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quinta-feira, 15 de março de 2012

Do Vale Para o Rio

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” (Sl. 23:4).
Introdução
Suas palavras descortinam diante de nós a cena do vale das sombras da morte. E, antes de seguirmos o salmista até o final de seus versos, nos regozijamos, ao ver que esse vale sombrio se torna numa bela avenida que nos leva para Deus e para a sua eterna mansão.
É sublime a fé e a confiança do poeta Davi em Deus. Sua serenidade é tão clara e plácida como a infinita segurança garantida por Deus. O salmista nos fala de escuridão, de inimigos, de montanhas, de desfiladeiros, de tristeza, de aflições e de deceções. Mas também nos fala de um Pastor que anda com ele, e cujo único propósito é o de achar alimento para as suas ovelhas, e protegê-las de feras e de ladrões. Quão indefesas e desamparadas ficam sem o Pastor! Nenhuma vida pode ir muito longe sem que o Pastor a alimente e proteja. Com ele, elas estão em segurança, de nada necessitam, e não temem nada, nem se sentem desanimadas.
À medida que tentamos descobrir a significação desse capítulo, percebemos que ele tem um cenário de fundo cheio de desassossego, confusão, hostilidade, canseira, pobreza; de dura caminhada, de problemas muito perturbadores, de reais perigos de vales profundos, de inimigos cruéis, bem como de um pensamento constante sobre o que está além, no infinito remanso da presença de Deus.
Como podia alguém, nos dias da Antiga Dispensação, mil anos antes da vinda de Cristo a este mundo, sem as luzes de grande parte do Antigo Testamento e de todo o Novo, e sem os benefícios dos ensinos do Senhor Jesus, chegar a ter uma conceção tão clara e santa dessas coisas que tanto importam ao coração humano?
Tudo quanto diz respeito à vida humana é aqui tratado por esse Pastor. Davi identifica-o como Alguém que trata de modo completo o problema do descanso e da canseira; que resolve, de modo exato, o problema da fome e das necessidades corporais; que, como renomado perito, elimina e expulsa o temor; e que, com a sua presença de Bom Pastor, torna luminosos e esplêndidos os vales da própria morte.
Vemos que o Espírito Santo que falou aos ouvidos e ao coração de Davi é o mesmo que ainda hoje revela ao nosso coração o oculto significado dessa verdade. Ele é o nosso intérprete. Ele toma essas palavras que têm mais de três mil anos, e a todos os corações torna a sua mensagem muito clara, lúcida e inesquecível.
A vida é uma mistura de tristezas e alegrias, vitórias e derrotas, sucessos e fracassos, montanhas e vales. Hoje estaremos meditando em como sair Do vale para o rio. E a boa notícia é que Deus está presente mesmo quando passamos por vales escuros, por nossos dias de escuridão.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem” (Sl. 23:4)
O Senhor é o nosso Protetor e Líder
Quando lemos o versículo 4, temos diante de nossos olhos o quadro que Davi nos pinta do Pastor como guardião e protetor. Temos aqui a porção mais preciosa de salmos 23.
Revela-nos essa passagem a perfeita confiança que caracterizou a carreira e as horas derradeiras de muitos santos de Deus aqui na terra. Encontramos aí duas palavras úteis à nossa vida. A primeira é uma mensagem de paz para todo aquele que anda com o Pastor. Uma mensagem de poder para todos quantos encaram a vida como um caminho inexplorado. O quadro que o salmista nos apresenta é o do pastor andando e avançando, e que tem nas mãos o cajado e o bordão, prontos para qualquer emergência. Confiante e seguramente, com palavras encorajadoras, o pastor conduz as ovelhas pelo vale da sombra da morte. Então ele diz: “Não temerei mal algum, porque tu está comigo”.
Estamos certos de que nesse lindo versículo o salmista não está primariamente fazendo referência ao instante da morte, porque para o cristão esse momento não é o vale escuro. Sim, o instante final para o crente está muito longe de ser um momento atemorizador. Há inúmeras experiências na estrada da vida que são bem mais pungentes e angustiosas do que aquela em que Jesus vem para nos levar para a eterna mansão.
