O
Senhor Jesus disse: “Ninguém deita
remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e
faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se
os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo
em odres novos, e assim ambos se conservam” (Mt. 9:16-17).
Introdução
Jesus traz
ensinamentos importantes à igreja, através do dia-a-dia dos seus discípulos. A
parábola fala do vestuário e do vinho não como uma simples repetição; mas
porque o vestuário representa a verdade em seus usos externos, como uma
vestimenta do espírito, e o vinho representa a verdade interna, com aplicação
interna, aquecendo e reanimando o espírito, como o vinho aquece e reanima o
corpo.
Jesus ao
apresentar esta parábola, faz distinção entre algo essencial e primário (o
vinho) e algo secundário, mas também necessário e útil (os odres). Odres seriam
supérfluos sem o vinho. Essa distinção é fundamental para a vida diária da
igreja. Existe aquilo que é novo, poderoso e essencial – o Evangelho de Jesus
Cristo. E existe aquilo que é secundário, feito por mãos humanas. São os odres
- tradições, estruturas, padrões de conduta e ação, que se desenvolvem ao redor
do evangelho. Por isso Jesus diz: “ninguém
põe vinho novo em odres velhos, se o fizer, o vinho novo rebentará os odres, e
o vinho derramará e estragarão”.
Aprendemos
aqui duas coisas. Em primeiro lugar, esta parábola nos lembra que Deus é sempre
um Deus de novidades. O evangelho é
sempre novo. Hebreus 10:20 fala sobre o “novo
e vivo caminho”. E Jesus disse na noite da última ceia: “isto é o meu sangue, o sangue da nova
aliança” (Mt. 26:28). É verdade que Hebreus 13:8 também diz que “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o
será para sempre”. Mas isso não significa que Deus seja estático ou
estacionário. Em todas as épocas, o verdadeiro evangelho bíblico é uma mensagem
de novidade, de renovação radical.
Em segundo
lugar, existe a necessidade de odres
novos, isso porque os odres não são eternos nem sagrados. À medida que o
tempo passa, eles precisam de ser substituídos - não porque o Evangelho muda,
mas porque o próprio evangelho exige e produz mudanças. Vinho novo deve ser
colocado em odres novos. Cristo quer derramar do seu poder, da sua unção, da
sua graça, do seu amor sobre a igreja, só que Ele está encontrando odres
velhos, com estruturas velhas, obsoletas, cheias de tradições, de velhos
hábitos.
Todas as
épocas experimentam a tentação de esquecer que o evangelho é sempre novo.
Tentamos conservar o vinho novo do evangelho em odres velhos. Porém, com o
tempo os odres velhos começam a atrofiar o evangelho. Então, eles têm que ser
rompidos, para que o poder do evangelho seja liberado novamente. As coisas
criadas com o objectivo inicial de ajudar o evangelho tornam-se, no final,
obstáculos – odres velhos. E aí Deus tem de destruí-los ou abandoná-los de modo
que o vinho do evangelho possa renovar mais uma vez o nosso mundo.
O evangelho
continua novo em nossos dias. Ele ainda é “o
poder de Deus”. Ele ainda está rompendo odres velhos e fluindo para dentro
do mundo.
1. As Vestes e o Vinho
a) “Ninguém Põe Remendo de Pano Novo em Pano Velho”.
O remendo
novo em pano velho vai rasgar na primeira lavagem. O pano novo ainda não está
encolhido com as lavagens, de modo que o uso de pano novo em roupa velha
causaria o rompimento da roupa velha pois o pano novo vai encolher quando for
lavado.
Os
vestuários, servindo para proteger e cobrir o homem, representam as verdades
que espiritualmente vestem e protegem as nossas afeições. Um bom impulso, uma
boa afeição, sem a proteção concedida por um inteligente conhecimento da
verdade, muitas vezes produz perturbações por ser mal dirigido. Por exemplo: a
afeição de uma mãe por seus filhos, não sendo orientada por uma inteligência
esclarecida, pode muitas vezes prejudicar esses filhos, criando-os cheios de
defeitos que não soube corrigir.
