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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Bem-Aventurados!

 
Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus, que cavalga sobre os céus para a tua ajuda, e com a sua majestade sobre as mais altas nuvens. O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos; e ele lançará o inimigo de diante de ti, e dirá: Destrói-o. Israel, pois, habitará só, seguro, na terra da fonte de Jacó, na terra de grão e de mosto; e os seus céus gotejarão orvalho. Bem-aventurado és tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas” (Dt. 33:26-29).

Introdução
Depois de Moisés ter ferido a rocha como sinal da sua ira, conforme Números 20:8-12, não atribuindo assim a Deus o poder e a glória, e por isso não O exaltou perante o povo, é claro, ainda que o Senhor, na Sua infinita misericórdia, tenha feito com que as águas fluíssem, isto não provou que Moisés estava certo ao misturar assim o seu próprio espírito com a obra de Deus, pelo que foi censurado pelo Senhor. Moisés, aqui, deu uma prova inequívoca perante a congregação errante e rebelde, de que ele tinha perdido a paciência e o domínio próprio. Para aqueles que cedem perante a paixão e a irritação, isto pode ser uma questão de pouca importância, mas para Deus isto foi uma ofensa grave. Deu ocasião ao povo de questionar se a sua conduta passada teria estado sob a orientação de Deus, e de mitigar os próprios pecados.
Deus não tinha colocado estas palavras na sua boca, mas foram preferidas com um sentimento de irritação. “Ouvi agora, rebeldes” (Nm. 20:10); isto era tudo verdade, mas a verdade não deve ser dita para satisfazer a paixão ou a impaciência. Quando Deus manda Moisés acusar Israel de rebelião, as palavras são dolorosas para ele e difíceis de suportar para eles. Contudo, Deus amparou o Seu servo ao transmitir a verdade tão severa e desagradável. Mas, quando os homens tomam sobre si a responsabilidade de preferir palavras que marcam e ferem, o Espírito de Deus é ofendido, e causa-se grande dano. O ato precipitado de Moisés ao ferir a rocha, e aquele discurso duro, foram uma exibição de paixão humana, não uma santa indignação porque Deus tivesse sido desonrado.
Moisés arrependeu-se do seu pecado, e humilhou-se grandemente perante Deus. Ele comunicou a todo o Israel o arrependimento que sentia pelo seu pecado. Não escondeu o triste resultado, mas disse ao povo que por causa desta sua falha em não ter atribuído glória a Deus, não poderia liderá-los até à terra prometida. Ele disse ao povo que prestasse atenção ao castigo severo que recebeu por causa do seu erro, e que depois pensasse na forma como Deus encararia as suas murmurações continuas ao acusarem um mero homem dos castigos da ira divina por causa das suas transgressões.
Agora ele aparece diante da nação para pronunciar bênçãos. A palavra Jerusum é um nome carinhoso, um termo poético aplicado a Israel que significa afeição, estima, íntegro ou correto tanto no sentido físico como moral e espiritual. Israel quer dizer povo de Deus. Foi o nome que Deus deu a Jacó quando teve o encontro com Deus e a vida foi mudada. Moisés está a mencionar aquilo que o povo de Deus devia ser, por entrar em aliança com Deus. Assim também nós devemos ser, pois fomos comprados por bom preço, o sangue de Jesus. É o nome que temos espiritualmente. Nós somos Israel de Deus, o povo de Deus. Veja este texto: “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade” (I Pe. 3:11).
Quão diferentes palavras são ditas aqui por Moisés! Aqui surge uma outra proposta, outra visão, outro destino. Enquanto, alguns abrem poços secos – buscam a realização da felicidade nos filhos, marido e no reconhecimento social – para tentarem arrancar deles a alegria tão almejada; passam mesmo a manipular o incontrolável a partir de suas crenças antigas, de seus deuses do lar, das suas mandrágoras... pela felicidade, Moisés encontrou do alto do monte a resposta da bem-aventurança. Esta não poderá ser encontrada em algo que façamos, mas naquilo que Alguém tenha feito por nós!
