Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 4 de abril de 2012

LEVA-NOS À VIDA ABUNDANTE

 
        “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo. 10:10).
Durante quase dois mil anos, os cristãos têm confortado e ensinado uns aos outros:
Que quando Deus criou o universo, o fez com o único objetivo de tornar o homem participante de Sua perfeição e bem-aventurança e, assim, mostrar nele a glória do seu amor, sabedoria e poder.
Que logo no limiar da Bíblia Sagrada, a revelação de Deus à humanidade, vemos claramente o significado de “vida”. Após criar o homem, o Senhor o pôs no jardim que havia formado no Éden e lhe disse que poderia comer livremente de toda a árvore que havia no jardim, mas, se comesse do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, traria como consequência a “morte” (Gn. 2:16, 17).
Que o Senhor havia dito ao primeiro casal que a “vida” consistia na obediência ao Senhor, que a comunhão com Deus era “vida”. O contrário daquilo, ou seja, a desobediência, a busca de um caminho próprio sem Deus era a “morte”. Por isso mesmo, esta comunhão era simbolizada por uma árvore que ficava no meio do jardim, chamada de “árvore da vida” (Gn.2:9), cujo acesso foi negado ao ser humano assim que ele desobedeceu ao Senhor (Gn. 3:22-24).
Que Deus desejava revelar a si mesmo dentro e por meio dos seres criados à sua imagem e semelhança, comunicando-lhes tanto de Sua própria bondade e glória quanto eles fossem capazes de receber.
Que Deus é eterno, omnipresente e omnipotente, e que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder, e em que todas as coisas existem, a relação do homem com Deus somente poderia ser uma relação ininterrupta, absoluta e universal dependência.
Que tão certo como Deus, pelo Seu poder, criou uma vez, assim também, pelo mesmo poder, Deus nos sustenta a cada momento.
Que o homem não tem somente de olhar para trás, para a origem e para os primórdios da existência, e reconhecer que todas as coisas vêm de Deus.
Que seu principal cuidado, sua virtude mais elevada, sua única felicidade, agora e por toda a eternidade é apresentar a si mesmo como um vaso vazio, no qual Aquele que entrou pela porta que João Batista abriu e que se tornou a porta que permanece aberta a todos os que se apresentam a Ele que é o Bom Pastor, possa habitar e manifestar o Seu poder e bondade.
Que a revelação principal da Bíblia é a vida, e que em contraste com a atividade perversa do ladrão que não só veio para roubar, isto é, despojar o povo do que lhe pertence, mas também para destruir, por palavras e atos, Jesus afirmou que tem por missão e desígnio que suas ovelhas tenham o gozo da vida plena, a vida abundante (Jo. 10:10), porque Ele pela operação incessante do seu grandioso poder comprou esta vida com a sua morte.
Que em Cristo, temos a redenção (Rm. 3:24), ou seja, somos libertos do pecado, não mais precisamos pecar e que, sendo livres do pecado, podemos habitar os “lugares celestiais”, ainda apenas no homem interior, mas, brevemente, em corpo, alma e espírito quando o Senhor vier nos buscar, quando nosso corpo também será redimido (Rm. 8:23).
Que em Cristo, estamos mortos para o pecado (Rm. 6:11), ou seja, fomos separados do pecado, o qual não pode mais nos dominar, e que, por isso, não nos fazemos presa das concupiscências mundanas, como, infelizmente, nos propõem os “teólogos da prosperidade”, pois não podemos permitir que venham a nos retirar esta liberdade que alcançamos “em Cristo” (Gl. 2:4).
Que em Cristo, não temos mais nenhuma condenação (Rm.8:1), estamos com a “ficha limpa” diante de Deus e, por isso, podemos entrar no trono da graça e desfrutar da comunhão com o Senhor. Não andamos mais segundo a carne, mas segundo o espírito, pois o espírito humano foi vivificado e controla todo o nosso ser, dando-nos testemunho de que somos filhos de Deus.