Davi, evidentemente, estava descrevendo o pastor ao conduzir as suas ovelhas, ao levar o seu rebanho dum lugar de alimentação para outro, ou de volta das pastagens para o curral, ao cair da tarde. As sombras já cobriam as estreitas gargantas por onde o pastor as conduzia. Inimigos hostis podiam estar à espreita para arrebatar uma, duas ou mais ovelhas. Feras bravias já as podiam estar rondando, e isso tornava a jornada bem mais perigosa. Os desfiladeiros por onde as ovelhas só poderiam passar uma de cada vez, uma atrás da outra, tangidas pelo pastor, inspiravam medo ao coração de todas.
Davi afirma, que na vida, quando surgissem experiências assim, ele não temeria nunca, porque o seu Pastor estaria sempre presente. Aquele que o conduzira a sossegados lugares de descanso e que o guiara pelas duras labutas de cada dia, e que prazerosamente daria a sua vida para protegê-lo e escudá-lo, estava presente, e, por isso, não temeria coisa alguma.
Quantas refrigerantes recordações banham a nossa alma e elevam o nosso espírito, ao contarmos o número de vezes em que nos vimos necessitados e angustiados, e em que o eterno e Bom Pastor esteve ao nosso lado!
Quando o apóstolo Paulo se viu em aflição, Jesus lhe disse: “A minha graça te basta” (2 Co. 12:9). Isaías assim se expressou: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti” (Is. 26:3). Ouçamos de novo o que afirma o profeta Isaías: “Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador” (Is. 43:1-3). Por certo, nada nesta vida tem tanto valor como esta certeza de termos o divino Pastor como nosso amoroso Pastor, e de que, a cada momento da jornada, seja na estrada larga, seja nos trechos apertados, e mesmo nos sombrios lugares de perigo e angústia, podemos estar certos de que ele está presente! Sim, sempre presente.
Exemplos de Vales
- Josué menciona o Vale da Desgraça: “E puseram em cima dele um montão de pedras... É por isso que... o nome daquele lugar é vale da Desgraça” (Js. 7:26). Pelo pecado de Acã, a porta de esperança transformou-se num vale da desgraça;
- Davi menciona o Vale árido: “o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial” (Sl. 84:6). Quando estamos revestidos pela “Força Divina”, então seremos capazes de transformar tristeza e sofrimentos em alegria e bênçãos. Os lugares por onde passarmos, de áridos e secos, tornar-se-ão cheios de flores e de chuvas abundantes e, vidas serão atingidas e abençoadas por esse Manancial.
- Oseias menciona o Vale da Aflição: “... e transformarei o vale da aflição em uma porta de esperança” (Os. 2:15). Essa é direção que o Espírito Santo faz em nossa vida, mesmo no meio dos problemas, nos faz olhar para cima, para a frente, para um lugar de esperança. Olhamos com fé para o futuro pois sabemos que Deus tem algo melhor para nós!
Jesus é o que garante a transformação de vales de problemas, dor, pecado, vergonha, em memoriais de esperança, Ele é quem nos atrai com cordas de amor eterno para uma direção particular, onde reine o amor, a paz, e a alegria.
No Salmo 23:2, Davi fala do vale da sombra da morte. Em hebraico, essa expressão significa o Vale da Escuridão Profunda.
Verdades Sobre os Vales
Há três factos a respeito dos vales que quero compartilhar:
a) Os vales são inevitáveis - Os vales são inevitáveis na nossa vida espiritual, e mais cedo ou mais tarde, alguns vales aparecerão para nos desafiar. Não dá para fugir, a melhor coisa a fazer é enfrentá-los! Os nossos vales são para que Deus seja glorificado através da nossa vida. Vale também que os vales podem ser: Lugar de Bênção (2 Co. 20:26); Lugar de Restauração (Ez. 37:1-14); Lugar de Exaltação (Is. 40:4); Lugar de Manifestação da Glória de Deus (Ez. 3:23).
