Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Providência Divina Não Tolera Nenhum Limite

“Ainda lá me guiará a tua mão” (Sl. 139:10)“Ó Senhor! Tu me sondas”, declara Davi, no início deste Salmo. Davi está declarando que ele não vem perante Deus com qualquer dissimulação ou ideia de que seja possível ter sucesso, como os hipócritas que aproveitam refúgios secretos para julgar a indulgência pecaminosa, mas que ele voluntariamente põe a nu o seu mais íntimo do coração para a inspecção, como um convencido da impossibilidade de enganar a Deus. É teu, diz ele, ó Deus, para descobrir todos os pensamentos secretos, porque não há qualquer coisa que possa escapar à tua observação, e então Ele insiste em detalhes, para mostrar que toda a sua vida foi conhecida de Deus, que o viu em todos os seus movimentos - quando ele dormia, quando ele surgiu, ou quando ele entrou no exterior.
Porque não há uma palavra, etc. Deus sabe o que, estamos prestes a dizer antes que as palavras sejam formadas em nossa língua, e até mesmo, aqueles que, apesar de não falarem uma palavra e que tentam pelo silêncio esconder as intenções secretas, não podem iludir a sua comunicação.
Para onde me irei do teu Espírito? Significa em suma que David não podia mudar de um lugar para outro sem Deus vê-lo e segui-lo com seus olhos quando ele se moveu.
Deus conhece o nosso coração, a tudo vê e conhece que caminho devemos seguir. Ele não apenas caminha ao nosso lado como também dirige os nossos passos para que não nos desviemos da rota. Seja em terreno plano, ou em terrenos acidentados, ou em subidas e descidas, no calor ou no frio, na água ou na neve, Ele nunca sai de nosso lado e, com Ele, a possibilidade de uma catástrofe é nula. Deus está presente em cada lugar; Deus tem o nosso destino em suas mãos. Essa providência omnipresente se revela, sobretudo, no amor de Cristo Jesus (Rm. 8:37, 39).
Deus não se limita ao céu, entregando-se a um estado de repouso, e indiferente aos interesses humanos, de acordo com a ideia epicurista, e que, contudo, longe de nós pode ser, ele nunca está longe a partir de nós.
Muitas vezes, enquanto aprendemos a seguir o caminho do Senhor, sofremos pequenas quedas, algumas desilusões, instantes de frustração, mas, em todos esses momentos, sabemos que nos levantaremos, que retornaremos ao nosso percurso e ultrapassaremos a linha de chegada de nossas bênçãos.
Quando entregamos a vida ao Senhor, podemos participar de qualquer prova neste mundo, por mais difícil que seja. A Sua mão nos guiará sempre, Sua protecção será total e, ao final, receberemos o troféu de “mais do que vencedor”.
Sim, se Deus vê nossos corações, assim como nossas mãos, e em todos os lugares; se ele entende nossos pensamentos, muito antes que eles se revistam de palavras, quão sinceramente deveremos urgir aquela petição: “Sonda-me, ó Senhor, e prova-me; testa as minhas afeições e meu coração: observa bem, se existe alguma maldade em mim, e me conduz no caminho eterno!”. Sim, quão necessário é operar junto a ele, o “manter nossos corações com toda a diligência”, até que ele “subjugue as imaginações”, as conjecturas diabólicas, “e tudo o que exalta a si mesmo contra o conhecimento de Deus, e traga cativo todo pensamento para a obediência a Cristo!”.
Uma passagem bíblica que retrata e exemplifica de forma maravilhosa como acontece a direcção de Deus em nossa vida está no Salmo 32.8, onde o Senhor diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Sl. 32:8). Aqui se acham a uma promessa da direcção divina e uma advertência contra a obstinação.
O Senhor promete aos Seus que os vai conduzir, mantendo neles a direcção de Seus olhos. Meditando a respeito, lembrei-me do relacionamento cheio de amor entre um pai e o filho que ele vê diante de si. O pai conduz a criança pela mão, enquanto seus olhos vigiam continuamente o filho.