Que em Cristo, somos santificados (1 Co. 1:2), ou seja, mantidos separados do pecado a cada dia, a cada instante, a fim de podermos ver a Cristo (Hb. 12:14). Não podemos, pois, nos misturar com o pecado nem com aquilo que nos fará pecar.
Que em Cristo, temos simplicidade (2 Co. 11:3), ou seja, “sincera e pura devoção a Cristo”, vivemos aqui para glorificar o nome do Senhor Jesus, somos dedicados a agradar-Lhe e não a nós mesmos, nem tampouco a nossos desejos carnais.
Esta é a verdadeira “vida abundante”, uma vida terrena que glorifica a Deus e que prossegue na eternidade. Esta é a verdadeira felicidade do homem, a verdadeira prosperidade, a real abundância que um mortal pode esperar desde aqui e que continuará a desfrutar nos céus.
Foi esta “vida abundante” que Jesus veio trazer aos homens, é esta a “vida abundante” que o Senhor Jesus dá a cada um que O recebe como Senhor e Salvador. Não há qualquer necessidade que esta vida, para ser “abundante”, venha acompanhada de ouro, prata, bens ou saúde física, até porque a vida para lá desta fase passageira não terá coisa alguma disto e será muito melhor do que qualquer um destes elementos.
É esta “vida abundante” que temos buscado, amados irmãos? É isto que nos leva a adorar e exaltar o nome do Senhor Jesus? Ou estamos correndo atrás de Cristo apenas como instrumento para nos deleitarmos em nossos desejos carnais? Ou estamos fazendo o uso do nome de Cristo apenas para termos posses e mais posses, ou mesmo saúde física? Jesus veio ao mundo para buscar e salvar o que se havia perdido (Lc. 19:10) e a perdição não era falta de bens materiais ou de saúde, mas, sim, a falta de comunhão com Deus.
Em nossos dias, parece haver muita confusão sobre o que constitui uma vida abundante. De facto, a expressão Vida Abundante veio a significar quase tudo. Por exemplo, para alguns, ela significa saúde psicológica; para outros, prosperidade material; e outros creem que significa libertação do sofrimento. Em contraste, cremos que há uma vida abundante, que não depende dos favores deste mundo, como riquezas ou nobre nascimento, mas sim de uma busca contínua da santidade que honra a Deus. É a santidade – humildade de espirito, tristeza pelo pecado, fome e sede de justiça – que irá produzir em nós essa bênção jubilosa, sobre a qual Jesus falou no Sermão do Monte (Mt. 5:7).
A “vida abundante” tem como meta, como objetivo o tornar-nos “um com o Senhor”, ou seja, tornarmo-nos um ser com a mesma vontade, o mesmo desejo, o mesmo sentimento que tem o Senhor.
A “vida abundante”, portanto, quer levar-nos para uma situação similar à do apóstolo Paulo, que tinha uma intimidade tão profunda com o Senhor que já dizia que não era ele quem vivia, mas, sim, que Cristo é que vivia nele (Gl. 2:20).
Assim, a vida dos salvos, dos santos, tem necessariamente de exibir o selo da libertação do pecado e restauração do seu estado original; todo o seu relacionamento com Deus e com o homem tem de ser marcado por uma humildade que tudo permeia. Sem isso não se pode permanecer verdadeiramente na presença de Deus ou experimentar do seu favor e o poder do seu Espirito; sem isso não há fé, ou amor, ou regozijo ou força permanentes. A santidade é o único solo no qual a graça enraíza-se; a falta de santidade é a suficiente explicação de todo o defeito e fracasso. A santidade não é apenas uma graça ou virtude como outras; ela é a raiz de todas, pois somente ela toma a atitude correta diante de Deus, e permite que Ele faça tudo.
Na vida dos cristão sérios, aqueles que buscam e professam a santidade, a humildade tem de ser a marca principal de sua retidão.