É impossível viver sem nos vermos na escuridão e num vale sombrio em algum momento da vida. Alguns vales duram muitos anos, outros semanas, outros, frações de segundo, ou mesmo apenas uma noite, mas é impossível que um ser vivo, passando neste mundo caído, não se defronte em algum momento com o vale de escuridão. Jesus disse que no mundo nós teríamos aflições. Ele não disse que seria possível, mas Ele afirmou categoricamente que as teríamos.
Os vales vão acontecer, conte com isso. Você ou acabou de sair de um vale, ou está passando por um vale, ou está a caminho de um vale. Depois de cada montanha vem um vale. Jesus foi bem realista a esse respeito. Em João 16:33, ele afirmou: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo”. A questão não é se acontecer, mas quando. Experimentamos sofrimento, tristeza, doença. Há tempos de frustração, fracasso, fadiga. “Faz parte” da vida normal.
b) Os vales são imprevisíveis - Eles não estão no nosso planeamento. Não podemos antecipá-los. O vale pode chegar a cada um de nós hoje à noite, ou dentro de poucos minutos, inclusive. O vale chega sem avisar, como disse Jeremias, o profeta, “ele chega de súbito”.
Não é possível planeá-los, agendá-los, demarcá-los. Os vales vêm justamente nas horas mais inesperadas. Alguma vez um pneu do seu carro furou na hora apropriada? Simplesmente acontece. E, geralmente, quando menos se espera, nas horas mais inconvenientes.
Os vales chegam de repente. Eles são imprevisíveis. Você já percebeu como um dia bonito, pode tornar-se num dia terrível? Um telefonema, uma carta, um diagnóstico médico, um acidente..... “Uma desgraça vem atrás da outra... De repente, as nossas barracas são destruídas, e as suas cortinas são rasgadas em pedaços” (Jr. 4:20)
c) Os vales são imparciais - Vales são lugares pelos quais todos nós passamos: brancos e negros, pobres e ricos, velhos e crianças, portugueses e japoneses, e assim por diante. Por esta razão, quando passar pelo vale, não precisa de se culpar, achando que é um ser humano pior do que os outros que não estão atravessando o vale, ou duvidar do amor de Deus por si, como se o amasse menos do que aos outros que não estão atravessando o vale. Vales são imparciais, como diz a palavra de Deus, “o sol vem sobre justos e injustos”, mas também a noite escura vem sobre todos. Mas a boa notícia é que os vales são temporários. Eles não duram para sempre. Alguém disse que “não há bem que sempre dure, e não há mal que nunca acabe”. Os vales têm um período de duração definido, mesmo porque a vida não é um vale. Nós passamos pelo vale, mas a vida não é um vale. E a razão pela qual o vale é tão identificado é que ele é uma exceção à vida.
Quando começamos a tratar a vida como um vale, fazemos com que todo o nosso corpo seja tenebroso. Talvez seja isso o que Jesus tenha dito no Sermão do Monte, dizendo que os nossos olhos precisam ser iluminados, para que possamos enxergar o mundo como de facto ele é, e a vida como de facto ela é. Porque se enxergarmos apenas as dimensões escuras e sombrias, a vida se torna insuportável e nós desfalecemos
Ninguém está imune contra vales. Ninguém tem isenção de dor e sofrimento. Ninguém recebe ‘passe-livre’ de problemas. Todo o mundo tem problemas – pessoas boas e não tão boas. Vales não são uma indicação de que você é necessariamente uma pessoa má. Significa que é uma pessoa. A Bíblia deixa claro que coisas boas acontecem às pessoas más e, outras vezes, coisas más acontecem às pessoas boas.
Em Mateus 5.45 Jesus declarou: “Ele faz o sol brilhar sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal”.
Quando passamos por uma situação difícil – um vale – a primeira reação é sempre “Por quê eu?” Você acha que deveria ficar isento dos problemas? Que deveria ser a única pessoa sem nunca ter uma tragédia, prejuízo, perda de um ente querido? Ao invés de dizer “Por quê eu?” reconheça que os vales vão acontecer, porque você é um ser humano. Lembre-se de que este mundo não é o céu ainda. As coisas não são perfeitas, há problemas e dificuldades. Os vales vão acontecer – às pessoas boas, cristãs.
