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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Importância de Viver na Presença de Deus


Introdução
O ritmo do mundo de hoje, as exigências dos afazeres diários, as preocupações quotidianas, em muitas ocasiões “devoram” os homens e mulheres de nosso tempo exteriormente e os afastam de seu interior, mas para quem descobre o Senhor Jesus em sua vida e decide segui-lO com coerência e se esforça por iniciar um caminho intenso, viver e manter-se sempre na Sua presença é o mais importante para a sua vida como cristão, o próprio Senhor Jesus Cristo afirmou que sem Ele “nada podemos fazer” (Jo. 15:5). Mas para isso, é preciso cultivar com muito cuidado o exercício dessa santa presença... A prioridade de nossas vidas deve ser a de estar constantemente na Sua presença em qualquer lugar, em qualquer hora. Desfrutar da presença do Senhor é um privilégio para poucos, digo poucos porque vários crentes não conseguem desfrutar desta maravilha, pois se ocupam com inúmeras coisas e não tem tempo para Ele. É preciso um compromisso com o Senhor.
Para quem descobriu aquela pérola valiosa, pela qual vale a pena vender todo o resto, a vida se abre com um horizonte de infinito, onde tudo ganha luz e sentido perante o convite a seguir o Senhor e dar testemunho de que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Esse seguimento, sabemos bem, não é só um esforço por melhorar alguns detalhes de nossa vida, mudar tal ou qual defeito, ou nos esforçarmos por viver uma ou outra virtude, mas sim viver a Sua presença. O caminho do cristão é um caminho de desdobramento integral, um caminho que nos leva a colaborar com a graça que Deus derrama com abundância para que todo o nosso ser alcance “a estatura da maturidade de Cristo”.
Tenhamos, pois o nosso espírito, na medida do possível, sempre atento e nosso coração sempre unido ao Senhor. Consideremo-nos dentro da essência divina, penetrados e rodeados dentro e fora e inundados por todas as partes por este Ser imenso, como uma esponja dentro do mar que se ensopa de água viva, como um vaso de cristal que se converte plenamente num facho de luz, ao ser exposto aos raios de sol, ou como uma barra de ferro no meio de um fogo que começa a transformar-se até se tornar flexível para ser forjado.
Contemplemos a Deus dentro do nosso coração como em seu templo... Quando vivemos profundamente penetrados pela presença d’Ele que é Amor: a água viva da graça poderá ensopar-nos, o fogo do “Outro Sol” poderá se propagar em nós e através de nós, de modo que todo o nosso ser poderá ser transformado. Se formos conscientes disso, em primeiro lugar, e em seguida vivermos continuamente nessa presença, toda a nossa vida se transformará. Assim como não se pode viver sem respirar, também tampouco o cristão pode viver à deriva, sem a presença do Senhor.
Moisés, por saber da importância da presença de Deus para triunfar sobre os obstáculos que iria enfrentar, disse que não sairia do lugar se Ele não fosse com ele e o povo. “Então, disse-lhe: Se tua presença não for connosco, não nos faça subir daqui” (Ex. 33:15).
Muitos afirmam servir ao Senhor, segui-lo e declaram seu amor por Cristo, mas falta-lhes o mais importante, a presença do grande Deus.
Só pelo facto de se estar a pensar em Deus não se está a viver na Sua presença na forma em que sabemos que devemos, como cristãos. Deus deve também, e principalmente, estar em nossas vontades. Temos como exemplo a fórmula do próprio Cristo para cultivar essa presença de Deus. Na Última Ceia, entre outras coisas, Ele disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, ou seja: fará a minha vontade, e meu Pai o amará, e nós viremos para ele e faremos nele morada”. O “se” depende sempre de nós, é claro, com a graça de Deus, o “e”, neste caso, é com Deus. Nós cuidamos do “se” e Ele vai cuidar do “e”. Se fizermos isso, Ele fará a Sua parte. Nós damos-Lhe as nossas vontades e Ele nos dá a intimidade de sua presença como único Deus, fazendo de nossos corpos a sua casa.
Na passagem do discurso de Cristo na Última Ceia temos o método ideal para viver na presença de Deus com as nossas vontades, e com a garantia assegurada da Sua morada em nossos corações. Isso significa simplesmente e inequivocamente que, na medida do possível, devemos sempre dizer “sim” à vontade de Deus em nossas vidas, ainda que seja muito difícil de colocar em prática!
A presença de Deus significa comunhão, segurança e descanso (1 Jo. 1:3; Mt. 11:28-30). Quando estamos debaixo da presença de Deus estamos seguros segundo o Salmo 91...
A presença de Deus muda vidas, a Sua presença é o melhor lugar para resolvermos os nossos problemas, foi assim na vida de Saul quando teve o seu primeiro encontro com Deus (1 Sm. 10:5-9). Conhecemos o final deste rei que desobedeceu às ordens de Deus, mas no limiar de sua carreira teve uma maravilhosa experiência desfrutando da presença de Deus.
A presença de Deus é sinónimo de bênção para aqueles que a têm em suas vidas e lares, temos um grande exemplo na família de Obede-Edom (1 Cr. 13:14).
Não podemos nos esquecer de que fomos chamados para desfrutar desta maravilhosa presença, pois somos o templo de Deus, morada do Espírito Santo. Não troque a presença de Deus por nada, não existe nada neste mundo que seja mais valioso do que a presença do Deus altíssimo.
A vida na presença de Deus traz-nos o essencial que nos fará viver verdadeiramente com alegria. Para confirmar isso, citamos Paulo: “Pois Nele (Deus) vivemos, nos movimentamos e existimos” (At. 17:28). Dito de outra maneira, Nele temos tudo. O Céu é viver na presença de Deus. A obediência a Deus nos permite conhecer e desfrutar da verdadeira felicidade.
I.  Como viver na presença de Deus (I Rs. 17:1-6)
O coração de nossa vida como cristão está contido nas palavras de Deus a Abraão: “Anda na minha presença, e sê perfeito (Gn. 17:1). A presença de Deus acalma o espírito, dá-nos um sono tranquilo e acalma a mente. Mas precisamos de nos entregarmos completamente a Deus. Porque só andando em perfeição perante a face do Senhor é que poderemos ser renovados em Sua presença e adorá-lo nas profundezas do nosso coração e ser considerados justos aos Seus olhos e alcançar o prémio, a vida eterna. O reino de Deus está dentro de nós e nada pode perturbá-lo.
