A Igreja e a Comunhão “Koinonia”
“E perseveravam na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At. 2:42).
Introdução
Sem o relato
histórico dos “Atos do Espírito Santo” registado por Lucas, teríamos uma grande
lacuna na Igreja cristã. É através do livro de Atos, bem como de outros trechos
do Novo Testamento, que tomamos conhecimento das normas ou dos padrões
estabelecidos para uma igreja governada pelo Cabeça Jesus Cristo no modelo
primitivo. Antes de qualquer outra coisa, temos que entender que a igreja é o
ajuntamento de pessoas com as suas diferenças em congregações locais, unidas
pelo poder do Espírito Santo, que buscam um relacionamento pessoal, fiel e leal
com Deus o Pai e com Jesus Cristo o Filho e, por conseguinte, com os irmãos
(At. 13:2; 16:5; 20:7; Rm. 16:3, 4).
Lucas não
poderia estar equivocado quando utilizou o vocábulo “comunhão” – koinonia
(κοινωνία), tendo em comum (koinos), sociedade, companheirismo - quando se
referiu à Igreja Primitiva. No Novo Testamento, a palavra grega para comunidade
é koinonia, uma comunidade de homens e mulheres que creem em Jesus
Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas. Esta comunidade cristã é a nova
humanidade, que, em união com o Cristo ressurreto, participa no conhecimento do
Filho de Deus (1 Co. 1:9); compartilha da realização dos efeitos do sangue (ou
seja, da morte) e do corpo de Jesus Cristo, conforme é exposto pelos emblemas
da Ceia do Senhor (1 Co. 10:16); participa do que é derivado do espírito Santo
(2 Co. 13:13; Fp. 2:1); participa dos sofrimentos de Cristo (Fp. 3:10);
compartilha da vida e da ressurreição possuída em Cristo e sua energia interior
flui para dentro dela e, por conseguinte, do companheirismo com o Pai e o Filho
(1 Jo. 1:3, 6-7), realizado pelo Espírito Santo na vida dos crentes em
resultado da fé (Fm. 6). É o ideal de Atos 2:44: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum”.
Na
união com Ele, concretizada pelo arrependimento e fé, os pecadores salvos pela
graça de Deus são indissoluvelmente incorporados nesta comunidade, unidos ao
corpo de Cristo. A descrição subsequente expõe de forma muito clara as
considerações dessa igreja. Assim, deve-se ressaltar que os primeiros cristãos
“eram perseverantes (…) na comunhão“. Isso implica em dizer que eles
eram fundamentados na experiência comum do corpo. Portanto, essa igreja primava
com muita diligência pela comunhão com o Espirito Santo e entre os seus
membros, engajados uniformemente em ideias, opiniões, doutrina e ação. Assim,
como os outros pontos ressaltados por Lucas, a comunhão era a essência da
vitalidade da Igreja.
Nenhum volume de
pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e emocionalismo
manifestarão o poder e a presença genuína no Espírito Santo, sem a comunhão dos
santos, mediante a qual os crentes devem perseverar harmonicamente em oração e
súplicas.
No texto acima
referido lemos sobre o relacionamento entre os primeiros cristãos. Eles se
reuniam com alegria para louvar a Deus,
cantando e dançando, pois sabiam que Jesus havia dado a sua vida por
eles. Depois vinha a adoração, o
momento de estar aos pés do Senhor e deixar que Ele transformasse as suas
vidas. O pleno conhecimento do que Deus fez por nós é o que permite a
comunhão com Ele e com os irmãos. Sem isso, podemos até ter reuniões
maravilhosas, mas elas não expressarão a adoração genuína a Deus nem o amor
entre os cristãos.
a) Participando
de uma igreja, os cristãos desenvolvem um relacionamento com os outros filhos
de Deus - a comunhão.
A
comunhão tem a ver com aquela relação pessoal que os cristãos gozam com Deus e
uns com os outros, em virtude de serem unidos a Jesus Cristo. Os cristãos
estavam tão próximos uns dos outros que não ousavam considerar seu o que
possuíam, mas estavam prontos para dividir com os seus irmãos conforme a
necessidade que havia. Quem estabeleceu essa relação foi o Espírito Santo, que
habita em todo o cristão, unindo-o a Cristo e a todos os que são de Cristo.
Isto é a
demonstração da Comunhão que a Igreja deveria ter hoje. Somente quem sabe que
pertence a Cristo pode conviver com pessoas tão diferentes, mas que têm um
mesmo objetivo - agradar a Deus. A força de uma igreja também está na
maneira como os irmãos se relacionam. Lembre-se de que uma casa dividida contra
si mesma não subsistirá. Nenhuma igreja estará agradando ao Senhor enquanto
houver divisões dentro dela. Além disso, uma igreja cheia de divisões e sem
comunhão é um campo fértil para contendas e escândalos. Vamos aplicar os
princípios bíblicos de mutualidade para que a comunhão seja também real em
nossa igreja (Rm. 15:5-6).
Na Igreja
primitiva a comunhão era espontânea, por causa da experiência que cada um dos
membros tinha com Cristo. Mesmo correndo o risco de ser redundante, digo: “A
comunhão da Igreja depende da vida de Comunhão com Deus que cada membro do
corpo de Cristo desfruta“.
Tal verdade é
bem colocada por João em sua primeira epístola, observe: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns
com os outros” (1 Jo. 1:7a). Ora, no verso 6, João mostra com clareza que
Deus não tem trevas; logo aquele que andar em trevas não tem “coisas em comum”
com Ele, não tem comunhão. E o mais maravilhoso diz ele a seguir, afirmando que
se andarmos na luz, do mesmo modo que o Senhor está na luz (isto é comunhão com
o Pai), então, e tão-somente, mantemos comunhão uns com os outros. Aqui está o
segredo da Comunhão entre os participantes da Igreja de Cristo. Não há
separação entre os que estão na Luz, como Deus é: “Deus é luz e nele não existe nenhumas trevas” (1 Jo. 1:5). Todo aquele
que participa de uma vida de intimidade com Deus desfruta da intimidade dos que
procuram intimidade com Deus. Quanto mais perto de Deus estão os participantes
da igreja, mais próximos estão também uns dos outros.
b)
A comunhão tem um papel fundamental na vitalidade da Igreja, e isso é
claramente percebido na experiência da Igreja Primitiva.
Podemos dizer
que a unidade na Igreja Primitiva significava ter o mesmo sentimento, o mesmo
propósito, pensar, agir e sentir. Isso pode ser claramente percebido pela
expressão feita por Lucas, pouco depois: “Da
multidão dos que creram era um só o coração e a alma” (At. 4:32). Esta é a
ideia que é exposta pelo termo “estavam juntos” que literalmente significa
“eram próximos uns dos outros“. Ou seja, viviam uma vida comunitária em
unidade. Veja essa descrição: “Diariamente
perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as
suas refeições com alegria e singeleza de coração“. Mas é importante dizer
que a Igreja Primitiva vivia em unidade e não em uniformidade.
Quando temos um
bom relacionamento com Deus e com os nossos irmãos em Cristo, a nossa vida é
direcionada àqueles que estão ao nosso redor - pessoas que precisam de um gesto
de amor, uma palavra de conforto ou uma expressão de carinho. Os primeiros
cristãos estavam cheios de temor a Deus, tinham tudo em comum e se ajudavam
mutuamente. Todos os dias estavam reunidos para adorar a Deus, presenciavam
muitas maravilhas e tinham a simpatia de todo o povo. Deve ser assim também em
nossa vida diária: devemos demonstrar amor, paciência e perdão; visitar os
doentes ou quem necessite da nossa presença e ajudar os pobres. Estas ações
demonstram o amor de Deus e devem fazer parte da vida do cristão.
A comunhão dos
cristãos com Jesus Cristo tem como modelo, fonte e meta a mesma comunhão do
Filho com o Pai. A comunhão dos cristãos entre si nasce da sua comunhão com
Cristo: todos somos ramos da única videira, que é Cristo. É Cristo que indica
que esta comunhão fraterna é o reflexo maravilhoso e a misteriosa participação
na vida íntima de amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo: “Que todos sejam um como tu, Pai, estás em
mim e eu em ti...” (Jo. 17:21).
c)
A Igreja do primeiro século, dentre as muitas disciplinas e práticas que
possuía, era também caracterizada pela comunhão.
Unidos a esse
Infinito poder nada nos poderá fazer mal. Os crentes depois de instruídos pelos
apóstolos passaram a ter comunhão com eles, porque, quando nos unimos ao Nosso
Senhor Jesus Cristo, nos tornamos um com todos os que são dele e nos tornamos
invencíveis contra as forças do demónio, que constantemente quer nos levar ao
pecado. A comunhão da Igreja Primitiva (Jerusalém), era completa: abrangia a
doutrina (dos apóstolos), a oração, no convívio de “uns com os outros” e nos
momentos de almoço e jantar. É importante saber que, a palavra “perseveravam”
aparece em primeiríssimo lugar. Era uma comunhão perseverante. Não era
interrompida por nada.
d) O nível de
comunhão na Igreja é o resultado da qualidade do seu relacionamento com Deus e
dos relacionamentos interpessoais que Ela possui.
A Palavra diz
que eles perseveravam na comunhão (com Deus e com o próximo). Ora, perseverar
não é simplesmente permanecer, uma vez que permanecer pode significar uma
atitude passiva de estar. Perseverar aponta para uma atitude ativa, uma decisão
de estar em comunhão, a despeito do que possa querer impedir. Aqueles irmãos
entenderam que não havia como ser Igreja de Jesus sem se relacionarem entre si,
sem comunhão. Parece que hoje, quanto mais se evolui na comunicação, menos as
pessoas se relacionam, piores se tornam os relacionamentos interpessoais.
Estamos nos comunicando cada vez pior, porque os contatos pessoais estão cada
vez mais escassos. Parece que as pessoas fogem umas das outras; estão com medo
de se relacionar. São pessoas com medo de pessoas. Crente com medo de crente!
Entretanto, comunhão é uma das bases fundamentais para a vida da Igreja de
Jesus. É uma atitude de abrir-se para os outros, amá-los e deixar-se amar por
eles. Todos nós precisamos ser aceitos e afirmados, mas também aceitar e
afirmar.
Como está a sua
comunhão com os seus irmãos? Se ela estiver estremecida, não importa o motivo,
refazei-a o quanto antes e cuide para que ela nunca seja cortada. Os sinais e os
prodígios que eram realizados na Igreja Primitiva devem-se à comunhão e ao
verdadeiro temor dos crentes. Estes eram comprometidos com a frequência aos cultos,
com a obra social e com o crescimento da igreja em número e qualidade. Chamo
também a sua atenção para o completo e perfeito louvor que o povo dava a Deus e
a alegria que inundava o coração de todos. Com isso, se tornaram simpáticos e
não tinham qualquer rejeição dos de fora da igreja. Aquela igreja se tornou uma
Igreja Exemplar.
e) A vida de
comunhão do Corpo de Cristo, Sua Igreja, é uma necessidade e não pode ser
jamais olvidada, em tempo algum.
Jesus constituiu
Sua Igreja, para viver em comunidade. É importante observar que a Vida em Comum
é derivada da Igreja. Nos dias atuais, é muito comum ouvir e ver as diversas
Comunidades Evangélicas por todos os rincões deste país, porém elas têm que se
organizar em igrejas, para terem um funcionamento reconhecido pelas leis ou se
transformarem em entidades filantrópicas, totalmente assistenciais. Mas o plano
de Deus para a Sua Igreja é que ela viva em comunidade, como viveram os crentes
em Jerusalém.
f) Quando se
fala em comunhão, entende-se que esta palavra envolve o convívio de um grupo de
pessoas, que têm o mesmo objetivo, os mesmos sentimentos e a mesma fé.
Tudo isso
misturado numa única porção, que é chamado de Comunhão. Antigamente, todo o
casamento era feito em comunhão de bens. Não havia as expressões: parcial, nem
total. Com o moderno regime, aparece a palavra parcial, deixando claro que, a
comunhão de bens, é a partir do casamento. No regime anterior, de total
comunhão, eram considerados os bens já existentes. Na vida em comunidade, a
comunhão deve ser total, pois o Espírito Santo é quem realiza esse trabalho que
envolve o amor cristão verdadeiro. Como no casamento, a comunhão só se desfaz
com a morte de um dos cônjuges, na Igreja, a comunhão não deve acabar em tempo
algum, pois mesmo depois da morte física, há não apenas a esperança, mas a
certeza de um encontro eterno nos Céus, onde essa comunhão é perfeita.
g) Comunhão é a
atitude de abrir as nossas vidas para os nossos irmãos e amá-los.
Isso é possível
porque Deus nos fez conhecer e crer em sua maravilhosa obra: Ele se abriu a
todos nós e nos amou incondicionalmente. Deus compartilhou o seu amor,
compartilhou a sua graça, estendeu-nos a mão e nos perdoou. Ele nos aceita como
somos e nos amou quando ainda éramos pecadores. Esse Deus que chega até nós
pela mensagem de seus feitos em nosso favor, e pela comunhão, causa uma mudança
radical em nossas vidas de tal forma que, em resposta, podemos amar os nossos
irmãos.
h) A comunhão
também revela que faço parte de um povo redimido.
O apóstolo Pedro
afirma acerca dos cristãos em sua primeira carta: “vós, porém, sois a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação
completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vós fostes escolhidos
para anunciar os atos poderosos de Deus, que vos chamou da escuridão para a sua
maravilhosa luz. Vós que antes não éreis povo de Deus, mas agora sois seu povo;
antes não conhecíeis a misericórdia de Deus, mas agora já recebestes a sua
misericórdia” (l Pe. 2:9-10).
Somos povo de
Deus por causa de sua misericórdia. Ele não nos chamou para vivermos isolados,
mas para vivermos em comunidade. Deus está preparando uma sociedade perfeita no
céu, onde os relacionamentos serão marcados pelo amor. Entretanto, por
antecipação, Deus já está preparando o seu povo para viver naquela sociedade
eterna. Sendo assim, as misericórdias de Deus nos introduzem numa relação
íntima com ele pela fé e, por extensão, numa relação significativa com nossos
irmãos, pelo amor.
1. A Comunhão Proporciona a Unidade
A unidade da
Igreja não é um resultado do acaso, nem um sentimento passageiro, nem muito
menos um consenso político, mas é proveniente da comunhão, do amor fraterno e,
sobretudo, da transcendente e sobrenatural comunhão que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A unidade da Igreja
não é, portanto, comparável com a unidade de um corpo político, mas é um efeito
da perfeita comunhão.
Pela comunhão, a
Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela,
pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto que assim é que o
relato de Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da
principal missão da Igreja: “E todos os
dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At. 2:47 ).
A comunhão é o
vínculo de unidade mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se
sentirem um só corpo em Jesus Cristo. A palavra grega koinonia traz a
ideia de cooperação e relacionamento espiritual entre os santos. A comunhão da
Igreja Primitiva era completa (At. 2:42). Reuniam-se em oração e súplica, mas
também reuniam-se para socorrer os mais necessitados.
Deus quer e
exige que o seu povo permaneça unido (1 Co. 1.10). Em sua oração sacerdotal, o
Senhor Jesus roga ao Pai pela unidade de seus discípulos (Jo. 17:11). Portanto,
se mantemos o vínculo da comunhão, agradamos a Deus (Ef. 4:3). Sim, esse é o
vínculo da perfeição que tem como base o amor; conforme ensina o apóstolo
Paulo: “com toda a humildade e mansidão,
com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef. 4:2).
A Comunhão da
Igreja agrada a Deus porque ela tem como vinculo o amor, que se traduz em
união, que é a qualidade de ser um, mediante a unidade na diversidade.
Infelizmente, a união que deveria ser encontrada na Igreja nem sempre o é. As
pessoas discordam e causam divisões por causa de assuntos sem importância.
Alguns sentem prazer em causar tensão, depreciando e desacreditando outros.
A unidade espiritual do corpo de Cristo (a igreja) é
uma obra exclusiva de Deus. Não podemos produzir unidade, mas apenas mantê-la.
Todos aqueles que creem em Cristo, em qualquer lugar e em qualquer tempo, fazem
parte da família de Deus e estão ligados ao Corpo de Cristo pelo Espírito. Esta
unidade não é externa, mas interna. Ela não é unidade denominacional, mas
espiritual. Só existe um Corpo de Cristo, uma Igreja, um rebanho, uma Noiva.
Todos aqueles que nasceram de novo e foram lavados no sangue do cordeiro fazem
parte dessa bendita família de Deus. Esta unidade é construída sobre o
fundamento da comunhão com a verdade (Ef. 4:1-6). Não há unidade cristã fora da
verdade.
A Igreja não é
um clube de amigos ou uma associação humana secular; também não é uma empresa.
É o conjunto ou comunhão dos redimidos em Cristo, que compartilham da “unidade
do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef. 4:3).
Na unidade e na harmonia a glória de Deus será
manifesta e a casa “se encherá de fumaça” (Is. 6:4-5). Por
esta razão é que o inimigo de nossas almas investe tanto em destruir a união e a
harmonia do corpo de Cristo, porque assim não iremos proclamar as virtudes de
Deus, essa tem sido uma das maiores lutas que ele tem travado com o povo de
Deus. Povo sem união não vence as batalhas, pelo contrário, é envergonhado
diante dos seus opositores. É tempo de despertar pelas artimanhas que o diabo
tem lançado contra os escolhidos, e contra atacarmos na promoção da unidade.
Assim como o óleo correu da cabeça de Arão, até à sua barba e pelas suas
vestes, também a unção de glória nos cobrirá completamente nestes últimos dias
ao darmos as mãos como irmãos em Cristo, não por afinidade, raça, cor, denominação, mas pelo sangue vertido na cruz
pelas nossas vidas. Ruth Heflin no seu livro “Avivamento em Glória” diz: “Será
impossível sentarmo-nos juntos em lugares celestiais se não pudermos sentar-nos
juntos aqui na terra, unidos pelo Espírito”.
Promover a unidade significa um exército mais forte,
brilhando a glória de Deus e assim ofuscando o brilho deste mundo, e acima de
tudo proclamando juntos as virtudes daquele que nos chamou para a sua
maravilhosa luz.
Em Eclesiastes 4:9-12 fala sobre a força do cordão de dobras, se queremos
formar um exército do Deus vivo aqui neste mundo, então este é momento de nos
tornarmos um cordão de muitas dobras. É tempo de reunir forças e dar suporte
uns aos outros, porque juntos somos melhores.
A unidade dos cristãos é essencial para a realização
plena deste modo de ser Igreja. A oração pela unidade dá testemunho da
consciência pessoal e coletiva dos cristãos de que o atual “”modo de ser
Igreja” ainda não realiza plenamente o seu “dever”. Isto não tira nada à
afirmação da Igreja Evangélica de que nela subsiste a plenitude da Igreja de
Cristo. Lembra, simplesmente, que esta plenitude teologicamente afirmada não
dispensa, antes torna ainda mais urgente o empenho para que se cumpra a oração
de Cristo: “a fim de que todos sejam um
só; e como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para
que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo. 17:21).
Como
discípulos de Cristo, nosso alvo deve ser trabalhar humildemente para manter a
unidade, “se possível, quanto depender de
vós, tende paz com todos os homens” (Rm. 12:18). Essa admoestação não é
simples de se ouvir e praticar, contudo Deus não ouve desculpas nestes dias do
fim. É unidade ou não é. O segredo para agirmos dessa forma é focarmos cada vez
mais os nossos olhos em Jesus, e não nas pessoas ou no que elas fizeram por
nós, até porque Jesus pagou o mesmo preço na cruz por mim e por elas. Olhemos
para o nosso alvo e autor de nossa fé, Jesus, e quanto depender de mim, terei
paz com todos os homens.
Estamos aqui num
ambiente de unidade mística e espiritual, antes de união apenas física ou
humana, embora sejam próprias também da Igreja, mas estas devem ser reflexo da
comunhão de vida no amor e na fé.
O primeiro
efeito da comunhão estabelecida pela salvação é, como nos mostra o apóstolo
Paulo, na epístola aos Efésios, a consciência da vocação, ou seja, do chamado
de cada um.
Quando verificamos que somos “parte do corpo”, procuramos descobrir “que parte”
somos, onde o Senhor nos quer pôr, a fim de que contribuamos para o crescimento
da Igreja e para o desempenho das tarefas. A consciência da vocação, do chamado
(Ef. 4:1) é fundamental para quem vive em comunhão.
Como as igrejas locais têm sofrido por não haver uma
busca desta consciência da vocação por parte dos crentes. Muitos têm
procurado estabelecer o seu lugar na igreja local através de sua posição
social, de sua situação económico-financeira, de sua escolaridade, de seu
parentesco, de seu tempo de filiação e de suas habilidades. Transformam a
igreja local num grupo social qualquer, numa instituição onde todos estes
fatores são determinantes para o estabelecimento de posições, de
relacionamentos entre os integrantes.
No entanto, quando temos comunhão com Deus, sabemos
que somos parte do corpo de Cristo e que, assim sendo, temos um lugar que é
determinado pelo Senhor e que devemos ocupá-lo para fazermos a vontade de Deus. Não adianta
querermos ser algo que o Senhor não quer que sejamos. Não adianta queremos
agradar a A ou a B e sermos aquilo que o Senhor não quer que sejamos. Na
Igreja, para estarmos em comunhão, é preciso estarmos no lugar determinado pelo
Senhor, ter a plena consciência da nossa vocação, da nossa chamada.
Há
uma tendência a vincular o assunto “chamada” com o ministério, ou seja, com o
exercício de atividades pastorais, o que, porém, não é correto. Todos nós fomos
escolhidos por Cristo para pertencermos à Sua Igreja (Jo. 15:16a) e a cada um o
Senhor tem dado um determinado papel, uma determinada atividade, por mais simples
que ela seja. Lembremo-nos de que, na parábola dos talentos, ninguém ficou sem
receber pelo menos um talento. Por isso, é imperioso que tenhamos consciência
de nossa vocação, pois este é o primeiro factor a nos mostrar que estamos em
comunhão.
O segundo efeito
da comunhão é o andar digno da vocação com que se é chamado (Ef. 4:1). A partir do
instante que temos consciência de que fomos chamados por Deus e que lugar é
necessário ocupar na igreja local, devemos nos comportar de modo a sermos
dignos deste chamado. Assim, não somente devemos andar em santidade, separados
do pecado, como também conforme o chamado que recebemos do Senhor. Dependendo
de nossa posição na casa do Senhor, portanto, devemos exercer as nossas
atividades e dedicarmo-nos a algumas tarefas, sempre com o propósito de
servirmos a Deus. Um músico, por exemplo, deve se dedicar ao estudo de seu
instrumento, enquanto que aquele que é professor, deve se esmerar no estudo da
Palavra de Deus e assim por diante.
Se cada um andar como é digno da vocação com que se
é chamado, a igreja demonstrará uma unidade e um ajuste que o resultado não
será outro senão o crescimento e a edificação em amor (Ef. 4:16). Em muitos
lugares, como há luta por espaços, como há verdadeiras batalhas e lutas entre
os “irmãos” para determinadas funções e posições, o resultado é tão-somente o
esfacelamento do grupo social, as divisões, as pelejas, o escândalo que arruína
a vida espiritual de muitos e proporciona apenas morte e tristeza. Tem-se nesta
indignidade de andar um espaço aberto para a rebelião, que a Bíblia equipara ao
pecado de feitiçaria (1 Sm. 15:23), ou seja, tem-se a atuação direta do inimigo
e das hostes espirituais da maldade em lugares onde deveria estar a presença de
Deus. Não nos esqueçamos da rebelião de Datã, Abirão e Corá e de seus nefastos
efeitos (Nm. 16:1-35)!
Cada um deve ter
a consciência de seu papel e exercê-lo na direção do Espírito Santo, não
almejando aquilo que não lhe pertence e, dentro de seu papel, ajudando a todos
quantos estão a exercer outras funções, igualmente importantes e das quais se
necessita para o pleno desempenho de seu papel, pois todos são “parte do
corpo”. Não somos apenas “tricotados” na igreja local, não temos caminhos
próprios, não temos “carreiras eclesiásticas”, mas somos membros uns dos
outros.
Para andar como é digno da nossa vocação, o apóstolo
Paulo nos diz que devemos andar com humildade, mansidão, longanimidade,
suportando-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2). Precisamos de ser
humildes, ou seja, não só nos colocarmos debaixo da potente mão de Deus (1 Pe.
5:6), reconhecendo a nossa pequenez diante de Dele e nos submetendo à Sua
vontade, negando-nos a nós mesmos (Mc. 8:35; Lc. 9:23), como também
considerando os outros superiores a nós mesmos (Fp. 2:3). Uma das provas da comunhão com Deus é um comportamento que evita o
“estrelato”, os “holofotes”, a “superexposição”. Um dos grandes adversários
dos crentes tem sido a fama, o prestígio adquirido com o sucesso na obra do
Senhor. Muitos têm caído na mesma armadilha do rei Uzias e, lamentavelmente,
envaidecem-se a tal ponto que a soberba os domina e acabam caindo da graça,
humilhados publicamente por causa do pecado cometido, visto que aquele que se
exalta, será humilhado (Lc. 18:14).
A comunhão faz-nos que sejamos mansos. A mansidão, uma
qualidade do caráter de Cristo Jesus, assim como a humildade (Mt. 11:29), é uma
das qualidades do caráter gerado pelo Espírito Santo na nova criatura (Mt. 5:5;
Gl. 5:22). Ser manso é ser brando na maneira de se expressar, doce, meigo e
suave. Ter autocontrolo para se relacionar com as pessoas, não as magoando, mas
respeitando o seu modo de ser, de modo tranquilo, sereno, sem agitação. O salvo
tem de ser manso, notadamente quando for indagado a respeito da razão da
esperança que tem (I Pe. 3:15). Nos dias em que vivemos, é fundamental que nos
mostremos mansos, que não sejamos impiedosos e ferozes como eram os fariseus
nos tempos de Jesus.
A comunhão faz-nos que sejamos, também, longânimos,
ou seja, que tenhamos “longo ânimo”, que sejamos pacientes, que tenhamos
condições de suportar as diferenças dos outros, a fraqueza espiritual de
muitos, a dureza de coração de tantos outros. Ser longânimo é suportar com
firmeza as contrariedades, os malogros, os fracassos e as dificuldades em
benefício de outrem. É ter em vista as coisas sublimes e realmente importantes
e não se prender a coisas de somenos importância, que a nada leva a não ser à
discórdia, ao escândalo e à morte espiritual.
A comunhão põe em prática o amor divino que nos foi
derramado pelo Espírito Santo (Rm. 5:5). Quando estamos em comunhão, passamos a
suportar os demais irmãos em amor, ou seja, não é que “façamos força para
engolir o irmão A ou B”, mas, por amor, por saber que aquele irmão foi salvo
por Jesus, tem grande valor para Deus, nós aceitamos as contrariedades que ele
nos provocou, com prazer e resignação, porque nós o amamos e este amor não é o resultado
do bem que nos fez, mas, sim, um amor incondicional, desinteressado e gratuito.
O terceiro
efeito da comunhão é a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef. 4:3), unidade esta
que é descrita pelo apóstolo como sendo a circunstância de termos “um só corpo e um só Espírito, chamados em
uma só esperança da vocação, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus
e Pai de todos” (Ef. 4:4-6). A missão do crente é preservar a unidade do
Espírito pelo “vínculo da paz”.
Ser um só corpo (que significa que cada parte faz coisas para as outras), como vimos, é
resultado de cada um ter a consciência de que é “parte do corpo de Cristo”
(a assembleia de todos os que vivem no céu e os salvos na Terra). Esta consciência faz com que não só
saibamos o que fazer na igreja local, como a própria igreja local tem a noção do
que representa na igreja universal. Paulo demonstrou esta consciência à igreja
em Corinto, que, aliás, carecia dela (1 Co. 3). Como é triste verificarmos que
muitos se acham “proprietários das chaves dos céus”, de que só a sua
denominação ou o seu ministério é que tem condições de levar alguém para a vida
eterna, como também aqueles que, por insubmissão e rebeldia, resolvem “afundar”
as suas igrejas, sem qualquer direção divina, mas única e exclusivamente por
vaidade, quando não por ganância.
Ser um só corpo
não significa, em absoluto, que a igreja deva ter apenas uma organização
humana, deva ser uma única instituição, como tem sido preconizado pelo chamado
“movimento ecumenista”, capitaneado pela Igreja Romana notadamente após o
Concílio Vaticano II, que se encerrou em 1965, mas, sim, que a igreja universal
é única, o único corpo de Cristo, uma nação espiritual que, entretanto,
comporta, sim, uma multiformidade, ou seja, uma multiplicidade de formas e de
organizações, até porque, pela igreja é que se faz conhecida a multiforme
sabedoria de Deus (Ef. 3:10). A igreja é um testemunho do talento, da
habilidade e da sabedoria de seu Arquiteto.
Ser um só corpo, porém, exige de cada salvo a
consciência de que somos todos “parte do corpo”, ou seja, de que precisamos
trabalhar, todos, sem exceção, em harmonia, sem choques, sem disputas, sem
dissensões.
Este é o verdadeiro “espírito”, esta é a verdadeira “unidade do corpo de
Cristo”. Precisamos de reconhecer que cada um, do modo determinado por Deus,
está na face da Terra para realizar a obra de Deus e que, cada um fazendo a sua
parte, o que não se pode fazer de forma solitária ou individualista, mas
mediante a união de um em relação aos outros, o Senhor também cooperará e
confirmará a Palavra com os sinais (Mc. 16:20).
Entretanto, o
espírito de competição e de concorrência, que domina o sistema económico
mundial, também chegou à Igreja, que, infelizmente, convive, na atualidade, com
um verdadeiro “mercado religioso” ou um “mercado da salvação”, uma disputa por
crentes e por fiéis que está aumentando a cada dia. Tudo isto é perda de
comunhão com Deus, é falta completa da consciência de que há um só corpo e que
todos devem se completar uns aos outros para que haja um verdadeiro e genuíno
crescimento ajustado da Igreja.
Ser um só Espírito significa que devemos seguir uma
só orientação e direção, a direção do Espírito Santo, a Pessoa divina que o
Senhor Jesus nos enviou para não nos deixar órfãos, para nos guiar, ensinar e
anunciar tudo o que tiver ouvido (Jo. 16:13-15). O Espírito
Santo é Deus e, como tal, devemos prestar-Lhe irrestrita obediência, buscando sempre
a Sua orientação para todas as tarefas que iremos desempenhar, a fim de que
outras pessoas também desejem o mesmo. Paulo, mesmo tendo sido chamado e
separado para pregar o evangelho aos gentios, não ousava pregar o Evangelho sem
a devida direção e orientação do Espírito Santo (At. 16:1-10). Os apóstolos,
mesmo tendo sido postos pelo próprio Jesus para liderar a igreja, não ousaram
tomar qualquer decisão no concílio de Jerusalém sem antes saber qual era o
parecer do Espírito Santo (At. 15:28).
A comunhão leva-nos a ser sensíveis à voz do
Espírito Santo, que é uma característica que sempre deve existir na Igreja (Ap.
2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). Ouvir não é ter orelhas, pois, mormente
nos dias em que vivemos, muitos têm orelhas, mas não ouvem o Espírito Santo,
preferindo antes amontoar para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências (2 Tm. 4:3, 4). Ser um só Espírito é estar atento ao que o
Espírito Santo diz e o que o Espírito Santo diz é o que está na Palavra de
Deus, na Bíblia Sagrada, visto que a Palavra é a espada do Espírito (Ef. 6:17)
e o Espírito tem por função glorificar a Cristo, que é a Palavra de Deus (Jo.
1:1).
Só há um
Espírito Santo, que é completo e, por isso, não se pode permitir que outros
espíritos venham a ter lugar nas igrejas locais, inclusive seres angelicais. Há
um só Espírito, um Espírito que é completo (daí a expressão “setes espíritos de
Deus” (Ap. 3:1), que representa plenitude e que, portanto, não deixa espaço
para qualquer outro ser em Suas tarefas.
Há uma só esperança de vocação. A comunhão,
além de gerar a consciência do chamado de cada salvo, dá a cada membro da
Igreja a mesma esperança. Todos estamos esperando Jesus. Todos estamos
esperando a glorificação dos nossos corpos para que desfrutemos a eternidade
com o Senhor. A Igreja tem esta esperança e, por causa dela, dia após dia se
purifica a si mesma, sabendo que o Senhor é puro e que somente os limpos de
coração verão a Deus (1 Jo. 3:3; Mt. 5:8). Santificar-se, i.e., separar-se do
pecado, não se envolver com as coisas desta vida, não ajuntar tesouros nesta
terra, são características de quem tem comunhão com Deus, que pensa nas coisas
que são de cima e não nas que são da terra (Cl. 3:1, 2).
A comunhão mostra-nos, com clareza, onde está a
nossa esperança, em quem e o que devemos esperar. Quem tem
comunhão com Deus comporta-se como peregrino nesta Terra (Sl. 119:19), a
exemplo de Abraão, o pai da fé (Gn. 23:4) e dos demais heróis da fé (Hb.
13:13-16). Quando vemos pessoas que se dizem servas do Senhor mas que estão
completamente envolvidos com as coisas desta vida, podemos notar que são
pessoas que partem rapidamente para a morte espiritual, se é que já não a
alcançaram (Mt. 13:22).
Há um só Senhor, ou seja, a Igreja tem uma única
cabeça, o Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele é o Sumo
Pastor (I Pe.5:4). Quando estamos em comunhão com Deus, temos esta consciência
de que somos servos e que há um só Senhor. Na Igreja, todos sabem que não são
melhores do que os outros e que os maiores existem para servir os menores (Mt.
20:26; Mc. 10:43). Os falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos
procuram arrebanhar pessoas à sua volta, procuram criar subterfúgios e falsos
ensinos para fazer valer a sua “autoridade” sobre os crentes, por intermédio de
“novas unções”, “coberturas apostólicas” e coisas desta natureza, que nada mais
são do que enganos e provas de que são pessoas que estão fora da comunhão do
Senhor. Há um só Senhor e não há qualquer mediador entre Deus e os homens, a
não ser Jesus Cristo homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos (1
Tm. 2:5-6a).
