“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as
conheço, e elas me seguem” (Jo. 10:27).
Introdução
O
ser humano foi criado para se relacionar com Deus. O relacionamento que o
Criador propõe é prazeroso, completo e, por isso, Ele não se contenta com algo
superficial, por isso, as ovelhas a quem Deus fala com clareza e certeza, e que
não seguem falsos mestres, mas que conhecem a voz do seu Senhor, vivem pela sua
voz, são guiadas por sua voz, consoladas por sua voz e orientadas em todas as
coisas por sua voz! Esta é uma grande característica do povo santo: não se
deixa confundir quanto à voz de Deus. Eles a conhecem - ouvem-na; são
governados por ela. Ela é certa, constante e inconfundível.
Génesis
3:8 diz que Adão e Eva “ouviram a voz do Senhor
Deus”, o que significa que Deus sempre teve um povo guiado exclusivamente
pela sua voz. Abraão veio a ser o pai de muitas nações porque ouvia e obedecia
à voz de Deus. “E em tua descendência (de
Abraão) serão benditas todas nações da terra; porque obedeceste à minha voz”
(Gn. 22:18). “Porque Abraão obedeceu à
minha voz, e guardou o meu mandamento, os meus preceitos, os meus estatutos e
as minhas leis” (Gn. 26:5).
Moisés
não fazia nada sem ouvir a voz de Deus: “E o clangor da buzina ia aumentando cada vez mais: Então Moisés falava,
e Deus lhe respondia por uma voz” (Êx. 19:19). “E o Senhor lhe disse” (Êx. 19:21). “Então disse Moisés ao Senhor” (Êx. 19:23). “Então falou Deus” (Êx. 20:1). Moisés e Deus falavam um com o outro
como amigos íntimos.
Deus
sempre buscou um povo que honrasse e temesse a sua voz. Deus disse a Moisés: “Ajunta-me o povo, para que eu os faça ouvir
as minhas palavras, e aprendam a temer-me todo o tempo em que viverem na terra,
e as ensinem a seus filhos” (Dt. 4:10). “Então o Senhor vos falou do meio do fogo. Vós ouvistes as palavras, mas
além da voz, não vistes figura nenhuma” (Dt. 4:12). “Ou se algum outro povo ouviu a voz de Deus falar do meio do fogo, como
tu a ouviste, e tenha ficado vivo” (Dt. 4:33). “Desde os céus ele te fez ouvir a sua voz para te ensinar... ouvistes as
suas palavras” (Dt. 4:36). “E
dissestes... ouvimos a sua voz... hoje vimos que Deus fala com o homem, e que
este permanece vivo” (Dt. 5:24).
Samuel
ouviu de modo claro a voz de Deus. Quando ele a ouviu, ela era tão clara
que “nenhuma de todas as suas palavras
deixou cair em terra” (1 Sm. 3:19). “Continuou
o Senhor a aparecer em Silo, e aí se manifestava a Samuel pela sua palavra.
Veio a palavra de Samuel a todo o Israel” (1 Sm. 3:21; 4:1).
Davi
ouvia Deus falar; e ele, por sua vez, falava com Deus. A voz de
Deus era a sua alegria e vida. Disse Davi: “Disse
Deus do seu santuário: Eu me regozijarei” (Sl. 60:6). “O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha
boca... a Rocha de Israel a mim me falou” (2 Sm. 23:2-3).
Sabemos
que Deus falou com os homens em tempos passados no Antigo Testamento, mas
nestes últimos dias “falou-nos pelo Filho” (Hb. 1:1-2). E seu Filho ainda está
falando com os seus filhos! Ele disse que as suas ovelhas conhecem a sua voz, e
não atenderão à voz de estranhos.
Deus
falou com Saulo na estrada de Damasco: “subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo por terra,
ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues” (At. 9:
3-4)? Pelo resto da vida Paulo testificou: “Ouvi
a sua voz”. Diante do rei Agripa disse: “ouvi uma voz que me falava, em língua hebraica... respondeu ele...
levanta-te... eu te apareci por isto” (At. 26: 14-16).
Pedro
ouviu a voz de Deus e obedeceu a ela. Em oração, ouviu Deus falar: “Ouvi também uma voz que me dizia:
Levanta-te, Pedro. Mata e come. Mas eu respondi: De maneira nenhuma, Senhor...
Mas a voz respondeu-me do céu Segunda vez... Sucedeu isto três vezes” (At.
11:7-10).
Jesus
chama a última igreja de Laodiceia para ouvir a sua voz e abrir a porta: “Eis que estou à porta, e bato: se alguém
ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e
ele comigo” (Ap. 3:20).
A
voz de Deus só é ouvida pelos que se fecham com ele em oração secreta. Deus é
muito cuidadoso para selecionar as pessoas com as quais fala. Fala apenas aos
que dão valor à sua voz, a ponto de se isolarem do mundo inteiro para ficar a
sós com ele, e esperar por ele. A voz de Deus vinha a Moisés quando ele se
encontrava com Deus. A voz de Deus veio a João Batista quando estava sozinho no
deserto. A voz de Deus veio a Jacó no deserto de Harã. Deus falava com Josué
quando este saia do acampamento, sozinho, diante de Jericó. A voz de Deus veio
a Paulo, sozinho no deserto. A voz do Pai veio a Jesus, sozinho no monte em
oração.
A
voz de Deus é uma voz para hoje. Conhecer a voz de Deus deve ser algo
almejado por todos nós, porque o verdadeiro crente que ouve a palavra de Deus, que
verdadeiramente conhece a Deus que reconhece a sua voz acima de todas as outras,
nunca será escandalizado por ela. Ele sabe que ela vem de Deus e a recebe como
fonte de vida e crescimento que ele dá. Na verdade, Deus quer que escutemos e
reconheçamos a Sua voz! Ele deseja que estejamos absolutamente convencidos de
que Ele quer conversar connosco - contando-nos coisas que nunca vimos ou ouvimos
antes! Ele não fala connosco através de um frio no estômago ou por meio de
vibrações ou médiuns. Ouvir e reconhecer a voz de Deus é tão natural quanto
ouvir o melhor amigo conversar connosco. Além do mais, podemos ouvi-lO todos os
dias e não apenas em ocasiões especiais ou ao recitar encantamentos especiais.
Ele fala connosco nos momentos naturais da vida. Você quer ouvir a voz de Deus?
Então você tem que estar pronto para escutá-la.
O
amor é a base de todo o relacionamento de Deus para com os Seus filhos. Sendo
assim, o Senhor deseja nos ensinar a reconhecermos a Sua voz, com o objetivo de
que alcancemos maior intimidade com Ele.
Uma
das maiores bênçãos do verdadeiro crente é ouvir e conhecer a voz de Deus. É possível
ouvir a voz de Deus hoje tão certa e claramente quanto ouviram Abraão e Moisés
- tão claro como a ouviram Samuel e Davi - tão nítida como a ouviram Paulo,
Pedro, os apóstolos, e João na ilha de Patmos! Deus prometeu fazer a sua voz
conhecida de modo inconfundível pela última vez durante estes dias do fim. Ele
nos fez uma promessa e uma advertência quanto a ouvir a sua voz. Deus vai
reunir um remanescente santo, separado, numa Sião espiritual e fazer sua voz
conhecida a esse remanescente. “Mas
tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial e
aos muitos milhares de anjos” (Hb. 12:22).
Para
conhecermos a voz de Deus, precisamos de passar tempo com Ele todos os dias, em
oração, estudo da Bíblia e meditação em Sua Palavra. Quanto mais
tempo passarmos intimamente com Deus e Sua palavra, mais fácil será reconhecer a
Sua voz e liderança em nossa vida. Os empregados de um banco são treinados para
reconhecer falsificações, pois estudam tão de perto as notas verdadeiras que se
torna fácil reconhecer uma nota falsa. Devemos estar tão familiarizados com a
Palavra de Deus, que saiu de Sua boca, que quando Ele nos falar ou nos guiar, saberemos
de modo claro se tratar de Deus. Deus fala-nos de forma a que possamos entender
a verdade. Apesar de poder falar e realmente falar audivelmente às pessoas, Ele
fala principalmente através de Sua Palavra; mas às vezes através do Espírito
Santo a nossas consciências, através de circunstâncias e através de outras
pessoas. Ao aplicarmos o que ouvimos às verdades da Escritura, podemos aprender
a reconhecer a Sua voz.
A
voz de Deus que abalou a terra em gerações passadas será ouvida novamente em
poder, num último abalo! “Então
a sua voz abalou a terra, mas agora ele prometeu dizendo: Ainda uma vez
abalarei, não só a terra, mas também o céu” (Hb. 12:26). Aqui Deus está
advertindo seus filhos santos, crentes. “Vede que não rejeiteis ao que fala. Se
não escaparam aqueles que rejeitaram o que sobre a terra os advertia, quanto
menos escaparemos nós, se nos desviarmos daquele que nos adverte lá dos céus”
(Hb. 12:25).
Precisamos
de estar sensíveis à voz de Deus, assim como Samuel esteve. Precisamos de ouvir
a sua voz, antes de ministrar, antes de compor uma canção, antes de tomarmos
qualquer decisão, precisamos de pedir a direção dele (Pv. 1, 5, 6).
Há um Deus que se revela ao homem através do
registo escrito de Sua Palavra, a Bíblia. Ela é o registo escrito inspirado da
comunicação de Deus com o homem. Ela mostra em detalhes os modos pelos quais
Deus fala ao homem e a resposta de indivíduos e nações à voz de Deus. A Bíblia,
frequentemente, repete a frase “... assim diz o Senhor” e incidentes onde Ele
falou ao homem. Isto confirma que Deus se comunica com o homem e a mulher.
Por
exemplo, leia a história de Balaão em Números, capítulo 22. Deus falou a
Balaão, porém ele recusou ouvir. Deus quis tanto se comunicar com aquele homem
que Ele realmente recorreu ao uso de um asno. Balaão “recebeu, porém, castigo
da sua transgressão, a saber, um mudo animal de carga, falando com voz humana,
refreou a insensatez do profeta” (2 Pe. 2:16).
A
Bíblia assegura que os crentes podem conhecer a voz de Deus. Jesus disse: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim... Ainda tenho outras ovelhas, não deste
aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá
um rebanho e um pastor... As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e
elas me seguem” (Jo. 10:14, 16, 27).