Moisés, que havia ido ao Egito, viu a mão poderosa de Deus na luta pelo povo dEle; viu esse mesmo Deus acompanhar esse povo e seus filhos pelo deserto durante quarenta anos, sustentando a cada um deles com disciplina, maná, água, carne, roupa e proteção contra os inimigos. Moisés, está no final da sua vida agora, no final de uma carreira imposta por Ele e não escolhida, e, talvez, seja esse o seu olhar, agora maravilhado, que avalia e descobre o que é a felicidade, o que é a plena bem-aventurança para qualquer homem: a salvação, a proteção e a defesa do Deus do povo de Israel. Abramos os nossos olhos para ver que a verdadeira bem-aventurança está em pertencer ao Deus que nos toma como sua propriedade exclusiva. Assim, o que se nota aqui são duas propostas: a busca pela felicidade em nós mesmos e nas coisas que nos cercam ou a buscarmos no Deus que salva, protege e defende.
Enfim, Moisés se maravilha com a felicidade que sempre esteve ali perto dele por toda a sua vida. Deus, que é Majestoso, e Sua cuja Majestade é o estado de excelência, de grandeza, de magnificência em que Ele se encontra, os havia escolhido e providenciado a salvação de Israel. Deus havia tomado a iniciativa de prometer e fazer cumprir a sua própria promessa feita a Jesus desde antes da fundação do mundo e que revelava-se ali, historicamente, a Abraão, Isaac e Jacó.
Tal e qual como muitos no passado, também nós temos buscado a felicidade como um bem que possamos produzir e, portanto, teríamos o direito de possuir, daí gastarmos tanta energia para que a possamos ter: é um direito humano apregoado hoje em todo o mundo! Moisés, pleno de perplexidade maravilhada, descobre, ao fim de sua vida, vendo as miríades formadas por Israel, que eles eram um povo singular e que não havia nada semelhante na terra: um povo salvo, protegido e defendido pelo próprio Deus. Eis a bem-aventurança!
Bem-aventurado significa feliz, muito feliz, por isso, toda as vezes que a bíblia se refere a alguém como bem-aventurado, está denominando-o feliz. Estejamos certos de que esse conceito de felicidade é completamente diferente do mundo e de toda a distorção que satanás trouxe ao termo. A felicidade, segundo o mundo, é resultado da prosperidade, do acúmulo de bens materiais, do individualismo, etc., mas as bem-aventuranças apontam para um estado de felicidade contraditório e independente de tudo isso.
No livro de Provérbios 3:13 ocorrência a palavra “bem-aventurado” em que se afirma que é “bem-aventurado o homem que acha sabedoria e o homem que adquire conhecimento”. Aqui, sabemos todos que Salomão não se está referindo à erudição intelectual, mas sim ao temor do Senhor, que é o princípio da ciência (Pv. 1:7). Pois, a origem da felicidade, está em se achar a sabedoria, que o próprio autor de Provérbios indica que se trata de uma pessoa eterna (Pv. 8:22, 23), que outro não é senão o Senhor Jesus (Jo. 1:1).
A bem-aventurança está em achar a Cristo, nada mais nada menos que isto. A bem-aventurança está, pois, em obedecer a Cristo, em buscá-l’O diariamente, atentando para a Sua voz e jamais nos distraindo com as coisas desta vida, procurando sempre aprender d’Ele e desfrutar da Sua presença. Bem-aventurado o homem que Me dá ouvidos, velando às Minhas portas cada dia, esperando às ombreiras da Minha entrada” (Pv. 8:34).
