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domingo, 8 de abril de 2012

O Oleiro e o Vaso

“A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, dizendo: Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas, Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel” (Jr. 18:1-6).

No livro de Jeremias, Capitulo 18, Deus conduz o profeta a visitar uma olaria e a observar o trabalho de um oleiro. A visão do profeta serviria de mensagem para toda a nação de Israel: Deus, O Oleiro, Israel e o barro. A roda do oleiro e o tempo. A voz de Deus foi audível, naquele lugar. O trabalho dos oleiros, na confeção de vasos de barro, nunca mudou. É o mesmo, através dos séculos. A mensagem, portanto, a ser transmitida, permanece. O que é que Deus, nos fala através dessa metáfora?

A Sagrada Escritura utiliza-se de muitas figuras e expressões para revelar Deus e Seu modo peculiar de agir, dentre as quais quero destacar a figura do oleiro – citada em Jeremias 18:1-6ss. Tais versículos relatam a manifestação de Deus como um Oleiro, moldando, como a argila, aqueles que pertencem a Ele. Essa figura é rica em expressão e em significado, pois desvela Deus em Sua ação e amor, fazendo-nos compreender o singelo modo com que Ele nos acompanha e faz crescer.

A figura de Deus como um Oleiro e nós como o barro é uma das mais simples e solenes usadas na Palavra de Deus. Simples, pois facilmente entendemos o que Deus quer ensinar-nos com esta figura; solene, pois o que entendemos afeta profundamente nossa maneira de pensar e viver.

Há dois trechos na Palavra de Deus que tratam mais detalhadamente sobre este assunto: Isaías 29 e 30 e Jeremias 18 e 19. A figura é também usada em outros trechos, como Isaías 64:8: “Mas agora, ó Senhor, Tu és nosso Pai; nós o barro e Tu o nosso oleiro” e Romanos 9:21: “Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” Os dois trechos mencionados acima, porém, não apenas mencionam a figura de passagem, mas também tratam dela com bastante detalhe.

O tema do “oleiro e do barro” na Bíblia dá-nos uma das mais belas fotos, impressionante e inspiradora da soberania de Deus sobre os homens e a história, e mostra-nos vivamente a mão constante dele, artista, amoroso em todas as nossas atividades. A figura é detalhada em dois trechos não por mera repetição, mas para destacar duas verdades importantes relacionadas com o Oleiro e com o barro. Em Isaías a ênfase é no barro, e em Jeremias no Oleiro. Isaías destaca a Palavra de Deus, e Jeremias as ações de Deus.

O contexto desse texto bíblico é o de advertência. Deus está advertindo o Seu povo para o facto de que a desobediência a Deus atrai a Sua ira e a obediência atrai o Seu favor. Assim, se um povo, para o qual a ira de Deus está dirigida, se arrepender e se converter da sua maldade, também o Senhor se arrependerá do “mal que pensava fazer-lhe”. Porém, se o povo para o qual o favor de Deus estiver dirigido, não der ouvidos à Sua voz, Ele se arrependerá “do bem que houvera dito que lhe faria”.

Por isso o Senhor leva o profeta a observar o oleiro fabricando o seu vaso de barro, que, por não ter ficado bom, necessita de ser refeito, numa alusão à mudança de vida necessária para que o povo agrade ao Senhor. Mas há um outro aspeto, que também precisamos abordar: a olaria. Precisamos entender o que representam aquelas figuras da olaria nos projetos de Deus.

1. A olaria de Deus:

Após escutar a voz de Deus, Jeremias desceu à casa do oleiro e passou a observar o oleiro trabalhando o barro. O profeta observou que o oleiro em questão fazia a sua obra sobre as rodas. Perceba que o ato de trabalhar o barro até formar os vasos é uma obra específica do oleiro. Em determinado momento, o vaso que estava sendo moldado quebrou-se, e o oleiro tornou a fazer do vaso quebrado outro vaso. Tudo o que foi realizado pelo oleiro era conforme o seu parecer.

