelectual em nossas personalidades tem um lugar importante. A fé em Deus,
basilar e primacial como é na vida do cristão, deve ser seguida do conhecimento
espiritual. “Criado com as palavras da fé
e da boa doutrina” 1 Tm. 4:6. Veja também 2 Pedro 1:5, onde o conhecimento
deve seguir-se à fé. Fé sem conhecimento, segundo as Escrituras, leva ao
descontrole, ao exagero, ao misticismo, ao sectarismo e ao fanatismo final e
fatal.
“Antes crescei” – A vida cristã
normal deve ser um crescer constante para a maturidade espiritual, como mostra
2 Coríntios 3:18: “Somos transformados de
glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” Esse
crescimento transformador deve ser homogéneo, uniforme, simétrico; caso
contrário virão as anormalidades com as suas consequências. Lembremo-nos do
testemunho do apóstolo Paulo sobre si mesmo em 1 Coríntios 13:11, e o
comparemos com o depoimento bíblico de Atos 9:19-30 e 11:25-30. Um crente
sempre imaturo na graça e no conhecimento de Deus é também um problema contínuo
para ele mesmo, para outros à sua volta e para a sua congregação como um todo.
E pior ainda é quando o cristão desavisado cuida apenas de seu conhecimento
secular, terreno, humano, social, e também quando cuida do conhecimento bíblico
e teológico sem antes e ao mesmo tempo renovar-se no poder do Alto, o poder do
Espírito Santo, que nos vem pela imensurável graça de Deus em suas riquezas
(Ef. 2:7). Tudo tem que ser mediante Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Esse conhecimento do crente na
esfera da salvação, de que nos falam as Escrituras, nos vem pelo Espírito Santo
(Ef. 1:17-18; Cl. 1:9; 1 Co. 12:8). Cristo é a fonte e o manancial da graça de
Deus (Jo. 1:16-17) e também o alvo do nosso conhecimento (Fp. 1:8, 10). O
conhecimento de Deus nos vem também pela comunhão com Ele, é óbvio, sendo um
meio de usufruirmos mais de Sua graça (2 Pe. 1:2). Quem está crescendo na graça
e no conhecimento de Deus ainda tem muito a crescer. Afirma o texto de João
1:17: “...e graça por graça...”. Se
alguém estacionar no desenvolvimento de seu degrau da escada com Deus, virá o
colapso. É como alguém sabiamente disse: “A verdadeira vida cristã é como andar
de bicicleta; se você parar de avançar, você cai!”
O Senhor Jesus ensinou, dizendo:
“Se permanecerdes na minha Palavra,
verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará” (Jo. 8:31-32). Não é, portanto, o conhecimento em si que
liberta; ele é um meio provido por Deus para chegarmos à verdade. Há muitos na
igreja com vasto conhecimento secular, teológico e bíblico, contudo repletos de
dúvidas, interrogações, suposições e enganos quanto a Deus, quanto à salvação,
quanto às Sagradas Escrituras e etc.
Como pode o crente crescer na
graça e no conhecimento de Deus? Primeiro,
orando sem cessar (1 Ts. 5:17; 2 Co. 12:8-9; Jr. 33:3). A oração é um precioso
e eficaz meio de comunhão com Deus. Segundo,
lendo e estudando a Bíblia continuamente (At. 17:11; 1 Pe. 2:2; Sl. 1:2-3), e
obedecendo a Deus, a partir da Sua Palavra (Sl. 119:9-11; Jo. 14:21, 23). E
também vivendo de modo agradável a Deus (e não somente em obediência a Deus)
(Cl. 1:10; 1 Jo. 3:22); testemunhando de Cristo e de Sua salvação (At. 1:8;
5:42); permanecendo na doutrina do Senhor (At. 2:42; Rm. 6:17; 3 Jo. vv. 3-4);
frequentando a Casa de Deus (Hb. 10:25; Lc. 2:37; Sl. 27:4); sendo ativo no
serviço do Senhor (Mt. 21:28); vivendo continuamente em santidade (Lc. 1:75; 2
Co. 7:1); mantendo-se renovado espiritualmente (2 Co. 4:17; Ef. 5:18) e
experimentando a progressiva transformação espiritual pelo Espírito Santo,
tendo Ele em nós plena liberdade para isso (2 Co. 3:18).
O Senhor dá sabedoria e de sua
boca vem o conhecimento e o entendimento..., que distingue o bem do mal, e que
mostra o caminho por onde se foge do mal. Por meio do conhecimento de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo escapamos das contaminações do mundo e crescemos
na graça. Portanto, o procedimento correto para o crente evitar um colapso na
sua vida espiritual é “crescer na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo”. Este conhecimento é obtido no exercício prático da
bondade (a virtude da qual acabamos de falar), a qual por sua vez, leva a um conhecimento
mais profundo de Cristo. O Deus que se revelara em Jesus Cristo era o Deus da
verdade.
Quarto
degrau - Domínio Próprio
A palavra usada no grego é
“egkrateia” que significa domínio próprio, autocontrole, temperança. Domínio
próprio, portanto, é o mesmo que autocontrole. Este domínio de si mesmo é algo
extremamente difícil e somente o Espírito de Deus poderá nos levar a alcançá-lo
de modo pleno, no entanto, apesar de difícil, é valioso devido às bênçãos que
ele proporciona. O escritor de Provérbios faz uma comparação interessante no
capítulo 16, versículo 32, que mostra a preciosidade desta qualidade, dizendo:
“Melhor é o longânimo do que o herói da
guerra, e o que domina o seu espirito do que o que toma uma cidade”.