Por isso, a comunhão com Deus impede o mercenarismo,
a simonia, ou seja, o amor ao dinheiro. Com efeito, como ensina o Senhor Jesus,
não se pode servir a dois senhores: ou se serve a Deus ou se serve às riquezas
(Mt. 6:24; Lc. 16:13). Como, na “koinonia”, há um só Senhor, vemos que não é
possível estar em comunhão com o coração nos tesouros desta terra (Mt. 6:19,
21). Vemos, pois, quão longe da genuína e autêntica Igreja estão os falsos
mestres, movidos pela ganância, pela avareza e que só enxergam no povo de Deus
uma forma de fazer negócios, de enriquecimento - cada vez mais fácil, aliás (2
Pe. 2:1-3).
Há uma só fé, ou seja, a verdadeira fé, a única fé é
aquela que é nascida pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm. 10:17), que testifica de Jesus Cristo (Jo.
5:39). A comunhão faz com que tenhamos fé apenas em Jesus, ou seja, na Sua
Palavra, abandonando, assim, as fábulas, as crendices, as superstições, os
pensamentos filosóficos e científicos. Muitos se têm apartado da simplicidade
que há em Cristo Jesus (2 Co. 11:3), sendo enganados pelo adversário de nossas
almas e passando a crer em tudo menos na Palavra de Deus. Entretanto, a fé é
única e sem esta única fé não poderemos, de modo algum, alcançar a salvação e,
consequentemente, a comunhão (Ef. 2:8) que sustenta a vida espiritual de modo
parecido como o alimento material mantém a vida do corpo.
Há um só batismo, ou seja, somente se ingressa no
corpo de Cristo por intermédio do novo nascimento, da operação do Espírito
Santo na vida daquele que, convencido pelo Espírito Santo, arrepende-se dos
seus pecados e passa a viver uma nova vida na fé do Filho de Deus (Gl. 2:20). Este batismo a
que Paulo se refere não é nem o batismo nas águas, nem o batismo com o Espírito
Santo, mas o batismo por ele próprio mencionado em 1 Coríntios 12:13, ou seja,
o ingresso no corpo de Cristo através da regeneração, da salvação. Ninguém pode
entrar no reino de Deus a não ser nascendo da água e do Espírito (Jo. 3:5),
i.e., crendo na pregação do Evangelho que é o poder de Deus para a salvação e
sendo convencido pelo Espírito Santo.
Isto é muito
importante porque, nas igrejas locais, há muitos que ali estão não porque foram
“batizados num só Espírito” nem tampouco porque tenham nascido de novo, mas porque
pertencem ao grupo social por tradição familiar, por simpatia ou, mesmo, por
religiosidade, quando não, como tem sido cada vez mais frequente, por
interesses materiais. Estes não estão em comunhão, porque só há um batismo, não
há muitas maneiras de se ingressar no corpo de Cristo, só há uma forma, apenas
um caminho, e esta forma exige fé na Palavra e o convencimento do Espírito
Santo, ou seja, o novo nascimento.
Lamentavelmente
há muitos que acham que podem entrar no céu pela janela, mas a única entrada
possível é pela porta, que é o próprio Jesus (Jo.10:9), Aquele que é pregado na
Palavra e que o Espírito Santo trabalha para que seja glorificado. Quem não
entra pela porta, é ladrão e salteador (Jo. 10:8). Não há, pois, como se
ingressar no reino de Deus a não ser pelo sangue de Cristo vertido na cruz do
Calvário (Ap. 22:14), foi o valor pago a Deus em sacrifício pelos nossos
pecados. O valor do sangue de Cristo não tem preço, é inestimável, pois foi com
ele que a minha vida foi comprada. Você já parou para pensar quanto vale a sua
vida?
Há um só Deus e Pai de todos, O Qual é sobre todos,
e por todos e em todos. A comunhão traz-nos também a certeza de que há um
só Deus e Pai de todos, ou seja, pela comunhão sentimos o amor de Deus e o Seu cuidado
paternal por cada um de nós. A “koinonia” faz-nos ter a consciência de que
somos filhos de Deus, de que fomos feitos filhos de Deus e que isto não é um
merecimento nosso, mas fruto da graça divina, da Sua infinita misericórdia. Por
isso, nossa comunhão é com o Pai e com o Filho (1 Jo. 1:3).
A comunhão da Igreja leva-nos a ver cada irmão como
filho de Deus, como alguém dotado de uma posição privilegiada na ordem cósmica,
como alguém que é fruto do amor divino e que, por isso, tem de ser considerado,
respeitado e dignificado. É Deus de todos, ou seja, não faz aceção de pessoas
e considera a todos os salvos igualmente. Além do mais, a comunhão faz-nos
perceber que Deus está sobre todos nós, ou seja, é soberano, Alguém que deve
ser objeto de adoração e obediência; que Deus está por todos, ou seja, que Ele
sempre está trabalhando a nosso favor, é um Deus que intervém na criação, que
não nos abandona e um Deus que está em todos, ou seja, que habita em cada
salvo.
Como, então, sermos parciais na Igreja? Como
tratarmos bem alguns e não outros? Como fazer aceção, como, aliás, desde a
igreja primitiva, ocorria, como vemos registado na carta do apóstolo Tiago, ele
próprio pastor da igreja em Jerusalém (Tg. 2:1-13). Tal comportamento demonstra
que não se está em comunhão com o Senhor.
Vemos, pois, que quem nega a divindade de Jesus,
quem nega Sua condição de Filho de Deus não pode estar em comunhão com o Pai e,
portanto, não pertence à Igreja de Deus. Reconhecer Deus como Pai é “ipso facto”
reconhecer Jesus como o Filho, pois quem nega o Pai, nega o Filho. Eis, pois,
um importante factor de identificação do povo de Deus, que tem comunhão com o
Pai, com o Filho e com o Espírito Santo (1 Co. 1:9; 2 Co. 13:14; 1 Jo. 1:3).
2. A Riqueza da Comunhão Está na sua Diversidade
Contemplando a
Trindade, que é Una na diversidade das três Pessoas, entendemos que a unidade
não se faz pela uniformidade, ou seja, não se exige que todos os salvos tenham,
em todos os lugares e em todas as épocas, a mesma forma, o mesmo modo, a mesma maneira
de servir a Deus, mas que sejam sinais de comunhão, de partilha, de esperança
para este mundo tão dividido, individualista e sem esperança.
A comunhão
proporciona a união, que é a qualidade de ser um, mediante a unidade na
diversidade, que nos leva a aceitar as formas diferentes de manifestações de
adoração, de cânticos, de fala, de ações de cada um, e que nos leva a preservar
as verdades absolutas da Palavra de Deus e nos une nessas verdades absolutas,
rejeitando aqueles que não guardam as verdades absolutas de Deus (1 Co.
3:10-11).
A própria
metáfora utilizada na bíblia para a Igreja – a do corpo humano – demonstra que
a igreja experimenta a unidade mediante a diversidade. O corpo possui muitos
órgãos, todos eles contribuindo para o desempenho ótimo do corpo... Todos,
entretanto, funcionam sob a direção do mesmo Espirito, edificando a Igreja com
o melhor dos dons que Deus lhes concedeu. Como disse o apóstolo Paulo, na
Igreja, temos a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef. 4:3).
Ora, se existe
um vínculo (em grego, a palavra é “sundesmos” – σύνδεσμος), é porque existe uma
ligação, algo que junta dois ou mais seres, ou seja, não se trata de um único
ser, mas de um conjunto de seres. Somos o corpo de Cristo, mas, também, “seus
membros em particular”, isto é, não perdemos a nossa individualidade, as nossas
características próprias quando nos unimos ao Senhor e à Sua Igreja.
Esta é uma das
grandes riquezas do povo de Deus que, muitas vezes, é desprezada e até alvo de
ataque por alguns menos avisados e que não conhecem bem a Palavra de Deus. O
povo de Deus tem um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de
todos, mas é um povo formado por pessoas que são diferentes umas das outras,
que têm grupos que se distinguem por causa de sua cultura, de seu modo de
viver, de seus costumes e de sua maneira de servir a Deus.
Todos são
santos, todos têm de ser separados do pecado, todos têm que experimentar um
Deus amor e comunhão com um projeto de libertação, de ternura, de
compassividade e capacidade para ir ao encontro do outro e lhe prestar ajuda
nas horas mais difíceis, todos devem servir ao mesmo Senhor, ter a mesma fé,
ter o mesmo batismo, ter o mesmo Pai. Todos são irmãos e, portanto, devem se
amar uns aos outros, não devem promover dissensões, lutas e pelejas entre si,
porque produzem o fruto do Espírito e não as obras da carne, mas, nem por isso,
são iguais. Deus, aliás, não fez uma pessoa igual ou idêntica a outra sobre a
face da Terra e, como a Igreja é formada por seres humanos, naturalmente que
será um grupo de pessoas que diferem entre si.
A
Bíblia mostra-nos que o Espírito Santo é um só, é o mesmo, mas atua por
intermédio de diversas atuações (1 Co. 12:4-6), a confirmar, pois, que, no
corpo de Cristo, como em qualquer corpo, embora se tenha uma unidade, existem
elementos que diferem uns dos outros, mas cujas diferenças, além de
necessárias, servem para reafirmar a unidade do corpo. Esta aparente
contradição é encontrada na raiz da própria palavra “igreja”, que, como
sabemos, é o conjunto dos “reunidos para fora”. Por estarem reunidos, trata-se
de um corpo, de uma unidade, mas por serem indivíduos que foram postos “para
fora”, não são uma massa uniforme, um agregado de mesmices, mas pessoas que
estão “fora”, ou seja, que foram “apartadas”, “afastadas” de outras, que
continuam sob o domínio do mal e do pecado. Por isso, são “diversas”, pois a
palavra “diversa” tem origem no latino “diversus”, que significa precisamente
“apartado”, “separado”.
Lembramos que a
palavra grega para “diversidade”, no Novo Testamento, é “diairésis”
(διαίρεσις), cujo significado é o mesmo, ou seja, “variedade” no sentido de
“distribuição, divisão, separação”.
A sabedoria de
Deus é “multiforme” (Ef. 3:20), assim como é “multiforme” a Sua graça (I Pe. 4:10), de modo que não podemos, de
forma alguma, exigir que todos os salvos tenham a nossa mesma “forma”, o nosso mesmo “jeito”. Identificamos um salvo não
pela sua aparência, não pelo seu modo de servir a Deus, mas, sim, com o “olhar
de Barnabé”, i.e., verificando se, no grupo social que encontramos, naquela
igreja local com que nos deparamos, há a “graça de Deus” e o “propósito do coração para permanecer no
Senhor” (At. 11:23).
a) A unidade do
Espírito é feita, pela existência de um andar digno da vocação do Senhor, com
humildade, mansidão e longanimidade, pela presença de um só Espírito, de uma só
esperança, de um só Senhor, de uma só fé, de um só batismo, de um só Deus e Pai
de todos.
O Senhor
tirou-nos do meio de uma sociedade moralmente apodrecida, tirou-nos das trevas
morais e nos fez entrar em Seu Reino de Luz, onde tudo se baseia nos princípios
da verdade e do amor. Por isso, vivamos de acordo com a nossa vocação. No mundo
impera o egoísmo, a vaidade, o orgulho e a exploração dos outros para o
proveito próprio. Frequentemente, aquele que é mais insolente e agressivo
alcança um sucesso maior. Daí provem inimizades, brigas e outros males que
arruínam a sociedade humana. Para evitar isso, nós devemos ser humildes e
dóceis e em tudo manifestarmos a paciência e o amor. É maravilhoso que na base
da perfeição espiritual, o apóstolo coloca a virtude com a qual o Senhor
iniciou o Seu Sermão da Montanha, ou seja, a humildade ― uma opinião modesta a
respeito de si mesmo aliada à esperança da ajuda de Deus (bem aventurados os
pobres de espírito). Da humildade nasce a docilidade que impede qualquer
desavença. A meta comum deve ser “conservar a unidade de espírito (unanimidade)
no vínculo da paz”.
Havendo estas
características no meio de um certo grupo de pessoas, devemos reconhecê-lo como
parte da Igreja e nos unirmos a ele com o “vínculo da paz”, ou seja, devemos
viver em harmonia com este grupo, dedicando-nos a servir a Deus da nossa forma,
atendendo à nossa vocação, enquanto aquele grupo também o faz do modo
determinado pelo Senhor a eles. Não podemos contender nem lutar com eles, mas
cada qual, pelo vínculo da paz, fazer o trabalho que é o mesmo: o da pregação do
Evangelho e preparação dos salvos para a volta do Senhor. Vamos desejar viver a
alegria da autenticidade cristã porque podemos, sim, ser melhores cristãos.
Podemos, sim, estar mais próximo de Deus. Podemos, sim, estar mais próximos do
próximo. Podemos, sim, conscientemente e disciplinadamente cultivar melhores
hábitos no nosso comportamento que irão nos projetar para uma legítima comunhão
mais íntima com o Pai.
Um reino
dividido contra si mesmo é devastado, como ensinou o Senhor Jesus (Mt. 12:25,
26). Por isso, o adversário de nossas almas tem conseguido causar grande
prejuízo à obra de Deus porque consegue criar, no meio do povo de Deus, o
espírito de divisão, o ânimo da competição, gerando brigas, disputas e lutas
entre quem deveria ser irmão. Este espírito faccioso tem origem diabólica (Tg.
3:15, 16), gerando tão-somente perversão e animalidade. Fujamos, pois, de tal
comportamento, buscando estar debaixo da mão potente de Deus, em comunhão com
Ele e com o Príncipe da Paz, pois temos paz com Deus (Rm. 5:1) e, quanto
depender de nós, devemos ter paz com todos os homens (Rm. 2:13), o que
significa termos, sempre, paz com os irmãos (I Ts. 5:13).
b)
A unidade na diversidade, a diversidade com unidade permite que se tenha a paz
entre os irmãos, entre os membros do corpo de Cristo e o resultado disto é o
crescimento bem ajustado de todo o corpo em amor (Ef. 4:15, 16).
Seguir a verdade em amor (v.15): O significado
literal é “sendo verdadeiro em amor”, no sentido de “viver” e “praticar” a
verdade. Mas há um detalhe muito importante: “em amor”. Muitos falam a verdade,
mas não têm amor. Outros têm amor, mas em nome desse amor, abrem mão da
verdade. Como escreveu Stott, “a verdade se torna ríspida se não for
equilibrada pelo amor; o amor torna-se frouxidão se não for fortalecido pela
verdade”.
Cooperar uns com os outros v. 9, 16): Aqui Paulo
revela um dos segredos do crescimento da igreja: quando todo o corpo está “bem
ajustado e consolidado pelo auxílio de toda a junta, segundo a justa cooperação
de cada parte”. Significa que a maturidade espiritual da igreja depende de
quanto cada membro está fazendo a sua parte, no sentido fazer, pelo menos três
coisas: aperfeiçoando outros para o serviço; “Conhecendo melhor o varão
perfeito, que é Jesus; e tendo cuidado com os ventos de doutrina”.
O vínculo da paz
permite que cada um exerça a função para a qual foi chamado, que cada grupo
cumpra o seu propósito para o Senhor e, como consequência disto, há uma
operação conjunta, há um desenvolvimento da obra de Deus, o seu crescimento em
amor, pois o amor é o “DNA” do povo de Deus.
Fala-se muito em
crescimento de igrejas na atualidade, havendo dezenas, senão centenas de
estratégias, de modelos, de visões e de mecanismos para o crescimento da
Igreja. No entanto, o único modelo, estratégia, visão e mecanismo a funcionar é
o crescimento em Cristo, que é a cabeça, mediante o seguir da verdade em amor
(Ef. 4:15). Quando estabelecemos a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz”,
comunhão fundamentada em amor para que o mundo saiba que Cristo vive em nós, o
resultado só pode ser o crescimento da Igreja, seja em quantidade, com o
agregar daqueles que hão-de se salvar, seja em qualidade, mediante a maturidade
espiritual dos salvos.
O Salmo 133 revela esta realidade. Ao falar da
vida em união que deve haver entre os irmãos, o salmista revela que, somente
num ambiente de união, o Espírito Santo atua plenamente; somente num ambiente
de união, cada membro em particular do corpo de Cristo (figurado por Arão, o
escolhido para o sacerdócio) se deixa envolver plenamente pelo Espírito Santo
(figurado pelo azeite); somente num ambiente de união, o refrigério do Espírito
Santo pode nos consolar e nos permitir, mesmo neste mundo de sequidão e
necessidade, termos a paz, a alegria e o amor divinos (figurados pelo orvalho
de Hermom); somente num ambiente de união, a Igreja prossegue vitoriosa para se
encontrar com o seu Senhor nos ares, cheia de vida espiritual e abençoada nos
lugares celestiais em Cristo (Jo. 15:5, 6; Ef. 1:3), porque é no ambiente de
união que “…o Senhor ordena a vida e a
bênção para sempre” (Sl. 133:3).
c) Para sermos
unidos é preciso estarmos integrados em Cristo, ou seja, termos o absoluto
comando da cabeça, do Senhor Jesus.
No momento em
que abrimos os olhos todas as manhãs nos deveríamos ver integrados em Cristo e
totalmente gratos pelo novo dia, pela nova oportunidade, pelo Sol, pelos
pássaros, pela brisa da manhã, enfim, são ilimitadas as bênçãos que estão a
nossa disposição.
O
cristão não é um ser isolado, mas uma pessoa que é membro de um corpo – o corpo
de Cristo, uma pessoa que está integrada diretamente com a Fonte, que está unida
com o seu Pedaço de Deus e que precisa de nutrir esta integração da forma mais
grandiosa que puder. Precisamos de dar graças, precisamos de dizer pelo menos
um “olá” para esta Verdade que se mostra dentro de nós. A sua vocação é seguir
Cristo, integrado numa família de irmãos que partilha a mesma fé, percorrendo
em conjunto o caminho do amor. Por isso, a vivência da fé é sempre uma
experiência comunitária. É no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa
fé nasce, cresce e amadurece e é na comunidade, unida por laços de amor e de
fraternidade, que a nossa vocação se realiza plenamente.
Somente quando
renunciamos a nós mesmos, de modo consciente e voluntário, sem perdermos nossa
individualidade, mas a submetendo à vontade do Mestre, poderemos propiciar o
crescimento da Igreja em amor. Por isso, denominamos esta missão da Igreja de
“missão conciliadora”, pois trata-se de “conciliarmos”, ou seja, “entrarmos em
acordo”, “fazermos aliança”, “harmonizarmos”, “unirmos os sentimentos” com
Deus. Na comunhão, tornamos real e concreto em nossas vidas o desejo expresso
pelo Senhor na oração que nos ensinou: “seja
feita a Tua vontade assim na terra como no céu”. Ao promover a comunhão com
Deus e uns com os outros, tornamos realidade e facto a vontade de Deus na
Igreja, por nosso intermédio, levando-nos todos a construir assim, uma família
de Deus na terra, através da qual o Espírito Santo realize sinais e prodígios.
É
através deste poder que vem do nosso Sentir, da nossa integração com a fonte,
que vamos alcançando e conquistando o refinamento necessário para que possamos
ter atitudes mais nobres, coerentes, conscientes e principalmente impregnadas
de um Valor que trará um diferencial positivo para o mundo.
d)
A comunhão dos santos é fundamental para que a Igreja desempenhe as suas
tarefas.
É,
aliás, uma de suas missões a construção e a manutenção desta comunhão, missão
que não é apenas das lideranças, nem tampouco dos ministros, mas de cada crente
em particular. Somente quando tomamos consciência do que significa ser “parte
do corpo de Cristo”, de sermos “varas da videira verdadeira” é que poderemos,
com êxito, fazer tudo aquilo que nos está proposto pelo Senhor, e assim a nossa
tempestade vai passar e experimentamos uma realização que nunca tivemos antes
em toda a nossa vida. Estamos a perseverar na comunhão do Senhor?
e)
A diversidade, quando colocada ao serviço da comunhão, é uma riqueza que
enriquece a todos.
A
diversidade de ministérios e serviços abre o horizonte para o exercício quotidiano
da comunhão através da qual os dons do Espírito são colocados à disposição dos
demais para que circule o amor (cf. 1 Co. 12:4-12). Cada batizado, na verdade,
é portador de dons que deve desenvolver em unidade e complementaridade com os
dons dos outros, a fim de formar o único Corpo de Cristo, entregue para a vida
do mundo. O reconhecimento prático da unidade orgânica e da diversidade de
funções assegurará maior vitalidade missionária e será sinal e instrumento de
reconciliação e paz para nossos povos. Cada comunidade é chamada a descobrir e
integrar os talentos escondidos e silenciosos com os quais o espírito
presenteia aos fiéis.
A
diversidade é a riqueza da comunhão, e a comunhão é um referencial obrigatório
para um êxodo de amor (sair de si, construir pontes num movimento de busca do
outro que se consolida na partilha). A diferença, longe de ser uma ameaça,
apresenta-se como uma possibilidade que desafia e enriquece, vitaliza, desinstala
e renova. Quando ela é colocada a serviço da comunhão, ela se torna uma
riqueza. A diversidade é assim, a janela de oportunidade que tem que se manter
aberta, para que a comunhão se amplie e a alma se enterneça a bem de toda a
humanidade.
Sejamos
um na diversidade, para a glória do nosso Deus e vergonha do inimigo, se é que
desejamos um poderoso mover do nosso Deus em nossas cidades e em toda nação
Portuguesa.
f)
Quanto mais unidos estivermos em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o
Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguiremos aumentar a mútua
fraternidade.
Temos,
pois, o dever de refletir em honra do nosso Deus, do nosso Pai, a imagem
inviolada da Sua santidade, porque Ele é santo e nos disse: “Sede santos como Eu sou santo” (Lv. 11:45);
com amor, porque Ele é amor e João disse: “Deus
é amor” (1 Jo. 4:8); com ternura e em verdade, porque Deus é bom e
verdadeiro.
A
fonte onde Deus nos chama a permanecer é a fonte de seu amor: podemos amá-lo
porque “Ele nos amou primeiro” (1 Jo.
4:10-19). Separados dele, não se consegue “produzir frutos autênticos de amor”,
pois que, “sem Ele nada podemos fazer” (Jo. 15:5). Somos como a árvore, que só
pode dar frutos, se “plantada junto às
águas correntes” (Sl. 1:3). Podemos admitir que é Jesus nestes dias a nos
suplicar, “Permanecei no meu amor”
(Jo. 15:9), pois esta é a verdadeira ‘casa’ de cada filho de Deus. É nesta casa
que podemos e queremos morar para incrementar, cada dia, nossa identidade de
filhos amados. “Permanecer”, “morar” no amor de Deus, é a condição sine qua non
para amar os irmãos de caminhada.
O modelo por
excelência de comunhão na diversidade nos vem da ‘Comunidade Trinitária’, de
onde irradiam relações de perfeito amor-comunhão entre diversos! As relações
entre as três pessoas da Trindade são o protótipo de comunhão para a Igreja. A
comunhão entre diversos é convocação à solidariedade, à compaixão, superando a
divisão entre etnias, modos de falar, credo religioso ou cor da pele. É
forjar-se como “cidadão universal”, ou seja, pessoa aberta à alteridade, ao
diferente, a todos aquelas pessoas que Deus coloca em nosso caminho, pois todos
são portadores de parcelas do infinito, centelhas daquele Deus que ama a todos
incondicionalmente, pois plasmou o ser humano à “Sua imagem e semelhança” (Gn.
1:26). Deus, o onipotente, o invisível, o incompreensível, o inestimável, ao
formar o homem com o barro da terra, enobreceu-o com a imagem da Sua própria
grandeza.
g) Para viver a
comunhão na diversidade é necessária uma ‘ginástica interior’ que gere espaço
ao diverso, que permita descobrir-lhe a riqueza, potenciando-lhes a vida.
Uma pessoa que é
capaz de viver e auscultar no profundo de seu ser a comunhão na diversidade,
este sussurro divino, não fica inerte, mas serve e faz acontecer mais vida. A
pessoa que aceita a experiência e acredita na voz deste amor sente-se impelida
para o serviço. Amar o “amor primeiro” (1 Jo. 4:10-19), amar os irmãos para
‘facilitar’ que outros também façam esta experiência fundamental, e suas vidas
ganhem, assim, mais sentido, é também, uma dimensão de nosso ministério.
Portanto, fidelidade no encontro com o Senhor Jesus que chama a experienciar,
sempre de novo, o amor com que somos amadas (1 Jo. 4:10-19), e com entusiasmo
testemunhar a paternidade de Deus, amando os outros, porque filhos amados do
Pai comum, é o que almejamos.
Este
desafio nos é apresentado, quer seja nas relações da fraternidade, quer no
trabalho. A comunhão será facilitada sob o impulso do Espírito Santo, elo
primordial das relações trinitárias, força vital que permite crescer na
comunhão entre diversos.
É
imprescindível, para tanto, esvaziar-se de si mesmo, dos próprios esquemas, dos
complexos de superioridade, do orgulho, e permitir que os princípios
humanitários e evangélicos convertam nossa mentalidade e impregnem atitudes e
atos com aquele amor vivido entre as pessoas da Trindade, manifestadas pelo
próprio Jesus. A
obediência é fácil e a vontade de Deus é simples.
h) A comunhão na alteridade acontece quando
a pessoa acolhe e respeita, valoriza a riqueza do diferente, descobre o belo
que está em outras pessoas, em outros povos e culturas.
É superar
preconceitos e eliminar indiferenças. É destruir muros de separação e
pacientemente construir a fraternidade universal, que se harmoniza em processo
lento, pela força amorosa do Espírito, elo incomparável de comunhão. É também
paciente o vigiar da pessoa sobre si mesma. O desarmar-se das próprias
posições, certezas, superioridades. Numa palavra, é o amor que facilita e faz
acontecer a “comunhão na diversidade”.
Mas, atenção,
comunhão não é uniformidade e sim empenho árduo para ser factor de uma
interculturalidade sadia, rica de humanidade, capaz de interagir com a
alteridade, multiplicando espaços de comunhão na diversidade, “reflexos do amor
trinitário”, aqui e ali, no lugar onde somos chamadas a viver a comunhão na
alteridade.
i) Eles não eram
iguais, eram bem diferentes e, justamente por isto, pela diversidade, é que
eles colheram a maravilhosa e convincente comunhão.
Comunhão é
relacionamento. É através da comunhão no Corpo que uns suprem e completam os
outros; porque na Igreja nenhum é autossuficiente, nenhum é insignificante, mas
a suficiência e o significado do todo é expresso pela justa comunhão entre as
diferentes partes. Isso é corpo funcional. Assim é o Corpo de Cristo. Assim se
expressou a Igreja do primeiro século e causa impacto até os dias de hoje! O
Corpo de Cristo se expressa, onde estiver, por meio da sua teia de
relacionamentos.
Em
suma, em Deus, temos união que não é uniformidade, temos diversidade que
não é divisão. É comunhão, mas não confusão. É distinção, mas não anarquia.
3. Por Que é que a Comunhão é Tão Importante?
Porque:
A comunhão com
os irmãos revela a nossa comunhão com Deus (1 Jo. 1:7; 2:9-11; 3:14-18; 4:7,
8). É
impossível dizer que temos uma íntima e profunda comunhão com Deus, se a nossa
relação com os nossos irmãos não demonstra o mesmo.
A
comunhão é o compartilhar dos sentimentos, propósitos e desígnios de Deus, é
ser “participante da natureza divina” (2 Pe. 1:4), é ser “vara da videira
verdadeira” (Jo. 15:4, 5). O salvo, ao alcançar a salvação, passa a
ter em comum a natureza divina, ou seja, passa a ser santo, a se separar do
pecado, a abominá-lo, assim como Deus, e a ter os mesmos desejos, pensamentos e
sentimentos divinos em suas atitudes, sendo, portanto, um instrumento,
consciente e livre, para a manifestação do amor divino para os demais seres
humanos.
A
comunhão revela nosso desenvolvimento com o povo de Deus (Rm. 12:10; 13:78; 1
Pe. 1:22; Gl. 5:13; Cl. 3:13). A comunhão com os irmãos atende a uma
das necessidades mais profundas do ser humano que é amar e ser amado. A Igreja
tem que se destacar em primeiro lugar pelo amor (1 Co. 13; Sl. 133).
Não
é pois coincidência, que Lucas, ao descrever a igreja nos seus primeiros dias,
tenha afirmado que se tratava de um povo que perseverava na doutrina dos
apóstolos e na comunhão, ou seja, a igreja é um povo que, por permanecer nos
ensinos dos apóstolos, que são os ensinos de Cristo Jesus, a Palavra de Deus, é
um grupo de pessoas que permanece na comunhão, persiste sendo um conjunto de
pessoas que compartilha dos mesmos desejos, dos mesmos sentimentos e dos mesmos
desígnios.
A comunhão é a
base do nosso testemunho para o mundo (Jo. 13:35; 17:21-23; 1 Jo. 4:11, 12). Se não
demonstrarmos o amor de Cristo, o mundo terá boas razões para rejeitá-lo. A
comunhão apresenta-se, pois, como a principal característica da Igreja, a sua
marca perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor
possa realizar a Sua obra através do Seu povo. Pela comunhão, a Igreja
mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode
cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto que assim é que o relato de
Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da principal
missão da Igreja: “E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja, aqueles que se haviam de salvar” (At.
2:47).
A comunhão é o
compartilhamento e a participação, ou seja, a ação de tomar parte em algo, de
se tornar parte de alguma coisa. Quando aceitamos a Cristo como único e
suficiente Senhor e Salvador, nós nascemos de novo e, ao nascermos novamente,
esta nova criatura que surge é um ser que decide ser parte de um corpo, que é a
Igreja, que deseja, de livre e espontânea vontade, passar a ser apenas uma parcela,
uma parte de um organismo que tem propósitos, sentimentos e vontade
determinados pelo Senhor Jesus, que é a sua cabeça.
O crente que
está em comunhão com Deus é um crente que não escolhe lugar, trabalho, tarefa,
mas que se põe onde o Senhor manda, que ocupa o espaço que lhe é reservado no
corpo de Cristo, pois tem consciência de que é parte do corpo, que é um “membro
em particular” (1 Co. 12:27), ou, como diz a Nova Tradução na Linguagem de
Hoje, “cada um é uma parte desse corpo”.
A
comunhão é a consciência que o crente tem de que é uma “parte desse corpo”, é
uma “peça da engrenagem” e que, portanto, deve se relacionar bem
com os demais integrantes do corpo, sabendo que todos são necessários, que
ninguém é melhor do que ninguém, de que precisamos uns dos outros e que a obra
de Deus somente se fará pela união de esforços, de objetivos, propósitos e
sentimentos, o que nos será transmitido pelo Espírito Santo, a Quem incumbe nos
anunciar tudo o que tiver ouvido e glorificar a Cristo (Jo. 16:13, 14).
A comunhão é
compartilhamento e é participação e, por isso, é muito mais que uma conjugação
de esforços, que uma mistura, que uma adição de pessoas. Muitos têm
confundido a comunhão com uma simples mistura, esquecendo-se de que, na
mistura, como nos ensina a química, há “associação de substâncias, distribuídas
uniformemente, em processo que deixa intactas as moléculas, resultando num todo
homogéneo”, ou seja, apesar de, a olho nu, na mistura, muitas vezes, vermos uma
confusão na reunião de pessoas, na associação de elementos, na verdade, cada
elemento continua intacto, ainda que isto nos seja invisível. Há um todo
homogéneo, mas cada elemento continua diferente, muitas vezes até oposto.
A comunhão, que
é como a gota de água que tem que ser colocada na velha bomba para produzir o
fluxo de água, é, portanto, um estado espiritual que deve ser mantido pela
nossa submissão ao Senhor Jesus, de Quem nos tornamos participantes (Hb. 3:14). Participação
esta que exige de nós, a retenção firme do princípio da nossa confiança até ao
fim, ou seja, que mantenhamos a nossa fé em Cristo Jesus até o instante de
nossa morte física ou do arrebatamento da Igreja, se estivermos vivos até lá. A
comunhão, que na vida espiritual é o mesmo que a respiração é na vida física,
se faz, portanto, mediante a nossa submissão a Cristo, através da manutenção da
nossa fé. A comunhão com Deus é algo sustentado, algo como a respiração que
prossegue ou que deveria prosseguir.
A comunhão vem
de nossa vida espiritual de submissão a Deus, de estar positivamente alinhado à
vontade de Deus, ao propósito de Deus, de conscientização de que somos “parte
do corpo de Cristo” e que estamos “separados do pecado” desde o dia em que
aceitamos a Cristo e fomos purificados pelo Seu sangue, que continua a nos
purificar, dia após dia, se nos mantivermos em santidade.
Um dos grandes
resultados da nossa posição espiritual em Cristo é sem dúvida o privilégio de
manter comunhão com a trindade santa e com os nossos irmãos em Cristo. Tanto as
epístolas quanto o livro de Atos dos Apóstolos nos oferecem o modelo ideal do
viver cristão em comunidade como Igreja. A nossa comunhão com Deus em Cristo é
o “propósito eterno” do Pai!
A comunhão ataca
a raiz do individualismo - purifica o nosso caráter. Quando vivemos em comunhão, a
humildade gera saúde, a arrogância gera loucura. Veja o exemplo do Rei
Nabucodonosor que, na sua arrogância para com Deus, acabou comendo grama.
A comunhão nos
motiva a trabalhar para Deus. O Senhor quer que nos envolvamos no
ministério da Igreja, trabalhando com outros. Servindo como um só corpo e não
de modo individualista. É perfeitamente possível encontrar divergências; mas o
aprender a agir em comunhão, em unidade, traz uma maior maturidade e melhora a
colheita do trabalho em família.
A comunhão nos ajuda a vencer a nossa batalha contra
o pecado (Ec. 4:10). A caminhada para a santidade não é
solitária, por que andando juntos podemos até ajudar a levantarmo-nos
mutuamente, superando as nossas debilidades pelo exemplo e cooperação mútua;
facilitando a ajuda ao que tropeça e cai e, muitas vezes, somos nós mesmos que
precisamos de ajuda e a encontramos na comunhão, na unidade.
A
Comunhão espiritual nos permite permanecer equilibrados nos momentos difíceis
(Ec. 4:11).