De tudo que o profeta Jeremias observou podemos destacar o seguinte:

A matéria-prima que o oleiro utiliza sobre as rodas é o barro; o produto final da obra do oleiro é o vaso; quando um vaso, que está sendo moldado, se quebra, o oleiro pode utilizar a mesma massa, porém, o resultado final é outro vaso; o oleiro tem autonomia para fazer o vaso segundo o seu parecer.

O Profeta Isaías complementa o exposto por Jeremias: “Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra: Não tens mãos?” (Is. 45: 9).

É na casa do oleiro que o vaso é moldado. Se o Senhor Deus é o oleiro e nós somos os seus vasos, a Igreja é a casa do Oleiro, pois a Igreja é a casa de Deus. É lá que somos tratados, moldados e remodelados por Deus. Aconteça o que acontecer, não se afaste da igreja.

Há vários aspetos a considerar de tudo o que o profeta Jeremias observou:

a) O oleiro

O oleiro é uma das profissões mais antigas, a qual exige bastante concentração, dedicação e habilidade. Todo o oleiro tem um cuidado especial com o barro. Imagine olhando para um barro o qual para muitos não tem valor, às vezes jogado num canto e muitos até dizem: Não poderá deste barro criar uma obra preciosa.

O Oleiro, com destreza e paciência, molda o barro em um vaso, que, na roda de oleiro, é totalmente dependente dele, se deixa moldar, e espera que, este vaso seja sempre um vaso de honra, que as pessoas olhem admiradas para este vaso moldado e transformado pelo oleiro e se espantem com tanta beleza. Por isso Deus disse a Jeremias “desce à casa do oleiro”.

Deus anseia que entremos na olaria, no Seu Reino. Nós somos obra do Senhor e a cada dia ele nos molda para ficarmos segundo o desejo do Seu coração, segundo a forma que Ele planejou para que sejamos. Para nos moldar ele usa a “roda da vida”. Cada dia da nossa existência é como se fosse um giro dessa roda. Coisas boas e ruins acontecem, encontramos pessoas boas e ruins, o Senhor Deus usa tudo para moldar o nosso caráter, para nos fazer melhores. Só assim o barro ganha forma. Um material, pobre e fácil, tornado excelente. “Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro para que a excelência do conhecimento seja de Deus e não de nós” (2 Co 4:7). Um paradoxo: Seres humanos, frágeis, tornando-se instrumentos nas mãos de Deus. E nesse processo, Ele perdoa, a todo o que se fizer servo. Ele revigora as forças do abatido, animando-o a prosseguir. Como o vaso, que quebra na roda de moldar e torna a juntar a massa e faz outro vaso, ainda melhor ou seja e recebe nova vida, Ele não abandona o vaso, despedaçado em suas mãos.

Que Deus em Cristo, nos faça recordar, sempre, que éramos barro, destinados à perdição: Arrastados pela água, ressecados pelo sol, levados pelo vento. O Oleiro, nos recolheu. Entregues em suas mãos, nos tornamos vasos. Moldados para o serviço. Louvado seja o Oleiro!

Segundo o texto bíblico o próprio Senhor se identificou como o oleiro “entregue à sua obra”. Essa é a figura do oleiro que está trabalhando na construção de vasos de barro e que, certamente, tem uma visão e um projeto específico para cada um de seus vasos. Vê-se claramente que esse Oleiro não Se dá por satisfeito com vasos de qualquer modo. Ou o vaso sai como deve ser ou terá de ser refeito. Nosso Deus é um Oleiro muito exigente e tão Perfeito na Sua obra, que não tem dificuldade alguma para recomeçar a formação de um vaso sempre que for necessário. Aleluia!

Só o oleiro, uma pessoa com experiência e sabedoria, pode moldar ou mesmo refazer o vaso de forma tal que o mesmo saia perfeito até aos últimos detalhes. Ele conhece a obra que cria e sabe exatamente qual o momento e a situação adequada para aperfeiçoar a criação.

