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APOSTILA - A Igreja e a Comunhão “Koinonia”


A Igreja e a Comunhão “Koinonia”
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At. 2:42).
Introdução
Sem o relato histórico dos “Atos do Espírito Santo” registado por Lucas, teríamos uma grande lacuna na Igreja cristã. É através do livro de Atos, bem como de outros trechos do Novo Testamento, que tomamos conhecimento das normas ou dos padrões estabelecidos para uma igreja governada pelo Cabeça Jesus Cristo no modelo primitivo. Antes de qualquer outra coisa, temos que entender que a igreja é o ajuntamento de pessoas com as suas diferenças em congregações locais, unidas pelo poder do Espírito Santo, que buscam um relacionamento pessoal, fiel e leal com Deus o Pai e com Jesus Cristo o Filho e, por conseguinte, com os irmãos (At. 13:2; 16:5; 20:7; Rm. 16:3, 4).
Lucas não poderia estar equivocado quando utilizou o vocábulo “comunhão” – koinonia (κοινωνία), tendo em comum (koinos), sociedade, companheirismo - quando se referiu à Igreja Primitiva. No Novo Testamento, a palavra grega para comunidade é koinonia, uma comunidade de homens e mulheres que creem em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas. Esta comunidade cristã é a nova humanidade, que, em união com o Cristo ressurreto, participa no conhecimento do Filho de Deus (1 Co. 1:9); compartilha da realização dos efeitos do sangue (ou seja, da morte) e do corpo de Jesus Cristo, conforme é exposto pelos emblemas da Ceia do Senhor (1 Co. 10:16); participa do que é derivado do espírito Santo (2 Co. 13:13; Fp. 2:1); participa dos sofrimentos de Cristo (Fp. 3:10); compartilha da vida e da ressurreição possuída em Cristo e sua energia interior flui para dentro dela e, por conseguinte, do companheirismo com o Pai e o Filho (1 Jo. 1:3, 6-7), realizado pelo Espírito Santo na vida dos crentes em resultado da fé (Fm. 6). É o ideal de Atos 2:44: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum”.
Na união com Ele, concretizada pelo arrependimento e fé, os pecadores salvos pela graça de Deus são indissoluvelmente incorporados nesta comunidade, unidos ao corpo de Cristo. A descrição subsequente expõe de forma muito clara as considerações dessa igreja. Assim, deve-se ressaltar que os primeiros cristãos “eram perseverantes (…) na comunhão“. Isso implica em dizer que eles eram fundamentados na experiência comum do corpo. Portanto, essa igreja primava com muita diligência pela comunhão com o Espirito Santo e entre os seus membros, engajados uniformemente em ideias, opiniões, doutrina e ação. Assim, como os outros pontos ressaltados por Lucas, a comunhão era a essência da vitalidade da Igreja.
Nenhum volume de pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e emocionalismo manifestarão o poder e a presença genuína no Espírito Santo, sem a comunhão dos santos, mediante a qual os crentes devem perseverar harmonicamente em oração e súplicas.
No texto acima referido lemos sobre o relacionamento entre os primeiros cristãos. Eles se reuniam com alegria para louvar a Deus, cantando e dançando, pois sabiam que Jesus havia dado a sua vida por eles. Depois vinha a adoração, o momento de estar aos pés do Senhor e deixar que Ele transformasse as suas vidas. O pleno conhecimento do que Deus fez por nós é o que permite a comunhão com Ele e com os irmãos. Sem isso, podemos até ter reuniões maravilhosas, mas elas não expressarão a adoração genuína a Deus nem o amor entre os cristãos.
a) Participando de uma igreja, os cristãos desenvolvem um relacionamento com os outros filhos de Deus - a comunhão.
A comunhão tem a ver com aquela relação pessoal que os cristãos gozam com Deus e uns com os outros, em virtude de serem unidos a Jesus Cristo. Os cristãos estavam tão próximos uns dos outros que não ousavam considerar seu o que possuíam, mas estavam prontos para dividir com os seus irmãos conforme a necessidade que havia. Quem estabeleceu essa relação foi o Espírito Santo, que habita em todo o cristão, unindo-o a Cristo e a todos os que são de Cristo.
Isto é a demonstração da Comunhão que a Igreja deveria ter hoje. Somente quem sabe que pertence a Cristo pode conviver com pessoas tão diferentes, mas que têm um mesmo objetivo - agradar a Deus. A força de uma igreja também está na maneira como os irmãos se relacionam. Lembre-se de que uma casa dividida contra si mesma não subsistirá. Nenhuma igreja estará agradando ao Senhor enquanto houver divisões dentro dela. Além disso, uma igreja cheia de divisões e sem comunhão é um campo fértil para contendas e escândalos. Vamos aplicar os princípios bíblicos de mutualidade para que a comunhão seja também real em nossa igreja (Rm. 15:5-6).
Na Igreja primitiva a comunhão era espontânea, por causa da experiência que cada um dos membros tinha com Cristo. Mesmo correndo o risco de ser redundante, digo: “A comunhão da Igreja depende da vida de Comunhão com Deus que cada membro do corpo de Cristo desfruta“.
Tal verdade é bem colocada por João em sua primeira epístola, observe: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros” (1 Jo. 1:7a). Ora, no verso 6, João mostra com clareza que Deus não tem trevas; logo aquele que andar em trevas não tem “coisas em comum” com Ele, não tem comunhão. E o mais maravilhoso diz ele a seguir, afirmando que se andarmos na luz, do mesmo modo que o Senhor está na luz (isto é comunhão com o Pai), então, e tão-somente, mantemos comunhão uns com os outros. Aqui está o segredo da Comunhão entre os participantes da Igreja de Cristo. Não há separação entre os que estão na Luz, como Deus é: “Deus é luz e nele não existe nenhumas trevas” (1 Jo. 1:5). Todo aquele que participa de uma vida de intimidade com Deus desfruta da intimidade dos que procuram intimidade com Deus. Quanto mais perto de Deus estão os participantes da igreja, mais próximos estão também uns dos outros.
b) A comunhão tem um papel fundamental na vitalidade da Igreja, e isso é claramente percebido na experiência da Igreja Primitiva.
Podemos dizer que a unidade na Igreja Primitiva significava ter o mesmo sentimento, o mesmo propósito, pensar, agir e sentir. Isso pode ser claramente percebido pela expressão feita por Lucas, pouco depois: “Da multidão dos que creram era um só o coração e a alma” (At. 4:32). Esta é a ideia que é exposta pelo termo “estavam juntos” que literalmente significa “eram próximos uns dos outros“. Ou seja, viviam uma vida comunitária em unidade. Veja essa descrição: “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração“. Mas é importante dizer que a Igreja Primitiva vivia em unidade e não em uniformidade.
Quando temos um bom relacionamento com Deus e com os nossos irmãos em Cristo, a nossa vida é direcionada àqueles que estão ao nosso redor - pessoas que precisam de um gesto de amor, uma palavra de conforto ou uma expressão de carinho. Os primeiros cristãos estavam cheios de temor a Deus, tinham tudo em comum e se ajudavam mutuamente. Todos os dias estavam reunidos para adorar a Deus, presenciavam muitas maravilhas e tinham a simpatia de todo o povo. Deve ser assim também em nossa vida diária: devemos demonstrar amor, paciência e perdão; visitar os doentes ou quem necessite da nossa presença e ajudar os pobres. Estas ações demonstram o amor de Deus e devem fazer parte da vida do cristão.
A comunhão dos cristãos com Jesus Cristo tem como modelo, fonte e meta a mesma comunhão do Filho com o Pai. A comunhão dos cristãos entre si nasce da sua comunhão com Cristo: todos somos ramos da única videira, que é Cristo. É Cristo que indica que esta comunhão fraterna é o reflexo maravilhoso e a misteriosa participação na vida íntima de amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo: “Que todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu em ti...” (Jo. 17:21).
c) A Igreja do primeiro século, dentre as muitas disciplinas e práticas que possuía, era também caracterizada pela comunhão.
Unidos a esse Infinito poder nada nos poderá fazer mal. Os crentes depois de instruídos pelos apóstolos passaram a ter comunhão com eles, porque, quando nos unimos ao Nosso Senhor Jesus Cristo, nos tornamos um com todos os que são dele e nos tornamos invencíveis contra as forças do demónio, que constantemente quer nos levar ao pecado. A comunhão da Igreja Primitiva (Jerusalém), era completa: abrangia a doutrina (dos apóstolos), a oração, no convívio de “uns com os outros” e nos momentos de almoço e jantar. É importante saber que, a palavra “perseveravam” aparece em primeiríssimo lugar. Era uma comunhão perseverante. Não era interrompida por nada.
d) O nível de comunhão na Igreja é o resultado da qualidade do seu relacionamento com Deus e dos relacionamentos interpessoais que Ela possui.
A Palavra diz que eles perseveravam na comunhão (com Deus e com o próximo). Ora, perseverar não é simplesmente permanecer, uma vez que permanecer pode significar uma atitude passiva de estar. Perseverar aponta para uma atitude ativa, uma decisão de estar em comunhão, a despeito do que possa querer impedir. Aqueles irmãos entenderam que não havia como ser Igreja de Jesus sem se relacionarem entre si, sem comunhão. Parece que hoje, quanto mais se evolui na comunicação, menos as pessoas se relacionam, piores se tornam os relacionamentos interpessoais. Estamos nos comunicando cada vez pior, porque os contatos pessoais estão cada vez mais escassos. Parece que as pessoas fogem umas das outras; estão com medo de se relacionar. São pessoas com medo de pessoas. Crente com medo de crente! Entretanto, comunhão é uma das bases fundamentais para a vida da Igreja de Jesus. É uma atitude de abrir-se para os outros, amá-los e deixar-se amar por eles. Todos nós precisamos ser aceitos e afirmados, mas também aceitar e afirmar. 
Como está a sua comunhão com os seus irmãos? Se ela estiver estremecida, não importa o motivo, refazei-a o quanto antes e cuide para que ela nunca seja cortada. Os sinais e os prodígios que eram realizados na Igreja Primitiva devem-se à comunhão e ao verdadeiro temor dos crentes. Estes eram comprometidos com a frequência aos cultos, com a obra social e com o crescimento da igreja em número e qualidade. Chamo também a sua atenção para o completo e perfeito louvor que o povo dava a Deus e a alegria que inundava o coração de todos. Com isso, se tornaram simpáticos e não tinham qualquer rejeição dos de fora da igreja. Aquela igreja se tornou uma Igreja Exemplar.
e) A vida de comunhão do Corpo de Cristo, Sua Igreja, é uma necessidade e não pode ser jamais olvidada, em tempo algum.
Jesus constituiu Sua Igreja, para viver em comunidade. É importante observar que a Vida em Comum é derivada da Igreja. Nos dias atuais, é muito comum ouvir e ver as diversas Comunidades Evangélicas por todos os rincões deste país, porém elas têm que se organizar em igrejas, para terem um funcionamento reconhecido pelas leis ou se transformarem em entidades filantrópicas, totalmente assistenciais. Mas o plano de Deus para a Sua Igreja é que ela viva em comunidade, como viveram os crentes em Jerusalém.
f) Quando se fala em comunhão, entende-se que esta palavra envolve o convívio de um grupo de pessoas, que têm o mesmo objetivo, os mesmos sentimentos e a mesma fé.
Tudo isso misturado numa única porção, que é chamado de Comunhão. Antigamente, todo o casamento era feito em comunhão de bens. Não havia as expressões: parcial, nem total. Com o moderno regime, aparece a palavra parcial, deixando claro que, a comunhão de bens, é a partir do casamento. No regime anterior, de total comunhão, eram considerados os bens já existentes. Na vida em comunidade, a comunhão deve ser total, pois o Espírito Santo é quem realiza esse trabalho que envolve o amor cristão verdadeiro. Como no casamento, a comunhão só se desfaz com a morte de um dos cônjuges, na Igreja, a comunhão não deve acabar em tempo algum, pois mesmo depois da morte física, há não apenas a esperança, mas a certeza de um encontro eterno nos Céus, onde essa comunhão é perfeita.
g) Comunhão é a atitude de abrir as nossas vidas para os nossos irmãos e amá-los.
Isso é possível porque Deus nos fez conhecer e crer em sua maravilhosa obra: Ele se abriu a todos nós e nos amou incondicionalmente. Deus compartilhou o seu amor, compartilhou a sua graça, estendeu-nos a mão e nos perdoou. Ele nos aceita como somos e nos amou quando ainda éramos pecadores. Esse Deus que chega até nós pela mensagem de seus feitos em nosso favor, e pela comunhão, causa uma mudança radical em nossas vidas de tal forma que, em resposta, podemos amar os nossos irmãos.
h) A comunhão também revela que faço parte de um povo redimido.
O apóstolo Pedro afirma acerca dos cristãos em sua primeira carta: “vós, porém, sois a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vós fostes escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que vos chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. Vós que antes não éreis povo de Deus, mas agora sois seu povo; antes não conhecíeis a misericórdia de Deus, mas agora já recebestes a sua misericórdia” (l Pe. 2:9-10).
Somos povo de Deus por causa de sua misericórdia. Ele não nos chamou para vivermos isolados, mas para vivermos em comunidade. Deus está preparando uma sociedade perfeita no céu, onde os relacionamentos serão marcados pelo amor. Entretanto, por antecipação, Deus já está preparando o seu povo para viver naquela sociedade eterna. Sendo assim, as misericórdias de Deus nos introduzem numa relação íntima com ele pela fé e, por extensão, numa relação significativa com nossos irmãos, pelo amor.


1. A Comunhão Proporciona a Unidade
A unidade da Igreja não é um resultado do acaso, nem um sentimento passageiro, nem muito menos um consenso político, mas é proveniente da comunhão, do amor fraterno e, sobretudo, da transcendente e sobrenatural comunhão que existe entre o Pai,  o Filho e o Espírito Santo.
A unidade da Igreja não é, portanto, comparável com a unidade de um corpo político, mas é um efeito da perfeita comunhão.
Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto que assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At.  2:47 ).
A comunhão é o vínculo de unidade mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo. A pala­vra grega koinonia traz a ideia de cooperação e relacionamento espi­ritual entre os santos. A comunhão da Igreja Primitiva era completa (At. 2:42). Reuniam-se em oração e súplica, mas também reuniam-se para socorrer os mais necessitados.
Deus quer e exige que o seu povo permaneça unido (1 Co. 1.10). Em sua oração sacerdotal, o Senhor Jesus roga ao Pai pela unidade de seus discípulos (Jo. 17:11). Portanto, se mantemos o vínculo da comunhão, agradamos a Deus (Ef. 4:3). Sim, esse é o vínculo da perfeição que tem como base o amor; conforme ensina o apóstolo Paulo: “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef. 4:2).
A Comunhão da Igreja agrada a Deus porque ela tem como vinculo o amor, que se traduz em união, que é a qualidade de ser um, mediante a unidade na diversidade. Infelizmente, a união que deveria ser encontrada na Igreja nem sempre o é. As pessoas discordam e causam divisões por causa de assuntos sem importância. Alguns sentem prazer em causar tensão, depreciando e desacreditando outros.
A unidade espiritual do corpo de Cristo (a igreja) é uma obra exclusiva de Deus. Não podemos produzir unidade, mas apenas mantê-la. Todos aqueles que creem em Cristo, em qualquer lugar e em qualquer tempo, fazem parte da família de Deus e estão ligados ao Corpo de Cristo pelo Espírito. Esta unidade não é externa, mas interna. Ela não é unidade denominacional, mas espiritual. Só existe um Corpo de Cristo, uma Igreja, um rebanho, uma Noiva. Todos aqueles que nasceram de novo e foram lavados no sangue do cordeiro fazem parte dessa bendita família de Deus. Esta unidade é construída sobre o fundamento da comunhão com a verdade (Ef. 4:1-6). Não há unidade cristã fora da verdade.
A Igreja não é um clube de amigos ou uma associação humana secular; também não é uma empresa. É o conjunto ou comunhão dos redimidos em Cristo, que compartilham da “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef. 4:3).
Na unidade e na harmonia a glória de Deus será manifesta e a casa “se encherá de fumaça” (Is. 6:4-5). Por esta razão é que o inimigo de nossas almas investe tanto em destruir a união e a harmonia do corpo de Cristo, porque assim não iremos proclamar as virtudes de Deus, essa tem sido uma das maiores lutas que ele tem travado com o povo de Deus. Povo sem união não vence as batalhas, pelo contrário, é envergonhado diante dos seus opositores. É tempo de despertar pelas artimanhas que o diabo tem lançado contra os escolhidos, e contra atacarmos na promoção da unidade. Assim como o óleo correu da cabeça de Arão, até à sua barba e pelas suas vestes, também a unção de glória nos cobrirá completamente nestes últimos dias ao darmos as mãos como irmãos em Cristo, não por afinidade, raça, cor,  denominação, mas pelo sangue vertido na cruz pelas nossas vidas. Ruth Heflin no seu livro “Avivamento em Glória” diz: “Será impossível sentarmo-nos juntos em lugares celestiais se não pudermos sentar-nos juntos aqui na terra, unidos pelo Espírito”.
Promover a unidade significa um exército mais forte, brilhando a glória de Deus e assim ofuscando o brilho deste mundo, e acima de tudo proclamando juntos as virtudes daquele que nos chamou para a sua maravilhosa luz. Em Eclesiastes 4:9-12 fala sobre a força do cordão de dobras, se queremos formar um exército do Deus vivo aqui neste mundo, então este é momento de nos tornarmos um cordão de muitas dobras. É tempo de reunir forças e dar suporte uns aos outros, porque juntos somos melhores.
A unidade dos cristãos é essencial para a realização plena deste modo de ser Igreja. A oração pela unidade dá testemunho da consciência pessoal e coletiva dos cristãos de que o atual “”modo de ser Igreja” ainda não realiza plenamente o seu “dever”. Isto não tira nada à afirmação da Igreja Evangélica de que nela subsiste a plenitude da Igreja de Cristo. Lembra, simplesmente, que esta plenitude teologicamente afirmada não dispensa, antes torna ainda mais urgente o empenho para que se cumpra a oração de Cristo: “a fim de que todos sejam um só; e como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo. 17:21).
Como discípulos de Cristo, nosso alvo deve ser trabalhar humildemente para manter a unidade, “se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm. 12:18). Essa admoestação não é simples de se ouvir e praticar, contudo Deus não ouve desculpas nestes dias do fim. É unidade ou não é. O segredo para agirmos dessa forma é focarmos cada vez mais os nossos olhos em Jesus, e não nas pessoas ou no que elas fizeram por nós, até porque Jesus pagou o mesmo preço na cruz por mim e por elas. Olhemos para o nosso alvo e autor de nossa fé, Jesus, e quanto depender de mim, terei paz com todos os homens.
Estamos aqui num ambiente de unidade mística e espiritual, antes de união apenas física ou humana, embora sejam próprias também da Igreja, mas estas devem ser reflexo da comunhão de vida no amor e na fé.
O primeiro efeito da comunhão estabelecida pela salvação é, como nos mostra o apóstolo Paulo, na epístola aos Efésios, a consciência da vocação, ou seja, do chamado de cada um. Quando verificamos que somos “parte do corpo”, procuramos descobrir “que parte” somos, onde o Senhor nos quer pôr, a fim de que contribuamos para o crescimento da Igreja e para o desempenho das tarefas. A consciência da vocação, do chamado (Ef. 4:1) é fundamental para quem vive em comunhão.
Como as igrejas locais têm sofrido por não haver uma busca desta consciência da vocação por parte dos crentes. Muitos têm procurado estabelecer o seu lugar na igreja local através de sua posição social, de sua situação económico-financeira, de sua escolaridade, de seu parentesco, de seu tempo de filiação e de suas habilidades. Transformam a igreja local num grupo social qualquer, numa instituição onde todos estes fatores são determinantes para o estabelecimento de posições, de relacionamentos entre os integrantes.
No entanto, quando temos comunhão com Deus, sabemos que somos parte do corpo de Cristo e que, assim sendo, temos um lugar que é determinado pelo Senhor e que devemos ocupá-lo para fazermos a vontade de Deus. Não adianta querermos ser algo que o Senhor não quer que sejamos. Não adianta queremos agradar a A ou a B e sermos aquilo que o Senhor não quer que sejamos. Na Igreja, para estarmos em comunhão, é preciso estarmos no lugar determinado pelo Senhor, ter a plena consciência da nossa vocação, da nossa chamada.
Há uma tendência a vincular o assunto “chamada” com o ministério, ou seja, com o exercício de atividades pastorais, o que, porém, não é correto. Todos nós fomos escolhidos por Cristo para pertencermos à Sua Igreja (Jo. 15:16a) e a cada um o Senhor tem dado um determinado papel, uma determinada atividade, por mais simples que ela seja. Lembremo-nos de que, na parábola dos talentos, ninguém ficou sem receber pelo menos um talento. Por isso, é imperioso que tenhamos consciência de nossa vocação, pois este é o primeiro factor a nos mostrar que estamos em comunhão.
O segundo efeito da comunhão é o andar digno da vocação com que se é chamado (Ef. 4:1). A partir do instante que temos consciência de que fomos chamados por Deus e que lugar é necessário ocupar na igreja local, devemos nos comportar de modo a sermos dignos deste chamado. Assim, não somente devemos andar em santidade, separados do pecado, como também conforme o chamado que recebemos do Senhor. Dependendo de nossa posição na casa do Senhor, portanto, devemos exercer as nossas atividades e dedicarmo-nos a algumas tarefas, sempre com o propósito de servirmos a Deus. Um músico, por exemplo, deve se dedicar ao estudo de seu instrumento, enquanto que aquele que é professor, deve se esmerar no estudo da Palavra de Deus e assim por diante.
Se cada um andar como é digno da vocação com que se é chamado, a igreja demonstrará uma unidade e um ajuste que o resultado não será outro senão o crescimento e a edificação em amor (Ef. 4:16). Em muitos lugares, como há luta por espaços, como há verdadeiras batalhas e lutas entre os “irmãos” para determinadas funções e posições, o resultado é tão-somente o esfacelamento do grupo social, as divisões, as pelejas, o escândalo que arruína a vida espiritual de muitos e proporciona apenas morte e tristeza. Tem-se nesta indignidade de andar um espaço aberto para a rebelião, que a Bíblia equipara ao pecado de feitiçaria (1 Sm. 15:23), ou seja, tem-se a atuação direta do inimigo e das hostes espirituais da maldade em lugares onde deveria estar a presença de Deus. Não nos esqueçamos da rebelião de Datã, Abirão e Corá e de seus nefastos efeitos (Nm. 16:1-35)!
Cada um deve ter a consciência de seu papel e exercê-lo na direção do Espírito Santo, não almejando aquilo que não lhe pertence e, dentro de seu papel, ajudando a todos quantos estão a exercer outras funções, igualmente importantes e das quais se necessita para o pleno desempenho de seu papel, pois todos são “parte do corpo”. Não somos apenas “tricotados” na igreja local, não temos caminhos próprios, não temos “carreiras eclesiásticas”, mas somos membros uns dos outros.
Para andar como é digno da nossa vocação, o apóstolo Paulo nos diz que devemos andar com humildade, mansidão, longanimidade, suportando-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2). Precisamos de ser humildes, ou seja, não só nos colocarmos debaixo da potente mão de Deus (1 Pe. 5:6), reconhecendo a nossa pequenez diante de Dele e nos submetendo à Sua vontade, negando-nos a nós mesmos (Mc. 8:35; Lc. 9:23), como também considerando os outros superiores a nós mesmos (Fp. 2:3). Uma das provas da comunhão com Deus é um comportamento que evita o “estrelato”, os “holofotes”, a “superexposição”. Um dos grandes adversários dos crentes tem sido a fama, o prestígio adquirido com o sucesso na obra do Senhor. Muitos têm caído na mesma armadilha do rei Uzias e, lamentavelmente, envaidecem-se a tal ponto que a soberba os domina e acabam caindo da graça, humilhados publicamente por causa do pecado cometido, visto que aquele que se exalta, será humilhado (Lc. 18:14).
A comunhão faz-nos que sejamos mansos. A mansidão, uma qualidade do caráter de Cristo Jesus, assim como a humildade (Mt. 11:29), é uma das qualidades do caráter gerado pelo Espírito Santo na nova criatura (Mt. 5:5; Gl. 5:22). Ser manso é ser brando na maneira de se expressar, doce, meigo e suave. Ter autocontrolo para se relacionar com as pessoas, não as magoando, mas respeitando o seu modo de ser, de modo tranquilo, sereno, sem agitação. O salvo tem de ser manso, notadamente quando for indagado a respeito da razão da esperança que tem (I Pe. 3:15). Nos dias em que vivemos, é fundamental que nos mostremos mansos, que não sejamos impiedosos e ferozes como eram os fariseus nos tempos de Jesus.
A comunhão faz-nos que sejamos, também, longânimos, ou seja, que tenhamos “longo ânimo”, que sejamos pacientes, que tenhamos condições de suportar as diferenças dos outros, a fraqueza espiritual de muitos, a dureza de coração de tantos outros. Ser longânimo é suportar com firmeza as contrariedades, os malogros, os fracassos e as dificuldades em benefício de outrem. É ter em vista as coisas sublimes e realmente importantes e não se prender a coisas de somenos importância, que a nada leva a não ser à discórdia, ao escândalo e à morte espiritual.
A comunhão põe em prática o amor divino que nos foi derramado pelo Espírito Santo (Rm. 5:5). Quando estamos em comunhão, passamos a suportar os demais irmãos em amor, ou seja, não é que “façamos força para engolir o irmão A ou B”, mas, por amor, por saber que aquele irmão foi salvo por Jesus, tem grande valor para Deus, nós aceitamos as contrariedades que ele nos provocou, com prazer e resignação, porque nós o amamos e este amor não é o resultado do bem que nos fez, mas, sim, um amor incondicional, desinteressado e gratuito.
O terceiro efeito da comunhão é a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef. 4:3), unidade esta que é descrita pelo apóstolo como sendo a circunstância de termos “um só corpo e um só Espírito, chamados em uma só esperança da vocação, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos” (Ef. 4:4-6). A missão do crente é preservar a unidade do Espírito pelo “vínculo da paz”. 
Ser um só corpo (que significa que cada parte faz coisas para as outras), como vimos, é resultado de cada um ter a consciência de que é “parte do corpo de Cristo” (a assembleia de todos os que vivem no céu e os salvos na Terra). Esta consciência faz com que não só saibamos o que fazer na igreja local, como a própria igreja local tem a noção do que representa na igreja universal. Paulo demonstrou esta consciência à igreja em Corinto, que, aliás, carecia dela (1 Co. 3). Como é triste verificarmos que muitos se acham “proprietários das chaves dos céus”, de que só a sua denominação ou o seu ministério é que tem condições de levar alguém para a vida eterna, como também aqueles que, por insubmissão e rebeldia, resolvem “afundar” as suas igrejas, sem qualquer direção divina, mas única e exclusivamente por vaidade, quando não por ganância.
Ser um só corpo não significa, em absoluto, que a igreja deva ter apenas uma organização humana, deva ser uma única instituição, como tem sido preconizado pelo chamado “movimento ecumenista”, capitaneado pela Igreja Romana notadamente após o Concílio Vaticano II, que se encerrou em 1965, mas, sim, que a igreja universal é única, o único corpo de Cristo, uma nação espiritual que, entretanto, comporta, sim, uma multiformidade, ou seja, uma multiplicidade de formas e de organizações, até porque, pela igreja é que se faz conhecida a multiforme sabedoria de Deus (Ef. 3:10). A igreja é um testemunho do talento, da habilidade e da sabedoria de seu Arquiteto.
Ser um só corpo, porém, exige de cada salvo a consciência de que somos todos “parte do corpo”, ou seja, de que precisamos trabalhar, todos, sem exceção, em harmonia, sem choques, sem disputas, sem dissensões. Este é o verdadeiro “espírito”, esta é a verdadeira “unidade do corpo de Cristo”. Precisamos de reconhecer que cada um, do modo determinado por Deus, está na face da Terra para realizar a obra de Deus e que, cada um fazendo a sua parte, o que não se pode fazer de forma solitária ou individualista, mas mediante a união de um em relação aos outros, o Senhor também cooperará e confirmará a Palavra com os sinais (Mc. 16:20).
Entretanto, o espírito de competição e de concorrência, que domina o sistema económico mundial, também chegou à Igreja, que, infelizmente, convive, na atualidade, com um verdadeiro “mercado religioso” ou um “mercado da salvação”, uma disputa por crentes e por fiéis que está aumentando a cada dia. Tudo isto é perda de comunhão com Deus, é falta completa da consciência de que há um só corpo e que todos devem se completar uns aos outros para que haja um verdadeiro e genuíno crescimento ajustado da Igreja.
Ser um só Espírito significa que devemos seguir uma só orientação e direção, a direção do Espírito Santo, a Pessoa divina que o Senhor Jesus nos enviou para não nos deixar órfãos, para nos guiar, ensinar e anunciar tudo o que tiver ouvido (Jo. 16:13-15). O Espírito Santo é Deus e, como tal, devemos prestar-Lhe irrestrita obediência, buscando sempre a Sua orientação para todas as tarefas que iremos desempenhar, a fim de que outras pessoas também desejem o mesmo. Paulo, mesmo tendo sido chamado e separado para pregar o evangelho aos gentios, não ousava pregar o Evangelho sem a devida direção e orientação do Espírito Santo (At. 16:1-10). Os apóstolos, mesmo tendo sido postos pelo próprio Jesus para liderar a igreja, não ousaram tomar qualquer decisão no concílio de Jerusalém sem antes saber qual era o parecer do Espírito Santo (At. 15:28).
A comunhão leva-nos a ser sensíveis à voz do Espírito Santo, que é uma característica que sempre deve existir na Igreja (Ap. 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). Ouvir não é ter orelhas, pois, mormente nos dias em que vivemos, muitos têm orelhas, mas não ouvem o Espírito Santo, preferindo antes amontoar para si doutores conforme as suas próprias concupiscências (2 Tm. 4:3, 4). Ser um só Espírito é estar atento ao que o Espírito Santo diz e o que o Espírito Santo diz é o que está na Palavra de Deus, na Bíblia Sagrada, visto que a Palavra é a espada do Espírito (Ef. 6:17) e o Espírito tem por função glorificar a Cristo, que é a Palavra de Deus (Jo. 1:1).
Só há um Espírito Santo, que é completo e, por isso, não se pode permitir que outros espíritos venham a ter lugar nas igrejas locais, inclusive seres angelicais. Há um só Espírito, um Espírito que é completo (daí a expressão “setes espíritos de Deus” (Ap. 3:1), que representa plenitude e que, portanto, não deixa espaço para qualquer outro ser em Suas tarefas.
Há uma só esperança de vocação. A comunhão, além de gerar a consciência do chamado de cada salvo, dá a cada membro da Igreja a mesma esperança. Todos estamos esperando Jesus. Todos estamos esperando a glorificação dos nossos corpos para que desfrutemos a eternidade com o Senhor. A Igreja tem esta esperança e, por causa dela, dia após dia se purifica a si mesma, sabendo que o Senhor é puro e que somente os limpos de coração verão a Deus (1 Jo. 3:3; Mt. 5:8). Santificar-se, i.e., separar-se do pecado, não se envolver com as coisas desta vida, não ajuntar tesouros nesta terra, são características de quem tem comunhão com Deus, que pensa nas coisas que são de cima e não nas que são da terra (Cl. 3:1, 2).
A comunhão mostra-nos, com clareza, onde está a nossa esperança, em quem e o que devemos esperar. Quem tem comunhão com Deus comporta-se como peregrino nesta Terra (Sl. 119:19), a exemplo de Abraão, o pai da fé (Gn. 23:4) e dos demais heróis da fé (Hb. 13:13-16). Quando vemos pessoas que se dizem servas do Senhor mas que estão completamente envolvidos com as coisas desta vida, podemos notar que são pessoas que partem rapidamente para a morte espiritual, se é que já não a alcançaram (Mt. 13:22).
Há um só Senhor, ou seja, a Igreja tem uma única cabeça, o Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele é o Sumo Pastor (I Pe.5:4). Quando estamos em comunhão com Deus, temos esta consciência de que somos servos e que há um só Senhor. Na Igreja, todos sabem que não são melhores do que os outros e que os maiores existem para servir os menores (Mt. 20:26; Mc. 10:43). Os falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos procuram arrebanhar pessoas à sua volta, procuram criar subterfúgios e falsos ensinos para fazer valer a sua “autoridade” sobre os crentes, por intermédio de “novas unções”, “coberturas apostólicas” e coisas desta natureza, que nada mais são do que enganos e provas de que são pessoas que estão fora da comunhão do Senhor. Há um só Senhor e não há qualquer mediador entre Deus e os homens, a não ser Jesus Cristo homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos (1 Tm. 2:5-6a).
Por isso, a comunhão com Deus impede o mercenarismo, a simonia, ou seja, o amor ao dinheiro. Com efeito, como ensina o Senhor Jesus, não se pode servir a dois senhores: ou se serve a Deus ou se serve às riquezas (Mt. 6:24; Lc. 16:13). Como, na “koinonia”, há um só Senhor, vemos que não é possível estar em comunhão com o coração nos tesouros desta terra (Mt. 6:19, 21). Vemos, pois, quão longe da genuína e autêntica Igreja estão os falsos mestres, movidos pela ganância, pela avareza e que só enxergam no povo de Deus uma forma de fazer negócios, de enriquecimento - cada vez mais fácil, aliás (2 Pe. 2:1-3).
Há uma só fé, ou seja, a verdadeira fé, a única fé é aquela que é nascida pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm. 10:17), que testifica de Jesus Cristo (Jo. 5:39). A comunhão faz com que tenhamos fé apenas em Jesus, ou seja, na Sua Palavra, abandonando, assim, as fábulas, as crendices, as superstições, os pensamentos filosóficos e científicos. Muitos se têm apartado da simplicidade que há em Cristo Jesus (2 Co. 11:3), sendo enganados pelo adversário de nossas almas e passando a crer em tudo menos na Palavra de Deus. Entretanto, a fé é única e sem esta única fé não poderemos, de modo algum, alcançar a salvação e, consequentemente, a comunhão (Ef. 2:8) que sustenta a vida espiritual de modo parecido como o alimento material mantém a vida do corpo.
Há um só batismo, ou seja, somente se ingressa no corpo de Cristo por intermédio do novo nascimento, da operação do Espírito Santo na vida daquele que, convencido pelo Espírito Santo, arrepende-se dos seus pecados e passa a viver uma nova vida na fé do Filho de Deus (Gl. 2:20). Este batismo a que Paulo se refere não é nem o batismo nas águas, nem o batismo com o Espírito Santo, mas o batismo por ele próprio mencionado em 1 Coríntios 12:13, ou seja, o ingresso no corpo de Cristo através da regeneração, da salvação. Ninguém pode entrar no reino de Deus a não ser nascendo da água e do Espírito (Jo. 3:5), i.e., crendo na pregação do Evangelho que é o poder de Deus para a salvação e sendo convencido pelo Espírito Santo.
Isto é muito importante porque, nas igrejas locais, há muitos que ali estão não porque foram “batizados num só Espírito” nem tampouco porque tenham nascido de novo, mas porque pertencem ao grupo social por tradição familiar, por simpatia ou, mesmo, por religiosidade, quando não, como tem sido cada vez mais frequente, por interesses materiais. Estes não estão em comunhão, porque só há um batismo, não há muitas maneiras de se ingressar no corpo de Cristo, só há uma forma, apenas um caminho, e esta forma exige fé na Palavra e o convencimento do Espírito Santo, ou seja, o novo nascimento.
Lamentavelmente há muitos que acham que podem entrar no céu pela janela, mas a única entrada possível é pela porta, que é o próprio Jesus (Jo.10:9), Aquele que é pregado na Palavra e que o Espírito Santo trabalha para que seja glorificado. Quem não entra pela porta, é ladrão e salteador (Jo. 10:8). Não há, pois, como se ingressar no reino de Deus a não ser pelo sangue de Cristo vertido na cruz do Calvário (Ap. 22:14), foi o valor pago a Deus em sacrifício pelos nossos pecados. O valor do sangue de Cristo não tem preço, é inestimável, pois foi com ele que a minha vida foi comprada. Você já parou para pensar quanto vale a sua vida?
Há um só Deus e Pai de todos, O Qual é sobre todos, e por todos e em todos. A comunhão traz-nos também a certeza de que há um só Deus e Pai de todos, ou seja, pela comunhão sentimos o amor de Deus e o Seu cuidado paternal por cada um de nós. A “koinonia” faz-nos ter a consciência de que somos filhos de Deus, de que fomos feitos filhos de Deus e que isto não é um merecimento nosso, mas fruto da graça divina, da Sua infinita misericórdia. Por isso, nossa comunhão é com o Pai e com o Filho (1 Jo. 1:3).
A comunhão da Igreja leva-nos a ver cada irmão como filho de Deus, como alguém dotado de uma posição privilegiada na ordem cósmica, como alguém que é fruto do amor divino e que, por isso, tem de ser considerado, respeitado e dignificado. É Deus de todos, ou seja, não faz aceção de pessoas e considera a todos os salvos igualmente. Além do mais, a comunhão faz-nos perceber que Deus está sobre todos nós, ou seja, é soberano, Alguém que deve ser objeto de adoração e obediência; que Deus está por todos, ou seja, que Ele sempre está trabalhando a nosso favor, é um Deus que intervém na criação, que não nos abandona e um Deus que está em todos, ou seja, que habita em cada salvo.
Como, então, sermos parciais na Igreja? Como tratarmos bem alguns e não outros? Como fazer aceção, como, aliás, desde a igreja primitiva, ocorria, como vemos registado na carta do apóstolo Tiago, ele próprio pastor da igreja em Jerusalém (Tg. 2:1-13). Tal comportamento demonstra que não se está em comunhão com o Senhor.
Vemos, pois, que quem nega a divindade de Jesus, quem nega Sua condição de Filho de Deus não pode estar em comunhão com o Pai e, portanto, não pertence à Igreja de Deus. Reconhecer Deus como Pai é “ipso facto” reconhecer Jesus como o Filho, pois quem nega o Pai, nega o Filho. Eis, pois, um importante factor de identificação do povo de Deus, que tem comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo (1 Co. 1:9; 2 Co. 13:14; 1 Jo. 1:3).


