Muitas vezes, enquanto aprendemos a seguir o caminho do Senhor, sofremos pequenas quedas, algumas desilusões, instantes de frustração, mas, em todos esses momentos, sabemos que nos levantaremos, que retornaremos ao nosso percurso e ultrapassaremos a linha de chegada de nossas bênçãos.
Quando entregamos a vida ao Senhor, podemos participar de qualquer prova neste mundo, por mais difícil que seja. A Sua mão nos guiará sempre, Sua proteção será total e, ao final, receberemos o troféu de “mais do que vencedor”.
Sim, se Deus vê nossos corações, assim como nossas mãos, e em todos os lugares; se ele entende nossos pensamentos, muito antes que eles se revistam de palavras, quão sinceramente deveremos urgir aquela petição: “Sonda-me, ó Senhor, e me prova; testa minhas afeições e meu coração: observa bem, se existe alguma maldade em mim, e me conduz no caminho eterno!”. Sim, quão necessário é operar junto a ele, o “manter nossos corações com toda a diligência”, até que ele “subjugue as imaginações”, as conjecturas diabólicas, “e tudo o que exalta a si mesmo contra o conhecimento de Deus, e traga cativo todo pensamento para a obediência a Cristo!”.
Uma passagem bíblica que retrata e exemplifica de forma maravilhosa como acontece a direção de Deus em nossa vida está no Salmo 32.8, onde o Senhor diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Sl. 32:8).
O Senhor promete aos Seus que vai conduzi-los dirigindo a eles os Seus olhos. Meditando a respeito, lembrei-me do relacionamento cheio de amor entre um pai e o filho que ele vê diante de si. O pai conduz a criança pela mão, enquanto seus olhos vigiam continuamente o filho.
Quando um jovem questionou o Senhor Jesus sobre a vida eterna (Mc. 10:17) e confirmou que desde criança cumpria todos os mandamentos (v. 20), lemos: “E Jesus, fitando-o, o amou...” (v. 21). Por que Jesus olhou para ele? Para guiá-lo; para tomá-lo pela mão para que reconhecesse o caminho certo para a sua vida. O jovem rico recebeu a oportunidade de ser guiado pelo próprio Jesus. Os olhos do Senhor já pousavam cheios de amor sobre ele – mas o homem não atendeu ao apelo. Que tragédia! É uma prova ilimitada do Seu amor que os Seus olhos repousem sobre nós, para que Ele nos aconselhe e guie desse modo.
Se tomarmos consciência de quão maravilhosos são os olhos que repousam sobre nós, então só podemos adorar, dizendo: que grande Senhor é o nosso! Pois a Bíblia descreve dessa forma os Seus olhos, com os quais Ele quer nos guiar: “A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo” (Ap. 1:14).
Isso significa que os Seus olhos atravessam a mais profunda escuridão. Nada Lhe está oculto. Quando nós já perdemos qualquer perspectiva há muito tempo, Ele ainda enxerga. O que é totalmente incompreensível para nós, está completamente revelado diante dEle. O salmista tinha plena consciência desse facto quando orou:
“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl. 139:7-10).
Sim, o Senhor quer que Seus filhos também experimentem dessa forma a Sua direção: Ele os guia à medida que Seus olhos estão sobre eles dia e noite, em todas as circunstâncias de suas vidas, onde quer que estejam. Tenham a certeza absoluta e saibam de modo seguro: além do muro que esconde o futuro, espera-os a mão misericordiosa e omnipotente, mão que até agora tem removido de nosso caminho milhares de obstáculos intransponíveis; mão que nos socorreu no momento oportuno, conduzindo-nos à margem, quando já parecia terem-nos tragado as ondas; mão que sempre nos guiou com amor apenas semelhante à paciência e constância divinas. E onde quer que Ele tenha essa oportunidade de guiar, conduzir e aconselhar uma pessoa, ali uma luz brilhará mesmo na mais profunda escuridão. Por isso, não desanime, o que quer que tenha de enfrentar, ou qualquer que seja a sua situação: o Senhor Jesus, que o conduz com Seus olhos, sempre vê uma saída!
Tudo isso nos revela que Deus está ao nosso alcance, olhando para cada um de nós, querendo se aproximar e caminhar connosco.
Uma pessoa sobre cuja vida Deus mantém os olhos abertos, que permite que Deus a guie dessa forma, é espiritual. Em outras palavras: a atuação do Espírito Santo é o alicerce da vida dela. O Espírito Santo é também o motor que a impulsiona a fazer as coisas corretas e a escolher o caminho certo. Vamos olhar para o texto de Romanos 8.26, que fala sobre nossa incapacidade na oração e então aborda a ajuda que o Espírito Santo dá: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. Romanos 8.26
Afinal, por que o Espírito Santo intercede por nós, para que saibamos orar da forma certa? Qual é a Sua motivação? Será que Ele foi encarregado por alguém a fazer isso? Sim, exatamente: o Espírito Santo nos representa na oração da forma como o Pai deseja. É o que vemos no versículo seguinte: “E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele [o Espírito Santo] intercede pelos santos” (v. 27).