Deus
sempre tem alguma coisa importante para dizer à humanidade. Nós somos
advertidos: “Assim, pois, como diz o
Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração
como foi na provocação, no dia da tentação no deserto... Enquanto se diz: Hoje,
se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação”
(Hb. 3:7-8, 15).
A frase “hoje, se ouvirdes a sua voz”,
confirma que Deus ainda fala aos homens em nossos dias assim como Ele fez nos
tempos passados. A advertência para ouvir confirma que o que Ele tem para dizer
é importante.
1.
A Sua Voz é
“Como o som de muitas águas”
“Eu vi a glória do Deus de Israel que vinha
do oriente. A sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu
por causa da sua glória” (Ez. 43:2
O
profeta Ezequiel ouviu a voz do Senhor e foi este o testemunho acerca dela: era
como a voz de muitas águas! Mas esta não foi a única ocasião em que ele a ouviu
desta forma. Logo no início de seu livro encontramos um relato de uma visão que
o Senhor lhe dera, e nela ele comenta acerca da voz do Senhor: “Andando eles ouvi o ruído das suas asas,
como o ruído de muitas águas, como a voz do Omnipotente, a voz de um estrondo,
como o estrépito de um exército; parando eles, abaixavam suas asas” (Ez. 1:24).
Vale
ressaltar expressões como “ruído” e “estrondo” ao se falar da voz do Senhor
como a voz de muitas águas, pois neste paralelo, a verdade que se quer
transmitir não está necessariamente ligada à água, mas ao barulho que ela faz.
Além do profeta Ezequiel, também temos o profeta Jeremias dando testemunho
disto: “Fazendo ele [Deus] ouvir a sua
voz, grande estrondo de águas há nos céus, e sobem os vapores desde os confins
da terra. Envia os relâmpagos com a chuva, e tira o vento dos seus tesouros”
(Jr. 51:16).
Tal
qual os dois profetas, o apóstolo João em seu exílio na ilha de Patmos também
teve uma profunda experiência com Deus, na qual viu o Senhor ressuscitado e
ouviu a sua voz; e o seu relato é idêntico aos que já vimos, mostrando ser esta
uma característica pertencente à voz de Deus: “Os seus pés eram semelhantes a latão reluzente, como que refinado numa
fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas” (Ap. 1:15).
Temos
três testemunhos: o de Ezequiel, o de Jeremias e o de João. E a Bíblia diz que
pela boca de duas ou três testemunhas se estabelece toda questão (2 Co. 13:1).
Portanto, isto não é apenas um exemplo ou alegoria, é uma doutrina. Não é um
mero detalhe em relação a uma descrição, e sim uma ênfase das Escrituras. A voz
do Senhor é como a voz de muitas águas!
Deus quer que entendamos e vivamos esta
verdade. Sua voz em nossas vidas deve ser como a voz de muitas águas.
2.
O Significado da
“voz como de muitas águas”
Se
a expressão “voz como de muitas águas” não é apenas uma menção ou detalhe, mas
uma ênfase e doutrina escriturística, então é de suma importância que
compreendamos o significado da terminologia bíblica. O que é ter voz como de
muitas águas? Não é a quantidade de água em si que oferece o exemplo utilizado
nas Escrituras, mas vimos que a expressão aparece ligada a outros termos como
“ruído” e “estrondo”; o exemplo, na verdade, está ligado ao barulho das águas.
Alguém pode estar no meio do oceano, olhar à sua volta e ver muitas águas, mas
ainda assim estar tudo em silêncio; não é da quantidade de água em si que a
Bíblia fala, mas sim de seu ruído. Embora no caso de uma queda d’água, quanto
maior for o volume de água maior será também o ruído...
Eu
creio que o paralelo que Deus oferece é este, o de quedas de água, cascatas,
cataratas, ou qualquer outro nome que aponte para o ruído de águas, como as
ondas bravias do mar, por exemplo. Até mesmo as chuvas (tempestades) são
apresentadas assim neste exemplo bíblico, pois a ideia é esta: ressaltar a
intensidade da voz divina.
Quando
nos aproximamos de quedas de águas, podemos observar que quanto maior é o
volume de água, maior será o ruído que ouviremos. Mas quando os visitantes não
têm como se aproximar tanto das cataratas, podemos ouvir o ruído das águas sem
que ele impeça a nossa conversa, pois é possível ouvirmos uns aos outros.
Contudo,
se formos a uma catarata de menor volume de água e de queda também menor, e nos
colocarmos debaixo dela ou mesmo bem próximo às pedras onde ela cai, poderemos
experimentar o barulho dela encobrindo a nossa voz e impedindo até mesmo
conversas, pois o provável é que ninguém ouvirá ninguém.
O
ruído de muitas águas é, em outras palavras, um ruído que encobre os outros
ruídos. Assim também é a voz do Senhor: Uma voz que encobre as outras vozes! E
aqui deparamo-nos com um princípio poderoso: Deus quer que a sua voz chegue com
tamanha intensidade em nossas vidas que cheguemos a ponto de não ouvir mais
nenhuma outra voz. Ele quer que a sua Palavra prevaleça sobre toda e qualquer
voz neste mundo, a ponto de se poder dizer de nossas vidas o que se disse em
Éfeso: “Assim a palavra do Senhor crescia
poderosamente, e prevalecia” (At. 19:20).
O
que aconteceu nesta cidade da Ásia pode (e deve) acontecer connosco! Afinal não
foi na cidade em si que a Palavra cresceu, mas na vida dos habitantes dela; e
se ocorreu a eles pode nos ocorrer também. Quando a Bíblia fala sobre o
crescimento da Palavra, fala de como ela cresce na vida das pessoas. À medida
que damos espaço à Palavra do Senhor, inclinando nosso coração para ela,
experimentamos uma intensidade maior de sua operação em nossas vidas.
Mas
note que a Palavra não apenas crescia, mas prevalecia. E prevalecia sobre o
quê? Sobre outras vozes e ruídos. Isto é que é experimentar a voz do Senhor
como voz de muitas águas. É ouvi-la tão intensa e fortemente que não ouvimos
mais nenhuma outra voz!
Por
outro lado, há pessoas que experimentam justamente o contrário: outras vozes
que vivem encobrindo a voz do Senhor em suas vidas.
Creio
que há um factor determinante que diferencia um grupo do outro. A palavra de
Deus não iria prevalecer na vida de um e de outro sem um motivo. O que
determina esta diferença?
a)
A Distância
Influencia
Como exemplo de ruído de águas, posso citar as
Cataratas, onde podemos perceber o barulho das águas sem deixarmos de conversar
uma vez que, pela distância, o ruído não chega a atrapalhar-nos. E ao comentar
sobre uma catarata barulhenta (mas não o suficiente para encobrir todos os
outros ruídos), o faço com o propósito de chamar a sua atenção para uma outra
verdade: a distância a que permanecemos da água influencia muito!
Quando
nos aproximamos das quedas da água começamos a ouvir o ruído delas. Mas quando
estamos no ponto de observação mais próximo, ainda podemos conversar. Porém, se
houvesse um meio (seguro!) de nos aproximarmos tanto de uma das quedas, a ponto
de quase nos colocarmos debaixo dela, então seria impossível conversar ou ouvir
outro som, pois o barulho da água prevaleceria sobre todos os outros.
Assim
se dá também com a voz de Deus. Se nos aproximarmos de sua Palavra, ela encobre
as outras vozes. Mas se nos distanciarmos, podemos chegar a um ponto onde os
outros ruídos acabam sendo mais altos que a Palavra de Deus em nossas vidas.
O
propósito divino é que estejamos tão próximos da Palavra que ela prevaleça
sobre toda e qualquer voz, abafando-a por completo.
Não
estou falando do quanto você conhece ou lê a Bíblia, mas do quanto está (ou
não) perto! A quantidade de água não afeta tanto como a proximidade dela...
Mencionei que é possível conversar sem que o ruído da água abafe completamente a
nossa voz. Mas se nos aproximarmos de uma catarata e nos colocarmos debaixo do
véu de água... descobriremos que mal conseguiremos ouvir uns aos outros
enquanto permanecermos debaixo daquela queda d’água.
A
lição que podemos aprender com este exemplo é que o que faz a diferença não é o
tanto da água que cai, mas sim se eu estou ou não próximo dela!
Semelhantemente
há crentes que conhecem a Bíblia já há muitos anos, e o muito que a leram e
estudaram é semelhante ao volume de águas duma grande catarata, é muita coisa!
Mas não vivem próximos da Palavra, e ela não é suficiente para abafar as outras
vozes em suas vidas!
Por
outro lado, temos irmãos que pelo pouco tempo que servem ao Senhor, suas águas
(conhecimento da Palavra) são de um volume tão menor a essa grande catarata, mas
como vivem tão próximos da luz, que possuem da Palavra, ela é suficiente para prevalecer
em suas vidas e abafar as outras vozes.
Portanto,
não é o estar na foz da queda de águas que determina a diferença, mas é a distância
a que cada um se encontra das suas águas! Se o mais novo na fé e o de menor
conhecimento entram debaixo da sua catarata, e o mais velho na fé e o de maior
conhecimento permanecem longe de sua catarata, em quem a Voz de Deus está
chegando mais alto? É óbvio que nos que estão próximos daquilo que já possuem.
É naquele que se aproxima mais, e não no que conhece mais.
A
voz do Senhor será como a voz de muitas águas, encobrindo as outras vozes e
ruídos, somente quando nos colocarmos próximos dela.
b)
O Que é Estar
Próximo?
O
estar próximo não é apenas ler e conhecer as Escrituras, mas sim permitir que o
Espírito Santo trabalhe em nós com a Palavra. Por exemplo, eu posso ser um
profundo conhecedor (e até ensinador) da fé bíblica; dizer às pessoas: as
Escrituras dizem isto, isto e aquilo... mas na minha vida cristã, na hora em
que eu precisar de exercitar a minha própria fé, posso ser vencido pela voz da
dúvida. Já um cristão, novo convertido, que não tenha nenhuma bagagem tão
profunda de Bíblia e nem saiba explicar a fé, pode ler uma porção da Palavra,
uma promessa, e permitir que o Espírito Santo trabalhe em seu íntimo revelando
a Palavra, o que fará com que ela se torne “voz como de muitas águas” em sua
vida. Terá então provado o poder da Palavra do Senhor abafando a voz da
incredulidade e dando-lhe vitória no combate da fé.
