Introdução
O ritmo do mundo de hoje, as exigências dos afazeres
diários, as preocupações quotidianas, em muitas ocasiões “devoram” os homens e
mulheres de nosso tempo exteriormente e os afastam de seu interior, mas para quem
descobre o Senhor Jesus em sua vida e decide segui-lO com coerência e se
esforça por iniciar um caminho intenso, viver e manter-se sempre na Sua presença
é o mais importante para a sua vida como cristão, o próprio Senhor Jesus Cristo
afirmou que sem Ele “nada podemos fazer”
(Jo. 15:5). Mas para isso, é preciso cultivar com muito cuidado o exercício
dessa santa presença... A prioridade de
nossas vidas deve ser a de estar constantemente na Sua presença em qualquer
lugar, em qualquer hora. Desfrutar da presença do Senhor é um privilégio para poucos, digo poucos
porque vários crentes não conseguem desfrutar desta maravilha, pois se ocupam
com inúmeras coisas e não tem tempo para Ele. É preciso um compromisso com o Senhor.
Para quem descobriu aquela pérola valiosa, pela qual
vale a pena vender todo o resto, a vida se abre com um horizonte de infinito,
onde tudo ganha luz e sentido perante o convite a seguir o Senhor e dar
testemunho de que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Esse seguimento, sabemos
bem, não é só um esforço por melhorar alguns detalhes de nossa vida, mudar tal
ou qual defeito, ou nos esforçarmos por viver uma ou outra virtude, mas sim
viver a Sua presença. O caminho do cristão é um caminho de desdobramento
integral, um caminho que nos leva a colaborar com a graça que Deus derrama com
abundância para que todo o nosso ser alcance “a estatura da maturidade de
Cristo”.
Tenhamos, pois o nosso espírito, na medida do possível, sempre atento e
nosso coração sempre unido ao Senhor. Consideremo-nos dentro da essência
divina, penetrados e rodeados dentro e fora e inundados por todas as partes por
este Ser imenso, como uma esponja dentro do mar que se ensopa de água viva,
como um vaso de cristal que se converte plenamente num facho de luz, ao ser
exposto aos raios de sol, ou como uma barra de ferro no meio de um fogo que
começa a transformar-se até se tornar flexível para ser forjado.
Contemplemos a Deus dentro do nosso coração como em seu templo... Quando
vivemos profundamente
penetrados pela presença d’Ele que é Amor: a água viva da graça poderá ensopar-nos, o fogo
do “Outro Sol” poderá se propagar em nós e através de nós, de modo que todo o
nosso ser poderá ser transformado. Se formos conscientes disso, em primeiro
lugar, e em seguida vivermos continuamente nessa presença, toda a nossa vida se
transformará. Assim como não se pode viver sem
respirar, também tampouco o cristão pode viver à deriva, sem a presença do
Senhor.
Moisés, por saber da importância da presença de Deus para triunfar sobre os
obstáculos que iria enfrentar, disse que não sairia do lugar se Ele não fosse
com ele e o povo. “Então, disse-lhe: Se tua presença não for connosco, não
nos faça subir daqui” (Ex. 33:15).
Muitos afirmam servir ao Senhor, segui-lo e declaram seu amor por Cristo,
mas falta-lhes o mais importante, a presença do grande Deus.
Só pelo facto de se estar a pensar em Deus não se está a viver na Sua presença
na forma em que sabemos que devemos, como cristãos. Deus deve também, e
principalmente, estar em nossas vontades. Temos como exemplo a fórmula do
próprio Cristo para cultivar essa presença de Deus. Na Última Ceia, entre
outras coisas, Ele disse: “Se alguém me
ama, guardará a minha palavra, ou seja: fará a minha vontade, e meu Pai o
amará, e nós viremos para ele e faremos nele morada”. O “se” depende sempre
de nós, é claro, com a graça de Deus, o “e”, neste caso, é com Deus. Nós
cuidamos do “se” e Ele vai cuidar do “e”. Se fizermos isso, Ele fará a Sua
parte. Nós damos-Lhe as nossas vontades e Ele nos dá a intimidade de sua presença
como único Deus, fazendo de nossos corpos a sua casa.
Na passagem do discurso de Cristo na Última Ceia temos o método ideal para
viver na presença de Deus com as nossas vontades, e com a garantia assegurada
da Sua morada em nossos corações. Isso significa simplesmente e inequivocamente
que, na medida do possível, devemos sempre dizer “sim” à vontade de Deus em
nossas vidas, ainda que seja muito difícil de colocar em prática!
A presença de Deus significa comunhão, segurança e descanso (1 Jo. 1:3; Mt.
11:28-30). Quando estamos debaixo da presença de Deus estamos seguros segundo o
Salmo 91...
A presença de Deus muda vidas, a Sua presença é o melhor lugar para
resolvermos os nossos problemas, foi assim na vida de Saul quando teve o seu
primeiro encontro com Deus (1 Sm. 10:5-9). Conhecemos o final deste rei que
desobedeceu às ordens de Deus, mas no limiar de sua carreira teve uma
maravilhosa experiência desfrutando da presença de Deus.
A presença de Deus é sinónimo de bênção para aqueles que a têm em suas
vidas e lares, temos um grande exemplo na família de Obede-Edom (1 Cr. 13:14).
Não podemos nos esquecer de que fomos chamados para desfrutar desta
maravilhosa presença, pois somos o templo de Deus, morada do Espírito Santo.
Não troque a presença de Deus por nada, não existe nada neste mundo que seja
mais valioso do que a presença do Deus altíssimo.
A vida na presença de Deus traz-nos o
essencial que nos fará viver verdadeiramente com alegria. Para confirmar isso,
citamos Paulo: “Pois Nele (Deus) vivemos, nos movimentamos e existimos”
(At. 17:28). Dito de outra maneira, Nele temos tudo. O Céu é viver na presença
de Deus. A obediência a Deus nos permite conhecer e desfrutar da verdadeira felicidade.
I. Como viver na presença de Deus (I Rs. 17:1-6)
O
coração de nossa vida como cristão está contido nas palavras de Deus a Abraão: “Anda na minha presença, e sê perfeito”
(Gn. 17:1).
A presença de Deus acalma o espírito, dá-nos um sono tranquilo e acalma a
mente. Mas precisamos de nos entregarmos completamente a Deus. Porque só
andando em perfeição perante a face do Senhor é que poderemos ser renovados em
Sua presença e adorá-lo nas profundezas do nosso coração e ser considerados
justos aos Seus olhos e alcançar o prémio, a vida eterna. O reino de Deus está
dentro de nós e nada pode perturbá-lo.