No livro de Provérbios, Salomão aconselhou o sábio a ouvir e a crescer em ciência. Salomão se refere à Sabedoria como tendo morada, como possuindo conhecimento, agindo com discrição, dando autoridade aos reis e governadores; como possuída por Jeová; estando presente no princípio com Jeová, antes da criação; a Sabedoria, como arquiteto, enchia-se de gozo dia após dia; convidava para banquete etc. Ora, considerando que o Verbo estava no princípio com Deus e tudo foi feito por Ele, e sendo Ele o Unigénito de Deus, e vendo aqui a Sabedoria mencionada nas mesmas circunstâncias do Verbo, vemos necessariamente nela a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho de Deus
Então, o que é que nos faz felizes? A Bíblia começa por nos apresentar que a verdadeira felicidade está no Deus que nos salva. O conhecimento da Majestade de Deus é muito importante para os seus filhos, porque quando os nossos olhos são abertos para conhecê-lo, passamos a não mais nos fascinarmos com as coisas deste mundo, ou mesmo com as suas bênçãos, mas com Sua Majestade. Talvez, sejamos como tantos outros: ouvimos as verdades de Deus, mas não conhecemos o Deus dessas verdades. Então, em que lugar tem procurado a sua felicidade?
Bem-Aventurados são os povos, que vivem no temor, do criador. Para sempre serão vitoriosos e gloriosos, em seus esquadrões, e gozarão, as bênçãos do Senhor!
1. Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia (Sl. 34:8).
Era uma noite escura. Mais escura ainda na caverna de Adulão, onde Davi estava escondido, tremendo de medo, perseguido por Saul. O salmista fugia para o sul, e chegou à terra dos filisteus, onde foi capturado. Levado perante Aquis, rei de Gate, fingiu-se de louco. Ele “se fingia de doido”, diz o relato, “esgravatava nos postigos das portas e deixava correr saliva pela barba”. A crise circunstancial era tremendamente adversa, envolvendo a dor da perseguição e do abandono, e o choro e o sofrimento por viver momentos tão contraditórios, sem entender a causa de tudo, angústia profunda da alma. Por não entender aquele momento circunstancial Davi, com choro, suplica e clamor, apela a Deus: acaso Deus se esqueceu de mim? Eu não sou um escolhido, não sou o sucessor do trono?
Nesta luta contra os temores futuros, contra o medo de lutar, contra a tristeza da aparente derrota, Deus abriu o coração de Davi, e o Rei reconheceu seus temores, seu medo e descansou nas mãos do Todo-Poderoso, do Eterno. Davi creu que os planos de Deus não podem ser frustrados, Davi creu que Deus não se atrasa, que Deus não mente e não pode mentir, que Ele é fiel, vivo e verdadeiro.
 Com esta confiança Davi saiu daquela caverna, disposto a enfrentar, em nome de Deus, todas as dificuldades que surgissem apela frente, e dando graças a Deus pelo sinal de libertação, e aproveita a ocasião de se celebrar a sua graça perpétua para todos os santos, e exortando-os a confiar tanto nele e no estudo da piedade, afirmando que a única maneira de ter uma vida feliz, é caminhar santa e inofensivamente do mundo, no serviço e temor de Deus.
Vemos no centro desse amorável capítulo de Salmos, o testemunho do salmista, que se sente muito feliz ao lembrar que Deus tem feito muito por ele, interessando-se agora em proclamar isso a todos, para que todos conheçam as maravilhas de Deus e nele se alegrem. A fé do salmista é calma e brilhante, mesmo em circunstâncias em que a vida do homem está exposta a inúmeros perigos, que abalam os próprios fundamentos da vida. Ele proclama alegremente: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra”.
Que linda nota de triunfo ele nos dá! Declara que Jeová ouve, responde, livra e torna radiante, e salva e guarda e redime. Agora ele afirma, em alto e bom som, que: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra”. David afirma, portanto, que os servos de Deus são protegidos e defendidos pelo anjo do Senhor. O desígnio do salmista é mostrar que, embora os fiéis estejam expostos a muitos perigos, podem ter a certeza de que Deus vai ser o fiel guardião de suas vidas, que os vai defender e preservar em segurança, pelo poder e ministério dos anjos.