Para nos mantermos sempre na presença de Deus, é preciso cultivar com muito cuidado o exercício dessa santa presença..., agitando de vez em quando o nosso mais profundo desejo de sermos totalmente dedicados a Deus. Não devemos de nos envolver com as coisas que sabemos que nos distraem tanto exteriormente e interiormente da presença de Deus. Uma vez distraídos de Deus é difícil voltarmos a Ele. Deus não habita no meio do caos e da desordem. Tenhamos pois o nosso espírito, na medida do possível, sempre atento e o nosso coração sempre unido a Deus, com um amor totalmente sem distrações, consagrando os nossos sentimentos a Deus completamente. Consideremo-nos dentro da essência divina, penetrados e rodeados dentro e fora e inundados por todas as partes por este Ser imenso, como uma esponja dentro do mar, como um vaso de cristal exposto aos raios do sol ou como uma barra de ferro no meio de um forno. Ou, então, contemplemos a Deus dentro do nosso coração como em seu templo...
O profeta Elias, um dos maiores profetas mencionadas na Bíblia, um homem simples, de origem extremamente humilde, realizou um dos maiores ministérios proféticos, organizou a primeira Escola de profetas, fazendo discípulos e ensinando a todos a viverem na presença de Deus, pois era assim que ele vivia, ele estava sempre na presença de Deus. Ele não se agarrava ao que era dito e feito ao seu redor, mas procurava descobrir o que Deus esperava de si em qualquer situação e cumprir rigorosamente isso. Isso o ajudou a manter o seu espírito interior, como livre e pacífico. Livremo-nos de tudo o que o impede de estarmos facilmente na presença de Deus.
No Novo Testamento, observamos Elias sendo citado constantemente e chega, inclusive, a aparecer ao lado de Jesus na experiência do “Monte da Transfiguração”, provando que a sua vida permanece na presença de Deus!
Levante o seu coração para Deus. Ele o vai purificar, iluminar e direcioná-lo. David disse: “Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim” (Sl. 16:08). Repita as suas belas palavras: “A quem tenho eu no céu senão a ti E não há ninguém na terra que eu deseje além de ti” (Sl. 73:25)?
Estejamos profundamente penetrados pela presença de Deus, a qualquer hora do dia e da noite. Não espere pelo momento em que pode fechar a porta sem interrupção, nem pelo momento em que julga que após estar muito tempo em oração interior é suficiente para levá-lo à presença de Deus. Volte-se para Deus, simplesmente, confiadamente e com familiaridade. Na Sua presença podemos encontrar alívio, experimentando um momento de comunhão interior com Ele. Estejamos conscientes disso, vivamos continuamente nessa presença, e toda a nossa vida se transformará. Pois:
a)  Uma Vida na Presença de Deus é Uma Vida Segura  
Algumas pessoas depositam sua fé em coisas que não são dignas de confiança. Uns se firmam no dinheiro ou nos bens que possuem; outros, em sua própria sabedoria e habilidades pessoais; e ainda outros confiam na sorte. Mas a nossa confiança deve ser totalmente depositada no Senhor. Quando deixamos de olhar para as coisas que antigamente nos serviam de apoio e de segurança, e passamos a fitar os nossos olhos somente em Deus e deixamo-lo guiar os nossos passos e cuidar das nossas questões quotidianas, algo de maravilhoso acontece, começamos a aprender o quanto Ele nos ama e nos quer ajudar. N’Ele está o poder para fazer acontecer todas as coisas de que necessitamos e somente Ele pode levantar pessoas, recursos e possibilidades que ajam em nosso favor quando confiamos somente n'Ele. A nossa entrega é de fundamental importância. Deus não pode cuidar de algo que não esteja nas Suas mãos.
Quando Elias decidiu viver na presença de Deus, ele sem medo algum, levantou a sua voz profética contra toda a injustiça e idolatria que eram praticadas em Israel pelo Rei Acabe e sua esposa Jezabel, e aí a sua cabeça foi colocada a prémio e procuraram Elias por todo lugar (I Rs. 18:10). Mas Elias estava guardado e seguro nas mãos do Senhor, o Deus Todo Poderoso! O instrumento de Deus para nos guiar é o Seu poder, revelado na Sua presença. Nas palavras do salmista (Sl. 114:7), a terra estremece na presença do Senhor.
Vivemos numa sociedade tão violenta que não sentimos a mínima segurança onde quer que nos encontremos, nem mesmo em nossos lares. E aí aumentamos os muros, colocamos grades, sistemas de segurança, vigias, cão-de-guarda, nos armamos etc. E ainda assim continuamos inseguros, pois se Deus não guardar... (Sl. 127:1-2). Mas aquele que entrega a sua vida ao Senhor, aquele que decide viver na Sua presença não teme mal algum, pois Ele guarda a sua vida... (Sl. 91). Determine-se a entregar ao Senhor tudo o que ainda se encontra sob a sua guarda. Ore entregando a sua família, o seu trabalho, o seu ministério, as suas preocupações, e tudo o que deve estar somente sob a guarda do Senhor.
Quando Deus sabe que algo foi colocado realmente em Suas mãos, então, como responsável que é, não nos deixará dececionados; antes, agirá em nosso favor trazendo-nos a Sua bênção.
Se decidir viver na presença de Deus, Ele viverá consigo e se sentirá seguro! Deus enviou o seu Filho Jesus para estar connosco todos os dias e para sempre...!
b) Uma Vida na Presença de Deus é Uma Vida Próspera
Todas as nossas fontes estão em Deus. Tudo o que precisamos, só é encontrado no Senhor. Então devemos diligentemente separar nosso tempo para estarmos com Ele. Quando Jó (8:5) diz que é de madrugada que se deve buscar a Deus, ele se refere à tranquilidade dessa hora, da ausência de situações que possam gerar ansiedade e interrupções. Todo aquele que quer adquirir o caráter daquele que prospera deve também cultivar momentos com Deus (Dn. 6:10). Somente na presença de Deus, nos momentos de íntima comunhão com Ele é que seremos moldados pela ação do Seu Espírito. A mudança, a transformação, o novo caráter virá à medida que nos expusermos a Deus e ao Seu agir.