Para nos mantermos sempre na presença de Deus, é preciso cultivar com muito
cuidado o exercício dessa santa presença..., agitando de vez em quando o nosso
mais profundo desejo de sermos totalmente dedicados a Deus. Não devemos de nos
envolver com as coisas que sabemos que nos distraem tanto exteriormente e
interiormente da presença de Deus. Uma vez distraídos de Deus é difícil voltarmos
a Ele. Deus não habita no meio do caos e da desordem. Tenhamos pois o nosso
espírito, na medida do possível, sempre atento e o nosso coração sempre unido a
Deus,
com um amor totalmente sem distrações, consagrando os nossos sentimentos a Deus
completamente. Consideremo-nos dentro da essência divina, penetrados e rodeados dentro e
fora e inundados por todas as partes por este Ser imenso, como uma esponja
dentro do mar, como um vaso de cristal exposto aos raios do sol ou como uma
barra de ferro no meio de um forno. Ou, então, contemplemos a Deus dentro do
nosso coração como em seu templo...
O profeta Elias, um dos maiores profetas mencionadas na Bíblia, um homem
simples, de origem extremamente humilde, realizou um dos maiores ministérios
proféticos, organizou a primeira Escola de profetas, fazendo discípulos e
ensinando a todos a viverem na presença de Deus, pois era assim que ele vivia,
ele estava sempre na presença de Deus. Ele não se agarrava ao que era dito e feito
ao seu redor, mas procurava descobrir o que Deus esperava de si em qualquer
situação e cumprir rigorosamente isso. Isso o ajudou a manter o seu espírito
interior, como livre e pacífico. Livremo-nos de tudo o que o impede de estarmos
facilmente na presença de Deus.
No Novo Testamento, observamos Elias sendo citado constantemente e chega,
inclusive, a aparecer ao lado de Jesus na experiência do “Monte da
Transfiguração”, provando que a sua vida permanece na presença de Deus!
Levante
o seu coração para Deus. Ele o vai purificar, iluminar e direcioná-lo. David
disse: “Tenho posto o Senhor
continuamente diante de mim” (Sl. 16:08). Repita as suas belas palavras: “A quem tenho eu no céu senão a ti E não há
ninguém na terra que eu deseje além de ti” (Sl. 73:25)?
Estejamos profundamente penetrados pela presença de Deus, a qualquer hora
do dia e da noite. Não
espere pelo momento em que pode fechar a porta sem interrupção, nem pelo
momento em que julga que após estar muito tempo em oração interior é suficiente
para levá-lo à presença de Deus. Volte-se para Deus, simplesmente,
confiadamente e com familiaridade. Na Sua presença podemos encontrar alívio,
experimentando um momento de comunhão interior com Ele. Estejamos conscientes
disso, vivamos continuamente nessa presença, e toda a nossa vida se
transformará. Pois:
a) Uma Vida na Presença de Deus é Uma Vida Segura
Algumas pessoas depositam sua fé em coisas que não são dignas de confiança.
Uns se firmam no dinheiro ou nos bens que possuem; outros, em sua própria
sabedoria e habilidades pessoais; e ainda outros confiam na sorte. Mas a nossa
confiança deve ser totalmente depositada no Senhor. Quando deixamos de olhar
para as coisas que antigamente nos serviam de apoio e de segurança, e passamos
a fitar os nossos olhos somente em Deus e deixamo-lo guiar os nossos passos e
cuidar das nossas questões quotidianas, algo de maravilhoso acontece, começamos
a aprender o quanto Ele nos ama e nos quer ajudar. N’Ele está o poder para
fazer acontecer todas as coisas de que necessitamos e somente Ele pode levantar
pessoas, recursos e possibilidades que ajam em nosso favor quando confiamos
somente n'Ele. A nossa entrega é de fundamental importância. Deus não pode cuidar de algo
que não esteja nas Suas mãos.
Quando Elias decidiu viver na presença de Deus, ele sem medo algum,
levantou a sua voz profética contra toda a injustiça e idolatria que eram
praticadas em Israel pelo Rei Acabe e sua esposa Jezabel, e aí a sua cabeça foi
colocada a prémio e procuraram Elias por todo lugar (I Rs. 18:10). Mas Elias
estava guardado e seguro nas mãos do Senhor, o Deus Todo Poderoso! O
instrumento de Deus para nos guiar é o Seu poder, revelado na Sua presença. Nas
palavras do salmista (Sl. 114:7), a terra estremece na presença do Senhor.
Vivemos numa sociedade tão violenta que não sentimos a mínima segurança
onde quer que nos encontremos, nem mesmo em nossos lares. E aí aumentamos os
muros, colocamos grades, sistemas de segurança, vigias, cão-de-guarda, nos
armamos etc. E ainda assim continuamos inseguros, pois se Deus não guardar...
(Sl. 127:1-2). Mas aquele que entrega a sua vida ao Senhor, aquele que decide
viver na Sua presença não teme mal algum, pois Ele guarda a sua vida... (Sl.
91). Determine-se a entregar ao Senhor tudo o que ainda se encontra sob a sua
guarda. Ore entregando a sua família, o seu trabalho, o seu ministério, as suas
preocupações, e tudo o que deve estar somente sob a guarda do Senhor.
Quando Deus sabe que algo foi colocado realmente em Suas mãos, então, como
responsável que é, não nos deixará dececionados; antes, agirá em nosso favor
trazendo-nos a Sua bênção.
Se decidir viver na presença de Deus, Ele viverá consigo e se sentirá
seguro! Deus enviou o seu Filho Jesus para estar connosco todos os dias e para
sempre...!
b) Uma Vida na Presença de Deus é Uma Vida Próspera
Todas as nossas fontes estão em Deus. Tudo o que precisamos, só é encontrado
no Senhor. Então devemos diligentemente separar nosso tempo para estarmos com
Ele. Quando Jó (8:5) diz que é de madrugada que se deve buscar a Deus, ele se
refere à tranquilidade dessa hora, da ausência de situações que possam gerar
ansiedade e interrupções. Todo aquele que quer adquirir o caráter daquele que
prospera deve também cultivar momentos com Deus (Dn. 6:10). Somente na presença
de Deus, nos momentos de íntima comunhão com Ele é que seremos moldados pela
ação do Seu Espírito. A mudança, a transformação, o novo caráter virá à medida
que nos expusermos a Deus e ao Seu agir.