Como é bom saber que temos por nós esse misterioso Ser que de certa maneira, nos tempos do Antigo Testamento, era tido como representante de Jeová no seu lidar com os homens. Nós o temos ao nosso redor, vigiando, protegendo e abençoando a todos nós com a sua Presença pessoal. É como uma hoste de seres angelicais sob o comando de Deus, postados como guarda protetora a nosso redor, para nos oferecer absoluta segurança.
O salmista declara já em seu testemunho que alguns amigos seus haviam experimentado algo dessas mesmas bênçãos, quando para Deus voltaram os olhos da sua fé, pois receberam resposta imediata, e sentiram iluminado e radiante o seu rosto ao olharem para Deus. Receberam de Deus alguma coisa que os capacitava a suportar todas as provas vindouras, sem se confundirem, que os habilitava a aguentar tudo, sem desapontamentos, sem o menor temor. O salmista afirma que quando clamou a Deus, ele respondeu e o livrou de todas as suas aflições e angústias.
Daí que o salmista imediatamente se volta para nós, e nos retrata esta experiência no Salmo 34:8 afirmando: “Provai e vede que o Senhor é bom. Bem-aventurado o homem que nele se refugia”. Bem-aventurado o homem que se refugia na certeza que Deus é justo e fará o que é certo em sua vida. O termo “provar” nesse texto refere-se literalmente a “experimentar”. Provar ao Senhor significa experimentarmos a viver com ele, refugiando-nos nele. Claro que a vida cristã não é um experimento científico com o qual constatamos verdades incontestáveis para os outros, mas quando nos refugiamos em Deus experimentamos aquilo que somente nós podemos entender em nossa necessidade de refúgio pessoal. Isso requer uma decisão consciente de envolver-se. Esse é o desafio de Davi para mim e para si. Ele parece estar dizendo “eu provei e tenho a certeza de que se você provar, chegará à mesma conclusão que eu cheguei.
Neste versículo o Salmista indiretamente reprova os homens pela sua apatia por não entenderem a bondade de Deus, que lhes deveria ser mais do que uma simples questão de conhecimento. By the word taste he at once shows that they are without taste; and at the same time he assigns the reason of this to be, that they devour the gifts of God without relishing them, or through a vitiated loathing ungratefully conceal them.
Quando Davi diz: “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom”, depois de testemunhar o seu livramento, indiretamente ele está reprovando os homens pela sua apatia e por não perceberem a bondade de Deus, que deveria ser-lhes mais do que uma simples questão de conhecimento, convidando-os, então, para atiçarem os sentidos, e para trazer um palato dotados de alguma capacidade de gosto, para que a bondade de Deus se possa tornar conhecida por eles, ou melhor, se manifeste a eles, dando testemunho de forma entusiástica de algo que funcionou na sua experiência. Por isso ele lança o desafio: “Provai e vede” – o que é que eu vou ver? O que é que eu vou perceber? “Que o Senhor é bom e que os que nele confiam são felizes”. Que consoladoras são estas palavras! Coisa maravilhosa é alguém ter uma fé assim, e apegar-se assim a Deus como o salmista!
São nesses momentos de extrema dificuldade, dor e angústia que Deus nos chama para fazermos prova dEle.
Assim como Davi também tenho em minha vida muitas experiências de fidelidade de Deus, no momento eu não entendia aquela situação, mas já na bonança, percebi que tinha de passar por aquilo tudo para ver e sentir a bondade do Senhor. Não se tratava de como Deus me provara, mas de como eu tive a prova de Deus quando nEle confiei todos os meus desígnios, todos os meus planos, toda a minha vida e descansei nEle. “Provai e vede que o Senhor é bom...”