O Oleiro e o barro – Deus exerce o seu poder sobre o barro, ou seja, o poder do Oleiro Eterno é exercido especificamente sobre o barro, diferente da ideia difundida de que o poder de Deus ou a sua soberania é a imposição da sua vontade sobre alguns vasos.

Deus conhece as nossas vidas, sabe o que podemos fazer e até onde podemos chegar. Tudo aquilo que acontece na nossa vida é porque o senhor tem um propósito grandioso em nossa vida de nos colocar em vitória, em patamares que nem imaginamos. De acordo com o Salmo 139: Antes mesmo de nascermos o Senhor escreveu cada minuto, cada segundo e cada instante de nossas vidas no Seu livro.

b) O barro

O Barro, em seu estado bruto, não serve para manuseio, na roda de oleiro. Precisa, passar por todo um processo, até se tornar elástico, para modelagem: Colhe-se o barro, peneira-se, mistura-se com água, deixa-se de molho (para livrar das impurezas) e é pisado até sair todas as bolhas de ar (enfraquecem o vaso na hora de passar pelo forno). No forno, o barro, enfim, se torna mais resistente.

O barro é a matéria-prima do vaso. Nós somos o barro e o Senhor é o Oleiro, ou seja, Aquele que põe as mãos no barro para formar os vasos que Ele idealizou. O comparativo estabelecido por Paulo demonstra que Deus exerce o seu eterno poder criativo (soberania) sobre o barro (massa), para trazer à existência os homens (vasos) “… ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso…”. Este verso demonstra que Deus exerce poder quanto à criação dos homens (poder sobre o barro para fazer vasos), porém, como é próprio da sua santidade, Deus a ninguém oprime, ou seja, Ele não exerce o seu poder criativo com o fito de obrigar as Suas criaturas (vasos) a submeterem-se ao seu senhorio. O oleiro não exerce o seu poder sobre os vasos, antes o seu poder é exercido sobre o barro, podendo fazê-los (criar) conforme o estabelecido pelo seu propósito eterno: vasos para honra e vasos para desonra.

Muitos de nós temos dificuldade para lidar com o barro, pois não o achamos limpo, há risco de adquirirmos doenças, fala de sujeira, de algo que não é agradável de manusear. Lidar com o barro é lidar com algo pegajoso, que causa repulsa e dá a impressão de falta de limpeza ou higiene. Ninguém, de bom senso, teria prazer em manusear o barro. Mas o nosso Oleiro não pensa nem age assim. Ele tem experiência com o barro e sabe fazer grandes obras com ele. Desde a criação do homem que Ele lida com o barro (Gn. 2:7).

Nós é que nos surpreendemos quando nos vemos como o insignificante barro ou quando vemos a insignificância do barro de que os outros são feitos. Nós, é que temos dificuldade de lidar com o barro até que aquele bolo de lama se torne algo digno de ser usado e apreciado. Somos muito escrupulosos para lidarmos com o barro e, via de regra, o deixamos de lado sempre que temos a necessidade de trabalhar com ele até que se torne vaso útil. Temos dificuldade de lidar com os torrões do barro, isto é, com aquelas coisas empedradas que dificultam o manuseio da massa e a confeção de bons vasos, como as fragilidades, os pecados, as feridas e traumas emocionais e etc..

Às vezes fazemos coisas erradas, pois estamos no meio de uma aprendizagem. Outras vezes são até mesmo erros graves; estragamos tudo, mas, se estivermos nas mãos do oleiro ele fará de nós um outro vaso. Este é o segredo: nossa vida precisa estar sempre nas mãos de Deus. Eventualmente cometeremos erros, simplesmente pelo facto de não sermos perfeitos.

Quando éramos crianças e estávamos começando a andar, todos nós, sem exceção, caíamos ao tentar andar, mas, nossos pais nos ergueram a cada vez que caíamos. “O cair é do homem, mas o levantar é de Deus. Ouse andar com Deus” Se você cair, não ficará prostrado, pois o Senhor o levantará.