O calor da comunhão, o desfrutar o facto de sermos família como está declarado
em Salmos 133:1, traz bênção e alegria. Busquemos pois atividades que fomentem
as relações saudáveis e que promovem o crescimento junto com outros, na fé;
tais como participar de grupos de trabalho, ministérios, etc. Nessa interação
certamente conheceremos muitas amizades saudáveis e seremos motivados a visitar
e a estimular outros a serem visitados. Este salmo era cantado na Festa dos
Tabernáculos, que era uma celebração de alegria e Unidade. Como é dito em 2
Coríntios 1:11, cooperemos em oração com outros para que assim ao recebermos a
resposta da parte de Deus, sejamos muitos dando Glória e ações de Graças a
Nosso Rei e Senhor.
A comunhão nos assegura a vitória na Batalha (Ec.
4:12). Em Efésios 6:13-18, Paulo declara a importância de
não estar só em momentos de crise; e de como isso nos ajuda a resistir. O
cordão de 3 dobras simboliza a comunhão dos irmãos na submissão ao Espírito
Santo (que também pode aplicar-se ao Matrimónio); essa comunhão não permite que
os laços sejam quebrados facilmente.
A comunhão é o “campo da mais profunda comunhão com
o Filho de Deus”.
Quando os pastores deixaram seus rebanhos “nos campos” para ir ao encontro de
Jesus, descobriram o melhor e o mais verdejante campo de toda a sua vida: o
“campo da mais profunda comunhão com o Filho de Deus”. A partir desse momento,
esse passou a ser o mais frutífero “campo” em suas vidas, pois contaram a
outras pessoas a sua maravilhosa experiência: “E, vendo-o, divulgaram o que
lhes tinha sido dito a respeito deste menino. Voltaram, então, os pastores,
louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes
fora anunciado” (Lc. 2:17, 20).
Os primeiros
cristãos haviam entrado em íntima comunhão com o Filho de Deus. Hoje, quando a
volta de Jesus para o Arrebatamento está às portas, devemos buscar essa
comunhão e aproximarmo-nos cada vez mais do Senhor. Isso me leva a conclamar
aos leitores cristãos: entremos no “campo da mais íntima comunhão com o Filho
de Deus” e não o deixemos jamais! O que devemos fazer para que a nossa vida
seja realmente frutífera e glorifique a Jesus? Buscar íntima comunhão com Ele e
com o Pai celestial (1 Jo. 1:7).
A comunhão, que
significa compartilhamento, uniformidade, associação próxima, parceria,
participação, uma sociedade, uma comunhão, um companheirismo, ajuda
contribuinte, fraternidade, é a maior prova de nossa reconciliação com Deus. Estávamos vivendo
em nossos delitos e pecados, mas através da morte de Cristo fomos reconciliados
com Deus. Isto é; reatamos novamente a nossa comunhão com Deus por meio de
Jesus Cristo. Segundo, resplandecemos como astros no mundo (Dn. 12:3). Sermos
sal na terra, luz no mundo e resplandecermos como astros neste mundo só é
possível se estivermos de antena ligada com Deus. Koinonia! O termo grego Koinonia
é uma uniformidade realizada pelo Espírito Santo, somente os regenerados podem
vivenciá-la em sua plenitude. Em Koinonia, o crente compartilha o vínculo comum
e íntimo do companheirismo com o resto da comunidade cristã.
Em João 17:21,
Jesus orou em favor da união entre os crentes, não uma união de igrejas ou
organizações, mas uma união espiritual, baseada na permanência em Cristo, no
amor a Cristo, na separação do mundo, em santificação na verdade, em receber a
verdade da Palavra e crer nela; na obediência à Palavra e no desejo de levar a
salvação aos perdidos. Faltando algum desses fatores, não pode haver a verdadeira
Koinonia que Jesus pediu em oração. “Jesus não ora para que os seus seguidores
“se tornem um”, mas para que “sejam um”. Trata-se do subjuntivo presente e
significa “continuamente ser um”. União essa que se baseia no relacionamento
que todos eles têm com o Pai e o Filho, e na mesma atitude basilar que têm para
com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os perdidos (cf. 1 Jo. 1:7).
Paulo quando escreveu ao seu filho na fé, o jovem Timóteo, fez uma afirmativa
que julgo relevante e muito contemporâneo, quando pensamos sobre a igreja e a
unidade do Corpo de Cristo. Declara Paulo: ”Para
que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a
coluna e firmeza da verdade” (1 Tm. 3:15).
A comunhão não é
algo para se sentir ou ter apenas em alguns momentos de nossas vidas. Não é só nos
cultos ou na igreja (no templo) que devemos sentir esta comunhão com Deus, mas
é algo para ser sentido 24 horas por dia. Nada neste mundo deveria interromper
nossa comunhão com Deus.
A
comunhão da Igreja agrada a Deus. Paulo inicia sua carta aos Coríntios
exortando-os quanto à unidade, anunciando a sua preocupação primária acerca do
que ele tinha ouvido ‘pelos da casa de Cloe’ concernente às divisões e
pendengas daquela igreja (1 Co. 1:10). O primeiro problema abordado é a
competição e rivalidade que resultaram devido à preferência por líderes
religiosos com base em sua presumida sabedoria superior. Parece um assunto tão
contemporâneo que chega a confundir-nos. Será que não aprendemos nada com as
querelas daquela igreja? O que pode ser mais contemporâneo do que a competição,
a rivalidade, as divisões e brigas pelo poder? A vida no Corpo da Igreja, não na
do crente independente, é a chave para a compreensão do comportamento divino no
Novo Testamento. Notemos que intentar criar uma união artificial por meio de
reuniões, festividades, conferências ou organização centralizada, pode resultar
num simulacro da própria união em prol da qual Jesus orou em João 1:7. Deus
lida com a Igreja como um corpo e com os indivíduos como partes ou membros
desse corpo. Precisamos lançar as preocupações do corpo (da congregação) acima
dos nossos próprios. Isso resultará numa união espiritual de coração,
propósito, mente e vontade dos que estão totalmente dedicados a Cristo, à
Palavra e à santidade (Ef. 4:3).
A comunhão é um
dos maiores pilares do cristianismo. A comunhão com Jesus, donde promana a
comunhão dos cristãos entre si, é condição absolutamente indispensável para dar
fruto… Sem comunhão não existe verdadeiro cristianismo. Pois, cristianismo é
cristo em nós. Isto é um grande mistério e é este mistério, “Cristo em nós” que
nos faz ter vida abundante e vivermos em plena comunhão com Deus o Pai.
Um dos grandes
resultados da nossa posição espiritual em Cristo é sem dúvida o privilégio de
mantermos comunhão com a trindade santa e com os nossos irmãos em Cristo. Tanto as
epístolas quanto o livro de Atos dos Apóstolos nos oferecem o modelo ideal do
viver cristão em comunidade como Igreja.
Andar com Deus é
o mais perfeito sinónimo de comunhão com o Pai Celeste. Tão profunda era a
comunhão de Enoque com o Senhor, que o mesmo Senhor, um dia, o tomou para si
(Gn. 5:24). Andar com Deus significa, ainda, ter uma vida como a de Eliseu que,
por onde quer que fosse, era de imediato reconhecido como homem de Deus (2 Rs.
4:9). Comunhão com Deus é ser chamado de amigo pelo próprio Deus (Is. 41:8).
Sabia
o salmista que somente em Deus encontramos a razão de nossa existência e a
satisfação plena de nossa alma. Eis por que deixa emanar de seus lábios este
lamento: “Por que estás abatida, ó minha
alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o
louvarei. Ele é a salvação da minha face e Deus meu” (Sl. 43:5).
Deus
quer que os seus seguidores sejam unidos. Quando Jesus se preparava para a
sua própria morte, uma das primeiras coisas em sua mente foi a unidade dos seus
discípulos: “Não rogo somente por estes,
mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra;
a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também
sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo.
17:20-21).
Se
somos realmente regenerados, devemos incentivar esta unidade entre os crentes. Aqueles
que querem glorificar a Deus incentivarão esta unidade entre os crentes: “Assim, pois, seguimos as cousas da paz e
também as da edificação de uns para com os outros” (Rm. 14:19).
Como
servos de Deus em comunhão com o Espírito Santo, deveremos trabalhar
humildemente para manter a unidade: “...completai
a minha alegria, de modo que penseis a mesma cousa, tenhais o mesmo amor,
sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo
ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si
mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada
qual o que é dos outros” (Fl. 2:2-4).
Paulo,
em sua preocupação com as perigosas querelas e cismas em Corinto, deixou-nos a
fórmula prática para esta paz quando escreveu: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis
todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais
inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1 Co.
1:10).
Cada um é chamado para
participar, não somente crer. Embora o seu relacionamento com Cristo
seja pessoal, Deus nunca quis que fosse particular. Não existe “cristão
autónomo”. Seguir a Cristo inclui integrar, não apenas acreditar: somos membros
do corpo de Cristo – a Igreja. Para o Apóstolo Paulo, ser membro da Igreja
significava ser um órgão vital de um corpo vivo, parte indispensável e interconectada
(Rm.12:4,5 e 1Co.12:12-27).
Fomos criados
para uma função específica, fomos criados para viver em comunidade, moldados
para o companheirismo e formados para uma família, mas iremos perder esse
propósito maravilhoso se deixarmos de nos congregarmos por um motivo ou outro,
pois nenhum de nós pode cumprir os propósitos de Deus sozinho e sem ajuda. Essa
figura é muito clara: se um órgão é de alguma forma desligado do corpo, ele
murcha e morre. Ele não pode existir por si mesmo, nem nós (Ef. 4:16). É por
isso, que o primeiro sintoma de declínio espiritual é normalmente o
comparecimento irregular aos cultos e a outras reuniões. Sempre que nos
tornamos descuidados com a igreja, todo o resto começa a desmoronar.
Ter uma ótima comunhão
com os irmãos significa ter uma ótima comunhão com Deus e, consequentemente,
uma vida cristã eficaz. É através da comunhão que percebemos como estamos
com Deus; é através dela que percebemos nosso desenvolvimento como povo de Deus
e, é através dela que testemunhamos ao mundo o amor de Cristo. Por isso,
busquemos a unidade, busquemos a comunhão, busquemos o viver em comunidade!
4. Temos de Buscar e Cultivar a Comunhão com o Rei
Sempre poderemos
desenvolver uma comunidade saudável e forte, que viva de acordo com a vontade
de Deus, e que desfrute de um crescimento natural, se todos tivermos a ciência
de que a tarefa é árdua para com os bons relacionamentos cultivados e
restaurados. Por isso ser Comunidade exige de nós comprometimento.
O
rei Ezequias nos ensina a como buscar a comunhão com Deus tendo como princípio
que a comunhão com Deus traz o sucesso em todas as áreas de nossas vidas. Para
obter essa comunhão com Deus é necessário ter Deus como prioridade, consagrar a
vida a Deus e se arrepender de todos os pecados.
Para
termos Comunhão num mundo que nos separa, nos divide, nos deixa doentes, vazios
e supostamente “poderosos”, é cada vez mais mister precisarmos de fazer algo,
precisarmos de coragem para darmos novos passos, precisarmos de retomar o nosso
caminhar, precisarmos de caminhar na busca de ver, ouvir e intervir na
restauração da dignidade humana, e isso é possível quando oferecemos dignidade,
quando vivemos a mensagem da Ressurreição e Vida, quando somos Arquitetos do
Amor!
É
certo que somente o Espírito Santo de Deus pode alimentar uma verdadeira
comunhão entre os cristãos, mas isso só poderá brotar em nós através das
escolhas e dos compromissos feitos por nós. Comunhão é algo que só se constrói
com relacionamento, com amor palpável e saúde.
A diferença
entre visitar a igreja e ser membro da igreja está no comprometimento.
Visitantes são espectadores que ficam à parte; membros são os que se envolvem
com o ministério da igreja. Visitantes “absorvem”; membros contribuem.
Visitantes se beneficiam do que a igreja traz, sem participar da
responsabilidade da missão. Os membros de uma comunidade se relacionam com a
vida em comunidade.
Maria viu a
importância de cultivar a comunhão com o Senhor da obra, em oposição a se
envolver apenas com a obra do Senhor. Ambas as coisas são necessárias, mas é
preciso nunca esquecer que o nosso trabalho cristão precisa de ser feito,
energizado pelo Espírito de Cristo. Esta é sem dúvida a melhor parte.
Quando a igreja
vive em comunhão, ali o Senhor ordena vida! É Deus quem ordena a vida onde a
unidade existe. É Deus que opera no homem tanto o querer como o realizar. Tudo
provém de Deus!
Por isso amados
é preciso cultivar relacionamentos de comunhão fraterna, pois é nesse ambiente
regado pelo amor e laços de afetividade, que Deus ordena a Sua bênção e a vida
para sempre!
O
Hino 288 do Cantor Cristão expressa com exatidão qual deve ser o anseio de todo
o crente genuíno: Perto de Ti almejo
estar, perto, sim bem perto / Tua presença desfrutar, perto, sim bem perto / Em
comunhão contigo estar, perto, sim bem perto / Sempre contigo conversar, perto,
sim bem perto. Será que quando cantamos este Hino estamos cantando com
sinceridade? Nunca iremos desperdiçar as nossas vidas se estivermos bem perto
do nosso Deus, em comunhão verdadeira e constante. O crente que negligencia o
prazer de estar em comunhão com Deus precisa de repensar urgentemente que tipo
de cristianismo está seguindo. O maior desejo do cristão deve ser o de estar
próximo do Senhor desfrutando da Sua maravilhosa graça como disse o salmista
Davi: “Como suspira a corça pelas
correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma
tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus”
(Sl. 42:1)? No Salmo 63:8, lemos: “a
minha alma apega-se a Ti”.
Buscar
e cultivar essa comunhão exige sinceridade. Nós devemos de ter
sempre uma grande dedicação em falar a verdade de uma forma carinhosa, mesmo
quando nosso desejo seja o de fazer o contrário. Muitas comunidades são
sabotadas pelo medo de falar a verdade em amor (Ef. 4:15). Devemos de acreditar
que o amor sempre enriquece a verdade a ser compartilhada. Entretanto, não
temos, por vezes, a coragem de falar no meio do grupo com a franqueza amorosa
necessária, enquanto a vida de um irmão desmorona ao nosso lado… Muitas
comunidades e pequenos grupos permanecem superficiais por terem receio de
conflitos. Isso pode trazer uma falsa sensação de paz entre nós.
A
verdadeira comunhão, seja no casamento, seja na amizade, seja na igreja,
depende de franqueza. A franqueza nos ajuda a crescermos em intimidade com o
Rei e uns para com os outros ao enfrentar e resolver as nossas diferenças. A
franqueza não é uma licença para dizer o que queremos, onde queremos e sempre
que queremos. Não é grosseria. Palavras impensadas deixam feridas permanentes.
Somos
convidados pelo apóstolo Paulo a tratarmo-nos uns aos outros com o carinho e a
sinceridade que merecem os membros de uma mesma Família. (Gl. 6:9-10).
Buscar
e cultivar a comunhão com o Rei exige humildade, se de facto queremos cultivar
uma comunidade amorosa, com comunhão verdadeira. A presunção, o
convencimento e o orgulho obstinado destroem a nossa comunhão mais rápidamente
do que qualquer outra coisa. O orgulho ergue muros; mas a humildade ergue
pontes. A humildade é um bálsamo que alivia e suaviza as relações humanas.
Entretanto, o orgulho obstrui a graça de Deus em nossa vida, nos impede de
crescer, de nos transformar, de nos sarar e ajudar os outros. Essa é uma
maneira tola e perigosa de se viver. Comece agora a cultivar relacionamentos
saudáveis com os seus irmãos e viverá mais feliz!
Assim,
devemos desenvolver a humildade de algumas maneiras práticas entre nós:
admitindo nossas fraquezas, sendo paciente com a fraqueza dos outros, estando
abertos para a admoestação e pondo os outros em nossa atenção pessoal. A
humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar menos em si mesmo.
Humildade é pensar mais nos outros. Os humildes concentram-se de tal forma no
outro que exterminam o poder nocivo do orgulho e da presunção (Fl. 2:3-4).
Buscar e
cultivar a comunhão com o Rei (Jesus) exige cortesia. Somos corteses
quando respeitamos nossas diferenças, quando somos cuidadosos com os
sentimentos uns dos outros, e pacientes com as pessoas que nos irritam. Em toda
a igreja ou grupo, há sempre pelo menos uma pessoa “difícil”, e normalmente
mais do que uma. Essas pessoas podem ter carências emocionais, inseguranças
profundas e inabilidades sociais. Mas a nossa tolerância deve ser exercitada
para com elas sempre de forma generosa.
Quando não nos
importamos em cultivar nossa comunhão com Deus (orando, lendo a Bíblia,
jejuando, ouvindo músicas edificantes, obedecendo, servindo na igreja e etc.)
estamos negligenciando a importância da mesma, ao agir dessa forma os recursos
da nossa comunhão vão se acabando - a fé, a intimidade com Deus, o sentir a Sua
presença, o entendimento da Palavra, as respostas de Deus, a paz e a alegria
incondicionais, o direcionamento, os dons e etc. Tudo aquilo que nos sustentava
como cristãos, que nos fazia capazes de viver em Sua presença, que nos movia em
Seu poder e nos fazia seguir o propósito de Deus para a nossa vida, (assim como
tudo aquilo que sustenta nossa vida carnal) vai se acabando, tudo se vai
esgotando, e se não fizermos nada a respeito, um dia chega realmente ao fim
aquilo que nós pensávamos que nunca ia acabar!
Não dar a devida
importância em caminhar ao lado Dele, cultivar a comunhão com o Seu Espírito
dia a dia, como Ele fazia, mesmo sendo o Deus Filho, se retirando para o
deserto, para os montes, a fim de orar e de se aconselhar com o Pai, com toda a
certeza nos fará perecer!
Busquemos
e cultivemos a comunhão com Deus e recuperemos todos os recursos esgotados. Não esperemos
chegar a uma situação alarmante para tomar uma decisão. Dá para viver sem água,
comida, ar puro, com toda a natureza desequilibrada? Claro que não. Da mesma
forma não podemos viver sem a fé, a intimidade com Deus, o sentir a Sua
presença, o entendimento da Palavra, as respostas de Deus, a paz e a alegria
incondicionais, o direcionamento, os dons e etc…
Quando não damos
importância à comunhão com Deus passamos a desperdiçar as nossas vidas com
coisas banais. Muitos crentes estão raquíticos espiritualmente e trôpegos na fé
porque não se importam em cultivar uma intimidade com o Senhor. Quando
negligenciamos a comunhão com Deus, o desperdício é enorme: não há progresso
espiritual, não há vitória sobre os pecados, não há amor para com os nossos
irmãos, não há alegria em nosso viver, não há vontade de compartilhar o
Evangelho com outras pessoas e não há produção dos frutos do Espírito. Por
outro lado, aquele que reconhece que não pode viver sem estar ligado à Videira
verdadeira, produz frutos que glorificam a Cristo. A comunhão com Cristo
(permanecer n’Ele) nutre o crente para que ele seja um ramo frutífero e cheio
de vigor (Jo. 15).
Usemos os
ensinos das Escrituras, procurando a direção do Espírito, e eles serão
suplementados conforme o exijam as nossas necessidades. A razão por que
pensamos ser a comunhão com o Espírito coisa muito misteriosa para ser posta em
prática é que nós a temos negligenciado, quando devíamos cultivá-la. Não há
maior necessidade entre os cristãos de hoje. Lembremo-nos de que a sua obra não
será completa em nós enquanto ele não nos puder usar para atingir outros. Como
a luz radiante da lâmpada elétrica é uma evidência da eletricidade, assim
também o cristão exibe a presença do Espírito dentro de si mesmo. E agora a luz
que aponta o caminho a Cristo brilha por meio de nós e aponta o caminho aos
outros que andam errando nas trevas do pecado. Necessitamos de nos rendermos ao
Espírito Santo, procurar o seu conselho, obedecer à sua voz, amá-lo e procurar
entender as suas relações connosco, se quisermos de algum modo ajustar-nos ao
padrão do cristianismo. Ele é Deus, com todos os atributos da divindade, e é a terceira
pessoa da Trindade, coigual com Deus o Pai e Deus o Filho.
Cultivar um
momento de comunhão com Deus será de fundamental importância se quisermos ter
uma vida de crescimento espiritual. Será um momento quando deixaremos Deus
falar pela sua palavra e falaremos com ele pela oração e pelo louvor. Será um
tempo de comunhão com Cristo. Escolha um bom local, salvo de interrupções e use
para isso pelo menos 15 minutos diariamente pela manhã, à tarde ou à noite.
Aprenda a ter comunhão diária com Deus como algo prioritário para a sua vida,
e nunca
mais será o mesmo. Se é salvo seu coração deve anelar pela comunhão com Cristo
a cada instante. Tenha
fome e sede da Palavra de Deus.
Ter comunhão com
Deus é viver uma vida de santidade, compromisso, transparência, louvor, busca e
principalmente de abandono das práticas pecaminosas não condizentes com a nova
vida em Cristo (2 Co. 5:17). Tudo isto quer dizer que temos de cultivar a
comunhão do Espírito, vivendo uma vida tal que ele a possa governar
Por outro lado
temos que afirmar sempre que somos todos pecadores. Caso contrário estaremos
afirmando que Deus é mentiroso, porque Ele já afirmou que somos todos
pecadores.
Quando temos
comunhão com Deus, não andamos nas trevas e sim na luz, pois os que andamos nas
trevas não têm comunhão com Deus e o sangue de Jesus não os purificou e não
conhecem a Deus e não cultivam comunhão com ele, porque amam mais as trevas do
que a luz, pois suas obras são más e procuram não se aproximar da luz para que as
suas obras não sejam manifestas (Jo. 3:19-20). Um exemplo é o de Adão e Eva que
pecaram por comerem do fruto do conhecimento do bem e do mal, o qual Deus os
havia orientado a não comerem. O que eles fizeram? Por terem pecado (trevas),
eles se esconderam da presença do Senhor (Gn. 3:8). Na luz de Deus, o orgulho
se derrete como cera e o impulso da carne é querer correr para se cobrir. Mas,
se resistirmos à tentação de “diminuirmos a luz”, ai sim Deus iluminará as
fraquezas nas quais “tropeçamos”. Isto faz parte da “verdade” que “nos
libertará”.
Quando
estamos vivendo na ignorância e no erro (trevas) não conseguimos cultivar
comunhão com Deus (luz). “João afirma que Deus é santidade, pureza, verdade
absoluta, não se pode viver, portanto, em pecado e estar em comunhão com ele”.
Como em Génesis,
inconscientemente tentamos nos esconder de Deus, mesmo estando na igreja
tentamos nos esconder de Deus. Só em Jesus podemos ter comunhão com Deus, pois
quem segue a Jesus nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida, pois Jesus é
a luz do mundo (Jo. 8:12; 2 Co. 4:6), e tendo a luz da vida podemos nos
aproximar de Deus e nos tornarmos filhos dele, filhos da luz (Jo. 1:12; 12:36)
e desfrutar a presença e comunhão do Pai celestial. A vida na luz nos abre uma
nova dimensão: Fazemos parte de uma família, da família de Deus (Ef. 2:19), da
família dos filhos da luz (2 Ts. 5:5) onde nos relacionamos uns com os outros e
onde só temos comunhão se andarmos na luz como Jesus (v. 7).
Para cultivarmos
comunhão com Deus temos que examinar sempre as Escrituras. “Examinais as Escrituras porque julgais ter
nelas a vida eterna e são elas que dão testemunho de mim” (Jo. 5:39). Vejam
que palavra importante do Senhor Jesus Cristo para nós como povo dele. Ele diz
que devemos examinar, pesquisar, procurar buscar, investigar, explorar as
Escrituras. E o verbo no original dá tanto a ideia de ordem como de uma coisa
contínua na vida do crente.
Então a
prerrogativa para se ter comunhão com Deus é a Palavra. Só que isto não
acontece na vida dos homens de hoje. Eles conhecem a casca da Bíblia, mas não o
seu conteúdo. Eles rebuscam as Escrituras minuciosa, pedante e
supersticiosamente na letra, mas, não sentem paixão alguma pelas coisas
profundas que estão escritas na Palavra do Senhor. Eles leem as Escrituras, mas
para si mesmos. Eles leem as Escrituras visando a glória deles mesmos. Eles têm
as Escrituras nas suas mãos, porém, elas estão distantes do coração deles. Eles
examinam as letras delas, mas o coração está alheio ao poder delas na vida.
Muitos
estão idolatrando o volume escrito, ao mesmo tempo que resistem à palavra viva
que está contida ali. Eles afirmam que conhecem os profetas e negam aquele de
quem eles profetizaram que seria o salvador do seu povo. É por isso que Jesus
mostra aqui um meio para que os verdadeiros seguidores dele tenham comunhão com
ele, com o Pai e com o Santo Espírito. Porque do contrário, não há como ter plena
comunhão e os resultados dela na Palavra que são: vida eterna e testemunho
verdadeiro do Filho de Deus.
Só aqueles que
recebem a fé da parte do Espírito Santo para crerem em Jesus pela Palavra é que
passam a ter comunhão com Deus. Quando nos apegamos à Palavra de Deus, quando
cremos e confiamos nela, o Espírito Santo que habita em nossos corações nos dá
fé e fortalecimento, aprova a nossa fé como certa, e estando em comunhão
connosco nos ajuda para que possamos viver crendo nessa Palavra. É na comunhão
com a Palavra que recebemos a vida eterna que começa aqui na terra. Uma vida de
qualidade e de crescimento diário da vida cristã.
Se queremos crescer,
nos alimentar da comunhão com o Senhor Deus, é preciso que examinemos as
Escrituras, pesquisemos e busquemos a direção nelas. Saibamos desta verdade:
não organizamos nossa vida cristã com base numa coletânea de textos favoritos
combinando com as circunstâncias individuais. Somos edificados pelo Espírito
Santo de Deus seguindo os textos das Sagradas Escrituras. Deus nos forma na
nossa espiritualidade pela Escrituras que é revelada e implantada em nós por
meio da obra do Espírito. Os cristãos que não têm comunhão com as Escrituras
nunca poderão afirmar que têm o Pai, o Filho e o Espírito Santo dentro deles.
Sem crescimento na Palavra não há possibilidade de comunhão com o Senhor Deus.
Sem a leitura espiritual na vida e no coração das Sagradas Escrituras não
seremos dirigidos por ela.
A nossa
caminhada espiritual tem que passar pela autoridade das Escrituras. A nossa
vida toda só pode ser pautada pelas Escrituras.
Qual
é a importância de buscarmos e cultivarmos a comunhão com o Rei? No Salmo
133:1-3 vemos uma declaração profética da comunhão (conviver em união). Aqui
vemos o óleo representando a unção de Deus, vemos Deus derramando sua bênção na
comunhão de uns com os outros. Mas porque Deus derrama a sua bênção? Pois se
estamos na luz, há comunhão e se há comunhão, há exortação, há fortalecimento
espiritual, há transparência, há compartilhar, há a bênção de Deus.
Em Efésios 5:8-9
somos orientados na nossa nova situação, não somos mais trevas e sim luz do
Senhor e devemos viver como filhos da luz, que consiste em toda a bondade,
justiça e verdade. Se toda a igreja estiver vivendo na luz como de facto Deus
está na luz (v.7), com toda a certeza, afastamo-nos das atividades infrutíferas
das trevas e vamos nos relacionar verdadeiramente, sem máscaras, sem
hipocrisias, vamos agir com honestidade e transparência uns com os outros,
porque na luz tudo se torna visível (Ef. 5:13).
Um
exemplo claro foi a exortação do Apóstolo Paulo a Pedro, quando eles estavam em
Antioquia e Pedro não foi autêntico em alguns aspetos de sua vida cristã, na
relação com os judeus e gentios (Gl. 2:11-21), por estarem na luz, por terem
comunhão, houve transparência, aconselhamento e exortação, atitudes presentes
na vida daqueles que vivem na luz como Jesus (Cl. 3:16-17; Tg. 5:16).
Muitas
vezes não dimensionamos a importância da comunhão, da unidade, do estar junto e
do compartilhar. Que possamos olhar para os nossos irmãos em Cristo, para a
pessoa que está ao nosso lado, na frente, atrás, na celebração onde
participamos, tendo a disposição e a energia para as atividades fora do comum
ou além da nossa capacidade atual, para cultivarmos a comunhão uns com os
outros como a igreja de Atos 2:42-47.
Em
1 Pedro 2:9 somos lembrados de que somos a geração eleita, sacerdócio real,
nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as suas grandezas, as
grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua santa e maravilhosa luz.
Neste estudo vimos que as implicações práticas disso é que temos comunhão com
Deus, com os nossos irmãos e temos a graça de confessarmos a Deus os nossos
pecados e sermos perdoados por ele, para que nosso relacionamento com Ele seja
completamente.
Mas,
ao desenvolver este pensamento afirmo que estamos vivendo na luz para sermos
luz do mundo como Jesus (Mt. 5:14-16). Os discípulos também recebem a descrição
de luz ou luzeiros, sendo que a tarefa deles é passar adiante a luz divina que
receberam. Aquilo que ouvem em particular devem-no proclamar com destemor na
luz. Como missionários de Cristo, devemos resplandecer no mundo, não com a nossa
própria luz, mas sim com a mesmíssima luz do próprio céu, pois a luz, no Novo
Testamento, se associa com a habitação de Deus ou até com o próprio Deus, de
onde raia sobre este mundo.
Se queremos ver
o Rei em toda a Sua beleza e o desejo de que ele brote dentro de nós, então a
comunhão com Ele, é algo que tem de ser buscado, cultivado e planeado. Se não quer
desperdiçar a sua vida, lembre-se do que escreveu um antigo pastor: “Nenhum homem que vive perto de Deus vive em
vão” (Horatius Bonar). A essência de um viver
produtivo e feliz é a comunhão cultivada com Deus. Sem esta comunhão íntima e
constante com Deus, somos como palha ao vento. O coração do crente deve estar
satisfeito em Deus e não nas coisas deste mundo passageiro. Com certeza as nossas
vidas serão desperdiçadas se trocarmos o prazer da comunhão com o Senhor pelos
prazeres transitórios do pecado.
5. A Comunhão com Cristo Supera
as Mais Altas Formas de Alegria Terrena.
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez
digo, alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto
está o Senhor” (Fp. 4:4, 5).
Alegrai-vos!
Quem não gostaria de poder alegrar-se sempre e verdadeiramente de todo o
coração! O mundo busca alegrias e não se cansa de inventar novas atrações e
sensações. Muitas delas pecaminosas. E o resultado final é sempre o mesmo: Um
pequeno momento de alegria, seguido de canseira e enfado, e muitas vezes de
remorsos.
Os
filhos de Deus, pela fé em Cristo, não têm prazer nestas alegrias pecaminosas
do mundo. Eles na verdade também se alegram com as bênçãos terrenas, mas eles
têm e buscam uma alegria superior: Cristo! O mundo não entende isso. As pessoas
não cristãs acham que ser cristão é uma chatice, é andar triste. Não! Pelo
contrário. Nós temos uma alegria profunda que o mundo não conhece. O texto
bíblico lido nos convida a refletir sobre esta alegria cristã. Que alegria é
essa? Qual a sua fonte? Como ela se externa?
1
– O
apóstolo Paulo escreveu a carta aos filipenses da prisão em Roma, lá por volta
do ano 61 AD. A Comunidade de Filipos vivia dias de grande complexidade, muito
difíceis. Ela estava sofrendo uma árdua perseguição. Muitos fiéis foram
açoitados, presos e mortos e muitas famílias destroçadas. Paulo escreve-lhes
uma carta de edificação e consolo. Nesta carta escreve: Alegrai-vos! Como? Que
conselho estranho para momentos de sofrimento. Este conselho parece fora de
qualquer propósito para este momento. Que alegria poderia ser esta?
2 – O apóstolo Paulo
não fala de uma alegria fugaz, nem ignora o problema por uma fuga da realidade.
Ele diz: Alegrai-vos. Alegrai-vos no Senhor! A fonte da verdadeira alegria
constante e infinita, em todas as situações, é Cristo. Ele quer fazer-nos
participantes de sua alegria, divina e eterna, fazendo-nos descobrir que o
valor e o sentido profundo da nossa vida está no ser aceito, acolhido e amado
por Ele. Este amor infinito de Deus por cada um de nós se manifesta de modo
pleno em Jesus Cristo. Nele
encontra-se a alegria que procuramos.
A comunhão com
Cristo é tão superior a qualquer coisa terrena que nós nem sequer conseguimos sondar.
Quanto
mais profunda for a nossa comunhão com Deus, mais aumenta a nossa admiração e
adoração a Deus, mais aumenta o nosso conhecimento de Deus a cada dia, mais o
nosso temor se torna mais profundo, mais o nosso amor se aperfeiçoa ao passar
do tempo de relacionamento que mantemos com ele. Nossa afetividade com Deus, se
torna sincera e devocional e com isso passamos a tratá-lo da melhor maneira
possível; mais nos conscientizaremos de que a nossa atitude em relação àqueles
por quem oramos é de suma importância para que Deus continue a operar por nosso
intermédio. É possível que o ente querido que se acha longe de Deus nos tenha
magoado muito. Então precisamos vigiar para que, ao orarmos, não haja em nosso coração
o menor ressentimento em relação a ele. Se não estivermos cheios do amor de
Deus, não poderemos crer realmente que o Senhor irá salvá-los. Lemos em Gálatas
5:6 que a fé atua pelo amor. E em 1 Coríntios 13:8, Deus afirma que “o amor
jamais acaba”. Alguém pode orar anos a fio pela conversão de outrem, sem nunca
ter perdoado essa pessoa. Isso constitui um grande empecilho para que a oração
seja atendida. A Bíblia nos adverte do seguinte: “Atentando diligentemente por que ninguém seja faltoso, separando-se da
graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e,
por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hb. 12:15).
Uma comunidade
que tem os corações unidos pelo contato com Jesus e uns com os outros,
experimenta a “alegria” completa! Todos falam o mesmo idioma, o idioma do
amor. Eles se tornam irmãos e irmãs em Cristo já que todos têm o mesmo
espírito. Eles se tornam parte de uma família maior. Quanto maior a comunhão
dos crentes, mais fortes são os laços que unem os cristãos. Quanto maior a
unidade dos crentes, mais fortes são os laços que unem os cristãos.