2. A Riqueza da Comunhão Está na sua Diversidade
Contemplando a Trindade, que é Una na diversidade das três Pessoas, entendemos que a unidade não se faz pela uniformidade, ou seja, não se exige que todos os salvos tenham, em todos os lugares e em todas as épocas, a mesma forma, o mesmo modo, a mesma maneira de servir a Deus, mas que sejam sinais de comunhão, de partilha, de esperança para este mundo tão dividido, individualista e sem esperança.
A comunhão proporciona a união, que é a qualidade de ser um, mediante a unidade na diversidade, que nos leva a aceitar as formas diferentes de manifestações de adoração, de cânticos, de fala, de ações de cada um, e que nos leva a preservar as verdades absolutas da Palavra de Deus e nos une nessas verdades absolutas, rejeitando aqueles que não guardam as verdades absolutas de Deus (1 Co. 3:10-11).
A própria metáfora utilizada na bíblia para a Igreja – a do corpo humano – demonstra que a igreja experimenta a unidade mediante a diversidade. O corpo possui muitos órgãos, todos eles contribuindo para o desempenho ótimo do corpo... Todos, entretanto, funcionam sob a direção do mesmo Espirito, edificando a Igreja com o melhor dos dons que Deus lhes concedeu. Como disse o apóstolo Paulo, na Igreja, temos a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef. 4:3).
Ora, se existe um vínculo (em grego, a palavra é “sundesmos” – σύνδεσμος), é porque existe uma ligação, algo que junta dois ou mais seres, ou seja, não se trata de um único ser, mas de um conjunto de seres. Somos o corpo de Cristo, mas, também, “seus membros em particular”, isto é, não perdemos a nossa individualidade, as nossas características próprias quando nos unimos ao Senhor e à Sua Igreja.
Esta é uma das grandes riquezas do povo de Deus que, muitas vezes, é desprezada e até alvo de ataque por alguns menos avisados e que não conhecem bem a Palavra de Deus. O povo de Deus tem um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, mas é um povo formado por pessoas que são diferentes umas das outras, que têm grupos que se distinguem por causa de sua cultura, de seu modo de viver, de seus costumes e de sua maneira de servir a Deus.
Todos são santos, todos têm de ser separados do pecado, todos têm que experimentar um Deus amor e comunhão com um projeto de libertação, de ternura, de compassividade e capacidade para ir ao encontro do outro e lhe prestar ajuda nas horas mais difíceis, todos devem servir ao mesmo Senhor, ter a mesma fé, ter o mesmo batismo, ter o mesmo Pai. Todos são irmãos e, portanto, devem se amar uns aos outros, não devem promover dissensões, lutas e pelejas entre si, porque produzem o fruto do Espírito e não as obras da carne, mas, nem por isso, são iguais. Deus, aliás, não fez uma pessoa igual ou idêntica a outra sobre a face da Terra e, como a Igreja é formada por seres humanos, naturalmente que será um grupo de pessoas que diferem entre si.
A Bíblia mostra-nos que o Espírito Santo é um só, é o mesmo, mas atua por intermédio de diversas atuações (1 Co. 12:4-6), a confirmar, pois, que, no corpo de Cristo, como em qualquer corpo, embora se tenha uma unidade, existem elementos que diferem uns dos outros, mas cujas diferenças, além de necessárias, servem para reafirmar a unidade do corpo. Esta aparente contradição é encontrada na raiz da própria palavra “igreja”, que, como sabemos, é o conjunto dos “reunidos para fora”. Por estarem reunidos, trata-se de um corpo, de uma unidade, mas por serem indivíduos que foram postos “para fora”, não são uma massa uniforme, um agregado de mesmices, mas pessoas que estão “fora”, ou seja, que foram “apartadas”, “afastadas” de outras, que continuam sob o domínio do mal e do pecado. Por isso, são “diversas”, pois a palavra “diversa” tem origem no latino “diversus”, que significa precisamente “apartado”, “separado”.
Lembramos que a palavra grega para “diversidade”, no Novo Testamento, é “diairésis” (διαίρεσις), cujo significado é o mesmo, ou seja, “variedade” no sentido de “distribuição, divisão, separação”.
A sabedoria de Deus é “multiforme” (Ef. 3:20), assim como é “multiforme” a Sua graça (I Pe. 4:10), de modo que não podemos, de forma alguma, exigir que todos os salvos tenham a nossa mesma “forma”, o nosso mesmo “jeito”. Identificamos um salvo não pela sua aparência, não pelo seu modo de servir a Deus, mas, sim, com o “olhar de Barnabé”, i.e., verificando se, no grupo social que encontramos, naquela igreja local com que nos deparamos, há a “graça de Deus” e o “propósito do coração para permanecer no Senhor” (At. 11:23).
a) A unidade do Espírito é feita, pela existência de um andar digno da vocação do Senhor, com humildade, mansidão e longanimidade, pela presença de um só Espírito, de uma só esperança, de um só Senhor, de uma só fé, de um só batismo, de um só Deus e Pai de todos.
O Senhor tirou-nos do meio de uma sociedade moralmente apodrecida, tirou-nos das trevas morais e nos fez entrar em Seu Reino de Luz, onde tudo se baseia nos princípios da verdade e do amor. Por isso, vivamos de acordo com a nossa vocação. No mundo impera o egoísmo, a vaidade, o orgulho e a exploração dos outros para o proveito próprio. Frequentemente, aquele que é mais insolente e agressivo alcança um sucesso maior. Daí provem inimizades, brigas e outros males que arruínam a sociedade humana. Para evitar isso, nós devemos ser humildes e dóceis e em tudo manifestarmos a paciência e o amor. É maravilhoso que na base da perfeição espiritual, o apóstolo coloca a virtude com a qual o Senhor iniciou o Seu Sermão da Montanha, ou seja, a humildade ― uma opinião modesta a respeito de si mesmo aliada à esperança da ajuda de Deus (bem aventurados os pobres de espírito). Da humildade nasce a docilidade que impede qualquer desavença. A meta comum deve ser “conservar a unidade de espírito (unanimidade) no vínculo da paz”.
Havendo estas características no meio de um certo grupo de pessoas, devemos reconhecê-lo como parte da Igreja e nos unirmos a ele com o “vínculo da paz”, ou seja, devemos viver em harmonia com este grupo, dedicando-nos a servir a Deus da nossa forma, atendendo à nossa vocação, enquanto aquele grupo também o faz do modo determinado pelo Senhor a eles. Não podemos contender nem lutar com eles, mas cada qual, pelo vínculo da paz, fazer o trabalho que é o mesmo: o da pregação do Evangelho e preparação dos salvos para a volta do Senhor. Vamos desejar viver a alegria da autenticidade cristã porque podemos, sim, ser melhores cristãos. Podemos, sim, estar mais próximo de Deus. Podemos, sim, estar mais próximos do próximo. Podemos, sim, conscientemente e disciplinadamente cultivar melhores hábitos no nosso comportamento que irão nos projetar para uma legítima comunhão mais íntima com o Pai.
Um reino dividido contra si mesmo é devastado, como ensinou o Senhor Jesus (Mt. 12:25, 26). Por isso, o adversário de nossas almas tem conseguido causar grande prejuízo à obra de Deus porque consegue criar, no meio do povo de Deus, o espírito de divisão, o ânimo da competição, gerando brigas, disputas e lutas entre quem deveria ser irmão. Este espírito faccioso tem origem diabólica (Tg. 3:15, 16), gerando tão-somente perversão e animalidade. Fujamos, pois, de tal comportamento, buscando estar debaixo da mão potente de Deus, em comunhão com Ele e com o Príncipe da Paz, pois temos paz com Deus (Rm. 5:1) e, quanto depender de nós, devemos ter paz com todos os homens (Rm. 2:13), o que significa termos, sempre, paz com os irmãos (I Ts. 5:13).
b) A unidade na diversidade, a diversidade com unidade permite que se tenha a paz entre os irmãos, entre os membros do corpo de Cristo e o resultado disto é o crescimento bem ajustado de todo o corpo em amor (Ef.  4:15, 16).
Seguir a verdade em amor (v.15): O significado literal é “sendo verdadeiro em amor”, no sentido de “viver” e “praticar” a verdade. Mas há um detalhe muito importante: “em amor”. Muitos falam a verdade, mas não têm amor. Outros têm amor, mas em nome desse amor, abrem mão da verdade. Como escreveu Stott, “a verdade se torna ríspida se não for equilibrada pelo amor; o amor torna-se frouxidão se não for fortalecido pela verdade”.
Cooperar uns com os outros v. 9, 16): Aqui Paulo revela um dos segredos do crescimento da igreja: quando todo o corpo está “bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda a junta, segundo a justa cooperação de cada parte”. Significa que a maturidade espiritual da igreja depende de quanto cada membro está fazendo a sua parte, no sentido fazer, pelo menos três coisas: aperfeiçoando outros para o serviço; “Conhecendo melhor o varão perfeito, que é Jesus; e tendo cuidado com os ventos de doutrina”.
O vínculo da paz permite que cada um exerça a função para a qual foi chamado, que cada grupo cumpra o seu propósito para o Senhor e, como consequência disto, há uma operação conjunta, há um desenvolvimento da obra de Deus, o seu crescimento em amor, pois o amor é o “DNA” do povo de Deus.
Fala-se muito em crescimento de igrejas na atualidade, havendo dezenas, senão centenas de estratégias, de modelos, de visões e de mecanismos para o crescimento da Igreja. No entanto, o único modelo, estratégia, visão e mecanismo a funcionar é o crescimento em Cristo, que é a cabeça, mediante o seguir da verdade em amor (Ef. 4:15). Quando estabelecemos a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz”, comunhão fundamentada em amor para que o mundo saiba que Cristo vive em nós, o resultado só pode ser o crescimento da Igreja, seja em quantidade, com o agregar daqueles que hão-de se salvar, seja em qualidade, mediante a maturidade espiritual dos salvos.
O Salmo 133 revela esta realidade. Ao falar da vida em união que deve haver entre os irmãos, o salmista revela que, somente num ambiente de união, o Espírito Santo atua plenamente; somente num ambiente de união, cada membro em particular do corpo de Cristo (figurado por Arão, o escolhido para o sacerdócio) se deixa envolver plenamente pelo Espírito Santo (figurado pelo azeite); somente num ambiente de união, o refrigério do Espírito Santo pode nos consolar e nos permitir, mesmo neste mundo de sequidão e necessidade, termos a paz, a alegria e o amor divinos (figurados pelo orvalho de Hermom); somente num ambiente de união, a Igreja prossegue vitoriosa para se encontrar com o seu Senhor nos ares, cheia de vida espiritual e abençoada nos lugares celestiais em Cristo (Jo. 15:5, 6; Ef. 1:3), porque é no ambiente de união que “…o Senhor ordena a vida e a bênção para sempre” (Sl. 133:3).
c) Para sermos unidos é preciso estarmos integrados em Cristo, ou seja, termos o absoluto comando da cabeça, do Senhor Jesus.
No momento em que abrimos os olhos todas as manhãs nos deveríamos ver integrados em Cristo e totalmente gratos pelo novo dia, pela nova oportunidade, pelo Sol, pelos pássaros, pela brisa da manhã, enfim, são ilimitadas as bênçãos que estão a nossa disposição.
O cristão não é um ser isolado, mas uma pessoa que é membro de um corpo – o corpo de Cristo, uma pessoa que está integrada diretamente com a Fonte, que está unida com o seu Pedaço de Deus e que precisa de nutrir esta integração da forma mais grandiosa que puder. Precisamos de dar graças, precisamos de dizer pelo menos um “olá” para esta Verdade que se mostra dentro de nós. A sua vocação é seguir Cristo, integrado numa família de irmãos que partilha a mesma fé, percorrendo em conjunto o caminho do amor. Por isso, a vivência da fé é sempre uma experiência comunitária. É no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa fé nasce, cresce e amadurece e é na comunidade, unida por laços de amor e de fraternidade, que a nossa vocação se realiza plenamente.
Somente quando renunciamos a nós mesmos, de modo consciente e voluntário, sem perdermos nossa individualidade, mas a submetendo à vontade do Mestre, poderemos propiciar o crescimento da Igreja em amor. Por isso, denominamos esta missão da Igreja de “missão conciliadora”, pois trata-se de “conciliarmos”, ou seja, “entrarmos em acordo”, “fazermos aliança”, “harmonizarmos”, “unirmos os sentimentos” com Deus. Na comunhão, tornamos real e concreto em nossas vidas o desejo expresso pelo Senhor na oração que nos ensinou: “seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu”. Ao promover a comunhão com Deus e uns com os outros, tornamos realidade e facto a vontade de Deus na Igreja, por nosso intermédio, levando-nos todos a construir assim, uma família de Deus na terra, através da qual o Espírito Santo realize sinais e prodígios.
É através deste poder que vem do nosso Sentir, da nossa integração com a fonte, que vamos alcançando e conquistando o refinamento necessário para que possamos ter atitudes mais nobres, coerentes, conscientes e principalmente impregnadas de um Valor que trará um diferencial positivo para o mundo.
d) A comunhão dos santos é fundamental para que a Igreja desempenhe as suas tarefas.
É, aliás, uma de suas missões a construção e a manutenção desta comunhão, missão que não é apenas das lideranças, nem tampouco dos ministros, mas de cada crente em particular. Somente quando tomamos consciência do que significa ser “parte do corpo de Cristo”, de sermos “varas da videira verdadeira” é que poderemos, com êxito, fazer tudo aquilo que nos está proposto pelo Senhor, e assim a nossa tempestade vai passar e experimentamos uma realização que nunca tivemos antes em toda a nossa vida. Estamos a perseverar na comunhão do Senhor?
e) A diversidade, quando colocada ao serviço da comunhão, é uma riqueza que enriquece a todos.
A diversidade de ministérios e serviços abre o horizonte para o exercício quotidiano da comunhão através da qual os dons do Espírito são colocados à disposição dos demais para que circule o amor (cf. 1 Co. 12:4-12). Cada batizado, na verdade, é portador de dons que deve desenvolver em unidade e complementaridade com os dons dos outros, a fim de formar o único Corpo de Cristo, entregue para a vida do mundo. O reconhecimento prático da unidade orgânica e da diversidade de funções assegurará maior vitalidade missionária e será sinal e instrumento de reconciliação e paz para nossos povos. Cada comunidade é chamada a descobrir e integrar os talentos escondidos e silenciosos com os quais o espírito presenteia aos fiéis.
A diversidade é a riqueza da comunhão, e a comunhão é um referencial obrigatório para um êxodo de amor (sair de si, construir pontes num movimento de busca do outro que se consolida na partilha). A diferença, longe de ser uma ameaça, apresenta-se como uma possibilidade que desafia e enriquece, vitaliza, desinstala e renova. Quando ela é colocada a serviço da comunhão, ela se torna uma riqueza. A diversidade é assim, a janela de oportunidade que tem que se manter aberta, para que a comunhão se amplie e a alma se enterneça a bem de toda a humanidade.
Sejamos um na diversidade, para a glória do nosso Deus e vergonha do inimigo, se é que desejamos um poderoso mover do nosso Deus em nossas cidades e em toda nação Portuguesa.
f) Quanto mais unidos estivermos em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguiremos aumentar a mútua fraternidade.
Temos, pois, o dever de refletir em honra do nosso Deus, do nosso Pai, a imagem inviolada da Sua santidade, porque Ele é santo e nos disse: “Sede santos como Eu sou santo” (Lv. 11:45); com amor, porque Ele é amor e João disse: “Deus é amor” (1 Jo. 4:8); com ternura e em verdade, porque Deus é bom e verdadeiro.
A fonte onde Deus nos chama a permanecer é a fonte de seu amor: podemos amá-lo porque “Ele nos amou primeiro” (1 Jo. 4:10-19). Separados dele, não se consegue “produzir frutos autênticos de amor”, pois que, “sem Ele nada podemos fazer” (Jo. 15:5). Somos como a árvore, que só pode dar frutos, se “plantada junto às águas correntes” (Sl. 1:3). Podemos admitir que é Jesus nestes dias a nos suplicar, “Permanecei no meu amor” (Jo. 15:9), pois esta é a verdadeira ‘casa’ de cada filho de Deus. É nesta casa que podemos e queremos morar para incrementar, cada dia, nossa identidade de filhos amados. “Permanecer”, “morar” no amor de Deus, é a condição sine qua non para amar os irmãos de caminhada.
O modelo por excelência de comunhão na diversidade nos vem da ‘Comunidade Trinitária’, de onde irradiam relações de perfeito amor-comunhão entre diversos! As relações entre as três pessoas da Trindade são o protótipo de comunhão para a Igreja. A comunhão entre diversos é convocação à solidariedade, à compaixão, superando a divisão entre etnias, modos de falar, credo religioso ou cor da pele. É forjar-se como “cidadão universal”, ou seja, pessoa aberta à alteridade, ao diferente, a todos aquelas pessoas que Deus coloca em nosso caminho, pois todos são portadores de parcelas do infinito, centelhas daquele Deus que ama a todos incondicionalmente, pois plasmou o ser humano à “Sua imagem e semelhança” (Gn. 1:26). Deus, o onipotente, o invisível, o incompreensível, o inestimável, ao formar o homem com o barro da terra, enobreceu-o com a imagem da Sua própria grandeza.
g) Para viver a comunhão na diversidade é necessária uma ‘ginástica interior’ que gere espaço ao diverso, que permita descobrir-lhe a riqueza, potenciando-lhes a vida.
Uma pessoa que é capaz de viver e auscultar no profundo de seu ser a comunhão na diversidade, este sussurro divino, não fica inerte, mas serve e faz acontecer mais vida. A pessoa que aceita a experiência e acredita na voz deste amor sente-se impelida para o serviço. Amar o “amor primeiro” (1 Jo. 4:10-19), amar os irmãos para ‘facilitar’ que outros também façam esta experiência fundamental, e suas vidas ganhem, assim, mais sentido, é também, uma dimensão de nosso ministério. Portanto, fidelidade no encontro com o Senhor Jesus que chama a experienciar, sempre de novo, o amor com que somos amadas (1 Jo. 4:10-19), e com entusiasmo testemunhar a paternidade de Deus, amando os outros, porque filhos amados do Pai comum, é o que almejamos.
Este desafio nos é apresentado, quer seja nas relações da fraternidade, quer no trabalho. A comunhão será facilitada sob o impulso do Espírito Santo, elo primordial das relações trinitárias, força vital que permite crescer na comunhão entre diversos.
É imprescindível, para tanto, esvaziar-se de si mesmo, dos próprios esquemas, dos complexos de superioridade, do orgulho, e permitir que os princípios humanitários e evangélicos convertam nossa mentalidade e impregnem atitudes e atos com aquele amor vivido entre as pessoas da Trindade, manifestadas pelo próprio Jesus. A obediência é fácil e a vontade de Deus é simples.
 h) A comunhão na alteridade acontece quando a pessoa acolhe e respeita, valoriza a riqueza do diferente, descobre o belo que está em outras pessoas, em outros povos e culturas.
É superar preconceitos e eliminar indiferenças. É destruir muros de separação e pacientemente construir a fraternidade universal, que se harmoniza em processo lento, pela força amorosa do Espírito, elo incomparável de comunhão. É também paciente o vigiar da pessoa sobre si mesma. O desarmar-se das próprias posições, certezas, superioridades. Numa palavra, é o amor que facilita e faz acontecer a “comunhão na diversidade”.
Mas, atenção, comunhão não é uniformidade e sim empenho árduo para ser factor de uma interculturalidade sadia, rica de humanidade, capaz de interagir com a alteridade, multiplicando espaços de comunhão na diversidade, “reflexos do amor trinitário”, aqui e ali, no lugar onde somos chamadas a viver a comunhão na alteridade.
i) Eles não eram iguais, eram bem diferentes e, justamente por isto, pela diversidade, é que eles colheram a maravilhosa e convincente comunhão.
Comunhão é relacionamento. É através da comunhão no Corpo que uns suprem e completam os outros; porque na Igreja nenhum é autossuficiente, nenhum é insignificante, mas a suficiência e o significado do todo é expresso pela justa comunhão entre as diferentes partes. Isso é corpo funcional. Assim é o Corpo de Cristo. Assim se expressou a Igreja do primeiro século e causa impacto até os dias de hoje! O Corpo de Cristo se expressa, onde estiver, por meio da sua teia de relacionamentos.
 Em suma, em Deus, temos união que não é uniformidade, temos diversidade que não é divisão. É comunhão, mas não confusão. É distinção, mas não anarquia.