Não
estou dizendo que não há valor em estudar e conhecer as Escrituras; todos devem
dedicar-se a isto o máximo que puderem (2 Tm. 2:5). Quem dera que cada crente
lutasse contra a ignorância na busca de mais e mais da Palavra de Deus. Seria
uma verdadeira revolução! Mas o que quero dizer é que apenas isto não basta e
nem tampouco determina o sucesso de nossa vida cristã. Precisamos de conhecer e
de nos mantermos próximos da Palavra; não podemos nos distanciar.
Distanciar-se
não é deixar de saber, mas sim deixar de ser sensível, viver e experimentar
aquilo que conhecemos. Trata-se de perder a consciência espiritual daquela
verdade e, consequentemente, impedir que o Espírito Santo prossiga trabalhando
naquela área de nossas vidas.
Nestes dias o Pai Celeste está nos
convocando para que nos aproximemos novamente das águas e permitamos que elas
abafem as outras vozes e ruídos em nossas vidas.
3.
Há Diferentes
Tipos de Vozes
A voz é necessária para a comunicação e, no
dia-a-dia, há diversas vozes que tentam alcançar nossos ouvidos.
A
Bíblia revela que há muitas vozes no mundo clamando por atenção… Ouvimos muitas
espécies de vozes em nossa vida espiritual. Ao escrever aos coríntios, Paulo
mostrou nos capítulos 12 e 14 de sua primeira epístola, que Deus é um Deus que
fala. Diz que já não mais servimos aos ídolos do mudo (1 Co. 12:2), mas ao Deus
vivo que fala com cada um de nós; e então cita os dons do Espírito como um dos
diferentes meios pelos quais Deus fala. Mas ao mostrar que podemos ouvir a voz
do Senhor, ele também deixou claro que podemos ouvir outros tipos de vozes: “Há, por exemplo, muitas espécies de vozes no
mundo, e nenhuma delas é sem significado” (1 Co. 14:10).
Lemos
que não somente há línguas diferentes, mas vozes diferentes. Ouvimos muitas
espécies de vozes em nossa vida espiritual; o diabo, o mundo e a carne. Nossos
cruéis inimigos, tentarão de todas as formas abafar a voz de Deus em nós para
que lhes demos ouvidos. Mas, por outro lado, se deixarmos a Palavra de Deus se
manifestar com “voz como de muitas águas”, então as demais vozes é que serão
encobertas e a Palavra do Senhor prevalecerá.
Há
muitos tipos de vozes no mundo. Às vezes sentimo-nos pressionados a dar ouvidos
a uma voz que não se harmoniza com a de Deus. Reconhecemos que a voz do Senhor
diz o oposto, sabemos que estamos errando, mas ainda assim, ficamos de tal
maneira presos que acabamos por seguir na direção errada. E depois nos
frustramos, condenamos e lamentamos.
1)
Quais são estas
vozes no mundo?
a) A Voz do Homem -
A
voz do homem é fácil de reconhecer. A voz do homem pode parecer bonita, mas não
significa que fale a vontade de Deus. Por isso, temos de tomar cuidado. Há
muitas vozes que falam connosco dizendo ser de Deus, mas não são. São vozes
humanas que manifestam o desejo do coração humano. É a voz audível de outro ser
humano: “Então, Pedro e os demais
apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At.
5:29).
Um
exemplo disso ocorreu com Davi. Reinou em Israel, construiu palácios, teve
descanso temporário das guerras e desejou construir uma casa para Deus. O
profeta Natã disse para fazê-lo de acordo com o seu coração, (2 Sm. 7:3), mas
Deus não o deixou dormir. Ele teve de voltar ao palácio e, agora, tinha de falar
a Davi as exatas palavras de Deus.
De
facto, temos de ter cuidado, pois em muitos momentos, ouvimos vozes de homem e
não de Deus. Algumas vezes a voz do homem pode dar um conselho sábio, porém em
qualquer momento em que a voz do homem entrar em conflito com a voz de Deus,
devemos obedecer à voz de Deus e à do homem.
b)
A Voz de Satanás - A voz do diabo é mansa, mas destruidora. Há várias
situações, no contexto bíblico, em que pessoas deram ouvido à voz de Satanás e
o resultado foi trágico. A voz de Satanás foi ouvida pela primeira vez pelo
homem quando ele falou aos ouvidos de Eva no Jardim do Éden, e ela pecou (Gn. 3:1,
4-5). A voz de Satanás mente, engana, e sempre tenta levar o homem a pecar e a
distanciar-se de Deus. Você pode facilmente reconhecer isto quando ler em
Mateus 4:1-13 sobre a tentação de Jesus no deserto, onde Cristo o venceu pela
Palavra de Deus. Ele sempre fala para destruir, nunca para edificar a vida de
alguém. Você ainda pode estudar exemplos de conversas que Satanás teve com Deus
em Jó 1:7-12 e 2:1-6.
Espíritos
malignos também têm vozes: “Achava-se na
sinagoga um homem possesso de um espírito de demónio imundo, e bradou em alta
voz: Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para destruir-nos? Bem
sei quem és: o Santo de Deus” (Lc. 4.33-34)!
Algumas
vezes a voz de Satanás é realmente audível quando os demónios usam as cordas
vocais de um homem (ou mulher) possesso. Com muita frequência, contudo, Satanás
fala com uma voz audível. Ele fala mentira, engano, e pensamentos pecaminosos
para sua mente.
Temos
de estar com os ouvidos ligados no Espírito Santo para discernir entre a voz de
Deus e a do inimigo. Tenhamos cuidado, porque o diabo tenta falar aos nossos
ouvidos, mas em lugar de dar atenção à sua voz, é necessário repreendê-lo em o
nome de Jesus e pela Palavra de Deus. Só assim será possível evitar desastres
na vida cristã.
c) A Voz do Ego - A voz do ego é o
homem falando a si mesmo. Você pode ler os exemplos disto em Lucas 16:3 e 18:4,
e em Jonas 4:8 onde o profeta desejou morrer. A Bíblia adverte o seguinte sobre
a voz de ego: “Eu sei, ó Senhor, que não
cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus
passos” (Jr. 10:23).
4.
Precisamos de Aprender
a Ouvir a Voz de Deus.
A
voz de Deus nem sempre diz o que queremos ouvir, mas habitualmente diz o que
precisamos escutar. Basta haver disposição para ouvi-la e, principalmente,
colocá-la em prática. Precisamos de estar preparados e o discernimento é um
pré-requisito fundamental para percebermos que Ele está realmente falando
connosco. O Espírito Santo sempre fala aos nossos ouvidos: “Quem têm ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às Igrejas” (Ap. 2:7).
Deus
fala de diversas maneiras. Pode ser pela pregação, pela leitura bíblica, pela
palavra profética. Ou através de uma criança, da natureza, da experiência de
pessoas idosas; enfim, o Senhor fala da forma que julgar necessário. Isso
porque Ele conhece cada pessoa: suas características pessoais, seu caráter, sua
personalidade, seu temperamento. Quando quer, fala diretamente ao nosso
coração. Por isso é importante aprendermos a ouvir a voz de Deus (1 Sm. 3:4).
Jesus
disse que os crentes poderiam conhecer a voz de Deus e diferenciá-la de outras
vozes: “Para este o porteiro abre, e as
ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz
para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas,
e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o
estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos” (Jo.
10:3-5).
Como
precisamos de aprender a ouvir a voz de Deus, a receber dEle uma orientação
direta e clara para as nossas vidas! Precisamos de ouvir a voz de Deus para nos
dar força, para vencer, para continuarmos lutando, para sermos consolados e
confortados. No desespero de ouvir a voz de Deus, muitos procuram horóscopos,
adivinhos, cartomantes, necromantes, feiticeiros, tarô, etc. Mas essas são
vozes de engano e morte, são vozes do “ladrão e salteador”, daquele que não é o
nosso Pastor (Jo. 10:1). Hoje, como nunca, precisamos de aprender a ouvir a voz
de Deus, que é uma voz audível, mansa, suave e que traz direção, proteção e
salvação para a nossa vida!
É
importante adquirir a prática de ouvir a voz de Deus. Ouvir não com o ouvido,
mas com o coração. Ouvir a Deus é colher no coração o que Ele inspira. A
resposta do Senhor é semeada no nosso coração, no mais íntimo do nosso ser, no
mais profundo de nós mesmos, no cerne de nós mesmos, lá onde Deus habita, lá
onde Deus mora.
Precisamos
de aprender a ouvir a voz de Deus. Se não tivermos a facilidade de ouvir a
Deus, se não tivermos habilidade de ouvi-Lo, arriscaremos em primeiro lugar a
nossa vida, e depois a vida de muita gente.
A
sabedoria de Deus está ao nosso alcance. Precisamos de captá-la, e a verdade é
que a sabedoria divina é posta em nós, lá no centro de nós mesmos, mas rodeada
de muito barulho, de muito ruído. Não que Deus não queira, mas porque já há
muito ruído dentro de nós: mil vozes, mil coisas, mil preocupações a nosso
redor. É difícil nós podermos fazer silêncio, podermos parar e entrar dentro de
si mesmo. O mundo nos solicita o tempo todo.
É
barulho de rádio, de televisão, de carro, de rua, de máquina, e nós nesse
torvelinho. E por causa disso, o barulho está na nossa cabeça. Parece que nos
acostumamos com aquele barulho, com aqueles sons, e a nossa cabeça vai no mesmo
ritmo dos barulhos ao nosso redor. Temos de treinar a entrar em nós mesmos, e é
por isso que Deus vem em nosso auxilio e nos dá Seus dons.
Precisamos de estar atentos à voz de Deus que é uma
voz audível, mansa, suave e que traz direção para as nossas vidas, que nos dá
força para vencer, proteção e salvação!
a)
A Voz de Deus é Audível (Jo. 10:3, 27).
Todos
podem ouvir a voz de Deus. Todas as ovelhas escutam e identificam a voz de
Deus. As ovelhas de Jesus o seguem porque ouvem e conhecem a Sua voz (Jo.
10:4). Na experiência do profeta Elias, quando fugia de Jezabel e se escondeu
numa caverna, Deus falou com ele. E a voz de Deus foi audível, clara e nítida,
mas também foi uma voz “mansa e delicada” (I Rs. 19:12). Deus tem falado ao
homem desde a sua criação. Abra a Sua Bíblia em Génesis e leia os capítulos 1 a
3. Estes capítulos registam a criação do mundo e dos primeiros seres humanos,
Adão e Eva. Desde o tempo da criação, Deus comunicou Sua vontade para o homem.