Deus, o Pai, quer que oremos de determinada forma. Ele quer nos aconselhar, mantendo Seus olhos dirigidos para nós, e deseja nos guiar conforme a Sua vontade. Então, o Espírito Santo produz essa vontade de Deus em nós.
O mesmo acontece, por exemplo, com o facto de que o Espírito Santo deseja nos guiar em toda a verdade, como diz Jesus. Por que é que o Espírito Santo quer e faz isso? Porque o próprio Senhor o deseja, porque Seus olhos estão sobre nós e porque Ele deseja nos conduzir em toda a verdade. O Senhor Jesus diz a esse respeito: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade”. Por que o Espírito Santo faz isso? A resposta é: “porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido... porque há-de receber do que é meu e vo-lo há-de anunciar” (Jo. 16:13-14).
Quando o Espírito Santo deseja guiar-nos “em toda a verdade” isso está relacionado com aquilo que o Senhor Jesus quer de nossa vida: “...porque há-de receber do que é meu e vo-lo há-de anunciar”.
São os olhos do Senhor, que descansam incansavelmente sobre nós, que nos guiam e conduzem. Mas é o Espírito Santo que – como um tradutor – nos explica e esclarece a vontade de Deus.
Naturalmente ainda fica a seguinte questão: como é que o Espírito Santo produz tudo isso em nós? Como é que acontece esse processo, pelo qual o Espírito Santo nos representa na oração “com gemidos inexprimíveis”? Como é que Ele nos revela os motivos pelos quais devemos orar? Bem, Ele não chama um anjo do céu para nos entregar uma lista de motivos. Mas como é que isso tudo funciona de verdade? Não de forma milagrosa ou espetacular, como muitos crentes certamente já desejaram. Não, o Espírito Santo simplesmente coloca o motivo em nosso coração. Ou, em outras palavras: desperta em nós o pensamento de orar por este ou aquele motivo.
Da mesma forma acontece com a principal incumbência do Espírito Santo, isto é, a glorificação de Jesus em nós e por meio de nós. Jesus diz: “Ele [o Espírito Santo] me glorificará” (Jo. 16:14). Isso significa que Ele não fala por meio de uma experiência espetacular e extraordinária. Não, o Espírito Santo faz Jesus crescer em nós. Ele nos impulsiona a pensar nEle. Ele desperta em nós o desejo de ter comunhão com Jesus e a Sua palavra. Ou Ele produz em nós um impulso interior de, por exemplo, fazer uma declaração de amor ao nosso Senhor, como Davi fazia: “Eu te amo, ó Senhor, força minha” (Sl. 18:1). Davi não orou dessa forma porque teve alguma revelação especial, mas porque sentia isso em seu coração. Ele simplesmente ficou com vontade de louvar ao Senhor dessa forma. O mesmo acontece com aqueles que se tornaram propriedade de Jesus. De uma hora para a outra nosso coração nos mostra o que devemos fazer ou não fazer.
Os olhos do Senhor voltados para nós e a atuação do Espírito Santo em nós às vezes produzem o desejo de fazer algo ou deixar de fazer outra coisa. Em outras palavras: temos a forte sensação ou até mesmo a certeza de que este caminho é o certo, e o outro, errado.
Os olhos do Senhor voltados para nós e a atuação do Espírito Santo em nós às vezes produzem o desejo de fazer algo ou deixar de fazer outra coisa. Em outras palavras: temos a forte sensação ou até mesmo a certeza de que este caminho é o certo, e o outro, errado.
Mas os olhos do Senhor não repousam sobre todas as pessoas, sem exceção. Da mesma forma, nem todas as pessoas experimentam a atuação do Espírito Santo que descrevemos acima. Há uma condição, que é a seguinte: “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Cr. 16:9).
Portanto, Deus quer nos ensinar e mostrar o caminho no qual devemos andar; Ele quer nos aconselhar, Ele quer dirigir Seus olhos para nós (Sl. 32:8) – mas só quando nós também o queremos, quando nosso “coração é totalmente dele”. Somente os filhos de Deus consagrados vivem essa direção especial de Deus; só eles experimentam isto: os olhos de Deus sobre eles, a atuação do Espírito Santo dentro deles!
Por isso, certifique-se de que a cada novo dia todos os obstáculos entre si e o Senhor sejam removidos; só assim experimentará essa extraordinária direção do Senhor! Faça isso, e experimentará a direção especial de Deus conforme descrita em Isaías 30:21: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele”.
Sim tu me conduzirás, ó Deus, não importa qual deva ser o meu caminho, plano ou agreste, fácil ou semeado de espinhos; tu me guiarás à meta distante, tu me conduzirás com teu conselho, e depois me receberás na glória.
Pr. Manuel Rodrigues
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