O primeiro passo para obter o
domínio próprio é ter uma real experiência de conversão a Jesus Cristo. O
segundo passo é permitir que a palavra de Deus guie completamente a nossa vida.
O terceiro passo é buscar uma vida de oração com o Senhor.
Busquemos então uma vida de
consagração para que tenhamos mais domínio próprio e sejamos sóbrios, não nos
precipitando no responder ou no falar, controlando pelo poder do Espírito a
nossa “velha natureza” em todas as áreas da nossa vida. Lucas 9:23 diz: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me”.
Quando o Espírito flui no crente
o domínio próprio, a carne, o mau humor ou as concupiscências não determinam o
que ele faz ou deixa de fazer, mas ele tem vitória sobre todas estas coisas.
Este domínio próprio deve ser
exercido não somente em questões de comida e bebida, mas também em todos os
aspectos da vida. Domínio próprio significa controlar as paixões, emoções,
vontades, desejos, situações e necessidades, ao invés de ser controlado por elas.
O domínio próprio cristão é a submissão ao controle do Cristo que habita no
crente; e por este modo a virtude madura realmente fica sendo uma possibilidade
para os homens. Isso é tarefa árdua e exige de nós toda a diligência, esforço,
vontade, virtude, conhecimento e submissão à Palavra de Deus.
O domínio próprio aparece na
lista do fruto do Espírito Santo (Gl. 5:22-23), e aqui mais uma vez se reforça
a mensagem de que Deus nos concede as Suas bênçãos, mas os que desejam crescer
espiritualmente precisam de produzir em suas vidas as qualidades que Deus
preparou para os Seu servos. Não somos manipulados por Deus, mas desafiados,
incitados, encorajados a desenvolvermos essa e outras qualidades espirituais na
dependência do Espírito Santo.
Muitas vezes entendemos que o
domínio próprio é necessário apenas nas horas em que estamos nervosos com
alguma coisa. Na verdade precisamos de ter o controle de nós mesmos em toda e
qualquer situação; seja em casa, na rua, no trabalho, no lazer, surgirão
diversas oportunidades de perdermos o controle. Isso tem a ver com a nossa
convivência, obviamente, mas também em todas as demais áreas da vida.
Se eu não consigo dominar a mim
mesmo, meus impulsos, minhas vontades, eu não conseguirei perseverar. O domínio
próprio faz parte do fruto do Espírito. I Coríntios 9:25 diz: “E todo aquele que luta, exerce domínio
próprio em todas as coisas; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa
corruptível, nós, porém, uma incorruptível”.
Portanto, o domínio próprio é a
capacidade efetiva que o cristão deve ter de controlar o seu corpo e a sua
mente. Quando Deus fez o homem, deu-lhe o privilégio de dominar sobre todas as
coisas: também disse Deus: “Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os
peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda
a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra” (Gn. 1:26).
Pedro, ao alegar que o
conhecimento os libertava da necessidade de controle próprio deve ter cortado
os falsos mestres como um chicote. Pedro enfatiza que o verdadeiro conhecimento
leva para o domínio próprio. Qualquer tema que divorcia a religião da ética é
fundamentalmente heresia.
Afinal, a vida cristã é aquela
vivida no Espírito Santo. Na verdade, a vida cristã só é possível no Espírito.
Fora dEle, nossa vida é como a de qualquer pessoa.
Deixe-se conduzir pelo Espírito de Deus. O domínio
próprio é um esforço de quem vive pelo Espírito. Os homens em geral não pensam
em disciplina, mas nós os cristãos nos esforçamos para viver de modo
organizado, coordenado e harmónico. Deixe-se dirigir pelo Espírito. O domínio
próprio só é possível por meio de Sua ação em nós.
Quinto
degrau – A Perseverança
Do hábito do domínio próprio
brota a perseverança, a disposição mental que não é revelada pela dificuldade e
pela aflição, e que pode resistir a estas duas agências satânicas da oposição
do mundo da parte de fora, e da sedução da carne da parte de dentro. O cristão
perseverante não desiste, conserva-se firme e constante; persiste, prossegue, conserva
a sua força ou ação, continua, perdura, subsiste e permanece sem mudar ou sem
variar de intento. Seu cristianismo é como o brilho firme de uma estrela e não
o brilho forte e efémero (rápido eclipse) de um meteoro. Há poucos testes de fé
que sejam mais fidedignos do que este; a fé verdadeira persevera conforme
Romanos 5:1-3: “Tendo sido, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por
meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos
firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também
nos gloriamos nas tribulações porque sabemos que a tribulação produz
perseverança” e em Marcos 13:13, Jesus
nos mostrou a importância de perseverar, para alcançar a salvação: “Todos vos odiarão por minha causa; mas
aquele que perseverar até ao fim será salvo”.
Sem a perseverança não podemos
alcançar a salvação, afinal ela é um acto feito pelo Amor de Deus, por meio de
Jesus Cristo.
A perseverança trabalha na
natureza, no temperamento, no comportamento do cristão, tornando-o resistente
para vencer os obstáculos (2 Pe. 1:4). Aqueles que perseverarem e permanecerem
firmes na fé, até o fim, viverão e reinarão com Cristo. Cristo rejeitará, no
dia do juízo, aqueles que não perseveraram e os que o negaram por palavras ou
ações.
