INTRODUÇÃO ÀS ALIANÇAS
Desde os primórdios da história, os
homens entraram em acordos, pactos e alianças uns com os outros. Seu propósito
seria o de especificar as condições de uma venda ou negócio. O contrato
envolveria certas “considerações” (um termo legal, sem o qual o contrato é
nulo); também clausulas ligando contratantes e promessas de fidelidade.
Nos tempos antigos as alianças eram
seladas ou confirmadas de muitas maneiras. Antes de tudo oralmente e na
presença de uma terceira pessoa.
Gestos ou atitudes envolviam
frequentemente o processo, como o apertar de mãos, comer sal, fumar cachimbo,
quebrar uma flecha, misturar o sangue dos participantes (daí a expressão
“irmãos de sangue”).
Uma das mais expressivas e fortes maneiras de aliança era o sacrifício de
um pequeno animal.
Mais tarde, à medida que se desenvolvia a escrita e se estabeleciam
sistemas de lei, a “lei do contrato” passou a existir. Através dela os acordos
eram firmados sob a forma de uma lei comum, de forma que, colocando dois homens
o seu nome num acordo e falhando uma das partes, a atingida poderia apelar a
seu soberano (rei, governador, magistrado) e exigir pagamento ou punição da
parte faltosa.
DEFINIÇÃO
BÍBLICA DE “ALIANÇA”
Biblicamente aliança é um contrato, um pacto, um acordo
ou sociedade entre duas pessoas ou duas partes em que se estabelecem
compromissos de deveres, obrigações e privilégios, objetivando um bem comum das
partes.
A palavra hebraica correspondente a “aliança” é (em
hebraico: berith; em grego, segundo a tradução da Septuaginta, diatheke),
que significa literalmente “chegar a um acordo através de um sacrifício
dividido”.
A palavra “aliança” no hebraico também significa
“cortar”. Por isso, quando eu “corto” uma aliança, eu estou dizendo: “Eu dou a
minha vida para si e você dá a sua vida para mim.”
A cerimónia de aliança era marcada pelo sacrifício e o
sangue derramado era o selo da aliança. As partes envolvidas na aliança tomavam
um ou mais animais e sacrificavam-nos. Em seguida cortavam-nos ao meio; cada
metade representava um dos envolvidos na aliança. E colocando então cada metade
sobre dois diferentes altares, as partes passavam entre as metades significando
que se uma delas falhasse naquele pacto a outra parte teria o direito de fazer
com ela o mesmo que havia sido feito ao animal, ou seja: sacrificá-lo!
O sacrifício de animais era obrigatório na aliança porque
a palavra empenhada das partes envolvidas numa aliança não era suficiente para
firmar um pacto, pois é próprio do ser humano faltar com sua palavra,
especialmente se as circunstâncias lhe são desfavoráveis. O sacrifício do
animal lembrava o empenho do juramento que não poderia ser quebrado. Pois assim
como a vida do animal não poderia retornar, também a palavra não poderia ser
quebrada.
Consulte Génesis 15:8-20 e leia sobre a aliança que Deus
fez com Abraão, descendo em forma de fogo e passando entre os pedaços dos
animais mortos, em resposta à sua pergunta: “Senhor Deus, como saberei que hei
de possui-la?” (v. 8).
Leia também Jeremias 34:18-20, quadro vivo da transação
de uma aliança.
A maior confirmação de uma aliança com Deus, tanto no
Velho como no Novo Testamento, era através do sangue. Assim disse Moisés: “Eis
aqui o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas
palavras” (Êx. 24:8). Jesus disse: “Porque isto é o meu sangue, o sangue da
nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt.
26:28).
A ALIANÇA COM ADÃO
“Mas eles transgrediram a
aliança, como Adão” (Os. 6:7).
