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segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Ação do Espírito Santo na Evangelização




        “Sereis inspirados para o que tiverdes de dizer. Não sereis vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai é que falará por vós” (Mt. 10:19-20).

Introdução
A Bíblia apresenta a poderosa ação do Espírito Santo em diversas situações. No primeiro capítulo de Génesis, Ele já é mencionado como aquele que “se move sobre as águas”, trazendo luz, reconstruindo, dando sentido e forma ao planeta que estava totalmente desfigurado e caótico (Gn. 1:2).
Como seria a igreja, sem a presença e a ação real do Espírito Santo? Obviamente, sem vida. O Espírito Santo é o protagonista da evangelização na Sua assistência ininterrupta na vida da Igreja para prestar auxílio em cada dia, para que o Reino de Deus cresça e dê frutos de conversão nas pessoas. É a ação do Espírito Santo, que trabalha na nossa vida para restabelecer o progresso da vida cristã, que nos faz ver aquele verdadeiro mundo das coisas espirituais que transcendem o mundo material que tanto nos atrai, que nos leva a que agrademos a Deus e nos esqueçamos da multidão, e que faz com que adoremos a Deus de modo que nos tornemos mais parecidos com Ele.
É pela ação do Espírito Santo, fonte de Sabedoria para conhecermos e compreendermos o mundo e a vida dos homens à luz da Fé, da Esperança e do Amor, que aprendemos a ver como Deus vê, para sermos e dizermos o que Deus quer e diz.
O Espírito Santo é muito importante na vida do cristão, pois Ele é o único que pode nos ensinar como deve ser o nosso proceder diante do Senhor. Em Lucas 12:12 está escrito: “Porque o Espírito Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as coisas que deveis dizer”. O Espírito Santo está disposto a nos ensinar, se estivermos dispostos a aprender! Para isso, precisamos de estudar a Palavra de Deus, onde, a partir de então, o Espírito Santo trará as verdades de Deus às nossas mentes, ajudando-nos a apresentá-las aos outros de maneira eficaz. O Espírito Santo é um grande ajudador na hora da evangelização, pois somente Ele pode convencer o pecador do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16:8).
Sem a ação do Espírito Santo, a compreensão teológica bem como as estratégias na dinâmica da propagação do evangelho e da multiplicação de igrejas, serão insuficientes. Dependemos do Espírito para converter o coração do povo, uni-lo, levá-lo à adoração a Cristo e inflamá-lo a pregar o evangelho. E o vento sopra onde quer.
Sempre que Deus precisou de fazer algo extraordinário na História, o Espírito Santo entrou em ação e capacitou as pessoas escolhidas por Deus tanto para anunciar a Palavra, quanto para realizar milagres! Foi assim na vida dos profetas e na vida de todos aqueles que acreditaram nesse poder. A palavra poder e virtude apresentada em (At. 1:8), vem do termo grego “dunamis” e descreve um poder que jamais havia sido provado e experimentado pelos discípulos e por muitos outros. Antes de provar esse poder e virtude, os discípulos eram pessoas medrosas, incrédulas e desistiam facilmente de seus propósitos pessoais bem como dos de Deus. Mas, após receberem o revestimento do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tornaram-se audaciosos, fervorosos e grandes administradores em favor do Reino de Deus. Jesus os orientou a aguardarem a descida do Espírito Santo (Lc. 24:49), antes de iniciarem a missão de pregar o evangelho em Jerusalém, Judeia, Samaria, e até aos confins da Terra (At. 1:8). Sem a presença e a ação real do Espírito Santo essa tarefa de inscrever o Evangelho de Jesus Cristo no coração dos que estão disponíveis a ser evangelizados seria inviável.
Muitas igrejas deste século sofrem uma grave sequidão espiritual. Há poucas conversões a Cristo, pouca evidência de piedade pessoal e falta de entusiasmo por missões e evangelismo. O compromisso com Cristo e com a sua igreja está em baixa. O cenário atual, em nada é comparado com o de aquele tempo atrás, no qual a Igreja se havia deixado impactar pelo sobrenatural permanentemente pelo Espírito Santo presente no mais íntimo do seu íntimo, onde ecoa a Palavra de Deus e a configura a Cristo Ressuscitado como princípio de uma Vida Nova; havia experimentado o poder de Deus, de forma tão próxima e visível; havia sido cheia do Espírito Santo, tornando-se uma igreja missionária, proclamadora do evangelho, que é o poder de Deus para a salvação, e jamais enclausurada.