3. Por Que é que a Comunhão é Tão Importante?
Porque:
A comunhão com os irmãos revela a nossa comunhão com Deus (1 Jo. 1:7; 2:9-11; 3:14-18; 4:7, 8). É impossível dizer que temos uma íntima e profunda comunhão com Deus, se a nossa relação com os nossos irmãos não demonstra o mesmo.
A comunhão é o compartilhar dos sentimentos, propósitos e desígnios de Deus, é ser “participante da natureza divina” (2 Pe. 1:4), é ser “vara da videira verdadeira” (Jo. 15:4, 5). O salvo, ao alcançar a salvação, passa a ter em comum a natureza divina, ou seja, passa a ser santo, a se separar do pecado, a abominá-lo, assim como Deus, e a ter os mesmos desejos, pensamentos e sentimentos divinos em suas atitudes, sendo, portanto, um instrumento, consciente e livre, para a manifestação do amor divino para os demais seres humanos.
A comunhão revela nosso desenvolvimento com o povo de Deus (Rm. 12:10; 13:78; 1 Pe. 1:22; Gl. 5:13; Cl. 3:13). A comunhão com os irmãos atende a uma das necessidades mais profundas do ser humano que é amar e ser amado. A Igreja tem que se destacar em primeiro lugar pelo amor (1 Co. 13; Sl. 133).
Não é pois coincidência, que Lucas, ao descrever a igreja nos seus primeiros dias, tenha afirmado que se tratava de um povo que perseverava na doutrina dos apóstolos e na comunhão, ou seja, a igreja é um povo que, por permanecer nos ensinos dos apóstolos, que são os ensinos de Cristo Jesus, a Palavra de Deus, é um grupo de pessoas que permanece na comunhão, persiste sendo um conjunto de pessoas que compartilha dos mesmos desejos, dos mesmos sentimentos e dos mesmos desígnios.
A comunhão é a base do nosso testemunho para o mundo (Jo. 13:35; 17:21-23; 1 Jo. 4:11, 12). Se não demonstrarmos o amor de Cristo, o mundo terá boas razões para rejeitá-lo. A comunhão apresenta-se, pois, como a principal característica da Igreja, a sua marca perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a Sua obra através do Seu povo. Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto que assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja, aqueles que se haviam de salvar” (At. 2:47).
A comunhão é o compartilhamento e a participação, ou seja, a ação de tomar parte em algo, de se tornar parte de alguma coisa. Quando aceitamos a Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador, nós nascemos de novo e, ao nascermos novamente, esta nova criatura que surge é um ser que decide ser parte de um corpo, que é a Igreja, que deseja, de livre e espontânea vontade, passar a ser apenas uma parcela, uma parte de um organismo que tem propósitos, sentimentos e vontade determinados pelo Senhor Jesus, que é a sua cabeça.
O crente que está em comunhão com Deus é um crente que não escolhe lugar, trabalho, tarefa, mas que se põe onde o Senhor manda, que ocupa o espaço que lhe é reservado no corpo de Cristo, pois tem consciência de que é parte do corpo, que é um “membro em particular” (1 Co. 12:27), ou, como diz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje, “cada um é uma parte desse corpo”.
A comunhão é a consciência que o crente tem de que é uma “parte desse corpo”, é uma “peça da engrenagem” e que, portanto, deve se relacionar bem com os demais integrantes do corpo, sabendo que todos são necessários, que ninguém é melhor do que ninguém, de que precisamos uns dos outros e que a obra de Deus somente se fará pela união de esforços, de objetivos, propósitos e sentimentos, o que nos será transmitido pelo Espírito Santo, a Quem incumbe nos anunciar tudo o que tiver ouvido e glorificar a Cristo (Jo. 16:13, 14).
A comunhão é compartilhamento e é participação e, por isso, é muito mais que uma conjugação de esforços, que uma mistura, que uma adição de pessoas. Muitos têm confundido a comunhão com uma simples mistura, esquecendo-se de que, na mistura, como nos ensina a química, há “associação de substâncias, distribuídas uniformemente, em processo que deixa intactas as moléculas, resultando num todo homogéneo”, ou seja, apesar de, a olho nu, na mistura, muitas vezes, vermos uma confusão na reunião de pessoas, na associação de elementos, na verdade, cada elemento continua intacto, ainda que isto nos seja invisível. Há um todo homogéneo, mas cada elemento continua diferente, muitas vezes até oposto.
A comunhão, que é como a gota de água que tem que ser colocada na velha bomba para produzir o fluxo de água, é, portanto, um estado espiritual que deve ser mantido pela nossa submissão ao Senhor Jesus, de Quem nos tornamos participantes (Hb. 3:14). Participação esta que exige de nós, a retenção firme do princípio da nossa confiança até ao fim, ou seja, que mantenhamos a nossa fé em Cristo Jesus até o instante de nossa morte física ou do arrebatamento da Igreja, se estivermos vivos até lá. A comunhão, que na vida espiritual é o mesmo que a respiração é na vida física, se faz, portanto, mediante a nossa submissão a Cristo, através da manutenção da nossa fé. A comunhão com Deus é algo sustentado, algo como a respiração que prossegue ou que deveria prosseguir.
A comunhão vem de nossa vida espiritual de submissão a Deus, de estar positivamente alinhado à vontade de Deus, ao propósito de Deus, de conscientização de que somos “parte do corpo de Cristo” e que estamos “separados do pecado” desde o dia em que aceitamos a Cristo e fomos purificados pelo Seu sangue, que continua a nos purificar, dia após dia, se nos mantivermos em santidade.
Um dos grandes resultados da nossa posição espiritual em Cristo é sem dúvida o privilégio de manter comunhão com a trindade santa e com os nossos irmãos em Cristo. Tanto as epístolas quanto o livro de Atos dos Apóstolos nos oferecem o modelo ideal do viver cristão em comunidade como Igreja. A nossa comunhão com Deus em Cristo é o “propósito eterno” do Pai!
A comunhão ataca a raiz do individualismo - purifica o nosso caráter. Quando vivemos em comunhão, a humildade gera saúde, a arrogância gera loucura. Veja o exemplo do Rei Nabucodonosor que, na sua arrogância para com Deus, acabou comendo grama.
A comunhão nos motiva a trabalhar para Deus. O Senhor quer que nos envolvamos no ministério da Igreja, trabalhando com outros. Servindo como um só corpo e não de modo individualista. É perfeitamente possível encontrar divergências; mas o aprender a agir em comunhão, em unidade, traz uma maior maturidade e melhora a colheita do trabalho em família.
A comunhão nos ajuda a vencer a nossa batalha contra o pecado (Ec. 4:10). A caminhada para a santidade não é solitária, por que andando juntos podemos até ajudar a levantarmo-nos mutuamente, superando as nossas debilidades pelo exemplo e cooperação mútua; facilitando a ajuda ao que tropeça e cai e, muitas vezes, somos nós mesmos que precisamos de ajuda e a encontramos na comunhão, na unidade.
A Comunhão espiritual nos permite permanecer equilibrados nos momentos difíceis (Ec. 4:11). O calor da comunhão, o desfrutar o facto de sermos família como está declarado em Salmos 133:1, traz bênção e alegria. Busquemos pois atividades que fomentem as relações saudáveis e que promovem o crescimento junto com outros, na fé; tais como participar de grupos de trabalho, ministérios, etc. Nessa interação certamente conheceremos muitas amizades saudáveis e seremos motivados a visitar e a estimular outros a serem visitados. Este salmo era cantado na Festa dos Tabernáculos, que era uma celebração de alegria e Unidade. Como é dito em 2 Coríntios 1:11, cooperemos em oração com outros para que assim ao recebermos a resposta da parte de Deus, sejamos muitos dando Glória e ações de Graças a Nosso Rei e Senhor.
A comunhão nos assegura a vitória na Batalha (Ec. 4:12). Em Efésios 6:13-18, Paulo declara a importância de não estar só em momentos de crise; e de como isso nos ajuda a resistir. O cordão de 3 dobras simboliza a comunhão dos irmãos na submissão ao Espírito Santo (que também pode aplicar-se ao Matrimónio); essa comunhão não permite que os laços sejam quebrados facilmente.
A comunhão é o “campo da mais profunda comunhão com o Filho de Deus”. Quando os pastores deixaram seus rebanhos “nos campos” para ir ao encontro de Jesus, descobriram o melhor e o mais verdejante campo de toda a sua vida: o “campo da mais profunda comunhão com o Filho de Deus”. A partir desse momento, esse passou a ser o mais frutífero “campo” em suas vidas, pois contaram a outras pessoas a sua maravilhosa experiência: “E, vendo-o, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino. Voltaram, então, os pastores, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora anunciado” (Lc. 2:17, 20).
Os primeiros cristãos haviam entrado em íntima comunhão com o Filho de Deus. Hoje, quando a volta de Jesus para o Arrebatamento está às portas, devemos buscar essa comunhão e aproximarmo-nos cada vez mais do Senhor. Isso me leva a conclamar aos leitores cristãos: entremos no “campo da mais íntima comunhão com o Filho de Deus” e não o deixemos jamais! O que devemos fazer para que a nossa vida seja realmente frutífera e glorifique a Jesus? Buscar íntima comunhão com Ele e com o Pai celestial (1 Jo. 1:7).
A comunhão, que significa compartilhamento, uniformidade, associação próxima, parceria, participação, uma sociedade, uma comunhão, um companheirismo, ajuda contribuinte, fraternidade, é a maior prova de nossa reconciliação com Deus. Estávamos vivendo em nossos delitos e pecados, mas através da morte de Cristo fomos reconciliados com Deus. Isto é; reatamos novamente a nossa comunhão com Deus por meio de Jesus Cristo. Segundo, resplandecemos como astros no mundo (Dn. 12:3). Sermos sal na terra, luz no mundo e resplandecermos como astros neste mundo só é possível se estivermos de antena ligada com Deus. Koinonia! O termo grego Koinonia é uma uniformidade realizada pelo Espírito Santo, somente os regenerados podem vivenciá-la em sua plenitude. Em Koinonia, o crente compartilha o vínculo comum e íntimo do companheirismo com o resto da comunidade cristã.
Em João 17:21, Jesus orou em favor da união entre os crentes, não uma união de igrejas ou organizações, mas uma união espiritual, baseada na permanência em Cristo, no amor a Cristo, na separação do mundo, em santificação na verdade, em receber a verdade da Palavra e crer nela; na obediência à Palavra e no desejo de levar a salvação aos perdidos. Faltando algum desses fatores, não pode haver a verdadeira Koinonia que Jesus pediu em oração. “Jesus não ora para que os seus seguidores “se tornem um”, mas para que “sejam um”. Trata-se do subjuntivo presente e significa “continuamente ser um”. União essa que se baseia no relacionamento que todos eles têm com o Pai e o Filho, e na mesma atitude basilar que têm para com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os perdidos (cf. 1 Jo. 1:7). Paulo quando escreveu ao seu filho na fé, o jovem Timóteo, fez uma afirmativa que julgo relevante e muito contemporâneo, quando pensamos sobre a igreja e a unidade do Corpo de Cristo. Declara Paulo: ”Para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm. 3:15).
A comunhão não é algo para se sentir ou ter apenas em alguns momentos de nossas vidas. Não é só nos cultos ou na igreja (no templo) que devemos sentir esta comunhão com Deus, mas é algo para ser sentido 24 horas por dia. Nada neste mundo deveria interromper nossa comunhão com Deus.
A comunhão da Igreja agrada a Deus. Paulo inicia sua carta aos Coríntios exortando-os quanto à unidade, anunciando a sua preocupação primária acerca do que ele tinha ouvido ‘pelos da casa de Cloe’ concernente às divisões e pendengas daquela igreja (1 Co. 1:10). O primeiro problema abordado é a competição e rivalidade que resultaram devido à preferência por líderes religiosos com base em sua presumida sabedoria superior. Parece um assunto tão contemporâneo que chega a confundir-nos. Será que não aprendemos nada com as querelas daquela igreja? O que pode ser mais contemporâneo do que a competição, a rivalidade, as divisões e brigas pelo poder? A vida no Corpo da Igreja, não na do crente independente, é a chave para a compreensão do comportamento divino no Novo Testamento. Notemos que intentar criar uma união artificial por meio de reuniões, festividades, conferências ou organização centralizada, pode resultar num simulacro da própria união em prol da qual Jesus orou em João 1:7. Deus lida com a Igreja como um corpo e com os indivíduos como partes ou membros desse corpo. Precisamos lançar as preocupações do corpo (da congregação) acima dos nossos próprios. Isso resultará numa união espiritual de coração, propósito, mente e vontade dos que estão totalmente dedicados a Cristo, à Palavra e à santidade (Ef. 4:3).
A comunhão é um dos maiores pilares do cristianismo. A comunhão com Jesus, donde promana a comunhão dos cristãos entre si, é condição absolutamente indispensável para dar fruto… Sem comunhão não existe verdadeiro cristianismo. Pois, cristianismo é cristo em nós. Isto é um grande mistério e é este mistério, “Cristo em nós” que nos faz ter vida abundante e vivermos em plena comunhão com Deus o Pai.
Um dos grandes resultados da nossa posição espiritual em Cristo é sem dúvida o privilégio de mantermos comunhão com a trindade santa e com os nossos irmãos em Cristo. Tanto as epístolas quanto o livro de Atos dos Apóstolos nos oferecem o modelo ideal do viver cristão em comunidade como Igreja.
Andar com Deus é o mais perfeito sinónimo de comunhão com o Pai Celeste. Tão profunda era a comunhão de Enoque com o Senhor, que o mesmo Senhor, um dia, o tomou para si (Gn. 5:24). Andar com Deus significa, ainda, ter uma vida como a de Eliseu que, por onde quer que fosse, era de imediato reconhecido como homem de Deus (2 Rs. 4:9). Comunhão com Deus é ser chamado de amigo pelo próprio Deus (Is. 41:8).
Sabia o salmista que somente em Deus encontramos a razão de nossa existência e a satisfação plena de nossa alma. Eis por que deixa emanar de seus lábios este lamento: “Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei. Ele é a salvação da minha face e Deus meu” (Sl. 43:5).
Deus quer que os seus seguidores sejam unidos. Quando Jesus se preparava para a sua própria morte, uma das primeiras coisas em sua mente foi a unidade dos seus discípulos: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo. 17:20-21).
Se somos realmente regenerados, devemos incentivar esta unidade entre os crentes. Aqueles que querem glorificar a Deus incentivarão esta unidade entre os crentes: “Assim, pois, seguimos as cousas da paz e também as da edificação de uns para com os outros” (Rm. 14:19).
Como servos de Deus em comunhão com o Espírito Santo, deveremos trabalhar humildemente para manter a unidade: “...completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma cousa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Fl. 2:2-4).
Paulo, em sua preocupação com as perigosas querelas e cismas em Corinto, deixou-nos a fórmula prática para esta paz quando escreveu: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1 Co. 1:10).
Cada um é chamado para participar, não somente crer. Embora o seu relacionamento com Cristo seja pessoal, Deus nunca quis que fosse particular. Não existe “cristão autónomo”. Seguir a Cristo inclui integrar, não apenas acreditar: somos membros do corpo de Cristo – a Igreja. Para o Apóstolo Paulo, ser membro da Igreja significava ser um órgão vital de um corpo vivo, parte indispensável e interconectada (Rm.12:4,5 e 1Co.12:12-27).
Fomos criados para uma função específica, fomos criados para viver em comunidade, moldados para o companheirismo e formados para uma família, mas iremos perder esse propósito maravilhoso se deixarmos de nos congregarmos por um motivo ou outro, pois nenhum de nós pode cumprir os propósitos de Deus sozinho e sem ajuda. Essa figura é muito clara: se um órgão é de alguma forma desligado do corpo, ele murcha e morre. Ele não pode existir por si mesmo, nem nós (Ef. 4:16). É por isso, que o primeiro sintoma de declínio espiritual é normalmente o comparecimento irregular aos cultos e a outras reuniões. Sempre que nos tornamos descuidados com a igreja, todo o resto começa a desmoronar.
Ter uma ótima comunhão com os irmãos significa ter uma ótima comunhão com Deus e, consequentemente, uma vida cristã eficaz. É através da comunhão que percebemos como estamos com Deus; é através dela que percebemos nosso desenvolvimento como povo de Deus e, é através dela que testemunhamos ao mundo o amor de Cristo. Por isso, busquemos a unidade, busquemos a comunhão, busquemos o viver em comunidade!


  
4. Temos de Buscar e Cultivar a Comunhão com o Rei
Sempre poderemos desenvolver uma comunidade saudável e forte, que viva de acordo com a vontade de Deus, e que desfrute de um crescimento natural, se todos tivermos a ciência de que a tarefa é árdua para com os bons relacionamentos cultivados e restaurados. Por isso ser Comunidade exige de nós comprometimento.
O rei Ezequias nos ensina a como buscar a comunhão com Deus tendo como princípio que a comunhão com Deus traz o sucesso em todas as áreas de nossas vidas. Para obter essa comunhão com Deus é necessário ter Deus como prioridade, consagrar a vida a Deus e se arrepender de todos os pecados.
Para termos Comunhão num mundo que nos separa, nos divide, nos deixa doentes, vazios e supostamente “poderosos”, é cada vez mais mister precisarmos de fazer algo, precisarmos de coragem para darmos novos passos, precisarmos de retomar o nosso caminhar, precisarmos de caminhar na busca de ver, ouvir e intervir na restauração da dignidade humana, e isso é possível quando oferecemos dignidade, quando vivemos a mensagem da Ressurreição e Vida, quando somos Arquitetos do Amor!
É certo que somente o Espírito Santo de Deus pode alimentar uma verdadeira comunhão entre os cristãos, mas isso só poderá brotar em nós através das escolhas e dos compromissos feitos por nós. Comunhão é algo que só se constrói com relacionamento, com amor palpável e saúde.
A diferença entre visitar a igreja e ser membro da igreja está no comprometimento. Visitantes são espectadores que ficam à parte; membros são os que se envolvem com o ministério da igreja. Visitantes “absorvem”; membros contribuem. Visitantes se beneficiam do que a igreja traz, sem participar da responsabilidade da missão. Os membros de uma comunidade se relacionam com a vida em comunidade.
Maria viu a importância de cultivar a comunhão com o Senhor da obra, em oposição a se envolver apenas com a obra do Senhor. Ambas as coisas são necessárias, mas é preciso nunca esquecer que o nosso trabalho cristão precisa de ser feito, energizado pelo Espírito de Cristo. Esta é sem dúvida a melhor parte.
Quando a igreja vive em comunhão, ali o Senhor ordena vida! É Deus quem ordena a vida onde a unidade existe. É Deus que opera no homem tanto o querer como o realizar. Tudo provém de Deus!
Por isso amados é preciso cultivar relacionamentos de comunhão fraterna, pois é nesse ambiente regado pelo amor e laços de afetividade, que Deus ordena a Sua bênção e a vida para sempre!
O Hino 288 do Cantor Cristão expressa com exatidão qual deve ser o anseio de todo o crente genuíno: Perto de Ti almejo estar, perto, sim bem perto / Tua presença desfrutar, perto, sim bem perto / Em comunhão contigo estar, perto, sim bem perto / Sempre contigo conversar, perto, sim bem perto. Será que quando cantamos este Hino estamos cantando com sinceridade? Nunca iremos desperdiçar as nossas vidas se estivermos bem perto do nosso Deus, em comunhão verdadeira e constante. O crente que negligencia o prazer de estar em comunhão com Deus precisa de repensar urgentemente que tipo de cristianismo está seguindo. O maior desejo do cristão deve ser o de estar próximo do Senhor desfrutando da Sua maravilhosa graça como disse o salmista Davi: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus” (Sl. 42:1)? No Salmo 63:8, lemos: “a minha alma apega-se a Ti”.
Buscar e cultivar essa comunhão exige sinceridade. Nós devemos de ter sempre uma grande dedicação em falar a verdade de uma forma carinhosa, mesmo quando nosso desejo seja o de fazer o contrário. Muitas comunidades são sabotadas pelo medo de falar a verdade em amor (Ef. 4:15). Devemos de acreditar que o amor sempre enriquece a verdade a ser compartilhada. Entretanto, não temos, por vezes, a coragem de falar no meio do grupo com a franqueza amorosa necessária, enquanto a vida de um irmão desmorona ao nosso lado… Muitas comunidades e pequenos grupos permanecem superficiais por terem receio de conflitos. Isso pode trazer uma falsa sensação de paz entre nós.
A verdadeira comunhão, seja no casamento, seja na amizade, seja na igreja, depende de franqueza. A franqueza nos ajuda a crescermos em intimidade com o Rei e uns para com os outros ao enfrentar e resolver as nossas diferenças. A franqueza não é uma licença para dizer o que queremos, onde queremos e sempre que queremos. Não é grosseria. Palavras impensadas deixam feridas permanentes.
Somos convidados pelo apóstolo Paulo a tratarmo-nos uns aos outros com o carinho e a sinceridade que merecem os membros de uma mesma Família. (Gl. 6:9-10).
Buscar e cultivar a comunhão com o Rei exige humildade, se de facto queremos cultivar uma comunidade amorosa, com comunhão verdadeira. A presunção, o convencimento e o orgulho obstinado destroem a nossa comunhão mais rápidamente do que qualquer outra coisa. O orgulho ergue muros; mas a humildade ergue pontes. A humildade é um bálsamo que alivia e suaviza as relações humanas. Entretanto, o orgulho obstrui a graça de Deus em nossa vida, nos impede de crescer, de nos transformar, de nos sarar e ajudar os outros. Essa é uma maneira tola e perigosa de se viver. Comece agora a cultivar relacionamentos saudáveis com os seus irmãos e viverá mais feliz!
Assim, devemos desenvolver a humildade de algumas maneiras práticas entre nós: admitindo nossas fraquezas, sendo paciente com a fraqueza dos outros, estando abertos para a admoestação e pondo os outros em nossa atenção pessoal. A humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar menos em si mesmo. Humildade é pensar mais nos outros. Os humildes concentram-se de tal forma no outro que exterminam o poder nocivo do orgulho e da presunção (Fl. 2:3-4).
Buscar e cultivar a comunhão com o Rei (Jesus) exige cortesia. Somos corteses quando respeitamos nossas diferenças, quando somos cuidadosos com os sentimentos uns dos outros, e pacientes com as pessoas que nos irritam. Em toda a igreja ou grupo, há sempre pelo menos uma pessoa “difícil”, e normalmente mais do que uma. Essas pessoas podem ter carências emocionais, inseguranças profundas e inabilidades sociais. Mas a nossa tolerância deve ser exercitada para com elas sempre de forma generosa.
Quando não nos importamos em cultivar nossa comunhão com Deus (orando, lendo a Bíblia, jejuando, ouvindo músicas edificantes, obedecendo, servindo na igreja e etc.) estamos negligenciando a importância da mesma, ao agir dessa forma os recursos da nossa comunhão vão se acabando - a fé, a intimidade com Deus, o sentir a Sua presença, o entendimento da Palavra, as respostas de Deus, a paz e a alegria incondicionais, o direcionamento, os dons e etc. Tudo aquilo que nos sustentava como cristãos, que nos fazia capazes de viver em Sua presença, que nos movia em Seu poder e nos fazia seguir o propósito de Deus para a nossa vida, (assim como tudo aquilo que sustenta nossa vida carnal) vai se acabando, tudo se vai esgotando, e se não fizermos nada a respeito, um dia chega realmente ao fim aquilo que nós pensávamos que nunca ia acabar!
Não dar a devida importância em caminhar ao lado Dele, cultivar a comunhão com o Seu Espírito dia a dia, como Ele fazia, mesmo sendo o Deus Filho, se retirando para o deserto, para os montes, a fim de orar e de se aconselhar com o Pai, com toda a certeza nos fará perecer!
Busquemos e cultivemos a comunhão com Deus e recuperemos todos os recursos esgotados. Não esperemos chegar a uma situação alarmante para tomar uma decisão. Dá para viver sem água, comida, ar puro, com toda a natureza desequilibrada? Claro que não. Da mesma forma não podemos viver sem a fé, a intimidade com Deus, o sentir a Sua presença, o entendimento da Palavra, as respostas de Deus, a paz e a alegria incondicionais, o direcionamento, os dons e etc…
Quando não damos importância à comunhão com Deus passamos a desperdiçar as nossas vidas com coisas banais. Muitos crentes estão raquíticos espiritualmente e trôpegos na fé porque não se importam em cultivar uma intimidade com o Senhor. Quando negligenciamos a comunhão com Deus, o desperdício é enorme: não há progresso espiritual, não há vitória sobre os pecados, não há amor para com os nossos irmãos, não há alegria em nosso viver, não há vontade de compartilhar o Evangelho com outras pessoas e não há produção dos frutos do Espírito. Por outro lado, aquele que reconhece que não pode viver sem estar ligado à Videira verdadeira, produz frutos que glorificam a Cristo. A comunhão com Cristo (permanecer n’Ele) nutre o crente para que ele seja um ramo frutífero e cheio de vigor (Jo. 15).
Usemos os ensinos das Escrituras, procurando a direção do Espírito, e eles serão suplementados conforme o exijam as nossas necessidades. A razão por que pensamos ser a comunhão com o Espírito coisa muito misteriosa para ser posta em prática é que nós a temos negligenciado, quando devíamos cultivá-la. Não há maior necessidade entre os cristãos de hoje. Lembremo-nos de que a sua obra não será completa em nós enquanto ele não nos puder usar para atingir outros. Como a luz radiante da lâmpada elétrica é uma evidência da eletricidade, assim também o cristão exibe a presença do Espírito dentro de si mesmo. E agora a luz que aponta o caminho a Cristo brilha por meio de nós e aponta o caminho aos outros que andam errando nas trevas do pecado. Necessitamos de nos rendermos ao Espírito Santo, procurar o seu conselho, obedecer à sua voz, amá-lo e procurar entender as suas relações connosco, se quisermos de algum modo ajustar-nos ao padrão do cristianismo. Ele é Deus, com todos os atributos da divindade, e é a terceira pessoa da Trindade, coigual com Deus o Pai e Deus o Filho.
Cultivar um momento de comunhão com Deus será de fundamental importância se quisermos ter uma vida de crescimento espiritual. Será um momento quando deixaremos Deus falar pela sua palavra e falaremos com ele pela oração e pelo louvor. Será um tempo de comunhão com Cristo. Escolha um bom local, salvo de interrupções e use para isso pelo menos 15 minutos diariamente pela manhã, à tarde ou à noite. Aprenda a ter comunhão diária com Deus como algo prioritário para a sua vida, e nunca mais será o mesmo. Se é salvo seu coração deve anelar pela comunhão com Cristo a cada instante. Tenha fome e sede da Palavra de Deus.
Ter comunhão com Deus é viver uma vida de santidade, compromisso, transparência, louvor, busca e principalmente de abandono das práticas pecaminosas não condizentes com a nova vida em Cristo (2 Co. 5:17). Tudo isto quer dizer que temos de cultivar a comunhão do Espírito, vivendo uma vida tal que ele a possa governar
Por outro lado temos que afirmar sempre que somos todos pecadores. Caso contrário estaremos afirmando que Deus é mentiroso, porque Ele já afirmou que somos todos pecadores.
Quando temos comunhão com Deus, não andamos nas trevas e sim na luz, pois os que andamos nas trevas não têm comunhão com Deus e o sangue de Jesus não os purificou e não conhecem a Deus e não cultivam comunhão com ele, porque amam mais as trevas do que a luz, pois suas obras são más e procuram não se aproximar da luz para que as suas obras não sejam manifestas (Jo. 3:19-20). Um exemplo é o de Adão e Eva que pecaram por comerem do fruto do conhecimento do bem e do mal, o qual Deus os havia orientado a não comerem. O que eles fizeram? Por terem pecado (trevas), eles se esconderam da presença do Senhor (Gn. 3:8). Na luz de Deus, o orgulho se derrete como cera e o impulso da carne é querer correr para se cobrir. Mas, se resistirmos à tentação de “diminuirmos a luz”, ai sim Deus iluminará as fraquezas nas quais “tropeçamos”. Isto faz parte da “verdade” que “nos libertará”.
Quando estamos vivendo na ignorância e no erro (trevas) não conseguimos cultivar comunhão com Deus (luz). “João afirma que Deus é santidade, pureza, verdade absoluta, não se pode viver, portanto, em pecado e estar em comunhão com ele”.
Como em Génesis, inconscientemente tentamos nos esconder de Deus, mesmo estando na igreja tentamos nos esconder de Deus. Só em Jesus podemos ter comunhão com Deus, pois quem segue a Jesus nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida, pois Jesus é a luz do mundo (Jo. 8:12; 2 Co. 4:6), e tendo a luz da vida podemos nos aproximar de Deus e nos tornarmos filhos dele, filhos da luz (Jo. 1:12; 12:36) e desfrutar a presença e comunhão do Pai celestial. A vida na luz nos abre uma nova dimensão: Fazemos parte de uma família, da família de Deus (Ef. 2:19), da família dos filhos da luz (2 Ts. 5:5) onde nos relacionamos uns com os outros e onde só temos comunhão se andarmos na luz como Jesus (v. 7).
Para cultivarmos comunhão com Deus temos que examinar sempre as Escrituras.Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna e são elas que dão testemunho de mim” (Jo. 5:39). Vejam que palavra importante do Senhor Jesus Cristo para nós como povo dele. Ele diz que devemos examinar, pesquisar, procurar buscar, investigar, explorar as Escrituras. E o verbo no original dá tanto a ideia de ordem como de uma coisa contínua na vida do crente.
Então a prerrogativa para se ter comunhão com Deus é a Palavra. Só que isto não acontece na vida dos homens de hoje. Eles conhecem a casca da Bíblia, mas não o seu conteúdo. Eles rebuscam as Escrituras minuciosa, pedante e supersticiosamente na letra, mas, não sentem paixão alguma pelas coisas profundas que estão escritas na Palavra do Senhor. Eles leem as Escrituras, mas para si mesmos. Eles leem as Escrituras visando a glória deles mesmos. Eles têm as Escrituras nas suas mãos, porém, elas estão distantes do coração deles. Eles examinam as letras delas, mas o coração está alheio ao poder delas na vida.
Muitos estão idolatrando o volume escrito, ao mesmo tempo que resistem à palavra viva que está contida ali. Eles afirmam que conhecem os profetas e negam aquele de quem eles profetizaram que seria o salvador do seu povo. É por isso que Jesus mostra aqui um meio para que os verdadeiros seguidores dele tenham comunhão com ele, com o Pai e com o Santo Espírito. Porque do contrário, não há como ter plena comunhão e os resultados dela na Palavra que são: vida eterna e testemunho verdadeiro do Filho de Deus.
Só aqueles que recebem a fé da parte do Espírito Santo para crerem em Jesus pela Palavra é que passam a ter comunhão com Deus. Quando nos apegamos à Palavra de Deus, quando cremos e confiamos nela, o Espírito Santo que habita em nossos corações nos dá fé e fortalecimento, aprova a nossa fé como certa, e estando em comunhão connosco nos ajuda para que possamos viver crendo nessa Palavra. É na comunhão com a Palavra que recebemos a vida eterna que começa aqui na terra. Uma vida de qualidade e de crescimento diário da vida cristã.
Se queremos crescer, nos alimentar da comunhão com o Senhor Deus, é preciso que examinemos as Escrituras, pesquisemos e busquemos a direção nelas. Saibamos desta verdade: não organizamos nossa vida cristã com base numa coletânea de textos favoritos combinando com as circunstâncias individuais. Somos edificados pelo Espírito Santo de Deus seguindo os textos das Sagradas Escrituras. Deus nos forma na nossa espiritualidade pela Escrituras que é revelada e implantada em nós por meio da obra do Espírito. Os cristãos que não têm comunhão com as Escrituras nunca poderão afirmar que têm o Pai, o Filho e o Espírito Santo dentro deles. Sem crescimento na Palavra não há possibilidade de comunhão com o Senhor Deus. Sem a leitura espiritual na vida e no coração das Sagradas Escrituras não seremos dirigidos por ela.
A nossa caminhada espiritual tem que passar pela autoridade das Escrituras. A nossa vida toda só pode ser pautada pelas Escrituras.
Qual é a importância de buscarmos e cultivarmos a comunhão com o Rei? No Salmo 133:1-3 vemos uma declaração profética da comunhão (conviver em união). Aqui vemos o óleo representando a unção de Deus, vemos Deus derramando sua bênção na comunhão de uns com os outros. Mas porque Deus derrama a sua bênção? Pois se estamos na luz, há comunhão e se há comunhão, há exortação, há fortalecimento espiritual, há transparência, há compartilhar, há a bênção de Deus.
Em Efésios 5:8-9 somos orientados na nossa nova situação, não somos mais trevas e sim luz do Senhor e devemos viver como filhos da luz, que consiste em toda a bondade, justiça e verdade. Se toda a igreja estiver vivendo na luz como de facto Deus está na luz (v.7), com toda a certeza, afastamo-nos das atividades infrutíferas das trevas e vamos nos relacionar verdadeiramente, sem máscaras, sem hipocrisias, vamos agir com honestidade e transparência uns com os outros, porque na luz tudo se torna visível (Ef. 5:13).
Um exemplo claro foi a exortação do Apóstolo Paulo a Pedro, quando eles estavam em Antioquia e Pedro não foi autêntico em alguns aspetos de sua vida cristã, na relação com os judeus e gentios (Gl. 2:11-21), por estarem na luz, por terem comunhão, houve transparência, aconselhamento e exortação, atitudes presentes na vida daqueles que vivem na luz como Jesus (Cl. 3:16-17; Tg. 5:16).
Muitas vezes não dimensionamos a importância da comunhão, da unidade, do estar junto e do compartilhar. Que possamos olhar para os nossos irmãos em Cristo, para a pessoa que está ao nosso lado, na frente, atrás, na celebração onde participamos, tendo a disposição e a energia para as atividades fora do comum ou além da nossa capacidade atual, para cultivarmos a comunhão uns com os outros como a igreja de Atos 2:42-47.
Em 1 Pedro 2:9 somos lembrados de que somos a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as suas grandezas, as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua santa e maravilhosa luz. Neste estudo vimos que as implicações práticas disso é que temos comunhão com Deus, com os nossos irmãos e temos a graça de confessarmos a Deus os nossos pecados e sermos perdoados por ele, para que nosso relacionamento com Ele seja completamente.
Mas, ao desenvolver este pensamento afirmo que estamos vivendo na luz para sermos luz do mundo como Jesus (Mt. 5:14-16). Os discípulos também recebem a descrição de luz ou luzeiros, sendo que a tarefa deles é passar adiante a luz divina que receberam. Aquilo que ouvem em particular devem-no proclamar com destemor na luz. Como missionários de Cristo, devemos resplandecer no mundo, não com a nossa própria luz, mas sim com a mesmíssima luz do próprio céu, pois a luz, no Novo Testamento, se associa com a habitação de Deus ou até com o próprio Deus, de onde raia sobre este mundo.
Se queremos ver o Rei em toda a Sua beleza e o desejo de que ele brote dentro de nós, então a comunhão com Ele, é algo que tem de ser buscado, cultivado e planeado. Se não quer desperdiçar a sua vida, lembre-se do que escreveu um antigo pastor: “Nenhum homem que vive perto de Deus vive em vão” (Horatius Bonar). A essência de um viver produtivo e feliz é a comunhão cultivada com Deus. Sem esta comunhão íntima e constante com Deus, somos como palha ao vento. O coração do crente deve estar satisfeito em Deus e não nas coisas deste mundo passageiro. Com certeza as nossas vidas serão desperdiçadas se trocarmos o prazer da comunhão com o Senhor pelos prazeres transitórios do pecado.