Os cristãos passam por vales assim como qualquer outra pessoa. Ficam dececionados, ficam doentes, sofrem tragédias, perdem pessoas queridas, tem dificuldades financeiras e etc. O povo de Deus tem problemas familiares, passa por vales assim como as demais pessoas. Mas existe uma diferença... e é uma grande diferença.
A diferença para o cristão não é a ausência do vale, mas a presença do Pastor. Deus está connosco. “como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei” (Js. 1:5)
lembrem-se disto: Eu estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt. 28:20). Ele garante a cada humilde discipulo que jamais haverá um dia em que o Senhor não esteja perto, embora ele possa até ser tempestuoso.
De Onde Procedem os Vales?
Os vales podem vir de três fontes:
a) Do diabo – O inimigo de Cristo deseja ferir o Pastor, ferindo o seu rebanho, por isso, ele tem prazer em ver as pessoas no vale. Para isso ele arma ciladas...
Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o vosso inimigo, anda ao redor como um leão que ruge, procurando a quem possa devorar” (I Pe. 5:8). A fome do leão que busca a sua presa é um símbolo do insaciável desejo de nossos inimigos espirituais que querem nossa destruição.
b) Do próprio homem – Deus não tem sofrimento, tristeza, angústia, depressão e solidão para nós! Pelo contrário, Deus tem uma vida maravilhosa cheia de paz. Vamos para o fundo dos vales muitas vezes, porque tiramos os olhos de Deus e olhamos para as circunstâncias, tomando decisões equivocadas sem consultarmos a Deus e sem estarmos em sua dependência, achando que somos os donos do nosso próprio destino. “Consulta a Deus, para saber se prosperará o caminho que levamos” (Jz. 18:5).
c) De Deus – Embora Deus não tenha prazer em nos fazer passar por vales, isso acontece quando Ele tem um propósito em mente. Os melhores diamantes levam tempo para serem lapidados e polidos. Portanto não importa qual o vale – Ele tem um bom motivo. “… ainda que, por um pouco de tempo, sejam entristecidos por todo tipo de provação” (1 Pe. 1:6). Mas depois de tudo, comparada com a eternidade diante de nós a provação é apenas efémera e necessária para todos.
E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento” (2 Co. 4:17).
Qual é o Propósito de Deus para esses Vales?
a) Todo vale serve para um propósito - Os vales não são sem propósito em nossa vida, e se Deus permite é porque Ele tem um propósito. Ele quer trabalhar a nossa vida espiritual, os vales produzem paciência. Não é fácil reconhecer que os vales podem trabalhar nossas vidas, mas com certeza é isso que Deus trabalha em nós.
Mesmo aqueles bem pequenos, inconsequentes; aquelas coisas que parecem meras irritações, elas servem para algum propósito. Ele deseja nos transformar e amadurecer.
Cada vale faz com que cheguemos mais perto do propósito final: o Reino de Deus. Muitas vezes Deus não nos fala diretamente, mas nos conduz através dos vales.
Portanto se estiver passando por vales na sua vida, lembre-se de alguns alertas da palavra de Deus: toda a tribulação é passageira e produz um peso eterno de glória.
b) A fé se desenvolve nos vales da vida - Deus nos dá promessas. Precisamos crer em Deus e em sua palavra. O Senhor deu sonhos a José e ele tinha fé suficiente. Porém, precisava também de paciência, pois a realização do propósito divino iria demorar. Deus está mais interessado no nosso caráter do que no nosso conforto ou conveniência. Ele está interessado na nossa integridade. Às vezes para desenvolver essas qualidades em nós, Ele precisa de nos enviar para os vales.
Deus quer nos tornar semelhantes a Jesus Cristo. Será que Jesus ficou isento de sofrimentos? De forma alguma. Por que deveríamos nós ter isenção? Será que Jesus foi tentado? Sim. Será que Jesus foi mal entendido e criticado injustamente? Sim. Será que isso também acontecerá connosco? Não resta a menor dúvida. Por que deveria ser diferente connosco?
Deus não quer causar-nos mal. Agora, será que Deus pode usar os vales para o nosso bem? É claro que sim. Ele pode usar até mesmo o mal que outras pessoas intentaram contra nós. Deus usa os vales da vida para nos fazer crescer.