Neste mundo onde os homens nos esquecem, mudam de atitude em relação a nós conforme os ditames de seus interesses particulares e revêem as suas opiniões a nosso respeito por causa de uma causa ínfima, é uma fonte de extraordinária força saber que é na abertura fiel e verdadeira à ação do Espírito Santo no nosso coração que reside o segredo da Evangelização que torna presente em cada tempo, em cada lugar e situação o Evangelho de Jesus Cristo.
Devemos lembrar-nos de que o Espirito Santo é o maior comunicador, precisamos de aprender com Ele, assim seremos efetivos na evangelização, e no ensino ao corpo de Cristo cumprindo o nosso chamado que é ensinar e treinar.
Ao considerar o papel do Espírito Santo na evangelização, surgem três perguntas:
1.     Precisamos do Espírito Santo na evangelização?
 A principal resposta a esta pergunta encontra-se no começo da era evangélica. João Batista declarou: “Aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo. 1:33; ver também Lc. 3:16). Há duas verdades distintas aqui.
Primeira: o próprio Cristo foi capacitado pelo Espírito Santo em sua proclamação do evangelho. Como Jesus descreveu o seu ministério público? Citando Isaías 61:1-2: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados...”.
Jesus mostrou assim, que Ele precisava do poder do Espírito Santo para cumprir a missão para a qual fora enviado. Se Jesus, como verdadeiro e perfeito homem, precisava do poder do Espírito Santo, muitos mais nós, homens fracos e limitados, temos necessidade de possuir esta unção.
Jesus mesmo experimentou pessoalmente a bênção de possuir o poder do Espírito Santo, o qual lhe foi dado quando do batismo nas águas por João Batista (Mt. 3:16). E este poder se manifestou continuamente em sua vida (Lc. 5:17; 6:19). Quando a mulher doente tocou na orla de sua veste ele disse: “Alguém me tocou, porque bem senti que de mim saiu virtude” (Lc. 8:46).
Quando Jesus disse: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há-de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At. 1:8), Jesus mostrou assim que a essência da pessoa do Espírito Santo e sua função na Igreja de Cristo está diretamente ligada à evangelização.
Em Lucas 24:49 Jesus promete enviar-nos um consolador, que é o Espírito Santo, e que viria sobre a Igreja em Atos 2 de forma mais permanente. O certo, porém, é que Deus atuou sobrenaturalmente a fim de que a mensagem do Cristo vivo fosse compreendida, clara e nitidamente, por todos os ouvintes.
No meio daquele momento atordoante (vento, fogo, som, línguas) o improvável aconteceu. Aquilo que seria apenas uma festa espiritual interna para 120 pessoas chega até às ruas. O caráter missiológico do evangelho é exposto. O Senhor com certeza já queria demonstrar desde os primeiros minutos da chegada definitiva do Espírito Santo sobre a Igreja que este poder – dinamis de Deus - não havia sido derramado apenas para um culto cristão restrito, a alegria íntima dos salvos ou confirmação da fé dos mártires.
O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações vindouras e nada melhor do que aquele momento do Pentecoste, quando 14 nações ali presentes e, no meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada uma – miraculosamente – passou a ouvir o Evangelho em sua própria língua. Portanto vemos aqui a pessoa do Espírito Santo, o cumprimento da promessa, habitando a Igreja, estando ao seu lado para o propósito de Deus.
Era o Espírito Santo mostrando já na sua chegada para o que viria: conduzir a Igreja a fazer Cristo conhecido na terra. Num só momento Deus fez cumprir não apenas o “recebereis poder” mas também o “sereis minhas testemunhas”. A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar de Jesus.
Daí muitos se convertem e a Igreja passa de 120 crentes para 3.000, e depois 5.000. Não sabemos o resultado daqueles representantes de 14 povos voltando para as suas terras com o Evangelho vivo e claro, em sua própria língua, mas podemos imaginar o quanto o Evangelho se espalhou pelo mundo a partir deste episódio. Certamente o primeiro grande movimento de impacto transcultural da Igreja revestida.
É, na dependência do Espírito Santo na Evangelização, por ocasião de um governo divino e de uma extrema sensibilidade e obediência à voz do Espírito Santo, que o sucesso apostólico se dá. Em todas as decisões que tomarmos procuremos ser direcionados pelo Espírito Santo, levando a mensagem para as ruas, para fora do salão e procurar com testemunho Santo e o uso da Palavra de Deus, fazer Cristo conhecido aos que estão ao seu redor.