5. A Comunhão com Cristo Supera
as Mais Altas Formas de Alegria Terrena.
Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor” (Fp. 4:4, 5).
Alegrai-vos! Quem não gostaria de poder alegrar-se sempre e verdadeiramente de todo o coração! O mundo busca alegrias e não se cansa de inventar novas atrações e sensações. Muitas delas pecaminosas. E o resultado final é sempre o mesmo: Um pequeno momento de alegria, seguido de canseira e enfado, e muitas vezes de remorsos.
Os filhos de Deus, pela fé em Cristo, não têm prazer nestas alegrias pecaminosas do mundo. Eles na verdade também se alegram com as bênçãos terrenas, mas eles têm e buscam uma alegria superior: Cristo! O mundo não entende isso. As pessoas não cristãs acham que ser cristão é uma chatice, é andar triste. Não! Pelo contrário. Nós temos uma alegria profunda que o mundo não conhece. O texto bíblico lido nos convida a refletir sobre esta alegria cristã. Que alegria é essa? Qual a sua fonte? Como ela se externa?
1 – O apóstolo Paulo escreveu a carta aos filipenses da prisão em Roma, lá por volta do ano 61 AD. A Comunidade de Filipos vivia dias de grande complexidade, muito difíceis. Ela estava sofrendo uma árdua perseguição. Muitos fiéis foram açoitados, presos e mortos e muitas famílias destroçadas. Paulo escreve-lhes uma carta de edificação e consolo. Nesta carta escreve: Alegrai-vos! Como? Que conselho estranho para momentos de sofrimento. Este conselho parece fora de qualquer propósito para este momento. Que alegria poderia ser esta?
2 – O apóstolo Paulo não fala de uma alegria fugaz, nem ignora o problema por uma fuga da realidade. Ele diz: Alegrai-vos. Alegrai-vos no Senhor! A fonte da verdadeira alegria constante e infinita, em todas as situações, é Cristo. Ele quer fazer-nos participantes de sua alegria, divina e eterna, fazendo-nos descobrir que o valor e o sentido profundo da nossa vida está no ser aceito, acolhido e amado por Ele. Este amor infinito de Deus por cada um de nós se manifesta de modo pleno em Jesus Cristo. Nele encontra-se a alegria que procuramos.
A comunhão com Cristo é tão superior a qualquer coisa terrena que nós nem sequer conseguimos sondar. Quanto mais profunda for a nossa comunhão com Deus, mais aumenta a nossa admiração e adoração a Deus, mais aumenta o nosso conhecimento de Deus a cada dia, mais o nosso temor se torna mais profundo, mais o nosso amor se aperfeiçoa ao passar do tempo de relacionamento que mantemos com ele. Nossa afetividade com Deus, se torna sincera e devocional e com isso passamos a tratá-lo da melhor maneira possível; mais nos conscientizaremos de que a nossa atitude em relação àqueles por quem oramos é de suma importância para que Deus continue a operar por nosso intermédio. É possível que o ente querido que se acha longe de Deus nos tenha magoado muito. Então precisamos vigiar para que, ao orarmos, não haja em nosso coração o menor ressentimento em relação a ele. Se não estivermos cheios do amor de Deus, não poderemos crer realmente que o Senhor irá salvá-los. Lemos em Gálatas 5:6 que a fé atua pelo amor. E em 1 Coríntios 13:8, Deus afirma que “o amor jamais acaba”. Alguém pode orar anos a fio pela conversão de outrem, sem nunca ter perdoado essa pessoa. Isso constitui um grande empecilho para que a oração seja atendida. A Bíblia nos adverte do seguinte: “Atentando diligentemente por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hb. 12:15).
Uma comunidade que tem os corações unidos pelo contato com Jesus e uns com os outros, experimenta a “alegria” completa! Todos falam o mesmo idioma, o idioma do amor. Eles se tornam irmãos e irmãs em Cristo já que todos têm o mesmo espírito. Eles se tornam parte de uma família maior. Quanto maior a comunhão dos crentes, mais fortes são os laços que unem os cristãos. Quanto maior a unidade dos crentes, mais fortes são os laços que unem os cristãos.
Uma comunhão genuína é construída sobre as verdades das Escrituras, através das quais Deus lhe apresentará claramente qual a Sua vontade para a sua vida e não apenas ao redor de um líder carismático ou uma grande instituição. Um cristão em comunhão é uma pessoa que abre o coração e a mente para aceitar a verdade como Deus a revela em Sua Palavra.
A sabedoria falava aos olhos e era acolhida no coração; pois eles comungavam com Deus pelas obras criadas. À medida que penetramos no seio da natureza, Cristo nos torna real a Sua presença e nos fala ao coração de Sua paz e amor.
A comunhão com Cristo, é óbvio, sendo um meio de usufruirmos mais de Sua graça (2 Pe. 1:2), leva-nos ao gozo inefável e a um mais claro conhecimento da verdade. Os mistérios do reino dos Céus se desdobrarão e os mesmos serão compreendidos pelos corações que anelam conhecer a verdade. Pela comunhão com Cristo uma luz celeste raiará no templo da alma e será revelada a outros como o brilho refulgente de uma lâmpada em estrada tenebrosa.
Nada é tão enobrecedor nem tão importante como a comunhão com Deus e o estudo dos grandes temas que concernem à nossa vida eterna. Uma tal comunhão restaurará a imagem de Deus no ser humano. Fortalecerá e firmará o espírito contra tentações, e habilitará o crente a tornar-se co- obreiro de Cristo em Sua misericordiosa missão no mundo. Fará dele um membro da família celestial, preparando-o para participar da herança dos santos na luz.
A verdadeira comunhão é integridade no serviço de Deus. Essa é a condição da verdadeira vida cristã. Cristo requer a entrega sem reservas, o serviço não dividido. Exige o coração, a mente, o intelecto e as forças. O eu não deve ser acariciado. Quem vive para si mesmo não é cristão.
O amor precisa de ser o móvel de ação na comunhão. O amor é o princípio básico do governo de Deus no Céu e na Terra, e deve ser o fundamento do caráter cristão. Isso unicamente pode torná-lo e guardá-lo inabalável; habilitá-lo a resistir às provas e tentações. Se amamos a Jesus, gostaremos de viver para Ele, de apresentar-Lhe nossa oferta de gratidão, de trabalhar para Ele.
Devemos estar sempre em comunhão, para sermos guardados das tentativas de Satanás em levar-nos para o pecado. Podemos dizer que a comunhão é o nosso termómetro espiritual, pois ao entrar em comunhão com Deus, nosso espírito se eleva nas alturas, mas quando nós não conseguimos ter comunhão, isso indica que não estamos bem espiritualmente. Por isso, devemos aprender a observar o falar divino no nosso espírito, enquanto estamos a orar, pois Deus comunica-se connosco através do nosso espírito, mas cabe a cada um de nós, utilizando o nosso conhecimento bíblico, discernirmos se este falar é ou não de Deus, pois o inimigo pode também tentar enganar-nos, lançando pensamentos em nossa mente que subtilmente nos podem induzir ao pecado
Pela comunhão a vida espiritual é fortificada, as provações são bem suportadas, e provações bem suportadas desenvolverão a resistência do caráter e preciosas graças espirituais. O perfeito fruto da fé, da mansidão e do amor amadurecerá frequentemente melhor debaixo da comunhão com Deus.
 Nossa vida pode ser perfeita em cada fase de desenvolvimento, contudo, haverá um contínuo progresso, se o propósito de Deus se cumprir em nós. A comunhão é obra de toda uma vida. Pela comunhão, ampliar-se-á a nossa experiência e crescerá o nosso conhecimento e alegria. Tornar-nos-emos fortes para assumir as responsabilidades e a nossa maturidade será proporcional aos nossos privilégios.
O objetivo da comunhão na vida cristã é a frutificação, tal como a planta cresce recebendo o que Deus provê para sustentar-lhe a vida e aprofunda as raízes no solo, absorve o sol, o orvalho e a chuva, assim é a reprodução do caráter de Cristo no crente pela comunhão, para que Se possa reproduzir noutros. A comunhão com Deus pela oração e pelo estudo de Sua Palavra não pode ser negligenciada. É através da oração que nós colocamos nossas ansiedades nas mãos de Deus, crendo que Ele é poderoso para nos dar paz interior, e resolver nossos problemas da melhor maneira possível para nosso crescimento espiritual.
O amor de Deus, continuamente transmitido ao homem é que o habilita a comunicar luz. O áureo óleo do amor corre livremente no coração de todos os que pela fé estão unidos a Deus, para resplandecer no serviço real e sincero para Ele.
Toda a pessoa tem o privilégio de ser um conduto vivo pela comunhão, pelo qual Deus pode comunicar ao mundo os tesouros de Sua graça, as insondáveis riquezas de Cristo. Nada há que Cristo mais deseje do que agentes que representem no mundo o Seu Espírito e caráter. Não há nada de que o mundo mais necessite do que da manifestação do amor do Salvador, mediante a humanidade. Todo o Céu está à espera de condutos pelos quais possa ser vertido o óleo santo para ser uma alegria e bênção para os corações humanos.
Pela comunhão com o Senhor, a glória, a plenitude, a perfeição do plano do evangelho são cumpridas na vida. A comunhão com o Salvador traz paz perfeita, perfeito amor, segurança perfeita e perfeita alegria. A beleza e fragrância do caráter de Cristo, manifestadas na vida de comunhão, testificam de que na verdade Deus enviou o Seu Filho ao mundo para nos salvar.
Os filhos de Deus não foram deixados sós e indefesos. A comunhão move o braço do Omnipotente. A comunhão com o Senhor vence reinos, pratica a justiça, alcança as promessas, fecha a boca dos leões, apaga a força do fogo. A comunhão é o canal pelo qual alcançaremos os celeiros do Pai Eterno.
Pela comunhão os empecilhos são removidos e a glória do Senhor é revelada, e a luz resplandece para penetrar e dissipar a escuridão. Não podemos deixar de brilhar dentro do círculo de nossa influência.
Pela comunhão a revelação da glória do Senhor na forma humana, trará o Céu tão perto dos homens, que a beleza que adorna o templo interior será vista em todos, nos quais o Salvador habita. Os homens serão cativados pela glória de um Cristo que vive em nós. E em torrentes de louvor e ações de graças dos muitos assim ganhos para Deus, refluirá glória para o grande Doador.
O amor de Jesus, a comunhão com Ele, é sem dúvida mais maravilhoso do que qualquer coisa que a Terra possa oferecer. É evidente que todos nós temos muitas virtudes e habilidades, mas também temos as nossas fraquezas e debilidades; temos as nossas histórias de acertos e vitórias, mas também de fracassos e de derrotas. Então, quando nos tocamos pelas virtudes, habilidades e acertos tudo corre às mil maravilhas, mas quando nos tocamos pelas nossas debilidades, fraquezas e erros… só a graça de Deus na causa. No entanto, apesar de tudo, manter a comunhão com o Senhor e uns com os outros promove algumas bênçãos indispensáveis para nós:
a) Gera Maturidade, Crescimento e Proteção:
 Alcançar a maturidade é uma necessidade vital para o cristão. O crescimento espiritual através da comunhão é comparado ao crescimento e desenvolvimento biológico, também se desenvolve em ciclos (infância, adolescência, fase adulta à maturidade). Conhecer o caminho que se percorre da fase infantil até a adulta através da comunhão, possibilita fazer escolhas seguras. Quando o cristão se desenvolve de forma correta recebendo o alimento apropriado torna-se um cristão adulto, com amadurecimento espiritual genuíno sem brechas ou buracos. A maturidade cristã é um objectivo sempre presente na vida de todo o cristão; isto é, alcançar a “...medida da estatura completa de Cristo” (Ef. 4:13). Podemos definir maturidade como sendo “o estado de ter alcançado, pelo processo natural, a perfeição em termos de crescimento e desenvolvimento”; ou, “pertencente à condição de completo desenvolvimento como homem maduro”.
Na caminhada cristã surgem pedras, espinhos no meio do caminho, mas em comunhão com o Senhor, através da leitura da bíblia sagrada, da oração e do jejum, todos os obstáculos são vencidos. O conhecimento de Deus através do Espírito Santo permitirá vencer todos os obstáculos no meio do caminho. Entretanto, nesta caminhada existem atalhos que podem prejudicar a nossa vida com Deus, a nossa santidade e amadurecimento espiritual. É preciso vigiar e orar sem cessar. Observar se o atalho apresenta situações que não condizem com a palavra de Deus. O nosso guia deve ser a bíblia. Por isso precisamos de conhecer, entender e estudar a palavra de Deus. A fé verdadeira deve ser fundamentada sobre uma completa inspiração Bíblica.
O amadurecimento espiritualmente requer tempo, compromisso, pois é um processo pelo qual vivenciamos até à volta de Jesus. Não importa o tempo de conversão, todos estão nesta caminhada cristã, para o amadurecimento espiritual. Para o apóstolo Paulo o caminho da santidade e maturidade Cristã não está relacionado com o esforço moral, o legalismo ou mesmo com um zelo que nos proporciona uma posição superior, elevando o ego. Para Paulo é necessário deixar para trás tudo aquilo que impede de avançar (Hb. 12). É necessário ainda prosseguir no caminho tendo os olhos fitos em Cristo, visando o prémio da soberania vocação de Deus em Cristo. O crescimento e amadurecimento espiritual não é, simplesmente, ter uma boa formação teológica ou ajustar-se bem psicologicamente ou sociologicamente, ou dominar as doutrinas bíblicas, ou ter uma bagagem espiritual. Para amadurecermos é necessário caminharmos perseverantemente em direção a Cristo, refletindo a glória do Senhor através do Espírito Santo. Até chegarmos à estatura de varão perfeito. Amadurecer é realmente dizer e viver como Paulo “não vivo mais eu mas Cristo vive em mim”.
A maturidade cristã ocorre obedecendo a etapas de nossa vivência cristã e é resultado direto de corretas atitudes pessoais. O tempo de vida cristã e seu adequado aproveitamento constituem-se factores preponderantes na formação do caráter cristão (2 Tm. 3:15). Existem práticas indispensáveis e importantes a serem observadas neste processo. São “exercícios” que na medida em que vão sendo praticados aumentam a clareza de entendimento, a intimidade com Deus e a consciência de uma vida responsável, equilibrada e de convicções inabaláveis. A vida cristã é uma vida de relacionamento pessoal com o Deus criador, que se revelou ao homem através da pessoa do Senhor Jesus Cristo.
Alcançar a maturidade é uma necessidade imperiosa. É a expectativa de todos que, de alguma forma, nos observam e acompanham. É natural e, até, obrigatório o momento em que deixamos as coisas de menino para vivermos como adultos. É assim na estrutura emocional; dever ser, de igual modo, na conduta cristã. (1 Co. 13:11). Como vimos, tudo depende de nossa atitude pessoal.
Apresentamos tanto as características de amadurecimento emocional quanto o processo da maturidade cristã. Este, em sua dinâmica gera profunda consciência de nossa responsabilidade com Deus e com o próximo, além de nos conduzir a uma atitude correta com subjetividade. Viver a seriedade do compromisso com Deus a partir da conversão que é a experiência radical de transformação, sem dúvida resultará em maturidade.
A Bíblia nos informa que Jesus crescia em todos os sentidos: sabedoria, estatura e graça diante de Deus (Lc. 2:52). Na vida do nosso Senhor Jesus, temos o exemplo do ser humano perfeito. Ele é o padrão do desenvolvimento do ser humano e notamos em Lc. 2:52 que Jesus se desenvolveu em quatro áreas: física, intelectual, social e espiritual. Assim, como iniciamos uma fase de crescimento biológico, também devemos iniciar um crescimento espiritual. Todo o ser humano, para ser totalmente realizado como adulto, precisa de se desenvolver nestas áreas. Quando nascemos para Cristo, somos bebés na fé, porém com o passar do tempo devemos e precisamos de nos desenvolver, crescendo até chegarmos à estatura de “varão perfeito” (Ef. 4:13). Entretanto, muitos cristãos não cresceram espiritualmente, servem a Deus há anos, mas permanecem bebés na fé. A alimentação espiritual deve ser apropriada para um bom desenvolvimento do cristão. 
O convite para o crescimento espiritual se estende a todos os cristãos independentemente do tempo de conversão, pois a cada dia devemos prosseguir para o crescimento espiritual, assim como Paulo almejou, para que alcancemos a estatura de varão perfeito até ganharmos o prémio final. O processo de santificação é um processo que começa no interior e reflete-se no exterior do crente. Isto acontece em conjunto com o crescimento espiritual que leva o cristão a uma vida madura em Cristo. Portanto, é necessário a intervenção do Espírito Santo para que o processo da santificação seja contínuo no coração do discípulo, até atingirmos a santidade completa, isto é quando recebermos um corpo glorificado e chegarmos ao céu, a nossa Pátria e Morada Eterna.
Para Crescermos e Continuarmos a ter vida espiritual devemos permanecer no Cristo vivo e na sua palavra (Jo. 6:53). A vida espiritual de um Cristão não é uma condição estática e imutável. Uma pessoa ou progride ou pára e começa a declinar. Somos salvos pela graça de Deus e pelo poder regenerador do Espírito Santo, porque aceitamos a sua palavra Tg. 1:18); porém, para que permaneçamos nesta nova condição de vida, precisamos de ser sinceros e irrepreensíveis perante o mundo (Ef. 4:23-25), praticando a palavra de Deus. Éramos jamboeiros, que tivemos o privilégio de sermos enxertados na videira verdadeira que é Cristo, tornando-nos parte de todas as suas bênçãos (Rm. 11:16-17).
A proteção é essencial na vida do cristão. Vivendo em comunhão com Deus, através da Oração, Estudo da Bíblia e Testemunho, o ser humano passa a conhecê-Lo e a amá-Lo. Sabendo de onde vem e para onde vai, tendo a certeza da salvação e da vida eterna, o ser humano deixa de temer a morte, sente-se seguro e confiante diante dos problemas da vida, não se desespera, não comete desatinos. As coisas materiais deixam de ser as mais importantes e a vida fica mais tranquila e menos angustiante. O relacionamento humano melhora, passa a haver mais paz no coração, sem inveja, sem ciúmes, sem ódios e mágoas, que tanto adoecem o ser humano, com capacidade de perdoar. Existe confiança pela certeza de que Deus está continuamente cuidando de cada um de nós. O poder maravilhoso de Deus se transfere para aqueles que O amam, e ele faz coisas maravilhosas para os que os amam. Diante dos problemas, haverá o poder de Deus para enfrentá-los sem medo, com confiança, segurança, humildade e paciência, diminuindo as possibilidades de que corpo e mente adoeçam. A intimidade com Deus é algo sublime e maravilhoso. O cristão adentra no lugar Santo dos Santos, passa a ser participante dos segredos e mistérios de Deus, apropria-se das verdades bíblicas da Palavra de Deus para a sua vida e edifica a sua vida espiritual sobre sólidos fundamentos, produzindo frutos agradáveis a Deus. Orar, estudar a Bíblia e testemunhar, são as práticas que o manterão em comunhão com Deus e revestido de Seu poder.
Vivendo em comunhão com Deus, o Seu poder nos reveste do poder de vivermos segundo a Sua vontade, as Suas orientações. O poder de Deus é para nos manter no caminho certo e não para nos proteger das coisas errados que conscientemente decidimos fazer em nossa vida. É muito importante entender essa parte. O amor de Deus nos torna responsáveis, desejosos de fazer a Sua vontade e não a vontade do mundo, nem nossa própria vontade. Assim é com relação às leis da saúde: o poder de Deus faz com que as obedeçamos e não, o que muitos pensam, que nos libera para fazermos a nossa própria vontade. É o que acontece com muitas pessoas que, não obedecem às leis da saúde, adoecem e esperam que Deus realize milagres de cura em suas vidas. Deus, além de amor, é também justiça, e não haveria de premiar a desobediência.
A existência, ou não, de comunhão com Deus é visível quando os filhos de Deus se reúnem. Se a comunhão existe haverá paz e alegria nos relacionamentos, liberdade e fervor nos cultos, cumplicidade na fraternidade, regozijo com a vitória do outro, lágrimas pelo choro do que sofre. Precisamos de aprofundar nossa relação com Deus para que Ele nos fale diretamente e possamos crescer integralmente. É por meio dos relacionamentos que, mais do que descobrir o meu próximo, eu me descubro! Nossos relacionamentos revelam facetas de nós que até nos surpreendem e que jamais imaginávamos que as tivéssemos. Ora, quando me descubro, então tenho a oportunidade de me acertar, crescer, mudar e compreender melhor as pessoas à minha volta. Torno-me mais humilde, quebrantado. Isto é amadurecimento. Também por estar em comunhão, sou beneficiado pela proteção que meus relacionais trazem para mim: eles me ajudam no caminho, nas tomadas de decisão, nas avaliações necessárias para os ajustes de rota, que tanto precisamos.
Reorganize a sua vida e invista tempo na leitura da palavra de Deus e esforce-se por colocá-la em prática. Somente assim acertará em tudo.
 b) Gera Fortalecimento e Restauração do Corpo de Cristo:
A comunhão com Deus é essencial ao aperfeiçoamento do cristão, porque é através dela que o homem fortalece a sua fé e vai constatando, por experiência própria, a fidelidade, a misericórdia, a Justiça e a Soberania de Deus.
A comunhão mantém o espírito em atividade e em livre desenvolvimento pela convicção da presença de um Deus tão próximo quanto um bom pai e amigo.
A cada vitória alcançada pela comunhão com Deus, sobre as provas e tentações, estaremos mais fortalecidos na fé e compreenderemos um pouco mais sobre os mistérios e segredos de Deus, sobre a Sua grandeza e majestade, sobre a Sua soberania no governo do mundo e no destino da humanidade. O nosso aperfeiçoamento, fortalecimento da fé e conhecimento mais profundo de Deus como um Pai, que disciplina o filho para o seu próprio bem, advém da comunhão.
Quando a Igreja manifestar ao mundo qual é a sua verdadeira fonte da sua força, da sua comunhão, então, a Glória de Deus será vista em toda a terra.
Em comunhão Cristo somos fortalecidos para que tenhamos vitória em áreas específicas de nossa vida. Em Cristo nos fortalecemos para um viver vitorioso levando sempre em conta os valores espirituais e eternos que aprendemos de Deus por Cristo.
Desfrutando de comunhão poderemos sempre ser fortalecidos no poder que há em Cristo e sermos edificados juntamente. Em Cristo temos todos os recursos e toda a capacitação para que vivamos uma vida de amor e fortalecida para nossa peregrinação.
Após enfrentarmos o deserto, compartilhamos das experiências que passamos com outras pessoas e elas são edificadas. Isso gera comunhão e esta gera fortalecimento, pois os que vencem o deserto têm autoridade para ministrar sobre outros a sua experiência.
O exercício contínuo dos dons garantirá que a necessidade de cada crente seja suprida com a finalidade de preservar e fortalecer a unidade do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Desta forma as brechas espirituais, em que o inimigo busca encontrar para atacar a vida e os ministérios dentro da Igreja, serão fechadas, garantindo assim o bom êxito e a preservação da unidade Corpo.
Nos dias que correm é cada vez mais difícil manter uma vida de compromisso. Mas quando assumido causará um efeito de comunhão com Deus que gera, fortalecimento, fé e reconhecimento mútuo na vida dos cristãos. “Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te” (Is. 41:6)!
O compromisso com o reino de Deus, com a sua expansão e com a restauração que ele proporciona às pessoas neste mundo, une a todos que estão imbuídos neste propósito a orarem uns pelos outros, “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg. 5:16). Não só a orarem, mas também a confessarem as fraquezas do ser para que haja um fortalecimento mútuo.
Concluísse que uma vida de compromisso gera comunhão e reconhecimento mútuo na vida dos cristãos (Is. 41:6) e faz com que os cristãos se auxiliem, “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl. 6:2), assim é uma vida de compromisso com o Corpo de Cristo.
Quando os membros têm comunhão com Deus e com os irmãos e se preocupam em desempenhar os seus respectivos papéis, todo o corpo fica fortalecido, bem ajustado e cresce em tudo, e em Cristo!
A primeira grande condição para obtermos uma vida cristã salutar e autêntica, é certamente, mantermos uma relação íntima com Deus através da leitura diária da Bíblia e da oração. A segunda condição para que tenhamos uma vida cristã robusta é mantermos uma comunhão íntima com os irmãos da fé. É impossível ser genuinamente cristão, se vivermos isoladamente. Alguém já disse, muito apropriadamente, que quem é ilha nunca chegará a continente. Aliás, depois de experimentarmos as alegrias de uma vida em comunhão, jamais desejaremos viver isolados. Portanto, neste estudo estamos procurando compreender a comunhão, definindo-a e conceituando-a.
Pela comunhão, somos beneficiados pela vida dos nossos irmãos, que muitas vezes nos fortalecem e restauram. Quantos já não foram fortalecidos na fé e na caminhada por causa da vida de outros irmãos? Quantos já não viram seus casamentos e famílias restaurados por causa da comunhão com outros cristãos? Outro detalhe: é somente por meio da comunhão que podemos praticar os mandamentos de Deus. 
c) Contagia Tanto os de Dentro Como os de Fora:
Quando convidamos Cristo a entrar nas nossas vidas (pela fé) como nosso Salvador pessoal, tornamo‑nos filhos de Deus (Jo. 1:12). Tornamo‑nos Seus filhos e Ele o nosso pai. Podemos então usar o Seu nome ‑ Cristão. O nosso relacionamento com Deus, nosso Pai, é permanente. Somos Seus filhos. O valor do encontro/comunhão com o verbo da vida, transcende todos os valores deste mundo, porque é na comunhão e pela comunhão com Jesus que somos levados a conhecer a Verdadeira Vida!
 Na comunhão verdadeira, há um transbordar da alegria do Senhor, que é a nossa força. Temos liberdade para expressarmos essa alegria, sem as marcas do passado, sem o peso do pecado e sem o jugo da escravidão, pois essa verdadeira comunhão gerada no Verbo da Vida, trás consigo o forte desejo de compartilhar, de contagiar o próximo através da verdadeira comunhão nascida em Jesus, você sente esse desejo?
Ser uma pessoa consagrada – que mantenha comunhão com Deus e viva os princípios da verdade, alegria e vigor – contagia e sensibiliza através do Espírito tanto os de dentro como os de fora, porque estamos vivendo dentro do laço do amor. Porque quem é consagrado a Deus para a Sua glória, é também consagrado aos homens para o seu bem eterno.
Assim como uma chama de fogo natural precisa de oxigênio para continuar queimando, assim também é a comunhão com Deus. A Bíblia nos exorta a não escondermos a candeia num lugar onde não possa ser vista e onde não receba o oxigênio necessário para a sua sobrevivência (Mt. 5:15). Devemos colocar a nossa chama da comunhão com Deus bem à vista, onde todos possam vê-la e sejam contagiados, para que assim seja bem alimentada de oxigênio. A Bíblia diz, em Génesis 12:1-3, que Abraão foi abençoado por Deus para que pudesse abençoar todas as famílias da Terra. O que é que isso quer dizer? Que não recebemos bênçãos para guardá-las para nós mesmos; mas que somos abençoados para abençoar outros. Um factor essencial para que a nossa chama continue queimando é que a compartilhemos com outros até os confins da terra e da criação e assim Deus possa restaurar em nós a imagem divina.
Quando através da comunhão compartilhamos com outros sobre quem Deus é, o que ele fez e todas as suas maravilhas, nós permitimos que mais oxigênio chegue até à nossa chama e a deles, fazendo-a crescer mais ainda. Cada vez que contamos para alguém sobre como Jesus nos salvou, nossa salvação se torna ainda mais real para nós mesmos e para eles. Cada vez que oramos para que alguém receba o batismo no Espírito Santo, mais real ele se torna na nossa vida e na deles. Cada vez que oramos para que alguém receba a cura, mais podemos crer para nossa própria cura e para a deles. Quando falamos com os outros sobre Jesus, voltamos ao nosso primeiro amor. Quando voltamos ao nosso primeiro amor, falamos com outros sobre Jesus! É um ciclo que nunca se acaba! Muitas vezes, numa tendência protetora, queremos esconder nossa chama de tudo e de todos. Nós a guardamos lá no fundo, onde ninguém pode atingi-la e onde o vento não pode apagá-la. Mas numa atitude super protetora, acabamos por apagá-la nós mesmos, ao não permitirmos que o oxigênio chegue até ela e à dos outros. Quando queremos garantir, por nós mesmos, que manteremos a chama acesa, encontramos, ao contrário, uma segurança perigosa, que nos leva a uma vida medíocre, sem paixão e sem o ardor de Deus.
A comunhão com Deus, a qual é um privilégio divino, mas que precisamos de entender como é estabelecida e mantida, somente contagia tanto os de dentro como os de fora quando as paredes de proteção natural que construímos ao redor da nossa chama caiem. Paredes que levantamos por termos sofrido feridas anteriormente; paredes de autodefesa que nos fazem sentir fortes, mas que, na verdade, nos mantêm separados de Deus e incapazes de compartilhar nossa chama com outros. Que bênção e que privilégio é poder caminhar diariamente com Deus agora, esperando aquele dia quando poderemos viver eternamente em sua presença, no céu!
Já alguma vez sentiu a chama queimar no seu interior enquanto compartilhava algo com um irmão? Parecia que quanto mais falavam sobre o assunto, mais este se tornava verdade e mais o fogo ardia no seu coração! Isso acontece porque a comunhão é um tremendo combustível para a nossa chama interior. Não basta acreditar em Deus, precisamos de estar cientes do Deus em que efetivamente acreditamos. Jesus Cristo veio até nós declarando-se como Deus. Nada n’Ele faz sentido se negamos a Sua divindade.
O modo como entendemos Deus está muito relacionado com a forma como vivemos, como agimos e reagimos, com o projeto de vida que abraçamos. Existem muitas vezes incongruências, desajustamentos, hipocrisias. Mas, de uma ou de outra forma, contemplar Deus na pessoa de Jesus Cristo e responder afirmativamente ao Seu desafio, transforma-nos. Somos transformados por Ele na medida em que O recebemos em nós. Tenho experimentado de maneira muito pessoal esta Palavra que Deus tem falado ao meu coração.
É do relacionamento, da amizade, do encontro, é da intimidade entre Amor e Verdade que nós vamos vendo a Glória de Deus se manifestar na nossa vida, por isso a palavra de Deus diz: Seguindo a verdade em amor… Esses dois elementos devem ser inseparáveis, já que só assim nós podemos crescer em tudo, em Cristo Jesus.
Se deseja ver Cristo manifesto plenamente na sua vida, na sua casa, nos seus relacionamentos, então deve se dedicar diligentemente à aplicação e à combinação desses dois elementos fundamentais. Verdade e Amor!
Se pegarmos algum atributo de Deus e tentarmos vivenciar esse atributo de maneira isolada, nós teremos alguma coisa Virtuosa, ou seja, pode ser que alcancemos alguma virtude de Deus manifesta na nossa vida, mas naturalmente nós não teremos a Glória de Deus manifesta. Isso, porque nós não podemos pretender escolher algum aspecto daquilo que Deus é e tentar aplicar esse aspecto na nossa vida, pensando que com isso a bênção de Deus estará na nossa casa. Se fizermos isso, estaremos ferindo a principal virtude, que é a de sermos selados na comunhão do Espírito de Deus.
Jesus conhece-se no relacionamento pessoal. Cristianismo é antes de tudo o mais relação com Deus através da pessoa de Cristo. É nessa e por essa relação contagiante que somos mudados, que Deus se torna real na nossa vida, que a esperança nos toma, que o amor nos inunda, que o perdão nos alcança, que o Criador nos serve a vida eterna.
 O amor de Deus só é manifesto entre nós através da nossa comunhão, do nosso relacionamento com os outros. A Igreja do primeiro século mantinha um nível de comunhão tão elevado, que tanto os de dentro como os de fora eram contagiados pelo amor entre eles.



6. Consequências do Isolamento
Quem ama a solidão não ama a liberdade” (Clarice Lispector).
A solidão aprisiona e sufoca. Por vezes pode vir com uma roupagem de proteção ou talvez de fuga. Mas na verdade quem se deixa agarrar por ela sente-se cada vez mais só e sozinho, preso em si mesmo à procura da porta que nunca encontrará até o dia que sozinho ficar. A solidão tem seu brilho, mas é preciso olhar pelo lado certo e medir o tempo certo para não deixar que ela se embrenhe pelas entranhas e não se possa mais libertar.
A solidão é reprovada por Deus, desde as primeiras páginas da Bíblia. A célebre e contundente conversa de Deus continua ecoando na existência humana: “não é bom que o homem esteja só” (Gn. 2:18). Deus criou o ser humano para se relacionar. Isso faz parte da própria essência do Criador pois Deus é Trino. Por isso, Deus criou dois gêneros em vez de um só e os chamou macho e fêmea e deixou leis que deveria regular a relação entre um ser humano e outro. O ser humano é um ser social. A solidão nos leva para uma vida centrada em nós mesmos, para um modo de viver onde as nossas preocupações são limitadas pelas nossas vontades. A solidão tem a “força” de nos isolar. Muitas vezes a solidão se torna uma camisa de força, de onde não conseguimos sair. A solidão nos aprisiona sem que percebamos. Há vários tipos de solidão. Solidão de pessoas e solidão de amor e afeto. A solidão pode ser um estado interior, uma ausência existencial. As atitudes solitárias devem ser banidas do nosso modo de viver. A solidão nos afasta das pessoas e distancia-nos de Deus.
A conversão é a transformação do “eu” solitário num “nós” comunitário. É o chamado para sermos amigos de Deus e dos nossos irmãos. As parábolas e imagens do reino glorioso de Cristo sempre envolvem mesas fartas, festas, multidão de todas as línguas, tribos, raças e nações; Paulo nos fala de uma nova família, um corpo; João nos fala de um rebanho e de uma cidade - essas imagens revelam que o reino de Deus é o lugar onde as pessoas se encontram na comunhão festiva com Cristo. As imagens bíblicas de banquete, mesa farta cheia de amigos, nos ajudam a refletir melhor sobre o significado da comunhão e da amizade.
Porém, para muitos, a igreja não tem sido este lugar; pelo contrário, tem sido um lugar de desilusão, frustração e solidão. Um lugar de mágoas, ressentimentos e traições. Sei que existem aqueles que se sentem acolhidos e amados em suas comunidades, mas esta não é a regra geral. No entanto, mesmo os que se sentem bem nem sempre experimentam uma verdadeira comunhão de amizade e amor.
Cristo fez amizades ao ponto de ter amigos mais chegados. No jardim do Getsémani, por exemplo, Jesus chamou os seus três amigos mais chegados (Pedro, Tiago e João), para orar com ele. O momento era de extrema aflição pois nosso mestre, estava para ser entregue à morte por nossos pecados e queria ser consolado e animado por seus amigos queridos. De facto, como escreveu Salomão, há amigos mais chegados que irmãos (Pv. 18:24). Todos nós precisamos de amizades, Deus não nos fez para ficarmos sozinhos
A solidão é uma ausência de relacionamentos que mina nossa espiritualidade. O cristianismo é a resposta de Deus para um mundo que valoriza o indivíduo solitário e não o coletivo. A comunhão com os irmãos revela também nossa comunhão com Deus. Enquanto a solidão nos leva para um “canto” (seja ele um lugar físico ou existencial) e ficamos ali nesse “lugar” pensando em nós, a comunhão nos aproxima e nos coloca em contato. Uma das expressões mais usadas no Novo Testamento, no contexto da igreja é “uns aos outros”. Isso revela que as igrejas que celebram Jesus Cristo como Senhor e Salvador devem valorizar o “outro”. Não podemos ser felizes e completos como igreja sem pessoas (sem o “outro”). O cristianismo é uma expressão de amor coletivo. Amor mútuo. Amor envolvente. O cristianismo é a manifestação do testemunho de amor entre os cristãos, a despeito de suas diferenças e diversidade, a fim de que, os de fora creiam que Jesus Cristo é o Messias enviado por Deus.
O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria... (Pv. 18:1). O isolamento pode ser fatal para sua alma. Quem se esconde e se isola para manter uma identidade secreta, para praticar coisas inconvenientes e ainda conservar a sua reputação diante das pessoas dá sinais de grande insensatez. Não somos aquilo que aparentamos em público. Nossa verdadeira identidade é aquela que se expressa diante do espelho. De nada adianta colocar uma máscara bonita em público se, no recesso, quando fechamos as cortinas, mostramos uma terrível carranca. De nada vale os aplausos dos homens por nossas virtudes se no íntimo estamos povoados pela impureza. É absolutamente inútil sermos aprovados pelos homens e reprovados por Deus.
O solitário que se esconde para encobrir os seus pecados insurge-se contra a verdadeira sabedoria. Aquele que tranca a porta do quarto para ver coisas vergonhosas esquece-se que, para Deus, luz e trevas são a mesma coisa. Aqueles que se afastam da família e procuram os guetos mais escondidos para se refestelarem no pecado com a intenção de permanecerem incógnitos, cobrem-se a si mesmos de opróbrio e deixam a família cheia de vergonha. Devemos viver na luz. Somos a carta de Cristo. Devemos refletir o Caráter de Cristo.
Fomos chamados para participar, não somente crer. Todos nós somos chamados para participar, não somente crer. A partir do momento em que passamos a fazer parte da família de Deus, não estamos mais por conta própria, mas devemos participar junto à comunidade. Mesmo no mais perfeito e imaculado ambiente do Éden, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn. 5:14). Fomos criados para viver em comunidade, moldados para o companheirismo e formados para uma família; e nenhum de nós pode cumprir os propósitos de Deus sozinho e sem ajuda. Sem alguém que lhe faça companhia, o homem não pode viver plenamente a condição de ser humano, por isso devemos estar atentos às inúmeras vezes que a Palavra de Deus usa a expressão: “uns aos outros”.
Embora nosso relacionamento com Cristo seja pessoal, Deus nunca quis que fosse particular. Não existe “cristão autónomo”, e é por isso que, como cristão, eu preciso de me esforçar para integrar as outras pessoas dentro do Corpo de Cristo, pois o desejo de autonomia em relação a Deus é um terrível caminho e um grande engodo para um cristão. A Bíblia diz que fomos ajuntados, reunidos, juntamente edificados, juntamente tornados membros, juntamente feitos herdeiros, combinados, mantidos juntos e que seremos juntamente arrebatados. Seguir a Cristo inclui integrar, não apenas acreditar: somos membros do corpo de Cristo – a Igreja. Para o Apóstolo Paulo, ser “membro” da Igreja significava ser um órgão vital de um corpo vivo, parte indispensável e interconectada (Rm. 12:4, 5 e 1 Co. 12:12-27).
Não fomos feitos para viver como cavaleiros solitários; ao contrário, somos feitos para pertencer a família de Deus e ser membros de seu corpo. Portanto, o batismo não é somente um símbolo de salvação, mas é também de comunhão. Não significa somente uma vida em Jesus, mas também a visualização da integração de uma pessoa dentro do corpo de cristo. Quando um novo crente é batizado, a igreja pode dizer: “Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef. 2:19). A igreja existe para proporcionar comunhão aos crentes.
Fomos criados para uma função específica, mas perderemos esse propósito maravilhoso se deixarmos de congregar (ter comunhão) por um motivo ou outro. Se um órgão é de alguma forma desligado do corpo, ele murcha e morre. Ele não pode existir por si mesmo, nem nós (Ef. 4:16). É por isso, que o primeiro sintoma de declínio espiritual é normalmente o comparecimento irregular (isolamento) aos cultos e a outras reuniões. Sempre que nos tornamos descuidados com a igreja, todo o resto começa a desmoronar. Ouça a voz de Deus. Fuja da solidão e corra para os braços de Deus e converse com ele.
Fazer parte da igreja ajuda a desenvolver os “músculos espirituais” (Cl. 2:19). Somente quando nos colocamos como membros com a plena participação nas atividades da igreja é que adquirimos resistência contra toda a investida do diabo e desenvolvemos músculos espirituais, ou seja, não seremos atingidos por qualquer tempestade, mas teremos a nossa segurança em Deus, teremos a convicção de que unidos em Cristo somos verdadeiramente mais do que vencedores. Quando estamos unidos temos a consciência de que as nossas obrigações são mútuas, portanto, temos “responsabilidades familiares” conforme aquilo que Deus espera que cumpramos na igreja local. Veja o enfoque de Warren, 2003, p. 117: “Precisamos mais do que a Bíblia para crescer, precisamos de outros crentes. Crescemos mais fortes e mais rapidamente aprendendo uns com os outros e sendo responsáveis uns pelos outros. Quando os outros compartilham o que Deus está ensinando, também aprendemos a progredir”.
O isolamento é o contrário da comunhão, é a escassez ou ausência dos relacionamentos. O isolamento produz a falácia. É fácil nos enganarmos pensando que somos maduros quando não há ninguém para nos contestar. O cristão não deve viver no isolamento, porque ele traz sérias consequências, afetando sua vida em vários aspetos: apaga o amor, obstrui a visão do Reino de Deus, enfraquece emocional e espiritualmente, inibe o crescimento, não promove a libertação e a cura, gera religiosidade, sentimento de superioridade, divisão no Corpo e morte. A verdadeira maturidade se manifesta nos relacionamentos. Precisamos mais do que a Bíblia para crescer; precisamos de outros crentes.