Quando um jovem questionou o Senhor Jesus sobre a vida eterna (Mc. 10:17) e confirmou que desde criança cumpria todos os mandamentos (v. 20), lemos: “E Jesus, fitando-o, o amou...” (v. 21). Por que Jesus olhou para ele? Para guiá-lo; para tomá-lo pela mão para que reconhecesse o caminho certo para a sua vida. O jovem rico recebeu a oportunidade de ser guiado pelo próprio Jesus. Os olhos do Senhor já pousavam cheios de amor sobre ele – mas o homem não atendeu ao apelo. Que tragédia! É uma prova ilimitada do Seu amor que os Seus olhos repousem sobre nós, para que Ele nos aconselhe e guie desse modo.
Se tomarmos consciência de quão maravilhosos são os olhos que repousam sobre nós, então só podemos adorar, dizendo: que grande Senhor é o nosso! Pois a Bíblia descreve dessa forma os Seus olhos, com os quais Ele quer nos guiar: “A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo” (Ap. 1:14).
Isso significa que os Seus olhos atravessam a mais profunda escuridão. Nada Lhe está oculto. Quando nós já perdemos qualquer perspectiva há muito tempo, Ele ainda enxerga. O que é totalmente incompreensível para nós, está completamente revelado diante dEle. O salmista tinha plena consciência desse facto quando orou:
“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl. 139:7-10).
Sim, o Senhor quer que Seus filhos também experimentem dessa forma a Sua direcção: Ele os guia à medida que Seus olhos estão sobre eles dia e noite, em todas as circunstâncias de suas vidas, onde quer que estejam. Tenham a certeza absoluta e saibam de modo seguro: além do muro que esconde o futuro, espera-os a mão misericordiosa e omnipotente, mão que até agora tem removido de nosso caminho milhares de obstáculos intransponíveis; mão que nos socorreu no momento oportuno, conduzindo-nos à margem, quando já parecia terem-nos tragado as ondas; mão que sempre nos guiou com amor apenas semelhante à paciência e constância divinas. E onde quer que Ele tenha essa oportunidade de guiar, conduzir e aconselhar uma pessoa, ali uma luz brilhará mesmo na mais profunda escuridão. Por isso, não desanime, o que quer que tenha de enfrentar, ou qualquer que seja a sua situação: o Senhor Jesus, que o conduz com Seus olhos, sempre vê uma saída!
Tudo isso nos revela que Deus está ao nosso alcance, olhando para cada um de nós, querendo se aproximar e caminhar connosco.
Uma pessoa sobre cuja vida Deus mantém os olhos abertos, que permite que Deus a guie dessa forma, é espiritual. Em outras palavras: a atuação do Espírito Santo é o alicerce da vida dela. O Espírito Santo é também o motor que a impulsiona a fazer as coisas correctas e a escolher o caminho certo. Vamos olhar para o texto de Romanos 8.26, que fala sobre nossa incapacidade na oração e então aborda a ajuda que o Espírito Santo dá: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. Romanos 8.26
Afinal, por que o Espírito Santo intercede por nós, para que saibamos orar da forma certa? Qual é a Sua motivação? Será que Ele foi encarregado por alguém a fazer isso? Sim, exactamente: o Espírito Santo nos representa na oração da forma como o Pai deseja. É o que vemos no versículo seguinte: “E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele [o Espírito Santo] intercede pelos santos” (v. 27).
Deus, o Pai, quer que oremos de determinada forma. Ele quer nos aconselhar, mantendo Seus olhos dirigidos para nós, e deseja nos guiar conforme a Sua vontade. Então, o Espírito Santo produz essa vontade de Deus em nós.
O mesmo acontece, por exemplo, com o facto de que o Espírito Santo deseja nos guiar em toda a verdade, como diz Jesus. Por que é que o Espírito Santo quer e faz isso? Porque o próprio Senhor o deseja, porque Seus olhos estão sobre nós e porque Ele deseja nos conduzir em toda a verdade. O Senhor Jesus diz a esse respeito: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade”. Por que o Espírito Santo faz isso? A resposta é: “porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido... porque há-de receber do que é meu e vo-lo há-de anunciar” (Jo. 16:13-14).