Segundo John Knox a essência da função do Espírito Santo é estar ao lado da Igreja de Cristo, fazê-la possuir a face de Cristo e espalhar o nome de Cristo. Nesta perceção, o Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais parecida com o seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido na terra.
O senhorio do Espírito Santo gera um avivamento incomparável na vida do cristão, aproximando-o de Deus, levando-o a conquistar muitas vidas para o seu Reino! O Espírito Santo procede de Deus e capacita o cristão a evangelizar a todos até o arrebatamento da Igreja. “...Enchei-vos do Espírito” (Ef. 5:18).  
Esta força do Espírito é mais necessária do que nunca para o cristão do nosso tempo, a quem se pede que dê testemunho da sua fé, num mundo muitas vezes indiferente, senão hostil. Trata-se de uma força de que necessitam, sobretudo os pregadores, que devem voltar a propor o Evangelho, sem ceder perante os compromissos e os falsos atalhos, anunciando a verdade de Cristo “a tempo e fora de tempo” (2 Tm. 4:2).
a)    Cumprindo a Promessa     
Por sua vez, Jesus exorta os discípulos para que fiquem em Jerusalém e proibi-os de pregar, até que se cumprisse a promessa do Pai, ou seja, até que recebessem a unção do Espírito (At. 1:4-5), que até então fora simbolizado por água, pomba, nuvem, luz e sempre presente na história da salvação, mas que agora se iria manifestar como “fogo abrasador”, devorando tudo o que é contrário à Vontade de Deus e, em sua força transformadora, capacitando o pobre coração humano a arder de amor pelo Seu Criador.
Paulo recordou os crentes de Tessalónica: “O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts. 1:5). Pedro resumiu o assunto quando se referiu àqueles “que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho” (1 Pe. 1:12). Não há como especificar exatamente o minuto e o segundo, mas dá para ver que quem ouve o evangelho e crê é selado com o Espírito Santo, pois é o penhor (garantia) da sua salvação. No Antigo Testamento os crentes tinham o Espírito sobre si, ou os influenciando, mas nunca habitando neles como acontece na Igreja. Não se pode chamar alguém de crente, a menos que tenha o Espírito Santo.
No Novo Testamento, esta é a única maneira pela qual o evangelho pode ser verdadeiramente pregado, porque é o Espírito quem esquadrinha o mundo para ver onde existem almas que podem ser conduzidas ao Salvador. O Espírito Santo preenche o vazio deixado pelo Senhor que ascendeu ao céu após ter realizado a Sua missão aqui.
O Espírito descendo no Pentecostes foi como a “chuva temporã” do outono, que fazia as sementes brotar e proveu a nutrição vital para a igreja cristã em seus primórdios. Ele capacitou os apóstolos a comunicarem o evangelho de maneira clara no idioma das pessoas vindas “de todas as nações do mundo” (At. 2:3-6).
A segunda: é que João Batista define o ministério de Cristo como a outorga do Espírito Santo sobre o seu povo. O Espírito veio para permanecer sobre Cristo, não apenas para as Suas próprias necessidades, mas também para que Ele derramasse sobre todos os cristãos. “Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo. 1:33). Portanto, Ele concede a bênção que Ele mesmo recebeu e faz da Sua Igreja e Seus seguidores, coparticipantes com Ele mesmo. As palavras do apóstolo João não são apenas uma predição referente ao Dia de Pentecostes, são também uma afirmação poderosa sobre a missão de Cristo — “Cristo nos resgatou da maldição da lei... para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido (Gl. 3:13-14).
Não podemos evangelizar sem o pleno envolvimento do Espírito Santo em cada etapa. Sabemos que Deus cumprirá todas as promessas feitas aos profetas; sabemos que os pecadores, um dia serão tirados da terra; sabemos que um povo remido entrará no gozo de Deus e que os justos brilharão no Reino de seu Pai; sabemos que as perfeições de Deus ainda serão proclamadas por todo o universo, que todas as formas de inteligência criadas pertencerão ao Senhor Jesus Cristo para a glória de Deus Pai; sabemos que a presente ordem imperfeita será revertida e que um novo céu e uma nova terra serão estabelecidos para sempre.