A orientação divina não pode ser considerada à parte de nossas relações
pessoais com Deus. Muitos desejam os dons, mas não o Doador. Se anelarmos pela
orientação, mas não temos sede do próprio Deus, não obteremos a orientação que
buscamos.
Uma pessoa precisa de estar em comunhão com Deus, a fim de experimentar a
Sua orientação na vida. Quanto mais andamos com Deus tanto mais podemos
discernir a Sua mente. Isso subentende, antes de tudo, que devemos ter uma
relação vital com o Senhor. Cada um de nós, pois, pode achegar-se a Deus “com
plena certeza de fé”, sabendo que Ele se deleita em fazer a Sua vontade
conhecida aos Seus filhos que O buscam.
Elias tinha nascido num vilarejo insignificante e muito pobre. E naqueles
dias, havia uma grande fome sobre toda aquela região desértica. O povo vivia em
extrema pobreza e miséria. Mas Elias não estava passando fome, ele tinha pão e
carne duas vezes por dia e água à vontade. Sabem por quê? Porque Elias decidiu
viver na presença de Deus e Ele sustenta os seus filhos, ainda que para isso
seja necessário fazer um milagre (I Rs. 17:4, 9, 16)! O homem humilde, que
reconhece as suas limitações e depende exclusivamente de Deus, descobrirá a
vontade divina sem dificuldade. A humildade é a única condição
indispensável da verdadeira comunhão com o Senhor.
Deus cuida, alimenta e faz prosperar aqueles que decidem viver em Sua
presença! Já se decidiu a conduzir a sua vida na presença de Deus? Entregue a
sua vida nas mãos do Senhor e deixe que Ele a faça prosperar, suprir as suas
necessidades e cuidar de si! Jesus disse certa vez: “Olhai para as aves do céu...Vosso Pai Celestial as alimenta... Mas
buscai em primeiro lugar o Reino de Deus...” (Mt. 6:26-33)! Decida hoje,
agora, mudar de vida e receba a bênção da prosperidade de Deus em sua vida!
O caminho determinado por Deus para nós não pode ser conhecido por meio de
indicações externas, e sim, por registos no íntimo. É a paz e a alegria no
espírito que indica para nós a vereda cristã. E é um facto que o Senhor Jesus
Cristo habita no crente, e que Ele se expressa continuamente em nós, pelo que
também devemos ser sensíveis para com a Sua vida, aprendendo a discernir o que
a vida nos diz.
c) Uma Vida na Presença de Deus é Uma Vida de Fé
O texto de I Reis 17:5 nos diz que Elias fez conforme a Palavra do Senhor,
isto é, ele creu em Deus, ele teve fé. No Novo Testamento, Tiago se refere a
Elias como um homem de fé que orou com fervor e o milagre aconteceu (Tg.
5:17-18).
A Bíblia nos fala de Elias como um homem simples, “sujeito às mesmas
paixões” que nós, mas mesmo assim ele “decidiu viver na presença de Deus” e
conseguiu. Isso prova que nós também podemos conduzir as nossas vidas na
presença de Deus! Sabemos que vale a pena viver na Sua presença, a decisão é
nossa! Uma vida na presença de Deus é uma vida de santificação e essa é a Sua vontade
para cada um de nós! Podemos sentir essa presença divina em nossas orações, em
nossas atitudes, na igreja, em nosso trabalho, em nossa casa, na escola ou em
qualquer lugar onde estamos. É verdade que em muitas ocasiões o melhor que
podemos fazer é o simples testemunho de uma vida de fé coerente e comprometida.
Pregar com o exemplo é uma bela forma de manifestar a presença de Deus em nossa
vida.
Temos observado que as pessoas perdem a fé com muita facilidade. Vivemos
num mundo incrédulo, sem fé, numa sociedade materialista que acredita no
dinheiro, nas riquezas materiais e se esquece do espiritual. Tem gente que já
se esqueceu que possui uma alma, um espírito para cuidar, alimentar, tratar, já
se esqueceu até de que existe um Deus lá no céu onde um dia todos vão se
apresentar diante dEle! E para quem já vive, hoje, na presença de Deus, não
terá nenhuma dificuldade de continuar vivendo com Ele na eternidade.
Como vai a sua fé? Crê que Deus existe? Crê que Deus faz milagres? Crê no
poder da oração? Crê que Deus pode resolver os seus problemas? Então tome a
decisão de “viver na presença de Deus”, como um homem de fé, assim como Elias!
Não há um tema único na literatura
espiritual que seja mais recomendado ou insistido como a mais indispensável do
que o espírito de viver na presença de Deus. Não há dúvida sobre o seu papel
fundamental. O importante é, como é que vamos crescer ou desenvolver este viver
na presença de Deus? O que fazer para viver na constante presença do Deus-Amor,
penetrados por Ele, rodeados por fora e por dentro e inundados por todos os
lados? Propomos uma preparação e múltiplos meios.
II. Um Método de Preparação Para Viver na Presença de Deus
Para sermos capazes de nos colocarmos na presença de Deus, somos
convidados, em primeiro lugar, a praticar cinco silêncios: o silêncio da
palavra, dos gestos, da mente, das paixões e o da imaginação. Não de forma
negativa, mas positiva. Os silêncios “exteriores” (palavras e gestos) nos
evitarão a dispersão por causa de falatórios ou de vã agitação. Os silêncios
“interiores” (mente, paixão e imaginação) nos preservarão da curiosidade fútil
que impede toda a concentração, da turbulência das paixões desenfreadas, das
divagações do tipo da que Pascal chamava “a louca da casa” (imaginação).
Saberemos falar com palavras ou com gestos no momento oportuno; nossa mente se
dedicará ao que vale a pena, nossas paixões serão construtivas e nossa
imaginação criadora. Tudo isso nos será de grande utilidade tanto para a nossa
vida normal como para o “recolhimento” que necessita quem quer viver na
presença de Deus.
A alma se prepara, vestindo-se com traje
de gala, como nos vestimos de gala para acolher melhor, acima e, inclusive, no
meio das vicissitudes diárias, Aquele em cuja presença queremos viver em todos
os instantes, porque sua única presença constitui nossa felicidade.
III. Outros Meios Para Viver na Presença de Deus
O primeiro meio é, naturalmente, a fé. É preciso crer e querer crer na
presença daquele que nos criou, nos salvou e nos salva a cada dia. Temos, pois,
que aplicar nosso entendimento (nossa inteligência a essa crença) à imagem do
salmista: “Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama,
eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas
extremidades do mar, Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá”
(Sl. 139:8-10). Temos que fazer como Moisés (e querer fazê-lo) que “Pela fé
deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o
invisível” (Hb. 11:27).