Ele deu instruções específicas a Adão e Eva. Eles deveriam dar nomes aos
animais, cuidar do jardim, ter amizade um com o outro, e reproduzir-se para
povoar a terra. O mais importante de tudo é que eles deveriam manter uma íntima
comunhão com Deus. Esta comunhão íntima com Deus os capacitou a conhecer a voz
de Deus. Quando Deus falou, Ele comunicou Seu plano a eles: “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda
árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do
mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”
(Gn. 2:16-17).
Pela
voz de Deus a Sua vontade foi revelada a Adão e Eva. Eles poderiam comer livremente
de toda a árvore no Jardim, com a excepção da árvore do conhecimento do bem e
do mal. “Quando ouviram a voz do Senhor
Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do
Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o
Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás” (Gn. 3:8-9)?
É
o pecado que separa o homem de Deus. Deus não retira a Sua presença do homem.
Por causa do pecado, o homem saiu da presença de Deus. O pecado resulta em um
coração endurecido. A Bíblia adverte: “Enquanto
se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi
na provocação” (Hb. 3:15).
Deus
deseja se comunicar com o homem, porém a comunicação requer reciprocidade. Deus
nos fala de um modo ou de outro, em sonhos, visões... (Jó 33:14-18), mas nós é
que não temos parado para ouvir a Sua voz e obedecê-Lo. Abra o seu coração e o
seu entendimento para poder ouvir e obedecer a voz de Deus!
b)
A Voz de Deus Traz
Direção (Jo. 10:3-4 e 27).
O pastor é aquele que dirige as suas ovelhas ao
aprisco, às águas, ao alimento e à segurança. Aquele que é o pastor das ovelhas
tem o interesse e o cuidado para, através da sua voz, oferecer direção segura
para o seu rebanho. E instruções e ensinamentos em cada situação da nossa vida
e tudo isso é maravilhoso, incomparável. Se tem ouvido alguma voz que tenta
dirigir a sua vida para o mal, para a destruição, para o pecado, então essa voz
não vem de Deus! As ovelhas de Jesus jamais ouvirão esse tipo de voz, pois elas
sabem perfeitamente que não é a voz do seu bom pastor.
Qual tem sido a voz a que tem dado ouvidos? Tem sido a
voz que o conduz ao mal, ao pecado ou a voz que dirige a sua vida para o bem e
para afastá-lo do pecado? Ouça a voz de Deus e mude a sua vida, tome uma nova
direção!
c)
A voz de Deus
traz salvação (Jo. 10:28).
Em nossos dias, muitas são as vozes que se levantam
para anunciar caminhos de salvação! Vozes que afirmam existir salvação pela
prática de boas obras, salvação por voltar a viver inúmeras vezes, salvação
através dos ET´S, salvação pelas meditações, vozes que anunciam salvação até
para quem já morreu, bastando apenas passar por um calorzinho e aí será salvo.
Tem vozes que anunciam não existir salvação ou vida após a morte. Outras vozes
anunciam que não precisamos de nos preocupar com isso agora, que devemos deixar
isso para depois. São todas as vozes de engano e mentira! A voz do nosso bom
pastor, Jesus, anuncia que a salvação está exclusivamente e unicamente em
ouvi-Lo, obedecê-Lo e segui-Lo fielmente! Só Jesus é o único caminho para a
salvação (Jo. 14:6)!
A Voz de Deus nos convida para receber gratuitamente a
Salvação que só Jesus nos oferece (Jo. 10:28 “eu lhes dou a vida eterna...”).
Se ainda não tomou a sua decisão ao lado de Jesus, então chegou a sua vez! A
voz de Deus o convida, mansamente, para receber Jesus em seu coração como seu
Senhor e Salvador. Diga sim para essa voz de Deus! E se já é salvo, cuide em
ouvir somente a voz de Deus, para não perder a salvação, pois o adversário das
almas anda ao derredor procurando a quem possa devorar (1 Pe. 5:8).
É
fundamental ouvir a voz de Deus se quisermos desfrutar do seu plano eterno para
nossas vidas. Ouvir a Deus é uma decisão pessoal; ninguém pode tomá-la por nós.
Deus não irá nos obrigar a escolher a Sua vontade, mas fará tudo o que puder
para nos encorajar a dizer sim aos Seus caminhos.
Ele
deseja se envolver nos mínimos detalhes de nossas vidas. A Palavra de Deus diz
que devemos reconhecê-lo em todos os nossos caminhos e Ele endireitará as
nossas veredas. Reconhecer a Deus significa simplesmente nos importarmos com o
que Ele pensa e pedir a Sua opinião. Não pense que é capaz de governar a sua
vida e fazer um bom trabalho sem a ajuda e a direção de Deus. A maioria de nós
demora tempo demais para aprender esta importante lição.
Através
da leitura da Palavra, aprendi que Deus realmente quer falar connosco e que Ele
tem um plano para as nossas vidas que nos levará a um lugar de paz e
contentamento. É da vontade Dele que tenhamos conhecimento de Seu plano através
da Sua direção divina.
Deus
é paciente, benigno, gentil, simpático, bondoso, seguro, confiante, simples,
não é orgulhoso, não é rude, não se ira com facilidade, não é melindroso, não
se lembra dos erros por nós cometidos, não se alegra com derrotas e mentiras, é
protector, confia sempre, tem esperança, nunca desiste, Ele nunca falha.
Se O conhece, certamente ouvirá a voz de Deus!
Se O ouve, certamente saberá qual a real vontade de Deus para a sua vida!
Jesus
disse que as suas ovelhas reconhecem a sua voz e a seguem (Jo. 10:27), pois ela
é a única voz que apazigua o nosso coração ao ouvi-la é a voz de Nosso Senhor
Jesus Cristo, a voz do coração. Mas isso requer uma aprendizagem, como
aconteceu com Samuel 3:1-14. Vamos tirar algumas lições desse texto, que podem
nos levar a ouvir e a entender a voz do Senhor.
1)
Precisamos de Ter Revelação da Palavra de Deus (v. 7).
É
diferente conhecer as coisas do Senhor e conhecer o Senhor, assim como é
diferente conhecer a palavra e ter a palavra manifestada (revelada) em nossa
vida.
A
primeira ferramenta que Deus usa para nos mudar é a Sua Palavra. Por meio da
Palavra temos todas as instruções, conselhos e direção para nossas vidas.
Devemos repetir que a Palavra que gera transformação é a Palavra Rhema, ou
seja, a palavra revelada. Palavra revelada é aquela que eu consigo aplicar na
minha vida. São os “rhemas” de Deus os que nos alentam, exortam-nos,
edificam-nos. São as respostas de Deus, procedentes de Sua Palavra, que nos
enchem o coração de certeza, gozo e paz. A igreja é purificada das impurezas do
mundo pela lavagem da água pela palavra “rhema”, (Ef. 5:26).
Jesus
disse que as Suas palavras são espírito e vida (Jo. 6:63), e que o Espírito
Santo nos ensinaria todas as coisas (Jo. 14:26), nos guiaria a toda a verdade
(Jo. 16:13) e nos faria lembrar de tudo (Jo. 14:26). A Palavra de Deus é um tesouro
insondável de sabedoria e conhecimento (Rm. 11:33) e o Senhor nos concedeu o
Seu Espírito, que penetra até mesmo as profundezas de Deus (1 Co. 2:10), para
que O conheçamos e prossigamos em conhecê-Lo (Os. 6:3). O Espírito Santo
derrama sobre nós a unção para realizarmos a obra de Deus. Esta unção em nós é
que nos revela a Palavra de Deus para que a possamos pregar, ministrar ou
ensinar de modo que essa Palavra revelada gere vida, transformação, saúde,
libertação e tudo o mais que o Senhor queira realizar através dela.
A
Palavra de Deus nos compara a ramos que precisam permanecer na videira, para
serem alimentados de sua seiva (Jo. 15:1-5). O Espírito Santo opera para que a
vida de Jesus domine a nossa vida cada vez mais (2 Co. 3:18; 4:10; Ef. 4:13).
Ele é a Videira Verdadeira e Seu Espírito conduz à Verdade revelada da Palavra
(Jo. 16:13-14), aperfeiçoando-nos (Jo. 15:2), levando-nos a usufruir de
intimidade com o Pai. Quando o espírito e a alma se expõem à Palavra revelada,
ela opera ensinando, corrigindo, aperfeiçoando para um ministério frutífero (Cl.
3:16; Pv. 6:23).
Precisamos
de ter revelação da Palavra de Deus. Para isto é preciso aprender a conviver
com o Espírito Santo, pois Ele faz fluir em nós, e por nós, a água viva (Jo.
7:37-39), que procede do trono de Deus. A Palavra revelada resulta em vida
abundante para nós e para os outros (Jo. 10:9-10; 2 Co. 9:6; At. 4:33).
De
diversas maneiras e em muitas situações, o Espírito Santo vai usar a Palavra
revelada de Deus para gerar vida em nós: A Palavra revelada conduz o homem à
salvação (Rm. 10:13-15; At. 10:1-48; At. 2:36-41) porque ela é o poder de Deus
para salvação (Rm. 1:16). A Palavra de Deus revelada no coração do homem gera
fé para salvação (Rm. 10:17). Ela nos revela o Salvador (Jo. 20:31).
2)
Podemos Confundir a Voz de Deus Com a Voz Humana (vs. 4-5).
Assim
como Samuel achou que era Eli quem o chamava, muitas vezes Deus está falando ao
nosso coração e achamos que é pensamento humano. Outras vezes, Ele está usando
alguém para falar connosco e tratamos como palavra de homens.
É importante saber que Deus nos deu a Sua Palavra como
vara de medir e regra de fé e vida prática. Deus não é homem para mentir nem
filho de homem para ter que se arrepender. Ele é fiel à Sua Palavra e vela para
que esta se cumpra. Então, a voz de Deus jamais poderá contrariar a Sua
Palavra, a Bíblia Sagrada. Deus revela através da Bíblia toda a Sua vontade e
jamais fará algo contra Sua própria vontade, que é boa, perfeita e agradável. A
voz de Deus é incofundível. O filho de Deus, a ovelha do Senhor conhece a Sua
voz e Lhe obedece; jamais será confundido, pois está firmado, alimentado e
vivificado pela Palavra.
Se qualquer outra voz tenta confundi-lo, defenda-se
com a Palavra. Não se deixe levar por vozes estranhas, mas ouça a voz de Deus
no coração e seja submisso à Sua Palavra.