Pense: “Busquei o Senhor e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores. Contemplai-o s sereis iluminados, e os vossos rostos jamais sofrerão vexame. Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações. O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. Oh! Provai, e vede que o Senhor é bom, e de imediato acrescentou: bem-aventurado o homem que nele se refugia“ (Sl. 34:4-8), pois Deus nunca decepciona as expectativas daqueles que buscam o seu favor. Nossa própria incredulidade é o único obstáculo que o impede de nos satisfazer em grande parte com fartura e abundância de todas as coisas boas.
Por que é que isso não se passa consigo? Podemos nós desta geração ter uma fé assim clara e forte e aferrada? Parece-nos que é bem mais fácil ter uma fé assim, e até mais viva ainda, porque temos o Senhor Jesus Cristo como nosso Redentor e Salvador. Jesus nos diz: “E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt. 28:20). Paulo disse: “Somos mais que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm. 8:37). Como nos é mais fácil, hoje, em nossos dias ter essa fé que Davi nos apresenta de maneira tão colorida nessa breve seleção de Salmos!
A referência que ele faz à presença do anjo do Senhor, lembra-nos a história do Antigo Testamento que nos relata o episódio de Jacó, acampado num lugar solitário, após uma rica experiência com Deus, durante uma noite toda, lugar a que ele depois chamou Maanaim – “dois campos” (Gn. 32:2). Jacó quis com isso dizer a todos nós que, ao longo daquele seu pequeno campo havia outro. Assim disse: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra”. O pequeno campo de Davi estava pobremente guarnecido, e o inimigo podia muito facilmente passar pela sua sentinela humana. Mas além daquela fila de sentinelas havia outra guarda, pelo que qualquer intruso devia passar antes de chegar a ele.
É glorioso pensamento recordar que Jesus avançou ainda mais e disse: “E ninguém as arrebatará da minha mão”. Numa sentença ou duas depois, Jesus disse: “E ninguém pode arrebata-las da mão de meu Pai” (Jo. 10:28-29). Parece-nos que quando estamos em Cristo, estamos duplamente a salvo, porque primeiro estamos na mão de Cristo e, depois, a mão de Cristo está na mão do Pai. E, assim, escondidos como estamos, nos vemos inteiramente livres do alcance de todo e qualquer inimigo. É quase esse o quadro que Davi nos pinta aqui nessas belas palavras que se tornarão tão preciosas e queridas a todos nós.
2. Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está posta no Senhor seu Deus (Sl. 146:5).
Como não teria sido suficiente para reprovar o pecado, ele sustenta que a solução depende duma correção adequada, e isso é que as esperanças dos homens só são estáveis e bem fundamentadas quando descansam inteiramente em Deus. Pois os tempos maus veem para reconhecer o comprimento da insensatez de confiar no homem. ““Cursed is he that trusteth in man, and maketh flesh his arm,” etc.;”Maldito aquele que confia no homem, e faz da carne o seu braço”.
A expressão “Deus de Jacó” é para distingui-lo da multidão de deuses falsos que os incrédulos glorificavam naquele momento, e havia uma boa razão para isso, pois enquanto todos se propõem a buscar a Deus, poucos tomam o caminho certo, e é uma referência clara ao facto de que Deus está acostumado a lidar com pessoas pecadoras e contraditórias como Jacó e como qualquer um de nós. Ao designar o Deus verdadeiro por sua marca própria, ele sugere que seja apenas por uma fé a certeza de adoção, que qualquer um de nós pode descansar nele, pois ele deve mostrar-se favorável a nós antes que nós possamos olhar para a ajuda dele. Bendito seja Deus, o Senhor, que nos ama apesar de sermos o que somos.
1) O versículo 5 do Salmo 146 dá-nos grande ânimo, pois promete tudo quanto o Cristão necessita – ajuda, esperança e felicidade.