A orientação divina não pode ser considerada à parte de nossas relações pessoais com Deus. Muitos desejam os dons, mas não o Doador. Se anelarmos pela orientação, mas não temos sede do próprio Deus, não obteremos a orientação que buscamos.
Uma pessoa precisa de estar em comunhão com Deus, a fim de experimentar a Sua orientação na vida. Quanto mais andamos com Deus tanto mais podemos discernir a Sua mente. Isso subentende, antes de tudo, que devemos ter uma relação vital com o Senhor. Cada um de nós, pois, pode achegar-se a Deus “com plena certeza de fé”, sabendo que Ele se deleita em fazer a Sua vontade conhecida aos Seus filhos que O buscam.
Elias tinha nascido num vilarejo insignificante e muito pobre. E naqueles dias, havia uma grande fome sobre toda aquela região desértica. O povo vivia em extrema pobreza e miséria. Mas Elias não estava passando fome, ele tinha pão e carne duas vezes por dia e água à vontade. Sabem por quê? Porque Elias decidiu viver na presença de Deus e Ele sustenta os seus filhos, ainda que para isso seja necessário fazer um milagre (I Rs. 17:4, 9, 16)! O homem humilde, que reconhece as suas limitações e depende exclusivamente de Deus, descobrirá a vontade divina sem dificuldade. A humildade é a única condição indispensável da verdadeira comunhão com o Senhor.
Deus cuida, alimenta e faz prosperar aqueles que decidem viver em Sua presença! Já se decidiu a conduzir a sua vida na presença de Deus? Entregue a sua vida nas mãos do Senhor e deixe que Ele a faça prosperar, suprir as suas necessidades e cuidar de si! Jesus disse certa vez: “Olhai para as aves do céu...Vosso Pai Celestial as alimenta... Mas buscai em primeiro lugar o Reino de Deus...” (Mt. 6:26-33)! Decida hoje, agora, mudar de vida e receba a bênção da prosperidade de Deus em sua vida!
O caminho determinado por Deus para nós não pode ser conhecido por meio de indicações externas, e sim, por registos no íntimo. É a paz e a alegria no espírito que indica para nós a vereda cristã. E é um facto que o Senhor Jesus Cristo habita no crente, e que Ele se expressa continuamente em nós, pelo que também devemos ser sensíveis para com a Sua vida, aprendendo a discernir o que a vida nos diz.
c) Uma Vida na Presença de Deus é Uma Vida de Fé
O texto de I Reis 17:5 nos diz que Elias fez conforme a Palavra do Senhor, isto é, ele creu em Deus, ele teve fé. No Novo Testamento, Tiago se refere a Elias como um homem de fé que orou com fervor e o milagre aconteceu (Tg. 5:17-18).
A Bíblia nos fala de Elias como um homem simples, “sujeito às mesmas paixões” que nós, mas mesmo assim ele “decidiu viver na presença de Deus” e conseguiu. Isso prova que nós também podemos conduzir as nossas vidas na presença de Deus! Sabemos que vale a pena viver na Sua presença, a decisão é nossa! Uma vida na presença de Deus é uma vida de santificação e essa é a Sua vontade para cada um de nós! Podemos sentir essa presença divina em nossas orações, em nossas atitudes, na igreja, em nosso trabalho, em nossa casa, na escola ou em qualquer lugar onde estamos. É verdade que em muitas ocasiões o melhor que podemos fazer é o simples testemunho de uma vida de fé coerente e comprometida. Pregar com o exemplo é uma bela forma de manifestar a presença de Deus em nossa vida.
Temos observado que as pessoas perdem a fé com muita facilidade. Vivemos num mundo incrédulo, sem fé, numa sociedade materialista que acredita no dinheiro, nas riquezas materiais e se esquece do espiritual. Tem gente que já se esqueceu que possui uma alma, um espírito para cuidar, alimentar, tratar, já se esqueceu até de que existe um Deus lá no céu onde um dia todos vão se apresentar diante dEle! E para quem já vive, hoje, na presença de Deus, não terá nenhuma dificuldade de continuar vivendo com Ele na eternidade.
Como vai a sua fé? Crê que Deus existe? Crê que Deus faz milagres? Crê no poder da oração? Crê que Deus pode resolver os seus problemas? Então tome a decisão de “viver na presença de Deus”, como um homem de fé, assim como Elias!
Não há um tema único na literatura espiritual que seja mais recomendado ou insistido como a mais indispensável do que o espírito de viver na presença de Deus. Não há dúvida sobre o seu papel fundamental. O importante é, como é que vamos crescer ou desenvolver este viver na presença de Deus? O que fazer para viver na constante presença do Deus-Amor, penetrados por Ele, rodeados por fora e por dentro e inundados por todos os lados? Propomos uma preparação e múltiplos meios.
II.  Um Método de Preparação Para Viver na Presença de Deus
Para sermos capazes de nos colocarmos na presença de Deus, somos convidados, em primeiro lugar, a praticar cinco silêncios: o silêncio da palavra, dos gestos, da mente, das paixões e o da imaginação. Não de forma negativa, mas positiva. Os silêncios “exteriores” (palavras e gestos) nos evitarão a dispersão por causa de falatórios ou de vã agitação. Os silêncios “interiores” (mente, paixão e imaginação) nos preservarão da curiosidade fútil que impede toda a concentração, da turbulência das paixões desenfreadas, das divagações do tipo da que Pascal chamava “a louca da casa” (imaginação). Saberemos falar com palavras ou com gestos no momento oportuno; nossa mente se dedicará ao que vale a pena, nossas paixões serão construtivas e nossa imaginação criadora. Tudo isso nos será de grande utilidade tanto para a nossa vida normal como para o “recolhimento” que necessita quem quer viver na presença de Deus.
A alma se prepara, vestindo-se com traje de gala, como nos vestimos de gala para acolher melhor, acima e, inclusive, no meio das vicissitudes diárias, Aquele em cuja presença queremos viver em todos os instantes, porque sua única presença constitui nossa felicidade.