Quando se
diz a Jerusalém: “Põe os teus mais belos vestidos, oh! Jerusalém, cidade
santa”! Isto significa que a Igreja, a Jerusalém espiritual, deve adornar-se
com as mais belas verdades da palavra, e ensiná-las para embelezar a vida dos
homens. O hábito de vestir as nossas melhores roupas quando vamos ao culto ou a
uma festa representa o hábito mental de vestirmos o nosso espírito com as verdades
da Palavra, quando nos aproximamos do Senhor e quando testemunhamos a nossa
alegria pelas bênçãos que Ele nos dá. As vestes sacerdotais do culto judaico
foram reguladas pelo Senhor de modo a representar a sucessão que deve revestir
as nossas afeições em suas diferentes manifestações. Os vestuários de puro
linho mencionados na revelação, que revestem os remidos no mundo espiritual,
representam as verdades puras que, uma vez praticadas, purificam a vida dos
homens.
b) “Ninguém Põe Vinho novo em Odres Velhos”.
O Odre não é
uma figura do nosso tempo, muitas pessoas não sabem o que é, tem apenas uma
ideia do que significa esta palavra, mas no tempo de Jesus era uma figura, um
objeto muito comum. O vinho era feito com um processo bem artesanal, as uvas
eram pisadas, tirando todo o sumo, prensadas e colocadas num buraco na terra
coberto com pedras, ou na rocha, depois de passar por aquele lugar o sumo fluía
por um canal onde ele passava para um segundo compartimento e passava pela
primeira fermentação. No clima quente do oriente médio, a fermentação acontecia
muito rápido não tinha como impedir, e logo depois desta primeira fermentação,
passava por uma peneira e todos os coroços, sedimentos, cascas da uva era
retirado e aquele segundo sumo então era escoado. Depois de 4 a 6 dias esse
segundo sumo era derramado em vasos de barros que eram revestidos com couro,
com a pele de animais para mais uma fermentação e para ficarem ali num
depósito, dentro daquelas peles.
Os odres,
sendo vasos destinados a conter vinho, representam doutrinas que sustentam e
contêm a verdade. A doutrina é necessária para o entendimento e compreensão da
verdade e para conservá-la em condições de ser usada. Os odres mencionados no
texto eram confeccionados de pele de cabra ou outro animal, costurados nas
extremidades formando uma bolsa, feitos para reter líquidos. Nos tempos de Jesus
eram usados para conter o sumo da uva, que fermentava e dava origem ao vinho.
O ponto a
que Jesus queria chegar era facilmente compreendido na sua época, porque todo o
mundo sabia que não podia colocar vinho novo em odres velhos, porque se perdia
o vinho e se perdia o odre. Ninguém colocava não suportavam a pressão. Assim
também nós podemos entender o começo da passagem quando Jesus fala do tecido, o
pano novo colocado em roupa velha, vinho novo em peles velhas, peles que não
eram mais flexíveis, que - Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha,
pois o remendo forçará a roupa tornando pior o rasgo, o pano novo ele encolhe,
a roupa nova tem essa característica, e se perde. Esta parte do texto é mais
simples para nós entendermos nos dias de hoje.
Jesus disse
que o vinho novo (vida no Espírito) só pode ser colocado dentro de odre novo. Quando
novos, eram elásticos, de modo que podiam se dilatar sem arrebentar, quando
cheios de vinho novo ainda sujeito a fermentação. A razão de não poder pôr o
vinho novo em odres que já foram usados anteriormente, ou seja, que já tenham
sido esticados até o seu limite máximo, era que quando o vinho fermentasse e
começasse a se expandir, ou seja, a crescer em volume, os odres velhos não
suportaria e rompiam-se (Lc 5:37). Os odres velhos, já estão em seus limites de
espaço e portanto, não suportam a pressão do vinho novo, no entanto, todo o vinho
novo por não haver passado pelo processo de fermentação, deveria ser posto em
odres novos. O odre novo é capaz de se esticar, se expandir junto com o vinho,
ele é maleável.
Para viver a
vida de Jesus, sendo guiado pelo Espírito de Deus, é necessário ser maleável à
vontade de Deus, é necessário estar disposto a ultrapassar as barreiras da
religiosidade, do legalismo, daquilo que pensamos com nossa mente carnal e
limitada. É necessário estar disposto a abrir mão de seus próprios interesses
por amor a Cristo.