Para poder crer na presença de Deus, devemos estar atentos em todos os
momentos; (o primeiro) é uma atenção contínua à presença de Deus, em quem
pensamos continuamente e de quem não poderíamos esquecer, porque o amamos de
maneira única. Temos que transformar esta atenção em hábito e, para isso,
exercitar-nos regularmente, com uma especial disposição da alma e do coração.
a) Disposições particulares
“E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor,
ainda que sou pó e cinza” (Gn. 18:27). Saberemos ter esta atitude de simplicidade,
de confiança e de respeito em sua presença?
E o salmista acrescenta: “Lembrei-me dos feitos do Senhor e isso foi
minha alegria” (Sl. 77). É tão grande minha confiança que, aconteça o que
acontecer, Deus sempre será o meu amparo, minha rocha, a causa de minha
alegria?
E mesmo que, às vezes, eu duvide, mesmo que eu me pergunte por que não,
sinto a presença do Amado; saberei permanecer, através das nuvens e das trevas
da fé, das quais fala Paulo, que afirma que “agora vemos por espelho em
enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então
conhecerei como também sou conhecido” (1 Co. 13:12).
Então, poderemos permanecer na presença do Senhor e caminhar à sua frente:
“Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou,…” (1 Rs. 17:1),
diz a escritura; e a Abraão, Ele disse: “Anda na minha presença e sê
perfeito” (Gn. 17:1). Saberemos viver na presença daquele, sobre o qual o
Evangelho diz: “No meio de vós está um a quem vós não conheceis” (Jo.
1:26). Temos que elevar nosso pensamento a Ele, despertar, recordar
frequentemente a Sua presença no decorrer das horas, vê-lo no irmão com quem
nos encontramos... Também teremos que falar-lhe no mais secreto do coração,
encontrar tempo para Ele, escutar a sua palavra e, inclusive, orar-lhe como
quem respira.
Precisamos de ter prazer de estar na presença de Deus. “A minha alma
está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor…” (Sl. 84:2a). Todo o
nosso ser deve celebrar a presença de Deus. “O meu coração e a minha carne
clamam pelo Deus vivo” (v. 2b). Uma explosão de alegria. Uma grande festa.
A nossa vida precisa de estar em Deus. Não podemos reger a nossa vida a
partir do que acontece, mas pela Palavra, que nos ensina que Deus conhece todas
as coisas e sabe o que é melhor para nós. A Palavra de Deus de precisa ser o
nosso alimento diário. “O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para
si, onde ponha os seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos
Exércitos, Rei meu e Deus meu” (v. 3)! A nossa identidade precisa de ser
marcada por uma profunda comunhão com Deus. Não dá para viver fora da presença
amorosa e gloriosa de Deus.
A nossa força é resultado da nossa comunhão com Deus. “Bem-aventurado o
homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados”
(v. 5). O versículo 11 diz que Deus é o nosso sol e escudo. É o nosso protetor.
Deus é aquele que supre as nossas necessidades – “O Senhor da Graça e Glória;
nenhum bem sonega aos que andam retamente” – É necessário andar retamente, em
Fidelidade e Santidade.
A busca pela presença de Deus é algo que precisa aquecer o nosso coração
diariamente. O Sl. 42:1-2ª diz: “Como suspira a corça pelas correntes das
águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de
Deus, do Deus vivo...”
O Salmista trabalha também neste Salmo a alegria de estar na casa de Deus.
“Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos” (v. 1). No
versículo 4, ele também declara o seu prazer: “Bem-aventurados os que
habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente”. No verso 10 coloca a sua
preferência: “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à
porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade”.
Precisamos de viver com Sede da presença de Deus. Como diz o cântico. “Não importa o que vão pensar de mim, eu
quero é Deus”. Tenhamos como meta na vida estar junto de Deus, sendo
guiados pelas suas poderosas mãos. “Alegrei-me quando me disseram, vamos a
casa do Senhor” (Sl. 122:1). Deste modo, seremos envolvidos pela presença
do Senhor, penetrando no mais íntimo do nosso ser, concedendo-nos a consciência
desta presença, e de viver sempre nela e irradiá-la em cada instante de nossa
vida. Amém.
IV. Os Benefícios de Viver na Presença de Deus
A vida na presença de Deus nos cumula evidentemente de imensos benefícios.
E o próprio Deus não é o maior de todos, o maior dom que existe? Viver no seio
da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, não é a própria fonte da felicidade?
De certo modo, é viver o céu nesta terra, uma vez que o céu consiste em viver
na presença de Deus. Consiste em ter sempre o Senhor diante de nós. Com Ele à nossa
direita, não seremos abalados (Sl. 16:8).
Viver
na presença de Deus nos promete isso. Além dessa felicidade, esse exercício contínuo da presença de Deus
conserva admiravelmente a alma pura, santifica as nossas ações, faz-nos
aproveitar todas as ocasiões de praticar o amor e nos eleva imperceptivalmente
a um alto grau de perfeição.
O profeta Isaías adverte o seu povo de forma objetiva e severa: os vossos
pecados fazem separação entre vós e o vosso Deus (Is. 59:2). Estas sinceras
palavras demonstram que o pecado tem o poder de afastar, de distanciar, de
desunir Deus e o homem, levando a criatura à perda do privilégio de desfrutar da
presença do Criador.
Enquanto habitavam o jardim do Éden, geografia onde Deus se manifestava
pela viração do dia (Gn. 3:8), Adão e Eva ouviam a voz do Senhor, falavam com
Ele e desfrutavam de Sua presença. Mas tão logo pecaram ambos foram expulsos do
paraíso, de modo que daquele dia em diante a presença de Deus já não lhes seria
facultada como antes. Uma vida sem Deus implicaria em cativeiro, sofrimento,
mal-estar e de tudo aquilo que o afastamento do Senhor é capaz de proporcionar
ao homem.
Afinal, examinando agora alguns textos bíblicos, são múltiplos e
incontáveis os benefícios que o homem goza quando vive na presença de Deus, e
alguns deles, que nos trarão bem nesta vida e por toda a eternidade, serão aqui
destacados para uma reflexão mais objetiva, de modo a despertar interesse por
uma vida que efetivamente a cultive.
Considerando a importância destes efeitos da presença de Deus para uma vida
humana saudável, observemos cada um deles para que sejamos não só confortados
como também saibamos glorificar a Deus por sua bondade para connosco dando-nos
ocasião para tal experiência.
1.
A nossa visão se alarga!