7. Três Razões Para Perseverar na Comunhão
Qualquer empreendimento só será realizado se nos empenharmos com perseverança na sua execução. Como cristãos, também nós devemos ser perseverantes em nossa vida cristã.
O que nos une a nossos irmãos naturais é muito mais do que viver debaixo do mesmo teto. Nós somos irmãos porque levamos a mesma carga genética da nossa família.
O mesmo se aplica à igreja. Somos uma família, não só por que cultuamos a Deus no mesmo local, mas porque compartilhamos a mesma vida que vem de Cristo, temos a mesma carga genética espiritual: somos filhos de Deus. O que é mais precioso é que quando encontramos a outros com essa mesma natureza espiritual imediatamente nos identificamos com eles.
O mundo somente crerá em Jesus, se vivermos uma vida de comunhão e unidade. A comunhão ganha mais gente para o reino de Deus do que o evangelismo. Na verdade, Jesus disse que só nos reconheceriam como seus discípulos se nos amássemos uns aos outros (Jo. 13:35). A comunhão é o meio pelo qual expressamos esse amor ao mundo. Sem amor de uns pelos outros não podemos ser conhecidos como discípulos de Cristo.
Aqueles primeiros cristãos mudaram completamente de pensamento e atitude com respeito ao Senhor Jesus Cristo. Eles receberam a verdadeira fé em Cristo e a vida deles mudou completamente. O Espírito passou a habitar neles e os encheu de tal forma que a fé deles em Cristo tornou-se evidente a todos na prática de boas obras na vida do dia-a-dia. Pelo poder de Cristo mediante o seu Espírito e a sua palavra, aqueles irmãos tornaram-se uma igreja ativa e perseverante na prática da vida cristã. Lucas nos mostra um belo retrato da vida da igreja nos dias dos apóstolos. Unidos a Cristo pelo batismo, tendo o perdão dos pecados e a presença do Espírito habitando neles, aqueles nossos irmãos “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At. 2:42).
Lucas tem o propósito não somente de nos informar sobre a vida da igreja primitiva, mas também a de nos encorajar a sermos perseverantes em nossos dias com o exemplo de fé daqueles nossos irmãos do passado. Em Cristo temos os mesmos benefícios que eles tiveram (fé, perdão, Espírito Santo). E em Cristo também temos a graça de sermos perseverantes como eles foram. No nosso texto aprendemos que uma igreja cheia do Espírito Santo é uma igreja perseverante. Ela persevera na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. A perseverança nestas coisas básicas da fé é resultado da obra do Espírito Santo e ao mesmo tempo caracteriza uma verdadeira igreja de Cristo. A verdadeira igreja de Cristo é uma igreja perseverante. A perseverança é a marca de uma Igreja vitoriosa.
Só prospera na comunhão, sendo bênção e abençoado, quem decide ser construtor de pontes de paz. Claro que requer esforço e renúncia pessoais, mas as conquistas particulares são enormes e o Reino de Deus é manifesto aos olhos de todos, quando a comunhão dos santos é uma realidade. Perseverar na comunhão com os irmãos é andar com Yeshua e faz parte do andar no caminho apertado que vem depois de passarmos pela porta estreita da salvação (Mt. 7:13-14). Vejamos as três razões para perseverar na comunhão com os irmãos:
a) A Comunhão com os Irmãos Revela a Nossa Comunhão Com Deus.
Ninguém pode encontrar a felicidade se não deseja que as pessoas ao seu lado sejam felizes, se não estiver disposto a estender a sua mão para as pessoas que precisam. As pessoas vivem em busca da felicidade, da tentativa de serem feliz neste mundo. E para isso elas não medem esforços. Abrem mão de inúmeras coisas em troca de outras que acreditam ser o caminho que conduz à felicidade. Na busca pela felicidade, tentamos delimitar quais os ingredientes que devemos colocar no “bolo da vida” para que sejamos felizes. E muitas vezes, atrelamos essa busca a coisas materiais. No entanto, à medida que vamos conseguindo todas essas coisas, percebemos que a tão sonhada felicidade não acontece, então passamos a desejar outras coisas, outras, e outras, e assim indefinidamente. E nesse processo, enquanto corremos desesperadamente atrás da felicidade, esquecemo-nos de nós mesmos e das pessoas que amamos, esquecemo-nos de cultivar sentimentos que são essenciais para o nosso desenvolvimento como pessoa, como o amor, a compaixão, a fidelidade, sentimentos que mostram o nosso caráter e definem a nossa postura diante das circunstâncias.
O amor para com Deus, é aperfeiçoado na plena obediência à Sua palavra, que nos manda ter e manter comunhão com os nossos irmãos, figurando a comunhão com Ele, andando como Ele andou. O padrão de obediência é o exemplo de Cristo (1 Pe. 2:21; Cl. 2:4). Será que nós, crentes em Cristo Jesus, temos vivido dignamente como Cristo viveu aqui no mundo? A Bíblia diz: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.16). Viver em santidade de vida, não é uma opção, mas uma ordem. Sejamos santos em todos os nossos procedimentos e mantenhamos comunhão uns com os outros, para aperfeiçoarmos a nossa comunhão com Deus e com o Seu Filho Jesus, guiados pelo Espírito Santo. Busquemos, pois, no Deus de amor, a perfeição de nosso amor. Não basta amar mais do que antes, é urgente amar como nunca: perfeita e integramente. O perfeito e íntegro amor, embora suporte os maus, não pode tolerar o mal; apesar de amar o pecador, não pode indultar o pecado.
A verdadeira comunhão só é possível através de verdadeiros relacionamentos. Nós, o povo de Deus, fomos chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. A comunhão com Deus e uns com os outros é o grande segredo da vida cristã. Essa comunhão exige convivência, e um ingrediente fundamental na convivência duradoura é a confiança. Devemos olhar para a comunhão como algo puro, abstrato, independente, santo, acima e além de todas as coisas terrenas. Na ilustração de Jesus, a comunhão é o vinho novo e a igreja é o odre novo. Antes de derramar o Espírito Santo no dia de Pentecoste, Jesus preparou uma igreja de pessoas comprometidas umas com as outras em amor e todas absolutamente comprometidas com Cristo como Salvador e Senhor. Comunhão e igreja são igualmente importantes, pois quando colocamos vinho novo em odres novos ambos se conservam (Mt. 9:17).
A profunda convicção de que somos eleitos, santos e amados como povo de Deus nos dá segurança e condições de viver em comunhão com Deus e com os irmãos de tal maneira que nos tornamos sinal do Reino de Deus no mundo!
A Comunhão é a atitude de abrir as nossas vidas para os nossos irmãos e amá-los. Isso é possível porque Deus nos fez conhecer e crer em sua obra maravilhosa: O Nosso maravilhoso Deus derramou sobre nós do seu grande amor através da morte do nosso Senhor Jesus Cristo na cruz do calvário. Ele se abriu a todos nós e nos amou incondicionalmente. Deus compartilhou o seu amor, compartilhou a sua graça, estendeu-nos a mão e nos perdoou. Ele nos aceita como somos e nos amou quando ainda éramos pecadores. Esse Deus que chega até nós pela mensagem de seus feitos em nosso favor, e pela comunhão, causa uma mudança radical em nossas vidas de tal forma que, em resposta, podemos amar os nossos irmãos. Por isso quanto mais crescemos na graça e no conhecimento de Jesus (2 Pe. 3:18), mais nos parecemos com ele. O caráter de Jesus se revela em nós através das virtudes que dão o tom da nossa comunhão com os irmãos na igreja.
O relacionamento com Deus é a base para o nosso relacionamento com o próximo, com os irmãos. Quando reunimos todos os itens de uma receita com a intenção de fazer um bolo, o resultado é um maravilhoso e delicioso bolo. Assim, com a prática do amor, do perdão, da bondade e da misericórdia, a igreja experimenta a reconciliação e paz. Os relacionamentos são verdadeiramente melhorados, abrindo caminho para o serviço voluntário uns aos outros, e então experimentaremos o sabor da verdadeira comunhão, a edificação na Palavra (1 Co. 14:26), e seremos verdadeiramente um como ele o é (Pai, Filho e Espírito Santo).
Estar em comunhão com Deus é a melhor e a maior dádiva que alguém pode possuir. Quando estamos em plena comunhão com o Pai sentimos segurança, não temos medo de ofertar a nossa vida em favor das pessoas que sofrem, temos a certeza de que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus.
O ser humano tem a sua origem em relacionamentos, daí a necessidade que o homem tem de se relacionar, de viver em sociedade, de compartilhar a vida. Aliás, temos uma origem divina, que se multiplica, através de origens biológicas, mas que ambas origens, só foram possível existir, graça a relacionamentos
A nossa comunhão com Deus nos leva a viver em comunhão com os irmãos. O amor de Deus que é derramado em nossos corações nos leva a amar uns aos outros. Quem está em comunhão com Deus consequentemente está em comunhão com os irmãos (I Jo. 1:6, 7). É impossível amar a Deus e não amar o nosso próximo. Veja o exemplo da igreja primitiva. É bem claro aos nossos olhos como aqueles irmãos, estando em comunhão com Deus, viviam na prática constante do amor fraternal; eles perseveravam na comunhão. Lucas quer enfatizar esse aspecto da comunhão fraternal no texto. Por isso ele nos revela nos versos 44 e 45 como a comunhão dos santos era exercitada (ler o texto). Vemos aqui que a manifestação da comunhão entre os irmãos se deu pelo exercício da misericórdia no meio da comunidade cristã. A maioria dos membros na igreja de Jerusalém era pobre. Havia muitos pescadores e camponeses que muitas vezes passavam por necessidades físicas. Também existiam cristãos ricos que tinham muitas terras. Sendo assim, estes que tinham uma melhor condição de vida vendiam as suas propriedades e supriam as necessidades dos pobres de modo que ninguém passava necessidade dentro da igreja e tudo lhes era comum.
Não há como viver em comunhão com Deus e não ter comunhão com os irmãos. Em 1 João 2:7-11 lemos que quem odeia seu irmão está nas trevas, logo, não está na presença de Deus; por isso, é impossível dizer que se está na luz e não amar o irmão. Quem tem efetivamente comunhão com Deus, está na luz e ama a seu irmão.
Sejamos membros vivos e ativos no corpo de Cristo. Vamos amar a boa doutrina que recebemos de Cristo e perseverar nela; vamos viver em verdadeira comunhão com Cristo e nossos irmãos, amando uns aos outros, orando uns pelos outros e suportando uns aos outros no amor de Cristo. Podemos ter nossas diferenças físicas, económicas e sociais, mas uma coisa temos em comum e isso é o mais importante: somos todos membros do corpo de Cristo, filhos do mesmo Pai, participantes da mesma fé e herdeiros das mesmas promessas. Sendo assim, vivamos em comunhão uns com os outros. Perseveremos em usar os nossos dons com vontade e alegria para o bem dos outros membros. Perseveremos no uso dos meios de graça, pois por meio deles Deus quer fortalecer a nossa fé e nos levar à glória. Aquele que perseverar até ao fim será salvo e participará das bodas do Cordeiro com todos os santos por toda eternidade. Amém.
Amados fomos chamados para andarmos na luz e termos comunhão com Deus. E quando assim fazemos andamos de cabeça erguida, e a nossa luz resplandece diante dos homens e o nosso Pai celestial é glorificado. As grandes e maravilhosas bênçãos de Deus são derramadas para aqueles que andam na luz.
b) Nosso Desenvolvimento Como Povo de Deus é Revelado Pela Comunhão Com os Irmãos.
Todo o ser humano, independentemente da fé, cultura ou etnia tem algumas necessidades que lhes são comuns. Dentre as várias necessidades que possuímos há três que são consideradas essenciais ou fundamentais. São elas:
1) Necessidades Fisiológicas: Vêm em primeiro lugar. São tão essenciais que não se admite prescindir de qualquer uma delas, pois estão intimamente ligadas à nossa existência, saúde e bem-estar físico. Dentre elas temos: respiração, alimentação (comer, beber), repouso (dormir), defecar, urinar. Quando as necessidades humanas não são supridas sobrevêm sentimentos de frustração, agressividade, nervosismo, insónia, desinteresse, passividade, baixa autoestima, pessimismo, resistência a novidades, insegurança e outros. Devemos estar sempre em comunhão, para sermos guardados das tentativas de satanás de nos levar ao pecado.
2) Necessidade de Segurança e Proteção: Vêm em segundo lugar. Todo o ser humano procura viver em segurança e proteção, tanto no aspecto físico (material) como no psicológico. Tal necessidade varia, dependendo da faixa etária e do nível de amadurecimento biológico, psicológico, social. Fala de casa, teto, assistência paterna, materna, médica, policial etc.
O termo segurança, no sentido aqui apresentado, tem a ver com proteção, abrigo ou estar guardado do perigo e dos riscos que cercam a nossa existência, bem como aquilo que nos pertence. É justo e legítimo, segundo a Bíblia, que os crentes clamem sempre pela proteção de Deus diante das circunstâncias hostis que enfrentam (Sl. 7:1, 2; 25:17-20; 31:4 e 18:1-3). O salmista teve a compreensão exata dessa perspectiva pela convicção de que o significado e a razão de sua existência estavam no próprio Deus, muito além da vida física, como o seu verdadeiro abrigo por toda a eternidade (Sl. 16:1, 2 e 27:1).
Precisamos de compreender a promessa da nossa proteção, defesa e segurança sob a perspectiva da soberania de Deus. Nem sempre o livramento acontece da forma como pedimos e esperamos. Às vezes nos sentimos frustrados e até mesmo dececionados, segundo a nossa ótica, em razão de perdas dolorosas e significativas. Nosso estado de espírito torna-se algo semelhante ao de Davi, que empregou fortes metáforas para demonstrar como a sua alma estava às vezes dilacerada (Sl. 6:2, 3; 18:4, 5; 22:12-14; 42:11 e 43:5).
3) Necessidade de Amor e Aceitação: Esta necessidade ocupa o terceiro lugar em importância para os seres humanos. Nesse nível, só haverá suprimento por meio dos relacionamentos interpessoais. Só a comunhão responde a essa grande necessidade do ser humano: a de amar e ser amado. Quem não se relaciona está bloqueado no suprimento dessas necessidades e, em geral, vive em défice emocional, com sensação de inutilidade e abandono.
O Senhor Se moveu em nossa direção para nos amar, libertar e ensinar a amar por meio dEle. Porque a Palavra de Deus nos ensina que o Perfeito Amor (que é Cristo) lança fora todo o medo, inclusive o medo de se relacionar com os outros, podemos crer que é possível, sim, andarmos em comunhão com os irmãos. Quanto mais nos relacionamos com Ele, mais nos sentimos amados por Ele e tanto mais nos liberamos para amar os outros.

Por isso, só estando em comunhão é que poderemos praticar o amor de Deus, mostrando o quanto nos desenvolvemos na fé, amando e sendo amados. O não ser amado é triste, mas o não amar é uma tragédia! Quando assim fazemos, mesmo que encontremos tristeza no trato com as pessoas, ficaremos tranquilos por saber que nada nos faltará. Afinal de Contas o Senhor é o nosso pastor.

Deus tem um propósito a realizar, mas ele precisa que o homem esteja disposto a ter comunhão, para que se estabeleça a Sua vontade aqui na Terra, está é a função da comunhão, preparar um caminho para que Deus realize Sua vontade, assim como uma locomotiva necessita dos trilhos para andar, Deus necessita da comunhão do homem para levar adiante a Sua vontade, sendo assim o homem deve fazer com que a sua vontade seja unida com a vontade de Deus para que se estabeleçam seus desígnios.
c) A Comunhão Com os Irmãos é a Base do Nosso Testemunho no Mundo.
Se vivermos em fidelidade, em amor que gera a comunhão, daremos o eloquente testemunho de obediência e fidelidade que o mundo precisa, e o Senhor, a cada dia, ajuntará outros que, como nós, experimentarão a imensa alegria de ter Jesus como o centro de suas vidas.
Em João 13:34-35 o Senhor nos afirma que assim como Ele nos amou, também nós devemos nos amar uns aos outros, porque se tivermos amor uns pelos outros, todos saberão que somos Seus discípulos.
A comunhão entre os discípulos na igreja primitiva era muita forte: “perseveravam na comunhão; perseveravam unânimes todos os dias; comiam juntos com alegria e singeleza de coração; era um o coração e a alma da multidão dos que criam”. Não é de admirar, pois, que “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At. 2:42, 46, 47; 4: 32). Não foi Ele que pediu ao Pai: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo. 17:21)?
A comunhão era tão íntima que se podiam estimular uns aos outros e, até, admoestarem-se uns aos outros! E toda a igreja tinha o cuidado de que ninguém da comunhão se privasse da graça de Deus (Hb. 10:24, 25; 12:15)! Além de sermos testemunhas do Senhor através da nossa vida na palavra e no exemplo, as Escrituras indicam que também devíamos ser testemunhas nas obras.
Quando efetivamente testemunharmos que há comunhão entre nós (unidade e amor), o mundo será confrontado com uma realidade divina inquestionável, a presença do Deus vivo na Terra, entre os homens. A ausência de comunhão tem sido um grande impedimento para a evangelização.
Como falar do amor de Deus e da importância da Igreja para o perdido, se não mostramos os efeitos deste amor em nossas vidas? Como falar do amor de Jesus, que nos transforma para melhor, se o testemunho conjugal e familiar denuncia justamente o contrário? Que autoridade teria alguém contra o reino das trevas e para pregar o Reino de Deus, se pela ausência de comunhão com os irmãos demonstra que não vive na luz? Como é que alguém pode pregar o Evangelho de Jesus que liberta, cura e transforma, se ainda vive em cadeias infernais como ódio, rancor, amargura, discórdia e divisão? Como dizer que o Senhor pode transformar um casamento, se pela falta de comunhão conjugal o próprio casamento é um inferno?
Nestes dias conturbados, em que a nossa cultura assume formas cada vez mais distanciadas dos valores do reino de Deus, precisamos de nos abrir para vivermos a autêntica comunhão cristã na família e na Igreja, não só nas grandes celebrações de domingo, mas no dia-a-dia; necessitamos de pedir ao Senhor sabedoria e discernimento para dar testemunho da sua verdade com firmeza e convicção, não nos conformando com o presente século, mas transformando-nos pela renovação das nossas mentes. O homem é feito para a sociedade, e os cristãos, para a comunhão dos santos. Mas, para isso é preciso humildade, é preciso saber ceder, é preciso saber abrir mão, é preciso saber construir com cada tijolo de pensamento que é oferecido e que em nada prejudica o objetivo do Reino.
A Comunhão é a resposta para o sucesso da obra do Senhor. Portanto, que não percamos a oportunidade de estarmos juntos, de mãos dadas, cooperando, incentivando e amando em Cristo Jesus. Que o Espírito Santo nos ajude a viver a autêntica comunhão cristã.