Uma
comunhão genuína é construída sobre as verdades das Escrituras, através das
quais Deus lhe apresentará claramente qual a Sua vontade para a sua vida e não
apenas ao redor de um líder carismático ou uma grande instituição. Um cristão
em comunhão é uma pessoa que abre o coração e a mente para aceitar a verdade
como Deus a revela em Sua Palavra.
A
sabedoria falava aos olhos e era acolhida no coração; pois eles comungavam com
Deus pelas obras criadas. À medida que penetramos no seio da natureza, Cristo
nos torna real a Sua presença e nos fala ao coração de Sua paz e amor.
A
comunhão com Cristo, é óbvio, sendo um meio de usufruirmos mais de Sua graça (2
Pe. 1:2), leva-nos ao gozo inefável e a um mais claro conhecimento da verdade. Os mistérios
do reino dos Céus se desdobrarão e os mesmos serão compreendidos pelos corações
que anelam conhecer a verdade. Pela comunhão com Cristo uma luz celeste raiará
no templo da alma e será revelada a outros como o brilho refulgente de uma
lâmpada em estrada tenebrosa.
Nada
é tão enobrecedor nem tão importante como a comunhão com Deus e o estudo dos
grandes temas que concernem à nossa vida eterna. Uma tal
comunhão restaurará a imagem de Deus no ser humano. Fortalecerá e firmará o
espírito contra tentações, e habilitará o crente a tornar-se co- obreiro de
Cristo em Sua misericordiosa missão no mundo. Fará dele um membro da família
celestial, preparando-o para participar da herança dos santos na luz.
A
verdadeira comunhão é integridade no serviço de Deus. Essa é a condição da
verdadeira vida cristã. Cristo requer a entrega sem reservas, o serviço não
dividido. Exige o coração, a mente, o intelecto e as forças. O eu não deve ser
acariciado. Quem vive para si mesmo não é cristão.
O amor precisa de
ser o móvel de ação na comunhão. O amor é o princípio básico do governo
de Deus no Céu e na Terra, e deve ser o fundamento do caráter cristão. Isso
unicamente pode torná-lo e guardá-lo inabalável; habilitá-lo a resistir às
provas e tentações. Se amamos a Jesus, gostaremos de viver para Ele, de
apresentar-Lhe nossa oferta de gratidão, de trabalhar para Ele.
Devemos estar
sempre em comunhão, para sermos guardados das tentativas de Satanás em
levar-nos para o pecado. Podemos dizer que a comunhão é o nosso
termómetro espiritual, pois ao entrar em comunhão com Deus, nosso espírito se
eleva nas alturas, mas quando nós não conseguimos ter comunhão, isso indica que
não estamos bem espiritualmente. Por isso, devemos aprender a observar o falar
divino no nosso espírito, enquanto estamos a orar, pois Deus comunica-se
connosco através do nosso espírito, mas cabe a cada um de nós, utilizando o
nosso conhecimento bíblico, discernirmos se este falar é ou não de Deus, pois o
inimigo pode também tentar enganar-nos, lançando pensamentos em nossa mente que
subtilmente nos podem induzir ao pecado
Pela comunhão a
vida espiritual é fortificada, as provações são bem suportadas, e provações bem
suportadas desenvolverão a resistência do caráter e preciosas graças
espirituais.
O perfeito fruto da fé, da mansidão e do amor amadurecerá frequentemente melhor
debaixo da comunhão com Deus.
Nossa vida pode ser perfeita em cada fase de
desenvolvimento, contudo, haverá um contínuo progresso, se o propósito de Deus se
cumprir em nós. A comunhão é obra de toda uma vida. Pela comunhão, ampliar-se-á
a nossa experiência e crescerá o nosso conhecimento e alegria. Tornar-nos-emos
fortes para assumir as responsabilidades e a nossa maturidade será proporcional
aos nossos privilégios.
O objetivo da
comunhão na vida cristã é a frutificação, tal como a planta cresce recebendo o
que Deus provê para sustentar-lhe a vida e aprofunda as raízes no solo, absorve
o sol, o orvalho e a chuva, assim é a reprodução do caráter de Cristo no crente
pela comunhão, para que Se possa reproduzir noutros. A comunhão com Deus pela
oração e pelo estudo de Sua Palavra não pode ser negligenciada. É através da
oração que nós colocamos nossas ansiedades nas mãos de Deus, crendo que Ele é
poderoso para nos dar paz interior, e resolver nossos problemas da melhor
maneira possível para nosso crescimento espiritual.
O amor de Deus,
continuamente transmitido ao homem é que o habilita a comunicar luz. O áureo
óleo do amor corre livremente no coração de todos os que pela fé estão unidos a
Deus, para resplandecer no serviço real e sincero para Ele.
Toda a pessoa
tem o privilégio de ser um conduto vivo pela comunhão, pelo qual Deus pode
comunicar ao mundo os tesouros de Sua graça, as insondáveis riquezas de Cristo.
Nada há que Cristo mais deseje do que agentes que representem no mundo o Seu
Espírito e caráter. Não há nada de que o mundo mais necessite do que da
manifestação do amor do Salvador, mediante a humanidade. Todo o Céu está à
espera de condutos pelos quais possa ser vertido o óleo santo para ser uma
alegria e bênção para os corações humanos.
Pela comunhão
com o Senhor, a glória, a plenitude, a perfeição do plano do evangelho são
cumpridas na vida. A comunhão com o Salvador traz paz perfeita,
perfeito amor, segurança perfeita e perfeita alegria. A beleza e fragrância do
caráter de Cristo, manifestadas na vida de comunhão, testificam de que na
verdade Deus enviou o Seu Filho ao mundo para nos salvar.
Os filhos de
Deus não foram deixados sós e indefesos. A comunhão move o braço do Omnipotente.
A comunhão com o Senhor vence reinos, pratica a justiça, alcança as promessas,
fecha a boca dos leões, apaga a força do fogo. A comunhão é o canal pelo qual
alcançaremos os celeiros do Pai Eterno.
Pela comunhão os
empecilhos são removidos e a glória do Senhor é revelada, e a luz resplandece
para penetrar e dissipar a escuridão. Não podemos deixar de brilhar
dentro do círculo de nossa influência.
Pela comunhão a
revelação da glória do Senhor na forma humana, trará o Céu tão perto dos
homens, que a beleza que adorna o templo interior será vista em todos, nos quais
o Salvador habita. Os homens serão cativados pela glória de um Cristo
que vive em nós. E em torrentes de louvor e ações de graças dos muitos assim
ganhos para Deus, refluirá glória para o grande Doador.
O amor de Jesus,
a comunhão com Ele, é sem dúvida mais maravilhoso do que qualquer coisa que a
Terra possa oferecer. É evidente que
todos nós temos muitas virtudes e habilidades, mas também temos as nossas
fraquezas e debilidades; temos as nossas histórias de acertos e vitórias, mas
também de fracassos e de derrotas. Então, quando nos tocamos pelas virtudes,
habilidades e acertos tudo corre às mil maravilhas, mas quando nos tocamos
pelas nossas debilidades, fraquezas e erros… só a graça de Deus na causa. No
entanto, apesar de tudo, manter a comunhão com o Senhor e uns com os outros
promove algumas bênçãos indispensáveis para nós:
a) Gera
Maturidade, Crescimento e Proteção:
Alcançar a maturidade é uma necessidade
vital para o cristão. O crescimento espiritual através da comunhão é
comparado ao crescimento e desenvolvimento biológico, também se desenvolve em
ciclos (infância, adolescência, fase adulta à maturidade). Conhecer o caminho
que se percorre da fase infantil até a adulta através da comunhão, possibilita
fazer escolhas seguras. Quando o cristão se desenvolve de forma correta
recebendo o alimento apropriado torna-se um cristão adulto, com amadurecimento
espiritual genuíno sem brechas ou buracos. A maturidade cristã é um objectivo
sempre presente na vida de todo o cristão; isto é, alcançar a “...medida da estatura completa de Cristo”
(Ef. 4:13). Podemos definir maturidade como sendo “o estado de ter alcançado,
pelo processo natural, a perfeição em termos de crescimento e desenvolvimento”;
ou, “pertencente à condição de completo desenvolvimento como homem maduro”.
Na caminhada
cristã surgem pedras, espinhos no meio do caminho, mas em comunhão com o
Senhor, através da leitura da bíblia sagrada, da oração e do jejum, todos os
obstáculos são vencidos. O conhecimento de Deus através do Espírito Santo
permitirá vencer todos os obstáculos no meio do caminho. Entretanto, nesta
caminhada existem atalhos que podem prejudicar a nossa vida com Deus, a nossa
santidade e amadurecimento espiritual. É preciso vigiar e orar sem cessar.
Observar se o atalho apresenta situações que não condizem com a palavra de
Deus. O nosso guia deve ser a bíblia. Por isso precisamos de conhecer, entender
e estudar a palavra de Deus. A fé verdadeira deve ser fundamentada sobre uma
completa inspiração Bíblica.
O amadurecimento
espiritualmente requer tempo, compromisso, pois é um processo pelo qual
vivenciamos até à volta de Jesus. Não importa o tempo de conversão, todos estão
nesta caminhada cristã, para o amadurecimento espiritual. Para o apóstolo Paulo
o caminho da santidade e maturidade Cristã não está relacionado com o esforço
moral, o legalismo ou mesmo com um zelo que nos proporciona uma posição
superior, elevando o ego. Para Paulo é necessário deixar para trás tudo aquilo
que impede de avançar (Hb. 12). É necessário ainda prosseguir no caminho tendo
os olhos fitos em Cristo, visando o prémio da soberania vocação de Deus em
Cristo. O crescimento e amadurecimento espiritual não é, simplesmente, ter uma
boa formação teológica ou ajustar-se bem psicologicamente ou sociologicamente,
ou dominar as doutrinas bíblicas, ou ter uma bagagem espiritual. Para
amadurecermos é necessário caminharmos perseverantemente em direção a Cristo,
refletindo a glória do Senhor através do Espírito Santo. Até chegarmos à
estatura de varão perfeito. Amadurecer é realmente dizer e viver como Paulo “não vivo mais eu mas Cristo vive em mim”.
A maturidade cristã ocorre obedecendo a etapas de
nossa vivência cristã e é resultado direto de corretas atitudes pessoais. O
tempo de vida cristã e seu adequado aproveitamento constituem-se factores
preponderantes na formação do caráter cristão (2 Tm. 3:15). Existem práticas
indispensáveis e importantes a serem observadas neste processo. São
“exercícios” que na medida em que vão sendo praticados aumentam a clareza de
entendimento, a intimidade com Deus e a consciência de uma vida responsável,
equilibrada e de convicções inabaláveis. A vida cristã é uma
vida de relacionamento pessoal com o Deus criador, que se revelou ao homem
através da pessoa do Senhor Jesus Cristo.
Alcançar a
maturidade é uma necessidade imperiosa. É a expectativa de todos que, de alguma
forma, nos observam e acompanham. É natural e, até, obrigatório o momento em
que deixamos as coisas de menino para vivermos como adultos. É assim na
estrutura emocional; dever ser, de igual modo, na conduta cristã. (1 Co. 13:11).
Como vimos, tudo depende de nossa atitude pessoal.
Apresentamos
tanto as características de amadurecimento emocional quanto o processo da
maturidade cristã. Este, em sua dinâmica gera profunda consciência de nossa
responsabilidade com Deus e com o próximo, além de nos conduzir a uma atitude
correta com subjetividade. Viver a seriedade do compromisso com Deus a partir
da conversão que é a experiência radical de transformação, sem dúvida resultará
em maturidade.
A Bíblia nos
informa que Jesus crescia em todos os sentidos: sabedoria, estatura e graça
diante de Deus (Lc. 2:52). Na vida do nosso Senhor Jesus, temos o exemplo do
ser humano perfeito. Ele é o padrão do desenvolvimento do ser humano e notamos
em Lc. 2:52 que Jesus se desenvolveu em quatro áreas: física, intelectual,
social e espiritual. Assim, como iniciamos uma fase de crescimento biológico,
também devemos iniciar um crescimento espiritual. Todo o ser humano, para ser
totalmente realizado como adulto, precisa de se desenvolver nestas áreas.
Quando nascemos para Cristo, somos bebés na fé, porém com o passar do tempo
devemos e precisamos de nos desenvolver, crescendo até chegarmos à estatura de
“varão perfeito” (Ef. 4:13). Entretanto, muitos cristãos não cresceram
espiritualmente, servem a Deus há anos, mas permanecem bebés na fé. A
alimentação espiritual deve ser apropriada para um bom desenvolvimento do
cristão.
O convite para o
crescimento espiritual se estende a todos os cristãos independentemente do
tempo de conversão, pois a cada dia devemos prosseguir para o crescimento
espiritual, assim como Paulo almejou, para que alcancemos a estatura de varão
perfeito até ganharmos o prémio final. O processo de santificação é um
processo que começa no interior e reflete-se no exterior do crente. Isto
acontece em conjunto com o crescimento espiritual que leva o cristão a uma vida
madura em Cristo. Portanto, é necessário a intervenção do Espírito Santo para
que o processo da santificação seja contínuo no coração do discípulo, até
atingirmos a santidade completa, isto é quando recebermos um corpo glorificado
e chegarmos ao céu, a nossa Pátria e Morada Eterna.
Para Crescermos
e Continuarmos a ter vida espiritual devemos permanecer no Cristo vivo e na sua
palavra (Jo. 6:53). A vida espiritual de um Cristão não é uma condição estática
e imutável. Uma pessoa ou progride ou pára e começa a declinar. Somos salvos
pela graça de Deus e pelo poder regenerador do Espírito Santo, porque aceitamos
a sua palavra Tg. 1:18); porém, para que permaneçamos nesta nova condição de
vida, precisamos de ser sinceros e irrepreensíveis perante o mundo (Ef.
4:23-25), praticando a palavra de Deus. Éramos jamboeiros, que tivemos o
privilégio de sermos enxertados na videira verdadeira que é Cristo,
tornando-nos parte de todas as suas bênçãos (Rm. 11:16-17).
A proteção é
essencial na vida do cristão. Vivendo em comunhão com Deus, através
da Oração, Estudo da Bíblia e Testemunho, o ser humano passa a conhecê-Lo e a
amá-Lo. Sabendo de onde vem e para onde vai, tendo a certeza da salvação e da
vida eterna, o ser humano deixa de temer a morte, sente-se seguro e confiante
diante dos problemas da vida, não se desespera, não comete desatinos. As coisas
materiais deixam de ser as mais importantes e a vida fica mais tranquila e
menos angustiante. O relacionamento humano melhora, passa a haver mais paz no
coração, sem inveja, sem ciúmes, sem ódios e mágoas, que tanto adoecem o ser
humano, com capacidade de perdoar. Existe confiança pela certeza de que Deus
está continuamente cuidando de cada um de nós. O poder maravilhoso de Deus se
transfere para aqueles que O amam, e ele faz coisas maravilhosas para os que os
amam. Diante dos problemas, haverá o poder de Deus para enfrentá-los sem medo,
com confiança, segurança, humildade e paciência, diminuindo as possibilidades
de que corpo e mente adoeçam. A intimidade com Deus é algo sublime e
maravilhoso. O cristão adentra no lugar Santo dos Santos, passa a ser
participante dos segredos e mistérios de Deus, apropria-se das verdades
bíblicas da Palavra de Deus para a sua vida e edifica a sua vida espiritual
sobre sólidos fundamentos, produzindo frutos agradáveis a Deus. Orar, estudar a
Bíblia e testemunhar, são as práticas que o manterão em comunhão com Deus e
revestido de Seu poder.
Vivendo em
comunhão com Deus, o Seu poder nos reveste do poder de vivermos segundo a Sua
vontade, as Suas orientações. O poder de Deus é para nos manter no caminho
certo e não para nos proteger das coisas errados que conscientemente decidimos
fazer em nossa vida. É muito importante entender essa parte. O amor de Deus nos
torna responsáveis, desejosos de fazer a Sua vontade e não a vontade do mundo,
nem nossa própria vontade. Assim é com relação às leis da saúde: o poder de
Deus faz com que as obedeçamos e não, o que muitos pensam, que nos libera para
fazermos a nossa própria vontade. É o que acontece com muitas pessoas que, não
obedecem às leis da saúde, adoecem e esperam que Deus realize milagres de cura
em suas vidas. Deus, além de amor, é também justiça, e não haveria de premiar a
desobediência.
A existência, ou
não, de comunhão com Deus é visível quando os filhos de Deus se reúnem. Se a
comunhão existe haverá paz e alegria nos relacionamentos, liberdade e fervor
nos cultos, cumplicidade na fraternidade, regozijo com a vitória do outro,
lágrimas pelo choro do que sofre. Precisamos de aprofundar nossa relação com
Deus para que Ele nos fale diretamente e possamos crescer integralmente. É por
meio dos relacionamentos que, mais do que descobrir o meu próximo, eu me
descubro! Nossos relacionamentos revelam facetas de nós que até nos surpreendem
e que jamais imaginávamos que as tivéssemos. Ora, quando me descubro, então
tenho a oportunidade de me acertar, crescer, mudar e compreender melhor as
pessoas à minha volta. Torno-me mais humilde, quebrantado. Isto é
amadurecimento. Também por estar em comunhão, sou beneficiado pela proteção que
meus relacionais trazem para mim: eles me ajudam no caminho, nas tomadas de
decisão, nas avaliações necessárias para os ajustes de rota, que tanto
precisamos.
Reorganize a sua
vida e invista tempo na leitura da palavra de Deus e esforce-se por colocá-la
em prática. Somente assim acertará em tudo.
b) Gera Fortalecimento e Restauração do
Corpo de Cristo:
A comunhão com
Deus é essencial ao aperfeiçoamento do cristão, porque é através dela que o
homem fortalece a sua fé e vai constatando, por experiência própria, a
fidelidade, a misericórdia, a Justiça e a Soberania de Deus.
A comunhão
mantém o espírito em atividade e em livre desenvolvimento pela convicção da
presença de um Deus tão próximo quanto um bom pai e amigo.
A
cada vitória alcançada pela comunhão com Deus, sobre as provas e tentações,
estaremos mais fortalecidos na fé e compreenderemos um pouco mais sobre os
mistérios e segredos de Deus, sobre a Sua grandeza e majestade, sobre a Sua
soberania no governo do mundo e no destino da humanidade. O nosso
aperfeiçoamento, fortalecimento da fé e conhecimento mais profundo de Deus como
um Pai, que disciplina o filho para o seu próprio bem, advém da comunhão.
Quando
a Igreja manifestar ao mundo qual é a sua verdadeira fonte da sua força, da sua
comunhão, então, a Glória de Deus será vista em toda a terra.
Em
comunhão Cristo somos fortalecidos para que tenhamos vitória em áreas
específicas de nossa vida. Em Cristo nos fortalecemos para um viver vitorioso
levando sempre em conta os valores espirituais e eternos que aprendemos de Deus
por Cristo.
Desfrutando de
comunhão poderemos sempre ser fortalecidos no poder que há em Cristo e sermos
edificados juntamente. Em Cristo temos todos os recursos e toda a capacitação
para que vivamos uma vida de amor e fortalecida para nossa peregrinação.
Após
enfrentarmos o deserto, compartilhamos das experiências que passamos com outras
pessoas e elas são edificadas. Isso gera comunhão e esta gera fortalecimento,
pois os que vencem o deserto têm autoridade para ministrar sobre outros a sua
experiência.
O
exercício contínuo dos dons garantirá que a necessidade de cada crente seja
suprida com a finalidade de preservar e fortalecer a unidade do Corpo de
Cristo, que é a Igreja. Desta forma as brechas espirituais, em que o inimigo
busca encontrar para atacar a vida e os ministérios dentro da Igreja, serão
fechadas, garantindo assim o bom êxito e a preservação da unidade Corpo.
Nos
dias que correm é cada vez mais difícil manter uma vida de compromisso. Mas
quando assumido causará um efeito de comunhão com Deus que gera,
fortalecimento, fé e reconhecimento mútuo na vida dos cristãos. “Um ao outro
ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te” (Is. 41:6)!
O
compromisso com o reino de Deus, com a sua expansão e com a restauração que ele
proporciona às pessoas neste mundo, une a todos que estão imbuídos neste
propósito a orarem uns pelos outros, “Confessai as vossas culpas uns aos
outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo
pode muito em seus efeitos (Tg. 5:16). Não só a orarem, mas
também a confessarem as fraquezas do ser para que haja um fortalecimento mútuo.
Concluísse
que uma vida de compromisso gera comunhão e reconhecimento mútuo na vida dos
cristãos (Is. 41:6) e faz com que os cristãos se auxiliem, “Levai as cargas
uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl. 6:2), assim é uma vida de compromisso com o Corpo de Cristo.
Quando
os membros têm comunhão com Deus e com os irmãos e se preocupam em desempenhar os
seus respectivos papéis, todo o corpo fica fortalecido, bem ajustado e cresce
em tudo, e em Cristo!
A primeira
grande condição para obtermos uma vida cristã salutar e autêntica, é
certamente, mantermos uma relação íntima com Deus através da leitura diária da
Bíblia e da oração. A segunda condição para que tenhamos uma vida cristã
robusta é mantermos uma comunhão íntima com os irmãos da fé. É impossível ser
genuinamente cristão, se vivermos isoladamente. Alguém já disse, muito
apropriadamente, que quem é ilha nunca chegará a continente. Aliás, depois de
experimentarmos as alegrias de uma vida em comunhão, jamais desejaremos viver
isolados. Portanto, neste estudo estamos procurando compreender a comunhão,
definindo-a e conceituando-a.
Pela comunhão,
somos beneficiados pela vida dos nossos irmãos, que muitas vezes nos fortalecem
e restauram.
Quantos já não foram fortalecidos na fé e na caminhada por causa da vida de
outros irmãos? Quantos já não viram seus casamentos e famílias restaurados por
causa da comunhão com outros cristãos? Outro detalhe: é somente por meio da
comunhão que podemos praticar os mandamentos de Deus.
c) Contagia
Tanto os de Dentro Como os de Fora:
Quando
convidamos Cristo a entrar nas nossas vidas (pela fé) como nosso Salvador
pessoal, tornamo‑nos filhos de Deus (Jo. 1:12). Tornamo‑nos Seus filhos e Ele o
nosso pai. Podemos então usar o Seu nome ‑ Cristão. O nosso relacionamento com
Deus, nosso Pai, é permanente. Somos Seus filhos. O valor do encontro/comunhão
com o verbo da vida, transcende todos os valores deste mundo, porque é na
comunhão e pela comunhão com Jesus que somos levados a conhecer a Verdadeira
Vida!
Na comunhão verdadeira, há um transbordar da
alegria do Senhor, que é a nossa força. Temos liberdade para expressarmos essa
alegria, sem as marcas do passado, sem o peso do pecado e sem o jugo da
escravidão, pois essa verdadeira comunhão gerada no Verbo da Vida, trás consigo
o forte desejo de compartilhar, de contagiar o próximo através da verdadeira
comunhão nascida em Jesus, você sente esse desejo?
Ser uma pessoa
consagrada – que mantenha comunhão com Deus e viva os princípios da verdade,
alegria e vigor – contagia e sensibiliza através do Espírito tanto os de dentro
como os de fora, porque estamos vivendo dentro do laço do amor. Porque quem é
consagrado a Deus para a Sua glória, é também consagrado aos homens para o seu
bem eterno.
Assim como uma chama
de fogo natural precisa de oxigênio para continuar queimando, assim também é a
comunhão com Deus. A Bíblia nos exorta a não escondermos a candeia num lugar
onde não possa ser vista e onde não receba o oxigênio necessário para a sua
sobrevivência (Mt. 5:15). Devemos colocar a nossa chama da comunhão com Deus
bem à vista, onde todos possam vê-la e sejam contagiados, para que assim seja
bem alimentada de oxigênio. A Bíblia diz, em Génesis 12:1-3, que Abraão foi
abençoado por Deus para que pudesse abençoar todas as famílias da Terra. O que
é que isso quer dizer? Que não recebemos bênçãos para guardá-las para nós
mesmos; mas que somos abençoados para abençoar outros. Um factor essencial para
que a nossa chama continue queimando é que a compartilhemos com outros até os
confins da terra e da criação e assim Deus possa restaurar em nós a imagem
divina.
Quando
através da comunhão compartilhamos com outros sobre quem Deus é, o que ele fez
e todas as suas maravilhas, nós permitimos que mais oxigênio chegue até à nossa
chama e a deles, fazendo-a crescer mais ainda. Cada vez que contamos para
alguém sobre como Jesus nos salvou, nossa salvação se torna ainda mais real
para nós mesmos e para eles. Cada vez que oramos para que alguém receba o
batismo no Espírito Santo, mais real ele se torna na nossa vida e na deles.
Cada vez que oramos para que alguém receba a cura, mais podemos crer para nossa
própria cura e para a deles. Quando falamos com os outros sobre Jesus, voltamos
ao nosso primeiro amor. Quando voltamos ao nosso primeiro amor, falamos com
outros sobre Jesus! É um ciclo que nunca se acaba! Muitas vezes, numa tendência
protetora, queremos esconder nossa chama de tudo e de todos. Nós a guardamos lá
no fundo, onde ninguém pode atingi-la e onde o vento não pode apagá-la. Mas
numa atitude super protetora, acabamos por apagá-la nós mesmos, ao não
permitirmos que o oxigênio chegue até ela e à dos outros. Quando queremos
garantir, por nós mesmos, que manteremos a chama acesa, encontramos, ao
contrário, uma segurança perigosa, que nos leva a uma vida medíocre, sem paixão
e sem o ardor de Deus.
A
comunhão com Deus, a qual é um privilégio divino, mas que precisamos de entender
como é estabelecida e mantida, somente contagia tanto os de dentro como os de
fora quando as paredes de proteção natural que construímos ao redor da nossa
chama caiem. Paredes que levantamos por termos sofrido feridas anteriormente;
paredes de autodefesa que nos fazem sentir fortes, mas que, na verdade, nos
mantêm separados de Deus e incapazes de compartilhar nossa chama com outros.
Que bênção e que privilégio é poder caminhar diariamente com Deus agora,
esperando aquele dia quando poderemos viver eternamente em sua presença, no
céu!
Já
alguma vez sentiu a chama queimar no seu interior enquanto compartilhava algo com
um irmão? Parecia que quanto mais falavam sobre o assunto, mais este se tornava
verdade e mais o fogo ardia no seu coração! Isso acontece porque a comunhão é
um tremendo combustível para a nossa chama interior. Não basta acreditar em
Deus, precisamos de estar cientes do Deus em que efetivamente acreditamos.
Jesus Cristo veio até nós declarando-se como Deus. Nada n’Ele faz sentido se
negamos a Sua divindade.
O
modo como entendemos Deus está muito relacionado com a forma como vivemos, como
agimos e reagimos, com o projeto de vida que abraçamos. Existem muitas vezes
incongruências, desajustamentos, hipocrisias. Mas, de uma ou de outra forma,
contemplar Deus na pessoa de Jesus Cristo e responder afirmativamente ao Seu
desafio, transforma-nos. Somos transformados por Ele na medida em que O
recebemos em nós. Tenho experimentado de maneira muito pessoal esta Palavra que
Deus tem falado ao meu coração.
É
do relacionamento, da amizade, do encontro, é da intimidade entre Amor e
Verdade que nós vamos vendo a Glória de Deus se manifestar na nossa vida, por
isso a palavra de Deus diz: Seguindo a verdade em amor… Esses dois elementos
devem ser inseparáveis, já que só assim nós podemos crescer em tudo, em Cristo
Jesus.
Se
deseja ver Cristo manifesto plenamente na sua vida, na sua casa, nos seus
relacionamentos, então deve se dedicar diligentemente à aplicação e à
combinação desses dois elementos fundamentais. Verdade e Amor!
Se pegarmos
algum atributo de Deus e tentarmos vivenciar esse atributo de maneira isolada,
nós teremos alguma coisa Virtuosa, ou seja, pode ser que alcancemos alguma
virtude de Deus manifesta na nossa vida, mas naturalmente nós não teremos a
Glória de Deus manifesta. Isso, porque nós não podemos pretender escolher algum
aspecto daquilo que Deus é e tentar aplicar esse aspecto na nossa vida,
pensando que com isso a bênção de Deus estará na nossa casa. Se fizermos isso,
estaremos ferindo a principal virtude, que é a de sermos selados na comunhão do
Espírito de Deus.
Jesus conhece-se
no relacionamento pessoal. Cristianismo é antes de tudo o mais relação com Deus
através da pessoa de Cristo. É nessa e por essa relação contagiante que somos
mudados, que Deus se torna real na nossa vida, que a esperança nos toma, que o
amor nos inunda, que o perdão nos alcança, que o Criador nos serve a vida
eterna.
O amor de Deus só é manifesto entre nós
através da nossa comunhão, do nosso relacionamento com os outros. A Igreja do
primeiro século mantinha um nível de comunhão tão elevado, que tanto os de
dentro como os de fora eram contagiados pelo amor entre eles.
6. Consequências do Isolamento
“Quem ama a solidão não ama a liberdade”
(Clarice Lispector).
A solidão
aprisiona e sufoca. Por vezes pode vir com uma roupagem de proteção ou
talvez de fuga. Mas na verdade quem se deixa agarrar por ela sente-se cada vez
mais só e sozinho, preso em si mesmo à procura da porta que nunca encontrará
até o dia que sozinho ficar. A solidão tem seu brilho, mas é preciso olhar pelo
lado certo e medir o tempo certo para não deixar que ela se embrenhe pelas
entranhas e não se possa mais libertar.
A solidão é
reprovada por Deus, desde as primeiras páginas da Bíblia. A célebre e
contundente conversa de Deus continua ecoando na existência humana: “não é bom que o homem esteja só” (Gn.
2:18). Deus criou o ser humano para se relacionar. Isso faz parte da própria
essência do Criador pois Deus é Trino. Por isso, Deus criou dois gêneros em vez
de um só e os chamou macho e fêmea e deixou leis que deveria regular a relação
entre um ser humano e outro. O ser humano é um ser social. A solidão nos leva
para uma vida centrada em nós mesmos, para um modo de viver onde as nossas
preocupações são limitadas pelas nossas vontades. A solidão tem a “força” de
nos isolar. Muitas vezes a solidão se torna uma camisa de força, de onde não
conseguimos sair. A solidão nos aprisiona sem que percebamos. Há vários tipos
de solidão. Solidão de pessoas e solidão de amor e afeto. A solidão pode ser um
estado interior, uma ausência existencial. As atitudes solitárias devem ser
banidas do nosso modo de viver. A solidão nos afasta das pessoas e
distancia-nos de Deus.
A
conversão é a transformação do “eu” solitário num “nós” comunitário. É o chamado
para sermos amigos de Deus e dos nossos irmãos. As parábolas e imagens do reino
glorioso de Cristo sempre envolvem mesas fartas, festas, multidão de todas as
línguas, tribos, raças e nações; Paulo nos fala de uma nova família, um corpo;
João nos fala de um rebanho e de uma cidade - essas imagens revelam que o reino
de Deus é o lugar onde as pessoas se encontram na comunhão festiva com Cristo.
As imagens bíblicas de banquete, mesa farta cheia de amigos, nos ajudam a
refletir melhor sobre o significado da comunhão e da amizade.
Porém,
para muitos, a igreja não tem sido este lugar; pelo contrário, tem sido um
lugar de desilusão, frustração e solidão. Um lugar de mágoas, ressentimentos e
traições. Sei que existem aqueles que se sentem acolhidos e amados em suas
comunidades, mas esta não é a regra geral. No entanto, mesmo os que se sentem
bem nem sempre experimentam uma verdadeira comunhão de amizade e amor.
Cristo
fez amizades ao ponto de ter amigos mais chegados. No jardim do Getsémani, por
exemplo, Jesus chamou os seus três amigos mais chegados (Pedro, Tiago e João),
para orar com ele. O momento era de extrema aflição pois nosso mestre, estava
para ser entregue à morte por nossos pecados e queria ser consolado e animado
por seus amigos queridos. De facto, como escreveu Salomão, há amigos mais
chegados que irmãos (Pv. 18:24). Todos nós precisamos de amizades, Deus não nos
fez para ficarmos sozinhos
A solidão é uma
ausência de relacionamentos que mina nossa espiritualidade. O cristianismo
é a resposta de Deus para um mundo que valoriza o indivíduo solitário e não o
coletivo. A comunhão com os irmãos revela também nossa comunhão com Deus.
Enquanto a solidão nos leva para um “canto” (seja ele um lugar físico ou
existencial) e ficamos ali nesse “lugar” pensando em nós, a comunhão nos
aproxima e nos coloca em contato. Uma das expressões mais usadas no Novo
Testamento, no contexto da igreja é “uns aos outros”. Isso revela que as igrejas
que celebram Jesus Cristo como Senhor e Salvador devem valorizar o “outro”. Não
podemos ser felizes e completos como igreja sem pessoas (sem o “outro”). O
cristianismo é uma expressão de amor coletivo. Amor mútuo. Amor envolvente. O
cristianismo é a manifestação do testemunho de amor entre os cristãos, a
despeito de suas diferenças e diversidade, a fim de que, os de fora creiam que
Jesus Cristo é o Messias enviado por Deus.
O solitário
busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria... (Pv. 18:1). O
isolamento pode ser fatal para sua alma. Quem se esconde e se isola para manter
uma identidade secreta, para praticar coisas inconvenientes e ainda conservar a
sua reputação diante das pessoas dá sinais de grande insensatez. Não somos aquilo
que aparentamos em público. Nossa verdadeira identidade é aquela que se
expressa diante do espelho. De nada adianta colocar uma máscara bonita em
público se, no recesso, quando fechamos as cortinas, mostramos uma terrível
carranca. De nada vale os aplausos dos homens por nossas virtudes se no íntimo
estamos povoados pela impureza. É absolutamente inútil sermos aprovados pelos
homens e reprovados por Deus.
O solitário que
se esconde para encobrir os seus pecados insurge-se contra a verdadeira
sabedoria.
Aquele que tranca a porta do quarto para ver coisas vergonhosas esquece-se que,
para Deus, luz e trevas são a mesma coisa. Aqueles que se afastam da família e
procuram os guetos mais escondidos para se refestelarem no pecado com a
intenção de permanecerem incógnitos, cobrem-se a si mesmos de opróbrio e deixam
a família cheia de vergonha. Devemos viver na luz. Somos a carta de Cristo.
