Leitura:
Génesis 13.5-13
Tomar decisões pode ser um processo de muita tensão porque nem sempre
podemos estar seguros sobre o rumo correto a seguir. O bem-estar de outras
pessoas pode estar em jogo.
Mas, a vida é feita de decisões. E cada decisão que tomamos, faz com
que o nosso futuro seja de alegria e felicidade ou de tristeza e dor. Tristeza e dor por ter tomado a decisão errada e como
consequência, a falta de sucesso em alcançar os objetivos tão desejados. Alegria e felicidade por ter tomado a decisão certa e como consequência, ter atingido
as metas antes planejadas.
Querendo ou não, estamos sempre tomando decisões em nossas vidas, que, por
sua vez, estabelecerão determinados alvos diante de nós. As nossas decisões são
baseadas em nossa história e nos conceitos e prioridades que temos. Por isso as
nossas decisões revelam se ao tomá-las estamos no Espírito, segundo os
princípios de Deus ou na alma (razão, emoções e vontade), segundo os padrões
humanos e/ou mundanos.
O correto seria escolhermos ou decidirmos em função do Senhor e com base
nos princípios e valores do Reino de Deus. Porém, como nem sempre escolhemos
conforme os critérios de Deus, geralmente a nossa escolha não é a melhor, ainda
que seja a mais agradável. A nossa tendência é escolher o caminho mais fácil,
isto é: aquele que achamos ser o melhor e que nos parece ser o mais favorável
para nos trazer maior conforto e satisfação.
Infelizmente, a pessoa que anda assim, conforme os seus sentidos naturais e
a sua razão, emoção e vontade, pode acabar em situações em que o Senhor não
estará com ela. Como filhos e filhas de Deus precisamos tomar cuidado, pois
decisões baseadas na velha natureza (nos princípios e padrões carnais,
mundanos, humanísticos) podem nos tirar do caminho da vitória e da bênção de
Deus. A grande diferença está em nos habilitarmos para diferenciarmos o certo
do que é bom e decidirmos sempre pelo que é certo, ou seja, pelo que está no
coração de Deus a nosso respeito, conforme Sua Palavra e Seu Espírito.
1. Consequências da escolha do caminho mais fácil.
A Bíblia nos revela ao longo de sua história que
nem sempre o caminho de Deus é o caminho mais curto, o caminho mais perto, o
caminho mais fácil, o caminho mais cómodo, nem tampouco o caminho que do ponto
de vista humano parece ser o mais certo ou o mais lógico. Nem sempre o caminho
do homem é o caminho de Deus e nem sempre o caminho de Deus é o caminho do
homem.
Deus disse através do profeta Isaías: “Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor” (Is. 55:8).
Há momentos em que tudo parece confuso, as coisas
não acontecem como esperamos, fica difícil acreditar que Deus está ao nosso
lado, a impressão que temos é que Ele está totalmente indiferente a tudo o que
está acontecendo connosco. Isso acontece porque queremos que as coisas saiam do
modo que planejamos, procuramos às vezes o caminho mais curto, mais lógico,
mais fácil para alcançar os nossos objetivos. Nós trabalhamos no campo da
lógica e da razão e Deus trabalha no campo da fé e da obediência.
O verdadeiro caráter de um homem se revela quando
ardem ao seu redor as chamas da adversidade. Assim ocorreu com Pilatos. No
término do ministério de Jesus, Pilatos desempenhava um papel-chave na
crucificação do Filho de Deus. Pilatos fez o que era errado por causa da
influência da multidão turbulenta. Quando o homem decide seguir o seu próprio
caminho, ele segue só, arcando com as consequências da sua escolha.
Pilatos queria agir corretamente. Ele queria
libertar Jesus. Diante dos acusadores de Jesus, Pilatos declarou sua convicção:
“Não vejo neste homem crime algum” (Lc. 23:4). Pilatos tentou pelo menos
três vezes persuadir os judeus a libertar Jesus (Lc. 23:13-22). A princípio,
ele sugeriu castigar Jesus e em seguida libertá-lo (Lc. 23:16). Depois ele lhes
falou mais uma vez, desejando soltar Jesus (Lc. 23:20). Por fim, ele os
desafiou pela terceira vez em resposta à exigência deles de que Jesus fosse
crucificado. “Que mal fez este? De facto, nada achei contra ele para
condená-lo à morte” (Lc. 23:22).
Não se trata de um equívoco por parte de Pilatos.
O texto é claro: “Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado” (Mt.
27:18). A esposa dele tocou profundamente na sua consciência. Sentado na
tribuna para julgar o caso, recebeu da esposa um recado. “Não te envolvas
com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri a seu respeito” (Mt.
27:19). Quantas vezes, pela graça de Deus, a consciência do homem é incentivada
a agir justamente?
Às vezes temos a tendência de pensar que basta
“saber o que é certo” ou “querer fazer o que é certo”. Muitas pessoas amenizam
a consciência turbulenta por meio de um estudo detalhado da Palavra e uma
aceitação intelectual posterior para com a verdade, que é correta. Também
muitas pessoas acham muito conforto em estar favoravelmente inclinadas a tudo o
que consiste em bom comportamento.