8. Aliança – A Base Para a Comunhão.
A aliança é o alvo do relacionamento que Deus deseja ter connosco, porém toda a aliança deve estar alicerçada na base da comunhão. A comunhão flui no contexto da aliança. A aliança é comunhão, não é experiência individual, pelo contrário, é sempre comunitária. A aliança com Deus não é verdadeira se ela não nos compromete um com o outro e com o próximo. Não é qualquer relacionamento que promove comunhão. Para que um relacionamento gere comunhão é necessário que ele ocorra num contexto de aliança. Quem não tem aliança pode até ter um relacionamento em algum nível com alguém, mas não tem comunhão com esta pessoa. Comunhão mesmo só temos com quem estamos aliançados.
Os irmãos da Igreja do primeiro século prosperaram na comunhão, porque desenvolveram relacionamentos fundamentados na aliança que tinham com o Senhor e entre si. Apesar das diferenças e até das divergências, eles sustentaram a aliança e, consequentemente, a comunhão. Porque muitos não têm a revelação de aliança, tornam-se indivíduos solitários e refratários nos relacionamentos e na comunhão. Uma aliança nos vínculos do Reino de Deus nos tira do isolamento mórbido e nos prospera, porque nos introduz no ambiente saudável e providencial da comunhão dos santos.
O problema é que muitos não sabem ou se esquecem, que uma aliança não está vinculada às preferências, emoções ou sentimentos, e muito menos à nossa vontade. Uma vez estabelecida ou ratificada, uma aliança torna-se superior a muita coisa, até a nós mesmos.
Ao nos convertermos a Cristo, entramos em aliança com Deus pelo Sangue do Senhor derramado a nosso favor na cruz do Calvário – aliança de vida eterna, a Nova Aliança. Nos tornamos filhos de Deus. Aleluia! Essa aliança com Deus se tornou para nós a maior de todas, com poder para anular ou ratificar alianças antigas e estabelecer alianças novas, tais como a aliança com a Igreja, o Seu Corpo vivo na Terra. Pelo mesmo sangue do Cordeiro de Deus, fomos introduzidos no céu e no Seu Corpo, que é a Igreja ou a Noiva do Cordeiro, formada por todos os que foram salvos por Ele. Como o Corpo de Cristo é íntegro, indivisível, nossa aliança com Ele nos remete a uma aliança com nossos irmãos, que só caracterizará que somos Corpo de Cristo na Terra se vivermos em unidade, em comunhão. Assim, estar em aliança com o Senhor, ter comunhão com Ele, e não estar em aliança com os irmãos, não ter comunhão com eles, é, no mínimo, uma irracionalidade.
O mesmo vale para o casamento: como podem os cônjuges estarem em aliança conjugal e não terem comunhão? 
a)    Como Prosperar na Aliança, na Comunhão?
Deus quer que prosperemos, e nós mesmos desejamos isto. Mas a prosperidade que experimentaremos do lado de fora, nas circunstâncias, está diretamente ligada à prosperidade que provamos do lado de dentro, na alma.
A Igreja é o “Israel de Deus” e, como tal, tem a missão de representá-lo nesta terra. O importante não é apenas ser abençoado, mas ter plena comunhão com o Abençoador. Isso significa fazer parte do corpo de Cristo que é a sua Igreja. Celebremos o facto de sermos o Israel de Deus, mas não nos esqueçamos das responsabilidades que isso também nos traz. A igreja realmente próspera é aquela que está relacionada a um correto relacionamento com Deus que resulta em paz interior, que cumpre plenamente a missão que nos confiou o Senhor Jesus.
Quando temos uma aliança da prosperidade com Deus podemos ter a certeza de que em todas as coisas seremos supridos. Uma coisa é certa, quem anda com Deus, anda na estrada da prosperidade. Ser fiel ao Senhor é ser próspero, podemos perceber que essa marca existe na Igreja do Senhor. Estamos debaixo desta cobertura, desta autoridade e assim podemos desfrutar das riquezas que o Senhor reservou para nós. Sendo Deus o dono tudo (Mt. 16:15), nos nomeou como administradores do que Ele coloca a nossa disposição (Lc. 12:42-47).
A aliança “Successful alliances require partners who behave toward each other in honourable ways that justify and enhance mutual trust.de sucesso, símbolo de fidelidade, amor e companheirismo, requer parceiros que se comportam em relação uns aos outros de maneira honrosa em todas as áreas das suas vidas, que justificam e reforçam a confiança mútua.
Uma igreja verdadeiramente próspera não é aquela que tem uma arquitetura arrojada, instalações modernas, cadeiras confortáveis, sistema de condicionamento de ar, e nem é aquela que tem um património vultoso, que chama a atenção dos políticos pela sua imponência. Uma igreja verdadeiramente próspera é aquela que ama o Senhor e que demonstra esse amor através da comunhão entre os irmãos, que está sempre conectada através do estudo e da meditação da Bíblia Sagrada, da oração, do jejum e que se pauta pela Sua Palavra. Uma igreja verdadeiramente próspera não prioriza as bênçãos terrenas, que o ladrão rouba e a traça corrói, mas as riquezas celestiais em Cristo Jesus, o qual se manifestará, no Seu tempo, para dar o Seu galardão conforme lhe apraz. Quando falamos em alcançar a verdadeira prosperidade, estamos, naturalmente, falando no retorno ao estado primeiro da humanidade, que foi interrompido com a entrada do pecado no mundo.
Aliança com Deus é termos intimidade com Ele. Ao fazer uma Aliança com Deus passamos a conhecer o Senhor como próximo de nós. A Aliança com Deus é algo que só pode ser mostrado para pessoas que têm intimidade com Deus. Andar em aliança não é fácil, porque envolve duas ou mais pessoas, que por mais que se pareçam, são essencialmente diferentes. Quem tem uma aliança, não busca o que é melhor para si, mas o que é melhor para a aliança. O problema é que muitos consideram a diferença como declaração de guerra, abdicam do testemunho da aliança e deixam de desfrutar dos benefícios da comunhão, que são maiores que os problemas. Há alguns factores que consolidam e oxigenam uma aliança e, portanto, a comunhão em qualquer nível (casamento, família, ministério e etc.). Vamos resumi-los em cinco palavras poderosas e intimamente relacionadas, ligadas ao caráter da pessoa: Compromisso, Fidelidade, Humildade, Renúncia e Honra. Sem a prática desses cinco fatores essenciais, jamais andaremos em aliança e, consequentemente, em comunhão.
1) Compromisso:
O compromisso significa abrir mão de muitas coisas. Mas quem disse que ser fiel é algo fácil? Ser fiel é escolher a porta estreita; é andar na contramão do mundo; é remar contra a maré. Quem está disposto a isso? Há cristãos que assumem compromissos com Deus e fazem promessas e votos para alcançar bênçãos e obter proveitos desse relacionamento. Mas quem está disposto mesmo a abrir mão das “vantagens”? Quem é capaz de se negar a si mesmo? Talvez não esteja vendo agora, mas logo verá que vale a pena, sim, servir a Deus (Mt. 25:21; Ap 2:10), assumir o compromisso da aliança, da comunhão para prosperar.
Somos desafiados, nos dias hoje, a sermos cristãos comprometidos com a palavra de Deus e a estarmos dispostos a assumir todas as responsabilidades. Nossa tendência é caminharmos para um afrouxamento de valores, por isso, acabamos por fazer concessões e abrir mão de alguns princípios cristãos. Daí que, de tempo a tempo, precisamos voltar à palavra e acertarmo-nos com Deus. Que estejamos dispostos a sermos pessoas responsáveis e a assumirmos compromissos com Deus.
Somente quem vive assumindo o compromisso da aliança, da comunhão prospera e é bem-sucedido em qualquer área de sua vida. Ter compromisso é assumir cem por cento das responsabilidades pessoais pela manutenção da aliança, da comunhão. A aliança é o laço de Deus consigo mesmo. É a vida eterna de luz perfeita. Então a vida da aliança é a própria vida eterna. “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade” (Jo. 17:3, 23). A aliança é a própria essência da vida cristã, o mais alto bem, a melhor coisa que pode ser transmitida ao homem através da graça, a maior bem-aventurança. A ideia da aliança certamente não é de um contrato ou acordo, quer você conceba tal acordo num sentido unilateral ou bilateral. A aliança é a relação da mais íntima comunhão de amizade, na qual Deus reflete a sua vida pactual em sua relação com o homem, dá a esse homem vida e faz com que ele prove e reconheça o mais alto bem e a fonte abundante de todo o bem.
Para vivermos uma aliança próspera não podemos ser parcialmente comprometidos. Aliança se faz com compromisso, jamais com envolvimento. Compromisso é diferente de envolvimento. Todo o nível de descompromisso relacional fragiliza a aliança, a comunhão. Vemos muitas pessoas envolvidas com outras, mas tremendamente descomprometidas com a aliança entre elas, fragilizando a comunhão. Casamentos, discipulado e ministérios estão destruídos, mortos na comunhão, por falta de compromisso na aliança. Todo o aliançado com compromisso prospera, vence as suas guerras, tem autoridade e é restituído.
As promessas feitas por Jeová na aliança da graça representam decretos que Ele certamente realizará, quando as condições forem propícias ao seu cumprimento; que o benefício pessoal - e especialmente o benefício espiritual e eterno - da promessa de Deus será creditado somente àqueles indivíduos do povo, da aliança divina que manifestarem uma fé verdadeira e viva. Seu mérito em alcançar isso está disponível a quem puser sua confiança nele.
A verdade é que os compromissos com a aliança, nos envolvem no nível da comunhão que a aliança exige. Havendo compromisso haverá envolvimento, mas havendo envolvimento nem sempre haverá compromisso. Quando há compromisso há superação, inclusive das debilidades pessoais e relacionais. Quem tem aliança tem compromisso e paga o preço que for preciso para não fragilizá-la. Envolvimento não sustenta comunhão (aliança), compromisso sim. O compromisso do povo da Bíblia não nasce apenas de uma visão humanitária, mas da fé no Deus que tirou o seu povo da casa da servidão. A aliança com Deus exige, dos que creem nele, a prática do direito e da justiça.
Como seguidores de Cristo, suplico que Deus nos conceda sabedoria para que consigamos proceder de uma maneira que O agrade em todas as circunstâncias, pois: “toda a ação de nossa vida toca alguma corda que vibrará na eternidade” (E. H. Chapin).
2) Fidelidade:
A fidelidade é a cumplicidade entre pessoas diferentes, que por mais que estejam distantes, pela aliança, estarão sempre unidas. Não há prosperidade sem fidelidade a Deus. Ela é o segredo de se ter as janelas dos céus abertas e a boca do devorador fechada. A fidelidade é o sinónimo de conquista que por sua vez é o sinónimo de prosperidade que é a honra e a aliança de Deus para minha e a sua vida.
 Só existe prosperidade se amarmos a Deus em primeiro lugar. Essa é a exigência de Deus para os Seus filhos no livro de Deuteronómio 6:5. Do amor a Deus depende o sucesso em todas as outras áreas. Nada deve tomar o lugar desse amor, de nos entregarmos de todo o coração, alma e força. Viver a plenitude desse amor é decidir amá-lO, entregando-nos completamente. Quem ama verdadeiramente é fiel. Se queremos viver em prosperidade precisamos obedecer a essa chamada. Que o nosso único Senhor possa prosperar todos os seus caminhos e fazer da sua vida e de toda a sua casa um celeiro de bênçãos infinitas que somente glorificarão o nome de Jesus!
 No reino de Deus, quem não consegue ser fiel prova que não tem fé, e a igreja do Senhor Jesus é uma igreja de fé, por isso é composta de fiéis (pessoas que desenvolvem fidelidade). A fidelidade é uma aliança com Deus, e precisamos de decidir para andar em aliança. Esses princípios de fidelidade precisam ser cumpridos por mim e por si, e serem ensinados aos outros para que, exista uma aliança, primeiramente com Deus, com a igreja e com seus discípulos que os guardaram no coração.
Fidelidade é outra característica de uma pessoa de aliança e, portanto, de comunhão. Biblicamente, não há como ser parcialmente fiel: ou se é fiel ou não é. Não existe cônjuge, discípulo, discipulador mais ou menos fiel. A fidelidade está relacionada com a integridade, com a inteireza da pessoa. A fidelidade é algo que precisamos realmente desenvolver constantemente, pois ela é atacada por nossos interesses pessoais. Todo o infiel é alguém que tem algum nível de corrupção na sua essência e, por isso, se torna um corruptor da comunhão. Assim como uma aliança não prospera na infidelidade, do mesmo modo a comunhão que lhe é inerente não pode prosperar. Fidelidade fala de vida coerente com os princípios da aliança e, logicamente, da comunhão.
A fidelidade é fruto do Espírito e produza em nós, fontes donde correm águas de fidelidade em Seu serviço glorioso. Em Gálatas 5:22-25, o apostolo Paulo inclui a fidelidade no fruto do Espírito. Da mesma maneira, o versículo 19 começa a lista das obras da carne com prostituição, impureza e lascívia. Essas duas listas se opões e nos medem, mostrando para que lado pendem as nossas atitudes.
Portanto, quando se considera o caráter contínuo da aliança, não é possível que uma pessoa verdadeiramente regenerada, convertida, justificada e adotada como família da aliança, não se sinta movida a uma verdadeira adoração ao autor, provedor e sustentador da aliança: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Rm 11.36)!
3) Humildade:
Em toda e qualquer atividade humana, os que agem com humildade conquistam os seus propósitos, atraem a prosperidade e vivem alegres e felizes, enquanto que os soberbos atraem para si a rejeição e a antipatia, aparentam estar de mal com a vida e não são felizes.
Jesus, o nosso mestre, nos deixou o exemplo de humildade (Fl. 2:5-11) que devemos imitar e assim, Deus nos fará prosperar em tudo o que pusermos a mão para fazer. E a atitude de humildade que Deus espera de nós é que abramos o nosso coração para Jesus entrar, perdoar os nossos pecados e nos salvar.
Jesus disse que “qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado” (Mt. 23:12), isto é, será honrado e essa honra virá da parte de Deus. Encontramos no Livro de Provérbios a revelação de que “a soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra” (Pv. 29:23). E essa honra reservada para os humildes vem de Deus que é fiel e cumpre todas as suas promessas. A humildade é uma estratégia divina para todos aqueles que querem prosperar na vida e serem honrados!
  No mundo em que vivemos não há espaço para os soberbos, arrogantes e orgulhosos, pois nós precisamos uns dos outros. Ninguém é uma ilha, ninguém é autossuficiente. Ainda que os soberbos insistam em viver isolados, buscando os seus próprios interesses, na verdade eles estão se insurgindo contra a sabedoria divina e humana e o resultado será tristeza, sofrimento, dificuldades e etc. (Pv. 18:1). Deus nos fez para viver em equipa, em aliança, em harmonia e em unidade uns com os outros.
Enquanto os humildes recebem de Deus riqueza, honra e vida, os arrogantes e soberbos atraem para si destruição (Pv. 16:18), morte e repreensão de Deus. Riqueza, honra e vida são prémios que Deus entrega aos humildes e por fim, entrega-lhes também o Seu Reino (Mt. 5:3).
Isto significa que precisamos de nos humilhar diante do Senhor (Sl. 34:18) porque o orgulho e a revolta endurecem o coração. Devemos falar a verdade (v. 13), afastar-nos do mal, fazer o bem e buscar a paz (v.14). Nosso Pai celestial quer que permaneçamos perto dele, em íntima comunhão, quando nossos corações estão feridos, para que possa nos dar a sua força renovadora e o seu amor curador.
Manter uma postura espiritual, de humildade e temor a Deus, é a forma mais segura de enfrentar uma tempestade. Humildade é uma postura espiritual e não religiosa, que está ligada ao caráter da pessoa e viabiliza a sustentação das alianças. É no ambiente da humildade que podemos nos relacionar convenientemente uns com os outros, tendo o próximo como superior a nós mesmos. A arrogância, vaidade, egoísmo e presunção se opõem à humildade e inviabilizam relacionamentos, comunhão. Só com um coração humilde e quebrantado, conseguiremos andar com os diferentes e compreender a importância da nossa comunhão com eles, tanto para nós como para eles.
Aquele que se diz cristão deve tomar uma Postura semelhante à de Cristo em todas as suas ações. Deve ser alguém que antes de assumir algo ou decidir algum assunto, precisa de sondar se é ou não condizente com a sua fé. Um legítimo servo do Senhor sempre toma posição segundo aquilo que é certo aos olhos da Palavra de Deus. Uma Postura cristã exige renúncia, bom testemunho, seriedade, firmeza nas decisões e compromissos, constância nas escolhas e palavra, exemplo e modelo de vida, sabedoria e raciocínio em tudo quanto se faz sem fugir das responsabilidades. O cristão deve desejar o Reino de Deus a ponto de renunciar a qualquer coisa por ele, sabendo que Ele é o Senhor, e reparte os seus bens a cada um como quer.
Aquele que serve a Deus e quer ser modelo de Fé deve aprender a ser Humilde. Humildade nada tem a ver com miséria ou pobreza, mas com simplicidade de conduta, de vida. O verdadeiro cristão sabe ser humilde sem ser covarde, sabe ouvir sem precisar de perder o direito de falar firme e decididamente. Ser Humilde é ser alguém sujeito a uma constante aprendizagem; alguém que sabe de seu valor e qualidades, mas que reconhece as suas necessidades de comunhão e limitações, que reconhece que é hoje somente aquilo que Deus permite e nada mais. 
4) Honra:
Há um desejo no coração de todo o homem e de toda a mulher para que sejam fiéis, mas há também um impulso carnal para quebrar aliança. Vivemos em uma sociedade que não honra os acordos que fazem, que não é fiel ao pacto. Porém fidelidade é a cumplicidade entre pessoas diferentes. A cumplicidade na aliança gera fortalecimento de relacionamento e traz resultados prósperos e benéficos. Fidelidade é um ato de fé. Já vimos que Deus tem promessas para os fiéis. “Bem-aventurado o homem que sofre a provação, pois quando ele for aprovado, receberá a coroa da vida, a qual está preparada para aqueles a quem ele ama” (Tg. 1:12).
Honrar é ter um alto respeito ou estima por outra pessoa. A Bíblia nos apresenta a honra no sentido de majestade, beleza, preciosidade, valor e glória. Portanto, honrar é reconhecer o valor de alguém. Aprendemos que Deus é merecedor de toda a honra pelo reconhecimento daquilo que Ele verdadeiramente é, e, por isso, é adorado. Honrar implica em certos aspectos práticos, afinal de contas não existe “honra teórica”. Só há honra quando há uma ação prática de honrar.
Quem honra trata com preferência, com prioridade, com atenção, com carinho, com zelo, com destaque, com diferenciação, com dignidade, com recursos e com presentes, levando outros a fazer o mesmo. Então precisamos de conhecer e ter honra para honrar. É preciso ser-se uma pessoa honrada para que seja possível transmitir esta honra a alguém. Como honrar é consequência da sabedoria, poderíamos dizer que para ser honrado e honrar é preciso ter certo nível de sabedoria. O princípio da honra é um princípio que quando cumprido, quando obedecido, alegra o coração de Deus e faz muito bem a quem recebe e a quem presta a honra. Porque toda honra prestada é revertida como sementes de honra de santidade.
Quando decidimos honrar nós estamos plantando uma semente na nossa própria vida. Muitos pensam que a honra é um serviço a outros, mas a honra é um serviço que nós prestamos a nós mesmos. A honra é a semente para o êxito. E o êxito é a semente para prosperidade.
Ser vaso para honra é reconhecer a soberania de Deus e submeter-se a Ele... O apóstolo Paulo escreveu: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Co. 4:7).
Honra é outro factor primordial nas alianças, na comunhão. Honrar uma pessoa é reconhecer e denunciar com palavras e atitudes o valor que ela tem. Honra fala de reconhecimento e respeito. Nenhuma aliança prospera na desonra! Muito se fala hoje em dia sobre honra, mas muito pouco dela se pratica. O facto é: sem honra não há comunhão. Embora ninguém deve viver de honras, sabemos que muitos relacionamentos e pessoas podem morrer pela desonra. Casamentos, famílias inteiras e ministérios podem estancar ou terminar por causa da desonra.
Todos nós temos algum nível de honra, que precisa não só ser vivido, mas reconhecido no ambiente da comunhão. Quando a honra não é entregue, há um deficit relacional, que não pode ser quitado, a não ser pela própria honra. Quando a honra se move nos relacionamentos, há alegria, consolidação, aceitação e respeito. A honra gera vida, qualidade de vida, longevidade (vida longa), alegria, bens e toda a sorte de bênçãos.
5) Renuncia:
Renúncia... para algumas pessoas talvez seja uma escolha muito difícil de se fazer, pois temos que abrir mão da nossa própria vontade em favor de algo. Na bíblia Jesus nos fala: “Aquele que quiser vir após mim, tome a cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9:23). Jesus nos diz que a nossa caminhada cristã é uma total sucessão de renúncias, a cada dia, a cada instante devemos renunciar a nossa própria vontade. No início pode até parecer difícil, mas depois vemos que valeu pena pagar esse preço. Quantas pessoas saíram do comodismo de suas casas e hoje vivem na sua maioria em lugares de péssimas condições, em campos missionários, tudo em favor da pregação do evangelho, quantas “perdem” as suas vidas nesses lugares e seus nomes nem conhecidos são por nós, mas Deus sabe muito bem. E nós quantas vezes não queremos abrir mão de uma coisa tão pequena, que só nos irá satisfazer naquele momento. Sabe quando podemos renunciar a própria nossa vontade? Quando estamos em uma determinada situação de stress, e temos tudo para nos irarmos, e para falar poucas e boas, mas nos controlamos. Quando abrimos mão de uma parte do nosso dia e dedicamos em favor de crianças carentes em projetos sociais, nem que seja apenas para limpar uma cadeira ou lavar uma louça. Quando somos injustiçados e não buscamos fazer justiça com nossas próprias mãos. Quando lutamos contra a nossa própria natureza egoísta e nos preocupamos com o nosso próximo. Aos olhos humanos essas renúncias podem lhes parecer loucura, mas a Bíblia nos diz que o homem normal não compreende as coisas de Deus. Por isso meu irmão, continue renunciando a sua própria vontade em favor da vontade de Deus, pois a caminhada pode ser difícil, mas no final valerá a pena todo o seu esforço, pois a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável.
A renúncia é outro factor essencial para a comunhão e é uma condição inafastável, indispensável para ser um discípulo. Que grande verdade é esta que as Escrituras nos ensinam! Somos chamados por Deus a uma vida de entrega total, uma vida de tão intensa consagração que o Salvador chega ao ponto de nos dizer: “aquele que não renuncia a tudo quanto tem em benefício da aliança, da comunhão, não pode ser meu discípulo”. Só aprendendo a renunciar conseguiremos andar em comunhão. Quem não sabe renunciar também não sabe conquistar! Quem não é capaz de renunciar por uma aliança (relacionamento, comunhão), não experimentará os benefícios da comunhão.
Embora saibamos que a salvação é de graça, a comunhão tem um preço que nem todos estão dispostos a pagar. É o preço da disposição de tempo, de negar as coisas do mundo, de por um momento parar tudo para sentir e ouvir o que Deus tem a dizer.
Renunciar é abrir mão da nossa própria vontade por ele. É reconhecer que Deus é maior que tudo na nossa vida e que dependemos totalmente Dele, e que o mais importante é viver para Ele, dar liberdade a Deus de agir em sua vida. Para o apóstolo, fazer a vontade de Deus era mais importante do que viver as suas próprias conquistas (At. 20:24). E João que não tinha interesse em crescer e se projetar pessoalmente, seu sonho e realização era projetar Jesus diante do mundo, seus sonhos eram o de realizar o sonho de Deus (Jo. 3:3).
A materialização da renúncia é o perdão. Quem não sabe renunciar também não sabe conquistar! A materialização mais contundente e inquestionável da renúncia é o perdão liberado. Se quiser saber se é uma pessoa de aliança, de comunhão, se avalie quanto à sua capacidade de renunciar, de perdoar. Ao decidir se mover pelo perdão, torna-se uma pessoa pacificadora (construtora de pontes de paz), viabilizadora de relacionamentos (alianças, comunhão). E quando a comunhão com Deus é restaurada, o Amor renasce, como a árvore cortada que torna a estender suas raízes e brota novamente. Mas quando colocamos o “Amor” em primeiro lugar, antes da “Aliança” com Deus, então é como regar uma flor que não foi plantada, que não tem raízes.



9. Vínculos de uma Igreja de Qualidade
na Comunhão e na Saúde
a) Todos somos responsáveis pela qualidade espiritual da nossa igreja.
Uma das sete cartas, no Apocalipse, é dirigida à igreja de Laodiceia (Ap. 3:14-22). As repreensões contidas nesta carta indicam que a igreja não se encontrava muito bem e as referências à riqueza, ao colírio e aos vestidos brancos são explicados por um conhecimento da história da cidade, da sua importância económica e orgulho e dos seus produtos industriais. O Senhor Jesus, Omnisciente que é, conhecia a real situação da igreja de Laodiceia. Esta igreja, que vivia uma vida de aparências e mentiras, é desmascarada pela Testemunha Fiel e Verdadeira.
Eu conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente” (Ap 3:15)! Se Laodiceia fosse fria, buscaria o calor de um avivamento; se fosse quente, espalharia esse mesmo avivamento até aos confins da terra. Porém, como morna que era, fazia-se indiferente a Deus e à sua Palavra. Por isto, o Senhor repreende-a.
Rico sou e estou enriquecido, e de nada tenho falta” (Ap. 3:17). Além dessa indiferença doentia e crónica às coisas de Deus, o anjo da Igreja em Laodiceia era soberbo e arrogante. Supunha que, por ser rico e de nada ter falta, achava-se acima das providências divinas. A prosperidade levara-o ao orgulho fatal. Somente um tolo diria tal coisa.
O que nos lembra esse discurso? A retórica do querubim ungido ao apostatar-se de sua posição junto ao trono do Altíssimo (Is. 14:13, 14). Comportam-se assim as igrejas que, por causa de sua prosperidade material, julgam-se ricas, mas espiritual e ministerialmente são paupérrimas.
E não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap. 3:17). Apesar de todos os seus bens materiais, Laodiceia em nada diferia de um esmoler (caritativo) espiritual.
 Enquanto que Adão, logo após a Queda, percebeu que estava nu, o pastor da igreja em Laodiceia julgava-se bem vestido e ornado. Se o primeiro homem teve os olhos abertos para enxergar a sua própria nudez, o anjo de Laodiceia achava-se, mesmo despido, em trajes de gala. E se Adão, reconhecendo a própria carência, coseu aventais da figueira, aquele obreiro, embora descoberto, desfilava toda a sua nudez diante das ovelhas. Infelizmente, ninguém tinha coragem de dizer que o pastor estava nu. Foi preciso que o Pastor dos pastores lhe endereçasse uma enérgica carta apontando-lhe a nudez, a pobreza e a cegueira espiritual.
Como estão as suas vestes espirituais? São ainda alvas? Ou anda nu sem o saber? “Em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec. 9:8). Para quem conhece a Palavra de Deus e sabe discernir o certo do errado, realmente é uma tristeza ver igrejas que poderiam dar frutos dignos – como salvação, libertação, cura, transformação – não estarem desempenhando o seu papel. Para elas, o chamariz para atrair o povo é mostrar dinheiro, carros importados, casas luxuosas, conquistando a pessoa pelo “olho grande” (vai ver que é por isso que não entra na China). É bom que tenhamos uma vida melhor e melhores condições de pregar o Evangelho, entretanto, temos que “buscar em primeiro lugar o Reino dos céus e depois tudo virá por acréscimo” (Mt. 6:33).
As igrejas estão se contaminando com a ideia do sucesso numérico e financeiro. Não importa quem esteja nos bancos e, sim, que fiquem completamente cheios.
Devemos orar para que possamos despertar e apoiar nossos pastores na obra que lhes foi confiada. Então, nós encontraremos as igrejas simples de outrora, onde os sermões eram a doutrina dos apóstolos e não dos homens e mercenários de hoje em dia.
Faz-se necessário o resgate de um tempo de qualidade para conhecermos a Deus e fazê-lo conhecido. Tempo para comunhão com Ele e com a sua igreja de forma permanente, contínua, assim como faziam os nossos irmãos da igreja primitiva em Atos 2:42 “E uniram-se aos outros crentes na frequência regular às reuniões de ensino dos apóstolos, de comunhão e nas reuniões de oração.”
Um dos traços que mais me chama a atenção na Igreja de Atos é a qualidade da comunhão que os seus membros mantinham entre si. Nas entrelinhas dos textos bíblicos podemos ver um povo feliz, animado, vibrando por amor a Deus e a seus irmãos.
O Novo testamento revela claramente que Jesus esperava que em cada discípulo ressaltasse a dimensão testemunhal, comunitária e tivesse comunhão no sentido de ser uma testemunha, pois ele é um porta-voz da Igreja comunhão, testemunhando alegremente a presença de Cristo ressuscitado; e essa esperança seguramente seria cumprida por causa do Espírito Santo prometido, que encheu todos os discípulos que esperavam no cenáculo e aparentemente todos aqueles que foram posteriormente acrescentados à comunidade dos crentes. É igualmente claro que no Novo Testamento, apesar da sua natureza humana fraca e pecaminosa, esses cristãos primitivos frequentemente se achavam exortando e encorajando uns aos outros, orando uns pelos outros e carregando cada um os pesos dos outros, honrando e estimando os outros acima de si mesmos. Tudo o que fizeram individualmente na comunhão e no seu testemunho de Cristo compartilhavam com os outros que oravam com eles e que estudavam a doutrina dos apóstolos juntamente com eles. Rolland Allen descreve a expansão espontânea da Igreja como algo que é consequência da atração irresistível que a Igreja cristã exerce sobre os homens que veem a sua vida ordenada e disciplinada, e que são impulsionados a ela pelo seu desejo de descobrir o segredo de uma vida de qualidade na comunhão e na saúde da qual querem instintivamente compartilhar.
A comunhão era essencial ao seu testemunho. Na verdade, a autêntica comunhão cristã era a matriz do evangelismo neotestamentário. O testemunho procedia da fonte de comunhão e terminava levando outros a essa mesma comunhão. O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão connosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. (1 Jo. 1:3) A tradução de J. B. Phillips dá a seguinte versão: ...quanto maior o alcance daquela comunhão, maior a alegria que ela traz a nós que já estamos gozando dela. Comentando sobre esse versículo na sua exposição de 1 João, G. G. Findlay diz: Temos um grande segredo em comum - nós e os apóstolos. O Pai contou-o a Jesus, Jesus aos apóstolos, eles a nós e nós a outros. Aqueles que viram e ouviram tais coisas não podem guardá-las para si próprios.
Na igreja apostólica, o relacionamento entre os crentes e Deus e dos irmãos uns para com os outros, era de suma importância. A luz, cordialmente, o amor, o perdão e a aceitação que emanavam daquela comunidade singular penetravam uma cultura exausta, entediada, sem amor e desgastada, e despertavam a fome espiritual tanto do judeu como do pagão. “Eis, como eles se amam uns aos outros”! Foi dito a respeito deles; homens enfastiados, fartos de pecado procuravam entender a estranha e convidativa qualidade de vida que marcava os discípulos. Neste tão atrativo ambiente, os homens perdidos estavam dispostos a ouvir aqueles que não podiam deixar de falar das coisas que viram e ouviram.
Estamos diante de uma característica exclusiva do povo de Deus, a qualidade da comunhão na Igreja, onde muitos servos de Deus serão curados, onde as pessoas vão ter seu amor ao próximo renovado, fortalecido, onde descobriremos as riquezas que recebemos em Cristo Jesus, e uma dessas riquezas é a comunhão, na Igreja local e na Igreja invisível, ou seja, é ter comunhão com um irmão que conhecemos e ter comunhão com um irmão de uma nação que não conhecemos, contudo, somos unidos no amor de Cristo, na pessoa do Espírito Santo, fazendo de todos, um só corpo. (Rm. 12:15; 1 Co. 10:17; 12). O mundo não tem nada a oferecer que seja comparável à autêntica comunhão cristã, nenhuma estrutura social, unidade ou função que corresponda mesmo de longe com isto.
A igreja é a comunhão dos santos. Em outras palavras, a igreja é comunidade dos relacionamentos. E a qualidade espiritual de uma igreja local depende do bom relacionamento que as pessoas têm com Deus e das pessoas entre si. Não há comunhão sem investimento de tempo e sem busca de qualidade.
Qualidade é um elemento importantíssimo na fé cristã. Está associada à maturidade, ao parecer-se mais com Jesus Cristo. Muitos cristãos perderam essa referência e vivem de qualquer maneira, sem se importarem com a ética cristã e sem crescerem na fé através da leitura da Bíblia, oração, comunhão com a igreja e serviço a Deus e ao próximo. Poderíamos dizer que são crentes de “baixa qualidade” e, se tivermos muitos crentes assim, teremos, num futuro próximo, igrejas com esse índice de qualidade.
Qualidade da comunhão e saúde na Igreja é viver com espírito e, portanto, é uma dimensão constitutiva do ser humano. A qualidade da comunhão e saúde na Igreja é uma expressão para designar a totalidade do ser humano enquanto sentido e vitalidade, por isso significa viver segundo a dinâmica profunda da vida. Isso significa que a vida nova do homem exige algo mais que uma descomprometida adesão intelectual a Deus. Requer uma adesão de todo o seu ser, uma entrega total a Deus. O Evangelho possibilita uma transformação através da renúncia, obediência até à morte na cruz, ressurreição e elevação, esvaziando-se de si mesmo e enchendo-se de Jesus Cristo. Por outro lado, a vivência do evangelho pressupõe um equilíbrio emocional das pessoas e tudo na existência é visto a partir de um novo olhar onde o ser humano vai construindo a sua integralidade e a sua integração com tudo que o cerca.
Tal comunhão vai além do mero ajuntamento, do mero acotovelamento. Trata-se de comunhão que vem da alma, das entranhas. O agente motivador de tal comunhão é o Espírito Santo. Se realmente deseja ter comunhão com o Espírito Santo, então primeiro deve conhecer e crer no evangelho da água e do Espírito e limpar os seus pecados através da fé. Se não conhecer o evangelho da água e do Espírito e não colocá-lo em seu coração, não deve nem sequer pensar em ter comunhão com o Senhor. Ter comunhão com o Espírito Santo só é possível quando todos os seus pecados são retirados de seu coração através do evangelho da água e do Espírito, pois só assim as divisões deixam de existir, as brigas, as contendas, os relacionamentos rompidos são restaurados, a briga pelo poder e etc.
Uma Igreja que vive na dimensão da verdadeira comunhão cristã não oferece oportunidade ou brechas para o inimigo gerar divisões, contendas, clima desagradável ou qualquer coisa do género. A ausência de comunhão sincera e cristã no meio da igreja gera todo o tipo de patologia espiritual. Deus nos ajude a praticar a verdadeira comunhão. Amém!
Já vimos que a Igreja do Senhor Jesus é o Seu Corpo na Terra e que a integridade de Seu Corpo depende da aliança que temos com Ele e com os irmãos. Também já vimos que só conseguiremos viver essa aliança, desfrutando da sua plenitude e prosperando totalmente nela, quando nos dispomos a viver em comunhão (relacionamento) com o Senhor e com os nossos irmãos.
 Onde não há relacionamento não há comunhão, não há aliança! Cristão, discípulo de Jesus, é alguém que tem comunhão com Ele e com a Igreja. Assim, dependendo de quem somos e de como nos portamos nos relacionamentos, poderemos cooperar para a comunhão ou não, para a unidade e integridade do Corpo de Jesus ou não.
b) Todos somos responsáveis pela saúde da nossa igreja
Somos todos responsáveis pelo bem comum, pela saúde e pela manutenção dos meios que a propiciem. Os lideres denominacionais, apresentam às pessoas o conceito de “igrejas saudáveis, sob o prisma da Grande Comissão”. Essas igrejas são definidas como “comunidades de pessoas cristocêntricas, caracterizadas por serem impulsionadas por cinco paixões: alcançar o perdido, edificar o salvo, equipar o obreiro, multiplicar o líder e enviar o vocacionado”. E quem há que possa desprezar essas preocupações? Ninguém! Porém, subitamente, parece que as “igrejas saudáveis” são medidas não mais pelas cinco paixões, mas como estariam em questão numérica, esquecendo-se de que as igrejas saudáveis, caso reconhecidas assim em razão do tamanho delas, nunca será a garantia de qualidade espiritual. As igrejas devem enfrentar o futuro na dependência total da soberania de Deus e do poder de Sua Palavra, ao mesmo tempo em que deveem tomar cuidado para não se casarem com o espírito desta era e enviuvarem-se na próxima. Se a palavra-chave é saúde, quais são os vínculos de uma igreja saudável?
Este estudo sugere que as medidas das igrejas saudáveis são as suas condições espirituais, os padrões bíblicos de ministério, seguidos os fundamentos teológicos que se justificam, o modelo bíblico de ministério em que se focalizam e os modelos de liderança igualmente bíblicos adotados.
1) Uma Igreja Saudável é Medida Mais em Termos Espirituais do que numéricos
Na verdade, as cinco paixões anotadas anteriormente vão além de simples contagem. Mas o que é que mede melhor a saúde espiritual da igreja? As igrejas devem tomar cuidado para não se prenderem ao pensamento de que são saudáveis simplesmente porque estão crescendo numericamente. Os líderes de igreja não devem virar as costas para igrejas pequenas ou estabilizadas. Os crentes de algumas igrejas pequenas podem demonstrar mais maturidade espiritual do que os crentes de algumas igrejas grandes. Deus julga o ministério pela qualidade de comunhão e não pelo tamanho.
Hoje o termo crescimento da igreja é usado quase exclusivamente para significar crescimento numérico. Se os números sobem, a igreja está crescendo. Se os números permanecem o mesmo, a igreja está experimentando um “planalto” uma palavra que soa estagnação. Se os números estão afundando, a igreja deve estar doente e em situação de declínio.
Tal pensamento é ultra simplista. O crescimento numérico pode ocorrer por razões erradas. Por exemplo, durante o ministério do Jesus, muitos da multidão que o seguiam estavam mais interessados nos seus milagres do que em sua mensagem (Jo. 6:26). Todos temos visto igrejas que estão ficando maiores por razões erradas. Tais igrejas estão realmente crescendo?
Vários textos bíblicos afirmam que os líderes não deviam contar números, pois, em nenhum ponto das Escrituras é encontrada qualquer autorização para medir a saúde com base somente em tamanho. Os primeiros capítulos de Atos registam que alguns elevados números de pessoas vieram a Cristo. Entretanto, Lucas jamais mencionou o tamanho de qualquer congregação que Paulo visitou em suas três jornadas missionárias, ninguém tem qualquer ideia do tamanho de qualquer congregação a quem foram escritas as cartas do Novo Testamento.
Logo depois de Lucas escrever que três mil pessoas foram acrescentadas à Igreja no Dia de Pentecostes (At. 2:41), ele declarou a fórmula para igrejas saudáveis tanto para os seus dias quanto para hoje. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuído o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa, e tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At. 2:42-47).
Estes crentes se empenhavam no estudo da Bíblia, oração, comunhão, louvor e adoração. Sem programas especiais, slogans cativantes e novos paradigmas, muitos iam sendo salvos dia a dia. O comportamento dos cristãos atraia a atenção dos não salvos.
Para muitos cristãos a adoração é trabalho perdido. Na vida de alguns crentes pode ser que isso jamais tenha sido de facto cultivado. Parte do problema é que muitos pensam que a adoração é um ato, falhando em perceber que a atitude é muito mais importante porque sem ela o ato fica sem sentido. Além disso, para muita gente a adoração exige um lugar, um edifício ou aposento para que possam “prestar seus cumprimentos” a Deus. Mas, a adoração como serviço descreve pessoas permitindo que Deus trabalhe por intermédio delas a fim de criar uma comunidade espiritual. A adoração como serviço envolve a compreensão e a aplicação dos dons espirituais e a assunção do seu papel no corpo de Cristo (Rm. 12:6-8). A unidade, diversidade e mutualidade da igreja extravasam quando os adoradores servem e os servos adoram.
a) Igrejas saudáveis enfatizam a soberania de Deus, que chama o Seu povo para O adorar. A adoração genuína começa com uma consciência da presença e poder de Deus. Igrejas saudáveis praticam o equilíbrio de adoração por meio de música que centraliza a atenção no Trino Deus e com pregação que prendem mentes e corações à Sua Palavra.
b) Igrejas saudáveis não limitam a adoração a um único compartimento da experiência Cristã. A adoração envolve compromisso total com Deus em todos os aspetos da vida quotidiana. Nesse sentido, a adoração envolve o passado, o presente e o futuro da fé cristã
O mandato bíblico para o ministério mútuo (Rm. 12:5) e para a participação disposta e jovial de crentes na ministração de um para o outro (1 Pe. 2:4-9) é central para uma vida congregacional saudável.
Em conhecendo a Jesus Cristo, os crentes se tornam parte do corpo de Cristo, a Igreja. Debaixo do sacerdócio de Jesus a igreja é um sacerdócio. Em 1 Pedro, o autor se refere a Êxodo 19 em que Moisés estava preste a subir à montanha para receber a Lei de Deus. Deus disse para Israel, “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha; e vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa” (Êx 19:5-6). A nação inteira de Israel, não apenas a tribo de Levi, era para ser de sacerdotes de Deus. O plano de Deus era que o Seu povo o representasse no mundo. Ele seria o canal de Sua revelação e de Seus propósitos de salvação. Essa era a comissão de Deus para Israel. Embora Israel frequentemente fosse infiel e a comissão era apenas parcialmente cumprida, o propósito de Deus era claro.
c) A saúde de igreja não começa com evangelismo ou missões – ainda que ambos sejam consequentes. A saúde da igreja bíblica começa com uma congregação Cristocêntrica e Bíbliocêntrica, determinada a ser na vida pessoal, familiar e corporativa justamente o que Deus quer dela, e não faz nenhuma diferença se o seu número é quinze, mil e quinhentos ou quinze mil.
2) Uma Igreja Saudável Segue Padrões de Ministério que Seja mais Bíblico do que Cultural.
Apesar de o evangelho sempre ter sido transcultural, os crentes têm sido frequentemente tentados a se adaptarem muito dramaticamente ao seu próprio ambiente cultural a ponto de o Cristianismo perder seu caráter distintivo. Isso amiúde surge de motivos sinceros, desejo de contextualizar o evangelho ou ser “relevante para os tempos presentes”. Comumente visto no Renascimento e de novo no Iluminismo, tal comportamento marca muito o evangelicalismo hoje. As igrejas parecem presas a futurismos, movimentos, modas passageiras e slogans.
A teologia às vezes duvidosa do movimento de crescimento da igreja contribuiu bastante para a adoção de uma abordagem centrada em resultados pragmáticos - se algo funciona, deve ser certo. MacArthur adverte que “o abandono da igreja contemporânea do Sola Scriptura como o princípio regulador abriu a igreja para alguns dos abusos mais grosseiros, jamais imagináveis - inclusive cultos do tipo de animação como num clube de diversão, com prejuízo da reverência, a atmosfera de algo semelhante a carnaval, e exibições de danças. Em sentido mais amplo, a mais branda aplicação do princípio regulador deveria ter efeito corretivo sobre tais abusos”.
Em lugar de programas e paradigmas, os crentes do primeiro século eram movidos pela unidade e generosidade. “Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade” (At. 4:32-35).
Nada que maravilhasse o mundo interessava! Por onde quer que fossem, os crentes pregavam corajosamente a Palavra de Deus e proclamavam o nome de Jesus e a Sua ressurreição. As pessoas encontravam significado nessa mensagem porque sabiam da qualidade dos relacionamentos mantidos entre eles quando estavam juntos. Todos os crentes eram um só na mente e no coração. “As Epístolas determinam que os crentes sejam um juntamente com os outros com base em sua nova relação familiar em Cristo. Reiteradas vezes se veem as instruções: sofram juntos (1 Co. 12:26), regozijem-se juntos (Rm. 12:15), levem os fardos uns dos outros (Gl. 6:2), restaurem-se uns aos outros (Gl. 6:1), orem uns pelos outros (Rm. 15:30), encorajem-se uns aos outros (Rm. 1:12), perdoem-se uns aos outros (Ef. 4:32), confessem-se uns aos outros (Tg. 5:16), sejam verdadeiros para com os outros (Ef. 4:25), estimulemo-nos uns aos outros para as boas ações (Hb. 10:24), e colaboremos uns com os outros” (Fp. 4:14-15).
Um dos conceitos imprescindíveis da igreja é o contido na doutrina da comunhão dos santos. Anteriormente apresentamos a comunhão à luz dos vínculos da verdadeira igreja. A realidade de um vínculo comum em Cristo entre cristãos, apesar da raça, género ou classe deveria se uma marca óbvia da igreja. Mas a koinonia, essencial para o Corpo de Cristo, é mais do que uma questão de ligação. Importa em responsabilidade. A comunhão dos santos deveria revelar de modo corporativo a nossa unidade em Cristo e a nossa responsabilidade perante a Palavra e os outros crentes. “Porque nenhum de nós vive para si, escreveu Paulo, “e nenhum de nós morre para si” (Rm. 14:7).
As atividades da igreja, portanto, são as centradas nos crentes, e o evangelismo ocorre quando os crentes fazem contato com os descrentes fora da igreja. Nesse sentido, MacArthur coloca em dúvida a justificativa bíblica da filosofia chamada saída para a “o melhor serviço para o cliente”. “Não há apoio na Escritura para semanalmente adaptar os cultos à preferência dos descrentes. Realmente, a prática demonstra isso ser contrário ao espírito das Escrituras, tomadas como um todo, que diz acerca da assembleia de crentes. Quando a igreja se reúne no Dia do Senhor, não é hora para entreter o perdido, distrair a irmandade, ou de qualquer maneira satisfazer as ‘necessidades sentidas’ dos presentes. É quando devemos nos curvar na presença de nosso Deus como congregação de seu povo e honrá-lo com a nossa adoração”.
Segundo o padrão bíblico, edificar os crentes precede o alcançar o perdido ou qualquer outra valiosa paixão. Os crentes devem primeiro desenvolver um espírito de unidade, mutualidade e generosidade. O que pode ser mais ineficaz para o efeito de cumprimento da Grande Comissão do que as pessoas não-salvas de uma igreja a verem caracterizada por reclamações, amarguras, críticas e hipocrisia?
3) Uma Igreja Saudável Está Envolvida mais em Fundamentos Teológicos do que Sociológicos
A maioria dos estudiosos do Novo Testamento concorda que Efésios identifica metas bíblicas para a igreja e descreve como essas podem ser alcançadas. Naquela carta Paulo não lidou com erro ou heresia mas buscou expandir os horizontes espirituais dos crentes. Onde é que em Efésios Paulo discutiu programas e estatísticas? Onde é que naquela carta ele abordou crescimento ou estagnação? O que é que disse a respeito de edifícios e gestão de fundos — ambas supostos vínculos de uma “igreja saudável” em décadas recentes?
É claro que o apóstolo nunca discutiu estes assuntos. Ao invés disso ele descreveu pessoas humildes fazendo progresso espiritual com Deus e um com o outro. Ele ofereceu uma fórmula que pode mudar uma igreja de qualquer tamanho da doença espiritual para a saúde em termos de semanas, dizendo para eles viverem a vida cristã “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos” (Ef. 4:2-6).
Alguém pode responder, “que esse ideal pode ter marcado as igrejas do Novo Testamento. Mas depois de dois mil anos de guerra espiritual, os inimigos da alma parecem ter de forma mais sombria se armado contra o povo de Deus”. Pode até parecer isso, mas o secularismo moderno dispõe de ameaça à verdade bíblica equiparável ao paganismo romano; de facto as semelhanças são impressionantes.
Em relação à guerra espiritual, os líderes da igreja devem prestar redobrada atenção para o que a Bíblia diz a fim de que outra da moda religiosa não desvie o seu sentido para longe da centralidade na verdade de Deus. Armstrong faz uma pergunta crucial: “Onde somos autorizados a lidar com o reino de Satanás da mesma maneira que o nosso Senhor lidou com o assalto frontal direto à Sua pessoa e à Sua mensagem vista nos Evangelhos”? Armstrong responde à sua própria pergunta: “O modo bíblico de lidar com o diabo nesta época é mais simplesmente declarado em Efésios 6:11: Temos que ‘nos revestirmos de toda a armadura de Deus'. Não fazemos isso por nossa própria força, mas ‘no Senhor’. Como disse Jesus, ‘as portas do inferno não devem prevalecer’. Portas significa uma postura defensiva. A igreja está em marcha pela Palavra e oração que luta contra o Diabo. Nós o combatemos ‘permanecendo firmes’. Só o fazemos com a verdade.”
Não pretendo fazer nenhuma crítica geral a todo o interesse ou formas de crescimento da igreja. Quando livros de crescimento de igreja estão fundamentados em teologia bíblica, eles servem para o bem. Mas quando abandonam essa base, falham miseravelmente. Schwarz discute oito qualidades de uma igreja de crescimento saudável: liderança autorizada, ministério direcionado aos dons, ardente espiritualidade, estruturas funcionais, cultos que inspira adoração, grupos pequenos integrais, direcionamento às necessidades de evangelismo e relações amoráveis.
Para estes oito factores essenciais Getz e Wall oferecem outros quatro adicionais: pregação e ensino bíblicos, líderes visionários e espirituais, unidade, e liderança. Getz e Wall discutem a medida de crescimento de igreja, assimilação dos recém-chegados, encorajamento da participação do membro, e numerosos outros assuntos técnicos. Mas eles enfatizam a singularidade de cada congregação em seus esforços para se tornar em tudo aquilo que Deus quer que ela seja. “Consequentemente, os princípios que se extraem deste estudo nunca podem tomar o lugar da busca humilde da face do Senhor e a resposta obediente com fé corajosa à liderança de Deus em relação à Sua própria igreja. Os pastores sábios evitam comparar suas igrejas com outras igrejas, e evitam imitar outras igrejas. Cientes das qualidades bíblicas de uma igreja saudável, os pastores sábios lideram o seu rebanho do modo que eles creem que estão sendo guiados segundo o desejo do Sumo Pastor”.
A questão central de qualquer ministério é, por que é que Deus ergueu este trabalho, neste lugar, neste momento, e o que é que Ele quer fazer para e por nós?
4) Uma Igreja Saudável se Focaliza Mais no Modelo de Ministério do que Marketing
Igrejas saudáveis rejeitam a mentalidade mercadológica em sua busca pela eficácia. Enfatizam o funcionamento em graça e poder do Deus em um nível de excelência de acordo com os recursos que Ele proveu. Porém, as pessoas de cultura dos dias de hoje que afirmam possuírem e viverem pela verdade absoluta são as que se colocam diretamente na trilha do desprezo e da infâmia. Uma cultura induzida pela paixão em relação à economia dificilmente respeitará a excelência no ministério.
Uma igreja saudável mantém um modelo bíblico de eficácia com vistas a executar a sua missão em lugar de um modelo de sucesso mundano medido pelos colegas de campo evangélico. Os evangélicos foram chamados por Deus para ser um movimento de protesto no mundo - não um grupo de negativos resmungões e vítimas, mas um grupo servos batalhadores com um alto compromisso perante o Senhor. “Nossa tarefa é crescer com uma consciência de nossa unidade e vitalidade em Cristo, e mostrar esta força a um mundo que desesperadamente precisa de conhecer algo sobre a pessoa que é tanto o Nosso Salvador quanto Nosso Senhor”.
5) Uma Igreja Saudável Adota mais Modelos de Liderança Bíblicos do que seculares
A deficiência no meio de cristãos contemporâneos em captar o claro, distintivo modelo de liderança-serva do Novo Testamento parece que disseminado e evidente. Como é que o quadro se tornou tão distorcido? Muitos pastores, presidentes e dirigentes de campos têm comprado um modelo autocrático de liderança que contempla justamente o padrão antigo em termos de teologia, um estilo político, antiquado até perante a literatura secular atual. O facto é que eles às vezes não conseguem superar a realidade da incontestável oposição ao Novo Testamento. Há pessoas que são mais prejudicadas, machucadas, nas igrejas pelos estilos de liderança opressiva do que por salários inadequados e ou edifícios caindo aos pedaços.
A melodia da liderança compartilhada ecoa praticamente em toda a literatura secular contemporânea acerca de liderança. “Os padrões tradicionais de liderança podem ter sido aceitos no passado mas podem não ser bem-sucedidos no futuro. O líder da comunidade do futuro estará diante de maiores desafios para reter membros. O sucesso do líder na adaptação ao novo mundo da comunidade da livre escolha será o gigantesco factor para a determinação do sucesso e da prosperidade em longo prazo da comunidade”.
Os líderes de igrejas saudáveis reconhecem que nenhuma soma de técnica com estratégia, nenhuma cópia do modelo mercadológico vigente, pode conduzir as suas congregações pelos charcos de atmosfera carregada de gases venenosos de imoralidade por onde atravessam com os seus barcos espirituais. Indistintamente, Paulo, Pedro, Tiago e João, concluíram face às suas experiências de vida e ministério pela advertência quanto a deterioração da sociedade. A cultura ocidental tem produzido uma educação de filhos permissiva, igrejas teologicamente rasas e padrões morais determinados por vantagens e lucros. A maturidade espiritual por parte de muitos líderes de igreja e por parte muito maior de congregados não pode ser presumida.
Na legítima intenção de vincular a saúde com a qualidade antes que com a quantidade, há líderes da igreja que não deixa de prestar atenção para aquilo que é essencial ao exercício do ministério; inclusive declaração de missão, visão e definição de papéis; realização de metas; planeamento estratégico e concessão de poderes a outros. Mas eles se medem por um padrão diferente.
Às vezes a realização pode ser quantificável, como o número de visitas que um pastor poderia fazer em um determinado mês, ou a expansão dos dias dedicados ao aconselhamento de dois para cinco. Frequentemente, porém, olhamos para a mudança de vida como a avaliação do alcance das metas ministeriais. Uma congregação que pareça egocêntrica e preocupada com os seus próprios programas e obras pode, pode ser vista como uma meta de longo prazo alcançada por um pastor depois que essas mesmas pessoas aprenderem a trabalhar como uma comunidade interdependente que mostre a preocupação com outras pessoas. Um diretor de campo missionário que leva pessoas altamente qualificadas em suas especialidades, mas ineficazes como uma equipe de ministério poderia louvar Deus por ajudarem-nas a desenvolverem a unidade e um espírito genuinamente cooperativo que produz resultados para a equipe.
O pensamento atual diz que a saúde de uma igreja não acontece sem a abordagem contemporânea e desconstrucionista de ministério. Porém, as igrejas nunca se tornarão espiritualmente saudáveis meramente por meio de paradigmas ou programas. Os compromissos bíblicos, de cada congregado, cada líder, cada oficial de igreja, devem ser com as prioridades e alvos de Deus, e de permitir que Ele produza nessas igrejas o que Ele quer - e não o que Ele não quiser.
Longe de desprezar o cumprimento da Grande Comissão, esta abordagem, uma vez que é obviamente mais bíblica, realça a missão dos crentes de conhecer Jesus Cristo, exaltá-LO e levá-LO aos outros, e edifica-os na fé. Deus quer realizar estas metas pela Sua igreja e pelo Seu poder. As igrejas precisam estar certas de que os métodos, movimentos e manipulações do cristianismo cultural moderno não conseguem fazê-lo do modo certo. 
O texto de Atos 2:42-47 retrata a vida interna da Igreja de Jerusalém, a beleza de seu comportamento, aquilo que lhe era visceral. Na verdade, o texto destaca a saúde da Igreja, da qualidade espiritual da Igreja. A vida comunitária da Igreja Primitiva era uma grande evidência da descida do Espírito Santo sobre o remanescente do povo de Deus. Havia companheirismo íntimo e muito amor fraternal. Este aspecto expressa a qualidade interna da Igreja que devido à sua saúde espiritual, a igreja apostólica experimentava resultados evangelísticos estimulantes e eficazes com uma regularidade notável.
A Igreja é caracterizada pela comunhão que mantém com o Senhor Jesus Cristo e pela unidade espiritual de seus membros. Deus expressa claramente o seu desejo de que haja comunhão entre os seus filhos. Veja o texto do Salmo 133: “Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos! é como o azeite perfumado sobre a cabeça de Arão, que desce pelas suas barbas e pela gola do seu manto sacerdotal. é como o orvalho do monte Hermom, que cai sobre os montes de Sião. Pois é em Sião que o Senhor Deus dá a sua bênção, a vida para sempre”. Este salmo mostra que a comunhão produz saúde e bem-estar na igreja. Sim, isto é bom e agradável! A ideia bíblica de algo bom é de algo que produz saúde, faz bem. Algo agradável é algo que produz o bem-estar. Desta forma, o texto citado nos mostra que a comunhão com as pessoas que seguem ao mesmo Deus que nós, repercute na nossa saúde e em nosso bem-estar. Mas vai além disso, passa aos nossos filhos e se estende aos netos.
Como é que isso pode acontecer? A resposta para isso é que a comunhão não é um sentimento mas uma prática. Quando as pessoas do povo de Deus se veem como irmãos, há ajuda mútua, interesse em resolver os problemas dos outros e desejo de que todos prosperem. Repare que o texto diz claramente que a qualidade da saúde e do bem-estar têm relação com a atitude das pessoas. É bom e agradável viver unido como irmãos, filhos do mesmo pai, que a todos trata igualmente e permite que uns tenham mais condições para que outros possam ser ajudados. Se não vivermos em união como irmãos, não usufruiremos da saúde e do bem-estar prometidos. Não é possível ter-se felicidade, bem-estar, alegria, sucesso e êxito se não investirmos em nossa saúde, adquirirmos bens que serão utilizados de forma razoável e além do mais, o dinheiro nunca serviu para promover a união familiar.
Estes “Vínculos de Qualidade” mostram o padrão de vida e estrutura inseridos na igreja pelo Espírito Santo. Quando focalizamos o nosso olhar somente para o crescimento, corremos o risco de não percebermos a necessidade de uma estrutura saudável que venha facilitar o crescimento.