Quando o Espírito Santo deseja guiar-nos “em toda a verdade” isso está relacionado com aquilo que o Senhor Jesus quer de nossa vida: “...porque há-de receber do que é meu e vo-lo há-de anunciar”.
São os olhos do Senhor, que descansam incansavelmente sobre nós, que nos guiam e conduzem. Mas é o Espírito Santo que – como um tradutor – nos explica e esclarece a vontade de Deus.
Naturalmente ainda fica a seguinte questão: como é que o Espírito Santo produz tudo isso em nós? Como é que acontece esse processo, pelo qual o Espírito Santo nos representa na oração “com gemidos inexprimíveis”? Como é que Ele nos revela os motivos pelos quais devemos orar? Bem, Ele não chama um anjo do céu para nos entregar uma lista de motivos. Mas como é que isso tudo funciona de verdade? Não de forma milagrosa ou espetacular, como muitos crentes certamente já desejaram. Não, o Espírito Santo simplesmente coloca o motivo em nosso coração. Ou, em outras palavras: desperta em nós o pensamento de orar por este ou aquele motivo.
Da mesma forma acontece com a principal incumbência do Espírito Santo, isto é, a glorificação de Jesus em nós e por meio de nós. Jesus diz: “Ele [o Espírito Santo] me glorificará” (Jo. 16:14). Isso significa que Ele não fala por meio de uma experiência espectacular e extraordinária. Não, o Espírito Santo faz Jesus crescer em nós. Ele nos impulsiona a pensar nEle. Ele desperta em nós o desejo de ter comunhão com Jesus e a Sua palavra. Ou Ele produz em nós um impulso interior de, por exemplo, fazer uma declaração de amor ao nosso Senhor, como Davi fazia: “Eu te amo, ó Senhor, força minha” (Sl. 18:1). Davi não orou dessa forma porque teve alguma revelação especial, mas porque sentia isso em seu coração. Ele simplesmente ficou com vontade de louvar ao Senhor dessa forma. O mesmo acontece com aqueles que se tornaram propriedade de Jesus. De uma hora para a outra nosso coração nos mostra o que devemos fazer ou não fazer.
Os olhos do Senhor voltados para nós e a actuação do Espírito Santo em nós às vezes produzem o desejo de fazer algo ou deixar de fazer outra coisa. Em outras palavras: temos a forte sensação ou até mesmo a certeza de que este caminho é o certo, e o outro, errado.
Mas os olhos do Senhor não repousam sobre todas as pessoas, sem excepção. Da mesma forma, nem todas as pessoas experimentam a atuação do Espírito Santo que descrevemos acima. Há uma condição, que é a seguinte: “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Cr. 16:9).
Portanto, Deus quer nos ensinar e mostrar o caminho no qual devemos andar; Ele quer nos aconselhar, Ele quer dirigir Seus olhos para nós (Sl. 32:8) – mas só quando nós também o queremos, quando nosso “coração é totalmente dele”. Somente os filhos de Deus consagrados vivem essa direção especial de Deus; só eles experimentam isto: os olhos de Deus sobre eles, a atuação do Espírito Santo dentro deles!
Por isso, certifique-se de que a cada novo dia todos os obstáculos entre si e o Senhor sejam removidos; só assim experimentará essa extraordinária direção do Senhor! Faça isso, e experimentará a direcção especial de Deus conforme descrita em Isaías 30:21: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele”.
Sim tu me conduzirás, ó Deus, não importa qual deva ser o meu caminho, plano ou agreste, fácil ou semeado de espinhos; tu me guiarás à meta distante, tu me conduzirás com teu conselho, e depois me receberás na glória.
Pr. Manuel Rodrigues

Sem comentários:

Enviar um comentário