Não devemos tomar decisões precipitadamente. A nossa vida
é cheia de possibilidades de decisão e de oportunidades. Aproveitar uma boa e
salutar oportunidade revela sabedoria. Benjamim Disraeli disse: “O segredo do sucesso na vida de um homem
consiste na sua preparação para apropriar-se da oportunidade quando ela surgir”.
Esse é um lado da moeda da decisão. O outro lado diz que não devemos tomar
decisões precipitadas. O sábio Salomão afirmou em Provérbios 19:2 – “Não é
bom proceder sem refletir, e erra quem é precipitado”. Eu sei que ninguém
gosta de passar longos meses na indefinição, porém em alguns casos, isso se faz
necessário. É melhor esperar e decidir
corretamente, que decidir logo e cometer uma loucura. Há casos em
que o erro pode ser reparado a tempo, mas em outros, as consequências são
danosas. A propaganda sempre apela para a decisão imediata e fácil, como, por
exemplo, compre logo, venha já, só
hoje, só amanhã, ligue já, não perca a oportunidade. Todavia, toda essa
pressão é para decidirmos logo, sem avaliar se podemos ou não, se temos os
recursos ou não. Por isso, a cautela e a paciência diante das decisões são
fundamentais para quem quer acertar.
Em geral, as pessoas que escolhem o caminho mais fácil são imediatistas,
operam pelo oportunismo e, via de regra, se consideram e são consideradas
pessoas muito “espertas”. Neste grupo de pessoas estão aquelas que não têm uma
identidade bem definida em Cristo, que relativizam a Palavra e os princípios de
Deus e que não têm clareza quanto aos projetos de Deus a seu respeito,
entendendo que o que lhe parece bom é sempre aquilo que Deus tem para elas.
Confundem o que é certo com o que é bom. São muitos os problemas que podem
surgir na vida de quem escolhe tomar decisões baseadas na velha natureza
(entendimento humano, vontade e emoções); dentre as muitas consequências,
temos:
a) Entrar
nas regiões de perigo.
Em certos momentos, certas ideias surgem na cabeça
do cristão. Note-se que a mente é um forte campo de batalha. Como cristão,
usando a Palavra de que Deus lhe ensinou, deve decidir se a ideia é de Deus ou
do Diabo. Neste caso também, os cristãos devem pedir a Deus a graça e sabedoria
para seguirem a direção da Sua voz e não a do diabo.
Muitos cristãos lutam com as decisões certas na
vida. Alguns acham que a decisão certa é simplesmente “fazer o que o seu
coração pede, para fazerem o que eles querem”. Outros cristãos também decidem
de acordo com a sua mente sobre as coisas e presumem que o que eles decidiram é
exatamente o que Deus quer que eles façam. Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de
morte.
Em geral, o caminho mais fácil nos coloca próximos do perigoso território
do pecado. Um exemplo disto aconteceu com Ló, que olhou para as facilidades
existentes à sua volta, vislumbrando vantagens imediatistas na escolha e, sem
perceber, acampou na fronteira de Sodoma e Gomorra – as cidades do pecado (Gn.
13:10-11).
Toda a vez que acampamos na região da fronteira de um pecado, nos expomos
às influências do mesmo. O pecado é como um polvo que tem muitas pernas. Quem
não conhece os seus limites, nem considera as debilidades do seu caráter, corre
grande risco quando decide transitar nas regiões de perigo, por causa das
frequentes tentações que caracterizam tais áreas.
Todos
nós temos inumeráveis decisões que precisamos de enfrentar todos os dias da
nossa vida. Sempre que existe um conflito, um problema e uma provação, é hora
de decisão. Mas a questão é: como tomar as decisões? Como é que sabemos que
estamos tomando as decisões certas, as que darão os melhores resultados e nos
ajudarão a alcançar as nossas metas?
Precisamos de usar os critérios de Deus para nos protegermos em relação às
regiões fronteiriças do pecado. Decisões e escolhas baseadas na carne (razão,
emoções e vontade) nos empurram para as fronteiras do pecado. Aqui vale lembrar
que, ao entrar em operação, a nossa carne, via de regra, toma a direção do
pecado e da morte, pois “o pendor da
carne dá para a morte” (Rm. 8:5-8).
Deus deixou-nos a Sua Palavra, a Bíblia, que é a
bússola, o mapa e o farol que precisamos para nos orientarmos em nossas
decisões, para descobrirmos
qual é a vontade de Deus, o que Deus sabe que será melhor, de acordo com a
maneira como Ele vê a situação. Afinal de contas, só Deus está lá na frente e
só Ele sabe o que vai acontecer, e só Ele pode guiar-nos. Portanto, o
que Deus deseja que façamos nesta vida para viver conforme o seu agrado, é que
obedeçamos ao que está revelado em Sua Palavra e assim evitaremos de entrar nas
regiões de perigo.
b) Entrar no
território do pecado.
