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quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Homem Que se Mostrou Agradecido

        “E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; e levantaram a voz dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças e este era samaritano. E Jesus respondendo disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai a tua fé te salvou” (Lc. 17:12-19).
         Introdução
        Este acontecimento que acabamos de ler, da cura dos dez leprosos, deu-se já nos últimos dias da vida do Mestre. Lucas diz-nos que Jesus caminhava para Jerusalém e atravessou a Galileia e a Samaria. Portanto ele caminhava para sul.
        Esta informação parece que não tem nada de especial. Jesus atravessou a Galileia. Mas atravessar a Samaria, é que não era habitual nessa época. Devido ao tradicional ódio entre esses dois povos, geralmente os judeus só se aventuravam a atravessar a Samaria se formassem um grupo grande e bem organizado e armado. Se fosse um pequeno grupo como o de Jesus com os seus discípulos, seria muito perigoso passar pela Samaria. Mas o nosso Mestre, não só atravessou a Samaria, como até entrou em aldeias de samaritanos.
        Certamente que a fama de Jesus já era bem conhecida, e penso que nesta época, o Mestre já se começava a demarcar da mentalidade judaica que esperava um Messias judeu, para libertar os judeus, e estabelecer um grande império em que os outros povos seriam subjugados, à semelhança dos antigos reis de Israel.
        Jesus entra em aldeias de samaritanos, pois o Messias veio para todos os povos, não para os dominar pela força, mas para morrer por eles. Diz o texto bíblico, na tradução da Ferreira de Almeida, que quando Jesus entrava em certa aldeia da Samaria, saíram-lhe ao encontro “dez homens leprosos”.
       A miséria  comum reuniu  esses pobres  párias e isso os ajudou a esquecer as ferozes antipatias nacionalistas entre judeus e samaritanos. Quando foram convidados a se apresentarem ao sacerdote antes que houvesse sinais de cura, para serem examinados por eles, partiram, dando assim evidência de sua confiança no facto de que haviam sido curados. Foi essa fé que os salvou, porque uma fé assim abre as portas à virtude curadora de Deus.
     Esta é uma grande surpresa. Todo o mundo esperaria que um dos Judeus voltasse para agradecer ao Senhor, mas isso não aconteceu. Eles agem como se fosse normal que foram curados. Mas não é assim. O que aconteceu era anormal. Era um milagre. Deus mostrou a sua misericórdia para com estes homens. Eles pedirem: tem compaixão de nós. E o Senhor teve compaixão deles, mas a maioria dos homens não reconheceu o milagre que aconteceu na sua vida. Não acharam motivo para agradecer a Deus, ou para agradecer o Servo do Senhor que fez este milagre na sua vida. Os nove judeus continuam a sua vida como se nada tivesse acontecido, mas um deles, um samaritano, reconheceu o milagre e voltou para agradecer a Deus. Por causa disso Jesus lhe perguntou: Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove?
        1. Muitos São Abençoados e Logo se Afastam de Deus.
        Jesus tinha um ministério itinerante na Palestina, mas esta seria a sua última viagem (Lc. 17:11). Estava indo a Jerusalém para ser crucificado. No caminho, passando pela Galileia e Samaria, entrou numa aldeia (17:12). Era um pequeno povoado, tão insignificante que nem o seu nome foi citado. Entretanto, Jesus entrou ali. Ele não ficou fora, distante, indiferente. Ele se importava com aquele povo. Havia ali vidas que Jesus queria alcançar. Da mesma forma, ele se importa connosco, por menores que sejamos aos olhos humanos. Na entrada da cidade, Cristo encontrou dez leprosos, os quais pararam de longe. Mas por que é que eles não se aproximaram? A lei determinava que o leproso ficasse isolado da sociedade por causa do seu mal contagioso (Nm. 5:2). Logo que a doença era diagnosticada, ele perdia a família, os amigos, o emprego e os bens. Certamente perdia também a autoestima e a alegria de viver. Seus novos amigos eram também doentes e excluídos. Suas vidas estavam destruídas, perdidas, acabadas. Seus sonhos tinham sido abandonados. Não possuíam qualquer perspectiva do ponto de vista humano. Além de serem vítimas de uma doença degenerativa, incurável e mortal, sofriam com a discriminação e o preconceito.