Quando percebemos que esta é a verdadeira nobreza e consentimos ser com nossa vontade, nossa mente e nossos afetos – a forma, o vaso no qual a vida e a glória de Deus estão para trabalhar e manifestar a si mesmas, nós vemos que a humildade é simplesmente conhecer a verdade de nossa posição como homens e permitir a Deus ter o Seu lugar.
Deste modo, a vida abundante é a vida livre do poder do pecado e cheia do poder do Espirito Santo, concentrada em agradar a Deus e descansar no Seu amor.
A “vida abundante” demonstra-se, pois, por esta mudança de perspectiva em nossa “vida terrena”, onde continuamos a comer, beber, vestir, continuamos a prosseguir a nossa jornada sobre a face da Terra, mas não mais tendo em conta a saúde física, fama, posição social, acumulação de bens, satisfação dos desejos, mas, sim, a glorificação do nome do Senhor, esperando-O para que venhamos a habitar na cidade celestial.
Nenhuma árvore pode crescer se não for na raiz da qual brotam. Com isto em vista, é de inconcebível importância que tenhamos pensamentos corretos do que Cristo é – do que realmente O constitui como o Cristo – e especialmente do que pode ser considerado como Sua característica principal, a raiz e a essência de todo o seu caráter como nosso redentor.
Lamentavelmente, aquilo que muitos cristãos precisam para terem uma vida abundante não é encontrado em muitos livros de autoajuda cristã hoje em dia. Em vez de orientação para conhecer e agradar a Deus, que é a maneira de encontrar a vida abundante, recebemos filosofias centradas no homem sobre como amar mais a si mesmo, como tirar mais proveito da vida, como se afirmar. Nossa maior necessidade é sermos ignorados. O que mais necessitamos é conhecer a Deus. Precisamos de conhecê-lo intimamente, porque fomos destinados a viver para Ele. O Senhor nos conhece completamente, pois Ele é aquele que “olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens… Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as Suas obras” (Sl. 33:13, 15).
O que o salvo não pode concordar é que, uma vez tendo alcançado a salvação em Jesus, venha alguém se iludindo com uma mensagem de construção de um “paraíso na Terra” sem Jesus, sem Deus. “Sem Mim, nada podeis fazer”, disse o Senhor Jesus (Jo. 15:5). Por isso, toda e qualquer ideologia, doutrina ou filosofia que defenda que o homem, por si só, pode construir uma “vida abundante” sem a pessoa de Cristo é frontalmente rechaçada pelos salvos, pois sabem eles que isto não passa de um ludibrio, de uma mentira que, como toda a mentira, tem origem em seu pai, ou seja, no diabo (Jo. 8:44).
O primeiro passo que devemos dar é admitir que fomos criados para a alegria do Senhor e não para o nosso deleite. A vida cristã é frequentemente fraca e infrutífera, se a própria raiz do Cristo-vida for negligenciada e desconhecida. Nossa verdadeira felicidade surge quando fixamos os nossos olhos, as nossas esperanças e os nossos desejos em Cristo e os mantemos n’Ele, renunciando a toda a honra dos homens, como Jesus fez, para buscar a honra que vem somente de Deus. Uma vez decididos a concentrar-nos em Cristo, o amor a Deus e ao próximo irá incentivar-nos a nos entender e a oferecê-lo a outros. Ele nos motivará a estudar e a viver piedosamente, a fim de que outros sejam abençoados.
Cristo descobriu que essa vida de total abnegação e dependência da vontade do Pai era uma vida de perfeita paz e alegria. Ele não perdeu nada dando tudo para Deus. Deus honrou Sua confiança e fez tudo por Ele, e, então O exaltou à Sua mão direita em glória.
A vida abundante piedosa é aquela que descobriu o lado prático da teologia. É nesse estado de mente, nesse espirito e disposição, que a redenção de Cristo tem sua virtude e eficácia. Muitos cristãos pensam erradamente que a teologia não é prática. Nada pode ser menos verdadeiro. Em vista dos cristãos não serem geralmente ensinados a aplicar a Bíblia à sua vida diária, este mal-entendido persiste.