2. Devemos mencioná-Lo em nosso evangelismo?
Esta pergunta é muito interessante. Devemos mencionar o Espírito Santo em nosso evangelismo? Reconhecendo que o Espírito Santo é o cerne de todo o evangelismo verdadeiro, devemos fazer menção dEle quando nos dirigimos aos não salvos? Os incrédulos precisam de ouvir sobre o Espírito Santo como parte integral da pregação do evangelho?
O Novo Testamento responde “sim”. Quando Jesus se envolveu no evangelismo prático, Ele não hesitou em falar claramente sobre o Espírito Santo. Jesus disse a Nicodemos que ele tinha de “nascer... do Espírito”, e ofereceu “a água viva” do Espírito Santo à mulher samaritana, no poço de Jacó, bem como às multidões reunidas na Festa dos Tabernáculos (Jo. 3:5-7; 4:10; 7:37-39).
Com a mesma clareza, Pedro se referiu ao Espírito Santo no Dia de Pentecostes. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo (At. 2:38). E essa não foi uma “oferta limitada” que marcou o início da Nova Aliança, visto que Pedro continuou: “Para vós outros é a promessa [do Espírito], para os vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”.
Décadas mais tarde, Paulo expressou o interesse de que os discípulos de Éfeso entendessem que uma posse consciente do Espírito Santo é necessária, para alguém desfrutar a segurança de salvação (At. 19:1-6).
Deste modo, também nós devemos mencionar o Espírito Santo em nosso evangelismo, devemos falar sobre o Espírito Santo, porque o Novo Testamento O apresenta como a fonte de Sabedoria para conhecermos e compreendermos o mundo e a vida dos homens à luz da fé, da esperança e do amor; como Aquele que dá o poder pelo qual o evangelho tem de ser pregado e como a essência do dom do evangelho; porque Ele é aquela parte do Espírito de Deus, que manifesta a sua presença e cuidado transportando o Amor Divino dEle para as almas dos homens. Este Amor é a suprema, maior e mais santa das possessões dEle, e pode chegar aos homens somente pelo Espírito Santo; porque Ele é aquela parte do Espírito de Deus, que transforma os homens, em sua qualidade de Amor; porque Ele é a fonte da vida, da luz, da saúde e de outras numerosas bênçãos, que os homens possuem e das que desfrutam — tanto o pecador como o santo, tanto o homem pobre como o rico, tanto o ignorante como o iluminado e educado — e cada um e todos dependem deste Espírito em sua existência e consolação; porque este Espírito de Deus ainda está funcionando para o bem e a felicidade da humanidade e seguirá trabalhando continuamente, sem cessar, e sempre espera a chamada dos homens, até que estes cheguem a estar em harmonia consigo mesmos como o primeiro criado; porque Ele é universal em sua existência e operação, é omnipresente, e pode ser obtido por todos os homens neste sentido; porque é Ele que controla o universo, do que a terra do homem é uma parte infinitesimal.
Deve ser mencionado em nosso evangelismo, porque Ele constitui a parte do Espírito de Deus, que trata com a relação da alma de Deus e a alma do homem somente; porque a Sua missão é a salvação dos homens no sentido de levá-los a esta harmonia com Deus. E sem esta operação do Espírito Santo, os homens não podem realizar esta união; porque o Espírito Santo esquadrinhou a mente de Deus e revelou por meio dos apóstolos e dos profetas tudo o que precisávamos de saber sobre o maravilhoso projeto de redenção de Deus. Por meio do que foi revelado, podemos ser salvos tanto agora quanto para sempre.
A visão da atividade do Espírito Santo na vida cristã deve servir de guia para a condução da mesma. Ser dependente da pessoa do Espírito é o alvo que Paulo apresentou para os seus leitores romanos. Esta visão deve determinar o curso da vida de um crente a honrar, reverenciar e adorar o Espírito Santo. Se um homem não nascer de novo, ele não poderá entrar no Reino de Deus. E este cumprimento é somente possível pela operação do Espírito Santo.
3. Quais as atividades dEle na evangelização?
Nossa resposta a esta pergunta é importante, porque afeta profundamente as nossas expectativas, quando pregamos o evangelho de Cristo.
a)    As obras do Espírito no evangelismo são três.
A primeira operação, conforme já vimos, é autenticar, autorizar e dar a medida exata do poder à pregação do evangelho. Paulo testificou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co. 2:4).