Passamos
a olhar para os acontecimentos da vida sob a ótica de Deus, alarga o nosso
entendimento e não temos mais receios na nossa forma de pensar. Passamos a ter
tranquilidade porque temos a capacidade de ter a visão de Deus. Nós não nos
desesperamos pelo que vimos, mas acreditamos naquilo que Deus mostra e temos a
certeza que estamos a salvo. Nossos olhos percebem que o nosso Deus não está
distante, vemos a mão de Deus agindo em nosso favor nos mínimos detalhes.
Passamos a ver a vida pela forma que Deus vê!
Aqueles
que têm fé no agir de Deus, não se desesperam, não se esquecem da sua fé, não
deixam de lado tudo o que já sabem e o que já aprenderam no caminhar com Deus.
Quem tem a visão de Deus vai além e dá testemunho. A sua visão se alarga e
passam a perceber Deus entrelaçado em sua existência.
Alargar
a nossa visão de Deus significa subir ao lugar onde Ele está sentado e observar
como trabalha. É claro, o tamanho Dele não muda, mas nossa perceção, sim.
Quanto mais nos aproximamos, mais Ele parece maior.
A
visão que um homem tem de Deus determina a sua história. Foi por isso que Jesus
num determinado momento perguntou aos seus discípulos: “Quem dizeis que eu sou”? Enquanto a imagem que eles tinham se
baseasse em especulações humanas e não em revelação, eles não estariam
habilitados para crescer. Há muitos que têm uma visão parcial ou distorcida de
Deus e por isso não se relacionam adequadamente com Ele. Porém, diante da visão
correta de quem Ele é, é impossível não mudar de vida.
Ter
visão significa ter sensibilidade espiritual para entender em qual direção a
nuvem da presença de Deus vai, sermos capazes de enxergar o que Deus tem para
nós, independentemente das situações ao redor. Deus quer nestes dias, alargar
nossa visão. Ele quer alargar a visão que temos da nossa posição de sacerdote
em Sua casa. Ele quer alargar a visão para a nossa vida profissional e nosso
futuro. Ele quer alargar a nossa visão do Reino.
2.
O nosso foco muda!
A
presença divina coloca o foco do nosso olhar na pessoa de Deus. Tiramos os nossos
pensamentos de nossas limitações, de nossas dores, e passamos a meditar na
sublimidade de Deus. O nosso foco passa a ser a pessoa Deus! A nossa reflexão
focada em Deus coloca as nossas lutas na perspetiva correta! Nossas
adversidades passam a ser avaliadas segundo o poder de Deus e não segundo as nossas
limitações! O foco em Deus muda a dimensão da nossa vida! Saímos da dimensão do
possível e passamos a viver na dimensão do impossível.
O
profeta Elias, um dos maiores profetas mencionadas na Bíblia, um homem simples,
de origem extremamente humilde, realizou um dos maiores ministérios proféticos,
organizou a primeira Escola de profetas, fazendo discípulos e ensinando a todos
a viverem na presença de Deus, pois era assim que ele vivia, colocando sempre o
seu olhar na presença de Deus.
No
Novo Testamento, observamos Elias sendo citado constantemente e chega,
inclusive, a aparecer ao lado de Jesus na experiência do “Monte da
Transfiguração”, provando que a sua vida permanece na presença de Deus!
3.
A nossa atitude muda!
Vivemos
numa sociedade tão violenta que não sentimos a mínima segurança onde quer que
nos encontremos, nem mesmo em nossos lares. E aí aumentamos os muros, colocamos
grades, sistemas de segurança, vigias, cão-de-guarda, nos armamos etc. E ainda
assim continuamos inseguros, pois se Deus não guardar... (Sl. 127:1-2). Mas
aquele que entrega a sua vida ao Senhor, aquele que decide viver na presença do
Senhor não teme mal algum, pois Deus guarda a sua vida... (Sl. 91).
Nós
somos sacerdotes do Deus Altíssimo e toda a nossa vida deve ser oferecida como
um sacrifício agradável a Deus. Os nossos pensamentos, palavras e ações
pertencem ao Senhor, devemos oferecer e usar tudo o que temos e somos para
edificação do Corpo de Cristo. Seja um cristão atuante e cumpra as suas
responsabilidades com amor, não desista, pois no Senhor o seu trabalho não será
em vão!
A
certeza da presença de Deus nos leva a olhar para a vida com a expectativa de
que, uma vez que temos Deus envolvido em nosso dia a dia, cada momento
transforma-se numa possibilidade de um milagre – de uma manifestação
sobrenatural. Nossa atitude de pessimismo passa para uma atitude de expectativa
de um feito grandioso de Deus. Muitas coisas que antes tinham tanta importância
para nós, não têm mais valor, aprendemos também que é melhor ser do que ter.
Outros valores passam a ter prioridade, e entendemos que não precisamos de ser
reconhecidos por ninguém. Decidimos viver na presença de Deus, sem medo algum,
levantando a nossa voz profética contra toda a injustiça e idolatria que são
praticadas neste mundo, pois sabemos que estamos guardados e seguros nas mãos
do Senhor, o Deus Todo Poderoso! Passamos a olhar para a vida com os olhos de
quem sabe que um milagre divino está acontecendo agora!
Se
decidir viver na presença de Deus, Ele viverá consigo e se sentirá seguro! Deus
enviou seu Filho Jesus para estar connosco todos os dias e para sempre...! As nossas
vidas não serão mais vazias, os nossos cultos terão vida, as nossas músicas terão
unção e as nossas mensagens serão vivas, porque Deus está presente. Passamos a
entender que a nossa fonte é Ele, que a nossa alegria está nEle, que a nossa
paz está nEle. Que a nossa vida sem Ele não tem sentido. Nós, que aprendemos a
colocar a nossa confiança no Deus vivo e verdadeiro, precisamos dEle
desesperadamente e necessitamos de receber as Suas instruções a cada dia,
contidas na Sua Palavra...
4.
O nosso potencial cresce!
Homens
e mulheres espiritualmente atentos hoje em dia, em todo o mundo, começam a
perceber que o crescimento espiritual e o acordar espiritual são a maior
prioridade para o nosso tempo.