Devemos refletir o Caráter de Cristo.
Fomos chamados
para participar, não somente crer. Todos nós somos chamados para participar,
não somente crer. A partir do momento em que passamos a fazer parte da família
de Deus, não estamos mais por conta própria, mas devemos participar junto à
comunidade. Mesmo no mais perfeito e imaculado ambiente do Éden, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn.
5:14). Fomos criados para viver em comunidade, moldados para o companheirismo e
formados para uma família; e nenhum de nós pode cumprir os propósitos de Deus
sozinho e sem ajuda. Sem alguém que lhe faça companhia, o homem não pode viver
plenamente a condição de ser humano, por isso devemos estar atentos às inúmeras
vezes que a Palavra de Deus usa a expressão: “uns aos outros”.
Embora nosso
relacionamento com Cristo seja pessoal, Deus nunca quis que fosse particular. Não existe
“cristão autónomo”, e é por isso que, como cristão, eu preciso de me esforçar
para integrar as outras pessoas dentro do Corpo de Cristo, pois o desejo de
autonomia em relação a Deus é um terrível caminho e um grande engodo para um
cristão. A Bíblia diz que fomos ajuntados, reunidos, juntamente edificados,
juntamente tornados membros, juntamente feitos herdeiros, combinados, mantidos
juntos e que seremos juntamente arrebatados. Seguir a Cristo inclui integrar,
não apenas acreditar: somos membros do corpo de Cristo – a Igreja. Para o
Apóstolo Paulo, ser “membro” da Igreja significava ser um órgão vital de um
corpo vivo, parte indispensável e interconectada (Rm. 12:4, 5 e 1 Co.
12:12-27).
Não fomos feitos
para viver como cavaleiros solitários; ao contrário, somos feitos para
pertencer a família de Deus e ser membros de seu corpo. Portanto, o
batismo não é somente um símbolo de salvação, mas é também de comunhão. Não
significa somente uma vida em Jesus, mas também a visualização da integração de
uma pessoa dentro do corpo de cristo. Quando um novo crente é batizado, a
igreja pode dizer: “Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef. 2:19). A igreja existe para
proporcionar comunhão aos crentes.
Fomos criados
para uma função específica, mas perderemos esse propósito maravilhoso se
deixarmos de congregar (ter comunhão) por um motivo ou outro. Se um órgão é
de alguma forma desligado do corpo, ele murcha e morre. Ele não pode existir
por si mesmo, nem nós (Ef. 4:16). É por isso, que o primeiro sintoma de
declínio espiritual é normalmente o comparecimento irregular (isolamento) aos
cultos e a outras reuniões. Sempre que nos tornamos descuidados com a igreja,
todo o resto começa a desmoronar. Ouça a voz de Deus. Fuja da solidão e corra para
os braços de Deus e converse com ele.
Fazer parte da
igreja ajuda a desenvolver os “músculos espirituais” (Cl. 2:19).
Somente quando nos colocamos como membros com a plena participação nas
atividades da igreja é que adquirimos resistência contra toda a investida do
diabo e desenvolvemos músculos espirituais, ou seja, não seremos atingidos por
qualquer tempestade, mas teremos a nossa segurança em Deus, teremos a convicção
de que unidos em Cristo somos verdadeiramente mais do que vencedores. Quando
estamos unidos temos a consciência de que as nossas obrigações são mútuas,
portanto, temos “responsabilidades familiares” conforme aquilo que Deus espera
que cumpramos na igreja local. Veja o enfoque de Warren, 2003, p. 117:
“Precisamos mais do que a Bíblia para crescer, precisamos de outros crentes.
Crescemos mais fortes e mais rapidamente aprendendo uns com os outros e sendo
responsáveis uns pelos outros. Quando os outros compartilham o que Deus está
ensinando, também aprendemos a progredir”.
O isolamento é o
contrário da comunhão, é a escassez ou ausência dos relacionamentos. O isolamento
produz a falácia. É fácil nos enganarmos pensando que somos maduros quando não
há ninguém para nos contestar. O cristão não deve viver no isolamento, porque
ele traz sérias consequências, afetando sua vida em vários aspetos: apaga o
amor, obstrui a visão do Reino de Deus, enfraquece emocional e espiritualmente,
inibe o crescimento, não promove a libertação e a cura, gera religiosidade,
sentimento de superioridade, divisão no Corpo e morte. A verdadeira maturidade
se manifesta nos relacionamentos. Precisamos mais do que a Bíblia para crescer;
precisamos de outros crentes.
7. Três Razões
Para Perseverar na Comunhão
Qualquer
empreendimento só será realizado se nos empenharmos com perseverança na sua
execução. Como cristãos, também nós devemos ser perseverantes em nossa vida
cristã.
O que nos une a
nossos irmãos naturais é muito mais do que viver debaixo do mesmo teto. Nós
somos irmãos porque levamos a mesma carga genética da nossa família.
O mesmo se
aplica à igreja. Somos uma família, não só por que cultuamos a Deus no mesmo
local, mas porque compartilhamos a mesma vida que vem de Cristo, temos a mesma
carga genética espiritual: somos filhos de Deus. O que é mais precioso é que
quando encontramos a outros com essa mesma natureza espiritual imediatamente
nos identificamos com eles.
O mundo somente
crerá em Jesus, se vivermos uma vida de comunhão e unidade. A comunhão ganha
mais gente para o reino de Deus do que o evangelismo. Na verdade, Jesus disse
que só nos reconheceriam como seus discípulos se nos amássemos uns aos outros
(Jo. 13:35). A comunhão é o meio pelo qual expressamos esse amor ao mundo. Sem
amor de uns pelos outros não podemos ser conhecidos como discípulos de Cristo.
Aqueles
primeiros cristãos mudaram completamente de pensamento e atitude com respeito
ao Senhor Jesus Cristo. Eles receberam a verdadeira fé em Cristo e a vida deles
mudou completamente. O Espírito passou a habitar neles e os encheu de tal forma
que a fé deles em Cristo tornou-se evidente a todos na prática de boas obras na
vida do dia-a-dia. Pelo poder de Cristo mediante o seu Espírito e a sua
palavra, aqueles irmãos tornaram-se uma igreja ativa e perseverante na prática
da vida cristã. Lucas nos mostra um belo retrato da vida da igreja nos dias dos
apóstolos. Unidos a Cristo pelo batismo, tendo o perdão dos pecados e a
presença do Espírito habitando neles, aqueles nossos irmãos “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações” (At. 2:42).
Lucas tem o
propósito não somente de nos informar sobre a vida da igreja primitiva, mas
também a de nos encorajar a sermos perseverantes em nossos dias com o exemplo
de fé daqueles nossos irmãos do passado. Em Cristo temos os mesmos benefícios
que eles tiveram (fé, perdão, Espírito Santo). E em Cristo também temos a graça
de sermos perseverantes como eles foram. No nosso texto aprendemos que uma
igreja cheia do Espírito Santo é uma igreja perseverante. Ela persevera na
doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. A
perseverança nestas coisas básicas da fé é resultado da obra do Espírito Santo
e ao mesmo tempo caracteriza uma verdadeira igreja de Cristo. A verdadeira
igreja de Cristo é uma igreja perseverante. A perseverança é a marca de uma
Igreja vitoriosa.
Só prospera na
comunhão, sendo bênção e abençoado, quem decide ser construtor de pontes de
paz. Claro que requer esforço e renúncia pessoais, mas as conquistas
particulares são enormes e o Reino de Deus é manifesto aos olhos de todos,
quando a comunhão dos santos é uma realidade. Perseverar na comunhão com os
irmãos é andar com Yeshua e faz parte do andar no caminho apertado que vem
depois de passarmos pela porta estreita da salvação (Mt. 7:13-14). Vejamos as três
razões para perseverar na comunhão com os irmãos:
a) A Comunhão
com os Irmãos Revela a Nossa Comunhão Com Deus.
Ninguém pode
encontrar a felicidade se não deseja que as pessoas ao seu lado sejam felizes,
se não estiver disposto a estender a sua mão para as pessoas que precisam. As
pessoas vivem em busca da felicidade, da tentativa de serem feliz neste mundo.
E para isso elas não medem esforços. Abrem mão de inúmeras coisas em troca de
outras que acreditam ser o caminho que conduz à felicidade. Na busca pela
felicidade, tentamos delimitar quais os ingredientes que devemos colocar no
“bolo da vida” para que sejamos felizes. E muitas vezes, atrelamos essa busca a
coisas materiais. No entanto, à medida que vamos conseguindo todas essas
coisas, percebemos que a tão sonhada felicidade não acontece, então passamos a
desejar outras coisas, outras, e outras, e assim indefinidamente. E nesse
processo, enquanto corremos desesperadamente atrás da felicidade, esquecemo-nos
de nós mesmos e das pessoas que amamos, esquecemo-nos de cultivar sentimentos
que são essenciais para o nosso desenvolvimento como pessoa, como o amor, a
compaixão, a fidelidade, sentimentos que mostram o nosso caráter e definem a
nossa postura diante das circunstâncias.
O amor para com
Deus, é aperfeiçoado na plena obediência à Sua palavra, que nos manda ter e
manter comunhão com os nossos irmãos, figurando a comunhão com Ele, andando
como Ele andou. O padrão de obediência é o exemplo de Cristo (1 Pe. 2:21; Cl.
2:4). Será que nós, crentes em Cristo Jesus, temos vivido dignamente como
Cristo viveu aqui no mundo? A Bíblia diz: “Sede
santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.16). Viver em santidade de vida, não é
uma opção, mas uma ordem. Sejamos santos em todos os nossos procedimentos e
mantenhamos comunhão uns com os outros, para aperfeiçoarmos a nossa comunhão
com Deus e com o Seu Filho Jesus, guiados pelo Espírito Santo. Busquemos, pois,
no Deus de amor, a perfeição de nosso amor. Não basta amar mais do que antes, é
urgente amar como nunca: perfeita e integramente. O perfeito e íntegro amor,
embora suporte os maus, não pode tolerar o mal; apesar de amar o pecador, não
pode indultar o pecado.
A verdadeira
comunhão só é possível através de verdadeiros relacionamentos. Nós, o povo de
Deus, fomos chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. A comunhão
com Deus e uns com os outros é o grande segredo da vida cristã. Essa comunhão
exige convivência, e um
ingrediente fundamental na convivência duradoura é a confiança. Devemos olhar
para a comunhão como algo puro, abstrato, independente, santo, acima e além de
todas as coisas terrenas. Na ilustração de Jesus, a comunhão é o vinho novo e a
igreja é o odre novo. Antes de derramar o Espírito Santo no dia de Pentecoste,
Jesus preparou uma igreja de pessoas comprometidas umas com as outras em amor e
todas absolutamente comprometidas com Cristo como Salvador e Senhor. Comunhão e
igreja são igualmente importantes, pois quando colocamos vinho novo em odres
novos ambos se conservam (Mt. 9:17).
A profunda
convicção de que somos eleitos, santos e amados como povo de Deus nos dá
segurança e condições de viver em comunhão com Deus e com os irmãos de tal
maneira que nos tornamos sinal do Reino de Deus no mundo!
A Comunhão é a
atitude de abrir as nossas vidas para os nossos irmãos e amá-los. Isso é possível
porque Deus nos fez conhecer e crer em sua obra maravilhosa: O Nosso
maravilhoso Deus derramou sobre nós do seu grande amor através da morte do
nosso Senhor Jesus Cristo na cruz do calvário. Ele se abriu a todos nós e nos
amou incondicionalmente. Deus compartilhou o seu amor, compartilhou a sua
graça, estendeu-nos a mão e nos perdoou. Ele nos aceita como somos e nos amou
quando ainda éramos pecadores. Esse Deus que chega até nós pela mensagem de
seus feitos em nosso favor, e pela comunhão, causa uma mudança radical em
nossas vidas de tal forma que, em resposta, podemos amar os nossos irmãos. Por
isso quanto mais crescemos na graça e no conhecimento de Jesus (2 Pe. 3:18),
mais nos parecemos com ele. O caráter de Jesus se revela em nós através das
virtudes que dão o tom da nossa comunhão com os irmãos na igreja.
O
relacionamento com Deus é a base para o nosso relacionamento com o próximo, com
os irmãos.
Quando reunimos todos os itens de uma receita com a intenção de fazer um bolo,
o resultado é um maravilhoso e delicioso bolo. Assim, com a prática do amor, do
perdão, da bondade e da misericórdia, a igreja experimenta a reconciliação e
paz. Os relacionamentos são verdadeiramente melhorados, abrindo caminho para o
serviço voluntário uns aos outros, e então experimentaremos o sabor da
verdadeira comunhão, a edificação na Palavra (1 Co. 14:26), e seremos
verdadeiramente um como ele o é (Pai, Filho e Espírito Santo).
Estar
em comunhão com Deus é a melhor e a maior dádiva que alguém pode possuir. Quando estamos
em plena comunhão com o Pai sentimos segurança, não temos medo de ofertar a
nossa vida em favor das pessoas que sofrem, temos a certeza de que tudo coopera
para o bem daqueles que amam a Deus.
O
ser humano tem a sua origem em relacionamentos, daí a necessidade que o homem
tem de se relacionar, de viver em sociedade, de compartilhar a vida. Aliás,
temos uma origem divina, que se multiplica, através de origens biológicas, mas
que ambas origens, só foram possível existir, graça a relacionamentos
A nossa comunhão
com Deus nos leva a viver em comunhão com os irmãos. O amor de Deus
que é derramado em nossos corações nos leva a amar uns aos outros. Quem está em
comunhão com Deus consequentemente está em comunhão com os irmãos (I Jo. 1:6,
7). É impossível amar a Deus e não amar o nosso próximo. Veja o exemplo da
igreja primitiva. É bem claro aos nossos olhos como aqueles irmãos, estando em
comunhão com Deus, viviam na prática constante do amor fraternal; eles
perseveravam na comunhão. Lucas quer enfatizar esse aspecto da comunhão
fraternal no texto. Por isso ele nos revela nos versos 44 e 45 como a comunhão
dos santos era exercitada (ler o texto). Vemos aqui que a manifestação da
comunhão entre os irmãos se deu pelo exercício da misericórdia no meio da
comunidade cristã. A maioria dos membros na igreja de Jerusalém era pobre.
Havia muitos pescadores e camponeses que muitas vezes passavam por necessidades
físicas. Também existiam cristãos ricos que tinham muitas terras. Sendo assim,
estes que tinham uma melhor condição de vida vendiam as suas propriedades e
supriam as necessidades dos pobres de modo que ninguém passava necessidade
dentro da igreja e tudo lhes era comum.
Não há como
viver em comunhão com Deus e não ter comunhão com os irmãos. Em 1 João 2:7-11
lemos que quem odeia seu irmão está nas trevas, logo, não está na presença de
Deus; por isso, é impossível dizer que se está na luz e não amar o irmão. Quem
tem efetivamente comunhão com Deus, está na luz e ama a seu irmão.
Sejamos
membros vivos e ativos no corpo de Cristo. Vamos amar a
boa doutrina que recebemos de Cristo e perseverar nela; vamos viver em
verdadeira comunhão com Cristo e nossos irmãos, amando uns aos outros, orando
uns pelos outros e suportando uns aos outros no amor de Cristo. Podemos ter
nossas diferenças físicas, económicas e sociais, mas uma coisa temos em comum e
isso é o mais importante: somos todos membros do corpo de Cristo, filhos do
mesmo Pai, participantes da mesma fé e herdeiros das mesmas promessas. Sendo
assim, vivamos em comunhão uns com os outros. Perseveremos em usar os nossos
dons com vontade e alegria para o bem dos outros membros. Perseveremos no uso
dos meios de graça, pois por meio deles Deus quer fortalecer a nossa fé e nos
levar à glória. Aquele que perseverar até ao fim será salvo e participará das
bodas do Cordeiro com todos os santos por toda eternidade. Amém.
Amados
fomos chamados para andarmos na luz e termos comunhão com Deus. E quando assim
fazemos andamos de cabeça erguida, e a nossa luz resplandece diante dos homens
e o nosso Pai celestial é glorificado. As grandes e maravilhosas bênçãos de
Deus são derramadas para aqueles que andam na luz.
b)
Nosso Desenvolvimento Como Povo de Deus é Revelado Pela Comunhão Com os Irmãos.
Todo
o ser humano, independentemente da fé, cultura ou etnia tem algumas
necessidades que lhes são comuns. Dentre as várias necessidades que possuímos
há três que são consideradas essenciais ou fundamentais. São elas:
1)
Necessidades Fisiológicas: Vêm em primeiro lugar. São tão essenciais que não se
admite prescindir de qualquer uma delas, pois estão intimamente ligadas à nossa
existência, saúde e bem-estar físico. Dentre elas temos: respiração,
alimentação (comer, beber), repouso (dormir), defecar, urinar. Quando as necessidades humanas não são
supridas sobrevêm sentimentos de frustração, agressividade, nervosismo,
insónia, desinteresse, passividade, baixa autoestima, pessimismo, resistência a
novidades, insegurança e outros. Devemos estar sempre em comunhão, para sermos
guardados das tentativas de satanás de nos levar ao pecado.
2) Necessidade
de Segurança e Proteção: Vêm em segundo lugar. Todo o ser humano procura
viver em segurança e proteção, tanto no aspecto físico (material) como no
psicológico. Tal necessidade varia, dependendo da faixa etária e do nível de
amadurecimento biológico, psicológico, social. Fala de casa, teto, assistência
paterna, materna, médica, policial etc.
O termo
segurança, no sentido aqui apresentado, tem a ver com proteção, abrigo ou estar
guardado do perigo e dos riscos que cercam a nossa existência, bem como aquilo
que nos pertence. É justo e legítimo, segundo a Bíblia, que os crentes clamem
sempre pela proteção de Deus diante das circunstâncias hostis que enfrentam
(Sl. 7:1, 2; 25:17-20; 31:4 e 18:1-3). O salmista teve a compreensão exata
dessa perspectiva pela convicção de que o significado e a razão de sua
existência estavam no próprio Deus, muito além da vida física, como o seu
verdadeiro abrigo por toda a eternidade (Sl. 16:1, 2 e 27:1).
Precisamos de
compreender a promessa da nossa proteção, defesa e segurança sob a perspectiva
da soberania de Deus. Nem sempre o livramento acontece da forma como pedimos e
esperamos. Às vezes nos sentimos frustrados e até mesmo dececionados, segundo a
nossa ótica, em razão de perdas dolorosas e significativas. Nosso estado de
espírito torna-se algo semelhante ao de Davi, que empregou fortes metáforas
para demonstrar como a sua alma estava às vezes dilacerada (Sl. 6:2, 3; 18:4,
5; 22:12-14; 42:11 e 43:5).
3)
Necessidade de Amor e Aceitação: Esta necessidade ocupa o terceiro lugar
em importância para os seres humanos. Nesse nível, só haverá suprimento por
meio dos relacionamentos interpessoais. Só a comunhão responde a essa grande
necessidade do ser humano: a de amar e ser amado. Quem não se relaciona está
bloqueado no suprimento dessas necessidades e, em geral, vive em défice
emocional, com sensação de inutilidade e abandono.
O
Senhor Se moveu em nossa direção para nos amar, libertar e ensinar a amar por
meio dEle. Porque a Palavra de Deus nos ensina que o Perfeito Amor (que é
Cristo) lança fora todo o medo, inclusive o medo de se relacionar com os
outros, podemos crer que é possível, sim, andarmos em comunhão com os irmãos.
Quanto mais nos relacionamos com Ele, mais nos sentimos amados por Ele e tanto
mais nos liberamos para amar os outros.
Por isso, só estando em comunhão é que poderemos praticar o amor de Deus,
mostrando o quanto nos desenvolvemos na fé, amando e sendo amados. O não ser
amado é triste, mas o não amar é uma tragédia! Quando assim fazemos, mesmo que
encontremos tristeza no trato com as pessoas, ficaremos tranquilos por saber
que nada nos faltará. Afinal de Contas o Senhor é o nosso pastor.
Deus
tem um propósito a realizar, mas ele precisa que o homem esteja disposto a ter
comunhão, para que se estabeleça a Sua vontade aqui na Terra, está é a função
da comunhão, preparar um caminho para que Deus realize Sua vontade, assim como
uma locomotiva necessita dos trilhos para andar, Deus necessita da comunhão do
homem para levar adiante a Sua vontade, sendo assim o homem deve fazer com que
a sua vontade seja unida com a vontade de Deus para que se estabeleçam seus
desígnios.
c)
A Comunhão Com os Irmãos é a Base do Nosso Testemunho no Mundo.
Se
vivermos em fidelidade, em amor que gera a comunhão, daremos o eloquente
testemunho de obediência e fidelidade que o mundo precisa, e o Senhor, a cada
dia, ajuntará outros que, como nós, experimentarão a imensa alegria de ter
Jesus como o centro de suas vidas.
Em
João 13:34-35 o Senhor nos afirma que assim como Ele nos amou, também nós
devemos nos amar uns aos outros, porque se tivermos amor uns pelos outros,
todos saberão que somos Seus discípulos.
A comunhão entre
os discípulos na igreja primitiva era muita forte: “perseveravam na comunhão; perseveravam unânimes todos os dias; comiam
juntos com alegria e singeleza de coração; era um o coração e a alma da
multidão dos que criam”. Não é de admirar, pois, que “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de
salvar” (At. 2:42, 46, 47; 4: 32). Não foi Ele que pediu ao Pai: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o
és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia
que Tu Me enviaste” (Jo. 17:21)?
A comunhão era
tão íntima que se podiam estimular uns aos outros e, até, admoestarem-se uns
aos outros! E toda a igreja tinha o cuidado de que ninguém da comunhão se
privasse da graça de Deus (Hb. 10:24, 25; 12:15)! Além de sermos testemunhas do
Senhor através da nossa vida na palavra e no exemplo, as Escrituras indicam que
também devíamos ser testemunhas nas obras.
Quando
efetivamente testemunharmos que há comunhão entre nós (unidade e amor), o mundo
será confrontado com uma realidade divina inquestionável, a presença do Deus
vivo na Terra, entre os homens. A ausência de comunhão tem sido um grande
impedimento para a evangelização.
Como
falar do amor de Deus e da importância da Igreja para o perdido, se não
mostramos os efeitos deste amor em nossas vidas? Como falar do amor de Jesus,
que nos transforma para melhor, se o testemunho conjugal e familiar denuncia
justamente o contrário? Que autoridade teria alguém contra o reino das trevas e
para pregar o Reino de Deus, se pela ausência de comunhão com os irmãos
demonstra que não vive na luz? Como é que alguém pode pregar o Evangelho de
Jesus que liberta, cura e transforma, se ainda vive em cadeias infernais como
ódio, rancor, amargura, discórdia e divisão? Como dizer que o Senhor pode
transformar um casamento, se pela falta de comunhão conjugal o próprio casamento
é um inferno?
Nestes dias
conturbados, em que a nossa cultura assume formas cada vez mais distanciadas
dos valores do reino de Deus, precisamos de nos abrir para vivermos a autêntica
comunhão cristã na família e na Igreja, não só nas grandes celebrações de
domingo, mas no dia-a-dia; necessitamos de pedir ao Senhor sabedoria e
discernimento para dar testemunho da sua verdade com firmeza e convicção, não
nos conformando com o presente século, mas transformando-nos pela renovação das
nossas mentes. O homem é feito para a sociedade, e os cristãos, para a comunhão
dos santos. Mas, para isso é preciso humildade, é preciso saber ceder, é
preciso saber abrir mão, é preciso saber construir com cada tijolo de
pensamento que é oferecido e que em nada prejudica o objetivo do Reino.
A Comunhão é a
resposta para o sucesso da obra do Senhor. Portanto, que não percamos a
oportunidade de estarmos juntos, de mãos dadas, cooperando, incentivando e
amando em Cristo Jesus. Que o Espírito Santo nos ajude a viver a autêntica
comunhão cristã.
8. Aliança – A Base Para a Comunhão.
A aliança é o
alvo do relacionamento que Deus deseja ter connosco, porém toda a aliança deve
estar alicerçada na base da comunhão. A comunhão flui no contexto da aliança. A
aliança é comunhão, não é experiência individual, pelo contrário, é sempre
comunitária. A aliança com Deus não é verdadeira se ela não nos compromete um
com o outro e com o próximo. Não é qualquer relacionamento que promove
comunhão. Para que um relacionamento gere comunhão é necessário que ele ocorra
num contexto de aliança. Quem não tem aliança pode até ter um relacionamento em
algum nível com alguém, mas não tem comunhão com esta pessoa. Comunhão mesmo só
temos com quem estamos aliançados.
Os irmãos da
Igreja do primeiro século prosperaram na comunhão, porque desenvolveram
relacionamentos fundamentados na aliança que tinham com o Senhor e entre si.
Apesar das diferenças e até das divergências, eles sustentaram a aliança e,
consequentemente, a comunhão. Porque muitos não têm a revelação de aliança,
tornam-se indivíduos solitários e refratários nos relacionamentos e na
comunhão. Uma aliança nos vínculos do Reino de Deus nos tira do isolamento
mórbido e nos prospera, porque nos introduz no ambiente saudável e providencial
da comunhão dos santos.
O problema é que
muitos não sabem ou se esquecem, que uma aliança não está vinculada às
preferências, emoções ou sentimentos, e muito menos à nossa vontade. Uma vez
estabelecida ou ratificada, uma aliança torna-se superior a muita coisa, até a
nós mesmos.
Ao nos
convertermos a Cristo, entramos em aliança com Deus pelo Sangue do Senhor
derramado a nosso favor na cruz do Calvário – aliança de vida eterna, a Nova
Aliança. Nos tornamos filhos de Deus. Aleluia! Essa aliança com Deus se tornou
para nós a maior de todas, com poder para anular ou ratificar alianças antigas
e estabelecer alianças novas, tais como a aliança com a Igreja, o Seu Corpo
vivo na Terra. Pelo mesmo sangue do Cordeiro de Deus, fomos introduzidos no céu
e no Seu Corpo, que é a Igreja ou a Noiva do Cordeiro, formada por todos os que
foram salvos por Ele. Como o Corpo de Cristo é íntegro, indivisível, nossa
aliança com Ele nos remete a uma aliança com nossos irmãos, que só
caracterizará que somos Corpo de Cristo na Terra se vivermos em unidade, em
comunhão. Assim, estar em aliança com o Senhor, ter comunhão com Ele, e não
estar em aliança com os irmãos, não ter comunhão com eles, é, no mínimo, uma
irracionalidade.
O mesmo vale
para o casamento: como podem os cônjuges estarem em aliança conjugal e não
terem comunhão?
a)
Como Prosperar
na Aliança, na Comunhão?
Deus quer que
prosperemos, e nós mesmos desejamos isto. Mas a prosperidade que
experimentaremos do lado de fora, nas circunstâncias, está diretamente ligada à
prosperidade que provamos do lado de dentro, na alma.
A Igreja é o
“Israel de Deus” e, como tal, tem a missão de representá-lo nesta terra. O
importante não é apenas ser abençoado, mas ter plena comunhão com o Abençoador.
Isso significa fazer parte do corpo de Cristo que é a sua Igreja. Celebremos o
facto de sermos o Israel de Deus, mas não nos esqueçamos das responsabilidades
que isso também nos traz. A igreja realmente próspera é aquela que está
relacionada a um correto relacionamento com Deus que resulta em paz interior,
que cumpre plenamente a missão que nos confiou o Senhor Jesus.
Quando temos uma
aliança da prosperidade com Deus podemos ter a certeza de que em todas as
coisas seremos supridos. Uma coisa é certa, quem anda com Deus, anda na estrada
da prosperidade. Ser fiel ao Senhor é ser próspero, podemos perceber que essa
marca existe na Igreja do Senhor. Estamos debaixo desta cobertura, desta
autoridade e assim podemos desfrutar das riquezas que o Senhor reservou para
nós. Sendo Deus o dono tudo (Mt. 16:15), nos nomeou como administradores do que
Ele coloca a nossa disposição (Lc. 12:42-47).
A aliança de sucesso, símbolo de fidelidade, amor e companheirismo, requer
parceiros que se comportam em relação uns aos outros de maneira honrosa em
todas as áreas das suas vidas, que justificam e reforçam a confiança mútua.
Uma igreja
verdadeiramente próspera não é aquela que tem uma arquitetura arrojada, instalações
modernas, cadeiras confortáveis, sistema de condicionamento de ar, e nem é
aquela que tem um património vultoso, que chama a atenção dos políticos pela
sua imponência. Uma igreja verdadeiramente próspera é aquela que ama o Senhor e
que demonstra esse amor através da comunhão entre os irmãos, que está sempre
conectada através do estudo e da meditação da Bíblia Sagrada, da oração, do jejum
e que se pauta pela Sua Palavra. Uma igreja verdadeiramente próspera não
prioriza as bênçãos terrenas, que o ladrão rouba e a traça corrói, mas as
riquezas celestiais em Cristo Jesus, o qual se manifestará, no Seu tempo, para
dar o Seu galardão conforme lhe apraz. Quando falamos em alcançar a verdadeira
prosperidade, estamos, naturalmente, falando no retorno ao estado primeiro da
humanidade, que foi interrompido com a entrada do pecado no mundo.
Aliança com Deus
é termos intimidade com Ele. Ao fazer uma Aliança com Deus passamos a conhecer o
Senhor como próximo de nós. A Aliança com Deus é algo que só pode ser mostrado
para pessoas que têm intimidade com Deus. Andar em aliança não é fácil, porque
envolve duas ou mais pessoas, que por mais que se pareçam, são essencialmente
diferentes. Quem tem uma aliança, não busca o que é melhor para si, mas o que é
melhor para a aliança. O problema é que muitos consideram a diferença como
declaração de guerra, abdicam do testemunho da aliança e deixam de desfrutar
dos benefícios da comunhão, que são maiores que os problemas. Há alguns factores
que consolidam e oxigenam uma aliança e, portanto, a comunhão em qualquer nível
(casamento, família, ministério e etc.). Vamos resumi-los em cinco palavras
poderosas e intimamente relacionadas, ligadas ao caráter da pessoa: Compromisso, Fidelidade, Humildade, Renúncia
e Honra. Sem a prática desses cinco fatores essenciais, jamais andaremos em
aliança e, consequentemente, em comunhão.
1) Compromisso:
O compromisso
significa abrir mão de muitas coisas. Mas quem disse que ser fiel é algo fácil?
Ser fiel é escolher a porta estreita; é andar na contramão do mundo; é remar
contra a maré. Quem está disposto a isso? Há cristãos que assumem compromissos
com Deus e fazem promessas e votos para alcançar bênçãos e obter proveitos
desse relacionamento. Mas quem está disposto mesmo a abrir mão das “vantagens”?
Quem é capaz de se negar a si mesmo? Talvez não esteja vendo agora, mas logo
verá que vale a pena, sim, servir a Deus (Mt. 25:21; Ap 2:10), assumir o
compromisso da aliança, da comunhão para prosperar.
Somos
desafiados, nos dias hoje, a sermos cristãos comprometidos com a palavra de
Deus e a estarmos dispostos a assumir todas as responsabilidades. Nossa
tendência é caminharmos para um afrouxamento de valores, por isso, acabamos por
fazer concessões e abrir mão de alguns princípios cristãos. Daí que, de tempo a
tempo, precisamos voltar à palavra e acertarmo-nos com Deus. Que estejamos
dispostos a sermos pessoas responsáveis e a assumirmos compromissos com Deus.
Somente quem vive
assumindo o compromisso da aliança, da comunhão prospera e é bem-sucedido em
qualquer área de sua vida. Ter compromisso é assumir cem por cento das
responsabilidades pessoais pela manutenção da aliança, da comunhão. A aliança é
o laço de Deus consigo mesmo. É a vida eterna de luz perfeita. Então a vida da
aliança é a própria vida eterna. “E a
vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste. Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade” (Jo. 17:3, 23). A aliança é a própria essência da
vida cristã, o mais alto bem, a melhor coisa que pode ser transmitida ao homem
através da graça, a maior bem-aventurança. A ideia da aliança certamente não é
de um contrato ou acordo, quer você conceba tal acordo num sentido unilateral
ou bilateral. A aliança é a relação da mais íntima comunhão de amizade, na qual
Deus reflete a sua vida pactual em sua relação com o homem, dá a esse homem
vida e faz com que ele prove e reconheça o mais alto bem e a fonte abundante de
todo o bem.
Para
vivermos uma aliança próspera não podemos ser parcialmente comprometidos.
Aliança se faz com compromisso, jamais com envolvimento. Compromisso é
diferente de envolvimento. Todo o nível de descompromisso relacional fragiliza
a aliança, a comunhão. Vemos muitas pessoas envolvidas com outras, mas
tremendamente descomprometidas com a aliança entre elas, fragilizando a
comunhão. Casamentos, discipulado e ministérios estão destruídos, mortos na
comunhão, por falta de compromisso na aliança. Todo o aliançado com compromisso
prospera, vence as suas guerras, tem autoridade e é restituído.
As
promessas feitas por Jeová na aliança da graça representam decretos que Ele
certamente realizará, quando as condições forem propícias ao seu cumprimento;
que o benefício pessoal - e especialmente o benefício espiritual e eterno - da
promessa de Deus será creditado somente àqueles indivíduos do povo, da aliança
divina que manifestarem uma fé verdadeira e viva. Seu mérito em
alcançar isso está disponível a quem puser sua confiança nele.
A
verdade é que os compromissos com a aliança, nos envolvem no nível da comunhão
que a aliança exige. Havendo compromisso haverá envolvimento, mas havendo
envolvimento nem sempre haverá compromisso. Quando há compromisso há superação,
inclusive das debilidades pessoais e relacionais. Quem tem aliança tem
compromisso e paga o preço que for preciso para não fragilizá-la. Envolvimento
não sustenta comunhão (aliança), compromisso sim. O compromisso do povo da
Bíblia não nasce apenas de uma visão humanitária, mas da fé no Deus que tirou o
seu povo da casa da servidão. A aliança com Deus exige, dos que creem nele, a
prática do direito e da justiça.
Como
seguidores de Cristo, suplico que Deus nos conceda sabedoria para que
consigamos proceder de uma maneira que O agrade em todas as circunstâncias,
pois: “toda a ação de nossa vida toca alguma corda que vibrará na eternidade”
(E. H. Chapin).