O Que Fazer Durante a Passagem pelo Vale Escuro?
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem” (Sl. 23:4)
a) Recusar o desânimo - Davi diz “que eu ande” e não “que eu corra” ou “que eu entre em pânico e pare” ou “fuja.” Andar significa dar passos firmes e conscientes, através do vale. Davi estava dizendo “Eu vou enfrentar” os vales que surgirem em minha vida.
O desânimo incapacita a nossa vida espiritual. O desânimo nem sempre é pecaminoso, mas leva ao pecado frequentemente. Ele é a ferramenta utilizada pelas forças espirituais do mal para que abandonemos a luta por uma melhor qualidade de vida. O desânimo torna a pessoa apática, conformada. Portanto recuse-se a ficar desanimado e enfrente a vida como crente dotado de coragem e confiança. Nesses momentos precisamos de voltarmo-nos para o Senhor e permitir que ele nos ajude a superar a depressão, para que não nos enfraqueçamos e nos afastemos dele. Não é possível rodear o vale. Não é possível passar por debaixo ou por cima do vale. Só podemos passar pelo vale.
b) Recusar o medo - A Bíblia tem muito a dizer sobre o medo. Na verdade, ela menciona dois tipos de medo. O primeiro tipo é benéfico e deve ser encorajado. O segundo tipo é um detrimento e não só deve ser desencorajado, como também superado. O primeiro tipo de medo é o temor de Deus. Esse tipo de medo não é necessariamente um medo que significa ter medo de algo. Ao invés disso, é um temor respeitoso de Deus; uma reverência pelo Seu poder e glória. Esse tipo de medo também é um respeito adequado à Sua ira. Em outras palavras, é um reconhecimento total de tudo o que Deus é através de um conhecimento mais profundo dEle e dos Seus atributos.
O temor de Deus traz consigo muitas bênçãos e benefícios. Salmo 111:10 diz: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; têm bom entendimento todos os que cumprem os seus preceitos; o seu louvor subsiste para sempre”. Provérbios 1:7 diz: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; mas os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução”. Portanto, podemos ver como tanto a sabedoria quanto o conhecimento começam com o temor a Deus.
Além disso, Provérbios 19:23 diz: “O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e mal nenhum o visitará”. Novamente em Provérbios 14:27: “O temor do Senhor é uma fonte de vida, para o homem se desviar dos laços da morte”. Provérbios 14:26 afirma: “No temor do Senhor há firme confiança; e os seus filhos terão um lugar de refúgio”. Nesses versículos podemos ver que o temor de Deus fornece vida, segurança aos filhos, proteção do maligno, confiança e satisfação.
Desses versículos podemos ver como o temor de Deus deve ser encorajado. O temor de Deus é a base para andarmos em Seus caminhos, e para servirmos e amarmos a Ele. No entanto, o segundo tipo de medo mencionado na Bíblia não é bom e deve ser desencorajado e superado.
Os crentes não devem ter medo de Deus. Não há nenhuma razão para que tenhamos medo dEle. Temos a Sua promessa de que nada pode nos separar do amor de Deus (Rm. 8:38-39). Temos a Sua promessa de que Ele nunca nos vai deixar ou nos abandonar (Hb. 13:5). Temer a Deus significa ter uma reverência por Ele tão grande, que vai certamente influenciar como vivemos nossas vidas. Temer a Deus é respeitá-lO, submeter-se a Ele e louvá-lO com admiração.
Davi diz: “não temerei...”.
Como Poderei Andar, Sem Medo?
a) Focalizando-se no poder de Deus e não no problema - “Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Tm. 1:7). No entanto, às vezes estamos com medo, às vezes esse “espírito de medo” vem sobre nós, e para ter vitória sobre esse sentimento, precisamos confiar e amar a Deus completamente. É isso que é necessário. João 4:18 nos diz: “No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor”. No entanto, ninguém é perfeito, e Deus sabe disso. Por isso Ele espalhou encorajamento contra o medo por toda a Bíblia. Começando com o livro de Génesis e continuando até o livro de Apocalipse, Deus nos diz para não temer.