A segunda operação, é convencer aqueles que estão mortos em delitos e pecados — convencê-los de que são responsáveis por seus próprios pecados, diante de Deus. O homem natural sabe que é pecador, porém apenas e tão somente com a intervenção do Espírito Santo ele passa a se sentir perdido. Sem a intervenção e o trabalho do Espírito Santo, o homem natural não busca Deus e nem sente a necessidade de salvação ou perdão. Portanto, se em toda a apresentação do evangelho, o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, a nossa exposição da verdade de Cristo, por mais eluquente que ela seja,  não passará de uma simples apologia humana (1 Ts. 1:5).
O Senhor Jesus prometeu: “Quando ele (o Espírito) vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo. 16:8-11). É este Espírito Santo que convence o homem do pecado, que trabalha no mais profundo do coração do homem e não podemos ter dúvidas disso. É uma ação que ninguém mais poderia operar. Esclarecer e convencer o coração humano do pecado das pessoas; da justiça de Deus em Cristo, pelos pecadores; da existência e julgamento do inimigo de Deus, o Diabo. Se o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.
É o Espírito Santo que habita em nossa vida que nos conduzirá em toda e qualquer evangelização. Precisamos de deixar que Ele nos leve às pessoas certas e que Ele coloque em nossas bocas aquilo que devemos falar. Mas o interessante é que muitas das vezes pedimos para que o Espírito Santo nos use, para que Ele coloque as pessoas, a que devemos falar, no nosso caminho, e depois de as pessoas serem colocadas no nosso caminho, nós não falamos. Ao fazermos isso sufocamos o Espírito Santo e não deixamos que Ele venha a agir com liberdade em nossas vidas. A nossa timidez, o nosso comodismo e o nosso medo de evangelizar só serão vencidos quando dermos total liberdade ao Espírito santo.
Uma obra espiritual de convicção é necessária — um abrir do coração para o evangelho. E quando o Espírito de Deus toma posse do coração, Ele transforma a vida. Os pensamentos pecaminosos são afastados e as más ações são renunciadas; o amor, a humildade e a paz tomam o lugar da ira, da inveja e da contenda. A alegria substitui a tristeza e o semblante reflete a luz do Céu. Ninguém vê a mão que suspende o fardo, nem a luz que desce das cortes celestiais. A bênção vem quando, pela fé, a alma se entrega a Deus. E somente Deus, o Espírito Santo, pode realizar essa obra.
A ação evangelizadora jamais foi resultado de habilidade humana ou metodologia certeira, mas, sim fruto da ação do Espírito Santo que convence o homem do pecado e do juízo. A dependência da ação do Espírito Santo é, portanto, condição necessária e fundamental para sonharmos com igrejas nascendo e se multiplicando, em Cristo, para a glória do Pai.
A terceira operação do Espírito como o sopro da boca do Pai é, sem dúvida, trazer os mortos para a vida! Essa é a obra do Espírito Santo: ressuscitar, tirar do pó aquilo que está sem vida. “E, se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós” (Rm. 8:11).
Ninguém pode ver ou entrar no reino de Deus, se não “nascer de novo” ou nascer do Espírito (Jo. 3:1-8). Paulo se regozijava nesta obra de regeneração do Espírito; ele disse: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos” (Ef. 2:4-5).
b)  Os incrédulos precisam de ouvir sobre o Espírito Santo como parte integral da pregação do evangelho?
O propósito imediato do evangelho não é reformar as pessoas ou influenciar a sociedade. Tampouco é encher o auditório da igreja. O propósito do evangelho é comunicar vida espiritual a pecadores mortos em ofensas e pecados. Isto é algo que somente o Espírito Santo pode realizar; e Ele o faz de maneira soberana.
No nível humano, talvez vejamos pouco da operação do Espírito de Deus porque não a pedimos, nem esperamos vê-la. Se o Espírito de Deus está entre nós, estejamos certos de que não impediremos a obra que Ele veio realizar. Mas, se O entristecemos com o nosso baixo nível de expectativa, Ele pode reter a sua liberalidade por algum tempo. O verdadeiro avivamento derrama “água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca”. Mas isso jaz no soberano dom de Deus, e não podemos fazê-lo acontecer.
Podemos realmente preparar o solo, por meio de oração e fidelidade pertinaz à pessoa do Senhor Jesus Cristo. Mas, visto que os sintomas da sequidão espiritual incluem falta de oração e negligência, estamos presos num ciclo vicioso.