O
viver na presença do Senhor é o caminho do crescimento, o modo de aprofundar o
nosso compromisso com a vida, a nossa maturidade. É uma prioridade da maior
importância para todos nós permitir ao nosso espírito duas coisas:
Primeira: o contacto mais
profundo com a fonte da vida, e então como resultado desse contacto dar ao
nosso espírito espaço para se expandir. O contacto com a fonte da vida é vital
para nós, porque sem ele mal suspeitamos do potencial que a nossa vida tem. E
esse potencial é que nós devemos crescer, devemos amadurecer, e chegar à
plenitude da vida, do amor e da sabedoria. E isso é de suprema importância para
todos nós. Por outras palavras, o que cada um de nós tem que fazer e é
convidado a fazer é começar a perceber o mistério do nosso próprio ser, o
mistério da vida. Novamente, na visão proclamada pelo Senhor Jesus Cristo,
todos somos convidados a compreender a sacralidade do nosso próprio ser e da
nossa própria vida.
Segunda: por ser esta
prioridade de tão grande importância é que, nomeadamente, devemos permitir ao
nosso espírito o espaço para se expandir. Na tradição da meditação este espaço
para a expansão do nosso espírito encontra-se no silêncio e a meditação é um
modo de silêncio e um compromisso com o silêncio. Um silêncio que cresce em
todas as partes da nossa vida. Um silêncio que podemos apenas descrever como o
silêncio infinito de Deus, o silêncio eterno de Deus. É neste silêncio que
começamos a encontrar a humildade, a compaixão, a compreensão, que precisamos
para esta expansão do espírito.
A
desnutrição espiritual paralisa o nosso crescimento na presença de Deus. Quando
nos distanciamos da Palavra, ficamos fracos e doentes espiritualmente. Em
contrapartida, quando nos alimentamos da Palavra, amadurecemos a nossa fé,
vencemos as tentações e suportamos as provações com fidelidade, pois a Palavra
nutre e renova o vigor espiritual em nosso coração. Além disso, Deus se agrada
quando seus filhos crescem em comunhão, mas essa comunhão é fruto do conhecimento
da Sua Palavra.
A
segurança de que Deus está connosco nos leva a ouvi-lo através da sua Palavra.
Passamos a olhar a Bíblia como voz de Deus. À luz da Palavra, nossos passos
serão seguros, vigorosos, e não precisaremos mais de recuar diante do desconhecido.
Nossa comunicação com Deus através da oração e da Palavra nos faz crescer nEle,
crescer em intimidade com Ele, pois a presença do Senhor passa a ser o nosso
maior prazer, temos uma sensibilidade
maior com as coisas de Deus e nos faz pessoas com mais discernimento e
sabedoria.. O salmista afirmou no Salmo 119.99: ”Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos
teus testemunhos. Tenho mais entendimento que os anciãos, pois obedeço aos teus
preceitos”. Este texto deixa claro três evidências do crescimento do nosso
potencial: 1) O meu discernimento aumenta, 2) a minha sabedoria cresce e 3) a
minha capacidade de escolher corretamente aumenta! Deus cuida, alimenta e faz
prosperar aqueles que decidem viver em sua presença!
Para
crescermos em nossa relação com Deus, precisamos nos aproximar diariamente de
Cristo. Pois não existe crescimento espiritual fora de Cristo, tudo ocorre
Nele, por meio Dele e para Ele. Aliás, Ele é a pedra viva, o pão vivo e a água
viva; somente Nele encontramos satisfação e contentamento para nossa alma.
Portanto, aproxime-se de Cristo em oração, busque a sua presença com
sinceridade e firmeza, siga a orientação de Tiago: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros” (Tg. 4.8). Essa
aproximação produzirá frutos em sua relação com o Pai Celestial.
5.
A nossa gratidão aumenta!
Quando
andamos com Deus, quando caminhamos na sua presença, isto nos capacita a ver a
vida como um dom divino. Paramos de pensar na vida em termos de “sorte” ou
“coincidências” e começamos a ver a vida em termos da generosa mão de Deus
agindo por nós. Nosso coração é invadido pelo senso de dívida para com Deus –
nosso coração é tomado pela atitude de gratidão. Em Tiago 1:17 está registado
como uma pessoa que anda com Deus vê a vida: “Tudo de bom que recebemos e tudo o que é perfeito vêm do céu, vêm de
Deus, o Criador das luzes do céu. Ele não muda, nem varia de posição, o que
causaria a escuridão”.
Regozijamo-nos
porque o Senhor está connosco e porque fomos semeados em fraqueza com o propósito
específico de alcançar maior poder e perfeição. Os santos devem expressar a sua
gratidão, por terem alcançado a salvação eterna e uma coroa de glória na
presença de Deus, com poder para progredirem em todo o conhecimento ilimitado e
através de etapas incontáveis de progresso, desfrutando dos sorrisos de
aprovação de nosso Pai e Deus, bem como de Jesus Cristo, nosso irmão mais
velho. Uma pessoa que anda com Deus é cheia de gratidão, visto que o Senhor
reina e executa a Sua vontade entre os habitantes da Terra.
Quando
somos abençoados com toda a sorte de bênçãos, o Senhor misericordioso espera
que as recebamos com gratidão e zelemos por elas quando as tivermos ao nosso
dispor. Temos a obrigação de progredirmos por meio de todas as bênçãos que
recebemos do Senhor. Através delas podemos demonstrar ao nosso Pai Celestial
que somos mordomos fiéis; além disso, é uma bênção ter o privilégio de aumentar
a nossa gratidão com o que o Senhor coloca à nossa disposição.
A
gratidão é uma sensação tão agradável... Cresce onde sementes são lançadas e
floresce sob o sol. De um coração caloroso e bom, cresce mais quando é cuidada.
Quando se enraíza no sentimento humano logra proporcionar harmonia interna,
liberação de conflitos, saúde emocional, por luzir como estrela na imensidão
sideral... Quase todos temos motivos para a gratidão, quando pessoas em nossas
vidas têm tempo para partilhar e nos fazer saber por bons actos que nós estamos
em seus pensamentos e que elas se importam. a gratidão é a assinatura de Deus
colocada na Sua obra. Quem cultiva gratidão aspira sempre por ter mais
plenitude de vida, sem a preocupação de ser o melhor, de viver apenas no clima
da competição.
6.
As nossas bênçãos se multiplicam!
Quando
vivemos cada momento na presença de Deus, começamos a experimentar as bênçãos
que antes ignorávamos. Nossos olhos se abrem e passamos a ver com mais
intensidade os feitos de Deus a nosso favor, mas não só isto; Passamos a ser bênção
para aqueles que estão ao nosso lado. Andar na presença de Deus multiplica as nossas
bênçãos e nos faz bênçãos aos demais! “Eu
sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença.... Abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e
tu sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que
te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn.
12.1-3; 17:1).
7. Alegria – “Na tua presença há plenitude de alegria”
(Sl. 16:11).