Por exemplo, Isaías 41:10 nos encoraja: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça”. Novamente em Daniel 10:12, o anjo do Senhor encoraja a Daniel: “Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim”. Jesus disse no Novo Testamento: “Não temais, pois, mais valeis vós do que muitos passarinhos” (Mt. 10:31). Esses versículos se referem a muitos tipos diferentes de medo. Deus nos diz para não ter medo de ficarmos sozinhos, de sermos muito fracos, de ninguém nos escutar, e para não temer por nossas necessidades físicas. Essas admoestações estão presentes por toda a Bíblia e se referem aos vários aspetos do “espírito de medo”.
No entanto, esses “não temais” dependem da nossa habilidade de colocar nossa confiança e fé no Senhor. No Salmo 56:11, o salmista escreve: “em Deus ponho a minha confiança, e não terei medo; que me pode fazer o homem”? Esse é um testemunho maravilhoso do poder da confiança em Deus. O que o salmista está dizendo é que independentemente do que acontecer, ele vai continuar confiando em Deus. O segredo para superar o medo, então, é andar sem medo, com confiança total e completa em Deus.
Confiar em Deus é uma recusa de se entregar ao medo. É voltar-se para Deus mesmo nos tempos de escuridão e confiar que Ele vai consertar as coisas. Essa confiança vem de conhecer a Deus e saber que Ele é um Deus bom que quer apenas dar aos Seus filhos coisas boas. Assim como Jó disse quando estava passando por alguns dos testes mais difíceis registados na Bíblia: “Eis que ele me matará; não tenho esperança; contudo defenderei os meus caminhos diante dele” (Jó 13:15).
Quando tivermos aprendido a confiar em Deus, não mais teremos medo das coisas que temos que enfrentar. Seremos como o salmista: “Mas alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto tu os defendes; sim, gloriem-se em ti os que amam o teu nome” (Sl. 5:11).
O que faz a diferença é o seu foco de pensamento. É preciso que se focalize não nas circunstâncias, mas em Cristo. Não na situação, mas no Salvador. Não no problema, mas no poder de Deus.
A energia humana se esgota. A resistência humana tem limite. Para os vales da vida, precisamos de uma fonte maior que nós mesmos. Se você pensa que vai sobreviver a todos os vales da vida com base nos seus esforços próprios, pode esquecer! Nós precisamos de uma fonte de poder maior do que nós mesmos.
O Senhor está perto dos que tem o coração quebrantado e salva os de espírito abatido” (Sl. 34:18).
Conheço os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro” (Jr. 29:11).
b) Relembrando-se da Companhia de Deus - Deus jamais prometeu que não teríamos dificuldades, provações e situações difíceis para solucionar em nossa caminhada. Ele jamais disse que a estrada não teria pedras ou espinhos. Mas Ele não somente promete nos capacitar, quando estivermos no vale, como também promete estar connosco a cada passo, em cada provação, em cada momento nos concedendo vida, libertação e forças renovadas. A Bíblia garante que quem está em Cristo é nova criatura, as coisas velhas já passaram e eis que tudo se fez novo (2 Co. 5:17). Quando Deus está no nosso meio, isto é, em nosso coração, passamos a ver todas as coisas dentro da ótica divina, e não na ótica humana
Quando atravessares as águas profundas de grande perturbação, eu estarei consigo. Quando atravessar os rios de dificuldades, eles não te encobrirão…” (Is. 43:2)
Deus além de prometer estar connosco a cada passo durante o vale, também nos diz que não há nada a temer, quando Jesus está por perto. Deus não está sentado no céu, olhando aqui para baixo e dizendo: “Espero que eles consigam vencer!” Ele está connosco nos vales, andando ao nosso lado, segurando a nossa mão, nos conduzindo.