2) Fidelidade:
A
fidelidade é a cumplicidade entre pessoas diferentes, que por mais que estejam
distantes, pela aliança, estarão sempre unidas. Não há prosperidade sem
fidelidade a Deus. Ela é o segredo de se ter as janelas dos céus abertas e a
boca do devorador fechada. A fidelidade é o sinónimo de conquista que por sua
vez é o sinónimo de prosperidade que é a honra e a aliança de Deus para minha e
a sua vida.
Só existe prosperidade se amarmos a Deus em
primeiro lugar. Essa é a exigência de Deus para os Seus filhos no livro de
Deuteronómio 6:5. Do amor a Deus depende o sucesso em todas as outras áreas.
Nada deve tomar o lugar desse amor, de nos entregarmos de todo o coração, alma
e força. Viver a plenitude desse amor é decidir amá-lO, entregando-nos
completamente. Quem ama verdadeiramente é fiel. Se queremos viver em
prosperidade precisamos obedecer a essa chamada. Que o nosso único Senhor possa
prosperar todos os seus caminhos e fazer da sua vida e de toda a sua casa um
celeiro de bênçãos infinitas que somente glorificarão o nome de Jesus!
No reino de Deus, quem não consegue ser fiel
prova que não tem fé, e a igreja do Senhor Jesus é uma igreja de fé, por isso é
composta de fiéis (pessoas que desenvolvem fidelidade). A fidelidade é uma
aliança com Deus, e precisamos de decidir para andar em aliança. Esses
princípios de fidelidade precisam ser cumpridos por mim e por si, e serem
ensinados aos outros para que, exista uma aliança, primeiramente com Deus, com
a igreja e com seus discípulos que os guardaram no coração.
Fidelidade é
outra característica de uma pessoa de aliança e, portanto, de comunhão.
Biblicamente, não há como ser parcialmente fiel: ou se é fiel ou não é. Não
existe cônjuge, discípulo, discipulador mais ou menos fiel. A fidelidade está
relacionada com a integridade, com a inteireza da pessoa. A fidelidade é algo
que precisamos realmente desenvolver constantemente, pois ela é atacada por
nossos interesses pessoais. Todo o infiel é alguém que tem algum nível de
corrupção na sua essência e, por isso, se torna um corruptor da comunhão. Assim
como uma aliança não prospera na infidelidade, do mesmo modo a comunhão que lhe
é inerente não pode prosperar. Fidelidade fala de vida coerente com os
princípios da aliança e, logicamente, da comunhão.
A fidelidade é
fruto do Espírito e produza em nós, fontes donde correm águas de fidelidade em
Seu serviço glorioso. Em Gálatas 5:22-25, o apostolo Paulo inclui a fidelidade
no fruto do Espírito. Da mesma maneira, o versículo 19 começa a lista das obras
da carne com prostituição, impureza e lascívia. Essas duas listas se opões e
nos medem, mostrando para que lado pendem as nossas atitudes.
Portanto, quando
se considera o caráter contínuo da aliança, não é possível que uma pessoa
verdadeiramente regenerada, convertida, justificada e adotada como família da
aliança, não se sinta movida a uma verdadeira adoração ao autor, provedor e
sustentador da aliança: “Porque dele, e
por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”
(Rm 11.36)!
3) Humildade:
Em toda e
qualquer atividade humana, os que agem com humildade conquistam os seus
propósitos, atraem a prosperidade e vivem alegres e felizes, enquanto que os
soberbos atraem para si a rejeição e a antipatia, aparentam estar de mal com a
vida e não são felizes.
Jesus, o nosso
mestre, nos deixou o exemplo de humildade (Fl. 2:5-11) que devemos imitar e
assim, Deus nos fará prosperar em tudo o que pusermos a mão para fazer. E a
atitude de humildade que Deus espera de nós é que abramos o nosso coração para
Jesus entrar, perdoar os nossos pecados e nos salvar.
Jesus
disse que “qualquer que a si mesmo se
humilhar, será exaltado” (Mt. 23:12), isto é, será honrado e essa honra
virá da parte de Deus. Encontramos no Livro de Provérbios a revelação de que “a soberba do homem o abaterá, mas o humilde
de espírito obterá honra” (Pv. 29:23). E essa honra reservada para os humildes
vem de Deus que é fiel e cumpre todas as suas promessas. A humildade é uma
estratégia divina para todos aqueles que querem prosperar na vida e serem
honrados!
No mundo em que vivemos não há espaço para os
soberbos, arrogantes e orgulhosos, pois nós precisamos uns dos outros. Ninguém
é uma ilha, ninguém é autossuficiente. Ainda que os soberbos insistam em viver
isolados, buscando os seus próprios interesses, na verdade eles estão se
insurgindo contra a sabedoria divina e humana e o resultado será tristeza,
sofrimento, dificuldades e etc. (Pv. 18:1). Deus nos fez para viver em equipa,
em aliança, em harmonia e em unidade uns com os outros.
Enquanto
os humildes recebem de Deus riqueza, honra e vida, os arrogantes e soberbos
atraem para si destruição (Pv. 16:18), morte e repreensão de Deus. Riqueza,
honra e vida são prémios que Deus entrega aos humildes e por fim, entrega-lhes
também o Seu Reino (Mt. 5:3).
Isto
significa que precisamos de nos humilhar diante do Senhor (Sl. 34:18) porque o
orgulho e a revolta endurecem o coração. Devemos falar a verdade (v. 13),
afastar-nos do mal, fazer o bem e buscar a paz (v.14). Nosso Pai celestial quer
que permaneçamos perto dele, em íntima comunhão, quando nossos corações estão
feridos, para que possa nos dar a sua força renovadora e o seu amor curador.
Manter
uma postura espiritual, de humildade e temor a Deus, é a forma mais segura de
enfrentar uma tempestade. Humildade é uma postura espiritual e não religiosa,
que está ligada ao caráter da pessoa e viabiliza a sustentação das alianças. É
no ambiente da humildade que podemos nos relacionar convenientemente uns com os
outros, tendo o próximo como superior a nós mesmos. A arrogância, vaidade,
egoísmo e presunção se opõem à humildade e inviabilizam relacionamentos, comunhão.
Só com um coração humilde e quebrantado, conseguiremos andar com os diferentes
e compreender a importância da nossa comunhão com eles, tanto para nós como
para eles.
Aquele
que se diz cristão deve tomar uma Postura semelhante à de Cristo em todas as
suas ações. Deve ser alguém que antes de assumir algo ou decidir algum assunto,
precisa de sondar se é ou não condizente com a sua fé. Um legítimo servo do
Senhor sempre toma posição segundo aquilo que é certo aos olhos da Palavra de
Deus. Uma Postura cristã exige renúncia, bom testemunho, seriedade, firmeza nas
decisões e compromissos, constância nas escolhas e palavra, exemplo e modelo de
vida, sabedoria e raciocínio em tudo quanto se faz sem fugir das
responsabilidades. O
cristão deve desejar o Reino de Deus a ponto de renunciar a qualquer coisa por
ele, sabendo que Ele é o Senhor, e reparte os seus bens a cada um como quer.
Aquele que serve
a Deus e quer ser modelo de Fé deve aprender a ser Humilde. Humildade nada tem
a ver com miséria ou pobreza, mas com simplicidade de conduta, de vida. O
verdadeiro cristão sabe ser humilde sem ser covarde, sabe ouvir sem precisar de
perder o direito de falar firme e decididamente. Ser Humilde é ser alguém
sujeito a uma constante aprendizagem; alguém que sabe de seu valor e
qualidades, mas que reconhece as suas necessidades de comunhão e limitações,
que reconhece que é hoje somente aquilo que Deus permite e nada mais.
4) Honra:
Há um desejo no
coração de todo o homem e de toda a mulher para que sejam fiéis, mas há também
um impulso carnal para quebrar aliança. Vivemos em uma sociedade que não honra
os acordos que fazem, que não é fiel ao pacto. Porém fidelidade é a
cumplicidade entre pessoas diferentes. A cumplicidade na aliança gera
fortalecimento de relacionamento e traz resultados prósperos e benéficos.
Fidelidade é um ato de fé. Já vimos que Deus tem promessas para os fiéis. “Bem-aventurado o homem que sofre a provação,
pois quando ele for aprovado, receberá a coroa da vida, a qual está preparada
para aqueles a quem ele ama” (Tg. 1:12).
Honrar
é ter um alto respeito ou estima por outra pessoa. A Bíblia nos apresenta a
honra no sentido de majestade, beleza, preciosidade, valor e glória. Portanto,
honrar é reconhecer o valor de alguém. Aprendemos que Deus é merecedor de toda a
honra pelo reconhecimento daquilo que Ele verdadeiramente é, e, por isso, é
adorado. Honrar implica em certos aspectos práticos, afinal de contas não
existe “honra teórica”. Só há honra quando há uma ação prática de honrar.
Quem
honra trata com preferência, com prioridade, com atenção, com carinho, com
zelo, com destaque, com diferenciação, com dignidade, com recursos e com
presentes, levando outros a fazer o mesmo. Então precisamos de conhecer e ter
honra para honrar. É preciso ser-se uma pessoa honrada para que seja possível
transmitir esta honra a alguém. Como honrar é consequência da sabedoria,
poderíamos dizer que para ser honrado e honrar é preciso ter certo nível de
sabedoria. O
princípio da honra é um princípio que quando cumprido, quando obedecido, alegra
o coração de Deus e faz muito bem a quem recebe e a quem presta a honra. Porque
toda honra prestada é revertida como sementes de honra de santidade.
Quando
decidimos honrar nós estamos plantando uma semente na nossa própria vida.
Muitos pensam que a honra é um serviço a outros, mas a honra é um serviço que
nós prestamos a nós mesmos. A honra é a semente para o êxito. E o êxito é a
semente para prosperidade.
Ser
vaso para honra é reconhecer a soberania de Deus e submeter-se a Ele... O
apóstolo Paulo escreveu: “Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e
não de nós” (2 Co. 4:7).
Honra
é outro factor primordial nas alianças, na comunhão. Honrar uma pessoa é
reconhecer e denunciar com palavras e atitudes o valor que ela tem. Honra fala
de reconhecimento e respeito. Nenhuma aliança prospera na desonra! Muito se
fala hoje em dia sobre honra, mas muito pouco dela se pratica. O facto é: sem
honra não há comunhão. Embora ninguém deve viver de honras, sabemos que muitos
relacionamentos e pessoas podem morrer pela desonra. Casamentos, famílias inteiras
e ministérios podem estancar ou terminar por causa da desonra.
Todos nós temos
algum nível de honra, que precisa não só ser vivido, mas reconhecido no
ambiente da comunhão. Quando a honra não é entregue, há um deficit relacional,
que não pode ser quitado, a não ser pela própria honra. Quando a honra se move
nos relacionamentos, há alegria, consolidação, aceitação e respeito. A honra
gera vida, qualidade de vida, longevidade (vida longa), alegria, bens e toda a sorte
de bênçãos.
5) Renuncia:
Renúncia... para
algumas pessoas talvez seja uma escolha muito difícil de se fazer, pois temos
que abrir mão da nossa própria vontade em favor de algo. Na bíblia Jesus nos
fala: “Aquele que quiser vir após mim,
tome a cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9:23). Jesus nos diz que a nossa
caminhada cristã é uma total sucessão de renúncias, a cada dia, a cada instante
devemos renunciar a nossa própria vontade. No início pode até parecer difícil,
mas depois vemos que valeu pena pagar esse preço. Quantas pessoas saíram do
comodismo de suas casas e hoje vivem na sua maioria em lugares de péssimas
condições, em campos missionários, tudo em favor da pregação do evangelho,
quantas “perdem” as suas vidas nesses lugares e seus nomes nem conhecidos são por
nós, mas Deus sabe muito bem. E nós quantas vezes não queremos abrir mão de uma
coisa tão pequena, que só nos irá satisfazer naquele momento. Sabe quando
podemos renunciar a própria nossa vontade? Quando estamos em uma determinada
situação de stress, e temos tudo para nos irarmos, e para falar poucas e boas,
mas nos controlamos. Quando abrimos mão de uma parte do nosso dia e dedicamos
em favor de crianças carentes em projetos sociais, nem que seja apenas para
limpar uma cadeira ou lavar uma louça. Quando somos injustiçados e não buscamos
fazer justiça com nossas próprias mãos. Quando lutamos contra a nossa própria
natureza egoísta e nos preocupamos com o nosso próximo. Aos olhos humanos essas
renúncias podem lhes parecer loucura, mas a Bíblia nos diz que o homem normal
não compreende as coisas de Deus. Por isso meu irmão, continue renunciando a
sua própria vontade em favor da vontade de Deus, pois a caminhada pode ser
difícil, mas no final valerá a pena todo o seu esforço, pois a vontade de Deus
é boa, perfeita e agradável.
A renúncia é outro
factor essencial para a comunhão e é uma condição inafastável, indispensável
para ser um discípulo. Que grande verdade é esta que as Escrituras nos
ensinam! Somos chamados por Deus a uma vida de entrega total, uma vida de tão
intensa consagração que o Salvador chega ao ponto de nos dizer: “aquele que não
renuncia a tudo quanto tem em benefício da aliança, da comunhão, não pode ser
meu discípulo”. Só aprendendo a renunciar conseguiremos andar em comunhão. Quem
não sabe renunciar também não sabe conquistar! Quem não é capaz de renunciar
por uma aliança (relacionamento, comunhão), não experimentará os benefícios da
comunhão.
Embora saibamos
que a salvação é de graça, a comunhão tem um preço que nem todos estão
dispostos a pagar. É o preço da disposição de tempo, de negar as coisas do
mundo, de por um momento parar tudo para sentir e ouvir o que Deus tem a dizer.
Renunciar é
abrir mão da nossa própria vontade por ele. É reconhecer que
Deus é maior que tudo na nossa vida e que dependemos totalmente Dele, e que o
mais importante é viver para Ele, dar liberdade a Deus de agir em sua vida.
Para o apóstolo, fazer a vontade de Deus era mais importante do que viver as suas
próprias conquistas (At. 20:24). E João que não tinha interesse em crescer e se
projetar pessoalmente, seu sonho e realização era projetar Jesus diante do
mundo, seus sonhos eram o de realizar o sonho de Deus (Jo. 3:3).
A materialização
da renúncia é o perdão. Quem não sabe renunciar também não sabe conquistar!
A materialização mais contundente e inquestionável da renúncia é o perdão
liberado. Se quiser saber se é uma pessoa de aliança, de comunhão, se avalie
quanto à sua capacidade de renunciar, de perdoar. Ao decidir se mover pelo
perdão, torna-se uma pessoa pacificadora (construtora de pontes de paz),
viabilizadora de relacionamentos (alianças, comunhão). E quando a comunhão com
Deus é restaurada, o Amor renasce, como a árvore cortada que torna a estender
suas raízes e brota novamente. Mas quando colocamos o “Amor” em primeiro lugar,
antes da “Aliança” com Deus, então é como regar uma flor que não foi plantada,
que não tem raízes.
9. Vínculos de uma Igreja de Qualidade
na Comunhão e na Saúde
a) Todos somos
responsáveis pela qualidade espiritual da nossa igreja.
Uma
das sete cartas, no Apocalipse, é dirigida à igreja de Laodiceia (Ap. 3:14-22).
As repreensões contidas nesta carta indicam que a igreja não se encontrava
muito bem e as referências à riqueza, ao colírio e aos vestidos brancos são
explicados por um conhecimento da história da cidade, da sua importância
económica e orgulho e dos seus produtos industriais. O Senhor Jesus,
Omnisciente que é, conhecia a real situação da igreja de Laodiceia. Esta
igreja, que vivia uma vida de aparências e mentiras, é desmascarada pela
Testemunha Fiel e Verdadeira.
“Eu conheço as tuas obras, que nem és frio
nem quente. Tomara que foras frio ou quente” (Ap 3:15)! Se Laodiceia fosse
fria, buscaria o calor de um avivamento; se fosse quente, espalharia esse mesmo
avivamento até aos confins da terra. Porém, como morna que era, fazia-se
indiferente a Deus e à sua Palavra. Por isto, o Senhor repreende-a.
“Rico sou e estou enriquecido, e de nada
tenho falta” (Ap. 3:17). Além dessa indiferença doentia e crónica às coisas
de Deus, o anjo da Igreja em Laodiceia era soberbo e arrogante. Supunha que,
por ser rico e de nada ter falta, achava-se acima das providências divinas. A
prosperidade levara-o ao orgulho fatal. Somente um tolo diria tal coisa.
O
que nos lembra esse discurso? A retórica do querubim ungido ao apostatar-se de
sua posição junto ao trono do Altíssimo (Is. 14:13, 14). Comportam-se assim as
igrejas que, por causa de sua prosperidade material, julgam-se ricas, mas
espiritual e ministerialmente são paupérrimas.
“E não sabes que és um desgraçado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap. 3:17). Apesar de todos os seus bens
materiais, Laodiceia em nada diferia de um esmoler (caritativo) espiritual.
Enquanto que Adão, logo após a Queda, percebeu
que estava nu, o pastor da igreja em Laodiceia julgava-se bem vestido e ornado.
Se o primeiro homem teve os olhos abertos para enxergar a sua própria nudez, o
anjo de Laodiceia achava-se, mesmo despido, em trajes de gala. E se Adão,
reconhecendo a própria carência, coseu aventais da figueira, aquele obreiro,
embora descoberto, desfilava toda a sua nudez diante das ovelhas. Infelizmente,
ninguém tinha coragem de dizer que o pastor estava nu. Foi preciso que o Pastor
dos pastores lhe endereçasse uma enérgica carta apontando-lhe a nudez, a
pobreza e a cegueira espiritual.
Como
estão as suas vestes espirituais? São ainda alvas? Ou anda nu sem o saber? “Em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes,
e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec. 9:8). Para quem conhece a
Palavra de Deus e sabe discernir o certo do errado, realmente é uma tristeza
ver igrejas que poderiam dar frutos dignos – como salvação, libertação, cura,
transformação – não estarem desempenhando o seu papel. Para elas, o chamariz
para atrair o povo é mostrar dinheiro, carros importados, casas luxuosas,
conquistando a pessoa pelo “olho grande” (vai ver que é por isso que não entra
na China). É bom que tenhamos uma vida melhor e melhores condições de pregar o
Evangelho, entretanto, temos que “buscar
em primeiro lugar o Reino dos céus e depois tudo virá por acréscimo” (Mt.
6:33).
As
igrejas estão se contaminando com a ideia do sucesso numérico e financeiro. Não
importa quem esteja nos bancos e, sim, que fiquem completamente cheios.
Devemos
orar para que possamos despertar e apoiar nossos pastores na obra que lhes foi
confiada. Então, nós encontraremos as igrejas simples de outrora, onde os
sermões eram a doutrina dos apóstolos e não dos homens e mercenários de hoje em
dia.
Faz-se
necessário o resgate de um tempo de qualidade para conhecermos a Deus e fazê-lo
conhecido. Tempo para comunhão com Ele e com a sua igreja de forma permanente,
contínua, assim como faziam os nossos irmãos da igreja primitiva em Atos 2:42 “E uniram-se aos outros crentes na frequência
regular às reuniões de ensino dos apóstolos, de comunhão e nas reuniões de
oração.”
Um dos traços
que mais me chama a atenção na Igreja de Atos é a qualidade da comunhão que os
seus membros mantinham entre si. Nas entrelinhas dos textos bíblicos podemos
ver um povo feliz, animado, vibrando por amor a Deus e a seus irmãos.
O Novo
testamento revela claramente que Jesus esperava que em cada discípulo
ressaltasse a dimensão testemunhal, comunitária e tivesse comunhão no sentido
de ser uma testemunha, pois ele é um porta-voz da Igreja comunhão,
testemunhando alegremente a presença de Cristo ressuscitado; e essa esperança
seguramente seria cumprida por causa do Espírito Santo prometido, que encheu
todos os discípulos que esperavam no cenáculo e aparentemente todos aqueles que
foram posteriormente acrescentados à comunidade dos crentes. É igualmente claro
que no Novo Testamento, apesar da sua natureza humana fraca e pecaminosa, esses
cristãos primitivos frequentemente se achavam exortando e encorajando uns aos
outros, orando uns pelos outros e carregando cada um os pesos dos outros,
honrando e estimando os outros acima de si mesmos. Tudo o que fizeram
individualmente na comunhão e no seu testemunho de Cristo compartilhavam com os
outros que oravam com eles e que estudavam a doutrina dos apóstolos juntamente
com eles. Rolland Allen descreve a expansão espontânea da Igreja como algo que
é consequência da atração irresistível que a Igreja cristã exerce sobre os
homens que veem a sua vida ordenada e disciplinada, e que são impulsionados a
ela pelo seu desejo de descobrir o segredo de uma vida de qualidade na comunhão
e na saúde da qual querem instintivamente compartilhar.
A comunhão era
essencial ao seu testemunho. Na verdade, a autêntica comunhão cristã era a
matriz do evangelismo neotestamentário. O testemunho procedia da fonte de
comunhão e terminava levando outros a essa mesma comunhão. O que temos visto e
ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais
comunhão connosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus
Cristo. (1 Jo. 1:3) A tradução de J. B. Phillips dá a seguinte versão:
...quanto maior o alcance daquela comunhão, maior a alegria que ela traz a nós
que já estamos gozando dela. Comentando sobre esse versículo na sua exposição
de 1 João, G. G. Findlay diz: Temos um grande segredo em comum - nós e os
apóstolos. O Pai contou-o a Jesus, Jesus aos apóstolos, eles a nós e nós a
outros. Aqueles que viram e ouviram tais coisas não podem guardá-las para si
próprios.
Na igreja
apostólica, o relacionamento entre os crentes e Deus e dos irmãos uns para com
os outros, era de suma importância. A luz, cordialmente, o amor, o perdão e a aceitação
que emanavam daquela comunidade singular penetravam uma cultura exausta,
entediada, sem amor e desgastada, e despertavam a fome espiritual tanto do
judeu como do pagão. “Eis, como eles se amam uns aos outros”! Foi dito a
respeito deles; homens enfastiados, fartos de pecado procuravam entender a
estranha e convidativa qualidade de vida que marcava os discípulos. Neste tão
atrativo ambiente, os homens perdidos estavam dispostos a ouvir aqueles que não
podiam deixar de falar das coisas que viram e ouviram.
Estamos diante
de uma característica exclusiva do povo de Deus, a qualidade da comunhão na Igreja,
onde muitos servos de Deus serão curados, onde as pessoas vão ter seu amor ao
próximo renovado, fortalecido, onde descobriremos as riquezas que recebemos em
Cristo Jesus, e uma dessas riquezas é a comunhão, na Igreja local e na Igreja
invisível, ou seja, é ter comunhão com um irmão que conhecemos e ter comunhão
com um irmão de uma nação que não conhecemos, contudo, somos unidos no amor de
Cristo, na pessoa do Espírito Santo, fazendo de todos, um só corpo. (Rm. 12:15;
1 Co. 10:17; 12). O mundo não tem nada a oferecer que seja comparável à
autêntica comunhão cristã, nenhuma estrutura social, unidade ou função que
corresponda mesmo de longe com isto.
A igreja é a
comunhão dos santos. Em outras palavras, a igreja é comunidade dos
relacionamentos. E a qualidade espiritual de uma igreja local depende do bom
relacionamento que as pessoas têm com Deus e das pessoas entre si. Não há
comunhão sem investimento de tempo e sem busca de qualidade.
Qualidade é um
elemento importantíssimo na fé cristã. Está associada à maturidade, ao
parecer-se mais com Jesus Cristo. Muitos cristãos perderam essa referência e
vivem de qualquer maneira, sem se importarem com a ética cristã e sem crescerem
na fé através da leitura da Bíblia, oração, comunhão com a igreja e serviço a
Deus e ao próximo. Poderíamos dizer que são crentes de “baixa qualidade” e, se
tivermos muitos crentes assim, teremos, num futuro próximo, igrejas com esse
índice de qualidade.
Qualidade da
comunhão e saúde na Igreja é viver com espírito e, portanto, é uma dimensão
constitutiva do ser humano. A qualidade da comunhão e saúde na Igreja é uma
expressão para designar a totalidade do ser humano enquanto sentido e
vitalidade, por isso significa viver segundo a dinâmica profunda da vida. Isso
significa que a vida nova do homem exige algo mais que uma descomprometida
adesão intelectual a Deus. Requer uma adesão de todo o seu ser, uma entrega
total a Deus. O Evangelho possibilita uma transformação através da renúncia,
obediência até à morte na cruz, ressurreição e elevação, esvaziando-se de si
mesmo e enchendo-se de Jesus Cristo. Por outro lado, a vivência do evangelho
pressupõe um equilíbrio emocional das pessoas e tudo na existência é visto a
partir de um novo olhar onde o ser humano vai construindo a sua integralidade e
a sua integração com tudo que o cerca.
Tal comunhão vai
além do mero ajuntamento, do mero acotovelamento. Trata-se de comunhão que vem
da alma, das entranhas. O agente motivador de tal comunhão é o Espírito Santo. Se
realmente deseja ter comunhão com o Espírito Santo, então primeiro deve
conhecer e crer no evangelho da água e do Espírito e limpar os seus pecados
através da fé. Se não conhecer o evangelho da água e do Espírito e não
colocá-lo em seu coração, não deve nem sequer pensar em ter comunhão com o
Senhor. Ter comunhão com o Espírito Santo só é possível quando todos os seus
pecados são retirados de seu coração através do evangelho da água e do Espírito,
pois só assim as divisões deixam de existir, as brigas, as contendas, os
relacionamentos rompidos são restaurados, a briga pelo poder e etc.
Uma Igreja que
vive na dimensão da verdadeira comunhão cristã não oferece oportunidade ou
brechas para o inimigo gerar divisões, contendas, clima desagradável ou
qualquer coisa do género. A ausência de comunhão sincera e cristã no meio da
igreja gera todo o tipo de patologia espiritual. Deus nos ajude a praticar a
verdadeira comunhão. Amém!
Já vimos que a
Igreja do Senhor Jesus é o Seu Corpo na Terra e que a integridade de Seu Corpo
depende da aliança que temos com Ele e com os irmãos. Também já vimos que só
conseguiremos viver essa aliança, desfrutando da sua plenitude e prosperando totalmente
nela, quando nos dispomos a viver em comunhão (relacionamento) com o Senhor e
com os nossos irmãos.
Onde não há relacionamento não há comunhão,
não há aliança! Cristão, discípulo de Jesus, é alguém que tem comunhão com Ele
e com a Igreja. Assim, dependendo de quem somos e de como nos portamos nos
relacionamentos, poderemos cooperar para a comunhão ou não, para a unidade e
integridade do Corpo de Jesus ou não.
b) Todos somos responsáveis pela saúde
da nossa igreja
Somos todos
responsáveis pelo bem comum, pela saúde e pela manutenção dos meios que a
propiciem. Os lideres denominacionais, apresentam às pessoas o conceito de
“igrejas saudáveis, sob o prisma da Grande Comissão”. Essas igrejas são
definidas como “comunidades de pessoas cristocêntricas, caracterizadas por
serem impulsionadas por cinco paixões: alcançar o perdido, edificar o salvo,
equipar o obreiro, multiplicar o líder e enviar o vocacionado”. E quem há que
possa desprezar essas preocupações? Ninguém! Porém, subitamente, parece que as “igrejas
saudáveis” são medidas não mais pelas cinco paixões, mas como estariam em
questão numérica, esquecendo-se de que as igrejas saudáveis, caso reconhecidas
assim em razão do tamanho delas, nunca será a garantia de qualidade espiritual.
As igrejas devem enfrentar o futuro na dependência total da soberania de Deus e
do poder de Sua Palavra, ao mesmo tempo em que deveem tomar cuidado para não se
casarem com o espírito desta era e enviuvarem-se na próxima. Se a palavra-chave
é saúde, quais são os vínculos de uma igreja saudável?
Este estudo
sugere que as medidas das igrejas saudáveis são as suas condições espirituais,
os padrões bíblicos de ministério, seguidos os fundamentos teológicos que se justificam,
o modelo bíblico de ministério em que se focalizam e os modelos de liderança
igualmente bíblicos adotados.
1) Uma Igreja Saudável é Medida Mais em Termos
Espirituais do que numéricos
Na verdade, as
cinco paixões anotadas anteriormente vão além de simples contagem. Mas o que é
que mede melhor a saúde espiritual da igreja? As igrejas devem tomar cuidado
para não se prenderem ao pensamento de que são saudáveis simplesmente porque
estão crescendo numericamente. Os líderes de igreja não devem virar as costas
para igrejas pequenas ou estabilizadas. Os crentes de algumas igrejas pequenas
podem demonstrar mais maturidade espiritual do que os crentes de algumas
igrejas grandes. Deus julga o ministério pela qualidade de comunhão e não pelo
tamanho.
Hoje o termo
crescimento da igreja é usado quase exclusivamente para significar crescimento
numérico. Se os números sobem, a igreja está crescendo. Se os números
permanecem o mesmo, a igreja está experimentando um “planalto” uma palavra que
soa estagnação. Se os números estão afundando, a igreja deve estar doente e em
situação de declínio.
Tal pensamento é
ultra simplista. O crescimento numérico pode ocorrer por razões erradas. Por
exemplo, durante o ministério do Jesus, muitos da multidão que o seguiam
estavam mais interessados nos seus milagres do que em sua mensagem (Jo. 6:26).
Todos temos visto igrejas que estão ficando maiores por razões erradas. Tais
igrejas estão realmente crescendo?
Vários textos
bíblicos afirmam que os líderes não deviam contar números, pois, em nenhum
ponto das Escrituras é encontrada qualquer autorização para medir a saúde com
base somente em tamanho. Os primeiros capítulos de Atos registam que alguns
elevados números de pessoas vieram a Cristo. Entretanto, Lucas jamais mencionou
o tamanho de qualquer congregação que Paulo visitou em suas três jornadas
missionárias, ninguém tem qualquer ideia do tamanho de qualquer congregação a
quem foram escritas as cartas do Novo Testamento.
Logo depois de
Lucas escrever que três mil pessoas foram acrescentadas à Igreja no Dia de
Pentecostes (At. 2:41), ele declarou a fórmula para igrejas saudáveis tanto
para os seus dias quanto para hoje. “E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos por
intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em
comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuído o produto entre todos,
à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no
templo, partiam o pão de casa em casa, e tomavam suas refeições com alegria e
singeleza de coração, louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o
povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo
salvos” (At. 2:42-47).
Estes crentes se
empenhavam no estudo da Bíblia, oração, comunhão, louvor e adoração. Sem
programas especiais, slogans cativantes e novos paradigmas, muitos iam sendo
salvos dia a dia. O comportamento dos cristãos atraia a atenção dos não salvos.
Para
muitos cristãos a adoração é trabalho perdido. Na vida de alguns crentes pode
ser que isso jamais tenha sido de facto cultivado. Parte do problema é que
muitos pensam que a adoração é um ato, falhando em perceber que a atitude é
muito mais importante porque sem ela o ato fica sem sentido. Além disso, para
muita gente a adoração exige um lugar, um edifício ou aposento para que possam
“prestar seus cumprimentos” a Deus. Mas, a adoração como serviço descreve pessoas
permitindo que Deus trabalhe por intermédio delas a fim de criar uma comunidade
espiritual. A adoração como serviço envolve a compreensão e a aplicação dos
dons espirituais e a assunção do seu papel no corpo de Cristo (Rm. 12:6-8). A
unidade, diversidade e mutualidade da igreja extravasam quando os adoradores
servem e os servos adoram.
a) Igrejas
saudáveis enfatizam a soberania de Deus, que chama o Seu povo para O adorar. A adoração
genuína começa com uma consciência da presença e poder de Deus. Igrejas
saudáveis praticam o equilíbrio de adoração por meio de música que centraliza a
atenção no Trino Deus e com pregação que prendem mentes e corações à Sua
Palavra.
b)
Igrejas saudáveis não limitam a adoração a um único compartimento da
experiência Cristã. A adoração envolve compromisso total com Deus em todos
os aspetos da vida quotidiana. Nesse sentido, a adoração envolve o passado, o
presente e o futuro da fé cristã
O
mandato bíblico para o ministério mútuo (Rm. 12:5) e para a participação
disposta e jovial de crentes na ministração de um para o outro (1 Pe. 2:4-9) é
central para uma vida congregacional saudável.
Em
conhecendo a Jesus Cristo, os crentes se tornam parte do corpo de Cristo, a
Igreja. Debaixo do sacerdócio de Jesus a igreja é um sacerdócio. Em 1 Pedro, o
autor se refere a Êxodo 19 em que Moisés estava preste a subir à montanha para
receber a Lei de Deus. Deus disse para Israel, “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a
minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os
povos, porque toda a terra é minha; e vós me sereis reino de sacerdotes e nação
santa” (Êx 19:5-6). A nação inteira de Israel, não apenas a tribo de Levi,
era para ser de sacerdotes de Deus. O plano de Deus era que o Seu povo o
representasse no mundo. Ele seria o canal de Sua revelação e de Seus propósitos
de salvação. Essa era a comissão de Deus para Israel. Embora Israel
frequentemente fosse infiel e a comissão era apenas parcialmente cumprida, o
propósito de Deus era claro.
c) A saúde de
igreja não começa com evangelismo ou missões – ainda que ambos sejam
consequentes.
A saúde da igreja bíblica começa com uma congregação Cristocêntrica e
Bíbliocêntrica, determinada a ser na vida pessoal, familiar e corporativa
justamente o que Deus quer dela, e não faz nenhuma diferença se o seu número é quinze,
mil e quinhentos ou quinze mil.
2) Uma Igreja Saudável Segue Padrões de Ministério
que Seja mais Bíblico do que Cultural.
Apesar de o
evangelho sempre ter sido transcultural, os crentes têm sido frequentemente
tentados a se adaptarem muito dramaticamente ao seu próprio ambiente cultural a
ponto de o Cristianismo perder seu caráter distintivo. Isso amiúde surge de
motivos sinceros, desejo de contextualizar o evangelho ou ser “relevante para
os tempos presentes”. Comumente visto no Renascimento e de novo no Iluminismo,
tal comportamento marca muito o evangelicalismo hoje. As igrejas parecem presas
a futurismos, movimentos, modas passageiras e slogans.
