A ALIANÇA COM
NOÉ
“Porém Noé achou graça diante do Senhor” (Gn. 6:8)
Depois da morte de Abel, Deus levantou outra
descendência em Sete, procurando numa geração após outra achar um grupo de
pessoas leais a ele a fim de introduzir sua semente na Terra, destruir o diabo,
redimir o homem e unir novamente o Céu e a Terra. Porém, a situação foi ficando
cada vez pior, até que todos estavam corrompidos, dominados pelo inimigo.
Quando parecia que não haveria ninguém, que Deus teria de destruir todos e
liquidar o seu plano, ele encontrou uma pessoa com quem poderia andar e
relacionar-se.
Assim, Deus julgou o mundo com o dilúvio, mas
preservou Noé e toda a sua família e, com eles, seu plano redentor. Quando
saíram da arca, depois que as águas baixaram, ele deu-lhes a mesma ordem que
havia dado originalmente a Adão e Eva: “Sejam fiéis, entrem em aliança comigo,
multipliquem-se, encham a Terra e assumam o domínio sobre ela”. Essa é a
primeira ordem de Deus ao homem: tomar posse e exercer domínio sobre toda a
Terra.
À medida que examinamos a narrativa bíblica sob
uma perspetiva global, vemos que a história de Noé tem algumas semelhanças
notáveis com a de Adão. Primeiramente, a história de Adão é a da criação de
Deus; a de Noé é, de certo modo, a da recriação. Com Noé é o dilúvio, Deus
destruiu o mundo velho e começou um mundo novo. As longas listas de animais
destruídos na inundação fazem-nos lembrar dos inúmeros animais que foram
criados em Génesis 1. Além disso, o aparecimento e o desaparecimento da água
representaram papéis proeminentes em ambas as narrativas. Finalmente, os
mandamentos de Deus para as pessoas, depois de cada evento, também foram
semelhantes. Tanto para Adão quanto para Noé as ideias de ser frutífero, de
aumentar em número e encher a Terra estão inclusas (Gn. 1:28; 9:1). Assim,
enquanto Adão pode ser visto como o pai do “velho mundo”, Noé pode ser encarado
como o pai do “novo mundo”.
1.
A Aliança Da Graça
O contexto da Aliança de
Deus com Noé aparece no desenvolver de duas linhas, e mostra a atitude de Deus
com ambas. Sobre a semente de satanás, ou seja, a descendência dele, estaria a
destruição total e absoluta, enquanto a imerecida graça seria derramada sobre a
semente da mulher, ou a sua descendência.
Em nossa caminhada pelas
Escrituras podemos discernir o caminho que Deus percorre em busca do ser humano
perdido através das alianças. Assim sendo vamos ver a aliança da graça sendo
ratificada num contexto onde o pecado se estava alastrando por toda a
humanidade posterior a Adão.
A aliança com Noé possui uma estreita relação com
a aliança criativa e redentora. Muito
do pacto que Deus faz com Noé é uma reafirmação do pacto da criação (aliança
das obras), expandindo assim o horizonte da redenção para além dos limites de
uma salvação somente da alma, o que de forma objetiva nos leva a crer que o
Senhor planeou a redenção integral da sua criação. Veja Génesis 6:20 comparando
com Génesis 1:24-25 e Génesis 9:1-2 comparando com Génesis 1:28.
Nesse sentido precisamos
entender que “ao invés de retrair-se estreitamente a uma forma restrita de
existência espiritual, o homem redimido deve avançar com uma perspetiva total
do mundo e da vida”. Consideremos ainda que o horizonte da esperança profética
está em plena sintonia com a aliança feita com Noé, bem como nos ensina a
mensagem de Oseias: “Naquele dia, farei a favor dela aliança com as bestas-feras do campo, e
com as aves do céu, e com os répteis da terra; e tirarei desta o arco, e a
espada, e a guerra e farei o meu povo repousar em segurança” (Os. 2:18).