Precisamos de
ser como odres novos, para o Espírito Santo fazer em nós e através de nós o que
for a sua vontade.
O vinho novo
equivale à mensagem do evangelho, que Paulo demonstrou ser loucura para os que
perecem, mas para os que crêem, poder de Deus.
O vinho
corresponde à verdade espiritual, por essa razão o vinho é usado na Ceia do
Senhor para representar a recepção da verdade espiritual. Na escritura fala-se
muito em vinho, sempre com a significação da verdade espiritual; só quando é
mencionado como um mau vinho é que representa a falsidade ou a verdade
pervertida.
O que Jesus
quer dizer é que não dá para colocar ensinamento novo, em base velha. Esta é a
proposta de Jesus Cristo. Ele oferece uma ótima bebida, um vinho novo, que
precisa de “odres novos”, isto é, precisa de ser derramado num novo tipo de pessoas,
vidas alegres e felizes, capazes de seguir os seus passos, a saber, pessoas que
existem a partir de sua experiência de Deus, e da relação pessoal com o
Espírito Santo de Deus, o que a Bíblia vai chamar de “novo nascimento”. Não se
pode viver a mensagem, estrutura e mente nova, mas num fundamento, estrutura e
conceitos antigos.
“Darei a eles um coração não dividido e porei
um novo espírito dentro deles; retirarei deles o coração de pedra e lhes darei
um coração de carne” (Ez. 11:19).
O vinho novo
da nova aliança celebrada no sangue de Jesus implica pessoas novas,
transformadas pela experiência de Deus e guiadas pelo Espírito de Deus. Nenhum
argumento ou instrumento de controle humano pode determinar a vida de qualquer
pessoa na nova aliança. Somente o Espírito de Deus pode gerar pessoas
embriagadas pelo vinho novo do Evangelho de Jesus Cristo. E as pessoas que
beberem do vinho novo do Evangelho de Jesus Cristo jamais dependerão de
qualquer argumento ou sistema de controle humano, pois serão o que serão pela
atuação e graça de Deus em suas vidas (1 Co. 15:10).
Deus quer fazer
algo novo nas nossas vidas, porque Deus quer mudar algo nas nossas estruturas.
Deus quer despertar-nos para algo novo. Deus quer nos renovar, fazer coisas
novas na nossa vida. Deus é poderoso
para nos tornar odres novos, para nos tornar maleáveis outra vez, e de novo, e
de novo e quantas vezes for preciso, se deixarmos Deus mudar a nossa estrutura,
e nos colocarmos na dependência dEle, para nos ensinar coisas novas a seu
respeito, novos desafios, novas conquistas, novas experiências com Ele. Não
precisamos de viver saudosos de um tempo que não volta mais, contando
experiências de 5, 10, 15, 20 anos atrás, porque Deus tem muito mais para nós.
1)
Exemplos de homens que foram transformados em odres novos.
Veja o que Jesus
disse a Paulo a caminho de Damasco: (Ele não era um homem mau, era fiel a uma
estrutura em que foi formado, fiel às suas convicções, agia crendo que estava
sendo fiel a Deus, Atos 26:12 ,15,) quando caiu do cavalo: “Dura coisa te é recalcitrar contra os
aguilhões”.
Ir contra Deus é
dura coisa, é machucar-se, é debater-se contra pontas de ferro, é ferir-se a si
mesmo, porque ninguém pode ir contra Deus. Se tem resistido ao processo de Deus
na sua vida, deve render-se ao novo de Deus na sua vida. “Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis
que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis? Eis que
porei um caminho no deserto, e rios no ermo. A esse povo que formei para mim; o
meu louvor relatarão” (Is. 43:18, 21).
Deus está
fazendo coisas novas, mas muitas pessoas não percebem, são como Israel que se
apegavam à glória do mar vermelho que se abriu, dos milagres no deserto.