1. O Livre Arbítrio
Do Homem
Para o nosso entendimento da criação, é fundamental
lembrar que no princípio, Deus, que é Espírito, decidiu fazer um mundo
material. O mundo material e o mundo espiritual coexistiriam em harmonia, sendo
que o mundo espiritual, habitado por Deus e pelos anjos, estaria acima do
material. Deus quis fazer um planeta material, com pessoas materiais, porque
queria morar dentro dessas pessoas no mundo físico e visível. Talvez, não
tenhamos a capacidade de compreender por que ele quis assim, mas é isso o que a
Bíblia revela.
Deus não estava satisfeito só no mundo espiritual com
seres celestes. Ele gosta da ideia de espírito viver dentro de um corpo. É
assim que ele quer. Por isso, depois de fazer o mundo material, na presença dos
anjos e do mundo espiritual, ele criou o ser humano do pó da terra, à sua
própria imagem. Depois, soprou sua própria vida para dentro do homem, para
dar-lhe uma parte de si mesmo. Não foi a plena habitação de Deus nele, mas foi
o começo, o primeiro estágio. Assim, o homem tornou-se um ser vivo, metade de pó
da terra e metade de Deus. Esse foi o primeiro Adão.
Porém, Deus ainda não estava satisfeito. Seu plano não
era habitar em apenas um indivíduo. Por isso, tomou o homem, tirou dele uma costela
e fez a mulher. Então, disse-lhes: “Sede fecundos e multiplicai-vos”. Ele
queria ter muita gente para poder morar em todos eles, num mundo perfeito e
bonito.
Para poder ter um relacionamento com o homem e a mulher e
habitar neles, Deus deu-lhes o livre arbítrio. Também lhes deu uma missão
e autoridade para executá-la.
Disse-lhes: “Tomem domínio sobre toda a Terra; dou-vos autoridade sobre todo o
planeta, sobre todos os seres vivos”.
Quando Deus diz uma coisa, sua palavra não pode mudar;
ela permanece para sempre. Para nós, pode até parecer um grande erro Deus ter dotado
o homem da importante capacidade de livre arbítrio - a capacidade de praticar
tanto o bem quanto o mal, e colocado o planeta em suas mãos. Mas ele sabia o
que estava fazendo.
Deus desejava não apenas receber a automática adoração
dos anjos, mas esperava também ter comunhão com um ser que espontaneamente
escolhesse observar o mandamento que Ele lhe dera, amando-O, adorando-O e
obedecendo-O! Assim era o homem no estado de inocência, o seu estado primitivo,
antes que tivesse a experiência do mal, enquanto ainda não fizera aquela
escolha fatal.
O psicólogo pentacostal suíço Dr. A. Von Orelli explicou
da seguinte maneira a diferença entre o homem e o animal: este nasce com um
“cartão perfurado” que vai para o computador de seu cérebro. Reage
instintivamente, respondendo sempre da mesma maneira aos estímulos de fome,
medo, frio e etc. Já o homem nasce com um “cartão em branco” no qual faz os seus
próprios furos. Enquanto influenciado por sua hereditariedade e meio ambiente,
ele é livre para fazer aquelas escolhas que, quando desenvolvidas, formam a
chamada “personalidade”. Sendo assim, se de um lado todos os animais seguem
padrões idênticos durante a vida, de um outro lado o homem se enfrenta
continuamente com as mais variadas situações. A capacidade para escolher, a
vontade livre ou livre arbítrio é a diferença básica entre o homem e todo o
restante da criação de Deus.
O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, possui uma
mente, um coração e uma vontade. A mente ou o intelecto, permite-lhe pensar
racionalmente, não por instinto puro, como um animal. O coração ou a emoção,
permite-lhe sentir, diferentemente de um robô ou uma máquina, experiências
humanas. A vontade ou algo volível, permite-lhe tomar as decisões ou fazer as
escolhas que têm consequências morais. É a sua capacidade para agir, uma
capacidade que lhe permite escolher isso sobre aquilo e aqueles ao invés
destes.