É interessante observar, que a partir do verso 4, do Salmo 23, há uma mudança estratégica de linguagem. Até então, todos os pronomes pessoais estão na terceira pessoa do singular – (ler). Davi estava falando a respeito de Deus. Mas quando chega ao vale, ele muda para a 2ª pessoa. (ler). Agora ele não está mais falando a respeito de Deus, mas, sim, com Deus. “Tu estás comigo; (repetir). São os vales da vida que nos colocam face a face com Deus. De repente, o que é superficial se torna íntimo. Quando estamos passando por um vale, não devemos querer falar sobre Deus, mas devemos sim querer falar com Deus. Qualquer pessoa que é madura na vida cristã pode confirmar que é durante os vales que ficamos mais próximos de Deus. É quando nos sentimos desgastados, perplexos, desesperados e conversamos diretamente com Deus, que Ele se torna real; e diz: “Eu estou convosco. Não estais nessa sozinhos” É bom estar no topo da montanha, mas é nos vales que encontramos Deus face a face.
c) Confiando na proteção de Deus - Há muitas pessoas confiando na proteção oferecia pelos meios de segurança sem se lembrarem de Deus e da sua Palavra. É preciso quebrar os óculos escuros que nos apresentam a paisagem física como exílio amargurado. Não pense em possibilidades de fracasso; mentalize-se, sim, nas probabilidades de êxito.
Temos de confiar na proteção infalível de Deus o tempo todo, como Davi, pedindo sabedoria para reagir da maneira mais adequada. E uma das bênçãos que Deus disponibiliza para seus filhos é a sua perfeita e poderosa proteção.
Aquele que coloca a confiança na proteção Deus não vive desesperado, aflito, nem se deixa envolver por nenhuma obra do diabo. Uma das maiores tentações que o maligno usa, na qual ele sempre é bem-sucedido, é a de fazer o cristão sentir-se fraco e, com isso, ele acha que não tem condições de enfrentar as adversidades. Ora, o Senhor já mandou um recado para quem se sente fragilizado: declarar-se forte (2 Co. 12:10). Quando a pessoa age segundo a orientação divina, o poder do Altíssimo age em seu favor.
Davi ora: “Ensiana-me o teu caminho, Senhor; conduz-me por uma vereda segura” (Sl. 27:11). Podemos confiar que Deus nos dará sabedoria e proteção. Agindo assim, abrimos nossas vidas para receber a bênção por intermédio das pessoas e circunstâncias por Ele escolhidas.
Davi declara: “a tua vara e o teu cajado me protegem”. Vara e cajado eram as duas ferramentas básicas que um pastor usava para proteger e guiar as ovelhas. Uma vara tinha perto de 1 metro de comprimento, com uma saliência acentuada em uma das extremidades. Pastores, em geral, tinham grande habilidade para arremessar a vara com precisão para contra-atacar qualquer ameaça. Com isso Deus está nos dizendo: “Quando você passar pelo vale, Eu vos defenderei. Eu vos protegerei.” A vara de Deus nos dará proteção. Ele não está assentado no céu, apático e indiferente. O Bom Pastor luta por nós. Ele é o nosso defensor e protetor. Isto é o que a vara representa.
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra” (Sl. 34:19).
O Teu cajado me consola” O cajado era um bastão, arredondado, longo, com um tipo de argola semiaberta na extremidade. O pastor usa o cajado para guiar e confortar. Ele usa o cajado para trazer a ovelha para perto de si; para levantar uma ovelha que cai ou que se afasta.
Conclusão
Jesus O Sumo Pastor se preocupa com as ovelhas desviadas. No Evangelho de Lucas, Ele conta uma parábola para ilustrar a sua preocupação com as ovelhas desviadas.
Se algum de vós tem cem ovelhas e perde uma, por acaso não vai procurá-la? Quando a encontra, fica muito contente e volta com ela nos ombros. Chegando à sua casa, chama os amigos e vizinhos e diz: Alegrem-se comigo porque achei a minha ovelha perdida” Lc. 15:4-6).
Finalmente, os vales estão cheios de propósitos, ou, como prefiro, os vales estão cheios de possibilidades. Alguém disse que a diferença entre o pessimista e o otimista é que “o pessimista, em cada oportunidade, vê um problema, e o otimista, em cada problema, vê uma oportunidade”. Esta deve ser a postura do cristão: ver, em cada vale, um sem-número de possibilidades e oportunidades na presença de Deus. Como diz o ditado, “por detrás de um monte de dificuldades existe um mundo de oportunidades, ou uma úlcera: depende da maneira como olhamos para o monte de dificuldades.

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