III.   Outros Meios Para Viver na Presença de Deus
O primeiro meio é, naturalmente, a fé. É preciso crer e querer crer na presença daquele que nos criou, nos salvou e nos salva a cada dia. Temos, pois, que aplicar nosso entendimento (nossa inteligência a essa crença) à imagem do salmista: “Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Sl. 139:8-10). Temos que fazer como Moisés (e querer fazê-lo) que “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível” (Hb. 11:27).
Para poder crer na presença de Deus, devemos estar atentos em todos os momentos; (o primeiro) é uma atenção contínua à presença de Deus, em quem pensamos continuamente e de quem não poderíamos esquecer, porque o amamos de maneira única. Temos que transformar esta atenção em hábito e, para isso, exercitar-nos regularmente, com uma especial disposição da alma e do coração.
a)  Disposições particulares
E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza” (Gn. 18:27). Saberemos ter esta atitude de simplicidade, de confiança e de respeito em sua presença?
E o salmista acrescenta: “Lembrei-me dos feitos do Senhor e isso foi minha alegria” (Sl. 77). É tão grande minha confiança que, aconteça o que acontecer, Deus sempre será o meu amparo, minha rocha, a causa de minha alegria?
E mesmo que, às vezes, eu duvide, mesmo que eu me pergunte por que não, sinto a presença do Amado; saberei permanecer, através das nuvens e das trevas da fé, das quais fala Paulo, que afirma que “agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido” (1 Co. 13:12).
Então, poderemos permanecer na presença do Senhor e caminhar à sua frente: “Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou,…” (1 Rs. 17:1), diz a escritura; e a Abraão, Ele disse: “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gn. 17:1). Saberemos viver na presença daquele, sobre o qual o Evangelho diz: “No meio de vós está um a quem vós não conheceis” (Jo. 1:26). Temos que elevar nosso pensamento a Ele, despertar, recordar frequentemente a Sua presença no decorrer das horas, vê-lo no irmão com quem nos encontramos... Também teremos que falar-lhe no mais secreto do coração, encontrar tempo para Ele, escutar a sua palavra e, inclusive, orar-lhe como quem respira.
Precisamos de ter prazer de estar na presença de Deus. “A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor…” (Sl. 84:2a). Todo o nosso ser deve celebrar a presença de Deus. “O meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo” (v. 2b). Uma explosão de alegria. Uma grande festa.
A nossa vida precisa de estar em Deus. Não podemos reger a nossa vida a partir do que acontece, mas pela Palavra, que nos ensina que Deus conhece todas as coisas e sabe o que é melhor para nós. A Palavra de Deus de precisa ser o nosso alimento diário. “O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha os seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu” (v. 3)! A nossa identidade precisa de ser marcada por uma profunda comunhão com Deus. Não dá para viver fora da presença amorosa e gloriosa de Deus.
A nossa força é resultado da nossa comunhão com Deus. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados” (v. 5). O versículo 11 diz que Deus é o nosso sol e escudo. É o nosso protetor. Deus é aquele que supre as nossas necessidades – “O Senhor da Graça e Glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente” – É necessário andar retamente, em Fidelidade e Santidade.
A busca pela presença de Deus é algo que precisa aquecer o nosso coração diariamente. O Sl. 42:1-2ª diz: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo...”
O Salmista trabalha também neste Salmo a alegria de estar na casa de Deus. “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos” (v. 1). No versículo 4, ele também declara o seu prazer: “Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente”. No verso 10 coloca a sua preferência: “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade”. 
Precisamos de viver com Sede da presença de Deus. Como diz o cântico. “Não importa o que vão pensar de mim, eu quero é Deus”. Tenhamos como meta na vida estar junto de Deus, sendo guiados pelas suas poderosas mãos. “Alegrei-me quando me disseram, vamos a casa do Senhor” (Sl. 122:1). Deste modo, seremos envolvidos pela presença do Senhor, penetrando no mais íntimo do nosso ser, concedendo-nos a consciência desta presença, e de viver sempre nela e irradiá-la em cada instante de nossa vida. Amém.
IV.  Os Benefícios de Viver na Presença de Deus
A vida na presença de Deus nos cumula evidentemente de imensos benefícios. E o próprio Deus não é o maior de todos, o maior dom que existe? Viver no seio da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, não é a própria fonte da felicidade? De certo modo, é viver o céu nesta terra, uma vez que o céu consiste em viver na presença de Deus. Consiste em ter sempre o Senhor diante de nós. Com Ele à nossa direita, não seremos abalados (Sl. 16:8).
Viver na presença de Deus nos promete isso. Além dessa felicidade, esse exercício contínuo da presença de Deus conserva admiravelmente a alma pura, santifica as nossas ações, faz-nos aproveitar todas as ocasiões de praticar o amor e nos eleva imperceptivalmente a um alto grau de perfeição.
O profeta Isaías adverte o seu povo de forma objetiva e severa: os vossos pecados fazem separação entre vós e o vosso Deus (Is. 59:2). Estas sinceras palavras demonstram que o pecado tem o poder de afastar, de distanciar, de desunir Deus e o homem, levando a criatura à perda do privilégio de desfrutar da presença do Criador.
Enquanto habitavam o jardim do Éden, geografia onde Deus se manifestava pela viração do dia (Gn. 3:8), Adão e Eva ouviam a voz do Senhor, falavam com Ele e desfrutavam de Sua presença. Mas tão logo pecaram ambos foram expulsos do paraíso, de modo que daquele dia em diante a presença de Deus já não lhes seria facultada como antes. Uma vida sem Deus implicaria em cativeiro, sofrimento, mal-estar e de tudo aquilo que o afastamento do Senhor é capaz de proporcionar ao homem.
Afinal, examinando agora alguns textos bíblicos, são múltiplos e incontáveis os benefícios que o homem goza quando vive na presença de Deus, e alguns deles, que nos trarão bem nesta vida e por toda a eternidade, serão aqui destacados para uma reflexão mais objetiva, de modo a despertar interesse por uma vida que efetivamente a cultive.
Considerando a importância destes efeitos da presença de Deus para uma vida humana saudável, observemos cada um deles para que sejamos não só confortados como também saibamos glorificar a Deus por sua bondade para connosco dando-nos ocasião para tal experiência.