O livre arbítrio é o poder que a vontade tem de se
determinar por si mesma, por sua própria escolha, a agir ou não agir, sem ser
constrangida a isso por força alguma, externa ou interna.
2. O Cabeça Da Raça
Humana
Este é um termo teológico que significa representação. Dois
cabeças da raça humana existiram – Adão e Cristo – e com cada um deles Deus fez
uma aliança. Tanto Adão como Cristo atuaram no lugar de outros, cada um
representando legalmente pessoas definidas. Adão representou toda a raça
humana, enquanto Cristo, todos aqueles que o Pai Lhe haveria de entregar.
Quando Adão pecou, quebrando dessa forma a sua aliança
com Deus, toda a raça humana inteira mergulhou no pecado e na morte do pecado,
o que significa que todos nós nascemos dotados da natureza decaída de Adão e
sem os preciosos dons de conhecimento, justiça e santidade com os quais a natureza
humana foi originalmente dotada. Quando ele caiu, todos os homens caíram;
quando morreu, todos morreram com ele. Ele pecou, e todos sofrem e vêm ao mundo
com uma natureza corrompida. Veja o que Paulo escreveu: “Porque assim como em
Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Co.
15:22).
Deus não lançou sobre Adão a escuridão de seu julgamento
quando ele pecou no Jardim, antes agiu com Graça com Adão e sua família. Ele
fez isto porque sabia que havia um segundo Adão para quem Ele podia
voltar Seus olhos. Este segundo Adão suportaria o pecado do primeiro Adão e de
sua descendência. Mas, quando o Seu filho amado, o segundo Adão veio, e na Cruz
suportou sobre Si a culpa do pecado do homem, não havia nenhum terceiro Adão
para quem Deus pudesse voltar Seus olhos. Portanto, Deus escureceu o sol e a
luz de Seu semblante para Seu Filho, e daquela raça cujo pecado Jesus agora
suportava. Daquela horrível escuridão, o nosso Senhor clamou: “Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste”? Mas não houve nenhuma resposta. Deus estava agindo
com justiça para com o pecado humano. Ele não poderia poupar Seu próprio Filho
e não o faria, uma vez que via o pecado sobre Ele. Nisto, podemos ver como Deus
considera o pecado.
Romanos 5:12-21 explica claramente acerca do cabeça da
raça humana - Adão.
Sendo Cristo, o Verbo que estava “com Deus no princípio”,
obediente até à morte, garantiu a redenção do homem e a restauração do favor de
Deus. É a resposta de Cristo - daquele por meio de quem todas as coisas foram
feitas e sem ele nada foi feito, “porque nele foram criadas todas as coisas:
Coisas no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou
soberanias, poderes ou autoridades, todas as coisas foram criadas por ele e
para ele” - em que a aliança, de obediência (justiça) pela fé em nome da
humanidade, era o arquétipo da Sua resposta adequada dentro da Sua história
como o segundo Adão. Vencendo a morte, todos também venceram com Ele. Daí a
fácil compreensão do significado da frase, “estar em Cristo”. “Se alguém está
em Cristo é nova criatura” (2 Co. 5:17).
Embora à razão humana possa parecer injusta a condenação
de todo o género humano por causa do pecado de Adão, apraz a Deus lidar com
ele, desta maneira, isto é, através dele, representante de toda a raça humana.
O Principio da representação é um dos fundamentos de toda
a sociedade. O pai é o cabeça legal de seu filho, assim uma casa comercial é
legalmente responsável pelos atos de seus agentes.
Reis, presidentes e governantes são revestidos de autoridade
para fazer tratados e pactos que abrangem toda a nação. Toda a eleição política
ilustra o facto de que, através de um representante eleito, atue a vontade do
povo, sendo o povo preso pelos atos do seu representante. Assim é com a
sociedade humana que não poderia funcionar sem os seus representantes. Não se
deve estranhar, então, que Deus aja também dessa maneira racional.