Neste verso Davi, um dos grandes personagens do Antigo Testamento, fala da
alegria como algo inerente à presença de Deus. De forma muito clara o salmista
diz que na presença de Deus há plenitude ou abundância de alegria, vinculando
uma coisa à outra. Ou seja, quando o homem prova da presença de Deus ele
experimenta alegria indizível em razão disto.
Deste modo, se há plenitude de alegria na presença de Deus se pode deduzir
desta máxima que, primeiramente, para se ter plenitude de alegria é preciso
antes ter a presença de Deus e, em segundo lugar, que sem a presença de Deus a
plenitude de alegria não é possível ser experimentada.
Assim, se o cristão se importar em cultivar a presença de Deus,
consequentemente, experimentará da alegria plena, da alegria consistente, da
alegria verdadeira e, provando-a, se fortalece de forma especial, pois a
alegria que Deus infunde no coração humano por intermédio de Sua presença tem
um poder tónico conforme Neemias proclamou: a alegria do Senhor é a nossa força
(Ne. 8:10).
A alegria é um grande tónico para a alma e, então, para o corpo, pois uma
pessoa que tem um coração alegre tem muito mais chance de gozar de melhor saúde
conforme proclama Provérbios: um coração alegre é bom remédio. Assim, o
primeiro benefício que a presença de Deus traz é a alegria, e alegria que dá
vigor.
8. Bênção – “O Senhor abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo quanto tem, por amor
da arca de Deus” (2 Sm. 6:12).
Este verso é uma parte do relato da história que trata do momento em que o
rei Davi busca a arca da aliança para trazê-la para a cidade de Sião, já que
ele havia decidido que não reinaria em Israel sem a sua estada ali.
Enquanto Davi a transportada da terra dos filisteus para a cidade de Sião,
a arca fica por alguns dias na casa de Obede-Edom, que é um israelita. E,
enquanto ela fica guardada ali, diz a Bíblia que Deus abençoou aquela casa por
amor da Sua arca. Devemos entender que ao tempo deste facto a arca da aliança
simbolizava a presença de Deus, de modo que onde a arca estivesse Deus ali
estaria. Assim, como a arca ficou na casa de Obede-Edom Deus se fez presente
naquele lar, e por estar ali Sua presença abençoou a todos.
Obede-Edom, enquanto a arca esteve em sua casa, não precisou de suplicar ou
clamar pelas bênçãos de Deus, porque a Sua presença por si só abençoava aos que
se encontravam a sua volta. Pode se dizer, então, que a presença de Deus
abençoa a casa na exata proporção que a sua ausência a amaldiçoa. Não é que ao
se afastar do lar Deus manda maldição à família. Não, não é isto. Assim como
quando se apaga a luz não é preciso chamar a escuridão para ocupar o lugar onde
antes não se encontrava, a maldição é decorrência direta da ausência da bênção
e, a bênção decorrência direta da presença de Deus.
Uma família que quer experimentar as bênçãos de Deus deve, antes de tudo,
buscar o Deus que abençoa, pois as suas bênçãos estarão onde a sua presença
estiver. Portanto, o segundo benefício da presença de Deus é abençoar a casa
que se importa em cultivá-la.
9. Descanso – “A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso” (Ex.
33:14).
Moisés, outro grande personagem da história bíblica, foi encarregado por
Deus para tirar o povo de Israel do Egito e levá-lo à terra prometida. Isto
implicaria numa longa caminhada no tempo e na geografia, já que o percurso
envolveria grandes obstáculos a serem vencidos.
Para enfrentar a longa caminhada sem ser vencido pelo desgaste Moisés teve
a confortante promessa de Deus de que iria junto dele, e estando junto lhe
daria descanso por todo o tempo da jornada. Deus diz então a Moisés: eu irei
contigo e, estando contigo a minha presença te dará descanso por todos os anos,
por todos os quilómetros e em face de todos os problemas que terás pela frente.
Obviamente, que Deus prometeu isto a Moisés porque ele se envolveu em
realizar na terra um projeto divino, e como o projeto era de Deus, Deus que é
sempre misericórdia e perdão lhe daria a Sua presença para lhe dar condições de
realizar a Sua vontade.
Grande consolo e ânimo devem ter invadido a alma daquele homem quando soube
que, primeiramente, Deus lhe daria sua presença ou sua companhia e que,
segundo, a sua presença lhe daria o descanso necessário para a realização de
uma missão assim tão desafiadora.
Trabalhando na presença de Deus Moisés encontraria descanso para prosseguir
adiante. Descanso é algo muito útil ao homem dada a sua notória e evidente
fragilidade. Ainda que seja capaz de realizar grandes coisas o homem é em si
mesmo uma criatura fraca, limitada e de forças reduzidas. Ele tem que dormir
para recompor as energias; assentar para refazer as forças; parar de trabalhar
ao final de semana para não se esgotar; cuidar do stress, da ansiedade, da
preocupação, que o esgotam, etc.
Moisés encontraria todo o tipo de exaustão pela frente rumo ao propósito de
Deus. No entanto, contando com a Sua presença ele teria o descanso necessário
para reposição contínua de suas energias. Somente esse descanso oferecido pela
presença de Deus pode explicar o final de vida de Moisés, que teve uma vida
longeva mas com grande vigor físico, pois a Bíblia diz a seu respeito: “tinha
Moisés a idade de cento e vinte anos quando morreu; não se lhe escureceram os
olhos, nem se lhe abateu o vigor” (Dt. 34:7).
Lembremo-nos que o dia de sábado instituído ao tempo da Lei era chamado de
dia de descanso, e isto não somente porque o povo não trabalhava neste dia mas
sim, porque eles se voltavam mais para Deus. Com efeito, o verdadeiro e
autêntico descanso para o homem não é somente deixar de trabalhar para curtir o
ócio, a preguiça, ou coisa parecida, mas sim, o voltar-se mais para Deus e sua
presença. Portanto, o terceiro benefício da presença de Deus é que ela concede
descanso aos que a experimentam.
10. Ausência do medo da morte - “Ainda que eu ande pelo vale da
sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo” (Sl. 23:4).
A morte, sem dúvida alguma, atemoriza e os homens, pois temem mais a sua
aproximação do que a de qualquer outro inimigo. Afinal, ela sempre se apresenta
cruel e invencível. E, biblicamente falando, a morte é verdadeiramente inimiga
da alma humana, razão pela qual Jesus veio ao mundo para vencê-la, para afastar
dos crentes o medo dela.