3)
Os Mais Experientes Podem nos Ajudar a Reconhecer a Voz de Deus (vs. 8-9).
Assim
como Eli, em sua experiência, ajudou o menino Samuel a ouvir o Senhor, devemos
ser humildes e acatar o conselho daqueles que nos lideram na fé.
Chega
um momento na nossa vida em que Deus quer falar connosco de uma forma especial,
ele nos deu dons e talentos, que para desenvolvermos precisamos da orientação
de uma pessoa mais velha. Os mais velhos já ouviram a voz que estamos ouvindo
mas não compreendemos quem é que chama.
Samuel
não compreendeu por ele mesmo que era a voz de Deus quem lhe falava. Eli
compreendeu por Samuel e o direcionou.
4)
Ouvir a Voz de Deus Requer de nós Atenção e Consagração (v. 10).
Temos
que parar com tudo, nos reservar só para Deus, a fim de que ele nos fale. Daí a
importância de termos diariamente um tempo pessoal de busca ao Senhor. Samuel
teve que aprender a parar e dar atenção ao que o Senhor lhe queria falar. Na
agitação, correndo de um lado para o outro e preocupados com nossos problemas,
não conseguiremos discernir a Palavra.
A Bíblia ensina que Deus espera que nos consagremos
inteiramente a Ele – tudo o que temos e o que somos. Isto inclui dedicar a Ele
o nosso corpo, tempo, recursos, dons e talentos; como também ter a atitude de
nos afastar do pecado e renunciar a tudo quanto desagrada ao Senhor.
Com a nossa consagração nós realmente honramos a Deus
e podemos ter a certeza de ouvir a voz de Deus e de que não há impedimentos
para a ação do Senhor Deus todo-poderoso na vida de alguém que pertence
totalmente a Ele, e do cumprimento de Suas promessas em nossas vidas.
5)
Quando levamos a sério o que Deus nos fala, Ele passa a usar-nos como seus
porta-vozes (vs. 19-21).
Aos
que ouvem a voz de Deus e proclamam a sua palavra, Ele respalda e usa como
profetas.
“Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim... Ainda tenho outras ovelhas, não deste
aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá
um rebanho e um pastor... As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e
elas me seguem” (Jo. 10:14, 16, 27).
“Porque
eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade
daquele que me enviou” (Jo. 6:38).
5.
A Voz e a Vontade
A
maior honra e o maior privilégio do homem é ouvir a voz de Deus e fazer a Sua vontade.
Isso é que o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos. Houve uma ocasião em que
ele disse que somente aqueles que fizessem a vontade de seu Pai é que entrariam
no reino dos céus (ver Mt. 7:21). Semelhantemente, declarou que seus
verdadeiros irmãos são aqueles que fazem a vontade de Deus (ver Mt. 12:5).
Os
crentes frequentemente perguntam: “qual é a vontade de Deus para mim?” Porém, o
que é que nós realmente queremos dizer quando dizemos que desejamos conhecer a
vontade de Deus? Isto significa que queremos conhecer Seu plano geral para as nossas
vidas. Nós queremos a Sua direcção nas decisões específicas para que façamos
escolhas sábias. Nós desejamos Sua direcção nas circunstâncias da vida. A
questão que nós devemos estar perguntando é “Como podemos conhecer a voz de
Deus?” Conhecer a voz de Deus resulta em descobrir a vontade de Deus.
Essa
ênfase foi devidamente transmitida pelos apóstolos à sua própria geração. Pedro
declarou que Deus liberta os homens do pecado para que possam fazer a Soa
vontade (Ver 1 Pe. 4:1-2). Paulo asseverou que os crentes foram novamente
criados, em Cristo Jesus, a fim de que possam andar na vereda que Deus já havia
traçado para eles. Por essa mesma razão exortou ele os crentes de Éfeso para
que não fossem insensatos, mas que compreendessem qual era a vontade do Senhor para
as suas vidas (ver Ef. 2:10 e 5:17). Também orou pelos crentes colossenses no
sentido de que ficassem cheios do conhecimento da vontade de Deus. E
revelou-lhes que o seu cooperador, Epáfras, também estava orando em favor
deles, para que pudessem cumprir toda a vontade de Deus (ver Cl. 1:9 e 4:12). E
o apóstolo João ensinou que somente aqueles que fizessem a vontade de Deus
permaneceriam para sempre (Ver 1 Jo. 2:17).
Infelizmente,
em nossos dias e nesta geração, essa verdade não é salientada senão raramente.
Isso explica a superficialidade e a falta de poder dos crentes comuns de nossa
época. Os homens são exortados a virem a Jesus meramente para receberem perdão.
Mas nos tempos apostólicos dizia-se a todos que o perdão de pecados era apenas
o prelúdio de uma vida dedicado ao cumprimento de todo a vontade de Deus.
Deus
quer que conheça a Sua vontade: “Por esta
razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do
Senhor” (Ef. 5:17).
O
trecho de Atos 13:22 parece dar a entender que Davi era chamado “homem segundo
o próprio coração de Deus” porque desejava fazer exclusivamente a vontade de
Deus. O próprio Davi, em outra porção bíblica, diz-nos que ele se deleitava em
fazer a vontade de Deus (ver Sl. 40:8). Davi não foi um homem perfeito. Cometeu
muitos pecados, alguns bastante sérios, por causa dos quais Deus teve de
castigá-lo severamente. No entanto, Deus o perdoou e nele tinha prazer porque,
basicamente, Davi queria fazer toda a vontade de Deus. Isso nos anima a crer
que, apesar de todas as nossas imperfeições, também nós podemos ser homens e
mulheres Segundo o próprio coração de Deus, contanto que nossos corações
estejam resolvidos a fazer a Sua vontade.
Se
conhece a voz, então, compreenderá qual é a Sua vontade quando Ele falar consigo.
Aprender a receber direcção divina é aprender a caminhar em íntima comunhão com
Deus. A Bíblia diz: “Jesus, porém,
respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que
procede da boca de Deus” (Mt. 4:4).
A
expressão “que procede” fala de uma função contínua. Significa alguma coisa que
aconteceu no passado, está acontecendo no presente e continuará no futuro. Deus
fala para comunicar Sua vontade à humanidade. Por isso é importante conhecer a
voz de Deus e a Sua vontade.
Quão
fácil é orarmos: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, para
logo em seguida fazermos o que nos agrada, sem buscar a orientação de Deus para
a nossa vida diária.
Mas, tal como anelamos por alimento,
para a nutrição de nosso corpo, assim também devemos ter essa mesma fome de
cumprir toda a vontade de Deus. Não há dúvida que Deus usará qualquer vida que
seja entregue em Suas mãos, em qualquer ponto ao longo da vereda da vida,
estejamos apenas entre aqueles que têm buscado a vontade divina e Lhe têm
rendido a vida,
6.
Quando Deus Fala
No
passado, Deus falou muitas vezes e de várias maneiras. Por meio de sonhos,
visões e profecias. Ele usou servos dedicados e separados do pecado para
transmitir a Sua vontade.
Por
intermédio de Seu Filho Jesus, Ele não só confirmou as profecias antigas, mas
também anunciou a chegada do Reino de Deus e como entrar nele.
Deus
continua falando de diferentes maneiras (Hb. 1:1-2). É necessário manter a alma
preparada para ouvir o que Deus fala. Deus está presente na vida do crente.
Lembrarmo-nos de Deus somente quando está com outros cristãos é sinal de vida
espiritual fraca.
Para
ouvir a voz de Deus é necessário comunhão com Ele e seguir os passos de Jesus. Porque
Deus nos fala por Sua Palavra, pela oração e por nossas experiências.
Há
duas palavras gregas traduzidas como “palavra” na Bíblia. As palavras gregas
são “logos” e “rhema:”. “Logos” é a Palavra escrita de Deus. “Rhema” é a
Palavra Viva (que dá vida) de Deus. Sobre os crentes de Bereia foi dito: “Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os
de Tessalónica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as
Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de facto, assim” (At.
17:11).
Estes
versículos ilustram a relação das palavras “logos” e “rhema”. A Palavra “rhema”
de Deus, a Palavra falada ou que dá vida sempre está de acordo com o “logos” ou
a Palavra Escrita. Assim, você pode conhecer se a voz que você ouve é do Senhor
ou não. A Palavra “rhema” de Deus normalmente é aplicada a uma situação específica,
encontra uma necessidade pessoal e ministra a direcção individual a tal
situação. Posto que reconhece a Palavra quando aplicada à necessidade ou
situação específica, ela se torna uma Palavra doadora de vida para si.
A
Palavra “rhema” pode ser comunicada através de um sermão ou um versículo da
Bíblia que repentinamente impressiona você com um grande significado. Ela pode
ser falada para você por Deus através do uso de dons espirituais. Ela pode ser
falada em espírito, no interior, pelo Senhor. (Você aprenderá mais sobre como
Deus fala através dos dons espirituais e em seu espírito nos capítulos
posteriores).
Porém,
lembre-se: a Palavra “rhema” sempre estará de acordo com a Palavra escrita de
Deus. A Palavra escrita de Deus é completa. Nada pode ser adicionado ou
retirado dela (Ap. 22:18-19). Quando Deus falar através da Palavra “rhema” ela
sempre estará em harmonia com Sua Palavra escrita.
Quando
Deus fala, conseguimos entendê-lo (At. 9:4). Saulo no caminho de Damasco ouviu
nitidamente a voz do Senhor Jesus e entendeu quem estava falando com ele.
Quando
Deus fala connosco, ele fala de forma que possamos entendê-lo, Deus não é de
confusão. A voz de Deus nos trás paz.
Quando
Deus fala, ele é objetivo (At. 9:5). Quando Saulo perguntou quem falava com
ele, recebeu imediatamente a resposta de que era Jesus quem estava ali.
Deus
não precisa de rodear nada para nos falar, ele fala diretamente o que precisa
ser falado, precisamos entendê-lo. Fuja das enrolações.
Quando
Deus fala, ele revela a Sua vontade (At. 9:6). Saulo recebe a orientação do que
ele precisaria fazer depois de ter ouvido Jesus falar.
Todas as vezes que Deus fala connosco
ele está revelando a sua vontade para a nossa vida. Colocar sua vontade em
prática é vital para todo cristão.
7.