Se o desejo do seu coração for um estilo de vida cristão e fiel para a glória de Deus, e andar na vida abundante prometida por Cristo, você não atingirá o alvo se começar consigo mesmo como centro ou foco da vida ou se começar guiado por filosofias humanas. Devemos partir do lugar certo, tendo Deus como fonte e significado de toda a vida, com a sua glória e alegria como primordiais, e com a Sua Palavra como a luz sobre o seu caminho e o único guia para a vida.
A verdadeira sabedoria é desejar conhecer tudo aquilo que Deus deseja que conheçamos; é empregar nossa faculdade e raciocínio sob a direção divina e não buscar nada além deste limite. Andemos com os olhos vendados e Deus, com a Sua mão, nos guiará.
A vida abundante pode ser sua, porque você tem um Pastor amoroso para protege-lo. Ele preparou um pasto verdejante para a sua alimentação, deu-lhe água viva para beber; é Ele que restaura a sua alma. Podemos encontrar uma vida rica e compensadora com Deus, agora e na eternidade, e podemos compartilhar esta vida com os nossos irmãos. Nossa oração é que os cristãos se ajudem uns aos outros a andar nesta vida abundante para a glória de Deus.
Jesus, o Manso e Humilde, nos chama para aprender Dele o caminho de Deus. Creiamos que o que Ele mostra, Ele dá; o que Ele é, Ele concede.
É quando a verdade de um Cristo que habita interiormente toma o lugar pelo qual ela clama na experiência dos crentes que a Igreja colocará as suas belas vestes e a vida abundante será vista em seus mestres e membros como a beleza da santidade.
Aquele que está desfrutando Deus num grau indescritível adquire um gosto muito refinado. Portanto, não se envolve facilmente com as coisas terrenas. Aquele que já conheceu esse alto estado, e deixa o Senhor, e se permite ser culpado por ofensas contra ele, é quem o procura apenas em razão dos prazeres e da sua bondade. Não busca a Deus apenas por ele mesmo.
O cristão tem que aprender que não deve percorrer somente a metade do caminho, mas precisa de áreas além disso. Desde o início, O Senhor está nos alertando a buscarmos a Sua Santa Presença, a fim de vivermos uma vida em santificação, com vistas a estarmos preparados para todos os acontecimentos preconizados, em todas as esferas da humanidade.
Por isso, quando lemos a Bíblia, devemos entrar em contato com o Senhor Jesus, orando para que Ele nos dê revelação da palavra (Ef. 6:17-18 “Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”), e orando também para que sejamos capacitados, pelo Espírito Santo, a viver a palavra de Deus, e não só apenas conhece-la em nossa mente, pois o simples facto de conhecermos a Bíblia não nos faz um cristão. Os judeus cometeram esse erro, pois eles examinavam as escrituras, mas não conheciam a pessoa de Cristo (Jo. 5:39-40 “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida”). Isso pode ser melhor compreendido ao analisarmos o versículo de 2 Co 3:6: “o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”. Não devemos tomar a Bíblia como um livro comum, apenas para trazer-nos algum conhecimento em nossa mente, mas devemos tomá-la, como um livro de vida, contatando o Senhor Jesus, através da oração, para que Ele nos conceda algo vivo em sua palavra, ou seja, algo que traga uma lição prática para o nosso viver no dia a dia, pois a intenção de Deus revelada na Bíblia não é apenas a salvação do nosso espírito, e sim a salvação de todo o nosso ser, para que consigamos viver coletivamente na igreja a vida abundante, que é comparada ao corpo e a esposa de Cristo (1 Tm. 2:4 “o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”; 1 Ts. 5:23 “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”; 1 Co. 12:27 “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo”; Ap. 19:7 “Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou”).

Sem comentários:

Enviar um comentário