O único meio para enfrentar a morte sem temor é cultivar a presença de
Deus. O salmista diz que o andar pelo vale sombrio da morte não lhe causaria
espanto se ali naquele lugar tenebroso ele pudesse contar com a presença do
Senhor. Ele diz: “Porque Tu, Senhor, está comigo, mesmo andando pelo vale da
sombra da morte eu não temerei mal algum” (Sl. 23:5).
O momento da morte é o tempo mais solitário do homem, pois nem mesmo a
companhia do semelhante lhe poderá valer de conforto. No entanto, este momento
de solidão poderá ser enfrentado com destemor se a presença de Deus puder ser
provada. Portanto, o quarto benefício da presença de Deus é dar ao homem
companhia para o dia mais solitário e para o momento mais cruel da existência
humana.
11. Coragem para lutar - “Quando saíres à batalha contra os
teus inimigos, e vires cavalos, carros, e exército mais poderoso do que o teu,
não os temerás, porque o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, está
contigo” (Dt. 20:1).
A vida é um grande ringue cujas lutas são travadas diuturnamente e sem
cessar. E para se lutar sem covardia, sem medo, sem fracasso é preciso coragem,
coragem que deve ser buscada na fonte principal, ou seja, em Deus.
Deus encorajou os israelitas à luta, a qual seria empreendida contra
inimigos e exércitos e em batalhas além de suas próprias forças
assegurando-lhes a sua presença. Eu estarei contigo, era a promessa, e promessa
encorajadora, pois se eles lutassem as lutas que Deus orientava eles poderiam
contar com a Sua ajuda.
Buscar coragem, disposição, poder ou qualquer coisa necessária à luta fora
da presença de Deus é correr risco desnecessário. É lutar para não vencer ou
para vencer com muitas baixas.
A presença de Deus dá a coragem para enfrentar o inimigo da forma mais
estranha à mente humana, e mesmo assim, alcançar a vitória. Que o digam os
israelitas ao vencerem a cidade de Jericó, cujos muros caíram com um simples
grito. Mas é certo que antes do grito eles tiveram que sujeitar suas vidas,
suas almas, às estratégias de Deus, e quando assim o fizeram Deus lhes concedeu
a vitória. Diz o salmista: Em Deus alcançaremos a vitória (Sl. 108:13). É em
Deus e não através de Deus que a vitória vem. Desta forma, o quinto benefício
da presença de Deus é a coragem que toma conta da alma para triunfar com
lealdade e sabiamente.
12. Satisfação – “Vale mais um dia nos teus átrios do que em
outra parte mil” (Sl. 84:10).
A insatisfação atormenta a alma e torna irrequieto e desassossegado quem
por ela é dominada, causando grande mal-estar aos que estão escravizados por
sua força. Uma pessoa insatisfeita é capaz de grandes loucuras para encontrar o
bem-estar que a sua alma reclama.
As propagandas têm por objetivo gerar no consumidor a ideia de que ao
consumir a coisa anunciada ele ficará satisfeito. Se ela não gera este
convencimento no seu público-alvo ela não será tida como de boa qualidade. Na
maior parte das vezes a propaganda alcança este objetivo porque uma pessoa
insatisfeita é vulnerável, em regra, a qualquer sugestão.
Onde encontrar a verdadeira satisfação? Tal pergunta está presente em muitos
corações, ainda que nem tantas vezes verbalizada para conhecimento do outro.
John Ortberg escreveu que “o coração humano se sente insatisfeito desde que
deixou o Éden”.
O salmista, para espanto de muitos, pode responder à indagação dizendo: “vale
mais um dia nos teus átrios do que em outra parte mil” (Sl 84:10).
Numa comparação bastante convincente ele
nos diz que a satisfação de estar um único dia nos átrios da casa de Deus, ou
seja, no lugar onde Deus habita e, então, junto à Sua presença, é muito mais prazeroso,
satisfatório e realizador do que passar mil dias em qualquer outro lugar da
terra, se ali a presença de Deus não pode ser experimentada. Portanto, o sexto
benefício da presença de Deus – a satisfação – põe a alma em repouso.
VI. Conclusão.
Estes benefícios da presença de Deus podem nos despertar para uma busca
mais dedicada de Deus, já que tudo o que ela proporciona aos que a experimentam
são realidades que se mostram úteis e necessárias para uma vida vivida de forma
melhor.
É Deus em sua infinidade de bondade quem concede aos que O buscam a
alegria, as bênçãos, o descanso, a coragem, o destemor da morte e a satisfação
para que os seus filhos tenham uma vida mais equilibrada, a qual será alcançada
em plenitude por ocasião da volta de Cristo, quando então um novo céu e uma
nova terra serão postos ao alcance dos salvos.
O evangelho, cuja palavra significa, boa nova, é verdadeiramente uma boa
notícia quando o seu ouvinte que nele crê passa a desfrutar da presença de
Deus.
Cristo nos salvou para termos uma vida abundante. Ele nos reconciliou com
Deus para não ficarmos separados dele. Ele nos purificou de todos os pecados
para podermos estar em Sua presença hoje e sempre. Em tudo isto a bondade é de
Deus que nos permite desfrutar de sua presença. Os méritos são Cristo que nos
une a Deus. Os benefícios são nossos que cremos no Salvador.
Experimentar tudo isto – alegria que dá vigor, bênção que alcança a
família, descanso para a jornada, coragem para lutar, destemor na hora da morte
e descanso que mantém conservadas as forças - é direito dos salvos, os quais
não precisam de nenhum esforço adicional senão arrependimento dos seus pecados
para manterem-se constantemente em Cristo Jesus.
Além dessa felicidade, esse exercício contínuo da presença de Deus conserva
admiravelmente a alma pura, santifica nossas ações, faz-nos aproveitar todas as
ocasiões de praticar a virtude e nos eleva imperceptivalmente a um alto grau de
perfeição. Ou seja, começa a nossa metamorfose. É puro de coração aquele que
não faz cálculos, como uma criança cheia de confiança. Esta metamorfose nos faz
viver e agir de outro modo com nós mesmos e com os outros: aprendemos a
amar-nos como o Pai nos ama e a olhar os irmãos com o mesmo olhar de Deus.
Assim, nossas ações e nossa vida serão santas com a mesma santidade de Deus...
Se é preciso uma vida para tornar-se santo, que melhor maneira de conseguir
isso, a não ser esta vida na constante presença de Deus?
lindas mensagens que Deus faço-nos seus cordeiros em nome do senhor onipotente.(Jeová)
ResponderEliminarAmei esse planejamento.
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