Tipos de Ouvintes
Há
muitos tipos de ouvintes, pessoas que ouvem o que contamos. Umas aumentam,
outras distorcem, outras não ligam, mas há outras que se preocupam. Também
Jesus teve muitos tipos de ouvintes, muitos mesmo. Uns queriam apanhá-lo,
outros queriam ver o que fazia, e não ligavam ao que dizia, outros gostavam de
O ouvir porque dizia palavras bonitas, mas havia outros tinham sede de o ouvir.
A
Bíblia fala de duas divisões principais de ouvintes: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será
comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra
aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. E todo aquele
que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem
insensato que edificou a sua casa sobre a areia” (Mt. 7:24-26).
Um
crente néscio ouve a voz de Deus, porém não actua segundo ela. Um ouvinte sábio
escuta e actua segundo a mensagem de Deus. Um é só “ouvinte da Palavra”. O
outro é “ouvinte e fazedor”.
Você
deve não somente conhecer a voz de Deus, porém deve também aprender a responder
em obediência à voz de Deus. “Portanto,
despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a
palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos,
pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não é praticante, assemelha-se
ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se
contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas
aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade e nela
persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será
bem-aventurado no que realizar” (Tg. 1:21-22).
Jesus
também contou uma história sobre semear em diversos tipos de solos que ilustram
vários tipos de ouvintes. Na Bíblia em Mateus 13:1-9, Jesus fala de 4 tipos de
ouvintes. Jesus explica a parábola em Mateus 13:18-23. Ele compara os
diferentes solos com ouvintes e suas respostas à Palavra de Deus.
1)
A Semente à Beira do Caminho.
Algumas
sementes caíram à beira do caminho e foram arrebatadas pelas aves antes delas
criarem raízes. Isto é um exemplo de um homem que ouve a voz de Deus, porém as
palavras não criam raízes em seu coração. Satanás arrebata o que lhe foi
semeado no coração - a Palavra de Deus.
Estes
são os piores ouvintes da Palavra de Deus, e infelizmente são muitos os que têm
este tipo de atitude. Não querem saber da Palavra de Deus e de tudo o que se relacione
com Deus, não acreditam em Deus, blasfemam de Deus e da sua Santa Palavra, ou
são possessos por satanás e não podem ouvir falar de Deus e de Jesus, do Seu
amor, da sua Palavra. Ou ainda simplesmente não ligam a estas coisas. Deus diz
na sua Palavra:
“Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em
verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e faz-lhe pesados os
ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não
ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja
sarado” (Is. 6:9-10). “Porque o
coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E
fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E
compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure” (Mt. 13:15).
Mas
ainda hoje, mesmo para esses, Deus diz: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não
endureçais os vossos corações” (Hb. 4:7).
2)
A Semente Nos Lugares Pedregosos.
Algumas
sementes caíram nos lugares pedregosos e brotaram rapidamente. Porém, quando o
calor do sol veio, a planta murchou e morreu porque não tinha nenhuma raiz.
Este é o ouvinte que ouve a Palavra de Deus e a recebe com alegria, porém
realmente não tem raiz em sua vida. Quando as circunstâncias se tornam
difíceis, ele se ofende e deixa de responder à voz de Deus.
Há
muitos ouvintes deste tipo, e infelizmente nós conhecemos tantos nesta
situação: Ouviram a Palavra e gostaram, aceitaram a Cristo, ficaram tão
felizes, experimentaram o poder de Deus nas suas vidas, mas são imaturos. Jesus
aplicou a palavra temporãos, que significa imaturos, inconstantes, sem
maturidade ou firmeza. Debaixo de emoção, reconhecem que estão errados e querem
mudar, mas depois vem a provação, as dificuldades. Talvez pensassem que o
Evangelho é só facilidades, talvez ouvissem que com Deus tudo é maravilhoso, e
é mas o próprio Jesus disse: “Tenho-vos
dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo, eu venci o mundo” (Jo. 16:33).
Nos
nossos dias têm sido muitos os que pregando a Palavra, ensinam que o crente não
pode sofrer, mas isso é errado! Mesmo para os servos de Deus, a Palavra diz: “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições,
faz a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm. 4:5).
Mas
de Deus temos o conselho e o ensino: “Portanto,
tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo
feito tudo, ficar firmes” (Ef. 6:13).
3)
A Semente Entre os Espinhos.
Algumas
sementes caíram entre os espinhos que sufocaram o crescimento das plantas. Este
é um exemplo da voz de Deus sendo sufocada pelos cuidados do mundo, do
materialismo, etc.
Este
é o tipo de ouvinte da Palavra, que ouve e recebe com alegria, mas troca as
prioridades. A ambição, a ganância do dinheiro, o desejo de subir na vida,
ultrapassa tudo e todos e até a pessoa de Jesus. Na Bíblia vemos exemplos
maravilhosos de pessoas que souberam por Deus, no lugar certo, em primeiro lugar:
“Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua
tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço” (Gn. 26:25).
Jesus
foi bem claro acerca disto: “Mas, buscai
primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas” (Mt. 6:33).
Temos
que ser muito firmes nisto, pois nos nossos dias muitos têm caído por causa de
não porem em prática as prioridades certas.
4)
A Semente na Boa Terra.
Algumas
sementes caíram na boa terra e trouxe uma colheita muito rica. Este é um
exemplo do ouvinte que ouvem a Palavra de Deus, que recebe, que escuta a Sua
voz e que enraíza nessa revelação, pois ele não apenas a recebe mas deixa a
Palavra operar, transformar e mudar a sua vida. Estes ouvintes amadurecem
espiritualmente e se tornam crentes reprodutivos e frutíferos, porque põem a
Palavra em primeiro lugar, acima de tudo e todos. E por isso recebem a
recompensa de Deus: “Eis que estou à
porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua
casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap. 3:20).
Quando
a Palavra de Deus vem à nossa vida então acontecem coisas maravilhosas. Cristo
vem e habita em nós, e ceia connosco, ou seja há uma comunhão (como uma família
à volta da mesa).
Mas
ouvir e receber a palavra também implica outro aspecto muito importante, que é
dar fruto. “Eu sou a videira, vós as
varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada
podeis fazer” (Jo. 15:5).
Está pronto para deixar a semente
germinar e dar fruto? Venha ouvir, e ponha em prática a Palavra de Deus e verá
o fruto das bênçãos surgir em sua vida.
8.
Para Conhecer a Voz
de Deus São Necessários Alguns Requisitos
Você
quer conhecer a vontade de Deus? Quer conhecer a vontade Dele para a sua vida? Para
isso precisamos de aprender os requisitos que nos prepararão para ouvir a voz
de Deus e descobrir a Sua vontade para a nossa vida. Apenas permitamos que a
nossa atitude seja igual à do Salmista Davi que era um bom ouvinte: “Escutarei o que Deus, o Senhor, disser, pois
falará de paz ao seu povo e aos seus santos; e que jamais caiam em insensatez”
(Sl. 85:8).
Se
deseja conhecer a voz de Deus há alguns pré-requisitos que são necessários. Um
pré-requisito é algo que se deve fazer antes que possamos fazer algo mais. É
algo requerido antes que possamos alcançar uma certa meta.
A
nossa meta deve ser a de conhecer a voz de Deus, mas primeiramente precisamos
de compreender os pré-requisitos (as coisas espirituais) antes que possamos
alcançar este objetivo. Jesus disse: “Se
alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de
Deus, ou se eu falo de mim mesmo” (Jo. 7:17).
Romanos
12:1-2, listam algumas coisas que são a vontade de Deus para nós fazermos. Se
cumprirmos estes pré-requisitos, então viremos a conhecer a voz de Deus e a Sua
vontade para a nossa vida.
a)
A Experiência do Novo Nascimento
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias
de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional” (Rm. 12:1).
Como
já sabemos, o pecado nos separa da presença de Deus. Devido ao pecado, temos
dificuldade de ouvir e responder positivamente à voz de Deus. No mundo natural
não reconhecemos a voz de um estranho. Nós reconhecemos as vozes daqueles que
conhecemos e com quem desenvolvemos um relacionamento. O mesmo é verdade no
mundo espiritual. Se desejamos conhecer a voz de Deus, então devemos procurar
conhecer a Deus, pois com pecado em nossa vida jamais poderemos desenvolver um
relacionamento íntimo com Ele.
Romanos
12:1 requer que caminhemos com Deus, entregando a nossa vida a Ele. Através de
Sua Palavra escrita Deus nos fala e nos revela a Sua vontade para nós
desenvolvermos tal relacionamento: “Não
retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário,
ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos
cheguem ao arrependimento” (2 Pe. 3:9).
Deus
não quer que gastemos a nossa vida no pecado. Ele quer que vivamos segundo o
Seu plano: “Para que, no tempo que vos
resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo
a vontade de Deus” (1 Pe. 4:2).
Deus
é visualizado como estando em pé à porta de sua vida, desejando entrar para que
Ele possa desenvolver um relacionamento consigo: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo” (Ap. 3:20).
O
propósito declarado de Deus desde o princípio do mundo é levar todos os homens
ao conhecimento de Cristo Jesus: “Desvendando-nos
o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo,
de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as
coisas, tanto as do céu, como as da terra” (Ef. 1:9-10).
Nós
fomos “reunidos em Cristo” tornando-nos parte da família de Deus. Assim como
nascemos em uma família natural, também devemos “nascer de novo”
espiritualmente nesta família espiritual.
Leia
o capítulo 3 de João. Este capítulo explica em detalhe o que significa ser
nascido de novo. Para experimentar o novo nascimento deve:
1)
Reconhecer que é um pecador: “Pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm. 2:23).
2)
Reconhecer que a penalidade do pecado é a morte: Deus advertiu
Adão e Eva que se eles pecassem, eles morreriam. Isto significava ambas as
mortes: morte espiritual (a separação da presença de Deus) e a morte física.
Quando Jesus morreu na cruz Ele morreu em nosso lugar. Ele morreu por nossos
pecados para que pudessemos ter a vida eterna: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a
vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm. 6:23).
Se
aceita o Seu sacrifício pelo pecado, então não está mais debaixo da penalidade
da morte.
3)
Confesse seus pecados, peça perdão e creia que Jesus morreu por si: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós
mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça” (1 Jo. 1:7-9).
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (Jo. 3:16).
Quando
apresentamos a nossa vida a Deus desta maneira, “nascemos de novo”
espiritualmente: “E, assim, se alguém
está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas” (2 Co. 5:17).
Quando
nascemos de novo, nos tornamos parte da família espiritual de Deus, e de
maneira alguma estamos separados da presença de Deus. Quando morrermos
fisicamente, viveremos eternamente com Ele.