“Tornou a fazer dele outro vaso segundo bem lhe pareceu.” Isto precisa de ser bem assimilado. Quando nos estragamos nas mãos de Deus ele faz um outro vaso, um vaso novo segundo bem lhe parece. Não seremos mais os mesmos. Temos que esquecer o passado e partir para o futuro confiantes na misericórdia do Senhor que é grande. Não adianta viver na nostalgia, na saudade daqueles tempos e etc., temos que olhar para frente, agirmos como vasos novos, prontos para sermos cheios de coisas novas. Quando Deus faz um vaso novo, na minha opinião, Ele o faz melhor do que o anterior. Querer ser o mesmo vaso de antes traz lembranças ruins, frustração… encarar o facto de que se é um vaso novo traz desafio.

O barro só pôde ser reaproveitado porque estava mole, maleável. A água e a chuva são um símbolo do Espírito Santo. A ação dEle em nossas vidas faz-nos maleáveis. Exponha-se à ação do Espírito em sua vida. Deixe que Ele o amacie. Para melhor entendimento do que estou falando, vamos ler a respeito de outro vaso, no mesmo livro do profeta Jeremias, exatamente no capítulo seguinte, o 19. Parece que pela ordem em que o assunto foi abordado, Deus estava querendo comunicar-nos algo.

Assim diz o Senhor: Vai, compra uma botija de oleiro e leva contigo alguns dos anciãos do povo e dos anciãos dos sacerdotes. Sai ao vale do filho de Hinom, que está à entrada da Porta do Oleiro, e apregoa ali as palavras que eu te disser…” (vs. 1, 2). “Então, quebrarás a botija à vista dos homens que foram contigo e lhes dirás: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Deste modo quebrarei eu este povo e esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que não pode mais refazer-se…” (Jr. 19:1, 2 e 10, 11)

Isso não é interessante? No capítulo 18 lemos sobre um vaso que se estragou e encontrou recuperação e aqui, no capítulo 19 lemos de um vaso que, sendo quebrado não pode ser recuperado. Por quê? Muito simples. Aquele estava mole, maleável, tratável, corrigível; este, endurecido pelo tempo, já estava seco. Cuidemos, pois, das nossas vidas para que não fiquemos com os corações endurecidos, secos e sejamos quebrados de uma só vez. Espero que estas breves letras o impulsionem para estar mais perto de Deus. Seu lugar deve ser nas mãos do Oleiro Celestial.

a) O Vaso

Do barro fomos criados (Gn. 2:7) e ao barro tornaremos (Ec. 12:7). Vivemos, portanto, para o objetivo de sermos levados “à casa do Oleiro”. Um digno destino. A olaria, simboliza, o Reino de Deus.

Algumas porções de barro se tornam, “vasos de honra” (2 Tm. 2:21). Carregam tesouros (2 Co. 4:7), outras, vasos de desonra (Rm. 9:21): Passaram pelo Oleiro, porém, estão a carregar coisas impuras, ilícitas, produtos de roubo, morte e destruição. Relaciono estes, aos apostatas, pessoas que deixaram “o primeiro amor”, no afã de se tornarem, servos de Mamon. Vasos de desonra.

Ainda existe, um terceiro e triste destino para um vaso: ser quebrado. “...Deste modo quebrarei eu a este povo, e a esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que não pode mais refazer-se...” (Jr. 19:11). A quebra do vaso, pelas mãos de Jeremias, tinha o propósito de alertar as pessoas de seus graves pecados. Simbolizava julgamento. Israel, passara, de vaso de honra, para desonra e por fim seria destruído. A utilidade (ou inutilidade) do vaso, define sua longevidade. Que tipo de vaso, estamos sendo?