Este versículo é como aquelas tabelas que aparecem nas costas das caixas dos cereais que listam os valores mínimos diários requeridos para a saúde. Nós aqui temos os mínimos diários requeridos para a saúde espiritual – ajuda, esperança e felicidade.
Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio...”. Independentemente do quão capazes e eficientes possamos ser, chegam sempre os momentos em que precisamos de ajuda. Eu não tenho nenhuma capacidade de resolver problemas de mecânica, por isso dependo da ajuda da oficina de mecânica sempre que o meu carro tem se der intervencionado. Eu tento cuidar da minha saúde, mas há ocasiões em que a ajuda especializada do médico ou cirurgião é necessária. Nós dependemos da ajuda de outros ao longo do dia – das pessoas que tratam dos circuitos telefónicos, dos operários que garantem o funcionamento dos autocarros e comboios, das pessoas que imprimem o jornal.
a) Mas há Um cuja ajuda está, de longe, acima de todas, e Esse é o Deus de Jacó.
Deus pode fazer por nós o que mais ninguém pode fazer. O Salmo 46:1 diz-nos que Deus é “socorro bem presente na angústia”. O salmista disse: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra”. Nós confiamos nas pessoas, no entanto as pessoas falham-nos; e por vezes nós falhamos com os outros. Mas quando colocamos a nossa confiança no Senhor, Ele dá-nos a espécie de ajuda que nunca falha.
Deus é aqui chamado de “o Deus de Jacó”, e isto é para mim um grande encorajamento pois Jacó estava sempre a precisar de ajuda. Quando Jacó enganou o seu irmão e pai e teve de deixar o lar, ele ficou totalmente só num mundo nada amigável. No entanto Deus protegeu-o e dirigiu-o e satisfez todas as suas necessidades. Quando outros homens tentaram magoar Jacó Deus avançou e protegeu-o. Deus cumpriu os Seus propósitos para com Jacó e tornou-o no Pai das tribos de Israel. Por vezes Jacób foi um homem desobediente, mas ainda assim Deus ajudou-o e providenciou para ele.
Portanto há aqui uma palavra de encorajamento para nós hoje: O Deus de Jacó é o nosso auxílio. Hebreus 13:6 diz: “...O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem”. Lance o seu fardo sobre o Senhor, e pela fé, receba a ajuda que só Ele pode dar. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”.
Nós temos visto a ajuda que Deus nos dá; pensemos agora na esperança. É triste dizer que há multidões de pessoas que não têm esperança. Não têm nada que as motive para viver, nada para esperar. Ouvimos muitas vezes pessoas desesperadas que querem acabar com tudo; a vida para estas pessoas tem-se tornado insustentável, e elas preferem morrer a viver.
b) Quando se conhece a Jesus Cristo, passa-se a ter sempre esperança.
Paulo diz-nos que Jesus Cristo é a nossa esperança! Para o Cristão a esperança não é uma miragem ou um cego optimismo. A nossa esperança em Cristo é uma certeza. Hebreus 6:19 diz-nos que a nossa esperança em Cristo é uma âncora. E essa âncora nunca vacila nem nunca falha. O Cristão “regozija-se na esperança” pois ele sabe que o futuro está assegurado em Cristo.
A nossa esperança em Cristo está baseada na Palavra de Deus, a Bíblia. Porque confiamos nas Suas promessas, experimentamos a Sua esperança. Independentemente de quão escuro se possa tornar o dia, ainda temos a luz da Sua Palavra para nos encorajar. Ferdinand Magellan levou trinta e cinco bússolas com ele quando iniciou a sua viagem à volta do mundo. Um navio sem bússola está condenado – e assim também uma vida sem esperança. A Palavra de Deus é a luz que nos encoraja e a bússola que nos guia.