Tem
estabelecido um relacionamento com Deus através de Jesus Cristo? Tem ouvido e
tem respondido à verdade do Evangelho? Se sim, então está agora em posição de
aprender a reconhecer a voz de Deus: “Todo
aquele que é da verdade ouve a minha voz” (Jo. 17:37).
b)
A Morada do Espírito Santo
Há
outro pré-requisito que o ajudará a conhecer a voz de Deus. A Bíblia como de
uma experiência chamada do “Batismo do Espírito Santo”. Esta experiência
resulta no Espírito Santo morando em sua vida e capacitando-o a viver uma vida
santa que é aceitável a Deus.
Um
dos ministérios mais importantes da habitação do Espírito Santo é guiar o
crente na vontade de Deus: “Quando vier,
porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não
falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas
que hão de vir. Ele me glorificará, porque há-de receber do que é meu e vo-lo há-de
anunciar” (Jo. 16:13-14).
A
Bíblia diz: “Pois todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm. 8:14).
Há
um relacionamento definido entre ser um filho de Deus (nascido de novo) e ser
guiado pelo Espírito Santo.
O
homem natural (aquele que não é nascido de novo) não recebe nem segue a direção
do Espírito Santo. Porque Ele não se tornou um “homem espiritual” através da
experiência do novo nascimento, Ele não reconhece a voz de Deus: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente” (1 Co. 2:14).
Os
seguintes exemplos do livro de Atos demonstram a direção do Espírito Santo nas
vidas dos crentes:
1) Felipe - Um diácono da
igreja por nome Filipe foi levado pelo Espírito para unir-se a um carro que ele
viu numa estrada do deserto para Gaza: “Então,
disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o” (At. 8:29).
As
tarefas dadas por Deus requerem as fontes do Espírito Santo e somente n’Ele e
através d’Ele poderemos encontrar o que necessitamos para servir a Deus. O
Espírito Santo tem uma precisão, um planeamento a longo prazo e uma habilidade
para nos guiar que não temos. Permita-O falar. Tire tempo para estar com ele e então
ouvirá a Sua voz. Este será o maior recurso que terá na sua vida.
Felipe
obedeceu à direção do Espírito Santo. Isto produziu salvação e batismo nas
águas de um homem etíope que estava no carro.
O
Espírito Santo fala a Filipe que deve ir até o carro. Então, ele corre na
direção do carro do etíope. Filipe ouve o etíope lendo do livro de Isaías e
pergunta se ele entende o que está lendo. O etíope convida Filipe para subir no
carro para lhe explicar as Escrituras. Ambos querem seguir a Deus. Filipe deixa
um ministério bem-sucedido para obedecer a Deus e corre para obedece-Lo. O
etíope tinha feito uma longa viagem para louvar a Deus, está lendo a sua Bíblia
e está ansioso para entendê-la. Deus junta os dois: um buscador e um pregador.
2) Pedro - O Espírito Santo
disse a Pedro para ir com três homens que vieram de Cesareia. Pedro disse: “Então, o Espírito me disse que eu fosse com
eles, sem hesitar. Foram comigo também estes seis irmãos; e entramos na casa
daquele homem” (At. 11:12).
De forma obediente, Pedro desceu e
conversou com os homens (21). Eles lhe contaram sobre a visão de Cornélio, que
tinha sido avisado (22) — ou “instruído, orientado” — a mandar buscar Pedro. O
apóstolo, chamando-os para dentro, os recebeu em casa (23), apesar de serem
gentios. A visão de Pedro já estava produzindo resultados.
Pedro
reconheceu a direção do Espírito Santo. Ele não teve nenhuma dúvida quando o
Espírito falou em seu ser interior e lhe revelou a vontade de Deus. Ele
obedeceu e produziu o primeiro ministério transcultural aos gentios.
3) Paulo - Paulo frequentemente
mudou sua agenda evangelística segundo o impulso do Espírito Santo: “Defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia,
mas o Espírito de Jesus não o permitiu” (At. 16:7).
Paulo
planeou ir a Mísia, porém o Espírito Santo lhe deu uma direção diferente.
A
experiência de Paulo serve de ensinamento para nós. Sempre devemos aprender com
a experiência dos outros, e este apóstolo do Senhor reúne um rol de
experiências enriquecedoras, sendo esta uma delas. Jamais desperdicemos os
ensinamentos da vida quotidiana, quer seja nossa ou dos outros. Quando estamos
sob a orientação do Espírito Santo, tanto pode permitir como impedir a
realização de certas actividades. É desta forma que procede na Sua liderança.
Tendo
planeado ir para Bitínia testemunhar do Senhor, o Espírito não lho permitiu
visto haver alguém noutro lugar com interesse especial na Palavra de Deus. Foi
então enviado um mensageiro com o convite para viajarem até à Macedónia.
Chegaram então a Filipos, primeira cidade europeia naquele distrito, onde
estava uma negociante interessada no evangelho de Cristo. O Espírito do Senhor
estava guiando os seus servos às pessoas certas, no tempo certo, e com a
mensagem certa.
Estes
três exemplos simplesmente são alguns de muitos na Bíblia que ilustram como o
Espírito Santo nos permite que ouçamos a voz de Deus. Como Jesus prometeu, o
Espírito Santo toma a vontade de Deus e a revela a cada um de nós.
Eles
foram sensíveis à direcção do Espírito Santo e colheram o fruto da sua
sementeira.
c)
Maturidade Espiritual
A
maturidade espiritual é um processo que começa quando uma pessoa aceita a Jesus
Cristo como Salvador. Ele ou ela nasce de novo do Espírito Santo e, em seguida,
escolhe viver “em Cristo”. O apóstolo Paulo disse que o crescimento espiritual
é um processo contínuo. “Não que já a
tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o
que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o
haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás
ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo
prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp. 3:12-14). Nem
mesmo o apóstolo Paulo tinha alcançado o alvo final, mas ele constantemente
seguia adiante rumo ao prémio.
Portanto,
para que a maturidade cristã se desenvolva em sua vida, você deve fazer uma
escolha de aprender a Palavra de Deus, permitir que Deus renove a sua mente, e
em seguida, ser obediente ao que você aprendeu. “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus” (Rm. 12:2).
No
mundo natural quando um bebé nasce, ele deve alcançar um certo nível de
maturidade antes que ele comece a reconhecer a voz de seus pais. O mesmo é
verdade no mundo espiritual. Quando nasce de novo, você pode não reconhecer a
voz de Deus quando Ele fala. Quando recebe o Espírito Santo, nem sempre você
pode entender quando é que o Espírito lhe revela a vontade de Deus. Porém, o
Espírito Santo continuará revelando a vontade de Deus e a guiá-lo. Enquanto
amadurece espiritualmente, você reconhece esta voz dentro do seu espírito.
A
Bíblia fala deste paralelo entre o natural e o espiritual: “Ora, todo aquele que se alimenta de leite é
inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é
para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades
exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Hb. 5:13-14).
O
“leite” e a “carne”, nestes versículos, se referem à Palavra escrita de Deus, a
Bíblia. Quando nasce de novo, você começa a aprendizagem de algumas das
verdades mais simples (o leite) da Palavra de Deus. Quando amadurece, você pode
dominar as verdades mais profundas (a carne) da Palavra de Deus. Enquanto você
continuar estudando a Palavra escrita de Deus, seus sentidos espirituais amadurecerão,
podendo exercer o discernimento do bem e do mal. Isto significa que poderá
distinguir a vontade de Deus e Seu caminho dos estilos de vida errados. É por
isso que é importante para si estudar a Palavra escrita de Deus.
A
maturidade espiritual é aprender a caminhar em obediência a Deus. É fazer a
escolha de viver pelo ponto de vista de Deus ao invés do seu ponto de vista
humano. Gálatas 5:16 e 25 nos ensinam: “Digo,
porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Se
vivemos em Espírito, andemos também em Espírito”. A palavra “andar” no
versículo 16 vem da palavra grega peripateo, que significa “andar com um
propósito em vista”. A palavra “andar” no versículo 25 é traduzido de uma outra
palavra grega stoicheo e significa “passo a passo, um passo de cada vez”. É
aprender a andar sob a instrução de outra pessoa. Essa pessoa é o Espírito
Santo. Já que os crentes são habitados pelo Espírito, eles também devem andar
sob o Seu controle.
Enquanto
amadurece espiritualmente, você não desejará, nem de longe, “conformar-se” ao
mundo. Ser conformado significa ser formado ou modelado segundo uma norma fixa.
A maturidade espiritual o conformará à imagem de Cristo em lugar das formas
mundanas.
A
maturidade espiritual também o ajuda a alcançar a maturidade emocional. Se lhe
falta a maturidade emocional, decisões importantes podem ser feitas numa
explosão de ira ou autopiedade. Isto pode ter resultados desastrosos de grande
alcance.
Enquanto
amadurece espiritualmente, você desenvolverá “O Fruto do Espírito Santo”,
evidências da maturidade espiritual que resulta da maturidade emocional: “Mas o
fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl. 5:22-23).
d)
Transformação
“E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12:2).
A
maturidade espiritual leva finalmente à transformação, outro pré-requisito que
lhe permite conhecer a voz de Deus. O que o homem natural (natureza humana)
deseja fazer e o que Deus deseja para sua vida é diferente. Isto cria um
conflito entre a carne (o homem natural) e o espírito (o homem espiritual).
Paulo
escreveu sobre este conflito: “Porque a
carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são
opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer”
(Gl. 5:17).
Paulo
reconheceu que há uma contínua luta da carne contra o Espírito em questões que
se relacionam ao cumprimento da vontade de Deus. Ele identificou esta luta como
tendo lugar na mente: “Mas vejo, nos meus
membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz
prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros” (Rm. 7:23).
Devido
a isto ele instou: “Rogo-vos, pois,
irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não
vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus” (Rm. 12:1-2).
A
Palavra “rogar” significar suplicar, implorar ou pedir. A frase “que
apresenteis os vossos corpos” como sacrifício vivo “indica uma entrega sem
reservas a Deus”. Oferecer algo para um sacrifício significa abandoná-lo
completamente. No Antigo Testamento, quando um sacrifício era feito, ele era
dado completamente a Deus para ser queimado com fogo, consumido pelo sacerdote,
ou ambos, segundo a lei indicava. O doador do sacrifício não poderia mais fazer
nenhuma demanda quanto a ele.
