Vivemos num mundo de portas fechadas. Portas de oportunidades se fecham
por causa do desemprego, da pobreza e do analfabetismo. Portas de
relacionamentos rompidos, hostilidade e sentimentos doentios que nos afastam
uns dos outros. Portas de fracassos e derrotas. Acima de tudo, portas que
fechamos para Deus por causa do medo, da dúvida e da incredulidade.
Seria bom
se nenhuma dessas portas existisse, especialmente as últimas três.
Sei que
nosso Salvador não aprecia portas fechadas. Os evangelhos contêm inúmeros
relatos sobre como Jesus abria as portas fechadas da vida das pessoas comuns.
Veja, por exemplo, o estupendo episódio relatado em João 20:19-21. Lemos: “Ao
cair da tarde daquele primeiro dia da semana, estando os discípulos reunidos a
portas trancadas, pôs-se no meio deles e disse: ‘Paz seja com vocês!’…
Novamente Jesus disse: ‘Paz seja com vocês! Assim como o Pai Me enviou, Eu os
envio.’ E com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo’”.
Por que os discípulos fecharam as portas?
Medo. O medo pode fechar portas. Ele
paralisa e imobiliza as pessoas. Ele tem o poder de isolá-las num canto
qualquer. Mas os discípulos nada tinham a temer. Bem cedo naquele dia, eles
haviam visto a tumba vazia. Foram testemunhas oculares de muitos milagres que
Jesus realizara. Viram Jesus alimentar mais de 5.000 pessoas com apenas dois
peixes e cinco pães. Alguns deles tinham-nO visto caminhar sobre as ondas e
ordenar ao mar revolto que se acalmasse.
Dúvida. A dúvida está implícita no texto.
Mas o fato de Jesus Se haver preocupado em mostrar aos discípulos as marcas em
Suas mãos, indica que eles ainda precisavam ser convencidos da realidade de Sua
ressurreição. “E se Ele realmente não ressuscitou dentre os mortos? E se
estivermos enganados?” Os discípulos deviam estar preocupados com essas
questões quando Jesus apareceu entre eles naquela tarde pascal.
Culpa
e vergonha.
Também é possível que os discípulos tenham fechado a porta por causa da culpa e
vergonha. Eles deveriam estar sentindo a dor do fracasso e do remorso por
haverem desapontado a Jesus. Lembram-se daquela fatídica noite de quinta-feira?
Até Pedro, provavelmente o mais destemido dentre os discípulos, traiu o Mestre.
Os
discípulos tremiam de medo, tinham dúvidas e relembravam o fracasso quando, de
repente, Jesus apareceu e Se pôs no meio deles. Ele veio pela porta dos fundos,
por assim dizer, e trouxe Consigo as chaves que abriram a porta da frente da
vida dos discípulos. Aquelas chaves incendiaram o cristianismo durante o primeiro
século. Essas mesmas chaves nos estão disponíveis hoje.
Chaves para uma vida cristã plena
A
chave de uma nova paz. As portas de nossa vida podem estar fechadas pelo pecado, o fracasso e
a culpa. Podemos não encontrar um trabalho decente porque nosso currículo não é
dos melhores. Não temos condições de erguer nossa cabeça por causa de um
passado comprometedor. Não podemos fazer o máximo que nossas capacidades
permitem, por causa do ódio, da frustração ou do remorso. Para todos nós Jesus
diz: “Paz seja com vocês”!
Paz
não é a ausência de problemas. Não é uma vida isenta de turbulências. A verdadeira paz vem quando o
Príncipe da Paz reina no coração. Quando Jesus governa nossa vida, temos paz.
Foi somente quando nosso Senhor estava no barco e bradou: “Aquiete-se”, que os
discípulos foram salvos daquela terrível tempestade no mar da Galiléia. Foi
somente quando o endemoninhado gadareno encontrou a Jesus, que sua esposa e
filhos puderam finalmente abrir-lhe as portas da casa e viverem todos em paz.
Foi somente porque Jesus estava presente que a festa de casamento em Caná foi
salva de um grande fiasco.
Assim como
fez com os discípulos, Jesus veio para nos trazer a chave da paz. Ele está
insistindo conosco agora: “Abra a porta da frente”. Por favor, não diga:
“Sinto muito, ela está fechada”. Experimente a alegria de Sua salvação e
você se encherá de paz.
A
chave de um novo propósito. Nossas portas podem estar fechadas por causa de relacionamentos
rompidos. Assim como o pecado faz com que fujamos de Deus, o medo e o trauma
fazem com que nos apartemos uns dos outros. Os discípulos, naquele domingo da
ressurreição, estavam prontos a se isolarem do resto do mundo. Foi para lhes
abrir a alma que Jesus trouxe a chave de um novo propósito. Ele lhes disse: “Assim
como o Pai Me enviou, Eu os envio”.