Deus quer nos
levar a novos níveis de entendimento. Eu quero o novo de Deus na minha vida! Deus
é fiel para completar a boa obra. Deus quer se revelar a si de uma nova forma,
o vinho velho acabou, ele não existe mais, mas o vinho novo está aqui e uma
nova alegria Deus quer lhe dar, deixe a forma de viver antiga para trás, o
espirito santo vai ajudá-lo a suportar esta pressão. Receba o novo de Deus,
entregue-se ao Senhor a cada manhã, porque as misericórdias do Senhor são causa
de não sermos consumidos. A cada manhã e cada dia Deus continua fazendo coisas
novas, novas galáxias, novas espécies de animais, de plantas, a cada minuto
nasce um novo ser uma nova criação de Deus. Você é algo novo de Deus, como você
não existe outro. Deus é tão grande que é impossível alguém afirmar que conhece
Deus por inteiro. Deus tem sempre algo novo para nos revelar a seu respeito. Não
podemos acreditar e aceitar que já conhecemos tudo; Deus quer fazer um odre
novo para receber o novo de Deus.
Seja renovado
pelo perdão dos seus pecados, o odre velho se conforma com o pecado, pois cauterizou
em sua mente que o pecado é mais forte do que ele, mas isso é mentira do diabo.
Se deseja ser um odre novo e receber o vinho novo de Deus, peça ao Senhor, e Ele
vai capacitá-lo para enfrentar o novo e desfrutar do novo de Deus. Só você e
Deus sabe o quanto precisa de ser tocado pelas mãos transformadoras e
restauradoras do Senhor.
2.
Tempo do Vinho Novo
O tempo do vinho novo
chegou, mas para o receber devemos observar alguns princípios:
a) Precisamos de abrir mão das velhas
atitudes. “Mas vós não aprendestes assim a Cristo, Se é que o
tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; Que,
quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano; E vos renoveis no espírito da vossa mente; E vos
revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e
santidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu
próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos, e não pequeis; não se
ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava, não
furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o
que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma
palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê
graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual
estais selados para o dia da redenção“ (Ef. 4:20-30).
b) Precisamos de abrir mão de traumas,
medos, paradigmas, conceitos, de aprender a pensar com mente renovada. “E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12:2).
c)
Precisamos
de renovar o nosso espírito diariamente. “Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem
exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia”
(2 Co. 4:16).
d) Precisamos de assassinar
definitivamente o velho homem. “A
despojar-vos, quanto ao procedimento anterior, do velho homem, que se corrompe
pelas concupiscências do engano; a vos renovar no espírito da vossa mente”
(Ef. 4:22-23).
e) Precisamos de jogar no lixo as coisas
velhas. “E comereis da colheita velha, há muito tempo guardada,
e tirareis fora a velha por causa da nova” (Lv. 26:10).
Enquanto guardamos o
velho, comemos velharia. O velho pode ser bens antigos, hábitos ultrapassados,
sua aparência, uma religião ultrapassada.
f) Não podemos tomar atitudes parciais. “Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque
semelhante remendo tira parte do vestido, e faz-se maior a rotura; Nem se deita
vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os
odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se
conservam” (Mt. 9:16-17).
Para um
evangelho radical (bíblico) precisamos de uma igreja radical (bíblica). Para um
vinho sempre novo devemos ter continuamente odres novos.
3. Material Bíblico
Para Odres Novos
a) A Comunhão do Espírito Santo
A verdadeira
comunhão cristã é o dom do Espírito para a Igreja (2 Co. 13:13). A comunhão do
Espírito Santo é que caracteriza a Igreja do Novo Testamento. Lamentavelmente
essa comunhão está em falta em grande parte da igreja institucional hoje. Ela
parece ser apenas mais uma instituição impessoal e fria. Essa lacuna está bem
no cerne da impotência, rigidez e irrelevância da igreja atual. A Igreja hoje
sofre de uma crise de comunhão. A comunhão do Espírito é a resposta a essa
realidade, pois busca estruturas mais íntimas e pessoais. A igreja atual se
mostra altamente organizada numa época em que as pessoas não estão preocupadas
com organização, mas com relacionamentos pessoais e intimidade.
b) O Que é a “Comunhão do Espírito Santo”?
Em 2 Coríntios
13:13 Paulo ora para que a comunhão do Espírito Santo esteja com os cristãos
daquela igreja. Essa comunhão implica numa dimensão vertical e outra
horizontal. A dimensão vertical é a relação com Deus e a horizontal, a relação
com os demais crentes, através do Espírito Santo. Para que tenhamos a
compreensão neotestamentária de comunhão é crucial que estes dois aspectos
sejam preservados e mantidos juntos.