O ser humano, pecador, cheio de impurezas, barro, no estado bruto, chega à “Olaria” para ser trabalhado. Somos escolhidos (At. 9:15), purificados (Jo. 17:17), provados (Sl. 11:5) e aprovados (2 Tm. 2:15).

c) A amassadeira

Em toda a oficina de oleiro há a amassadeira, que é um recipiente onde o barro é colocado para ser molhado com água e amassado até chegar no ponto de poder ser moldado. Em alguns casos, o barro bruto é primeiramente socado e pisado até que os torrões de terra maiores e mais resistentes (pedras grandes, lixo, raízes, etc.) sejam quebrados; depois, com as mãos, o oleiro vai destruindo os torrões menores, esfarelando-os um a um. Assim faz Deus com o homem em seus primeiros momentos na sua presença. São as primeiras experiências de transformação que o Senhor realiza na vida do homem. O próprio Senhor Jesus começa a delinear e a apresentar ao homem o caminho (aos pés de Jesus). Neste ponto, o novo convertido é convencido pelo Senhor a deixar aquelas grandes impurezas que ele traz consigo, aquelas coisas que ele começa a perceber por si mesmo que não agradam ao Senhor, através do contacto com o Espírito Santo e do testemunho da igreja. É quando a luz entra no seu coração e começa a expulsar as trevas.

A amassadeira não é um lugar muito agradável de se trabalhar, nem bonito de se ver, porque ali se pisa o barro ou se coloca a mão nele, e o aspeto daquela caixa de madeira é de lama e sujeira. No entanto, nenhum oleiro pode dispensar a amassadeira se quiser fazer um bom vaso; logo, para que se tenha um bom vaso, ela é extremamente necessária. Não há bom vaso sem amassadeira, porque é nela que os torrões, grandes ou pequenos, que atrapalham a obra são removidos e é também lá que o barro chega no ponto de ser usado pelo oleiro. Muitos de nós queremos ser vasos moldados e usados por Deus, mas não queremos passar pela amassadeira de Deus.

Precisamos de entender que o primeiro passo na formação de um vaso é ser barro nas mãos do Oleiro e o segundo passo é entrar na amassadeira de Deus. Com torrões, grandes ou pequenos, o resultado da obra fica comprometida e o nosso Oleiro sabe disso. É por isso que às vezes Deus precisa que sejamos moídos e esmigalhados para darmos boa obra em Suas mãos. São muitos os meios que Deus usa para nos moer: dificuldades, circunstâncias adversas, pedidos não respondidos, humilhações, certos fracassos e derrotas, portas fechadas, caminhos obstruídos e etc..

Às vezes o processo de ser moldado por Deus é muito doloroso e difícil, mas, o melhor é que Deus está nos moldando! Quando Deus começa a moldar-nos à sua Imagem, Ele usa com frequência o calor e a pressão da nossa vida diária a fim de transformar-nos em belos instrumentos de honra para o Seu uso.

d) A água

Há algo mais que precisamos aprender em relação à oficina do oleiro. Em todas as etapas do trabalho com o barro, é imprescindível a presença da água, para que o barro possa ser trabalhado, para que haja plasticidade, ou seja, ele possa ser moldado sem se quebrar. A ação do Senhor e do ministério na vida do servo está sempre diretamente relacionada com a presença do Espírito Santo. É Ele quem nos convence das nossas falhas e faz com que aceitemos as orientações que direcionam a nossa vida na obra. O barro, como o homem na presença do Senhor, precisa estar sempre húmido, ou seja, cheio do Espírito. É preciso lembrar que o oleiro é o Senhor, e o ministério as suas mãos. As mãos agem de acordo com o comando do cérebro.

Em todas as amassadeiras o oleiro usa água para amolecer o barro, facilitar a destruição dos torrões e dar a liga necessária para a confeção do vaso. Eis uma figura maravilhosa do Espírito Santo no processo da confeção dos vasos de Deus. Sem Ele a amassadeira se torna inviável e jamais o barro poderá ser moldado. Através dEle os torrões da nossa vida, que tanto atrapalham a obra de Deus em nós, podem ser facilmente esfarelados e destruídos, liberando-nos para darmos boa liga e nos amoldarmos às mãos santas e sábias do Oleiro. Lembre-se, que quando os grandes torrões estiverem no caminho Deus lhe dará força extraordinária, que você nem imagina que tem para empurrá-la e a bênção de Deus se manifestará neste instante.