A aliança com Noé revela a particularidade da
graça redentora de Deus. Após a queda
de Adão e Eva o pecado avança por toda a raça humana, como podemos observar no
registo sobre Caim (Gn. 4:5-8), Lameque (Gn. 4:17-24) até que em Génesis 6:1-4
é demonstrada “a difusa pecaminosidade humana”. Diante de tanta maldade Deus
pronunciou sua sentença de morte contra o pecado (aliança é um pacto de sangue)
por meio do dilúvio, todavia no meio da massa de depravados o Senhor voltou os
olhos graciosamente para Noé preservando-o e assistindo-o no meio do mundo
corrupto. Assim o texto sagrado nos dirige para a fundação da aliança como
resultado de “uma decisão divina totalmente autónoma” e unilateral da parte do
Senhor.
Esta foi a única aliança que, sujeita à lei, era
não obstante graça pura, pois não dependia de qualquer condição. Ela poderia
até mesmo ser mais acuradamente definida como promessa do que como aliança.
Porém dois factos nos obrigam a considerá-la como aliança. Em primeiro lugar,
por existir uma “consideração”, uma ação da parte de Noé capaz de tornar
possível a promessa; em segundo, por assim chamá-la a própria Bíblia, como
podemos constatar nas seguintes passagens de Génesis 8:18; 9:9, 11-13, 15-17.
A aliança com Noé provê
a estrutura histórica em que o princípio Emanuel pode receber sua realização
completa. Deus veio em julgamento; mas também providenciou um contexto de
preservação, no qual a graça da redenção pode operar. Da aliança com Noé
torna-se muito claro que o facto de Deus estar connosco envolve não somente o
derramamento de sua graça sobre o seu povo; como também envolve o derramamento
da sua própria ira sobre a semente de Satanás. A natureza dá testemunho
universal dessa graça.
2. A Paciência De Deus
Leia Génesis 6:5-7, 11-13.
A Bíblia diz: “A
paciência de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se construía a arca, na
qual poucas pessoas, isto é, oito almas, foram levadas a salvo através da água”
(2 Pe. 2:5; 1 Pe. 3:20). No tempo de Noé, a longanimidade de Deus foi grande.
Lemos que a paciência de Deus esperou nos dias de Noé (1 Pe. 3:20). Aqueles
foram dias de perversidade, mas Deus foi tardio em puni-los. Mesmo após ter
anunciado Seu plano de destruição do mundo, Ele esperou cento e vinte anos para
cumprir Seu propósito de mandar o dilúvio. Aqueles eram dias em que a
imoralidade sexual reinava; eram dias em que as ameaças divinas eram ignoradas;
eram dias de zombaria ao pregador da justiça de Deus; mesmo assim Deus esperou
para puni-los, pois Ele é o Deus paciente.
Sua paciência é
manifesta através das suas constantes advertências por causa dos pecados dos
homens. Antes de
derramar a sua ira, Deus admoesta o povo (Exemplos: Gn. 6:5-7; cf 1 Pe. 3:20; 2
Pe. 2:5). Deus adverte os homens de seus maus caminhos: “Por que contendes com
ele, afirmando que não te dá contas de nenhum dos seus atos? Pelo contrário,
Deus fala de um modo, sim, de dois modos, mas o homem não atenta para isso” (Jó
33:13-14).
Quando Deus faz uma aliança com suas criaturas, só
ele estabelece as condições, como mostra sua aliança com Noé e seus
descendentes (Gn. 9:9). Quando Adão e Eva fracassaram em obedecer os termos da
aliança das obras (ver Gn. 3:6), Deus não os destruiu, mas revelou a sua
aliança da graça, prometendo-lhes um Salvador (Gn. 3:15).
Da aliança entre Deus e Adão distavam muitos séculos.
Tão pertinaz e persistente era a maldade do homem, que a única solução possível
seria a sua destruição, com a exclusiva exceção de Noé e de sua família. O
longo e paciente sofrimento de Deus chegara ao clímax.
O propósito de Deus em mostrar paciência é de nos
conduzir ao arrependimento. “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade,
ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm.
2:4)?
No intervalo entre o pecado e a cobrança, precisa de haver arrependimento. Se o
pecador não aproveitar a sua oportunidade para se converter, a paciência de
Deus não tem valor nenhum. As pessoas que continuam no pecado, não se
arrependendo enquanto há esperança, caminham para a perdição. O Salmo 7:12-13
diz: “Se o
homem não se converter, afiará Deus a sua espada; já armou o arco, tem-no
pronto; para ele preparou já instrumentos de morte, preparou suas setas
inflamadas”.