1. A nossa visão se alarga!
Passamos a olhar para os acontecimentos da vida sob a ótica de Deus, alarga o nosso entendimento e não temos mais receios na nossa forma de pensar. Passamos a ter tranquilidade porque temos a capacidade de ter a visão de Deus. Nós não nos desesperamos pelo que vimos, mas acreditamos naquilo que Deus mostra e temos a certeza que estamos a salvo. Nossos olhos percebem que o nosso Deus não está distante, vemos a mão de Deus agindo em nosso favor nos mínimos detalhes. Passamos a ver a vida pela forma que Deus vê!
Aqueles que têm fé no agir de Deus, não se desesperam, não se esquecem da sua fé, não deixam de lado tudo o que já sabem e o que já aprenderam no caminhar com Deus. Quem tem a visão de Deus vai além e dá testemunho. A sua visão se alarga e passam a perceber Deus entrelaçado em sua existência.
Alargar a nossa visão de Deus significa subir ao lugar onde Ele está sentado e observar como trabalha. É claro, o tamanho Dele não muda, mas nossa perceção, sim. Quanto mais nos aproximamos, mais Ele parece maior.
A visão que um homem tem de Deus determina a sua história. Foi por isso que Jesus num determinado momento perguntou aos seus discípulos: “Quem dizeis que eu sou”? Enquanto a imagem que eles tinham se baseasse em especulações humanas e não em revelação, eles não estariam habilitados para crescer. Há muitos que têm uma visão parcial ou distorcida de Deus e por isso não se relacionam adequadamente com Ele. Porém, diante da visão correta de quem Ele é, é impossível não mudar de vida.
Ter visão significa ter sensibilidade espiritual para entender em qual direção a nuvem da presença de Deus vai, sermos capazes de enxergar o que Deus tem para nós, independentemente das situações ao redor. Deus quer nestes dias, alargar nossa visão. Ele quer alargar a visão que temos da nossa posição de sacerdote em Sua casa. Ele quer alargar a visão para a nossa vida profissional e nosso futuro. Ele quer alargar a nossa visão do Reino.
2. O nosso foco muda!
A presença divina coloca o foco do nosso olhar na pessoa de Deus. Tiramos os nossos pensamentos de nossas limitações, de nossas dores, e passamos a meditar na sublimidade de Deus. O nosso foco passa a ser a pessoa Deus! A nossa reflexão focada em Deus coloca as nossas lutas na perspetiva correta! Nossas adversidades passam a ser avaliadas segundo o poder de Deus e não segundo as nossas limitações! O foco em Deus muda a dimensão da nossa vida! Saímos da dimensão do possível e passamos a viver na dimensão do impossível.
O profeta Elias, um dos maiores profetas mencionadas na Bíblia, um homem simples, de origem extremamente humilde, realizou um dos maiores ministérios proféticos, organizou a primeira Escola de profetas, fazendo discípulos e ensinando a todos a viverem na presença de Deus, pois era assim que ele vivia, colocando sempre o seu olhar na presença de Deus.
No Novo Testamento, observamos Elias sendo citado constantemente e chega, inclusive, a aparecer ao lado de Jesus na experiência do “Monte da Transfiguração”, provando que a sua vida permanece na presença de Deus!
3. A nossa atitude muda!
Vivemos numa sociedade tão violenta que não sentimos a mínima segurança onde quer que nos encontremos, nem mesmo em nossos lares. E aí aumentamos os muros, colocamos grades, sistemas de segurança, vigias, cão-de-guarda, nos armamos etc. E ainda assim continuamos inseguros, pois se Deus não guardar... (Sl. 127:1-2). Mas aquele que entrega a sua vida ao Senhor, aquele que decide viver na presença do Senhor não teme mal algum, pois Deus guarda a sua vida... (Sl. 91).
Nós somos sacerdotes do Deus Altíssimo e toda a nossa vida deve ser oferecida como um sacrifício agradável a Deus. Os nossos pensamentos, palavras e ações pertencem ao Senhor, devemos oferecer e usar tudo o que temos e somos para edificação do Corpo de Cristo. Seja um cristão atuante e cumpra as suas responsabilidades com amor, não desista, pois no Senhor o seu trabalho não será em vão!
A certeza da presença de Deus nos leva a olhar para a vida com a expectativa de que, uma vez que temos Deus envolvido em nosso dia a dia, cada momento transforma-se numa possibilidade de um milagre – de uma manifestação sobrenatural. Nossa atitude de pessimismo passa para uma atitude de expectativa de um feito grandioso de Deus. Muitas coisas que antes tinham tanta importância para nós, não têm mais valor, aprendemos também que é melhor ser do que ter. Outros valores passam a ter prioridade, e entendemos que não precisamos de ser reconhecidos por ninguém. Decidimos viver na presença de Deus, sem medo algum, levantando a nossa voz profética contra toda a injustiça e idolatria que são praticadas neste mundo, pois sabemos que estamos guardados e seguros nas mãos do Senhor, o Deus Todo Poderoso! Passamos a olhar para a vida com os olhos de quem sabe que um milagre divino está acontecendo agora!
Se decidir viver na presença de Deus, Ele viverá consigo e se sentirá seguro! Deus enviou seu Filho Jesus para estar connosco todos os dias e para sempre...! As nossas vidas não serão mais vazias, os nossos cultos terão vida, as nossas músicas terão unção e as nossas mensagens serão vivas, porque Deus está presente. Passamos a entender que a nossa fonte é Ele, que a nossa alegria está nEle, que a nossa paz está nEle. Que a nossa vida sem Ele não tem sentido. Nós, que aprendemos a colocar a nossa confiança no Deus vivo e verdadeiro, precisamos dEle desesperadamente e necessitamos de receber as Suas instruções a cada dia, contidas na Sua Palavra...
4. O nosso potencial cresce!
Homens e mulheres espiritualmente atentos hoje em dia, em todo o mundo, começam a perceber que o crescimento espiritual e o acordar espiritual são a maior prioridade para o nosso tempo.