A água representa o crente cheio de poder, ungido com o Espírito Santo, e de tal forma tão poderosamente que dele possa sair virtude. A Bíblia relata, sobre o apóstolo Pedro, que por onde quer que passava a sua sombra, os enfermos eram curados. E também, o próprio Jesus, quando a mulher com fluxo de sangue o tocou, disse: “Eu senti que de mim saiu virtude”. Em Isaías 61:1-2 está escrito: “O Espírito do Senhor me ungiu para apregoar o ano aceitável do Senhor”.

Existem jazidas próximas a rios, fontes, lençóis freáticos e etc.. Nestes lugares, o barro é bom, de fácil manuseio e muito mais fácil de ser extraído. Isso fala-nos acerca de pessoas que já têm em seus corações o desejo de conhecer o Senhor, de ter uma experiência com o Deus vivo mesmo quando ainda estão neste mundo. Pessoas que no primeiro encontro com o Senhor já se definem pela sua Obra, se convertem na primeira experiência. Alguns até vivem de religião em religião em busca de encontrar O Caminho. Já existe uma proximidade (identificação) com o Espírito Santo (a água).

Quando a jazida está longe da água, é necessário um trabalho maior para a extração do barro. Este é um barro mais duro e é necessário levar jatos d’água até o local para permitir a sua extração. Assim são algumas pessoas que demoram para se converterem. Muitos servos, às vezes, ficam anos orando e lutando para que seus familiares se convertam. São como o barro duro, ressecado, mas há também um projeto para estes. Embora demore, mas a promessa do Senhor é que a nossa casa também será salva (At. 16:31). A forma de agir é estar sempre levando “água” até estas pessoas, através do testemunho da presença do Espírito Santo na vida do servo.

e) A roda do oleiro

A roda é a mesa de trabalho do oleiro. Nela o oleiro coloca a massa de barro moldável para dela formar um vaso. Em cima dela estão as mãos do oleiro e em baixo dela estão os seus pés; com as mãos ele molda o vaso e com os pés ele movimenta a roda. Ela tem o movimento de rotação, que pode ser para a direita ou para a esquerda e com velocidades variáveis, segundo a necessidade e a vontade do oleiro.

É na roda que o oleiro dá forma ao vaso, fazendo a massa de barro girar com a roda, enquanto ele coloca suas mãos na massa (uma por fora, outra por dentro), com extrema sensibilidade, para moldar e também para perceber os prováveis torrões, agora pequenos e quase impercetíveis, mas que podem impedi-lO de realizar a boa obra em nós, ele vai construindo a peça de barro, sendo uma mão pelo lado de fora e a outra pelo lado de dentro do vaso que está sendo moldado. É imprescindível que haja a mais perfeita harmonia de todos os movimentos nesta etapa. Ainda neste ponto, podem-se descobrir impurezas no barro, e, quando isso acontece, ao retirá-las, o oleiro “fere” a peça e precisa quebrá-la para fazê-la de novo, para que não seque com aquela deformidade. No final, uma esponja é passada no exterior do vaso para que fique bonito e sem arestas.

Esta etapa apresenta várias características:

A roda do oleiro representa a igreja, o nosso caminhar com Deus.

Os dois discos de madeira representam os servos na comunhão que são usados para a “modelagem” do homem quando entra na obra e enquanto caminhamos na presença dEle, Ele vai conduzindo e moldando nossas vidas para fazer de nós vasos segundo o Seu propósito eterno, limpando-nos de todo o torrão impeditivo da boa obra.

A roda maior representa o grupo de assistência, e a roda menor representa a assistência pessoal (do pastor, do diácono, do servo) ao novo convertido

A harmonia dos movimentos representa a harmonia da Obra. Se não houver harmonia entre o oleiro e a roda, o vaso ficará deformado, assim como se a igreja, os grupos de assistência e cada servo não estiverem em harmonia com a Revelação que movimenta a Obra, serão produzidos novos servos cheios de problemas e deformados em relação ao padrão que o Senhor determina para o seu povo.

O movimento da roda em torno do eixo representa o dinamismo da Obra em torno da Revelação.