  
10. Algumas Realidades Sobre a Comunhão na Igreja
1) A Saúde da Igreja Depende da Saúde dos Relacionamentos Entre os Discípulos da Igreja.
A comunhão é, antes de mais nada, um encontro de pessoas que se conhecem, que se falam, que comunicam as experiências de Cristo e fazem acontecer um encontro comum com o próprio Cristo. Os membros dessa comunhão são: na linha vertical estão Jesus Cristo, Deus o Pai e Deus o Espírito Santo, a Santíssima Trindade; na linha horizontal, os seguidores de Cristo. Por isso é muito importante dar-se conta que a Igreja é uma relação de intimidade que acontece entre os membros da linha horizontal com os da linha vertical.
A comunhão humana é um sinal e um fenómeno através do qual se realiza e transparece a comunhão superior com Deus, que aparece como proposta de salvação do problema fundamental, fazer acontecer ou realizar a comunhão com Deus.
A saúde da igreja vem a “cada dia” porque vem sendo gradativamente construída: seja quando alguns amigos andam juntos pelo caminho, seja quando se sentam ao redor de uma mesa, seja num momento de compartilhamento de experiências, seja numa roda de confissão, seja em atitudes de exortações e encorajamentos, seja quando alguém lava os pés ao sobrecarregado, seja quando entrega os próprios pés para receberem os devidos cuidados…
Vivendo em comunhão com Deus, através da Oração, Estudo da Bíblia e Testemunho, o ser humano passa a conhecê-Lo, a amá-Lo e a tocar a eternidade, mas não é só isso: viver em comunhão é receber a vida e o amor em suas expressões plenas, pois tudo o que existe e foi criado traz este selo original. É experimentar satisfação sem igual, tal como nenhuma outra experiência nesta Terra pode proporcionar. É encontrar o propósito para o que se vive. É fazer cessarem as perguntas e as inquietações, não porque elas deixaram de existir, mas porque perderam sua urgência.
Sabendo de onde vem e para onde vai, tendo a certeza da salvação e da vida eterna, o ser humano deixa de temer a morte, sente-se seguro e confiante diante dos problemas da vida, não se desespera, não comete desatinos. As coisas materiais deixam de ser as mais importantes e a vida fica mais tranquila e menos angustiante. O relacionamento humano melhora, passa a haver mais paz no coração, sem inveja, sem ciúmes, sem ódios e mágoas, que tanto adoecem o ser humano, com capacidade de perdoar. Existe confiança pela certeza de que Deus está continuamente cuidando de cada um de nós. O poder maravilhoso de Deus se transfere para aqueles que O amam. Diante dos problemas, haverá o poder de Deus para enfrentá-los sem medo, com confiança, segurança, humildade e paciência.
Orar, estudar a Bíblia e testemunhar, são as práticas que o manterão em comunhão com Deus e revestido de Seu poder. Pratique essas coisas em sua vida pessoal, no lar, no trabalho, no lazer, e frequentando a Igreja de Deus, lugar onde você deve congregar para receber a Palavra de Deus e levá-la para pessoas que dela necessitam e a buscam. Vá na Igreja para buscar a Jesus Cristo e não pessoas, que são falhas, como todos somos, mas a Igreja deve seguir os mandamentos e as doutrinas de Deus, sem modificá-los e sem seguir doutrinas criadas por homens. A comunhão fortalece, sustenta e nos refresca e cura a consciência perturbada de crentes através do dom da graça. A pregação e o ouvir da Palavra anima-nos com a promessa de reconciliação com Deus através de Cristo. The liturgy provides a structure of meaning that nourishes and sustains.A Comunhão do Espírito Santo oferece uma estrutura mais íntima e menos institucionalizada para a vida da igreja, uma estrutura de significado que nutre e sustenta. Music and hymns often bring comfort and healing to those who are suffering.
Toda a aliança para ser validada e se expressar exige relacionamento entre as suas partes. Dependendo do tipo de relacionamentos vividos numa aliança, podemos deduzir se ela prospera ou não. Não há aliança saudável com relacionamentos doentios! O casamento, por exemplo, só será a expressão de uma aliança saudável, frutífera e próspera, se os cônjuges buscarem se relacionar corretamente, se trabalharem a comunhão. O casamento e a família são estruturas instituídas por Deus para que homens e mulheres possam desenvolver a comunhão saudável e se beneficiar da aliança conjugal e familiar.
 A Igreja também é ideia de Deus, para que os Seus filhos e filhas tenham um ambiente relacional ideal para viverem de forma saudável, não só a aliança com Deus, mas a aliança cristã de uns com os outros e, com isto, atraírem a glória de Deus e manifestarem o Seu Reino e poder. Entretanto, quando os relacionamentos conjugais, familiares ou cristãos não vão bem, também o casamento, a família e a igreja não vão. Relacionamentos doentios macularam a aliança. Se não houver mudança nos relacionamentos, a aliança que os respalda estará em perigo. Quando nossos relacionamentos com o cônjuge, os familiares e os irmãos estão submissos ao nosso relacionamento com o Senhor, certamente o casamento, a família e a Igreja vão muito bem! 
2) A Saúde dos Relacionamentos na Igreja Depende da Saúde dos Discípulos da Igreja.
Esse facto é ressaltado também pelos muitos “uns aos outros” que lemos no Novo Testamento. Somos ordenados: a amar “uns aos outros” (Jo. 13:34-35; 15:12, 17); a não julgar “uns aos outros” e ter o propósito de não por tropeço ou escândalo ao irmão (Rm. 14:13); a seguir “as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros” (Rm. 14:19); a ter “o mesmo sentir de uns para com os outros” e acolher “uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus” (Rm. 15:5, 7). Somos instruídos a levar “as cargas uns dos outros” (Gl. 6:2); a sermos benignos uns para com os outros, “perdoando… uns aos outros” (Ef. 4:32); e a sujeitarmo-nos “uns aos outros no temor de Cristo” (Ef. 5:21). Em resumo, “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp. 2:3).
No Novo Testamento, há muitos mandamentos semelhantes que governam os nossos relacionamentos mútuos na igreja. Todos eles exigem altruísmo, sacrifício e serviço aos outros. Combinados, eles excluem definitivamente toda expressão de egocentrismo na verdadeira comunhão de crentes.
Mais dia, menos dia, nossas alianças nos denunciam, porque nossos relacionamentos vão mostrar quem somos realmente. É nos meandros da comunhão que acabamos nos denunciando ou sendo denunciados. É incrível como precisamos de gente para sermos gente, mas, infelizmente, muitos, quando se relacionam com gente, parecem com tudo, menos com gente!
Em Génesis 2:18 vemos algo interessante: o homem estava no paraíso com Deus, mas Deus disse que o homem estava só e que isto não era bom! Adão tinha Alguém acima dele (Deus) e alguém abaixo dele (a criação), mas faltava alguém ao lado dele, do mesmo status, gente como ele, para que não se sentisse só. Deus percebeu a necessidade de Adão e a supriu com a vida de Eva, alguém que lhe era idónea, compatível para se relacionar. Casamento, família e Igreja são soluções divinas para que o homem possa viver de forma saudável, segura, a comunhão com Deus e com o próximo.
Entretanto, quando a comunhão no casamento, família e Igreja está enferma, também estará doente o casamento, a família e a igreja. Infelizmente, essas alianças, que deveriam manifestar a glória e o poder de Deus, em muitos casos, denunciam doença, dor, prisão e maldição. E sabe por quê? Por causa das pessoas que estão ali. Elas estão prisioneiras e doentes. Se elas não forem libertas e curadas, não haverá saúde na comunhão. Casamento, família e Igreja são projetos divinos, de cunho terapêutico, libertador e protetor, onde as pessoas, na presença de Deus, desenvolvem a comunhão do Reino de Deus e, por meio dela, atraem a glória e o poder do Senhor. Na Igreja, os que têm prazer em se relacionar com Deus, também devem ter prazer em se relacionar com os irmãos. Sem relacionamentos saudáveis nos ministérios, a saúde da igreja estará comprometida e, logicamente será difícil desfrutarmos da plenitude da aliança com Deus (vida abundante, frutificação, sinais, prodígios e maravilhas). 
3) A Saúde dos Discípulos Depende do seu Caráter e do Nível de Libertação e Cura Alcançados.
Porque se é um discípulo com um grande caráter e nível de libertação e cura alcançados em Cristo, caminha debaixo da unção, não perde o foco e não desiste no meio das intempéries da vida. E todos os que não desistem e não perdem o foco usufruem de saúde e são abençoados e honrados no território onde estão plantados. Os que desistem e perdem o foco não são abençoados, pois abandonam a unção e param no meio do caminho, antes de ver cumprida a bênção do Senhor em suas vidas.
O relacionamento é uma das dádivas dos céus, revelada aos filhos de Deus, que as trevas não têm. Quando falamos de relacionamento estamos querendo enfocar a unidade de propósito. Quando as pessoas se relacionam devem ter unidade em um objetivo. A unidade nos dá um só coração, um só sentimento, uma só meta. Então, se houver esse relacionamento e a unidade vier, nenhuma vida ficará nas mãos do inimigo, pois na unidade os milagres, sinais, prodígios, maravilhas e todo suprimento de necessidades se manifestam (At. 4:32-36).
O que é que o influência com o que faz! Suas atitudes, ações, decisões e respostas dependem menos das circunstâncias e de outras pessoas do que de si mesmo.
 A questão crucial é que no púlpito se ensina o que fazer (instrução e ministração), mas só nos relacionamentos (comunhão) aprendemos como fazer (atitudes, ações, decisão, respostas).
 Na vida de muitos discípulos há um descompasso entre instrução/ministração e ação. A causa principal é a deficitária saúde relacional do discípulo, que por sua vez depende do seu caráter e dos níveis de libertação e cura emocional alcançados. Quer saber o que fazer para mudar de caráter e ser liberto e curado dos traumas, cadeias e maldições? É preciso decidir por três coisas: pela mudança, pelo discipulado e pela exposição ao poder da Palavra e do Espírito de Deus.
Somos uma igreja de relacionamentos e ninguém prosperará na caminhada sem se expor à comunhão! É por meio dela que nosso caráter será transformado, seremos tratados (libertos, curados) e desfrutaremos dos benefícios da aliança com Cristo. Quem não está liberto e curado, e nem quer sê-lo, rejeita a comunhão e prejudica os relacionamentos. Quem não se resolve como gente na presença do Senhor, tem medo de gente e foge ou corrompe relacionamentos.
 Neste momento entramos no tempo dos milagres de Deus em nossas vidas e, certamente, o principal deles será o de nos tornarmos discípulos de Jesus que se relacionam, que têm comunhão no Corpo. A comunhão é uma das disciplinas espirituais que a Igreja do primeiro século praticava com perseverança e que a qualificava como impactante aos olhos do povo da época. A comunhão dos santos é um dos mais fortes testemunhos de fé e de que o Senhor efetivamente vive entre nós.


  
11. Uma Crise de Comunhão
Quando a igreja foi formada viveu uma autêntica contracultura e impressionou o mundo de sua época. As barreiras sociais e étnicas caíram por terra e a comunidade cristã era uma grande família, em seu sentido mais profundo: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.” (At. 2:44).
Os discípulos, por manifestarem visíveis laços de amor mútuo, estariam convencendo o mundo de que Jesus é realmente o Filho de Deus, enviado pelo Pai (Jo. 17:21). O historiador francês Paul Veyne afirmou que a sociedade romana foi impactada pelo comportamento amoroso da igreja, a qual ela chamou de “obra-prima”. Embora haja discussão sobre a maneira como os discípulos administraram os bens, não temos como negar que entre eles havia um senso de comunhão muito forte, que era originado na graça de Deus (At. 4:33-35; 2 Co. 8:1-4 e 9:12-15). O teólogo Gottfried Brakemeier concluiu sobre a igreja primitiva: “Para os discípulos, a comunhão em que viviam era implicação e decorrência do evangelho, uma forma de atendimento do imperativo cristão e de vivência da fé.”
No século XVI, os anabatistas tentaram viver o cristianismo de forma autêntica, recuperando o sentido de comunhão fraternal da igreja. Assim, o anabatista Ulrich Stadler escreveu em 1537: “Quando cada membro ajuda igualmente o corpo inteiro, o corpo cresce, e há paz e unidade, se cada membro cuida do outro”.
Hoje, não é segredo de que a igreja está sofrendo uma crise de comunhão: quem avaliar de modo imparcial a Igreja de Jesus Cristo, notará que ela passa por uma crise de relacionamento, comunhão, amizade, ensino-aprendizagem e oração.
A igreja não está experimentando nem demonstrando esta “comunhão do Espírito Santo” (2 Co. 13:14) que marcou a igreja do Novo Testamento. Num mundo de grandes instituições impessoais, a igreja muitas vezes parece ser mais uma grande instituição impessoal. A igreja está altamente organizada justamente numa época quando seus membros querendo menos organização e comunidade. É raro hoje em dia achar dentro da igreja institucionalizada aquela intimidade atraente entre as pessoas onde as máscaras são tiradas, a honestidade prevalece e se sente um nível de comunicação e comunidade além do humano – onde há literalmente a comunhão do e no Espírito Santo.
Justamente neste novo milénio, em que os povos mais necessitam de consolação e ânimo para enfrentar dias tenebrosos, a impressão que muitas pessoas têm da Igreja, é de uma instituição fria, pouco amigável e indiferente aos problemas da humanidade. Críticos notam, ainda, que os cristãos tendem a brigar muito entre si, não raras vezes para determinar qual deles está certo ou será o mais importante.
Existem, é claro, belas exceções. Além disso, algumas das críticas mais se baseiam em impressões do que em factos. Mas nem essas ressalvas nos livram do facto de que a Igreja de Jesus Cristo, de modo geral, está fraca na área da comunhão. Isto é mais do que lastimável, porque o Senhor Jesus Cristo afirmou que o amor e a unidade seriam as principais provas de que eles são seus verdadeiros seguidores (Jo. 13:34, 35).
Precisamos de combater a crise de comunhão em nossa igreja e restaurar imediatamente o sentido bíblico da igreja, para que ela seja de facto aquilo que Deus planejou para ela: comunidade amorosa de homens e mulheres regenerados pelo poder do Espírito Santo. Pois, a atração de uma igreja está também na maneira como os irmãos se relacionam. Lembre-se que uma pessoa sempre optará por uma igreja que o recebe bem. Ninguém consegue ficar numa igreja onde não se estabelece relacionamento ou amizade. Portanto, o remédio para esta crise de comunhão na igreja é a prática da mutualidade, isto é, todos os irmãos envolvidos em servir uns aos outros. Todos participando de modo feliz e eficiente, dos ministérios coletivos da igreja. Cada cristão praticando o seu dom espiritual.
A igreja do Novo Testamento vivia pelo testemunho, pelo serviço e pela comunhão. Todas estas três coisas são essenciais para a igreja ser perseverante. A igreja deve pregar e ensinar, e deve servir – seguindo o exemplo de Cristo.
A comunhão é essencial tanto para uma proclamação efetiva como para um serviço relevante. A comunhão é a permanência da igreja na videira, para que possa produzir muito fruto. É o corpo se tornando “bem ajustado e consolidado”, edificando-se a si mesmo em amor para que os dons individuais do Espírito possam se manifestar no mundo (Ef. 4:16). Muitas vezes tanto a pregação como o serviço da igreja tem sofrido simplesmente por falta da verdadeira comunhão.
A igreja é a família de Deus, e a essência da família é o relacionamento entre os irmãos. É por isso que o salmista exclama: Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos (Sl. 133:1). Viver unido é viver em comunhão com o Pai e com os irmãos.
Charles R. Swindoll afirma que uma família forte possui seis qualidades principais: é comprometida com a família, gasta tempo junta, tem boa comunicação familiar, expressa apreciação um ao outro, tem um compromisso espiritual e é capaz de resolver os problemas nas crises.
Estas qualidades podem ser resumidas em duas palavras: comunhão e mutualidade. Podemos aplicar estas mesmas qualidades para uma igreja forte, pois, a igreja é uma família de famílias. Uma igreja que não desenvolve estas qualidades vive uma crise de comunhão.
a) O Propósito de Deus nos Relacionamentos
 “Portanto, confessem os vossos pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tg. 5:16).
Sejamos sinceros: Já alguma vez confessou os seus pecados para algum irmão de sua igreja? Sinceramente, eu nunca consegui fazer isso. Como é possível fazer isso na igreja de hoje? Se for confessar um pecado para um irmão, é provável que no mínimo ele o vá entregar para o pastor. Sem falar de fofocas, também pode acontecer que o irmão comece a olhá-lo de modo diferente. Como é que Tiago pode dizer isso? O que acontece é que o contexto da igreja hoje é muito diferente. Tiago era pastor da igreja em Jerusalém. Eu acredito que boa parte das igrejas da época ainda guardavam algumas características que a igreja de Jerusalém tinha no princípio:
Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos” (At. 2:42-47).
Quero chamar a sua atenção para o verso 44 que diz que “todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum”. Isso é o que está faltando na igreja atual. Vivemos uma crise de comunhão. Quando o texto diz que todos tinham tudo em comum, podemos dizer que eles eram uma comunidade no seu real sentido:
Numa comunidade, as pessoas têm coisas em comum. Mais do que a simples possibilidade de optar. As pessoas pertencem umas às outras, conhecem-se com alguma profundidade, dão satisfação umas às outras. Elas estão sujeitas umas às outras pelo amor. Essas ligações são suficientes para que possam ser disciplinadas, corrigidas, criticadas (até equivocadamente), sem que isso seja motivo para sumir.
Toda essa crise de comunhão tem acontecido porque a igreja tem absorvido uma tendência que tem tomado conta da sociedade pós-moderna: a privatização. O termo privatização significa dizer que as pessoas estão cada vez mais fugindo de um convívio público para uma esfera privada. Isso implica que as pessoas não querem mais ter relacionamentos profundos. Andam em relacionamentos cada vez mais superficiais, não confiam umas nas outras. Logo, também não revelam quem realmente são. Não são sinceras. Não conseguem amar. Como consequência disso tudo a falsidade, os grupinhos, a falta de afeto, a falta de unidade, a falta de evangelização. E os versículos abaixo tratam exatamente desses problemas:
Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos” (Ef. 4:1-6).
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl. 3:12-17).
Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros” (Fp. 2:1-4).
 “Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vós que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vós, e, sim, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer. Meus irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vós. Com isso quero dizer que cada um de vós afirma: Eu sou de Paulo; eu de Apolo; eu de Pedro; e eu de Cristo. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós? Vocês foram batizados em nome de Paulo” (1 Co. 1:10-13)?
Seguem-se, agora, 4 argumentos que mostram o quanto os relacionamentos são importantes para Deus:
1) Deus é um Deus social. O próprio Deus dá exemplo da importância dos relacionamentos. Deus existe em 3 pessoas em uma única divindade. Pai, filho e Espírito Santo são unidos a ponto de se chamarem um. “Eu e o Pai somos um” (Jo. 10:30). “E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós” (Jo. 17:11).
2) O segundo mandamento mais importante: Amor ao próximo.E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt. 22:37-39). Os relacionamentos (horizontais) são tão importantes a ponto de Jesus dizer que amar ao próximo é o segundo mandamento mais importante da lei.
3) Deus nos abençoa através dos relacionamentos. Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” (Gn. 2:18). “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl. 6:2). “Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquecerão; mas um só, como se aquecerá? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa” (Ec. 4:9-12). A união é fundamental em qualquer comunidade.
Deus usa os relacionamentos para nos abençoar. Deus poderia simplesmente nos curar quando quisesse, mas ele prefere normalmente usar a medicina. Assim como muitas vezes usa a solidariedade de algumas pessoas para abençoar outras. Dessa forma, seu nome é glorificado por quem recebe, que dá graças pela provisão, e por quem doa, que recebe a honra de participar da provisão divina.