Logo, o cristão passa a ter a
mente de Cristo (1 Co. 2:16), para discernir o bom do mau, o que é certo do
errado, o que é justo do injusto, e a perseverança ajuda o cristão a vencer as
provações e tribulações da vida espiritual (Rm. 12:12). A perseverança é sinal
de vitória, (2 Tm. 4:7. A perseverança produz vitória! O cristão perseverante
não pode se separar de Cristo (Gl. 5: 4).
Esta perseverança não é nenhuma
qualidade estoica de aceitar tudo quanto vem, como se fosse da parte dos
ditames da cega fatalidade. Provém da fé nas promessas de Deus, do conhecimento
de Cristo, da experiência do seu poder divino (2 Pe. 1:3-4: “Seu divino poder nos deu tudo de que
necessitamos para a vida e a piedade, por meio do conhecimento daquele que nos
chamou para a Sua própria glória e verdade. Dessa maneira, Ele nos deu as Suas
grandiosas e preciosas promessas, para que por elas nos tornemos participantes
da natureza divina e fugíssemos da corrupção que há no mundo, causada pela
cobiça”. E assim, produz no cristão uma consciência aprofundada da mão
sábia e amorosa do Pai, que controla tudo quanto acontece. Como o próprio
Jesus, que em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, “Portanto, fortaleçam as mãos enfraquecidas e
os joelhos vacilantes” (Hb. 12:2), perseverando no orar, jejuar e buscar a
presença de Deus, pois, só Ele pode nos fortalecer, nos moldar e nos impedir de
sofrer ou de nos precipitarmos. Por isso, oremos cada vez mais e sempre busquemos
a presença Dele em nossa vida o tempo todo, principalmente quando nos sentirmos
fracos e/ou confusos perante a alguma situação ou emoção.
A Bíblia nos mostra muitos homens
e mulheres que perseveraram e obtiveram a conquista da sua vitória, a
realização dos seus sonhos. Vejamos alguns exemplos de perseverança à luz da
Bíblia:
a) Abraão. Ele passou um
longo período de tempo aguardando o cumprimento das promessas do Senhor.
Acredito que o exemplo de Abraão é o mais próximo de nossas atitudes (enquanto
ser humano), pois, depois de receber a promessa que seria pai de muitas nações
(Gn. 12:2 e 13:16), tentou “encurtar o caminho” tendo um filho com a serva de
Sara, a Agar. Prosseguindo na história, vemos que não eram estes os planos do
Senhor para Abraão (Gn. 17:16, 19, 21), acredito inclusive que a passagem em Génesis
17:1 é um “puxão de orelhas” que o Senhor deu em Abraão.
A promessa do Senhor de fazer a
descendência de Abraão próspera e incontável, implicaria em um início de no
mínimo um filho, mas havia ali uma enorme dificuldade, uma vez que Sara era
estéril (Gn. 11:30), mas Deus não se limita às circunstâncias naturais. Podemos
crer em suas promessas, por mais que pareçam impossíveis como no caso de
Abraão. Não precisamos de encurtar o caminho! Mas tenho que admitir que isso é
muito mais fácil na “teoria” do que na prática… Ajuda-nos Senhor!
b) Noé. Ele perseverou,
mesmo sendo criticado, humilhado, desprezado; contudo lutou na construção da
arca e salvou-se juntamente com a sua descendência.
c) Josué. Outro grande exemplo
bíblico de perseverança. Ele, que após ter revelações em sonhos (Gn. 37:5-9),
passou por situações adversas, sendo inclusive jogado numa cova por seus
próprios irmãos (Gn. 37:24) e depois foi vendido como escravo a mercadores (Gn.
37:28). Neste instante, vemos que a situação não estava nada favorável a José.
Ele poderia pensar que todos os seus sonhos não passavam de bobagens e ilusões,
mas não foi o que aconteceu. Durante todo o momento de adversidade que José
estava vivendo, o Senhor era com ele (Gn. 39:2, 21), e com perseverança, José seguiu
o Senhor (Js. 24:15) e alcançou as promessas que lhe haviam sido reveladas em
sonho (Gn. 42.6).
O nome “Josué” no hebraico quer
dizer: Jeová é Salvação e no grego significa Jesus. Josué era filho de Num, da
Tribo de Efraim, era um servo fiel e companheiro de Moisés. Ele foi designado
por Deus como sucessor de Moisés, e através da perseverança ele estimulou o
povo a destruir Jericó e também sorteou Canaã pelas tribos.
d) Rute. Ela foi uma
mulher que perseverou diante de Boaz, mantendo-se intacta em sua reputação até
ser redimida e tomada por esposa (Rt. 4:13). E por galardão de sua nobre
perseverança, o seu nome foi inserido na genealogia de Cristo Jesus (Mt. 1:5).
e) O apóstolo Paulo, no Novo Testamento. Ele, constantemente,
levava uma só mensagem em seu coração: “os
exortava a que permanecessem na Graça de Deus” (At. 13:43).