A ação das mãos representa a ação do ministério na comunhão do Espírito Santo, trabalhando o interior e o exterior do servo, ou seja, não só o seu testemunho (exterior), mas também a sua visão de Obra, as suas convicções (interior).

As impurezas encontradas nesta etapa representam as pequenas coisas que ainda existem na vida de muitos servos e que são descobertas no momento em que ele está sendo moldado para um uso na obra do Senhor. Ao tirá-las, o oleiro “fere” o vaso, ou seja, estas “impurezas” que resistiram até aqui são aquelas que o servo mais tem dificuldade de se libertar delas. Muitas vezes dói, machuca o nosso eu, e até mesmo adia a bênção, pois o vaso precisa de ser quebrado para ser novamente moldado. Se isso não acontecer, o vaso secará deformado

Se a impureza não for retirada, quando for ao forno, certamente quebrará: Se o ministério (as mãos), ao descobrir a falha, não agir, no futuro, quando for provado, o servo não resistirá e perderá a bênção e certamente suas obras não prosperarão.

Por fim, a esponja retira os excessos: a ação do Espírito Santo, através do ministério, no preparo do servo para um bom testemunho.

f) O forno

A etapa do forno diz respeito à provação maior a que o servo se submete. Na Obra, para ser usado, o servo precisa ser provado e aprovado pelo Senhor. Esta é a última etapa e se ainda houver falhas ou impurezas no barro, o estrago poderá ser irreversível ao ser levado ao forno. Ele não só quebrará, como também poderá espatifar-se em inúmeros pedaços e tornar-se impossível a reconstituição.

O forno é confecionado de tijolos, que também é barro, mas há um detalhe interessante: a massa utilizada para a construção do forno não leva cimento. Ela é feita de areia e mel (homem mais Espírito Santo), caso contrário, o próprio forno não aguentaria o calor e desabaria, destruindo, inclusive, todos os vasos que estivessem dentro dele.

O forno é tipo da igreja, no meio da qual arde o calor do Espírito Santo e apesar de sermos tijolos (barro) e areia (fragmentos de rocha), a doçura do Espírito e o amor do Pai, é o que nos une e nos faz estar em comunhão para viver uma experiência que o homem sem Deus não suportaria: a presença real do Espírito Santo de Deus no nosso meio. Muitas igrejas por não darem lugar ao Espírito Santo é que desabam espiritualmente e os crentes sofrem as consequências.

A lenha que queima é tipo dos servos que são usados pelo Espírito na igreja, através dos dons espirituais, da busca pelo culto profético, na assistência, na evangelização e etc.. Através desta experiência é que o Espírito age na igreja.

O fogo precisa de estar bem quente para que haja a perfeita consolidação do barro (aproximadamente 980 ºC), caso contrário o vaso ficará pronto, mas não terá consistência e se quebrará facilmente. Assim acontece na obra: a igreja precisa de ter experiências profundas com o Senhor, sinais maravilhosos de sua presença para dar consistência ao servo, sobretudo no momento de provação maior.

O vaso tem que ser colocado no forno com a boca virada para o fogo para que haja uma perfeita secagem e consolidação do barro, ou seja o servo precisa estar voltado para o Espírito Santo, para não só suportar a prova, mas ser adequadamente formado para o bom uso na casa do Senhor, o nosso Triunfante Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Vários vasos podem ser colocados juntos (inclusive um sobre o outro) dentro do forno, mas deve-se observar que os menores e mais leves fiquem por cima. Mesmo na provação, o servo desta obra serve de apoio a outros que estão passando por lutas em suas vidas. Constantemente, servos oram por outros, mesmo quando estão necessitados de oração pelas lutas que estão vivendo.

O vaso deve passar em média 24 horas dentro do forno. Nós, servos, muitas vezes somos imediatistas, queremos que a luta termine logo e que sejamos usados na igreja, levantados para o grupo de louvor, ou para o grupo de intercessão. Cabe ao Senhor o tempo necessário para estarmos preparados. O que importa não é ser usado logo, mas ser bem preparado para ser um “vaso de bênçãos nas mãos do Senhor”.