        Hoje, da mesma forma, muitas pessoas se encontram arrasadas, sem Deus, sem paz, sem esperança. Precisam de encontrar Jesus com urgência. Ali estava um grupo de dez leprosos que encontraram Jesus. Aliás, foi ele quem os encontrou. Eles jamais poderiam fazer uma caravana rumo a Jerusalém em busca de Jesus. Seriam impedidos com violência pela população. Entretanto, Cristo foi àquela cidade por causa deles. Ele se importa com os enfermos, solitários, deprimidos, marginalizados, com aqueles que a sociedade abandonou à própria sorte. Não sabemos os nomes daqueles homens. Eram apenas leprosos, e ninguém queria saber como se chamavam. Perderam a cidadania e a identidade.
        Contudo, as suas vidas mudaram completamente porque tiveram um encontro com Jesus. Nenhum outro podia curá-los, mas Cristo podia. Ele é a única esperança para o homem. O texto fala sobre os sacerdotes (17:14), líderes religiosos da época. Eles estavam em plena atividade, cumprindo rigorosamente seus rituais, mas não podiam curar ninguém. Jesus cura, pois ele tem todo o poder sobre todos os males.
        O que as religiões não podem fazer, Cristo faz. O texto mostra que aqueles leprosos sabiam quem era Jesus. As notícias já tinham chegado àquele lugar. Entretanto, não basta ter informações sobre Cristo. É preciso conhecê-lo. Agora, eles estavam em sua presença, mas isto também, embora fosse maravilhoso, não era suficiente. Eles criam que Jesus podia curá-los, mas a fé precisa de ser colocada em ação. Por isso clamaram: “Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós” (17:13). Todos precisam de clamar ao Senhor. O soberbo não clama. Seu orgulho o impede de se humilhar. Entretanto, precisamos de reconhecer que, sozinhos, não resolveremos os problemas que afligem as nossas almas. A oração é hoje a nossa forma de clamor. Não adianta reclamar, murmurar, blasfemar. É preciso orar a respeito dos males que nos sobrevêm. Eles clamaram a Jesus. Não adianta clamar à pessoa errada, aos falsos deuses, aos líderes religiosos (17:14), ou aos companheiros, também leprosos.
        Jesus atendeu ao clamor daqueles homens (14:14). Ele não lhes voltou as costas, mas respondeu ao seu clamor. Cristo ouve as nossas orações e nos responde.
        Então, o Mestre lhes deu uma ordem: “Ide, e mostrai-vos ao sacerdote” (17:14). O sacerdote era responsável pelo diagnóstico. Era ele quem podia confirmar a cura. Aqueles homens, ainda leprosos, precisavam de obedecer para serem abençoados, e não o contrário. Sua fé precisava de estar além das evidências visíveis. Ainda tinham todos os sintomas da doença, mas deviam obedecer à voz do Mestre, sem questionamentos. “E, indo eles, ficaram limpos” (17:15). A obediência demonstra a fé. Não adianta crer e ficar parado. Em muitas situações, a ação deve acompanhar a fé. Então, os dez leprosos foram curados. Jesus curou a todos, sem perguntar sua nacionalidade, religião, etc. Ele não faz acepção de pessoas. A cura acontece pela misericórdia divina e não pelo merecimento do enfermo.
      Vendo que estava limpo, um deles voltou para louvar, agradecer e adorar, prostrando-se perante Jesus. Ele glorificava a Deus em alta voz. Louvando ao Pai, reconhecia que em Jesus operava o poder de Deus. Seu louvor serviria de testemunho para todos em seu caminho. Ao prostrar-se diante de Cristo, comportou-se como um súbdito diante do rei e como o adorador diante da divindade. Estaria reconhecendo a divindade de Cristo? É provável. Aquele acto demonstrava rendição, entrega, humildade, submissão.