A paciência de Deus oferece-nos a oportunidade de
nos arrependermos e de fazermos a vontade dele. Não devemos deixar
escapar esta oportunidade, e jamais devemos achar que a longanimidade de Deus
dá permissão para pecar mais. Jesus não voltou ainda por causa do desejo de
Deus de que todos se arrependam (2 Pe. 3:9). “Por essa razão, pois, amados, esperando estas
coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e
irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor...”
(2 Pe. 3:14-15).
A paciência de Deus pede a volta do pecador.
Isaías ensinou este princípio há mais de 2.700 anos, quando falou ao povo de
Judá: “Buscai
o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o
perverso, o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor,
que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”
(Is. 55:6-7). Deus está disposto a perdoar, mas ele não força
ninguém a se arrepender.
Em termos difíceis de se entender – dada a eterna
omnisciência de Deus – lemos em Génesis 6:6 a seguinte confissão: “Então se
arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração”.
Duas passagens no Novo Testamento testemunham o
facto de não haver jamais Deus destruído o homem pecador sem antes preveni-lo e
dar-lhe a oportunidade de arrependimento. Já Enoque, o sétimo depois de Adão,
anunciara o próximo julgamento de Deus contra toda incredulidade (Jd. 15); e
sabemos que Noé foi um “pregador da justiça”, como está escrito em 2 Pedro 2:5.
Vendo Deus o homem tão completamente depravado,
resolveu pôr um termo no primeiro grande período da história, destruindo-o com
o dilúvio. Mas até mesmo num ato desses, que constata a terrível fúria divina,
ainda aí encontramos a profecia da salvação: enquanto o iníquo é destruído, o
justo é salvo. A arca simboliza maravilhosamente esta perfeita salvação que
Jesus haveria de oferecer.
3.
A Fé De Noé
Leia Génesis 8:18-20 e Hebreus 11:7.
Noé é a décima geração desde a criação de Adão.
Ele é bisneto de Enoque, neto de Matusalém e filho de Lameque. Falar de homens
de fé, sem citar Noé, seria uma injustiça, porque ele alcançou graça diante de
Deus. Génesis 6:9 diz: “… Noé era varão justo e reto em suas gerações; Noé andava
com Deus”. Por isso seu nome está escrito na galeria dos heróis da fé em
Hebreus 11.
Para que a raça humana fosse preservada, alguém
tinha que crer na palavra de Deus, e este alguém foi Noé.
Noé pela fé viu o
dilúvio antecipadamente. “Noé pela fé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu”.
Deus sempre esteve atento a tudo o que acontece entre a humanidade, Ele observa
do céu e sabe o que vai na mente e no coração de cada indivíduo. Foi o que
aconteceu, conforme lemos no capítulo 6 de Génesis, o género humano se
corrompeu.
Deus havia criado tudo perfeito, mas no espaço de 10 gerações tudo estava corrompido, o mundo estava completamente afastado de Deus, com poucas exceções.
Deus havia criado tudo perfeito, mas no espaço de 10 gerações tudo estava corrompido, o mundo estava completamente afastado de Deus, com poucas exceções.
Com o dilúvio Deus pretendia refazer o mundo, mas
para isso teria que tirar da face da terra o ímpio com toda a impiedade, teria
que colocar um ponto final na existência humana, recomeçar com uma nova
civilização.
“E viu o Senhor que a maldade do homem se
multiplicava sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu
coração era só má continuamente” v. 5. Alguma coisa precisava de ser feita para
conter o pecado, então Deus anunciou o dilúvio, mas desde o anúncio até a
ocorrência foram 120 anos.
Alguma coisa precisava de ser feita para conter o
pecado e pela fé Noé anteviu o dilúvio. “Fé é o firme fundamento das coisas que
se esperam e a prova das coisas que se não veem”. Fé é acreditar por
antecipação, é ver o invisível. “E sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb.
11:1 e 6).
Noé foi um homem que viu o dilúvio antes de
começar a chover. Da mesma forma, somos desafiados a crer nas promessas de
Deus, pois o que ele promete, cumpre. Então precisamos de viver hoje as
promessas de Deus.
Por exemplo: Jesus promete morada no céu a todos os que creem nele “Na casa de meu Pai há muitas moradas, se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar” (Jo. 14:2). Pela fé podemos ver esta morada futura, e por antecipação podemos sentir aqui o prazer de ir morar no céu, confiados nas promessas de Jesus.