Quando
temos a chave de um novo propósito, abrimos a porta do serviço e cuidado para
aqueles que têm sido feridos por relacionamentos rompidos. Podemos ir e tocar a
vida das pessoas com uma nobre agenda e motivos generosos. Não servimos porque
queremos ser salvos. Fazemo-lo porque estamos salvos. Servimos porque a paz e o
propósito de Deus criaram em nós um forte desejo de ajudar os outros.
A
chave de um novo poder. Nossas portas podem estar fechadas por fracassos e dúvidas. Assim como
o pecado faz com que fujamos de Deus e uns dos outros, o fracasso faz com que
fujamos de nós mesmos. Muitos se voltam para o álcool, as drogas e mesmo o
esporte para compensar o senso de fracasso. Para todos nós, Jesus traz a chave
de um novo poder.
Poder é um
dos artigos mais procurados no mundo moderno. As pessoas se tornam heroínas por
causa de poder. Outros têm sido destruídos pelo poder. Há vários tipos de
poder: coercivo, utilitário e legítimo.
Poder
coercivo é aquele que dá ordens e usa a punição para forçar a obediência. Os
militares e policiais usam o poder coercivo como meio de obter submissão. Há o
perigo de se confiar demais nesse tipo de poder, porque geralmente ele provoca
alienação, hostilidade e ira.
O poder
econômico ou utilitário usa recursos para induzir outros a se ajustarem às suas
expectativas. Esse tipo de poder produz cooperação e comprometimento apenas
enquanto as compensações econômicas se mantêm num nível satisfatório. Mas, o
uso do poder utilitário traz consigo o espírito de ambição e outros problemas.
O poder
legítimo é derivado da posição que se ocupa. Um professor bem-preparado e
dedicado tem poder legítimo sobre seus alunos. Foi-me uma surpresa quando
ministrei minha primeira prova à classe de pós-graduação onde eu ensinava. Não
me havia passado pela mente que poderia levar um grupo de alunos internacionais
(alguns dos quais eram líderes da igreja e muito mais velhos do que eu) a
apanharem uma folha de papel imediatamente, assim que anunciei o teste. O poder
legítimo pode ser útil, mas nem sempre é suficiente. Esse tipo de poder algumas
vezes faz com que as pessoas oponham resistência.
Jesus
concede poder espiritual. A última chave que Jesus deu para os discípulos naquele domingo à
tarde, foi a do poder do Espírito. “E com isso, soprou sobre eles e disse:
‘Recebam o Espírito Santo’. O Espírito Santo é a chave poderosa que torna a
vida bem-sucedida para Deus e a humanidade.
Pense nos
discípulos trancafiados naquela sala durante o domingo da ressurreição. Lá
estava Pedro, que negara a Cristo três vezes. Lá estavam Tiago e João, que
viviam discutindo sobre quem seria o maior entre os seguidores de Jesus. Lá
estava Tomé, o discípulo da dúvida. Lá estavam algumas mulheres anônimas. Todos
eles tinham pouca educação formal, se é que a tinham. Mas, quando receberam o
poder do Espírito Santo, viraram o mundo de cabeça para baixo.
Jesus
está disposto a conceder a todos o poder do Espírito. Tem você relutado em se aventurar
por Cristo, em razão de seus fracassos no passado? Tem você sido tímido demais
para pensar grande, para fazer grandes planos para Cristo, por causa da dúvida
ou medo do fracasso? A todos nós Jesus diz: “Abram a porta da frente. Por
favor, não digam: “Sinto muito, estamos fechado”. Experimente as
maravilhas desse poder.
Conclusão
As portas
de uma vida de sucesso e realização não podem estar fechadas. Jesus tem as
chaves. Ele diz: “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e
a porta lhes será aberta” (Lc. 11:9). Ele também diz: “Eu Sou a porta;
quem entra por Mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (Jo.
10:9).
Há, porém,
uma porta que pode estar fechada. Jesus hoje apela: “Eis que estou à porta e
bato. Se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e
ele Comigo.” (Ap. 3:20) Abramos-Lhe a porta da frente de nossa vida. A
qualquer momento Jesus, o Noivo, virá. Então Ele fechará todas as portas da
oportunidade. E àqueles que não tiverem as chaves, o Senhor dirá com tristeza: “Não
o conheço. Sinto muito, estou fechado”! (cf. Mt. 25:1-13).
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