Jesus, o mestre da perseverança,
nos ensina que devemos dar frutos com perseverança (Lc. 8:15). Jesus diz que “a semente
que caiu em boa terra é o que, ouvindo a Palavra com o coração reto e bom, a
retêm e dá fruto com perseverança.” Sejamos portanto, perseverantes em todo
o trabalho que fizermos para Deus, durante toda a nossa vida. “Vós, porém, esforçai-vos, e não desfaleçam
as vossas mãos; porque a vossa obra terá uma recompensa” (2 Cr. 15:7). Com
efeito, temos necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de
Deus, alcancemos a promessa (Hb. 10:36).
Andar com Deus é trilhar o
caminho da perseverança, e esta questão tem desafiado as mentes mais
inteligentes e os corações mais piedosos. Há várias passagens bíblicas que nos
estimulam a praticá-la (Lc. 8:15; Lc. 21:19; Rm. 5:3-4; Rm. 8:25; Rm. 15:4-5; 2
Co. 6:4; Ap. 2:2-3, e outras mais). Portanto, ser perseverante é ser constante
e paciente. Os ventos podem soprar com força, mas os que perseveram permanecem
firmes, mesmo no meio da tempestade, e, como sabemos, a tempestade vem para
todos. Aqueles que olham para o Senhor aprendem a se fortalecer através dela –
eles esperam pacientemente no Senhor (Sl. 40:1), até serem socorridos.
Nos tempos modernos a
perseverança tornou-se uma qualidade rara. Muitos acreditam que o êxito depende
mais de estar no lugar e certo na hora certa, do que de perseverança. A mídia
está saturada de lemas que, de maneira subliminar, reforçam a ideia de que você
pode obter quase qualquer coisa que deseja com o mínimo de esforço e apenas um
pouco mais de dinheiro. Os jornais publicam constantemente casos de pessoas que
obtêm sucesso da noite para o dia, e de jovens génios do ramo empresarial que
ganham milhões assim que terminam os estudos.
O colunista Leonard Pitts
lamenta: “Numa sociedade obcecada pelas aparências, o sucesso parece fácil
demais... Parece que é algo que qualquer um poderia conseguir, bastando
conhecer o truque, ter habilidade ou ser agraciado por Deus.”
Mas, o tempo de Deus não é o
mesmo que o nosso. Precisamos de entender isso e colaborar com ele no
cumprimento do seu propósito. Embora o mundo esteja cada dia mais em caos, o
Senhor trabalha para que a vontade do Pai se cumpra em toda a terra, e ele não
desiste de nós ainda que haja milhões de razões para fazê-lo. Ele é
perseverante, pois sabe o final da história. Nós também sabemos como as coisas
terminarão. A palavra de Deus nos mostra isso claramente; aquele que perseverar
até ao fim será salvo (Mt. 24:13). Já havemos recebido as “ferramentas” que nos
capacitam a nos mantermos firmes: oração e leitura bíblica, ao mesmo tempo que
nos apegamos mais fortemente à comunhão com os irmãos. Que você e eu
perseveremos, com os nossos olhos fixos em Jesus Cristo, nossa esperança.
O Senhor honrará a nossa
perseverança, e poderemos ser um canal dEle para tocar vidas que estão se
sentindo sem esperança. Apenas perseveremos e busquemos constantemente a vontade
do Pai para todas as áreas de nossa vida.
A Perseverança é uma das mais
belas e maravilhosas virtudes encontradas na vida cristã. Acredito que a
perseverança é uma das características que compõe a base, a estrutura, o
alicerce para garantirmos o sucesso, alcançando todas as vitórias almejadas na
vida cristã. E, também acredito que o motivo de muitas derrotas, na vida de
muitos cristãos e grandes homens de Deus é devido à abstinência desta admirável
virtude que é a perseverança.
1)
O êxito vem através da perseverança:
a) na oração. A Bíblia dá
grande ênfase à oração, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. A
oração move o braço de Deus a favor de quem busca o Senhor em constante oração:
“... orai sem cessar” (1 Ts. 5:17). A
necessidade de estar em constante oração está vinculada ou presa à
persistência. Quer dizer, não se concebe a oração sem a perseverança. Jesus
disse: “...orar sempre e nunca desanimar”.
O mandamento bíblico é a de alimentar a oração com perseverança: “... perseverai na oração” (Rm. 12:12).
Esta foi a experiência de vida do
salmista: “Esperei com paciência no
Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor” (Sl. 40:1). Ana
perseverou em oração e o Senhor concedeu-lhe um filho (1 Sm. 1:12 e 27). Em
certos momentos da vida parece que Deus se esqueceu de nós, os céus são de
bronze, etc., mas, ainda assim, prevalece a teologia de Jesus: orar sempre e
jamais abrir mão de nossos sonhos ou projetos.
b) No sofrimento
A viúva referenciada no capítulo
18 de Lucas desejava que o juiz não somente pusesse fim a seu interminável
sofrimento, mas que, também, a libertasse das mãos de seu adversário: “Faz-me justiça contra o meu adversário”
v. 3. Esta parábola tem recebido diversas interpretações alegóricas, como, por
exemplo, a que diz que a mulher é a igreja, o adversário é Satanás.
Não vamos entrar nesse mérito,
embora seja verdade que na vida todos temos um adversário, isto é, um problema,
um desafio, um imprevisto, etc., Então, neste caso, o inimigo pode ser
representado por qualquer situação adversa da vida.