A disposição de um homem em seu interior, isto é, o que ele possui em sua
personalidade, determina pelo que ele é tentado exteriormente. A tentação se
ajusta à natureza da pessoa tentada, e revela as possibilidades daquela
natureza. Todo o homem tem a montagem desta própria tentação, e a tentação fará
a linha da disposição governante.
Às vezes o caminho mais fácil nos faz atravessar a fronteira e entrar no
próprio território do pecado, mesmo que não tenhamos a intenção de fazê-lo. Com
Ló foi assim. Seguindo a orientação de sua alma, que buscava o que era bom e
agradável, foi se deslocando em direção a Sodoma e em determinado momento, sem
perceber, já estava com as suas tendas e tudo o que era seu dentro de Sodoma
(Gn. 13:12-13).
Ele, como muitos, foi atraído pelas seduções da cidade do pecado. Buscar o
que é bom, sem aferir se o que se busca é o certo, pode cegar-nos em relação
aos perigos e riscos que corremos, juntamente com todos os que estiverem
connosco. A intenção de prosperar segundo seus próprios caminhos e decisões fez
com que não percebesse que as suas tendas já estavam dentro de Sodoma.
Ló não se deu conta que ao tomar uma decisão baseada na velha natureza,
estava estabelecendo um alvo terrível para si e para as suas gerações: fazer
morada em Sodoma – a cidade do pecado, da homossexualidade, da idolatria, do
paganismo, do desrespeito ao próximo e da maldição. Uma vez acampados na
fronteira do pecado, se não mudarmos de decisão, certamente entraremos na
cidade do pecado. Quanto mais próximo de uma fronteira, mais fácil será
atravessá-la!
Daí a decisão acertada é a decisão que é reta aos
olhos de Deus (ou o que agrada a Deus ou que está em consonância com a Sua
vontade para a vida). Isto
significa que a decisão certa nem sempre parece certa aos olhos do homem. Pode
não ser sempre o que você quer fazer. As coisas do Espírito estão sempre em
conflito com a carne.
c) Receber
juízo e maldição.
Não tem como: se não sairmos do território do pecado (o que só acontece
quando decidimos retomar nossa posição em Cristo), o juízo e a maldição
decorrentes daquele pecado nos alcançam e alcançam as nossas gerações (filhos,
netos e, inclusive, discípulos). Os cristãos podem receber maldições em sua
vida por ignorar ou ultrapassar certos limites estabelecidos por Deus. Creio
que Ló não queria a maldição para si e nem para a sua casa, mas, porque decidiu
viver na cidade do pecado, ao pecado expôs sua casa e a maldição os alcançou
(Gn. 19:15-17, 36-38).
Infelizmente, a escolha errada de Ló não o levou sozinho para a desgraça,
também levou a sua casa e as gerações seguintes. Porque a sua alma o conduzia
sempre na direção do que era bom e agradável, entrou na cidade do pecado e lá
se enraizou, de modo que o pecado e a vida pecaminosa daquela cidade passou a
exercer influência decisiva em toda a sua casa. A influência foi tão grande que
para as suas filhas, o marido ideal e o padrão de família foram definidos pelo
que elas absorveram de Sodoma, a ponto de não verem outra oportunidade para
casamento fora dos padrões daquela cidade. Elas não viam a possibilidade de se
casarem com homens que não fossem de Sodoma; por isso, na boa intenção de
deixarem descendência para o pai, resolveram cometer o grande pecado de
conceberem do próprio pai, deixando a geração dos moabitas e dos amonitas.
A nossa garantia de vitória está em
decidirmos pelo que é certo aos olhos de Deus. A pessoa que tem a
responsabilidade de guiar outros, seja na família, grupo, discipulado ou
empresa, precisa fazer a diferença entre o certo, o bom e o agradável. Muitos
não consideram tal diferença e, na busca do que é bom e agradável para si e
para os outros, atraem juízo e maldição para todo o seu contexto. Cuidado! Você
é chamado para liderar, para conduzir um povo, portanto cuide para que suas
decisões não sejam tomadas debaixo da “unção” de Ló, que geralmente traz dor e
maldição para várias gerações.
Os cristãos serão capazes de tomar as decisões
corretas quando sincronizarem a sua vontade com a vontade de Deus (isto é,
quando a vontade de Deus se torna a sua vontade). O Espírito Santo, que é o
nosso conselheiro, está pronto para dar aconselhamento, mesmo quando tomamos
nossas decisões na vida. Sempre que estamos tomando decisões, e pedimos ao
Espírito Santo aconselhamento, Ele coloca a vontade de Deus em nossos
corações, mas não vai tomar a decisão por nós. Ele prefere chamar as nossas
mentes para a decisão correta ou a melhor escolha para nós (aos olhos de Deus).
Hoje chegou o tempo do seu confronto. Em nome de Jesus Cristo, arrependa-se
das decisões erradas, quebre as cadeias de maldição que visitaram a sua vida e
histórico e decida pelo que é certo aos olhos de Deus.
A pessoa que aprende a viver sempre sob o olhar presente de um Deus santo,
se esforça por Lhe agradar.
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