Por exemplo: Jesus promete morada no céu a todos os que creem nele “Na casa de meu Pai há muitas moradas, se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar” (Jo. 14:2). Pela fé podemos ver esta morada futura, e por antecipação podemos sentir aqui o prazer de ir morar no céu, confiados nas promessas de Jesus.
Nós somos sonhadores, por isso, precisamos de ter
alvos em nossas vidas, e acima de tudo perseguir os nossos alvos. Noé pela fé
viu as águas do dilúvio.
Pela fé Noé atendeu à
ordem de Deus de preparar-se. Deus sabe quando uma pessoa merece confiança; ele sabe quando alguém é reto
e justo. Deus não se engana, e ninguém o engana. Noé era um varão justo e reto
em suas gerações; por isso Deus o escolheu para continuar a raça humana. Noé
acreditou na palavra de Deus. Foi-lhe ordenado que construísse uma arca medindo
138m de comprimento, 23m de largura e 14m de altura; 9.522m2 de construção ou
65.000m3. Era de facto um grande navio, como alguns transatlânticos.
Noé preparou-se para o grande dilúvio e pela fé
construiu a arca e pela fé pregou 120 anos a respeito do dilúvio e da
necessidade de arrependimento. Mas o que ouviu foram críticas; o povo zombava
dele todos os dias, chamando-o de louco e dizendo que o dilúvio nunca
aconteceria. Mas ele não se cansou e nem desanimou.
Noé é um
exemplo de como a fé de um pai justo obtém uma bênção, não só para si mesmo,
mas para seus filhos também. Até Cão, o filho de Noé que, quanto ao seu
caráter, merecia perecer, foi salvo do dilúvio por meio da fé do pai. Isto
prova que, aos olhos de Deus, a família é considerada uma unidade, com o pai
como cabeça e representante. Os pais e os filhos são um só, e é neste princípio
que Deus agirá com as famílias do seu povo. Foi esse mesmo princípio que deu ao
pecado seu terrível poder no mundo.
A família foi
o instrumento através do qual o pecado alcançou seu domínio universal. Este
princípio seria agora resgatado do poder do pecado e adotado na aliança da
graça. A família agora serviria como a ferramenta para estabelecer o Reino de
Deus. A relação de pais e filhos tinha sido o meio de transmitir e estabelecer
o poder do pecado. Agora a família seria o veículo para a extensão da graça do
Reino de Deus.
Noé foi um homem de fé e deixou-nos um exemplo
digno de ser imitado. Viveu um dos tempos mais difíceis de toda a história,
quando a raça humana se havia corrompido totalmente, mas ele foi achado justo e
reto diante de Deus, andava com Deus.
O homem que é
justo aos olhos de Deus não é tratado meramente como indivíduo, mas no seu
papel como pai. Quando Deus abençoa, ele tem prazer em abençoar de forma tão
abundante que a bênção transborda para a casa do seu servo. O pai é mais do que
o canal designado para suprir as necessidades materiais do filho. O pai que crê
precisa de enxergar-se como canal escolhido e administrador da graça de Deus.
Precisamos de compreender
esta verdade bendita e, pela fé, aceitar a Palavra de Deus. “Tens sido justo
diante de mim no meio desta geração” (Gn. 7:1). Então compreenderemos também
esta palavra: “Entra na arca, tu e toda a tua casa”. Deus dá a certeza de que a
arca na qual o pai será salvo é para toda a sua família também. A arca será a
casa da família. Deus não se dirige aos membros da família separadamente - o
pai deverá levar toda a sua família para dentro da arca.
Pela fé foi resgatado do meio do pecado, ouviu a
voz de Deus e atendeu às suas ordens. Construiu a arca num período de 120 anos
enquanto convidava o povo para entrar nela. Apenas 8 pessoas foram salvas do
grande dilúvio.