O viver na presença do Senhor é o caminho do crescimento, o modo de aprofundar o nosso compromisso com a vida, a nossa maturidade. É uma prioridade da maior importância para todos nós permitir ao nosso espírito duas coisas:
Primeira: o contacto mais profundo com a fonte da vida, e então como resultado desse contacto dar ao nosso espírito espaço para se expandir. O contacto com a fonte da vida é vital para nós, porque sem ele mal suspeitamos do potencial que a nossa vida tem. E esse potencial é que nós devemos crescer, devemos amadurecer, e chegar à plenitude da vida, do amor e da sabedoria. E isso é de suprema importância para todos nós. Por outras palavras, o que cada um de nós tem que fazer e é convidado a fazer é começar a perceber o mistério do nosso próprio ser, o mistério da vida. Novamente, na visão proclamada pelo Senhor Jesus Cristo, todos somos convidados a compreender a sacralidade do nosso próprio ser e da nossa própria vida.
Segunda: por ser esta prioridade de tão grande importância é que, nomeadamente, devemos permitir ao nosso espírito o espaço para se expandir. Na tradição da meditação este espaço para a expansão do nosso espírito encontra-se no silêncio e a meditação é um modo de silêncio e um compromisso com o silêncio. Um silêncio que cresce em todas as partes da nossa vida. Um silêncio que podemos apenas descrever como o silêncio infinito de Deus, o silêncio eterno de Deus. É neste silêncio que começamos a encontrar a humildade, a compaixão, a compreensão, que precisamos para esta expansão do espírito.
A desnutrição espiritual paralisa o nosso crescimento na presença de Deus. Quando nos distanciamos da Palavra, ficamos fracos e doentes espiritualmente. Em contrapartida, quando nos alimentamos da Palavra, amadurecemos a nossa fé, vencemos as tentações e suportamos as provações com fidelidade, pois a Palavra nutre e renova o vigor espiritual em nosso coração. Além disso, Deus se agrada quando seus filhos crescem em comunhão, mas essa comunhão é fruto do conhecimento da Sua Palavra.
A segurança de que Deus está connosco nos leva a ouvi-lo através da sua Palavra. Passamos a olhar a Bíblia como voz de Deus. À luz da Palavra, nossos passos serão seguros, vigorosos, e não precisaremos mais de recuar diante do desconhecido. Nossa comunicação com Deus através da oração e da Palavra nos faz crescer nEle, crescer em intimidade com Ele, pois a presença do Senhor passa a ser o nosso maior prazer,  temos uma sensibilidade maior com as coisas de Deus e nos faz pessoas com mais discernimento e sabedoria.. O salmista afirmou no Salmo 119.99: ”Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos teus testemunhos. Tenho mais entendimento que os anciãos, pois obedeço aos teus preceitos”. Este texto deixa claro três evidências do crescimento do nosso potencial: 1) O meu discernimento aumenta, 2) a minha sabedoria cresce e 3) a minha capacidade de escolher corretamente aumenta! Deus cuida, alimenta e faz prosperar aqueles que decidem viver em sua presença!
Para crescermos em nossa relação com Deus, precisamos nos aproximar diariamente de Cristo. Pois não existe crescimento espiritual fora de Cristo, tudo ocorre Nele, por meio Dele e para Ele. Aliás, Ele é a pedra viva, o pão vivo e a água viva; somente Nele encontramos satisfação e contentamento para nossa alma. Portanto, aproxime-se de Cristo em oração, busque a sua presença com sinceridade e firmeza, siga a orientação de Tiago: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros” (Tg. 4.8). Essa aproximação produzirá frutos em sua relação com o Pai Celestial.
5. A nossa gratidão aumenta!
Quando andamos com Deus, quando caminhamos na sua presença, isto nos capacita a ver a vida como um dom divino. Paramos de pensar na vida em termos de “sorte” ou “coincidências” e começamos a ver a vida em termos da generosa mão de Deus agindo por nós. Nosso coração é invadido pelo senso de dívida para com Deus – nosso coração é tomado pela atitude de gratidão. Em Tiago 1:17 está registado como uma pessoa que anda com Deus vê a vida: “Tudo de bom que recebemos e tudo o que é perfeito vêm do céu, vêm de Deus, o Criador das luzes do céu. Ele não muda, nem varia de posição, o que causaria a escuridão”.
Regozijamo-nos porque o Senhor está connosco e porque fomos semeados em fraqueza com o propósito específico de alcançar maior poder e perfeição. Os santos devem expressar a sua gratidão, por terem alcançado a salvação eterna e uma coroa de glória na presença de Deus, com poder para progredirem em todo o conhecimento ilimitado e através de etapas incontáveis de progresso, desfrutando dos sorrisos de aprovação de nosso Pai e Deus, bem como de Jesus Cristo, nosso irmão mais velho. Uma pessoa que anda com Deus é cheia de gratidão, visto que o Senhor reina e executa a Sua vontade entre os habitantes da Terra.
Quando somos abençoados com toda a sorte de bênçãos, o Senhor misericordioso espera que as recebamos com gratidão e zelemos por elas quando as tivermos ao nosso dispor. Temos a obrigação de progredirmos por meio de todas as bênçãos que recebemos do Senhor. Através delas podemos demonstrar ao nosso Pai Celestial que somos mordomos fiéis; além disso, é uma bênção ter o privilégio de aumentar a nossa gratidão com o que o Senhor coloca à nossa disposição.
A gratidão é uma sensação tão agradável... Cresce onde sementes são lançadas e floresce sob o sol. De um coração caloroso e bom, cresce mais quando é cuidada. Quando se enraíza no sentimento humano logra proporcionar harmonia interna, liberação de conflitos, saúde emocional, por luzir como estrela na imensidão sideral... Quase todos temos motivos para a gratidão, quando pessoas em nossas vidas têm tempo para partilhar e nos fazer saber por bons actos que nós estamos em seus pensamentos e que elas se importam. a gratidão é a assinatura de Deus colocada na Sua obra. Quem cultiva gratidão aspira sempre por ter mais plenitude de vida, sem a preocupação de ser o melhor, de viver apenas no clima da competição.
6. As nossas bênçãos se multiplicam!
Quando vivemos cada momento na presença de Deus, começamos a experimentar as bênçãos que antes ignorávamos. Nossos olhos se abrem e passamos a ver com mais intensidade os feitos de Deus a nosso favor, mas não só isto; Passamos a ser bênção para aqueles que estão ao nosso lado. Andar na presença de Deus multiplica as nossas bênçãos e nos faz bênçãos aos demais! “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença....  Abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn. 12.1-3; 17:1).