Vale ressaltar que todo o processo, desde a extração do barro até a sua confeção, demora vários dias. Um vaso para ser preparado leva, em média, 20 a 30 dias para estar pronto para o uso. Da mesma forma o Senhor age connosco: a Ele pertence o tempo para estarmos prontos para o uso na sua casa. Não adianta querermos apressar este processo, pois nós mesmos é que seremos prejudicados, não tendo consistência para ser usados.

Como falado anteriormente, até antes do forno o vaso pode ser quebrado e refeito. Depois que passa pelo forno, se o vaso rachar ou quebrar, só há duas coisas a fazer para tentar recuperar o barro:

Tentar reparar o vaso, o que seria um “arranjo” e deixaria marcas visíveis. Na vida do servo, depois de passar pela prova e ser usado, quando ele quebra, mesmo que seja reparado, ficarão marcas, algumas bem visíveis, por toda a vida e farão com que ele não possa ser usado com todo o potencial, pois sua resistência está comprometida.

Desmanchar o vaso e moer o barro. Neste ponto, entretanto, o barro não tem mais a mesma maleabilidade, a mesma liga, e não pode mais ser feito um vaso dele. Ele só serve para a confeção de esculturas. Isso nos fala de quando o servo sofre um grande dano em sua vida espiritual, depois de ter passado pelo forno. Ele até pode voltar a ser um servo e a estar na condição de barro nas mãos do oleiro, mas dificilmente poderá ser usado novamente como um vaso. Ele apenas terá uma forma definida pelo Pai, assim como uma escultura, e muitas vezes só serve de “enfeite” na igreja

A fornalha do oleiro é uma das fases fundamentais no processo de formação de um vaso. É no forno que o vaso sustentará a forma que o oleiro lhe deu e a consistência correta para ser vaso. Se o vaso não passar pelo fogo não prestará para funcionar como um vaso, porque além de reter o que nele é colocado, se deixa manusear para verter o que precisa ser derramado. Vaso que não passa pelo fogo perde a forma e não funciona!

Deus tem suas fornalhas para nos enrijecer e nos tornar vasos úteis para a Sua obra. As circunstâncias adversas, as críticas desagradáveis, os elogios, a desonra, enfim, tudo aquilo que possa mexer com a nossa essência, positiva ou negativamente, pode representar algum tipo de fornalha de Deus em nossas vidas. Por meio delas o Senhor vai consolidar tanto a nossa forma como a nossa funcionalidade. Quem passa pela fornalha de Deus, e não perde a forma, se torna vaso útil nas Suas mãos. Como toda a olaria tem a sua fornalha, também o fogo de Deus faz parte do processo de formação dos vasos de Deus.

Resistir ao fogo de Deus é rejeitar o processo de formação de Deus. É pelo fogo que o vaso será provado: na olaria comum, se perder a forma ou se trincar, será declarado inútil e descartado, mas na olaria de Deus, voltará para a amassadeira, onde será novamente amassado, moído e, encharcado pelas águas do Espírito, se tornará moldável, retornará à roda e reiniciará o processo, até que se torne vaso útil nas mãos de Deus. Portanto, se você está como muitos, frequentemente na amassadeira e na roda do Oleiro, não desanime, nem abandone o processo, porque isto só prova que há esperança para si, pois o nosso Deus é o Oleiro Perfeito, que jamais desiste de fazer de nós vasos úteis, para honra e segundo o Seu propósito. É necessário, entretanto, buscar a santificação e viver um processo de “purificação” das falhas e resíduos do mundo em que vivíamos para que o Oleiro possa trabalhar as nossas vidas e possamos alcançar o propósito de Deus para elas.

5 comentários:

  1. muito bom sua linha de pensamento para a construçao do estudo .

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  2. muito bom sua linha de pensamento para a construçao do estudo .

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  3. simples como deve ser e objetivo como deve ser,assim é a palavra que sai da boca de DEUS.

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  4. Muito bom ! me ajudou muito em conhecer a respeito deste assunto

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