A viúva não se intimidou com o
sofrimento. Ficou firme até ao fim (Ap. 2:10). É na luta que o cristão precisa
manter-se inabalável e glorificar a Deus: “Mas
também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança,
e a perseverança experiência, e a experiência, esperança. E a esperança não
traz confusão” (Rm. 5:2-5).
Todos sabemos que não existe
vitória sem lutas ou sofrimento. E a perseverança precisa de fazer parte do
estilo de vida de qualquer pessoa que quer vencer na vida: “... sede pacientes na tribulação...” (Rm.
12:12). Tiago trata da paciência no sofrimento: “Meus irmãos, tomai como exemplo de paciência os profetas que falaram em
nome do Senhor. Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que Deus lhe deu?”
(Tg. 5:10-11).
Uma faceta importante da
perseverança é precisamente saber lidar com os reveses inevitáveis. Provérbios
24:16 diz: “Porque sete vezes cairá o
justo, e se levantará”. O justo nunca ficará caído. Ele pode cair, mas não
ficará ali. Porque o justo é aquele que anda na integridade, aquele que tem uma
vida fundamentada no bem e na obediência à vontade de Deus, é um servo do Deus
altíssimo, que em vez de desistir diante de dificuldades ou fracassos, é
perseverante ‘se levanta’, ‘persiste’, e tenta novamente.
Obviamente, nem sempre é fácil
recomeçar após um revés. Às vezes nos deparamos com problemas que parecem não
ter solução. A impressão que temos é que, em vez de chegarmos mais perto de
atingir os nossos objetivos, nos afastamos cada vez mais deles. Existe a
possibilidade de nos sentirmos derrotados, incapazes, desanimados e até
deprimidos (Pv. 24:10). Apesar disso, a Bíblia nos incentiva a “Não desistirmos de fazer aquilo que é
excelente, pois ceifaremos na época devida, se não desfalecermos” (Gl.
6:9). Por isso, é fundamental ser persistente.
Esteja certo de que terá êxito,
contanto que persevere em aprender sobre Deus e a Sua vontade e não desista de
aplicar o que aprende (Sl. 1:1-3). O apóstolo Paulo nos lembra que Deus dará
vida eterna a quem demonstrar “perseverança na obra que é boa” (Rm. 2:7).
c) Na justiça de Deus
O leitor é capaz de perceber como
é que Jesus convergiu todo o foco de seu discurso para um dos atributos de seu
Pai? “E Deus não fará justiça aos seus
escolhidos, que clamam a Ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?”
(Lc. 18:7).
Se o injusto juiz atendeu a pobre
viúva, quanto mais Deus, cuja base de seu trono é retidão e justiça (Sl.
89:14). Somente Deus é capaz de fazer justiça com retidão e perfeição, porque
Ele não pode ser subornado ou aliciado. Ele não faz acepção de pessoas (At.
10:34).
A viúva da história relatada por
Jesus não desistiu de seu objetivo, mas perseverou e persuadiu o juiz iníquo a
julgar o seu adversário. Cumpriu-se o que diz Provérbios 25:15: “Pela paciência se persuade um príncipe...”.
Por isso, construiu uma história de vida.
Portanto, perseverar não
significa simplesmente passar por uma dificuldade inevitável. No sentido
bíblico, perseverança envolve firmeza, manter a atitude mental correta e não
perder a esperança ao enfrentar provações. Veja a seguinte ilustração: dois
homens estão presos em condições idênticas, mas por motivos bem diferentes. Um
deles, um criminoso comum, cumpre a sua pena com muita má vontade. O outro, um
cristão verdadeiro que foi preso por seu proceder fiel, continua firme e mantém
uma atitude positiva, porque encara a sua situação como uma oportunidade de
demonstrar a sua fé. O criminoso dificilmente poderia ser considerado um
exemplo de perseverança, mas o cristão leal sim (Tg. 1:2-4.
A perseverança é indispensável
para a nossa salvação (Mt. 24:13). Mas não nascemos com essa qualidade
importante. É necessário cultivá-la. Como? “Tribulação
produz perseverança”, diz Romanos 5:3. Se realmente queremos desenvolver a perseverança,
não podemos temer os testes de fé e tentar esquivarmo-nos deles. Precisamos de
enfrentá-los. Cultivamos perseverança quando enfrentamos e superamos provas
grandes e pequenas, dia após dia. Cada dificuldade que enfrentamos com êxito
nos fortalece para enfrentar a próxima. É claro que não desenvolvemos
perseverança sem ajuda. Somos ‘dependentes da força que Deus fornece’ (1 Pe.
4:11).
A perseverança dos santos é a
doutrina que afirma que os eleitos continuarão no caminho da salvação, por
serem eles o objeto do eterno decreto da eleição e por serem eles o objeto da
expiação realizada por Cristo, visto que o mesmo poder de Deus que os salvou os
preservará e os santificará até o final.
A perseverança revela os crentes
genuínos. A Bíblia diz em Marcos 13:13 “E
sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o
fim, esse será salvo.”
A perseverança revela a fé
genuína. A Bíblia diz em Hebreus 3:6 “Mas
Cristo é como Filho sobre a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-somente
conservarmos firmes até o fim a nossa confiança e a glória da esperança.”
Àqueles que perseveram, Deus promete-lhes vitória. A
Bíblia diz em Filipenses 3:13-14 “Irmãos,
quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me
das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo
para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.”