        No caso deste pobre samaritano, ficou claro que ele não foi somente curado, mas salvo como provam a sua gratidão e a sua adoração. Este humilde samaritano, realmente se converteu, pois reconhecia em Cristo Jesus, o Sacerdote Eterno. Isto lhe bastava. Ele sabia, que Jesus era o Messias Salvador. Ele viu que estava curado. Foi para os sacerdotes. E depois disso logo voltou para buscar Jesus glorificando a Deus em alta voz! Este homem reconheceu que aconteceu um grande milagre em sua vida. Ele reconheceu a mão de Deus na sua vida. E reconheceu que foi Jesus Cristo que curou o corpo dele. Por causa disso ele voltou para Cristo e lançou-se aos pés de Jesus com o rosto por terra. Suas lágrimas escorriam pelo rosto, enquanto com todo o coração adorava ao Mestre. Fazendo isso, o homem mostra que respeitou o Senhor Jesus. È um tipo de adoração e normalmente este tipo de adoração é dado a Deus. O homem mostrou muito respeito a Jesus. E naquele momento Lucas diz: Pois bem, era um samaritano!
        A vida, do samaritano, em volta da mais profunda gratidão e arrependimento, já não era a mesma. Seu caminho seria distinto dos nove companheiros. Companheiros, que minutos antes, lamentavam a dor da miséria humana. Porém, se mostraram miseráveis, diante da vida.
        Imediatamente, Jesus perguntou pelos outros nove que foram curados. Pois eles não voltaram para agradecer. Cometeram o pecado da ingratidão. Jesus valoriza o louvor, as ações de graças, a adoração, mas, acima de tudo, ele queria ver aquelas pessoas perto dele, rendidas aos pés do Senhor Jesus Cristo.
        Será que nós damos graças a Deus, não somente por seus milagres, mas, também, por sua providência diária? As melhores coisas são as mais silenciosas. Os jornais não ficam sabendo da obra profunda de Deus no individuo ou na comunidade, pois ela chega de mansinho, como chega a primavera num jardim e numa floresta.
        2. Dez por Cento de Gratidão
        Onde estavam os nove? Foram se mostrar ao sacerdote, receberam o atestado de cura e correram para retomarem a normalidade de suas vidas; talvez tenham ido à procura da família, do património, dos amigos. Foram procurar um emprego, etc. Não tinham mais tempo para Jesus. Talvez pensassem que não precisavam mais dele. Para eles, Jesus era um abençoador. Sabiam que ele era Mestre (17:13), mas não estavam interessados em seus ensinamentos. Queriam apenas a bênção, o benefício físico, pessoal e imediato.
        O ex-leproso que voltou demonstrou um nível maior de fé e reconhecimento. Hoje, muitas pessoas são curadas, abençoadas, mas poucas querem estar aos pés de Jesus. Poucas querem ter compromisso com ele, servindo-o como Rei, como Deus e Senhor. Cheguemo-nos a Deus, não apenas por necessidade, mas por gratidão.
       Dez por cento de gratidão, considerou Jesus uma ingratidão. Eram dez os leprosos e só um voltou para agradecer o que Jesus lhe tinha feito. Os nove restantes fazem parte daquele grupo que quer ser servido mas nunca ousam agradecer aquilo que lhe é feito por mera graça.
        Jesus disse àquele homem: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou”. Agora, ele podia ir e fazer tudo o que os outros fizeram. Podia recuperar a normalidade de sua vida, mas de uma forma muito mais gloriosa do que os nove companheiros. Ele podia testificar que foi, não apenas curado, mas salvo. Podia dizer que viu Jesus, não de longe, mas de perto. Seu testemunho seria completo e eficaz. Foi transformado de corpo e alma. Recebeu os benefícios temporais e também eternos.
        Como é a nossa relação com Deus? Não sejamos como os nove. A maioria nem sempre está certa. Nesse caso, precisamos de ser a exceção. Além da bênção, precisamos do abençoador. Onde estão os nove? O Senhor procura aqueles que um dia foram abençoados e hoje estão distantes dele. É tempo de voltar, prostrar-se aos pés do Mestre, adorando-o de todo o coração.
        No texto acima referido do evangelista Lucas, Jesus disse que era um samaritano aquele que voltou para agradecer a graça recebida. Também tenho a mesma experiência de que são pessoas que não são cristãs de quem recebo atenções, salvo os dez por cento que sempre são os mesmos e curiosamente aqueles a quem eu sou devedor do amor e só com um bem-haja lhes posso agradecer porque não tenho possibilidades por obrigação de lhes mostrar gratidão.
        O testemunho de um cristão é muito mais valioso pela amabilidade com que trata o seu próximo e até o seu inimigo.























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