3. A Natureza Do Pecado
Antes de Adão e Eva pecarem, o Céu e a Terra estavam
interligados. Os rabinos dizem que era como um sobrado, com uma escada entre os
dois andares. Havia acesso diário entre o homem e Deus; o homem podia ver Deus,
e Deus visitava o homem. Tinham comunhão um com o outro. Mas, quando Adão
pecou, Deus precisou afastar-se do homem. Colocou uma separação entre o Céu e a
Terra, uma barreira que impedia o homem de ver Deus. Além disso, o homem foi
expulso do jardim do Éden, e Satanás foi condenado a ficar preso na esfera que
escolheu, no pó da terra.
O pecado tem como natureza
sempre a de se exaltar. O primeiro pecado não foi de Adão mas de
Satanás. Quando aquele querubim, ungido como guardião e estabelecido por Deus,
que era “o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura”, se
elevou no seu coração por causa da sua formosura, ele corrompeu a sua sabedoria
(Ez. 28:11-19). Por isso ele disse no seu coração: “Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do
norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Is. 14:11-16). Quando isso
aconteceu, o primeiro pecado se completou e a sua natureza foi exposta. A
natureza do pecado é a de se exaltar.
O primeiro pecado foi por Satanás, mas, entre o género
humano, foi Adão e Eva que foram os primeiros a pecar.
Na primeira aliança que Deus fez com Adão e Eva, no Éden:
Deus deu-lhes a Terra e o pleno domínio sobre os animais; deu-lhes fartura de
alimento, abençoou-os e disse-lhes que deveriam frutificar e multiplicar. Mas
estabeleceu condições: Não deveriam comer do fruto da árvore da ciência do bem
e do mal. O princípio da obediência estava criado. Se comessem da árvore
proibida, morreriam. Desobedeceram, quebraram a aliança e experimentaram
imediatamente a morte moral e espiritual, e, depois, a morte física. Convém
lembrar que em todos os concertos há promessas de bênçãos, mas há a
contrapartida da fé e da fiel obediência. (Gn. 1:27-30; 2:16-17; 3:2-20). A
aliança com Adão é conhecida como aliança adâmica ou edénica.
É na aliança entre Deus e Adão que descobrimos a natureza
do pecado. Inteiramente falsa e inadequada é a ideia popular sobre o que faz do
homem um pecador. Muitos creem ser aquele que comete e pratica o pecado. Se bem
que isto corresponda ao caráter do pecador, contudo não o constitui
em si um pecador.
Somos legalmente constituídos pecadores, não pelo que
somos ou estamos fazendo, mas pela desobediência de Adão, nosso cabeça
representante, que na criação, recebeu uma natureza isenta de pecado. Ele não
atuou só por si mesmo, mas por todos quantos dele haveriam de nascer. Ele
perdeu sua pureza original no Paraíso com a primeira queda no pecado. A toxina
de sua corrupção contaminou toda a humanidade, que provém de progenitores que
pecaram, como a água envenenada que corre de uma fonte envenenada. Sendo assim,
antes mesmo de haverem cometido qualquer delito ou transgressão, todos os
membros da raça humana vêm ao mundo como pecadores culpados. Não apenas possui
o ser humano uma natureza pecaminosa, com já está condenado.
4. A Necessidade De Um Teste
Deus continuamente testa as pessoas de seu caráter, fé,
obediência, amor, integridade e lealdade. Deus provou
Abraão, pedindo-lhe para oferecer Isaac.
Deus provou Jacó, quando ele teve anos de trabalho extra para ganhar Raquel
como sua esposa.
Adão e Eva falharam o teste no Jardim do Éden; David falhou o teste muitas
vezes. No entanto, José, Rute, Ester e Daniel
passaram grandes testes.
O comando específico para Adão de não comer de uma
determinada árvore, não era, portanto, o único comando em que ele era obrigado
a obedecer. Ele foi dado simplesmente para ser o teste externo e visível
para determinar se ele estava disposto a obedecer a Deus em todas as coisas.