7. Alegria – “Na tua presença há plenitude de alegria” (Sl. 16:11).
Neste verso Davi, um dos grandes personagens do Antigo Testamento, fala da alegria como algo inerente à presença de Deus. De forma muito clara o salmista diz que na presença de Deus há plenitude ou abundância de alegria, vinculando uma coisa à outra. Ou seja, quando o homem prova da presença de Deus ele experimenta alegria indizível em razão disto.
Deste modo, se há plenitude de alegria na presença de Deus se pode deduzir desta máxima que, primeiramente, para se ter plenitude de alegria é preciso antes ter a presença de Deus e, em segundo lugar, que sem a presença de Deus a plenitude de alegria não é possível ser experimentada.
Assim, se o cristão se importar em cultivar a presença de Deus, consequentemente, experimentará da alegria plena, da alegria consistente, da alegria verdadeira e, provando-a, se fortalece de forma especial, pois a alegria que Deus infunde no coração humano por intermédio de Sua presença tem um poder tónico conforme Neemias proclamou: a alegria do Senhor é a nossa força (Ne. 8:10).
A alegria é um grande tónico para a alma e, então, para o corpo, pois uma pessoa que tem um coração alegre tem muito mais chance de gozar de melhor saúde conforme proclama Provérbios: um coração alegre é bom remédio. Assim, o primeiro benefício que a presença de Deus traz é a alegria, e alegria que dá vigor.
8. Bênção – “O Senhor abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo quanto tem, por amor da arca de Deus” (2 Sm. 6:12).
Este verso é uma parte do relato da história que trata do momento em que o rei Davi busca a arca da aliança para trazê-la para a cidade de Sião, já que ele havia decidido que não reinaria em Israel sem a sua estada ali.
Enquanto Davi a transportada da terra dos filisteus para a cidade de Sião, a arca fica por alguns dias na casa de Obede-Edom, que é um israelita. E, enquanto ela fica guardada ali, diz a Bíblia que Deus abençoou aquela casa por amor da Sua arca. Devemos entender que ao tempo deste facto a arca da aliança simbolizava a presença de Deus, de modo que onde a arca estivesse Deus ali estaria. Assim, como a arca ficou na casa de Obede-Edom Deus se fez presente naquele lar, e por estar ali Sua presença abençoou a todos.
Obede-Edom, enquanto a arca esteve em sua casa, não precisou de suplicar ou clamar pelas bênçãos de Deus, porque a Sua presença por si só abençoava aos que se encontravam a sua volta. Pode se dizer, então, que a presença de Deus abençoa a casa na exata proporção que a sua ausência a amaldiçoa. Não é que ao se afastar do lar Deus manda maldição à família. Não, não é isto. Assim como quando se apaga a luz não é preciso chamar a escuridão para ocupar o lugar onde antes não se encontrava, a maldição é decorrência direta da ausência da bênção e, a bênção decorrência direta da presença de Deus.
Uma família que quer experimentar as bênçãos de Deus deve, antes de tudo, buscar o Deus que abençoa, pois as suas bênçãos estarão onde a sua presença estiver. Portanto, o segundo benefício da presença de Deus é abençoar a casa que se importa em cultivá-la.
9. Descanso – “A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso” (Ex. 33:14). 
Moisés, outro grande personagem da história bíblica, foi encarregado por Deus para tirar o povo de Israel do Egito e levá-lo à terra prometida. Isto implicaria numa longa caminhada no tempo e na geografia, já que o percurso envolveria grandes obstáculos a serem vencidos.
Para enfrentar a longa caminhada sem ser vencido pelo desgaste Moisés teve a confortante promessa de Deus de que iria junto dele, e estando junto lhe daria descanso por todo o tempo da jornada. Deus diz então a Moisés: eu irei contigo e, estando contigo a minha presença te dará descanso por todos os anos, por todos os quilómetros e em face de todos os problemas que terás pela frente.
Obviamente, que Deus prometeu isto a Moisés porque ele se envolveu em realizar na terra um projeto divino, e como o projeto era de Deus, Deus que é sempre misericórdia e perdão lhe daria a Sua presença para lhe dar condições de realizar a Sua vontade.
Grande consolo e ânimo devem ter invadido a alma daquele homem quando soube que, primeiramente, Deus lhe daria sua presença ou sua companhia e que, segundo, a sua presença lhe daria o descanso necessário para a realização de uma missão assim tão desafiadora.
Trabalhando na presença de Deus Moisés encontraria descanso para prosseguir adiante. Descanso é algo muito útil ao homem dada a sua notória e evidente fragilidade. Ainda que seja capaz de realizar grandes coisas o homem é em si mesmo uma criatura fraca, limitada e de forças reduzidas. Ele tem que dormir para recompor as energias; assentar para refazer as forças; parar de trabalhar ao final de semana para não se esgotar; cuidar do stress, da ansiedade, da preocupação, que o esgotam, etc.
Moisés encontraria todo o tipo de exaustão pela frente rumo ao propósito de Deus. No entanto, contando com a Sua presença ele teria o descanso necessário para reposição contínua de suas energias. Somente esse descanso oferecido pela presença de Deus pode explicar o final de vida de Moisés, que teve uma vida longeva mas com grande vigor físico, pois a Bíblia diz a seu respeito: “tinha Moisés a idade de cento e vinte anos quando morreu; não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor” (Dt. 34:7).
Lembremo-nos que o dia de sábado instituído ao tempo da Lei era chamado de dia de descanso, e isto não somente porque o povo não trabalhava neste dia mas sim, porque eles se voltavam mais para Deus. Com efeito, o verdadeiro e autêntico descanso para o homem não é somente deixar de trabalhar para curtir o ócio, a preguiça, ou coisa parecida, mas sim, o voltar-se mais para Deus e sua presença. Portanto, o terceiro benefício da presença de Deus é que ela concede descanso aos que a experimentam.
10. Ausência do medo da morte - “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo” (Sl. 23:4).
A morte, sem dúvida alguma, atemoriza e os homens, pois temem mais a sua aproximação do que a de qualquer outro inimigo. Afinal, ela sempre se apresenta cruel e invencível. E, biblicamente falando, a morte é verdadeiramente inimiga da alma humana, razão pela qual Jesus veio ao mundo para vencê-la, para afastar dos crentes o medo dela.