Sexto
degrau – A Piedade
Atentemos brevemente para o
significado da palavra “piedade”. Para termos piedade em nosso andar Cristão
será necessário entendermos o que biblicamente é ser piedoso. A palavra
“piedade” vem da palavra grega “eusebeia”, e esta é a junção de duas palavras:
“eu” que significa “bom ou correto”, e “sebomaie” que significa “adorar”. Portanto,
piedade é adorar bem ou corretamente. Possuir piedade quando se adora a Deus
bem e de maneira correta como está proposta nas Escrituras, não é seguir os
desejos do seu próprio coração e consciência; mas é seguir o ensino da sagrada
Palavra de Deus, a qual permanece para sempre no céu. Não é necessário
estimular a emoção, sensacionalismo, mistificação ou atualizar os modismos.
Deus é eterno, e a Sua Palavra é eterna, o mesmo, ontem, hoje e para sempre.
Assim, o caminho de piedade é estabelecido eternamente e devemos nos esforçar
nela.
A piedade não é um simples
respeito pelas coisas religiosas, nem uma mera devoção. Conforme muito bem a
definiu James D. Burns, é o conhecimento de Deus na mente do homem. Ao enfocá-lo
sob a ótica dos Evangelhos, George Hodges afirmou que Jesus é amigo dos
pecadores, mas só pode ser companheiro dos crentes piedosos.
Piedade “tem a ver com as
relações reais, verdadeiras, espirituais e internas com Deus” enquanto
religião, “tem a ver com as ações externas nas cerimónias e observações
religiosas, as quais podem ser feitas pela carne.” (E. W. Bullinger). João
Gill, referindo-se à piedade escreveu: “Isto é nada mais do que a devoção
interna da mente e zelo espiritual no serviço a Deus; é a disposição santa da
alma para com Deus.” Um relacionamento espiritual e real para com Deus
produzirá ardente e santo zelo para corretamente adorar. O servo deve exercitar
a si mesmo constantemente na Palavra de Deus para não se desviar em sua
adoração.
O homem religioso da antiguidade,
tanto no uso grego quanto no latino, era cuidadoso e correto em cumprir os seus
deveres diante dos deuses e dos homens. Talvez Pedro aqui a empregue em
contraste deliberado com os falsos mestres, que estavam longe de serem corretos
no seu comportamento tanto diante de Deus quanto diante do seu próximo. Pedro
toma cuidado para ressaltar que o verdadeiro conhecimento de Deus, que
erroneamente se ufanavam de possuir, manifesta-se em reverência para com Ele e
respeito para com os homens. Piedade é uma consciência muito prática de Deus em
todos os aspetos da vida. Barclay cita apropriadamente a descrição de Xenofonte
de Sócrates, para ilustrar o conceito mais nobre da piedade a ser achado no
mundo pagão. “Ele era tão piedoso e devotamente religioso que não daria um só
passo fora da vontade do céu; era tão justo e reto que nunca sequer causou o
mínimo dano a qualquer alma vivente; com tanto domínio próprio, tão temperado,
que nunca em ocasião alguma escolheu o mais doce ao invés do melhor; tão
sensato, tão sábio, e tão prudente que, ao distinguir o melhor do pior, nunca
errou”. É um tipo de carácter algo assim que Pedro quer delinear com a palavra
compreensiva, eusebeia.
Uma pessoa piedosa nunca busca o
seu próprio interesse e sim o de Deus, ela é uma pessoa que jejua, ora, busca,
medita e procura estar sempre na presença de Deus, e não guarda mágoa, rancor,
não se ira facilmente, e etc. porque ela sabe que esses tipos de sentimentos a vão
afastar de Deus, e por isso vigia para que isso não aconteça, procura se
esforçar para obedecer à palavra de Deus, e procura sempre a verdade com
perseverança, ela não é egoísta e procura sempre ajudar os outros em suas
necessidades.
Uma pessoa piedosa, nunca age com emoção, e sim com
base na palavra de Deus. Ela procura sempre dizer a verdade seja a quem for com
sabedoria e mansidão, obedece às autoridades constituídas por Deus, se elas
estiverem de acordo com a sua palavra. E se você quer chamar a presença do
Senhor para a sua vida, seja uma pessoa piedosa assim como foi Cornélio, um
homem piedoso temente a Deus, que com a sua piedade chamou a atenção do Senhor
para a sua vida (At. 10:1-48).
Sétimo
degrau – A Fraternidade
Já vimos o que é a vida piedosa,
mas o próximo degrau é viver essa piedade em comunhão com as pessoas, pois a piedade,
não pode existir sem a fraternidade. “Se
alguém disser: amo a Deus e odiar a seu irmão, é mentiroso” (1 Jo. 4:20).
Quem tem a felicidade de
frequentar uma igreja que vive cordialidade genuína, sabe que não pode
dispensar o senso de comunidade. A comunidade nos conforta em momentos de dor e
de dificuldade, na comunidade fazemos amizades e construímos uma fraternidade
insubstituível. A fraternidade é maravilhosa. Ela enraíza no evangelho,
enlaçando almas e corações. Sempre que nos chegamos mais perto, um milagre
acontece. Infelizmente muitos não conseguem ter uma união próxima na igreja. As
pessoas estão muito ocupadas, muitos moram distante da igreja; isso se torna
impedimento.