12. O Que é a “Comunhão do Espirito Santo”?
Em Atos 6:8, lemos que Estevão estava cheio de graça e poder, mas não somente isso, pois o versículo 10 nos diz que “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”. Estevão era ministro da Palavra? Sabemos que ele era judeu helenista, vindo de outro país, não de Israel. Os ministros da Palavra eram judeus hebraicos. Mas havia muitas sinagogas onde se falava a língua de Estevão, também havia muitas sinagogas onde falavam a língua de Paulo, e provavelmente Paulo ia até aqueles sinagogas para adorar.
Quem era Estevão? Tudo o que sabemos é que ele apenas servia às mesas e era cheio do Espírito Santo. Quem era Saulo? Um grande erudito, um Rabino que fora treinado aos pés de Gamaliel, um homem que abraçou três mundos. Não há dúvida que Saulo era cheio de sabedoria, um grande rabino, estava cheio da palavra do Antigo Testamento. Saulo provavelmente entrou naquela sinagoga onde Estevão estava e deve ter discutido com Estevão, mas a Bíblia diz: “E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”.
Estevão tinha essa sabedoria porque o Espírito Santo é o Espírito de sabedoria. Ele não dependia de si mesmo, mas do Espírito Santo. Ainda que estivesse servindo às mesas, fazendo muitas coisas pequenas, até mesmo desprezíveis, mas estava cheio do Espírito Santo. Quando um homem está cheio do Espírito Santo, qualquer lugar lhe é agradável. A qualquer instante Estevão poderia ter uma comunhão maravilhosa com o Senhor, o Espírito Santo estava em seu espírito. Ele poderia adorar o Senhor em qualquer instante, quando lavava os pratos, poderia ter uma comunhão maravilhosa com o Senhor. Por causa daquela experiência maravilhosa, ele foi completamente cheio do Espírito Santo e dependia dEle para que o Senhor pudesse realmente usá-lo.
 As pessoas que estavam na sinagoga encheram-se de inveja e o acusaram. Mas Atos 6:15 diz: “Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estevão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo”. Estevão estava no Sinédrio, estava sendo julgado, muitos o acusaram e queriam ouvir a sua defesa. Mas, antes de falar, sua face ficou como a face de um anjo. Não foi Lucas, o escritor de Atos, quem presenciou essa cena, mas Paulo. Lucas escreveu o livro de Atos, mas foi Paulo que lhe passou essas informações. Paulo ficou impressionado! Se aquele homem fosse um criminoso, um fora da lei, se realmente queria destruir o templo, como pôde seu rosto tornar-se como rosto de um anjo? Ele estava na boca dos leões, seria rasgado em pedaços em poucas horas. Mas Estevão pregou sua mensagem com aquela face de anjo. “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resististes ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” (At. 7:51). “Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele” (At. 7:54).
Esse foi um momento especial, mas, para Estevão, era seu estado normal. Aquele que está cheio do Espírito Santo pode tornar-se mártir, não precisara de mais nada. Estevão não precisou de um enchimento especial, ele já estava cheio do Espírito Santo; por causa disso, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e o Senhor Jesus à Sua direita. De acordo com a Palavra de Deus, de acordo com Pedro, o Senhor está assentado à destra de Deus, tal como Estevão o viu em pé? Estevão tornou-se mártir, ele estava cheio do Espírito Santo, mas sendo transformado à imagem e semelhança do bendito Filho de Deus. Quando o Senhor descobre algo semelhante ao que aconteceu com Ele mesmo aqui na terra, Ele não pode ficar assentado, nosso Senhor levantou-se e deu as boas-vindas para Estevão. A maneira como Estevão orou quando foi martirizado faz lembrar o Senhor Jesus. Isso é resultado do Pentecostes.
Qual é a sua impressão ao estudar o livro de Atos? É o vento impetuoso ou as línguas de fogo, ou o falar em línguas que o impressionam? Quando nosso Senhor viu alguém sobre a terra cheio do Espírito Santo, com a visão da glória de Deus, Ele não pode resistir, mas ficou em pé e deu as boas-vindas a Estevão. Se você quer ser cheio do Espírito Santo, prepare-se bem, pois senão ficará cheio de pedras. Muitas pessoas desejam ficar cheio do Espírito Santo, mas não querem estar cheios de pedras, elas querem o Espírito Santo sem cruz. O Espírito Santo sempre nos dá a cruz, e a cruz sempre nos leva de volta ao Espírito Santo. Foi isso o que aconteceu depois de Pentecostes. Estevão não era um dos Apóstolos, não era um dos ministros da Palavra, apenas servia às mesas, era apenas alguém que queria servir a Deus sem reclamação nem murmuração. Essa é a comunhão do Espírito Santo.
O Espírito Santo foi enviado pelo Pai para este mundo para ser para os discípulos de Jesus nesta dispensação, até a volta dele, exatamente o que Jesus foi para eles durante o tempo da sua comunhão pessoal com eles na terra. É isto que ele é para vós? Conheceis a “comunhão do Espírito Santo”, o companheirismo do Espírito Santo, a parceria do Espírito Santo, a amizade do Espírito Santo? Este é o meu objetivo neste estudo: apresentar-vos ao meu amigo, o Espírito Santo.
A comunhão do Espírito Santo significa que somos guiados pelo Espírito Santo; conduzidos pelas mãos do Espírito Santo; acompanhados pelo Espírito Santo; dirigidos constantemente pelo Espírito Santo; movidos pelo Espírito Santo; que desenvolvemos um relacionamento íntimo com o Espírito Santo; que temos intimidade com o Espírito Santo; que temos a participação conjunta do Espírito Santo em todas as áreas da nossa vida; que somos parceiros, colegas e companheiros com o Espírito de Deus. Somos, portanto, parceiros na vocação e recursos, partícipes de trabalho e poder. Esta comunhão envolve a comunicação. Somos os parceiros colocados em ações ordinárias para fins comuns. Portanto como filhos de Deus devemos nos espelhar na pessoa que ele é, refletindo nossas atitudes, e na sua glória sendo o exemplo em tudo para a glória de Deus.
A obra do Espírito Santo é a comunhão. A característica de Deus é Seu amor. A característica do Senhor Jesus é Sua graça, e a característica do Espírito Santo é Sua comunhão. Sem a presença do Espírito Santo neste mundo, não haveria a criação, o universo, nem a raça humana (Gn. 1:2; Jó 26:13; 33:4; Sl. 104:30). Sem o Espírito Santo, não teríamos a Bíblia (2 Pe. 1:21), nem o Novo Testamento (Jo. 14:26, 1 Co. 2:10) e nenhum poder para proclamar o evangelho (At. 1:8). Sem o Espírito Santo, não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e nenhum cristão neste mundo.
Segunda Coríntios 13:13 diz: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”. Deus é amor e Sua característica é amor. O Senhor Jesus é graça e Sua característica é graça. Finalmente, a característica do Espírito Santo é comunhão. O Espírito Santo nada tem em Si mesmo. Ele traz para si o amor de Deus e a graça do Senhor Jesus mediante a comunhão. Essa é a obra do Espírito Santo. O Espírito Santo não realizou uma obra de amor. Ele não realizou uma obra de graça. O Espírito Santo transmite a si aquilo que Deus e o Senhor Jesus realizaram. Assim, a obra do Espírito Santo é comunhão. O Espírito Santo, após a ascensão do Senhor Jesus, simplesmente está pleno da obra do Senhor Jesus. Ele é como a luz! Desde que haja brecha, Ele entrará. Quando entra, Ele traz a graça do Senhor Jesus e o amor de Deus para dentro de si. Esta salvação é verdadeiramente completa.
A obra do Espírito Santo é transmitir a nós a obra do Senhor Jesus. O Espírito Santo revela o projeto de Deus através das Escrituras Sagradas (2 Tm. 3:15-16) e por meio dos dons espirituais (At. 9:10-16; 10:2-5). Quando Cristo foi glorificado o Espírito Santo pode comunicar a Igreja, a Sua Vida, o Seu poder, as Suas riquezas, a Sua glória. O amor de Deus está na graça do Senhor Jesus, e a graça do Senhor Jesus está na comunhão do Espírito Santo. Assim, todos aqueles que receberam a comunhão do Espírito Santo recebem a graça do Senhor Jesus, e todos os que receberam a graça do Senhor Jesus experimentam o amor de Deus.
Quando o Espírito Santo vem, pela comunhão Ele nos dá a luz e nos mostra nossas falhas e degradação. Ele nos mostra que estamos perdidos. Deus trabalhou de tal maneira que uma vez que você abra a boca e diga uma palavra e uma vez que seu coração tenha um lugar para o Senhor e O invoque, será salvo. Não precisa ir a uma grande catedral para ser salvo. Não precisa orar para ser salvo. Não precisa ficar defronte a um altar para ser salvo. O Espírito Santo já foi derramado sobre toda carne. Onde você está, ali está o Espírito Santo. Aleluia! Isso é um facto!
Na Sua íntima união com o Seu Filho, o Espírito Santo é o único órgão pelo qual Deus pretende comunicar ao homem a Sua própria vida, a vida sobrenatural, a vida divina — ou seja, a Sua santidade, o Seu poder, o Seu amor, a Sua felicidade. Para que isso aconteça, o Filho opera exteriormente; o Espírito Santo, interiormente.
A comunhão com o Pai e o Filho significa, realmente, comunhão no Espírito Santo. É por esta razão que Paulo, o apóstolo dos gentios e nosso, em 2 Coríntios 13:14 Paulo ora para que a “comunhão (koinonia) do Espírito Santo” seja com os crentes de Corinto. O apóstolo dos gentios e nosso, deseja que essa comunhão esteja connosco, como o faz em 2 Coríntios 13.18: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” O Espírito é revelado como o poder de Deus. Paulo rogou que a graça divina, o amor e a comunhão (amizade) estivessem com os crentes de Corinto. Ele desejava que eles gozassem da comunhão espiritual com Deus, Seu Filho e da comunhão entre eles que se faz possível pela obra do poder de Deus, o Espírito Santo. E em Filipenses 2:1 Paulo fala sobre “comunhão (koinonia) do Espírito”.
Duas dimensões estão envolvidas nestas passagens: a dimensão vertical da comunhão do crente com Deus e a dimensão horizontal de sua koinonia com outros crentes através do Espírito Santo. É importante que estes dois aspetos sejam mantidos juntos e entendidos juntos. O conceito neotestamentário de comunhão só é plenamente entendido quando compreendemos o significado das duas dimensões juntas.
A princípio podemos ver aqui somente a dimensão vertical de comunhão com Deus através do Espírito Santo. Mas a dimensão horizontal também está bem presente e talvez seja até a mais importante: a comunhão entre os crentes que é o dom do Espírito. Como James Reid escreveu sobre 2 Coríntios 13:14: “Isto não significa comunhão com o Espírito. É uma comunhão com Deus que ele compartilha através da habitação do Espírito com aqueles que são membros do corpo de Cristo. A comunhão do Espírito Santo é a verdadeira descrição da igreja.”
Muito se tem escrito sobre o significado e as implicações da palavra comunhão. Tal discussão, porém, tem enfatizado principalmente a dimensão horizontal, a comunhão dos cristãos uns com os outros. Mas é a dimensão vertical que nos dá o conteúdo fundamental a todo esse conceito de comunhão. Koinonia na igreja deve começar com a comunhão do Espírito Santo, ou do contrário ela não terá dinamismo neotestamentário. “A comunhão (koinonia) com e em Jesus Cristo e o Espírito é a base que gera e sustenta a comunhão (koinonia) dos crentes uns com os outros”. A comunhão e o relacionamento espirituais na igreja que são realmente koinonia são algo dado pelo Espírito; são mais do que uma função de nossa natureza humana. Partilham do sobrenatural.
a)      Há duas coisas, então, que a comunhão do Espírito positivamente não é:
1 – Ela não é aquele relacionamento social superficial que a própria palavra comunhão significa muitas vezes em nossas igrejas hoje. Tal “comunhão” geralmente não é mais sobrenatural do que as reuniões semanais do Rotary Club. A maior parte daquilo que se conhece por comunhão na igreja – seja qual for o seu valor – é algo claramente inferior à comunhão. É “comunhão barata” paralela à “graça barata” de Bonhoeffer. No máximo, é uma confraternização amigável – atraente mas facilmente encontrada fora da igreja. Comunhão bíblica, porém, é uma exclusividade da igreja de Jesus Cristo.
A “comunhão” típica da igreja raramente alcança o nível de koinonia porque koinonia não é entendida, esperada, nem procurada. Consequentemente há pouca ou nenhuma estrutura adequada para comunhão na igreja. A igreja hoje acostumou-se a uma sociabilidade agradável e superficial que no máximo chega a ser um substituto barato para a koinonia.
2 – Por outro lado, koinonia não é simplesmente uma comunhão mística fora do contexto da estrutura da igreja. Podemos falar em termos abstratos sobre “a comunhão da igreja” como se fosse alguma coisa que automaticamente, e quase por definição, unisse os crentes. Mas o conceito abstrato não tem sentido sem o ajuntamento literal dos crentes num ponto definido no espaço e no tempo. Não podemos escapar disto, não deste mundo. O próprio Cristo enfatizou a necessidade de estarmos juntos quando disse: “porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt. 18:20). Podemos ter comunhão sozinhos com Deus em qualquer lugar, pois Deus é Espírito. Mas ninguém pode ter comunhão com outro irmão que não está presente, apesar de nossa linguagem mística. A comunhão do Espírito Santo não é um poder etéreo que une espiritualmente os crentes embora estejam fisicamente separados. Antes, é aquela profunda comunidade espiritual em Cristo que os crentes experimentam quando se reúnem como igreja de Cristo.
b)      De uma forma mais positiva, podemos descrever a comunhão do Espírito Santo nos seguintes termos:
1 – A comunhão do Espírito Santo é a comunhão entre os crentes, concedida pelo Espírito Santo. É exatamente esta experiência de uma comunhão mais profunda, de uma intercomunicação sobrenatural, que talvez todo o crente ocasionalmente tenha sentido na presença de outros irmãos. Sua base é a unidade que os cristãos compartilham em Cristo.
Uma fé compartilhada, uma salvação compartilhada e uma natureza divina compartilhada são a origem da koinonia. É a comunhão de Cristo com seus discípulos. A ideia básica da palavra comunhão, na verdade, é de algo que se tem em comum.
2 – É a comunhão de Cristo com seus discípulos. Jesus gastou três anos vivendo e trabalhando em íntima comunhão com doze homens. Como Robert Coleman observa: “Na verdade ele gastou mais tempo com seus discípulos do que com todas as outras pessoas do mundo reunidos. Ele comeu com eles, dormiu com eles e conversou com eles durante a maior parte de todo o seu ministério”. Estes homens não somente aprenderam de Cristo; compartilharam um profundo nível de comunidade que foi o protótipo da koinonia da igreja primitiva. É interessante que no meio do importante discurso de Cristo durante a última ceia três discípulos sentiram liberdade para interrompê-lo com comentários e perguntas (Jo. 14:5, 8, 22). Juntos, eles estavam experimentando a comunhão do Espírito Santo.
3 – É a comunhão da igreja primitiva, registada no livro de Atos. Os primeiros cristãos conheceram uma unidade singular, com união de propósito, amor e interesse mútuos – em outras palavras, koinonia. Isto era além da alegria imediata da conversão ou do conhecimento de convicções comuns. Era uma atmosfera, um ambiente espiritual que cresceu entre os cristãos primitivos à medida que oravam, aprendiam e adoravam juntos em seus próprios lares (At. 2:42-46; 5:42).
4 – É correspondente na terra à comunhão celestial eterna e também as primícias desta comunhão. A alegria do céu é a liberdade de comunhão eterna com Deus e os irmãos, sem limitações terrenas. Como modelo terreno desta realidade celestial, a koinonia na igreja compartilha a mesma natureza espiritual da vida no céu; não é qualitativamente diferente. Mas sofre as limitações inevitáveis da carne, do tempo e do espaço. Desta forma, a comunhão na igreja não é contínua e nem universal. Antes, é interrupta, parcial, local – e é necessário que seja assim. É limitada e afetada por fatores físicos, mas sua realidade essencial não é deste mundo.
5 – É análoga à unidade, comunhão e relacionamento entre Cristo e o Pai. Existe um paralelo entre a comunhão da trindade e a comunhão dos cristãos uns com os outros e com Deus. A oração de Cristo em João 17 é especialmente apropriada aqui. Jesus pede que seus discípulos “sejam um, como nós” (v.11). De uma maneira mais geral, ele ora para que todos os futuros cristãos “sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (v. 21). Comunhão é o cumprimento desta oração na igreja e é assim uma manifestação no tempo e espaço da comunhão da trindade. É uma intercomunicação sobrenatural entre as pessoas da divindade e a igreja na terra, envolvendo inseparavelmente tanto a dimensão vertical como a horizontal. Cristo quis que seus seguidores fossem um em sua koinonia – não somente um com Deus mas também uns com os outros.
Tal comunhão é o dom do Espírito Santo. Mas será então a igreja impotente para criar e nutrir esta comunhão? Ou pode a estrutura da igreja prover condições para a comunhão do Espírito Santo?
Daniel J. Fleming fez o seguinte ponto em seu livro “Vivendo como Camaradas”: “A formação e preservação desta comunhão... é o trabalho peculiar do Espírito Santo. Mas... nós podemos ajudar ou impedir esta consumação na medida que conscientemente nos esforçamos para entrar em comunidade com companheiros humanos”. E isto se aplica tanto para a igreja como para crentes individuais.
A Bíblia não fala quase nada sobre estruturas específicas para a igreja. O Novo Testamento não contém revelações do Sinai sobre o “modelo do tabernáculo”. Somos livres para criar as estruturas mais apropriadas à missão e necessidade da igreja em nossa época, segundo o esquema geram da visão bíblica da igreja. E a própria ideia da cpmunhão do Espírito Santo pode ter alguma coisa muito significativa para nos mostrar a respeito de tais estruturas.
c)     Vivendo na Comunhão do Espírito Santo
O Espírito Santo é o Deus que habita em nós. O apóstolo Paulo orou para que “a comunhão do Espírito Santo” seja com todos nós (2 Co. 13:14). Como é bom saber que Deus é “capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós” (Ef. 3:20).
Para se viver na comunhão do Espírito, é preciso querer. Existe uma parceria entre Deus e nós. Sem a presença do Espírito Santo em nossa vida, não podemos fazer a vontade de Deus. Deus quer uma relação especial e eterna consigo e comigo. Da nossa parte existe a necessidade de exercitar disciplinas que satisfaçam as condições bíblicas para uma vida cheia do Espírito Santo. Algumas dessas disciplinas são: fazer um acerto de contas com Deus no final de cada dia, cuidar da saúde física, comprometer-se com Cristo, amar a Deus acima de tudo, zelar da vida de oração, gastar tempo com a Palavra de Deus, viver pela fé, louvar a Deus em tudo, ter um semblante que reflita Cristo, falar de modo a honrar a Cristo, ser altruísta, cuidar espiritualmente de alguém, compartilhar Cristo com outros.
Nós podemos ter uma vida cheia do Espírito Santo. Como bem disse V. Raymond Edman: “A vida cheia do Espírito Santo não é um mistério revelado a um seleto grupo de pessoas nem objetivo difícil de ser alcançado. Confiar e obedecer são questões essenciais nesta questão”.
Nascemos de novo pelo Espírito Santo: “... Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo. ... Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito” (Jo. 3:3,5). O Espírito Santo habita definitivamente em nós. “E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar convosco para sempre” (Jo. 14:16). Somos selados com o Espírito Santo. “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual foram selados para o dia da redenção” (Ef. 4:30). Somos batizados pelo Espírito Santo no corpo de Cristo.
Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito” (1 Co. 12:13). A habitação do Espírito acontece uma única vez, mas o enchimento acontece muitas vezes. Mas a grande pergunta é: Como ser cheio do Espírito Santo? Somos cheios do Espírito pela fé. A Bíblia diz: “Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele” (Cl. 2:6).


  
13. Implicações na Estrutura da Igreja
No Pentecoste o Espírito Santo deu à igreja recém-nascida, entre outras coisas, o dom de comunhão. É a única explicação para a comunidade cristã primitiva descrita em Atos. A criação de comunhão genuína é um aspecto essencial da obra do Espírito Santo. Neste sentido a obra do Espírito Santo no crente individual não pode ser separada do que ele está fazendo na igreja – a igreja não é como um ajuntamento de crentes individuais, mas exatamente como uma comunidade de fé, eles pertenciam ao corpo de Cristo — a Igreja de Deus.
A comunhão faz da Igreja um organismo espiritual perfeito de homens e mulheres que, apesar de suas procedências étnicas e diversidades culturais, sentem-se e agem como irmãos. Somente seremos reconhecidos como filhos de Deus se cuidarmos uns dos outros e mutuamente nos socorrermos.
A comunhão levou aqueles crentes a partilharem o que tinham, abrindo as portas para a atuação do Espírito Santo. Assim, ia o Senhor acrescentando o número dos santos tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria até os confins daquelas terras.
Quando vivemos uma comunhão com Deus, desejamos também uma comunhão com os outros. O Evangelho convida-nos a amar e a dizê-lo com a nossa vida. É a nossa vida que pode tornar a fé credível, a confiança em Deus, à nossa volta. Hoje, mais do que nunca, não serão os cristãos chamados a ser um fermento insubstituível de comunhão, nos lugares onde estiverem? Como podem os cristãos continuar separados? A comunhão é a pedra-de-toque. Ela nasce no mais profundo do coração de um cristão, no perdão e no amor.
Deixar de ver esta ligação vital entre os aspectos individual e coletivo da operação do Espírito enfraquecerá o nosso entendimento tanto do crente individual como da igreja. Em primeiro lugar, faz-nos encarar o desenvolvimento espiritual do crente numa perspectiva exagerada de individualismo e separatismo, como se os cristãos crescessem melhor isolados. E em segundo lugar, perderíamos um elemento de importância básica para a estrutura e ministério da igreja: A igreja provê o contexto para o crescimento espiritual através de compartilhar juntamente uma comunhão que é ao mesmo tempo o dom do Espírito e o ambiente no qual ele pode operar.
Desta forma sugiro que haja uma ligação natural entre a comunhão do Espírito Santo e a estrutura da igreja. A natureza desta koinonia na verdade contém várias implicações para a estrutura da igreja.
Em primeiro lugar, como já vimos, a comunhão do Espírito Santo é uma função da igreja remida, não da igreja espalhada. A implicação óbvia para a estrutura da igreja: A igreja deve providenciar condições suficientes para estar reunida se quiser experimentar a comunhão. A comunhão exige que nos reunamos com lugar e hora marcada sob a direção do Espírito Santo. Podemos falar sobre comunhão do Espírito Santo apenas como uma realidade espiritual, ignorando as limitações de tempo e espaço, mas isto não tem sentido. O facto é que a comunhão do Espírito Santo – koinonia neotestamentária na igreja – exige como uma necessidade absoluta proximidade física. A igreja não experimenta a comunhão do Espírito Santo se não se reúne num ambiente apropriado para a operação do Espírito.
Em segundo lugar, a comunhão do Espírito Santo naturalmente sugere comunicação. Comunhão sem comunicação seria um conceito contraditório. Desta forma temos uma segunda implicação para a estrutura da igreja: A igreja deve se reunir de uma forma que permita e encoraje comunicação entre os membros.
Este facto imediatamente levanta questões sobre as estruturas tradicionais de culto na igreja institucional. Seja qual for seu valor, o culto da igreja tradicional não é bem planeado para intercomunicação, para comunhão. É planeado tanto pela liturgia como pela arquitetura principalmente para uma espécie de comunicação de mão única – púlpito para banco. Na verdade a comunicação entre dois cultuadores durante as reuniões da igreja é considerada rude e irreverente. Como Alan Watts comentou sarcasticamente: “Os participantes sentam-se enfileirados olhando a nuca um do outro e estão em comunicação somente com o líder”.
O culto da igreja tradicional não é a estrutura adequada para experimentar a comunhão do Espírito Santo. E de modo geral podemos dizer que nenhuma reunião da igreja é apropriada para koinonia se for baseada numa espécie de comunicação de mão única, de líder para o grupo, seja reunião de oração, classe de Escola Dominical ou reunião de estudo bíblico.
A comunhão surge e floresce somente em estruturas que permitem e encorajam a comunicação. E por a koinonia envolver tanto a dimensão vertical como a horizontal, esta comunicação também implica em comunhão com Deus; em outras palavras, a oração faz parte da comunhão.
Uma terceira implicação para a estrutura envolve o elemento de liberdade. Paulo nos dá o princípio: “Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade” (2 Co. 3:17). O Espírito Santo é o libertador. A liberdade do Espírito e a comunhão do Espírito vão juntas. Onde há koinonia aí também há liberdade e abertura, um ambiente permite “falar a verdade em amor” (Ef. 4:15). A verdadeira comunhão pode ser experimentada somente onde há liberdade do Espírito.
A implicação para estrutura: A igreja deve providenciar estruturas que são suficientemente informais e íntimas para permitir a liberdade do Espírito. Deve haver um senso de imprevisão e informalidade quando os crentes se reúnem, a expectativa emocionante do imprevisível, uma libertação de padrões e formas pré-estabelecidos. Frequentemente numa reunião informal e vagamente estruturada encontra-se uma abertura maior para o mover de Deus e desta forma há maior probabilidade para a experiência da comunhão do Espírito Santo. Certamente, isto não é para desfazer do uso correto de planeamento, forma e liturgia.
Os crentes precisam daqueles momentos de culto solene em conjunto onde o Deus excelso e santo é honrado com dignidade e reverência. Mas no meio desta dignidade e reverência muitos crentes solitários clamam interiormente por um toque caloroso e restaurador de koinonia. Os crentes precisam conhecer na prática que o Deus Altíssimo é também o Deus Pertíssimo (Is. 57:15). Se o culto tradicional da congregação não for de vez em quando complementado com oportunidades informais para a koinonia, os crentes facilmente serão levados a uma espécie de deísmo enquanto a igreja se torna guardiã sagrada de uma forma impotente de religiosidade.
Por outro lado, forma e liturgia tomam um novo sentido para os cristãos que estão vivendo e crescendo em comunhão.
“A igreja deve promover e manter as condições pelas quais a koinonia possa ser conhecida. Isto não pode ser feito com a maioria das pessoas simplesmente através do culto de domingo. O culto formal é indispensável por ser a reunião semanal da comunidade cristã. Mas só é efetivo com o compartilhar total entre todas as pessoas da amizade em Cristo que experimentaram durante a semana.”
Finalmente, a comunhão do Espírito Santo sugere uma situação de aprendizagem. Jesus disse que quando o Espírito Santo viesse “ele nos ensinaria todas as cousas, vos faria lembrar tudo que vos tenho dito” (Jo. 14:26). O Espírito Santo testificaria de Cristo e guiaria os crentes a toda verdade (Jo. 15:26; 16:13). O Espírito Santo veio para ensinar, para revelar a Palavra.
Por ser o mesmo Espírito de Deus que falou por meio dos profetas, sustenta e inspira a Igreja, revela e fala através das Sagradas Escrituras (2 Tm. 3:16; 2 Pe. 1:21), e por serem estas mesmas Escrituras que testificam de Cristo (Jo. 5:39), conclui-se que a comunhão do Espírito Santo está naturalmente relacionada com o estudo da Bíblia. Na verdade achamos os dois desta forma interligados na igreja primitiva, que “perseverou na doutrina dos apóstolos e na comunhão” (At. 2:42).
A implicação para a estrutura da igreja aqui é: “A estrutura da igreja deve providenciar estudo bíblico no contexto de comunidade”. Quando os cristãos se reúnem com o propósito definido de estudar a Bíblica sob a direção do Espírito Santo, eles experimentam a koinonia que resulta em transformação de vida. Eles são tocados pelo Espírito e pela Palavra. Descobrem que o caminho para aprender de Cristo é no contexto de uma comunidade de crentes ensinados pelo Espírito Santo.
O conceito de koinonia do Espírito Santo, então, sugere que a igreja deve providenciar estruturas onde (1) os crentes se reúnem; (2) a intercomunicação é encorajada; (3) um ambiente informal permite a liberdade do Espírito; (4) e o estudo bíblico objetivo é central.
A maioria dos padrões e estruturas das igrejas contemporâneas claramente não cumpre estes critérios Mas há uma estrutura que os cumpre: grupos pequenos, em uma forma ou outra. É minha convicção que a koinonia do Espírito Santo é mais facilmente experimentada quando os cristãos se reúnem informalmente em grupos pequenos para a comunhão.
O grupo pequeno pode cumprir os critérios acima. Aproxima os crentes num ponto determinado do tempo e do espaço. Seu tamanho e intimidade permitem um alto nível de comunhão e comunicação. Não exige estruturas formais; é possível manter a ordem sem abafar a informalidade e abertura adequadas para a liberdade do Espírito. E finalmente, oferece um contexto ideal para estudos bíblicos em profundidade.
A igreja primitiva experimentou a koinonia do Espírito Santo. Nós também sabemos que os cristãos primitivos se reuniram em grupos pequenos nos lares. Coincidência? Ou será que o próprio conceito da koinonia do Espírito não sugere a necessidade de alguma espécie de comunhão em grupos pequenos como uma estrutura básica dentro da igreja?
 Nenhum relacionamento de amor pode se desenvolver a menos que haja estruturas nas quais ele possa crescer. A koinonia do Espírito Santo cresce quando há estruturas para nutri-la. Glória a Deus!


1 comentário:

  1. Koinonia é uma palavra de origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou muito comum entre os cristãos, sendo utilizado no sentido de companheirismo, participação, compartilhamento e contribuição com o próximo e com Deus.

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