O único meio para enfrentar a morte sem temor é cultivar a presença de Deus. O salmista diz que o andar pelo vale sombrio da morte não lhe causaria espanto se ali naquele lugar tenebroso ele pudesse contar com a presença do Senhor. Ele diz: “Porque Tu, Senhor, está comigo, mesmo andando pelo vale da sombra da morte eu não temerei mal algum” (Sl. 23:5).
O momento da morte é o tempo mais solitário do homem, pois nem mesmo a companhia do semelhante lhe poderá valer de conforto. No entanto, este momento de solidão poderá ser enfrentado com destemor se a presença de Deus puder ser provada. Portanto, o quarto benefício da presença de Deus é dar ao homem companhia para o dia mais solitário e para o momento mais cruel da existência humana.

11. Coragem para lutar - “Quando saíres à batalha contra os teus inimigos, e vires cavalos, carros, e exército mais poderoso do que o teu, não os temerás, porque o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, está contigo” (Dt. 20:1).
A vida é um grande ringue cujas lutas são travadas diuturnamente e sem cessar. E para se lutar sem covardia, sem medo, sem fracasso é preciso coragem, coragem que deve ser buscada na fonte principal, ou seja, em Deus.
Deus encorajou os israelitas à luta, a qual seria empreendida contra inimigos e exércitos e em batalhas além de suas próprias forças assegurando-lhes a sua presença. Eu estarei contigo, era a promessa, e promessa encorajadora, pois se eles lutassem as lutas que Deus orientava eles poderiam contar com a Sua ajuda.
Buscar coragem, disposição, poder ou qualquer coisa necessária à luta fora da presença de Deus é correr risco desnecessário. É lutar para não vencer ou para vencer com muitas baixas.
A presença de Deus dá a coragem para enfrentar o inimigo da forma mais estranha à mente humana, e mesmo assim, alcançar a vitória. Que o digam os israelitas ao vencerem a cidade de Jericó, cujos muros caíram com um simples grito. Mas é certo que antes do grito eles tiveram que sujeitar suas vidas, suas almas, às estratégias de Deus, e quando assim o fizeram Deus lhes concedeu a vitória. Diz o salmista: Em Deus alcançaremos a vitória (Sl. 108:13). É em Deus e não através de Deus que a vitória vem. Desta forma, o quinto benefício da presença de Deus é a coragem que toma conta da alma para triunfar com lealdade e sabiamente.
12. Satisfação – “Vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte mil” (Sl. 84:10).
A insatisfação atormenta a alma e torna irrequieto e desassossegado quem por ela é dominada, causando grande mal-estar aos que estão escravizados por sua força. Uma pessoa insatisfeita é capaz de grandes loucuras para encontrar o bem-estar que a sua alma reclama.
As propagandas têm por objetivo gerar no consumidor a ideia de que ao consumir a coisa anunciada ele ficará satisfeito. Se ela não gera este convencimento no seu público-alvo ela não será tida como de boa qualidade. Na maior parte das vezes a propaganda alcança este objetivo porque uma pessoa insatisfeita é vulnerável, em regra, a qualquer sugestão.
Onde encontrar a verdadeira satisfação? Tal pergunta está presente em muitos corações, ainda que nem tantas vezes verbalizada para conhecimento do outro. John Ortberg escreveu que “o coração humano se sente insatisfeito desde que deixou o Éden”.
O salmista, para espanto de muitos, pode responder à indagação dizendo: “vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte mil” (Sl 84:10).
Numa comparação bastante convincente ele nos diz que a satisfação de estar um único dia nos átrios da casa de Deus, ou seja, no lugar onde Deus habita e, então, junto à Sua presença, é muito mais prazeroso, satisfatório e realizador do que passar mil dias em qualquer outro lugar da terra, se ali a presença de Deus não pode ser experimentada. Portanto, o sexto benefício da presença de Deus – a satisfação – põe a alma em repouso.
VI. Conclusão.             
Estes benefícios da presença de Deus podem nos despertar para uma busca mais dedicada de Deus, já que tudo o que ela proporciona aos que a experimentam são realidades que se mostram úteis e necessárias para uma vida vivida de forma melhor.

É Deus em sua infinidade de bondade quem concede aos que O buscam a alegria, as bênçãos, o descanso, a coragem, o destemor da morte e a satisfação para que os seus filhos tenham uma vida mais equilibrada, a qual será alcançada em plenitude por ocasião da volta de Cristo, quando então um novo céu e uma nova terra serão postos ao alcance dos salvos.
O evangelho, cuja palavra significa, boa nova, é verdadeiramente uma boa notícia quando o seu ouvinte que nele crê passa a desfrutar da presença de Deus.
Cristo nos salvou para termos uma vida abundante. Ele nos reconciliou com Deus para não ficarmos separados dele. Ele nos purificou de todos os pecados para podermos estar em Sua presença hoje e sempre. Em tudo isto a bondade é de Deus que nos permite desfrutar de sua presença. Os méritos são Cristo que nos une a Deus. Os benefícios são nossos que cremos no Salvador.
Experimentar tudo isto – alegria que dá vigor, bênção que alcança a família, descanso para a jornada, coragem para lutar, destemor na hora da morte e descanso que mantém conservadas as forças - é direito dos salvos, os quais não precisam de nenhum esforço adicional senão arrependimento dos seus pecados para manterem-se constantemente em Cristo Jesus.
Além dessa felicidade, esse exercício contínuo da presença de Deus conserva admiravelmente a alma pura, santifica nossas ações, faz-nos aproveitar todas as ocasiões de praticar a virtude e nos eleva imperceptivalmente a um alto grau de perfeição. Ou seja, começa a nossa metamorfose. É puro de coração aquele que não faz cálculos, como uma criança cheia de confiança. Esta metamorfose nos faz viver e agir de outro modo com nós mesmos e com os outros: aprendemos a amar-nos como o Pai nos ama e a olhar os irmãos com o mesmo olhar de Deus. Assim, nossas ações e nossa vida serão santas com a mesma santidade de Deus... Se é preciso uma vida para tornar-se santo, que melhor maneira de conseguir isso, a não ser esta vida na constante presença de Deus?

 

 
 








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