A própria natureza de uma aliança exige a possibilidade
da desobediência. Adão estava sujeito à autoridade d’Aquele que lhe dera a
vida. Sua razão estava sujeita a Deus; sua vontade estava sujeita à razão; seus
afetos e apetites, à sua vontade; o corpo era o órgão obediente da alma. Visto
não estar ainda confirmado o seu caráter, como os anjos ele teria que ser posto
à prova, submetendo-se a uma experiência que diria se ele prestaria ou não
obediência ao seu Criador. Se Adão não tivesse a capacidade de quebrar a
aliança, esta seria desnecessária.
A vida é um teste e uma relação de confiança, e quanto
mais Deus nos dá, mais responsáveis e obedientes, ele espera que nós sejamos.
Percebendo que a vida na terra é uma atribuição temporária, devemos alterar
radicalmente os nossos valores. Valores eternos devem tornar-se fatores
decisivos para as nossas decisões. Observe que é preciso ter fé para viver na
terra como um estrangeiro. Aqueles que vivem para Deus são os verdadeiros
vencedores na vida.
5. A Aliança
Uma aliança usualmente subentende um benefício mútuo
resultante ou uma busca conjunta de um objetivo desejado. A palavra hebraica hhavár
significa literalmente estar unido, mas é usada figuradamente para significar
‘estar aliado; fazer sociedade’. (Êx. 28:7; Sl. 94:20; 2 Cr. 20:35). A palavra
relacionada, hhavér, denota um aliado ou associado (Jz. 20:11; Sl.
119:63).
Após ter criado Deus Adão, à sua imagem, ele se tornou
alma vivente. Imediatamente o Senhor fez aliança com ele. Deus fez a Adão uma promessa
suspensa sobre uma condição, à qual estava anexa uma determinada pena pela
desobediência. Isto é o que na linguagem bíblica se entende por uma aliança, e
isso é tudo o que se entende pelo termo, como aqui utilizado. Esse pacto é chamado às vezes um pacto de vida,
porque a vida foi prometida como recompensa pela obediência. Às vezes ele é chamado o pacto das obras, porque as
obras foram a condição na qual essa promessa foi suspensa, e porque assim se
distingue da nova aliança que promete vida na condição de fé.
Esta aliança que Deus fez com Adão continha:
a) Uma permissão -Génesis 2:15-15
b) Uma promessa -Génesis 2:17
c) Uma penalidade - Génesis 2:17; 3:3
Enquanto as suas condições fossem obedecidas, esta
aliança de obras seria designada para proporcionar, como de facto proporcionou,
uma ininterrupta existência feliz, santa e imortal da alma e do corpo. A vida
de que as Escrituras falam e que está relacionada com a obediência, é o que
decorre da graça e comunhão com Deus, e inclui a glória, a honra e a imortalidade,
como o Apóstolo nos ensina em Romanos 2: 7. Sendo porém, desobedecida, sua penalidade seria a morte.
6. A Natureza Da Morte
“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não
comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
Quando Adão e Eva foram criados, entraram num
relacionamento moral com Deus, seu Criador. Tinham a responsabilidade de
obedecê-lo, sem nenhum direito inerente a recompensa ou bênção por tal
obediência. Deus, entretanto, pelo seu grande amor, misericórdia e graça,
voluntariamente entrou numa aliança com as suas criaturas pela qual adicionou à
sua lei uma promessa de bênção. Não se tratava de uma aliança entre
partes iguais, mas de uma aliança que descansava sobre a iniciativa de Deus e a
sua autoridade divina.