Na igreja muitos vão e muitos
vêm, muitos se mudam e ficam pouco tempo no convívio dos irmãos, essa realidade
nos tenta a não construir relacionamentos profundos com os irmãos. Um outro
ponto que nos impede de ter comunhão uns com os outros é o negligenciar o
mandamento bíblico de viver uma vida em conjunto. O nosso tempo é caracterizado
por muitos críticos sociais como o tempo do “Eu”, isso significa que quando
damos atenção exacerbada ao eu não conseguimos enxergar as necessidades alheias
(1 Co. 12:14-16).
A Palavra de Deus nos lembra
repetidas vezes que o nosso cristianismo não tem sentido se o vivermos
isoladamente (1 Jo. 1:3; Gl. 2:9; Fp. 1:5). Essas passagens nos mostram o
quanto a igreja do primeiro século valorizava a fraternidade como uma parte
indispensável da vida cristã. Isso nos traz à memória um antigo pensamento que afirma
que o nosso cristianismo não foi planeado para ser vivido isoladamente. Em todo
o Novo Testamento encontramos vislumbres da comunhão daquela igreja (1 Co.
12:13).
As contínuas mudanças ocorridas em nosso tempo tiram
da igreja o senso de comunhão. Esse problema foi resolvido na igreja do
primeiro século quando os apóstolos encontraram a fórmula para convencer as
pessoas a participarem da vida comunitária do povo de Deus. Sociólogos de nosso
tempo descobriram que a mobilidade e a falta de raízes produzem resultados
negativos na vida social. Nesse ponto o papel da igreja se torna muito
importante, lançando as bases dos relacionamentos saudáveis e enraizados,
haverá resultados como vida familiar equilibrada e até mesmo a criminalidade
diminuirá. A
fraternidade torna a vida muito mais leve.
Quem tem a felicidade de frequentar uma igreja que
vive cordialidade genuína, sabe que não podemos dispensar o senso de
comunidade. A igreja do primeiro século ofereceu comunhão aos que se achavam
afastados dos seus e isso teve um resultado formidável. A Palavra de Deus nos
chama para esse mesmo tipo de fraternidade hoje. Devemos ser essa comunidade
exclusiva que não se encontra em nenhum outro lugar, pois a igreja é o lugar
mais seguro da terra.
Oitavo
degrau – O Amor
Em I Coríntios 13:4-7, a Bíblia
nos fala sobre o amor. Ela diz que: “O
amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas
folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
O amor é melhor do que o dom de
línguas. O
amor é melhor do que o dom de profecia e conhecimento. O amor é melhor do que o
dom de milagres. O dom pode ser bom, mas o amor é o caminho mais excelente (1
Co.12:31). As maiores obras de caridade, sem amor, são de nenhum valor. O amor
é melhor por causa da sua excelência intrínseca e também por causa da sua
perpetuidade.
A coroa do avanço cristão é o amor.
“O maior destes é o amor” (I Co.
13:13). A palavra ágape é uma que, para todos os fins práticos, os cristãos
cunharam para denotar a atitude que Deus demonstrou ter para connosco, e que
requer da nossa parte para com Ele. Na amizade (philia) os parceiros buscam
mútuo conforto; no amor sexual (eros), a mútua satisfação. Nestes dois casos,
estes sentimentos foram despertados por causa daquilo que a pessoa amada é. No
caso do ágape, a satisfação é inversa. O ágape de Deus é evocado, não por
aquilo que somos, mas, sim, por aquilo que Ele é. Tem a sua origem no agente,
não no objeto. Não é que nós sejamos amáveis, mas, sim, que Ele é amor. Este
ágape pode ser definido como sendo um desejo deliberado pelo sumo bem da pessoa
amada, que se demonstra em ações sacrificiais pelo bem daquela pessoa. É isto
que Deus fez por nós, “Porque Deus tanto
amou o mundo que deu Seu Filho Unigénito, para que todo aquele que nele crê não
pareça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). É isto que Ele quer que nós
façamos (1 Jo. 3:16). É isto que Ele está disposto a realizar em nós. “E a esperança não nos decepciona, porque
Deus derramou o Seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que Ele
nos concedeu” (Rm. 5:5)). Destarte, o Espírito de Deus que é amor nos é
livremente dado, a fim de reproduzir em nós aquela mesma qualidade. Os homens,
pois, nunca acreditarão que Deus é amor a não ser que o vejam nas vidas dos
Seus seguidores professos.
A maior revelação da Bíblia é que
Deus é amor. Essa é a revelação de que o homem mais necessita. O próprio Deus é
amor, mas quando esse amor é aplicado a nós, descobrimos que “Deus amou o mundo de tal maneira” (Jo
3:16). “Deus é amor” fala da Sua natureza, e “Deus amou o mundo de tal maneira”
fala da Sua ação. O próprio Deus é amor; portanto, aquilo que provém Dele deve
ser amor. Onde há amor, deve também haver o objeto daquele amor. Após
mostrar-nos que Ele é amor, Deus imediatamente nos mostra que Ele ama o mundo.
Deus não somente nos amou, mas também enviou Seu amor. Deus não podia deixar de
enviar Seu amor. Ele não podia deixar de amar o mundo. Aleluia!
Agradecemos e louvamos a Deus!