É o Espírito
Santo quem gera a comunhão com o Pai e entre os crentes. É por isso que no Novo
Testamento a comunhão é essencialmente obra do Espírito Santo. A comunhão do
Espírito Santo é “uma comunhão com Deus que ele compartilha, mediante o
Espírito que habita no seu povo, com os que são membros do Corpo de Cristo. A
comunhão do Espírito Santo é a verdadeira descrição da Igreja”. Portanto, é
a dimensão vertical que fornece o conteúdo básico para o conceito de comunhão.
A comunhão na Igreja é dádiva do Espírito Santo e não característica da nossa
humanidade. A comunhão é algo sobrenatural. Portanto: a comunhão não é um
ambiente social; por outro lado, também não é uma união mística sem nenhuma
relação com a estrutura da igreja. Não é possível ter comunhão com outra pessoa
sem que ela esteja presente.
Podemos,
então, descrever a comunhão do Espírito Santo como comunhão entre os crentes
que o Espírito Santo concede; comunhão de Cristo com seus discípulos; comunhão
da igreja primitiva; parte terrena e antegozo da comunhão celestial; semelhante
à comunhão que existe entre o Pai e o Filho.
c) Implicações da Comunhão do Espírito Para a Estrutura da
Igreja
A comunhão é
parte essencial da obra do Espírito Santo. Nesse sentido, a obra do Espírito
Santo em cada crente não pode ser separada daquilo que está fazendo na igreja
toda. O facto de não enxergarmos a inter-relação vital entre o aspecto
individual e coletivo da operação do Espírito Santo empobrece nossa compreensão
tanto do cristão quanto da Igreja. Isto porque vê o crescimento espiritual do
crente de modo individualizado e, por outro lado, esquece que a comunhão do
Espírito Santo é um elemento básico para a estrutura e o ministério da Igreja.
Dessa forma, uma conexão natural liga a comunhão do Espírito Santo à estrutura
da Igreja:
1) Proximidade: A comunhão do Espírito Santo requer a igreja reunida.
2) Comunicação: A comunhão do Espírito Santo requer que a igreja se reúna de tal modo que
encoraje e permita a comunicação entre seus membros. Isso logo levanta
perguntas sobre a nossa forma de encontros, oração, arquitetura, bancos,
culto... A comunhão brota e cresce apenas onde há comunicação.
3) Liberdade: A comunhão do Espírito Santo requer liberdade. A comunhão do Espírito e a
liberdade do Espírito andam juntos (2 Co. 13:17). Onde há comunhão existe
abertura. Isso implica em que a igreja providencie estruturas suficientemente
informais e íntimas para permitir a liberdade do Espírito. Deve haver uma
sensação do inesperado, do não programado, quando os crentes se reúnem. Deve
haver liberdade em relação a formas e padrões. Numa reunião mais informal há
mais abertura para a ação de Deus e, assim, uma probabilidade maior de
experimentar a comunhão do Espírito Santo (Is. 57:15). Isso, evidentemente, não
significa declarar a anarquia.
4) Aprendizagem: O Espírito Santo veio para ensinar! A comunhão do Espírito Santo requer
uma disposição ao aprendiz. Jesus disse que quando viesse o Espírito Santo ele
ensinaria e faria lembrar os seus discípulos de seu ensino (Jo. 14:26; 16:13).
Como foi o Espírito Santo quem inspirou a Escritura e fala por meio dela,
revelando Cristo, é natural que a comunhão do Espírito Santo esteja relacionada
com o estudo da Bíblia.
O ensino da
Escritura acerca do significado da comunhão do Espírito Santo nos leva a
considerar que a igreja deve proporcionar estruturas que: os crentes possam
estar juntos; a comunicação seja encorajada; haja uma atmosfera de liberdade e
permita o estudo da Bíblia.
Na maior
parte das vezes a estrutura da igreja tradicional não satisfaz essa
necessidade, mas ela pode ser alcançada através do encontro de pequenos grupos
caseiros.
“A comunhão
no Espírito cresce quando há estruturas para alimentá-la”.
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