A aliança original entre Deus e a humanidade foi uma
aliança de obras. Nesta aliança, Deus exigiu obediência perfeita e total ao seu
governo. Prometeu vida eterna com bênção pela obediência, mas ameaçou a
humanidade com a morte, caso desobedecessem sua lei. Todos os seres humanos, de
Adão até nós, no tempo presente, inevitavelmente são membros dessa aliança. As
pessoas podem recusar-se a obedecer ou até mesmo recusarem-se a reconhecer a
existência de tal aliança, mas nunca poderão escapar dela. Todo o ser
humano se acha em relacionamento de aliança com Deus, seja como violador da
aliança ou como guardador da aliança. A aliança das obras é a base da nossa
necessidade de redenção (porque nós a violamos) e nossa esperança de
redenção (porque Cristo cumpriu seus termos por nós).
Génesis 2-3 ensina que a morte penetrou no
mundo por causa do pecado. Nossos primeiros pais foram criados capazes de
viverem para sempre. Ao desobedecerem o mandamento de Deus, tornaram-se
sujeitos à penalidade do pecado, que é a morte.
Deus não determinou que Adão deveria morrer física ou
espiritualmente, mas que deveria simplesmente morrer. Morrer no sentido total,
sem adjetivos ou qualificações.
Deus colocara a árvore da vida no jardim do
Éden para que, ao comer continuamente dela, o ser humano nunca morresse (ver Gn.
2:9). Mas, depois de Adão e Eva comerem do fruto da árvore do bem e do mal,
Deus pronunciou estas palavras: “és pó e em pó te tornarás” (Gn. 3:19). Eles
não morreram fisicamente no dia em que comeram, mas ficaram sujeitos à lei da
morte como resultado da maldição divina.
A penalidade de morte manifestada no pacto abrange um
prazo. “No dia em que dela comeres,
certamente morrerás”. É claro que i sto
não se refere à dissolução simples do corpo, porque a palavra morte, como usada
nas Escrituras, em referência às consequências da transgressão, inclui todo o
mal penal.
O salário do pecado é a morte. A alma que pecar, essa morrerá. Toda e
qualquer forma de mal, portanto, que é infligido como castigo pelo pecado, são
compreendidas sob a palavra morte. A ameaça de morte é o oposto da vida
prometida. Mas a vida prometida, como vimos,
inclui tudo o que está envolvido na existência feliz, santa e imortal da alma e
do corpo, e, portanto, a morte deve incluir não somente todas as misérias da
vida e da dissolução do corpo, mas também tudo o que se entende por morte
espiritual e eterna. Deus é a vida da alma. Sua graça e comunhão com ele
são essenciais para a sua santidade e felicidade. As consequências do pecado de
Adão foram a perda da imagem e da graça de Deus e todos os males que fluiu a
partir dessa perda. Contudo, é a partir da morte, que foi
pago pelo pecado de nossos primeiros pais, que somos redimidos por Cristo. Cristo, porém, não se limita apenas a
entregar o corpo do túmulo, mas também a salvar a alma da morte espiritual e
eterna, e, portanto, a morte espiritual e eterna, juntamente com a dissolução
do corpo e todas as misérias da vida, foram incluídos na pena inicialmente
inscritos para o pacto das obras. No dia em que
Adão comeu o fruto proibido, ele morreu.
O texto hebraico de Génesis 2:17 diz: “Morrendo estás
morto”. Isto é, mesmo em vida ele estava morto. Devido à sua desobediência,
todo o restante da vida de Adão se tornaria num processo de morte. Ele teria de
sofrer dor; sofrer cansaço pela necessidade intransferível de trabalhar;
angústia de espírito e aflição de mente. O Salmista descreveu esta morte
dizendo: “Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de
mim: caí em tribulação e em tristeza” (Sal. 116:3).
A Bíblia nos ensina ainda que a morte é separação de
Deus. Para descrever este aspeto da morte, Paulo usou a expressão “Alheios à
vida de Deus” (Ef. 4:18). Por causa da desobediência à aliança, a comunhão e a paz
de Adão com Deus foram perdidas no Jardim do Éden. Adão se viu tragicamente
separado de Deus.
Também é
claramente retratado o aspeto da morte eterna na pena do apóstolo. É assim que
ele a expressa: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm. 6:23).
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