Seu amor não é somente um sentimento em Seu interior; é também uma ação e até
mesmo uma expressão e manifestação. Seu amor fê-Lo realizar o que não podemos realizar
por nós mesmos. Uma vez que Ele é amor e amou o mundo, a salvação foi
produzida. Uma vez que o homem tem pecado e uma vez que Deus é amor, muitas
coisas acontecem. Se você não é pobre, não terá necessidade de mim. Por outro
lado, se eu não o amo, mesmo que você seja extremamente pobre, eu não me
preocuparei. A situação hoje é que o homem pecou e Deus amou; portanto, as coisas
começam a ocorrer. Aleluia! Muita coisa está acontecendo porque o homem pecou e
Deus amou. Quando você reúne as duas coisas, o evangelho vem à existência.
O Amor é a chave para herdar a vida
eterna. “Que farei para herdar a vida
eterna?” Foi a pergunta que um intérprete da Lei fez a Jesus, em Lucas
10:25. Jesus replicou com as suas próprias perguntas: “O que está escrito na Lei? Como o interpretas?” Sua resposta foi
previsível, uma vez que Jesus consistentemente mandava os homens de volta para
as Escrituras para responder a todas as perguntas espirituais. Em sua resposta,
o professor da Lei citou os mandamentos para amar a Deus com todo nosso coração
e amar nosso próximo como a nós mesmos. Jesus concordou e, então, acrescentou: “faz isto e viverás” (Lc. 10:28). Jesus
recusava permitir que a discussão de sua palavra ficasse na teoria. Ele exigia
que os homens praticassem o que sabiam. Amar a Deus e ao próximo podem ser
tópicos interessantes para conversa, mas a intenção é que sejam mandamentos
para serem obedecidos, e não filosofias a debater. O intérprete da Lei preferiu
falar sobre como receber a vida eterna; Jesus lhe ordenou que fizesse o que era
necessário para obtê-la.
Considere estes dois mandamentos
cuidadosamente: “Amar a Deus e ao seu próximo”. Os dois próximos parágrafos em
Lucas ilustram o que cada mandamento significa. Para explicar o que significa
amar o próximo, Jesus contou a parábola do bom samaritano. Para exemplificar a
ideia de amar a Deus, Lucas contou a história da visita de Jesus à casa de
Marta e Maria.
O amor pelos irmãos cristãos é
uma marca que distingue o verdadeiro discipulado, e que representa outra área
em que os falsos mestres eram tão apelativamente deficientes. Aqueles que
ficaram sendo coparticipantes da natureza divina, ou, segundo o seu modo de
escrever em primeira de Pedro, aqueles que nasceram de novo, que “foram regenerados, não de uma semente
perecível, mas imperecível, pela Palavra de Deus, viva e permanente” (1:23),
devem demonstrar a realeza do seu comportamento para com outros filhos do Rei,
sejam quais forem as suas diferenças de cultura, classe e afiliação
eclesiástica. Mas é necessário trabalhar este dom. O amor para com os irmãos
acarreta levar os fardos uns dos outros, e assim cumprir a lei de Cristo;
significa guardar aquela unidade dada pelo Espírito da destruição pela
tagarelice, pelo preconceito, pela estreiteza e pela recusa de aceitar um irmão
cristão por aquilo que é em Cristo. A própria importância desta Filadélfia e a
dificuldade de atingi-la é a razão por que ela é consideravelmente ressaltada
nas páginas do Novo Testamento (1 Pe. 1:22; I Jo. 5:1; Hb. 13:1; I Ts. 4:9; Rm.
12:10). Por
causa da fraternidade, Deus envia saúde e bênção para o Seu povo.
Ser participante da natureza
divina, longe de outorgar uma dispensa das reivindicações da ética, tanto as
confirma quanto torna possível a sua realização. Cada passo, disse Bengel, dá
origem ao seguinte, e o facilita. Cada qualidade subsequente equilibra e traz à
perfeição a qualidade anterior.
Cristo é o nosso grande exemplo
de como devemos viver uma vida em amor… como uma oferta de aroma suave. As
ofertas pelo pecado feitas no Antigo Testamento, sem dúvida nunca foram
descritas como de aroma suave. Mas isso é dito acerca de Jesus, a nossa grande
Oferta pelo pecado. Ele deu-Se de modo terno, compassivo e doce, porque nos
amou. Jesus demonstrou, da maneira mais elevada possível o significado de
alguém ser gentil e compassivo para com os seus semelhantes. Eis a razão pela
qual, para o apóstolo Paulo, Jesus foi um sacrifício de aroma suave, devido ao
impulso do amor. O substantivo chrestotes (ou o adjetivo chrestos) algumas
vezes é traduzido por “benigno” ou “bom”, conforme se vê em 1 Pedro 2:3 “...se é que já provastes que o Senhor é benigno”.
Ou conforme se pode ver em Salmos 34:8: “Provai
e vede que o Senhor é bom...”, que se refere à Sua doçura. Esses textos
bíblicos referem-se a experimentar, de maneira pessoal, a gentileza do Senhor.
Podemos ter fé, podemos ter
esperança, podemos falar a língua dos homens e dos Anjos, mas senão tivermos
amor, tudo em nossa vida perde o sentido. O amor nos faz suportar uns aos
outros, nos faz perdoar, nos faz crer, pois o amor não é um fruto da carne e
sim, uma dádiva de Deus (1 Jo. 4:7).
Se somos capazes de amar como Deus
ama, então sentimos este amor fluir de cada um de nós. O homem, porém, que não
manifesta estas qualidades é cego.