Noé agradou a
Deus pelo fato de ter confiado nele, mesmo quando isso não fazia sentido. Para
Noé agradar a Deus, ele teve que trabalhar durante 120 anos, pacientemente levantando-se
cada manhã e construindo mais um pouco da arca. Não adiantaria nada ele ter uma
crise de consagração e sair doido para fazer a arca um ano antes do dilúvio! Da
mesma forma, nós hoje temos a responsabilidade de ouvir de Deus sobre os seus
planos para o mundo e para a igreja nos próximos anos e modificar nosso estilo
de vida de acordo com o que ouvimos. Os grandes eventos da história não
acontecem repentinamente - sempre há um tempo de preparação. Se quisermos ser
instrumentos de Deus no futuro, precisamos de nos preparar a partir de já!
A libertação
de Noé do dilúvio seria a introdução de uma nova era - o primeiro grande ato da
graça redentora de Deus em favor de um mundo pecaminoso. Nele, Deus manifestou
os grandes princípios da graça que são: misericórdia no meio do juízo, vida
através da morte, e fé como o meio de libertação.
É para nós extremamente difícil imaginar os
sentimentos íntimos de Noé ao descer da arca, terminado o dilúvio. Todas as
mais variadas formas de vida tinham sido varridas da face da terra por causa da
ira e do julgamento de Deus; mil e seiscentos anos de geografia tinham sido destruídos;
não havia mais terras demarcadas e, o mais importante de tudo, não havia nenhum
lugar de adoração.
Foi assim, num mundo subitamente novo, limpo,
muito semelhante ao de Adão e Eva, que se encontraram Noé e os sete membros de
sua família.
Tamanha era a fé de Noé no Deus que acabara de
destruir todo o ser vivente, que ao sair da arca a sua primeira preocupação foi
levantar um altar ao Senhor e ali oferecer-Lhe sacrifício (Gn. 8:20). Ele pegou
aves e animais puros, um de cada espécie, e os queimou como sacrifício no
altar. O cheiro dos sacrifícios agradou a Deus e Ele prometeu que nunca mais
iria amaldiçoar a terra por causa da raça humana. Deus falou consigo: “Eu não amaldiçoarei nunca mais a terra por
causa do homem, porque os desejos do coração do homem são maus desde a sua
infância; nunca mais matarei todos os seres viventes, como fiz”. Deus
ordenou a Noé e a seus filhos: “tenham
muitos filhos, e que os vossos descendentes se espalhem por toda a Terra”.
Deus fez um acordo com Noé, com os seus
descendentes e com todos os animais, e prometeu que nunca mais destruiria todos
os seres vivos com o dilúvio. Como sinal da promessa, Deus deu o arco-íris. O
arco-íris foi o sinal visível da eterna promessa de Deus a todos os seres vivos
no mundo, que não teriam outro dilúvio para destruir todos os seres vivos.
Essa é a primeira vez que nas Escrituras um altar
é mencionado. Este altar tem um duplo significado:
a) O reconhecimento para com Deus por sua graça e
misericórdia, poupando-lhe a vida e a de sua família. Noé era não apenas um
sobrevivente, mas um protegido de Deus. Portanto, nada mais justo que fazer-Lhe
um sacrifício de agradecimento e louvor.
b) O altar e o sacrifício representavam o voto de
andar em contínua obediência e humildade diante de Deus. Este ato foi a
declaração de alguém que testemunhara o terrível pecado e degradação do homem;
tão terrível que chegara a provocar a impaciência e a ira de Deus. Aquele altar
era a expressão de fé num Deus que certamente traria com justiça todo aquele
que obedecesse à Sua lei e viesse diante dele com temor.
Andar com Deus deve ser a qualidade de todo o
crente; andar no sentido de lhe ser obediente em tudo; e não apenas nos aspetos
que nos interessa. O andar com Deus tem a ver com a obediência.
4.
A Aliança
Leia Génesis 8:20-22.
A aliança de graça foi a resposta imediata de Deus
ao cheiro suave do sacrifício oferecido por Noé. Pois a ela imediatamente
seguiram as bênçãos sobre aquele fiel varão e sua família (Gn. 9:1-3). Note-se
ser esta a primeira vez em que, desde a queda de Adão, é mencionada a bênção de
Deus (Gn. 1:27-28).
Aqui (Gn. 9:1) e
lá (Gn. 1:28) Deus abençoou Suas criaturas e lhes disse para serem fecundas e
se multiplicarem. Aqui (Gn. 9:3) e lá (Gn. 1:29-30) Deus prescreveu o alimento
que o homem poderia comer.