A
teologia às vezes duvidosa do movimento de crescimento da igreja contribuiu
bastante para a adoção de uma abordagem centrada em resultados pragmáticos - se
algo funciona, deve ser certo. MacArthur adverte que “o abandono da igreja
contemporânea do Sola Scriptura como o princípio regulador abriu a igreja para
alguns dos abusos mais grosseiros, jamais imagináveis - inclusive cultos do
tipo de animação como num clube de diversão, com prejuízo da reverência, a
atmosfera de algo semelhante a carnaval, e exibições de danças. Em sentido mais
amplo, a mais branda aplicação do princípio regulador deveria ter efeito
corretivo sobre tais abusos”.
Em lugar de
programas e paradigmas, os crentes do primeiro século eram movidos pela unidade
e generosidade. “Da multidão dos que
criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma
das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com
grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e
em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado
algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o
preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a
qualquer um que tivesse necessidade” (At. 4:32-35).
Nada que
maravilhasse o mundo interessava! Por onde quer que fossem, os crentes pregavam
corajosamente a Palavra de Deus e proclamavam o nome de Jesus e a Sua
ressurreição. As pessoas encontravam significado nessa mensagem porque sabiam
da qualidade dos relacionamentos mantidos entre eles quando estavam juntos.
Todos os
crentes eram um só na mente e no coração. “As Epístolas determinam que os
crentes sejam um juntamente com os outros com base em sua nova relação familiar
em Cristo. Reiteradas vezes se veem as instruções: sofram juntos (1 Co. 12:26),
regozijem-se juntos (Rm. 12:15), levem os fardos uns dos outros (Gl. 6:2),
restaurem-se uns aos outros (Gl. 6:1), orem uns pelos outros (Rm. 15:30),
encorajem-se uns aos outros (Rm. 1:12), perdoem-se uns aos outros (Ef. 4:32),
confessem-se uns aos outros (Tg. 5:16), sejam verdadeiros para com os outros
(Ef. 4:25), estimulemo-nos uns aos outros para as boas ações (Hb. 10:24), e
colaboremos uns com os outros” (Fp. 4:14-15).
Um dos conceitos
imprescindíveis da igreja é o contido na doutrina da comunhão dos santos. Anteriormente
apresentamos a comunhão à luz dos vínculos da verdadeira igreja. A realidade de
um vínculo comum em Cristo entre cristãos, apesar da raça, género ou classe
deveria se uma marca óbvia da igreja. Mas a koinonia, essencial para o Corpo de
Cristo, é mais do que uma questão de ligação. Importa em responsabilidade. A
comunhão dos santos deveria revelar de modo corporativo a nossa unidade em
Cristo e a nossa responsabilidade perante a Palavra e os outros crentes. “Porque nenhum de nós vive para si, escreveu
Paulo, “e nenhum de nós morre para si” (Rm. 14:7).
As
atividades da igreja, portanto, são as centradas nos crentes, e o evangelismo
ocorre quando os crentes fazem contato com os descrentes fora da igreja. Nesse
sentido, MacArthur coloca em dúvida a justificativa bíblica da filosofia
chamada saída para a “o melhor serviço para o cliente”. “Não há apoio na
Escritura para semanalmente adaptar os cultos à preferência dos descrentes.
Realmente, a prática demonstra isso ser contrário ao espírito das Escrituras,
tomadas como um todo, que diz acerca da assembleia de crentes. Quando a igreja
se reúne no Dia do Senhor, não é hora para entreter o perdido, distrair a
irmandade, ou de qualquer maneira satisfazer as ‘necessidades sentidas’ dos
presentes. É quando devemos nos curvar na presença de nosso Deus como
congregação de seu povo e honrá-lo com a nossa adoração”.
Segundo o padrão
bíblico, edificar os crentes precede o alcançar o perdido ou qualquer outra
valiosa paixão.
Os crentes devem primeiro desenvolver um espírito de unidade, mutualidade e
generosidade. O que pode ser mais ineficaz para o efeito de cumprimento da
Grande Comissão do que as pessoas não-salvas de uma igreja a verem
caracterizada por reclamações, amarguras, críticas e hipocrisia?
3) Uma Igreja Saudável Está Envolvida mais em
Fundamentos Teológicos do que Sociológicos
A maioria dos
estudiosos do Novo Testamento concorda que Efésios identifica metas bíblicas
para a igreja e descreve como essas podem ser alcançadas. Naquela carta Paulo
não lidou com erro ou heresia mas buscou expandir os horizontes espirituais dos
crentes. Onde é que em Efésios Paulo discutiu programas e estatísticas? Onde é
que naquela carta ele abordou crescimento ou estagnação? O que é que disse a
respeito de edifícios e gestão de fundos — ambas supostos vínculos de uma
“igreja saudável” em décadas recentes?
É
claro que o apóstolo nunca discutiu estes assuntos. Ao invés disso ele
descreveu pessoas humildes fazendo progresso espiritual com Deus e um com o
outro. Ele ofereceu uma fórmula que pode mudar uma igreja de qualquer tamanho
da doença espiritual para a saúde em termos de semanas, dizendo para eles
viverem a vida cristã “com toda a
humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há
um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança
da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de
todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos” (Ef. 4:2-6).
Alguém pode
responder, “que esse ideal pode ter marcado as igrejas do Novo Testamento. Mas
depois de dois mil anos de guerra espiritual, os inimigos da alma parecem ter
de forma mais sombria se armado contra o povo de Deus”. Pode até parecer isso,
mas o secularismo moderno dispõe de ameaça à verdade bíblica equiparável ao
paganismo romano; de facto as semelhanças são impressionantes.
Em relação à
guerra espiritual, os líderes da igreja devem prestar redobrada atenção para o
que a Bíblia diz a fim de que outra da moda religiosa não desvie o seu sentido
para longe da centralidade na verdade de Deus. Armstrong faz uma pergunta
crucial: “Onde somos autorizados a lidar com o reino de Satanás da mesma
maneira que o nosso Senhor lidou com o assalto frontal direto à Sua pessoa e à
Sua mensagem vista nos Evangelhos”? Armstrong responde à sua própria pergunta:
“O modo bíblico de lidar com o diabo nesta época é mais simplesmente declarado
em Efésios 6:11: Temos que ‘nos
revestirmos de toda a armadura de Deus'. Não fazemos isso por nossa própria
força, mas ‘no Senhor’. Como disse Jesus, ‘as
portas do inferno não devem prevalecer’. Portas significa uma postura
defensiva. A igreja está em marcha pela Palavra e oração que luta contra o
Diabo. Nós o combatemos ‘permanecendo firmes’. Só o fazemos com a verdade.”
Não pretendo
fazer nenhuma crítica geral a todo o interesse ou formas de crescimento da
igreja. Quando livros de crescimento de igreja estão fundamentados em teologia
bíblica, eles servem para o bem. Mas quando abandonam essa base, falham
miseravelmente. Schwarz discute oito qualidades de uma igreja de crescimento
saudável: liderança autorizada,
ministério direcionado aos dons, ardente espiritualidade, estruturas
funcionais, cultos que inspira adoração, grupos pequenos integrais,
direcionamento às necessidades de evangelismo e relações amoráveis.
Para estes oito
factores essenciais Getz e Wall oferecem outros quatro adicionais: pregação e ensino bíblicos, líderes
visionários e espirituais, unidade, e liderança. Getz e Wall discutem a
medida de crescimento de igreja, assimilação dos recém-chegados, encorajamento
da participação do membro, e numerosos outros assuntos técnicos. Mas eles
enfatizam a singularidade de cada congregação em seus esforços para se tornar
em tudo aquilo que Deus quer que ela seja. “Consequentemente, os princípios que
se extraem deste estudo nunca podem tomar o lugar da busca humilde da face do
Senhor e a resposta obediente com fé corajosa à liderança de Deus em relação à
Sua própria igreja. Os pastores sábios evitam comparar suas igrejas com outras
igrejas, e evitam imitar outras igrejas. Cientes das qualidades bíblicas de uma
igreja saudável, os pastores sábios lideram o seu rebanho do modo que eles
creem que estão sendo guiados segundo o desejo do Sumo Pastor”.
A questão
central de qualquer ministério é, por que é que Deus ergueu este trabalho,
neste lugar, neste momento, e o que é que Ele quer fazer para e por nós?
4) Uma Igreja Saudável se Focaliza Mais no Modelo de
Ministério do que Marketing
Igrejas
saudáveis rejeitam a mentalidade mercadológica em sua busca pela eficácia.
Enfatizam o funcionamento em graça e poder do Deus em um nível de excelência de
acordo com os recursos que Ele proveu. Porém, as pessoas de cultura dos dias de
hoje que afirmam possuírem e viverem pela verdade absoluta são as que se
colocam diretamente na trilha do desprezo e da infâmia. Uma cultura induzida
pela paixão em relação à economia dificilmente respeitará a excelência no ministério.
Uma igreja
saudável mantém um modelo bíblico de eficácia com vistas a executar a sua
missão em lugar de um modelo de sucesso mundano medido pelos colegas de campo
evangélico. Os evangélicos foram chamados por Deus para ser um movimento de
protesto no mundo - não um grupo de negativos resmungões e vítimas, mas um
grupo servos batalhadores com um alto compromisso perante o Senhor. “Nossa
tarefa é crescer com uma consciência de nossa unidade e vitalidade em Cristo, e
mostrar esta força a um mundo que desesperadamente precisa de conhecer algo
sobre a pessoa que é tanto o Nosso Salvador quanto Nosso Senhor”.
5) Uma Igreja Saudável Adota mais Modelos de
Liderança Bíblicos do que seculares
A deficiência no
meio de cristãos contemporâneos em captar o claro, distintivo modelo de
liderança-serva do Novo Testamento parece que disseminado e evidente. Como é
que o quadro se tornou tão distorcido? Muitos pastores, presidentes e
dirigentes de campos têm comprado um modelo autocrático de liderança que
contempla justamente o padrão antigo em termos de teologia, um estilo político,
antiquado até perante a literatura secular atual. O facto é que eles às vezes
não conseguem superar a realidade da incontestável oposição ao Novo Testamento.
Há pessoas que são mais prejudicadas, machucadas, nas igrejas pelos estilos de
liderança opressiva do que por salários inadequados e ou edifícios caindo aos
pedaços.
A
melodia da liderança compartilhada ecoa praticamente em toda a literatura
secular contemporânea acerca de liderança. “Os padrões tradicionais de
liderança podem ter sido aceitos no passado mas podem não ser bem-sucedidos no
futuro. O líder da comunidade do futuro estará diante de maiores desafios para
reter membros. O sucesso do líder na adaptação ao novo mundo da comunidade da livre
escolha será o gigantesco factor para a determinação do sucesso e da
prosperidade em longo prazo da comunidade”.
Os líderes de
igrejas saudáveis reconhecem que nenhuma soma de técnica com estratégia,
nenhuma cópia do modelo mercadológico vigente, pode conduzir as suas
congregações pelos charcos de atmosfera carregada de gases venenosos de
imoralidade por onde atravessam com os seus barcos espirituais.
Indistintamente, Paulo, Pedro, Tiago e João, concluíram face às suas
experiências de vida e ministério pela advertência quanto a deterioração da
sociedade. A cultura ocidental tem produzido uma educação de filhos permissiva,
igrejas teologicamente rasas e padrões morais determinados por vantagens e
lucros. A maturidade espiritual por parte de muitos líderes de igreja e por
parte muito maior de congregados não pode ser presumida.
Na legítima
intenção de vincular a saúde com a qualidade antes que com a quantidade, há
líderes da igreja que não deixa de prestar atenção para aquilo que é essencial
ao exercício do ministério; inclusive declaração de missão, visão e definição
de papéis; realização de metas; planeamento estratégico e concessão de poderes
a outros. Mas eles se medem por um padrão diferente.
Às vezes a
realização pode ser quantificável, como o número de visitas que um pastor
poderia fazer em um determinado mês, ou a expansão dos dias dedicados ao
aconselhamento de dois para cinco. Frequentemente, porém, olhamos para a
mudança de vida como a avaliação do alcance das metas ministeriais. Uma
congregação que pareça egocêntrica e preocupada com os seus próprios programas
e obras pode, pode ser vista como uma meta de longo prazo alcançada por um
pastor depois que essas mesmas pessoas aprenderem a trabalhar como uma
comunidade interdependente que mostre a preocupação com outras pessoas. Um
diretor de campo missionário que leva pessoas altamente qualificadas em suas
especialidades, mas ineficazes como uma equipe de ministério poderia louvar
Deus por ajudarem-nas a desenvolverem a unidade e um espírito genuinamente
cooperativo que produz resultados para a equipe.
O
pensamento atual diz que a saúde de uma igreja não acontece sem a abordagem
contemporânea e desconstrucionista de ministério. Porém, as igrejas nunca se
tornarão espiritualmente saudáveis meramente por meio de paradigmas ou
programas. Os compromissos bíblicos, de cada congregado, cada líder, cada
oficial de igreja, devem ser com as prioridades e alvos de Deus, e de permitir
que Ele produza nessas igrejas o que Ele quer - e não o que Ele não quiser.
Longe de desprezar
o cumprimento da Grande Comissão, esta abordagem, uma vez que é obviamente mais
bíblica, realça a missão dos crentes de conhecer Jesus Cristo, exaltá-LO e
levá-LO aos outros, e edifica-os na fé. Deus quer realizar estas metas pela Sua
igreja e pelo Seu poder. As igrejas precisam estar certas de que os métodos,
movimentos e manipulações do cristianismo cultural moderno não conseguem
fazê-lo do modo certo.
O texto de Atos
2:42-47 retrata a vida interna da Igreja de Jerusalém, a beleza de seu comportamento,
aquilo que lhe era visceral. Na verdade, o texto destaca a saúde da Igreja, da
qualidade espiritual da Igreja. A vida comunitária da Igreja Primitiva era uma
grande evidência da descida do Espírito Santo sobre o remanescente do povo de
Deus. Havia companheirismo íntimo e muito amor fraternal. Este aspecto expressa
a qualidade interna da Igreja que devido à sua saúde espiritual, a igreja
apostólica experimentava resultados evangelísticos estimulantes e eficazes com
uma regularidade notável.
A Igreja é
caracterizada pela comunhão que mantém com o Senhor Jesus Cristo e pela unidade
espiritual de seus membros. Deus expressa claramente o seu desejo de que haja
comunhão entre os seus filhos. Veja o texto do Salmo 133: “Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos
fossem irmãos! é como o azeite perfumado sobre a cabeça de Arão, que desce
pelas suas barbas e pela gola do seu manto sacerdotal. é como o orvalho do
monte Hermom, que cai sobre os montes de Sião. Pois é em Sião que o Senhor Deus
dá a sua bênção, a vida para sempre”. Este salmo mostra que a comunhão
produz saúde e bem-estar na igreja. Sim, isto é bom e agradável! A ideia
bíblica de algo bom é de algo que produz saúde, faz bem. Algo agradável é algo
que produz o bem-estar. Desta forma, o texto citado nos mostra que a comunhão
com as pessoas que seguem ao mesmo Deus que nós, repercute na nossa saúde e em
nosso bem-estar. Mas vai além disso, passa aos nossos filhos e se estende aos
netos.
Como é que isso
pode acontecer? A resposta para isso é que a comunhão não é um sentimento mas
uma prática. Quando as pessoas do povo de Deus se veem como irmãos, há ajuda
mútua, interesse em resolver os problemas dos outros e desejo de que todos
prosperem. Repare que o texto diz claramente que a qualidade da saúde e do
bem-estar têm relação com a atitude das pessoas. É bom e agradável viver unido
como irmãos, filhos do mesmo pai, que a todos trata igualmente e permite que
uns tenham mais condições para que outros possam ser ajudados. Se não vivermos em
união como irmãos, não usufruiremos da saúde e do bem-estar prometidos. Não é
possível ter-se felicidade, bem-estar, alegria, sucesso e êxito se não investirmos
em nossa saúde, adquirirmos bens que serão utilizados de forma razoável e além
do mais, o dinheiro nunca serviu para promover a união familiar.
Estes “Vínculos
de Qualidade” mostram o padrão de vida e estrutura inseridos na igreja pelo
Espírito Santo. Quando focalizamos o nosso olhar somente para o crescimento,
corremos o risco de não percebermos a necessidade de uma estrutura saudável que
venha facilitar o crescimento.
10. Algumas Realidades Sobre a Comunhão na Igreja
1) A Saúde da
Igreja Depende da Saúde dos Relacionamentos Entre os Discípulos da Igreja.
A comunhão é,
antes de mais nada, um encontro de pessoas que se conhecem, que se falam, que
comunicam as experiências de Cristo e fazem acontecer um encontro comum com o
próprio Cristo. Os membros dessa comunhão são: na linha vertical estão Jesus
Cristo, Deus o Pai e Deus o Espírito Santo, a Santíssima Trindade; na linha
horizontal, os seguidores de Cristo. Por isso é muito importante dar-se conta
que a Igreja é uma relação de intimidade que acontece entre os membros da linha
horizontal com os da linha vertical.
A comunhão
humana é um sinal e um fenómeno através do qual se realiza e transparece a
comunhão superior com Deus, que aparece como proposta de salvação do problema
fundamental, fazer acontecer ou realizar a comunhão com Deus.
A saúde da
igreja vem a “cada dia” porque vem sendo gradativamente construída: seja quando
alguns amigos andam juntos pelo caminho, seja quando se sentam ao redor de uma
mesa, seja num momento de compartilhamento de experiências, seja numa roda de
confissão, seja em atitudes de exortações e encorajamentos, seja quando alguém
lava os pés ao sobrecarregado, seja quando entrega os próprios pés para
receberem os devidos cuidados…
Vivendo em
comunhão com Deus, através da Oração, Estudo da Bíblia e Testemunho, o ser
humano passa a conhecê-Lo, a amá-Lo e a tocar a eternidade, mas não é só isso:
viver em comunhão é receber a vida e o amor em suas expressões plenas, pois
tudo o que existe e foi criado traz este selo original. É experimentar
satisfação sem igual, tal como nenhuma outra experiência nesta Terra pode proporcionar.
É encontrar o propósito para o que se vive. É fazer cessarem as perguntas e as
inquietações, não porque elas deixaram de existir, mas porque perderam sua
urgência.
Sabendo de onde
vem e para onde vai, tendo a certeza da salvação e da vida eterna, o ser humano
deixa de temer a morte, sente-se seguro e confiante diante dos problemas da
vida, não se desespera, não comete desatinos. As coisas materiais deixam de ser
as mais importantes e a vida fica mais tranquila e menos angustiante. O
relacionamento humano melhora, passa a haver mais paz no coração, sem inveja,
sem ciúmes, sem ódios e mágoas, que tanto adoecem o ser humano, com capacidade
de perdoar. Existe confiança pela certeza de que Deus está continuamente
cuidando de cada um de nós. O poder maravilhoso de Deus se transfere para
aqueles que O amam. Diante dos problemas, haverá o poder de Deus para
enfrentá-los sem medo, com confiança, segurança, humildade e paciência.
Orar, estudar a
Bíblia e testemunhar, são as práticas que o manterão em comunhão com Deus e
revestido de Seu poder. Pratique essas coisas em sua vida pessoal, no lar, no
trabalho, no lazer, e frequentando a Igreja de Deus, lugar onde você deve
congregar para receber a Palavra de Deus e levá-la para pessoas que dela
necessitam e a buscam. Vá na Igreja para buscar a Jesus Cristo e não pessoas,
que são falhas, como todos somos, mas a Igreja deve seguir os mandamentos e as
doutrinas de Deus, sem modificá-los e sem seguir doutrinas criadas por homens.
A comunhão fortalece, sustenta e nos refresca e cura a consciência perturbada
de crentes através do dom da graça. A pregação e o ouvir da Palavra anima-nos
com a promessa de reconciliação com Deus através de Cristo. A Comunhão do Espírito Santo oferece uma
estrutura mais íntima e menos institucionalizada para a vida da igreja, uma estrutura
de significado que nutre e sustenta.
Toda a aliança
para ser validada e se expressar exige relacionamento entre as suas partes.
Dependendo do tipo de relacionamentos vividos numa aliança, podemos deduzir se
ela prospera ou não. Não há aliança saudável com relacionamentos doentios! O
casamento, por exemplo, só será a expressão de uma aliança saudável, frutífera
e próspera, se os cônjuges buscarem se relacionar corretamente, se trabalharem
a comunhão. O casamento e a família são estruturas instituídas por Deus para
que homens e mulheres possam desenvolver a comunhão saudável e se beneficiar da
aliança conjugal e familiar.
A Igreja também é ideia de Deus, para que os Seus
filhos e filhas tenham um ambiente relacional ideal para viverem de forma
saudável, não só a aliança com Deus, mas a aliança cristã de uns com os outros
e, com isto, atraírem a glória de Deus e manifestarem o Seu Reino e poder.
Entretanto, quando os relacionamentos conjugais, familiares ou cristãos não vão
bem, também o casamento, a família e a igreja não vão. Relacionamentos doentios
macularam a aliança. Se não houver mudança nos relacionamentos, a aliança que
os respalda estará em perigo. Quando nossos relacionamentos com o cônjuge, os
familiares e os irmãos estão submissos ao nosso relacionamento com o Senhor,
certamente o casamento, a família e a Igreja vão muito bem!
2) A Saúde dos
Relacionamentos na Igreja Depende da Saúde dos Discípulos da Igreja.
Esse
facto é ressaltado também pelos muitos “uns aos outros” que lemos no Novo
Testamento. Somos ordenados: a amar “uns aos outros” (Jo. 13:34-35; 15:12, 17);
a não julgar “uns aos outros” e ter o propósito de não por tropeço ou escândalo
ao irmão (Rm. 14:13); a seguir “as coisas da paz e também as da edificação de
uns para com os outros” (Rm. 14:19); a ter “o mesmo sentir de uns para com os
outros” e acolher “uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória
de Deus” (Rm. 15:5, 7). Somos instruídos a levar “as cargas uns dos outros”
(Gl. 6:2); a sermos benignos uns para com os outros, “perdoando… uns aos
outros” (Ef. 4:32); e a sujeitarmo-nos “uns aos outros no temor de Cristo” (Ef.
5:21). Em resumo, “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por
humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp. 2:3).
No Novo
Testamento, há muitos mandamentos semelhantes que governam os nossos
relacionamentos mútuos na igreja. Todos eles exigem altruísmo, sacrifício e
serviço aos outros. Combinados, eles excluem definitivamente toda expressão de
egocentrismo na verdadeira comunhão de crentes.
Mais dia, menos
dia, nossas alianças nos denunciam, porque nossos relacionamentos vão mostrar
quem somos realmente. É nos meandros da comunhão que acabamos nos denunciando
ou sendo denunciados. É incrível como precisamos de gente para sermos gente,
mas, infelizmente, muitos, quando se relacionam com gente, parecem com tudo,
menos com gente!
Em Génesis 2:18
vemos algo interessante: o homem estava no paraíso com Deus, mas Deus disse que
o homem estava só e que isto não era bom! Adão tinha Alguém acima dele (Deus) e
alguém abaixo dele (a criação), mas faltava alguém ao lado dele, do mesmo
status, gente como ele, para que não se sentisse só. Deus percebeu a
necessidade de Adão e a supriu com a vida de Eva, alguém que lhe era idónea,
compatível para se relacionar. Casamento, família e Igreja são soluções divinas
para que o homem possa viver de forma saudável, segura, a comunhão com Deus e
com o próximo.
Entretanto,
quando a comunhão no casamento, família e Igreja está enferma, também estará
doente o casamento, a família e a igreja. Infelizmente, essas alianças, que
deveriam manifestar a glória e o poder de Deus, em muitos casos, denunciam
doença, dor, prisão e maldição. E sabe por quê? Por causa das pessoas que estão
ali. Elas estão prisioneiras e doentes. Se elas não forem libertas e curadas,
não haverá saúde na comunhão. Casamento, família e Igreja são projetos divinos,
de cunho terapêutico, libertador e protetor, onde as pessoas, na presença de
Deus, desenvolvem a comunhão do Reino de Deus e, por meio dela, atraem a glória
e o poder do Senhor. Na Igreja, os que têm prazer em se relacionar com Deus,
também devem ter prazer em se relacionar com os irmãos. Sem relacionamentos
saudáveis nos ministérios, a saúde da igreja estará comprometida e, logicamente
será difícil desfrutarmos da plenitude da aliança com Deus (vida abundante,
frutificação, sinais, prodígios e maravilhas).
3) A Saúde dos
Discípulos Depende do seu Caráter e do Nível de Libertação e Cura Alcançados.
Porque
se é um discípulo com um grande caráter e nível de libertação e cura alcançados
em Cristo, caminha debaixo da unção, não perde o foco e não desiste no meio das
intempéries da vida. E todos os que não desistem e não perdem o foco usufruem
de saúde e são abençoados e honrados no território onde estão plantados. Os que
desistem e perdem o foco não são abençoados, pois abandonam a unção e param no
meio do caminho, antes de ver cumprida a bênção do Senhor em suas vidas.
O
relacionamento é uma das dádivas dos céus, revelada aos filhos de Deus, que as
trevas não têm. Quando falamos de relacionamento estamos querendo enfocar a
unidade de propósito. Quando as pessoas se relacionam devem ter unidade em um
objetivo. A unidade nos dá um só coração, um só sentimento, uma só meta. Então,
se houver esse relacionamento e a unidade vier, nenhuma vida ficará nas mãos do
inimigo, pois na unidade os milagres, sinais, prodígios, maravilhas e todo
suprimento de necessidades se manifestam (At. 4:32-36).
O
que é que o influência com o que faz! Suas atitudes, ações, decisões e
respostas dependem menos das circunstâncias e de outras pessoas do que de si
mesmo.
A questão crucial é que no púlpito se ensina o
que fazer (instrução e ministração), mas só nos relacionamentos (comunhão)
aprendemos como fazer (atitudes, ações, decisão, respostas).
Na vida de muitos discípulos há um descompasso
entre instrução/ministração e ação. A causa principal é a deficitária saúde
relacional do discípulo, que por sua vez depende do seu caráter e dos níveis de
libertação e cura emocional alcançados. Quer saber o que fazer para mudar de caráter
e ser liberto e curado dos traumas, cadeias e maldições? É preciso decidir por
três coisas: pela mudança, pelo discipulado e pela exposição ao poder da
Palavra e do Espírito de Deus.
Somos uma igreja
de relacionamentos e ninguém prosperará na caminhada sem se expor à comunhão! É
por meio dela que nosso caráter será transformado, seremos tratados (libertos,
curados) e desfrutaremos dos benefícios da aliança com Cristo. Quem não está
liberto e curado, e nem quer sê-lo, rejeita a comunhão e prejudica os
relacionamentos. Quem não se resolve como gente na presença do Senhor, tem medo
de gente e foge ou corrompe relacionamentos.
Neste momento entramos no tempo dos milagres
de Deus em nossas vidas e, certamente, o principal deles será o de nos
tornarmos discípulos de Jesus que se relacionam, que têm comunhão no Corpo. A
comunhão é uma das disciplinas espirituais que a Igreja do primeiro século
praticava com perseverança e que a qualificava como impactante aos olhos do
povo da época. A comunhão dos santos é um dos mais fortes testemunhos de fé e
de que o Senhor efetivamente vive entre nós.
11. Uma Crise de Comunhão
Quando a igreja
foi formada viveu uma autêntica contracultura e impressionou o mundo de sua
época. As barreiras sociais e étnicas caíram por terra e a comunidade cristã
era uma grande família, em seu sentido mais profundo: “Todos os que creram
estavam juntos e tinham tudo em comum.” (At. 2:44).
Os discípulos,
por manifestarem visíveis laços de amor mútuo, estariam convencendo o mundo de
que Jesus é realmente o Filho de Deus, enviado pelo Pai (Jo. 17:21). O
historiador francês Paul Veyne afirmou que a sociedade romana foi impactada
pelo comportamento amoroso da igreja, a qual ela chamou de “obra-prima”. Embora
haja discussão sobre a maneira como os discípulos administraram os bens, não
temos como negar que entre eles havia um senso de comunhão muito forte, que era
originado na graça de Deus (At. 4:33-35; 2 Co. 8:1-4 e 9:12-15). O teólogo
Gottfried Brakemeier concluiu sobre a igreja primitiva: “Para os discípulos, a
comunhão em que viviam era implicação e decorrência do evangelho, uma forma de
atendimento do imperativo cristão e de vivência da fé.”
No século XVI,
os anabatistas tentaram viver o cristianismo de forma autêntica, recuperando o
sentido de comunhão fraternal da igreja. Assim, o anabatista Ulrich Stadler
escreveu em 1537: “Quando cada membro ajuda igualmente o corpo inteiro, o corpo
cresce, e há paz e unidade, se cada membro cuida do outro”.
Hoje, não é
segredo de que a igreja está sofrendo uma crise de comunhão: quem avaliar de
modo imparcial a Igreja de Jesus Cristo, notará que ela passa por uma crise de
relacionamento, comunhão, amizade, ensino-aprendizagem e oração.
A igreja não
está experimentando nem demonstrando esta “comunhão do Espírito Santo” (2 Co.
13:14) que marcou a igreja do Novo Testamento. Num mundo de grandes
instituições impessoais, a igreja muitas vezes parece ser mais uma grande
instituição impessoal. A igreja está altamente organizada justamente numa época
quando seus membros querendo menos organização e comunidade. É raro hoje em dia
achar dentro da igreja institucionalizada aquela intimidade atraente entre as
pessoas onde as máscaras são tiradas, a honestidade prevalece e se sente um
nível de comunicação e comunidade além do humano – onde há literalmente a
comunhão do e no Espírito Santo.
Justamente neste
novo milénio, em que os povos mais necessitam de consolação e ânimo para
enfrentar dias tenebrosos, a impressão que muitas pessoas têm da Igreja, é de uma
instituição fria, pouco amigável e indiferente aos problemas da humanidade.
Críticos notam, ainda, que os cristãos tendem a brigar muito entre si, não
raras vezes para determinar qual deles está certo ou será o mais importante.
Existem,
é claro, belas exceções. Além disso, algumas das críticas mais se baseiam em
impressões do que em factos. Mas nem essas ressalvas nos livram do facto de que
a Igreja de Jesus Cristo, de modo geral, está fraca na área da comunhão. Isto é
mais do que lastimável, porque o Senhor Jesus Cristo afirmou que o amor e a
unidade seriam as principais provas de que eles são seus verdadeiros seguidores
(Jo. 13:34, 35).
Precisamos de
combater a crise de comunhão em nossa igreja e restaurar imediatamente o
sentido bíblico da igreja, para que ela seja de facto aquilo que Deus planejou
para ela: comunidade amorosa de homens e mulheres regenerados pelo poder do
Espírito Santo. Pois, a atração de uma igreja está também na maneira como os
irmãos se relacionam. Lembre-se que uma pessoa sempre optará por uma igreja que
o recebe bem. Ninguém consegue ficar numa igreja onde não se estabelece
relacionamento ou amizade. Portanto, o remédio para esta crise de comunhão na
igreja é a prática da mutualidade, isto é, todos os irmãos envolvidos em servir
uns aos outros. Todos participando de modo feliz e eficiente, dos ministérios
coletivos da igreja. Cada cristão praticando o seu dom espiritual.
A igreja do Novo
Testamento vivia pelo testemunho, pelo serviço e pela comunhão. Todas estas
três coisas são essenciais para a igreja ser perseverante. A igreja deve pregar
e ensinar, e deve servir – seguindo o exemplo de Cristo.
A comunhão é
essencial tanto para uma proclamação efetiva como para um serviço relevante. A
comunhão é a permanência da igreja na videira, para que possa produzir muito
fruto. É o corpo se tornando “bem ajustado e consolidado”, edificando-se a si
mesmo em amor para que os dons individuais do Espírito possam se manifestar no
mundo (Ef. 4:16). Muitas vezes tanto a pregação como o serviço da igreja tem
sofrido simplesmente por falta da verdadeira comunhão.
A igreja é a
família de Deus, e a essência da família é o relacionamento entre os irmãos. É
por isso que o salmista exclama: Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os
irmãos (Sl. 133:1). Viver unido é viver em comunhão com o Pai e com os irmãos.
Charles R.
Swindoll afirma que uma família forte possui seis qualidades principais: é
comprometida com a família, gasta tempo junta, tem boa comunicação familiar,
expressa apreciação um ao outro, tem um compromisso espiritual e é capaz de
resolver os problemas nas crises.
Estas qualidades
podem ser resumidas em duas palavras: comunhão e mutualidade. Podemos aplicar
estas mesmas qualidades para uma igreja forte, pois, a igreja é uma família de
famílias. Uma igreja que não desenvolve estas qualidades vive uma crise de
comunhão.
a) O Propósito
de Deus nos Relacionamentos
“Portanto,
confessem os vossos pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem
curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tg. 5:16).
Sejamos
sinceros: Já alguma vez confessou os seus pecados para algum irmão de sua
igreja? Sinceramente, eu nunca consegui fazer isso. Como é possível fazer isso
na igreja de hoje? Se for confessar um pecado para um irmão, é provável que no
mínimo ele o vá entregar para o pastor. Sem falar de fofocas, também pode
acontecer que o irmão comece a olhá-lo de modo diferente. Como é que Tiago pode
dizer isso? O que acontece é que o contexto da igreja hoje é muito diferente.
Tiago era pastor da igreja em Jerusalém. Eu acredito que boa parte das igrejas
da época ainda guardavam algumas características que a igreja de Jerusalém
tinha no princípio:
“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e
à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e
muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam
mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens,
distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a
reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos
participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a
Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os
dias os que iam sendo salvos” (At. 2:42-47).
Quero chamar a
sua atenção para o verso 44 que diz que “todos os que criam mantinham-se unidos
e tinham tudo em comum”. Isso é o que está faltando na igreja atual. Vivemos
uma crise de comunhão. Quando o texto diz que todos tinham tudo em comum, podemos
dizer que eles eram uma comunidade no seu real sentido:
Numa
comunidade, as pessoas têm coisas em comum. Mais do que a simples possibilidade
de optar. As pessoas pertencem umas às outras, conhecem-se com alguma
profundidade, dão satisfação umas às outras. Elas estão sujeitas umas às outras
pelo amor. Essas ligações são suficientes para que possam ser disciplinadas,
corrigidas, criticadas (até equivocadamente), sem que isso seja motivo para
sumir.