Assim
é que deve ser nossa entrega a Deus. O homem natural, a velha natureza deve
morrer para o mundo e para a carne. Isto é o que significa “transformação”. É
ser mudado para uma outra imagem, modelada segundo o Senhor Jesus cristo: “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a
carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gl. 5:24).
“Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à
escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser
desqualificado” (1 Co. 9:27).
“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões” (Rm. 6:12).
“Tendo, pois, ó amados, tais promessas,
purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito,
aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Co. 7:1).
“Assim também vós considerai-vos mortos para
o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm. 6:11).
A
crucificação física real, a qual Jesus experimentou, é uma morte antinatural.
Há importância no facto de que a morte prescrita para a natureza carnal é a
crucificação. A natureza carnal do homem nunca morrerá uma morte natural. Não
morrerá voluntariamente. Deve ser levada à morte pela força assim como na
crucificação real no mundo natural. Segundo Romanos 12:1-2, tal entrega precede
o conhecimento da vontade de Deus. Se quer conhecer a voz de Deus e a Sua
vontade, deve entregar-se primeiro. Nós frequentemente queremos inverter o
processo. Nós queremos conhecer a Sua vontade, depois decidir se nos renderemos
a ele ou não. Porém Romanos 12:1-2 indica que a entrega vem primeiro.
A
razão porque somos vacilantes sobre a entrega é porque nós não entendemos que a
vontade de Deus sempre é aceitável, boa, e perfeita. Nós temos medo de nos
render a Deus totalmente porque não temos apreendido este conceito básico: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso
respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que
desejais” (Jr. 29:11).
e)
Renovando a Sua Mente
Sua
mente se conforma naturalmente aos princípios do mundo ao redor de si. Isto
acontece devido à sua natureza básica do pecado. Também acontece através da
influência da sua cultura.
Porém
Deus diz que não se deve conformar ao mundo, mas sim ser transformado. A
palavra “transformar” significa ser mudado para uma nova imagem. O modelo para
essa imagem é o Senhor Jesus Cristo: “E
todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do
Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como
pelo Senhor, o Espírito” (2 Co. 3:18).
Segundo
Romanos 12:2, a transformação acontece por renovar sua mente. Isto significa
que deve livrar-se das normas e princípios mundanos, e deve conformar-se aos
princípios revelados na Palavra escrita de Deus.
A
sua mente se transforma em conformidade como desenvolve a mente de Cristo: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus” (Fp. 2:5).
A
expressão “haja em voz” indica que você tem que fazer uma opção para ter a
mente de Cristo. Você deve permitir que a transformação da mente aconteça. Você
tem uma responsabilidade no desenvolvimento da mente transformada. Não é algo
que Deus faz automaticamente para você: “Por
isso, cingindo o vosso entendimento...” (1 Pe. 1:13).
“Cingir
a mente” significa vestir ou proteger suas faculdades mentais. Para transformar
ou cingir sua mente, é necessário submergi-la na Palavra de Deus. Investigue a
Bíblia para descobrir que tipo de mente estava em cristo. (A seção “Para Estudo
Adicional” deste capítulo lhe ajudará a fazer isso).
A
sua mente é transformada segundo o estabelecimento por Deus de suas leis nela: “...
na sua mente imprimirei as minhas leis...
” (Hb. 8:10).
Use
a faculdade da mente para lançar por terra e levar à escravidão os pensamentos
maus: “E toda altivez que se levante
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de
Cristo” (2 Co. 10:5).
Você
tem a responsabilidade de controlar a sua vida de pensamentos: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor
existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp. 4:8).
Então,
você pode dizer com Paulo: “Entretanto,
expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste
século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada” (1 Co. 2:6).
A
mente de Cristo estava fixa e determinada em fazer a vontade de Deus.
f)
Experimentando a Vontade de Deus
Você
descobrirá que cada pré-requisito discutido neste estudo está incluído em
Romanos 12.1-2: “Rogo-vos, pois, irmãos,
pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis
com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.
12:1-2).
O
que é experimentar a vontade de Deus? Para isso precisamos de mudar nossa
maneira de ver a vida. É tanto assim que Paulo começa rogando, pedindo,
suplicando, para que tenhamos atitudes condizentes com a vontade de Deus. Esse
rogar é mais que um pedido do apóstolo, é um chamado do próprio Deus a nós, dizendo:
“Dá-me, filho meu, o teu coração, e os
teus olhos se agradem dos meus caminhos” (Pv. 23:26). Devemos chegar ao
ponto de vivenciar a coincidência da nossa vontade com a vontade de Deus.
Experimentar a vontade de Deus acontece quando sempre damos razão a Deus, é
amar sua vontade como sendo nossa própria vontade. Sem essa disposição, nada
feito quanto a experimentar a vontade de Deus.
O
sacrifício de nosso corpo deve ser santo, ou seja, separado para Deus. Nossa
presença, nossas ações, nossa agenda, nosso trabalho, enfim, tudo o que
fizermos, seja em palavras ou em ação, deve ser para a glória de Deus. Aqui não
há nenhum puritanismo doente, igrejeiro, religioso, pelo contrário, estou
falando de viver de modo normal, mas viver para o agrado de Deus. Nosso corpo
deve ser uma oferta santa a Deus cada dia de nossa vida. O sacrifício que Deus
nos pede não é aquele estado de penitência doída como um jejum existencial, mas
sim, um sacrifício agradável a Deus e a nós. E isso só acontece quando casamos
nossa vontade com a de Deus. Essa junção da vontade de Deus com a nossa vai
ficando tão acasalada, que o prazer de Deus em nós se torna o nosso próprio
prazer. Não é possível fazer uma dicotomia entre nosso corpo e nosso espírito,
como se fosse possível servir a Deus no espírito e usar o corpo para os nossos
próprios prazeres. Não. Nosso corpo e nossa mente devem ser conservados
separados para Deus e somente para ele na oferenda da vida. O culto racional
não é apenas separar um tempo do dia ou da semana para pensar em Deus, mas é
dar comandos concretos a nós mesmos, comandos esses que se expressam na vida
comum como fruto de nossa confissão de fé. Esse é o sacrifício agradável a
Deus.
Experimentar
a vontade de Deus implica em não se conformar com este mundo, pois ele jaz no
maligno. O sistema deste mundo é mau, sua consciência coletiva não quer nada
com Deus; seu modus operandi é contrário aos valores do evangelho de Jesus. O
que importa para este mundo é a competição, o egoísmo, o culto de si mesmo, a
vaidade dos pensamentos. Como uma pessoa que confessa Jesus Cristo como meu
Senhor, não me posso conformar com este mundo, não posso tomar a sua forma.
Isso está para além de estereótipos, aparências, de vestimentas corpóreas, de
maquiagens. Não se conformar com este mundo é não ser formatado na mentalidade
deste mundo, no espírito que atua nos filhos da desobediência, no seu modo
comportamental. Essa inconformidade se dá com a renovação constante de nossa
mente, andando diariamente em novidade de vida.
Fazendo
assim, é que podemos provar, experimentar, e usufruir, a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus. Isso não acontecerá sem dor, sem arrependimentos, sem
lágrimas, e sem tribulações, mas, certamente acontecerá quando satisfizermos as
condições que o próprio Deus nos apresenta em sua palavra.
g)
Experimentado a Vontade de Deus
Rogo-vos pelas
misericórdias de Deus - Você veio a Deus através de Sua misericórdia que Ele
estendeu por meio do sacrifício de Jesus por seus pecados.
Essa
entrega incondicional a Deus deve ser a nossa resposta grata por suas
misericórdias que não têm fim e que se renovam cada manhã em nosso favor, sendo
elas a causa de não sermos consumidos. É por causa das misericórdias de Deus
que nos tornamos filhos e herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; as
misericórdias de Deus fazem com que todas as coisas cooperem para o nosso bem;
por elas é que nada poderá nos separar do seu amor. Quando conhecemos o Senhor
como nosso pastor, não temos mais desejos que nos incomodem, porque ele se
torna o nosso contentamento. Ainda nos cansamos, mas ele nos dá repouso; por
nos conhecer perfeitamente ele nos conduz às águas tranquilas e refrigera a
nossa alma, guia-nos em caminhos retos. Estamos sujeitos aos vales próximos da
morte, mas ele está sempre presente. Quando necessário ele nos corrige, outras
vezes nos consola. Ele sabe cuidar de nós nos enchendo de alegria. A bondade e
a misericórdia de Deus certamente nos acompanham todos os dias e por fim
habitaremos em seu lar eterno para todo o sempre. Tudo isso e infinitamente
mais, são expressões de suas misericórdias.
Que apresenteis
os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso
culto racional - Maturidade
espiritual capacitada pela operação do Espírito Santo em sua vida.
Por
causa das misericórdias de Deus é que devemos casar nossa vontade com a dele.
Quando assim procedemos certamente experimentamos a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus. Isso não acontece automaticamente, e sim quando tomamos duas
atitudes objetivas. Primeiro, devemos oferecer nossos corpos como sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, o que nada mais é, senão a lógica racional da
vida. Uma vez que confesso acreditar nas misericórdias de Deus por mim, não há
outra coisa a pensar, a não ser a de me oferecer a Deus de forma concreta,
palpável e existencial. É por isso que ele fala em “sacrifício vivo”, pois os
sacrifícios de animais na antiga aliança eram com sacrifícios de animais
mortos. Nós somos sacrifícios vivos, ambulantes. A tentação é sempre querer
pular fora do altar do Senhor. Devemos viver para Deus com todas as energias de
nosso ser, na idade que temos e nas condições em que estamos – dando o nosso
corpo totalmente para Deus com a visibilidade que o corpo tem. Dias virão
quando diremos: “não tenho neles prazer”. Hoje é o dia de nos darmos a Deus
fazendo a sua vontade em todo o nosso estilo de vida.
Não vos
conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente - Transformação
pela Palavra; renovação da mente.
A
experiência do novo nascimento, a habitação do Espírito Santo, a maturidade
espiritual, e a transformação da mente - como estas coisas se relaciona com o
conhecer a vontade de Deus? Segundo Romanos 12:1-2, elas são pré-requisitos que
levam ao conhecimento de Sua vontade: “E
não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus” (Rm. 12:2).
A
palavra “experimentar” significa conhecer de primeira mão, confirmar e estar
seguro. Estes pré-requisitos levam à convicção da vontade de Deus.
excelente abordagem biblica.
ResponderEliminar