Há algumas
diferenças, no entanto, que indicam que o novo começo deve ser diferente do
antigo. Deus disse que a criação original era “boa” (cf. Gn. 1:21, 31). O mundo
dos dias de Noé não recebeu tal elogio, pois o homem que o possuía era
pecaminoso (8:21).
Adão foi
encarregado de dominar a terra e governar o reino animal (1:28). Tal ordem não
foi dada a Noé. Em vez disso, Deus colocou nos animais medo pelo homem, para
que o homem pudesse exercer certo controle sobre eles (a razão pela qual meu
cachorro obedece-me - quando o faz - é porque tem medo de mim).
Enquanto Adão e
seus contemporâneos parecem ter sido vegetarianos (Gn. 1:29-30, cf. 9:3), Noé e
seus descendentes poderiam comer carne (9:3-4). Havia, no entanto, uma
condição. Eles não poderiam comer o sangue dos animais, pois sua vida estava em
seu sangue. Isto ensinou o homem a perceber que Deus não somente valoriza a
vida, mas que ela também Lhe pertence. Deus permite aos homens tomar a vida dos
animais para sobreviver, mas eles não devem comer o sangue.
A aliança com Noé significava a profecia da Nova
Aliança que se basearia não em obras, mas na graça. Marcou ela também um novo
relacionamento entre Deus e o homem, baseado em sua fé nEle.
5.
Os Aspectos Simbólicos, Místicos e
Espirituais Desta Aliança
Considerando-se a imediata garantia de Deus de que
a terra não mais seria destruída; de que as estações continuariam inalteradas e
a natureza seguiria o seu curso normal, temos que olhar para além desses
efeitos físicos e aprender o sentido profundo desta aliança, para que ela não
represente um mero facto histórico. Examinemos dois factos:
a). O modelo de julgamento
Leia Isaías 54:9.
Nesta profecia Deus faz um voto a Israel e à
Igreja de que “as águas de Noé não mais inundariam a terra” e Ele faz isso mais
como um meio de proporcionar conforto e segurança para seu povo. Explica o
significado da frase dizendo que, a despeito de punições temporárias e
disciplina, o futuro padrão de julgamento seria a graça. O Senhor agora jura
que nunca deverá infligir novamente o Seu julgamento contra o seu povo (v. 9b);
notar, também, Romanos 8:1. Até mesmo o filho desobediente não seria destruído,
pois Deus governaria em misericórdia e paciência. Tal aspeto místico da aliança
não pode ser esquecido, pois é o fundamento da doutrina da graça de Deus.
b.
O sinal da aliança
Leia Génesis 9:13-17.
Toda a aliança tem um sinal que a acompanha. O
sinal da aliança Abraâmica é a circuncisão (Gn. 17:15-27); o da Mosaica é a
observância do Sábado (Êx. 20:8-11; 31:12-17).
Como instrumento do juízo de Deus foi que pela
primeira vez a chuva caiu sobre a terra. E todas as chuvas futuras haveriam de
trazer com elas o medo à destruição. Foi por isso que, como um sinal de Sua
aliança, para sossegar o espírito do homem e lembrá-lo da promessa, Deus
colocou no céu um arco-íris.
O “sinal” do arco-íris é bastante apropriado. Ele
consiste nos reflexos dos raios de sol nas partículas de água das nuvens. A
mesma água que destruiu a terra forma o arco-íris. O arco-íris também aparece
no final de uma tempestade. Assim, este sinal assegura ao homem que a
tempestade da ira de Deus (no dilúvio) terminou. O arco-íris é
uma espécie de penhor, concreto, visível, de que Deus fez essa promessa.
Mais interessante ainda é o facto de que o
arco-íris não foi planeado para o benefício do homem (pelo menos não neste
texto), mas para o benefício de Deus. Deus disse que o arco-íris faria com que
Ele se lembrasse de Sua aliança com o homem. Que conforto saber que a fidelidade
de Deus é a nossa garantia.
O mesmo arco-íris que circunda o trono em
Apocalipse 4:3 e se relaciona com a graça divina. Este sinal significa que Deus
lida com o Seu povo conforme as promessas da Aliança. Este sinal é profético de
outro sinal mencionado por Pedro: o batismo nas águas como sinal da Nova
Aliança (1 Pe. 3:20, 21).
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