Toda essa crise
de comunhão tem acontecido porque a igreja tem absorvido uma tendência que tem
tomado conta da sociedade pós-moderna: a privatização. O termo privatização
significa dizer que as pessoas estão cada vez mais fugindo de um convívio
público para uma esfera privada. Isso implica que as pessoas não querem mais
ter relacionamentos profundos. Andam em relacionamentos cada vez mais
superficiais, não confiam umas nas outras. Logo, também não revelam quem
realmente são. Não são sinceras. Não conseguem amar. Como consequência disso
tudo a falsidade, os grupinhos, a falta de afeto, a falta de unidade, a falta
de evangelização. E os versículos abaixo tratam exatamente desses problemas:
“Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que
vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e
dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o
esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só
corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados
é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos,
que é sobre todos, por meio de todos e em todos” (Ef. 4:1-6).
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus,
santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade,
mansidão, longanimidade; Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos
outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou,
assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o
vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um
corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo
habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e
admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais,
cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras
ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus
Pai” (Cl. 3:12-17).
“Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma
motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma
profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de
pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição
egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si
mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos
interesses dos outros” (Fp. 2:1-4).
“Irmãos,
em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vós que concordem uns com
os outros no que falam, para que não haja divisões entre vós, e, sim, que todos
estejam unidos num só pensamento e num só parecer. Meus irmãos, fui informado
por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vós. Com isso quero dizer
que cada um de vós afirma: Eu sou de Paulo; eu de Apolo; eu de Pedro; e eu de
Cristo. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós?
Vocês foram batizados em nome de Paulo” (1 Co. 1:10-13)?
Seguem-se,
agora, 4 argumentos que mostram o quanto os relacionamentos são importantes
para Deus:
1) Deus é um
Deus social.
O próprio Deus dá exemplo da importância dos relacionamentos. Deus existe em 3
pessoas em uma única divindade. Pai, filho e Espírito Santo são unidos a ponto
de se chamarem um. “Eu e o Pai somos um”
(Jo. 10:30). “E eu já não estou mais no
mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome
aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós” (Jo. 17:11).
2)
O segundo mandamento mais importante: Amor ao próximo. “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus
de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é
o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Mt. 22:37-39). Os relacionamentos (horizontais)
são tão importantes a ponto de Jesus dizer que amar ao próximo é o segundo
mandamento mais importante da lei.
3) Deus nos
abençoa através dos relacionamentos. Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para
ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” (Gn. 2:18). “Levai as cargas uns dos outros, e assim
cumprireis a lei de Cristo” (Gl. 6:2). “Melhor
é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um
cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois,
caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles
se aquecerão; mas um só, como se aquecerá? E, se alguém prevalecer contra um,
os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa”
(Ec. 4:9-12). A
união é fundamental em qualquer comunidade.
Deus usa os
relacionamentos para nos abençoar. Deus poderia simplesmente nos curar quando
quisesse, mas ele prefere normalmente usar a medicina. Assim como muitas vezes
usa a solidariedade de algumas pessoas para abençoar outras. Dessa forma, seu
nome é glorificado por quem recebe, que dá graças pela provisão, e por quem
doa, que recebe a honra de participar da provisão divina.
12. O Que é a “Comunhão do Espirito Santo”?
Em Atos 6:8,
lemos que Estevão estava cheio de graça e poder, mas não somente isso, pois o
versículo 10 nos diz que “não podiam
resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”. Estevão era
ministro da Palavra? Sabemos que ele era judeu helenista, vindo de outro país,
não de Israel. Os ministros da Palavra eram judeus hebraicos. Mas havia muitas
sinagogas onde se falava a língua de Estevão, também havia muitas sinagogas
onde falavam a língua de Paulo, e provavelmente Paulo ia até aqueles sinagogas
para adorar.
Quem era
Estevão? Tudo o que sabemos é que ele apenas servia às mesas e era cheio do
Espírito Santo. Quem era Saulo? Um grande erudito, um Rabino que fora treinado
aos pés de Gamaliel, um homem que abraçou três mundos. Não há dúvida que Saulo
era cheio de sabedoria, um grande rabino, estava cheio da palavra do Antigo
Testamento. Saulo provavelmente entrou naquela sinagoga onde Estevão estava e
deve ter discutido com Estevão, mas a Bíblia diz: “E não podiam resistir à
sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”.
Estevão tinha
essa sabedoria porque o Espírito Santo é o Espírito de sabedoria. Ele não
dependia de si mesmo, mas do Espírito Santo. Ainda que estivesse servindo às
mesas, fazendo muitas coisas pequenas, até mesmo desprezíveis, mas estava cheio
do Espírito Santo. Quando um homem está cheio do Espírito Santo, qualquer lugar
lhe é agradável. A qualquer instante Estevão poderia ter uma comunhão
maravilhosa com o Senhor, o Espírito Santo estava em seu espírito. Ele poderia
adorar o Senhor em qualquer instante, quando lavava os pratos, poderia ter uma
comunhão maravilhosa com o Senhor. Por causa daquela experiência maravilhosa,
ele foi completamente cheio do Espírito Santo e dependia dEle para que o Senhor
pudesse realmente usá-lo.
As pessoas que estavam na sinagoga encheram-se
de inveja e o acusaram. Mas Atos 6:15 diz: “Todos
os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estevão, viram o seu
rosto como se fosse rosto de anjo”. Estevão estava no Sinédrio, estava
sendo julgado, muitos o acusaram e queriam ouvir a sua defesa. Mas, antes de
falar, sua face ficou como a face de um anjo. Não foi Lucas, o escritor de
Atos, quem presenciou essa cena, mas Paulo. Lucas escreveu o livro de Atos, mas
foi Paulo que lhe passou essas informações. Paulo ficou impressionado! Se
aquele homem fosse um criminoso, um fora da lei, se realmente queria destruir o
templo, como pôde seu rosto tornar-se como rosto de um anjo? Ele estava na boca
dos leões, seria rasgado em pedaços em poucas horas. Mas Estevão pregou sua
mensagem com aquela face de anjo. “Homens
de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resististes ao
Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” (At.
7:51). “Ouvindo eles isto, enfureciam-se
no seu coração e rilhavam os dentes contra ele” (At. 7:54).
Esse foi um
momento especial, mas, para Estevão, era seu estado normal. Aquele que está
cheio do Espírito Santo pode tornar-se mártir, não precisara de mais nada.
Estevão não precisou de um enchimento especial, ele já estava cheio do Espírito
Santo; por causa disso, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e o
Senhor Jesus à Sua direita. De acordo com a Palavra de Deus, de acordo com
Pedro, o Senhor está assentado à destra de Deus, tal como Estevão o viu em pé?
Estevão tornou-se mártir, ele estava cheio do Espírito Santo, mas sendo
transformado à imagem e semelhança do bendito Filho de Deus. Quando o Senhor
descobre algo semelhante ao que aconteceu com Ele mesmo aqui na terra, Ele não
pode ficar assentado, nosso Senhor levantou-se e deu as boas-vindas para
Estevão. A maneira como Estevão orou quando foi martirizado faz lembrar o
Senhor Jesus. Isso é resultado do Pentecostes.
Qual é a sua
impressão ao estudar o livro de Atos? É o vento impetuoso ou as línguas de
fogo, ou o falar em línguas que o impressionam? Quando nosso Senhor viu alguém
sobre a terra cheio do Espírito Santo, com a visão da glória de Deus, Ele não
pode resistir, mas ficou em pé e deu as boas-vindas a Estevão. Se você quer ser
cheio do Espírito Santo, prepare-se bem, pois senão ficará cheio de pedras.
Muitas pessoas desejam ficar cheio do Espírito Santo, mas não querem estar
cheios de pedras, elas querem o Espírito Santo sem cruz. O Espírito Santo
sempre nos dá a cruz, e a cruz sempre nos leva de volta ao Espírito Santo. Foi
isso o que aconteceu depois de Pentecostes. Estevão não era um dos Apóstolos,
não era um dos ministros da Palavra, apenas servia às mesas, era apenas alguém
que queria servir a Deus sem reclamação nem murmuração. Essa é a comunhão do
Espírito Santo.
O Espírito Santo
foi enviado pelo Pai para este mundo para ser para os discípulos de Jesus nesta
dispensação, até a volta dele, exatamente o que Jesus foi para eles durante o
tempo da sua comunhão pessoal com eles na terra. É isto que ele
é para vós? Conheceis a “comunhão do Espírito Santo”, o companheirismo do
Espírito Santo, a parceria do Espírito Santo, a amizade do Espírito Santo? Este
é o meu objetivo neste estudo: apresentar-vos ao meu amigo, o Espírito Santo.
A comunhão do
Espírito Santo significa que somos guiados pelo Espírito Santo;
conduzidos pelas mãos do Espírito Santo; acompanhados pelo Espírito Santo;
dirigidos constantemente pelo Espírito Santo; movidos pelo Espírito Santo; que
desenvolvemos um relacionamento íntimo com o Espírito Santo; que temos
intimidade com o Espírito Santo; que temos a participação conjunta do Espírito
Santo em todas as áreas da nossa vida; que somos parceiros, colegas e
companheiros com o Espírito de Deus. Somos, portanto, parceiros na vocação e
recursos, partícipes de trabalho e poder. Esta comunhão envolve a comunicação.
Somos os parceiros colocados em ações ordinárias para fins comuns. Portanto
como filhos de Deus devemos nos espelhar na pessoa que ele é, refletindo nossas
atitudes, e na sua glória sendo o exemplo em tudo para a glória de Deus.
A obra do
Espírito Santo é a comunhão. A característica de Deus é Seu amor. A
característica do Senhor Jesus é Sua graça, e a característica do Espírito
Santo é Sua comunhão. Sem a presença do Espírito Santo neste mundo, não haveria
a criação, o universo, nem a raça humana (Gn. 1:2; Jó 26:13; 33:4; Sl. 104:30).
Sem o Espírito Santo, não teríamos a Bíblia (2 Pe. 1:21), nem o Novo Testamento
(Jo. 14:26, 1 Co. 2:10) e nenhum poder para proclamar o evangelho (At. 1:8).
Sem o Espírito Santo, não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e
nenhum cristão neste mundo.
Segunda
Coríntios 13:13 diz: “A graça do Senhor
Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos
vós”. Deus é amor e Sua característica é amor. O Senhor Jesus é graça e Sua
característica é graça. Finalmente, a característica do Espírito Santo é
comunhão. O Espírito Santo nada tem em Si mesmo. Ele traz para si o amor de
Deus e a graça do Senhor Jesus mediante a comunhão. Essa é a obra do Espírito
Santo. O Espírito Santo não realizou uma obra de amor. Ele não realizou uma
obra de graça. O Espírito Santo transmite a si aquilo que Deus e o Senhor Jesus
realizaram. Assim, a obra do Espírito Santo é comunhão. O Espírito Santo, após
a ascensão do Senhor Jesus, simplesmente está pleno da obra do Senhor Jesus.
Ele é como a luz! Desde que haja brecha, Ele entrará. Quando entra, Ele traz a
graça do Senhor Jesus e o amor de Deus para dentro de si. Esta salvação é
verdadeiramente completa.
A obra do
Espírito Santo é transmitir a nós a obra do Senhor Jesus. O Espírito
Santo revela o projeto de Deus através das Escrituras Sagradas (2 Tm. 3:15-16)
e por meio dos dons espirituais (At. 9:10-16; 10:2-5). Quando Cristo foi
glorificado o Espírito Santo pode comunicar a Igreja, a Sua Vida, o Seu poder,
as Suas riquezas, a Sua glória. O amor de Deus está na graça do Senhor Jesus, e
a graça do Senhor Jesus está na comunhão do Espírito Santo. Assim, todos
aqueles que receberam a comunhão do Espírito Santo recebem a graça do Senhor
Jesus, e todos os que receberam a graça do Senhor Jesus experimentam o amor de
Deus.
Quando o
Espírito Santo vem, pela comunhão Ele nos dá a luz e nos mostra nossas falhas e
degradação. Ele nos mostra que estamos perdidos. Deus trabalhou de tal maneira
que uma vez que você abra a boca e diga uma palavra e uma vez que seu coração
tenha um lugar para o Senhor e O invoque, será salvo. Não precisa ir a uma
grande catedral para ser salvo. Não precisa orar para ser salvo. Não precisa
ficar defronte a um altar para ser salvo. O Espírito Santo já foi derramado
sobre toda carne. Onde você está, ali está o Espírito Santo. Aleluia! Isso é um
facto!
Na Sua íntima
união com o Seu Filho, o Espírito Santo é o único órgão pelo qual Deus pretende
comunicar ao homem a Sua própria vida, a vida sobrenatural, a vida divina — ou
seja, a Sua santidade, o Seu poder, o Seu amor, a Sua felicidade. Para que isso
aconteça, o Filho opera exteriormente; o Espírito Santo, interiormente.
A comunhão com o
Pai e o Filho significa, realmente, comunhão no Espírito Santo. É por esta
razão que Paulo, o apóstolo dos gentios e nosso, em 2 Coríntios 13:14 Paulo ora
para que a “comunhão (koinonia) do Espírito Santo” seja com os crentes de
Corinto. O
apóstolo dos gentios e nosso, deseja que essa comunhão esteja connosco, como o
faz em 2 Coríntios 13.18: “A graça do
Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com
todos vós.” O Espírito é revelado como o poder de Deus. Paulo rogou que a
graça divina, o amor e a comunhão (amizade) estivessem com os crentes de
Corinto. Ele desejava que eles gozassem da comunhão espiritual com Deus, Seu
Filho e da comunhão entre eles que se faz possível pela obra do poder de Deus,
o Espírito Santo. E em Filipenses 2:1 Paulo fala sobre “comunhão (koinonia) do
Espírito”.
Duas
dimensões estão envolvidas nestas passagens: a dimensão vertical da comunhão do
crente com Deus e a dimensão horizontal de sua koinonia com outros crentes
através do Espírito Santo. É importante que estes dois aspetos sejam mantidos
juntos e entendidos juntos. O conceito neotestamentário de comunhão só é
plenamente entendido quando compreendemos o significado das duas dimensões
juntas.
A princípio
podemos ver aqui somente a dimensão vertical de comunhão com Deus através do
Espírito Santo. Mas a dimensão horizontal também está bem presente e talvez
seja até a mais importante: a comunhão entre os crentes que é o dom do
Espírito. Como James Reid escreveu sobre 2 Coríntios 13:14: “Isto não significa
comunhão com o Espírito. É uma comunhão com Deus que ele compartilha através da
habitação do Espírito com aqueles que são membros do corpo de Cristo. A
comunhão do Espírito Santo é a verdadeira descrição da igreja.”
Muito se tem
escrito sobre o significado e as implicações da palavra comunhão. Tal
discussão, porém, tem enfatizado principalmente a dimensão horizontal, a
comunhão dos cristãos uns com os outros. Mas é a dimensão vertical que nos dá o
conteúdo fundamental a todo esse conceito de comunhão. Koinonia na igreja deve
começar com a comunhão do Espírito Santo, ou do contrário ela não terá
dinamismo neotestamentário. “A comunhão (koinonia) com e em Jesus Cristo e o
Espírito é a base que gera e sustenta a comunhão (koinonia) dos crentes uns com
os outros”. A comunhão e o relacionamento espirituais na igreja que são
realmente koinonia são algo dado pelo Espírito; são mais do que uma função de
nossa natureza humana. Partilham do sobrenatural.
a)
Há duas coisas, então, que a comunhão do Espírito
positivamente não é:
1 – Ela não é
aquele relacionamento social superficial que a própria palavra comunhão
significa muitas vezes em nossas igrejas hoje. Tal “comunhão” geralmente não é
mais sobrenatural do que as reuniões semanais do Rotary Club. A maior parte
daquilo que se conhece por comunhão na igreja – seja qual for o seu valor – é
algo claramente inferior à comunhão. É “comunhão barata” paralela à “graça
barata” de Bonhoeffer. No máximo, é uma confraternização amigável – atraente
mas facilmente encontrada fora da igreja. Comunhão bíblica, porém, é uma
exclusividade da igreja de Jesus Cristo.
A
“comunhão” típica da igreja raramente alcança o nível de koinonia porque
koinonia não é entendida, esperada, nem procurada. Consequentemente há pouca ou
nenhuma estrutura adequada para comunhão na igreja. A igreja hoje acostumou-se
a uma sociabilidade agradável e superficial que no máximo chega a ser um
substituto barato para a koinonia.
2 – Por outro
lado, koinonia não é simplesmente uma comunhão mística fora do contexto da
estrutura da igreja. Podemos falar em termos abstratos sobre “a comunhão da
igreja” como se fosse alguma coisa que automaticamente, e quase por definição,
unisse os crentes. Mas o conceito abstrato não tem sentido sem o ajuntamento
literal dos crentes num ponto definido no espaço e no tempo. Não podemos
escapar disto, não deste mundo. O próprio Cristo enfatizou a necessidade de
estarmos juntos quando disse: “porque
onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”
(Mt. 18:20). Podemos ter comunhão sozinhos com Deus em qualquer lugar, pois
Deus é Espírito. Mas ninguém pode ter comunhão com outro irmão que não está
presente, apesar de nossa linguagem mística. A comunhão do Espírito Santo não é
um poder etéreo que une espiritualmente os crentes embora estejam fisicamente
separados. Antes, é aquela profunda comunidade espiritual em Cristo que os
crentes experimentam quando se reúnem como igreja de Cristo.
b)
De uma forma mais positiva, podemos descrever a
comunhão do Espírito Santo nos seguintes termos:
1 – A comunhão do Espírito Santo é a comunhão entre
os crentes, concedida pelo Espírito Santo. É exatamente esta experiência de
uma comunhão mais profunda, de uma intercomunicação sobrenatural, que talvez
todo o crente ocasionalmente tenha sentido na presença de outros irmãos. Sua
base é a unidade que os cristãos compartilham em Cristo.
Uma
fé compartilhada, uma salvação compartilhada e uma natureza divina
compartilhada são a origem da koinonia. É a comunhão de Cristo com seus
discípulos. A ideia básica da palavra comunhão, na verdade, é de algo que se
tem em comum.
2 – É a comunhão de Cristo com seus discípulos. Jesus gastou
três anos vivendo e trabalhando em íntima comunhão com doze homens. Como Robert
Coleman observa: “Na verdade ele gastou mais tempo com seus discípulos do que
com todas as outras pessoas do mundo reunidos. Ele comeu com eles, dormiu com
eles e conversou com eles durante a maior parte de todo o seu ministério”.
Estes homens não somente aprenderam de Cristo; compartilharam um profundo nível
de comunidade que foi o protótipo da koinonia da igreja primitiva. É
interessante que no meio do importante discurso de Cristo durante a última ceia
três discípulos sentiram liberdade para interrompê-lo com comentários e
perguntas (Jo. 14:5, 8, 22). Juntos, eles estavam experimentando a comunhão do
Espírito Santo.
3 – É a comunhão da igreja primitiva, registada no
livro de Atos. Os
primeiros cristãos conheceram uma unidade singular, com união de propósito,
amor e interesse mútuos – em outras palavras, koinonia. Isto era além da
alegria imediata da conversão ou do conhecimento de convicções comuns. Era uma
atmosfera, um ambiente espiritual que cresceu entre os cristãos primitivos à
medida que oravam, aprendiam e adoravam juntos em seus próprios lares (At.
2:42-46; 5:42).
4 – É correspondente na terra à comunhão celestial
eterna e também as primícias desta comunhão. A alegria do céu é a liberdade
de comunhão eterna com Deus e os irmãos, sem limitações terrenas. Como modelo
terreno desta realidade celestial, a koinonia na igreja compartilha a mesma
natureza espiritual da vida no céu; não é qualitativamente diferente. Mas sofre
as limitações inevitáveis da carne, do tempo e do espaço. Desta forma, a
comunhão na igreja não é contínua e nem universal. Antes, é interrupta,
parcial, local – e é necessário que seja assim. É limitada e afetada por
fatores físicos, mas sua realidade essencial não é deste mundo.
5 – É análoga à unidade, comunhão e relacionamento
entre Cristo e o Pai.
Existe um paralelo entre a comunhão da trindade e a comunhão dos cristãos uns
com os outros e com Deus. A oração de Cristo em João 17 é especialmente
apropriada aqui. Jesus pede que seus discípulos “sejam um, como nós” (v.11). De uma maneira mais geral, ele ora para
que todos os futuros cristãos “sejam um;
e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste” (v. 21). Comunhão é o cumprimento desta
oração na igreja e é assim uma manifestação no tempo e espaço da comunhão da trindade.
É uma intercomunicação sobrenatural entre as pessoas da divindade e a igreja na
terra, envolvendo inseparavelmente tanto a dimensão vertical como a horizontal.
Cristo quis que seus seguidores fossem um em sua koinonia – não somente um com
Deus mas também uns com os outros.
Tal comunhão é o
dom do Espírito Santo. Mas será então a igreja impotente para criar e nutrir
esta comunhão? Ou pode a estrutura da igreja prover condições para a comunhão
do Espírito Santo?
Daniel J.
Fleming fez o seguinte ponto em seu livro “Vivendo como Camaradas”: “A formação
e preservação desta comunhão... é o trabalho peculiar do Espírito Santo. Mas...
nós podemos ajudar ou impedir esta consumação na medida que conscientemente nos
esforçamos para entrar em comunidade com companheiros humanos”. E isto se
aplica tanto para a igreja como para crentes individuais.
A Bíblia não
fala quase nada sobre estruturas específicas para a igreja. O Novo Testamento
não contém revelações do Sinai sobre o “modelo do tabernáculo”. Somos livres para
criar as estruturas mais apropriadas à missão e necessidade da igreja em nossa
época, segundo o esquema geram da visão bíblica da igreja. E a própria ideia da
cpmunhão do Espírito Santo pode ter alguma coisa muito significativa para nos
mostrar a respeito de tais estruturas.
c)
Vivendo na Comunhão do Espírito Santo
O Espírito Santo
é o Deus que habita em nós. O apóstolo Paulo orou para que “a comunhão do
Espírito Santo” seja com todos nós (2 Co. 13:14). Como é bom saber que Deus é “capaz de fazer infinitamente mais do que
tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós”
(Ef. 3:20).
Para se viver na
comunhão do Espírito, é preciso querer. Existe uma parceria entre Deus e nós.
Sem a presença do Espírito Santo em nossa vida, não podemos fazer a vontade de
Deus. Deus quer uma relação especial e eterna consigo e comigo. Da nossa parte
existe a necessidade de exercitar disciplinas que satisfaçam as condições
bíblicas para uma vida cheia do Espírito Santo. Algumas dessas disciplinas são:
fazer um acerto de contas com Deus no final de cada dia, cuidar da saúde
física, comprometer-se com Cristo, amar a Deus acima de tudo, zelar da vida de
oração, gastar tempo com a Palavra de Deus, viver pela fé, louvar a Deus em
tudo, ter um semblante que reflita Cristo, falar de modo a honrar a Cristo, ser
altruísta, cuidar espiritualmente de alguém, compartilhar Cristo com outros.
Nós podemos ter
uma vida cheia do Espírito Santo. Como bem disse V. Raymond Edman: “A vida
cheia do Espírito Santo não é um mistério revelado a um seleto grupo de pessoas
nem objetivo difícil de ser alcançado. Confiar e obedecer são questões
essenciais nesta questão”.
Nascemos de novo
pelo Espírito Santo: “... Ninguém pode
ver o Reino de Deus, se não nascer de novo. ... Ninguém pode entrar no Reino de
Deus, se não nascer da água e do Espírito” (Jo. 3:3,5). O Espírito Santo
habita definitivamente em nós. “E eu
pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar convosco para
sempre” (Jo. 14:16). Somos selados com o Espírito Santo. “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus,
com o qual foram selados para o dia da redenção” (Ef. 4:30). Somos
batizados pelo Espírito Santo no corpo de Cristo.
“Pois em um só corpo todos nós fomos
batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer
livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito” (1 Co. 12:13). A
habitação do Espírito acontece uma única vez, mas o enchimento acontece muitas
vezes. Mas a grande pergunta é: Como ser cheio do Espírito Santo? Somos cheios
do Espírito pela fé. A Bíblia diz: “Portanto,
assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele”
(Cl. 2:6).
13. Implicações na Estrutura da Igreja
No Pentecoste o
Espírito Santo deu à igreja recém-nascida, entre outras coisas, o dom de
comunhão. É a única explicação para a comunidade cristã primitiva descrita em
Atos. A criação de comunhão genuína é um aspecto essencial da obra do Espírito
Santo. Neste sentido a obra do Espírito Santo no crente individual não pode ser
separada do que ele está fazendo na igreja – a igreja não é como um ajuntamento
de crentes individuais, mas exatamente como uma comunidade de fé, eles
pertenciam ao corpo de Cristo — a Igreja de Deus.
A comunhão faz
da Igreja um organismo espiritual perfeito de homens e mulheres que, apesar de
suas procedências étnicas e diversidades culturais, sentem-se e agem como
irmãos. Somente seremos reconhecidos como filhos de Deus se cuidarmos uns dos
outros e mutuamente nos socorrermos.
A comunhão levou
aqueles crentes a partilharem o que tinham, abrindo as portas para a atuação do
Espírito Santo. Assim, ia o Senhor acrescentando o número dos santos tanto em
Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria até os confins daquelas terras.
Quando vivemos
uma comunhão com Deus, desejamos também uma comunhão com os outros. O Evangelho
convida-nos a amar e a dizê-lo com a nossa vida. É a nossa vida que pode tornar
a fé credível, a confiança em Deus, à nossa volta. Hoje, mais do que nunca, não
serão os cristãos chamados a ser um fermento insubstituível de comunhão, nos
lugares onde estiverem? Como podem os cristãos continuar separados? A comunhão
é a pedra-de-toque. Ela nasce no mais profundo do coração de um cristão, no
perdão e no amor.
Deixar de ver
esta ligação vital entre os aspectos individual e coletivo da operação do
Espírito enfraquecerá o nosso entendimento tanto do crente individual como da
igreja. Em primeiro lugar, faz-nos encarar o desenvolvimento espiritual do
crente numa perspectiva exagerada de individualismo e separatismo, como se os
cristãos crescessem melhor isolados. E em segundo lugar, perderíamos um
elemento de importância básica para a estrutura e ministério da igreja: A
igreja provê o contexto para o crescimento espiritual através de compartilhar
juntamente uma comunhão que é ao mesmo tempo o dom do Espírito e o ambiente no
qual ele pode operar.
Desta forma
sugiro que haja uma ligação natural entre a comunhão do Espírito Santo e a
estrutura da igreja. A natureza desta koinonia na verdade contém várias implicações
para a estrutura da igreja.
Em primeiro
lugar, como já vimos, a comunhão do Espírito Santo é uma função da igreja
remida, não da igreja espalhada. A implicação óbvia para a estrutura da
igreja: A igreja deve providenciar condições suficientes para estar reunida se
quiser experimentar a comunhão. A comunhão exige que nos reunamos com lugar e
hora marcada sob a direção do Espírito Santo. Podemos falar sobre comunhão do
Espírito Santo apenas como uma realidade espiritual, ignorando as limitações de
tempo e espaço, mas isto não tem sentido. O facto é que a comunhão do Espírito
Santo – koinonia neotestamentária na igreja – exige como uma necessidade
absoluta proximidade física. A igreja não experimenta a comunhão do Espírito
Santo se não se reúne num ambiente apropriado para a operação do Espírito.
Em
segundo lugar, a comunhão do Espírito Santo naturalmente sugere comunicação. Comunhão sem
comunicação seria um conceito contraditório. Desta forma temos uma segunda
implicação para a estrutura da igreja: A igreja deve se reunir de uma forma que
permita e encoraje comunicação entre os membros.
Este
facto imediatamente levanta questões sobre as estruturas tradicionais de culto
na igreja institucional. Seja qual for seu valor, o culto da igreja tradicional
não é bem planeado para intercomunicação, para comunhão. É planeado tanto pela
liturgia como pela arquitetura principalmente para uma espécie de comunicação
de mão única – púlpito para banco. Na verdade a comunicação entre dois
cultuadores durante as reuniões da igreja é considerada rude e irreverente.
Como Alan Watts comentou sarcasticamente: “Os participantes sentam-se
enfileirados olhando a nuca um do outro e estão em comunicação somente com o
líder”.
O
culto da igreja tradicional não é a estrutura adequada para experimentar a
comunhão do Espírito Santo. E de modo geral podemos dizer que nenhuma reunião
da igreja é apropriada para koinonia se for baseada numa espécie de comunicação
de mão única, de líder para o grupo, seja reunião de oração, classe de Escola
Dominical ou reunião de estudo bíblico.
A
comunhão surge e floresce somente em estruturas que permitem e encorajam a
comunicação. E por a koinonia envolver tanto a dimensão vertical como a
horizontal, esta comunicação também implica em comunhão com Deus; em outras
palavras, a oração faz parte da comunhão.
Uma
terceira implicação para a estrutura envolve o elemento de liberdade. Paulo nos dá o
princípio: “Onde está o Espírito do
Senhor aí há liberdade” (2 Co. 3:17). O Espírito Santo é o libertador. A
liberdade do Espírito e a comunhão do Espírito vão juntas. Onde há koinonia aí
também há liberdade e abertura, um ambiente permite “falar a verdade em amor” (Ef. 4:15). A verdadeira comunhão pode ser
experimentada somente onde há liberdade do Espírito.
A
implicação para estrutura: A igreja deve providenciar estruturas
que são suficientemente informais e íntimas para permitir a liberdade do
Espírito. Deve haver um senso de imprevisão e informalidade quando os crentes
se reúnem, a expectativa emocionante do imprevisível, uma libertação de padrões
e formas pré-estabelecidos. Frequentemente numa reunião informal e vagamente
estruturada encontra-se uma abertura maior para o mover de Deus e desta forma
há maior probabilidade para a experiência da comunhão do Espírito Santo. Certamente,
isto não é para desfazer do uso correto de planeamento, forma e liturgia.
Os
crentes precisam daqueles momentos de culto solene em conjunto onde o Deus
excelso e santo é honrado com dignidade e reverência. Mas no meio desta
dignidade e reverência muitos crentes solitários clamam interiormente por um
toque caloroso e restaurador de koinonia. Os crentes precisam conhecer na
prática que o Deus Altíssimo é também o Deus Pertíssimo (Is. 57:15). Se o culto
tradicional da congregação não for de vez em quando complementado com
oportunidades informais para a koinonia, os crentes facilmente serão levados a
uma espécie de deísmo enquanto a igreja se torna guardiã sagrada de uma forma
impotente de religiosidade.
Por
outro lado, forma e liturgia tomam um novo sentido para os cristãos que estão
vivendo e crescendo em comunhão.
“A
igreja deve promover e manter as condições pelas quais a koinonia possa ser
conhecida. Isto não pode ser feito com a maioria das pessoas simplesmente
através do culto de domingo. O culto formal é indispensável por ser a reunião
semanal da comunidade cristã. Mas só é efetivo com o compartilhar total entre
todas as pessoas da amizade em Cristo que experimentaram durante a semana.”
Finalmente,
a comunhão do Espírito Santo sugere uma situação de aprendizagem. Jesus disse que
quando o Espírito Santo viesse “ele nos
ensinaria todas as cousas, vos faria lembrar tudo que vos tenho dito” (Jo.
14:26). O Espírito Santo testificaria de Cristo e guiaria os crentes a toda
verdade (Jo. 15:26; 16:13). O Espírito Santo veio para ensinar, para revelar a
Palavra.
Por
ser o mesmo Espírito de Deus que falou por meio dos profetas, sustenta e
inspira a Igreja, revela e fala através das Sagradas Escrituras (2 Tm. 3:16; 2
Pe. 1:21), e por serem estas mesmas Escrituras que testificam de Cristo (Jo.
5:39), conclui-se que a comunhão do Espírito Santo está naturalmente
relacionada com o estudo da Bíblia. Na verdade achamos os dois desta forma
interligados na igreja primitiva, que “perseverou
na doutrina dos apóstolos e na comunhão” (At. 2:42).
A implicação
para a estrutura da igreja aqui é: “A estrutura da igreja deve
providenciar estudo bíblico no contexto de comunidade”. Quando os cristãos se
reúnem com o propósito definido de estudar a Bíblica sob a direção do Espírito
Santo, eles experimentam a koinonia que resulta em transformação de vida. Eles
são tocados pelo Espírito e pela Palavra. Descobrem que o caminho para aprender
de Cristo é no contexto de uma comunidade de crentes ensinados pelo Espírito
Santo.
O conceito de
koinonia do Espírito Santo, então, sugere que a igreja deve providenciar
estruturas onde (1) os crentes se reúnem; (2) a intercomunicação é encorajada;
(3) um ambiente informal permite a liberdade do Espírito; (4) e o estudo
bíblico objetivo é central.
A maioria dos
padrões e estruturas das igrejas contemporâneas claramente não cumpre estes
critérios Mas há uma estrutura que os cumpre: grupos pequenos, em uma forma ou
outra. É minha convicção que a koinonia do Espírito Santo é mais facilmente
experimentada quando os cristãos se reúnem informalmente em grupos pequenos
para a comunhão.
O grupo pequeno
pode cumprir os critérios acima. Aproxima os crentes num ponto determinado do
tempo e do espaço. Seu tamanho e intimidade permitem um alto nível de comunhão
e comunicação. Não exige estruturas formais; é possível manter a ordem sem
abafar a informalidade e abertura adequadas para a liberdade do Espírito. E
finalmente, oferece um contexto ideal para estudos bíblicos em profundidade.
A igreja
primitiva experimentou a koinonia do Espírito Santo. Nós também sabemos que os
cristãos primitivos se reuniram em grupos pequenos nos lares. Coincidência? Ou
será que o próprio conceito da koinonia do Espírito não sugere a necessidade de
alguma espécie de comunhão em grupos pequenos como uma estrutura básica dentro da
igreja?
Nenhum relacionamento de amor pode se
desenvolver a menos que haja estruturas nas quais ele possa crescer. A koinonia
do Espírito Santo cresce quando há estruturas para nutri-la. Glória a Deus!
Koinonia é uma palavra de origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou muito comum entre os cristãos, sendo utilizado no sentido de companheirismo, participação, compartilhamento e contribuição com o próximo e com Deus.
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