Talvez tenha exagerado na figura. Há exceções e lugares em que o reino de Deus está avançando de modo admirável — embora essas chamas de avivamento não sejam bem vistas por alguns. Mas esses acontecimentos são a exceção, e não a regra. O que podemos fazer?
Existe algo que creio que podemos e devemos fazer. Devemos buscar uma maior consciência experimental do Espírito Santo e um entendimento mais profundo do ensino bíblico a respeito da sua Pessoa e obra.
c)     Estamos negligenciando o Espírito Santo.
As igrejas, em geral, estão negligenciando estes aspetos do evangelho e da vida cristã — sem dúvida porque tememos o declive escorregadio dos excessos carismáticos. Mas um evangelho que não tem lugar para o Espírito de Deus não é o evangelho. Também não somos verdadeiros filhos de Deus, se não somos “guiados pelo Espírito” (Rm. 8:14).
Raramente pregamos sobre a sua Pessoa e obra. Não é feita qualquer menção a Ele em nosso evangelismo — em contraste nítido com a prática do Novo Testamento. No meio da abundante literatura evangélica, há poucos livros a respeito do Espírito Santo, em nossos dias, e menos ainda a respeito de nosso relacionamento com a terceira Pessoa do Deus trino. Negligenciar o ministério do Espírito é desprezar um dos aspetos mais importantes da educação cristã. Pois se o negligenciarmos, então estaremos escolhendo o caminho oposto.
O contrário é verdade no movimento carismático. As prateleiras das livrarias evangélicas gemem sob o peso desses livros! Mas, em sua maioria, não têm utilidade, porque fazem o leitor retirar a sua atenção de Cristo e agradam os desejos carnais por misticismo, emoções e “poder”.
Sem a ação do Espírito Santo, a compreensão teológica bem como as estratégias missionárias serão insuficientes na dinâmica da propagação do evangelho e da multiplicação de igrejas. Dependemos totalmente do Espírito para converter o coração do povo, uni-lo, levá-lo à adoração a Cristo e inflamá-lo a pregar o evangelho, que é o poder de Deus.
d)    Evitando os Perigos
Um pouco de inquietação é compreensível. Um pastor carismático descreveu a sua chamada como “pregar o evangelho do Espírito Santo”. Mas é claro que o Novo Testamento desconhece esse tipo de evangelho — conhece somente o evangelho de Cristo — pois a obra do Espírito é glorificar a Cristo. Como disse Jesus: “Ele me glorificará, porque há-de receber do que é meu e vo-lo há-de anunciar” (Jo. 16:14).
Creio que foi Charles Spurgeon quem disse: “Eu olhava para Cristo, e a pomba da paz voava ao meu coração. Olhava para a pomba, e esta ia embora novamente”. Não ousamos tirar nossos olhos de Cristo, quer para encontrarmos a salvação, quer para corrermos a carreira que nos está proposta (Hb. 12:2).
Mas não devemos ir ao outro extremo e ignorar o Espírito Santo, pois isto significa virar as costas ao Novo Testamento. Muitos crentes ainda estão quase na condição de Atos 19:2: “Nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo”.
Você se recorda que essas palavras foram proferidas em resposta à pergunta de Paulo: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” Quantos evangelistas ousam fazer essa pergunta em nossos dias? Sim, ela é tão relevante hoje como sempre o foi.
Mas, afinal, o que significa verdadeiramente evangelizar no Espírito Santo? Resumidamente pode dizer-se que significa evangelizar com a força, com a novidade e na unidade do Espírito Santo. Evangelizar com o Espírito Santo, quer dizer: estar revestido da força que se manifestou, de um modo supremo e tremendo, na atividade evangélica do Senhor. O Evangelho diz-nos que todos os que o ouviam, se admiravam muito, porque Ele “ensinava como quem tinha autoridade, e não como os escribas” (Mc. 1:22).
O mundo geme e clama, como ovelha que não tem pastor; a miséria material, intelectual, social e espiritual luta para ganhar cada vez mais terreno neste mundo. A Igreja de Jesus Cristo, ungida pelo Espírito Santo, é chamada a proclamar a vida, a salvação, a verdade e unidade em Cristo. Não há tempo para esperar, precisamos de dar uma resposta afirmativa a Jesus, pregar, proclamar, prestar solidariedade ativa, a tempo e fora de tempo. É Jesus quem nos fala: “Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (Jo. 4:35b). Amém!

 

 

 
 

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