É claro que se nunca tivesse confiado em Cristo como seu Salvador, nunca teria esperança. É só quando nos rendemos a Ele que a esperança vem ao no nosso coração. O Cristão nunca tem de perder a esperança porque tem um Salvador que caminha com ele rumo ao futuro. Mesmo quando passamos pelo vale da sombra da morte, não teremos medo, pois Jesus estará ali connosco. Quando O conhecemos, temos ajuda e esperança, de modo que o presente e o futuro estão ambos assegurados. Não admira o Cristão experimentar a felicidade: “Bem-aventurado (muito feliz) aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está posta no Senhor seu Deus.
c) O que é a felicidade?
Nestes dias temos muitas definições imaginosas e superficiais. Mas para a pessoa madura, felicidade é muito mais profundo do que descrevem estas definições infantis. Felicidade é aquele maravilhoso sentimento de bem-estar que vem quando dependemos da ajuda de Deus e vivemos na vontade de Deus. Se dependermos da nossa própria ajuda, acabaremos por falhar; e se vivermos para a nossa própria vontade, nunca poderemos ser realmente felizes.
A felicidade é um subproduto. Se você procurar a felicidade, nunca a encontrará; mas se se determinar a confiar em Cristo e em obedecer-Lhe, então a felicidade surgirá no seu caminho. Ninguém pode comprar a felicidade ou armazená-la. Jesus disse, “... a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”. De facto, algumas das pessoas mais miseráveis que conheço dependem da sua riqueza acumulada. A felicidade nunca se encontra nas coisas.
A felicidade também não se encontra nas emoções, pois as emoções nunca perduram. Eu agradeço a Deus por lembranças felizes, e entesouro-as, mas Deus não quer que encaremos a vida olhando pelo espelho retrovisor.
Qual é a sua necessidade neste exacto momento? Necessita de ajuda? “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio...,” diz o Salmo 146:5. Necessita de esperança? “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está posta no Senhor seu Deus”. E quando se tem a ajuda e a esperança de Deus, também se experimenta a Sua felicidade. Nós teremos ajuda para hoje e esperança para amanhã porque confiamos em Cristo; e teremos a felicidade no nosso coração como um abençoado subproduto da graça de Deus.
Bem-aventurados são aqueles que acham sabedoria e conhecimento e o temor do Senhor habita neles para sua glória e suprimento.     
3.   Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios (Sl. 1:1).
Estas palavras têm sido consideradas como uma exclamação, e podem ser literalmente fundidas, “bem-aventurado o homem”! O que o salmista quer dizer é que tudo deve estar sempre bem com os devotos servos de Deus, cujo constante esforço é fazer progresso no estudo de sua lei. A maior parte da humanidade está acostumada a escarnecer da conduta dos santos como mera simplicidade, e trabalho como totalmente jogado fora. Acham que seria de maior importância que o justo fosse confirmado no caminho da santidade, pela consideração da miserável condição de todos os homens sem a bênção de Deus, e pela convicção de que Deus é favorável a ninguém. Estão enganados, pois Deus é favorável àqueles que zelosamente se dedicam ao estudo da verdade divina. Moreover, as corruption has always prevailed in the world, to such a degree, that the general character of men's lives is nothing else but a continual departure from the law of God, the Psalmist, before asserting the blessedness of the students of the divine law, admonishes them to beware of being carried away by the ungodliness of the multitude around them.Além disso, como a corrupção sempre prevaleceu no mundo, a tal ponto, que o carácter geral da vida dos homens não é senão uma partida constante da lei de Deus, o salmista, antes de afirmar a bem-aventurança dos estudantes da lei divina, adverte que se guardassem de ser levados pela impiedade da multidão ao seu redor. Começando com uma declaração de sua aversão dos ímpios, ele nos ensina como é impossível para qualquer um aplicar sua mente à meditação sobre as leis de Deus sem que tenha previamente se retirado e separado da sociedade dos ímpios. Uma advertência necessária e certa, pois vemos como levianamente os homens se atiram nos laços de Satanás, pelo menos, como poucos, comparativamente, há que se protegem contra as tentações do pecado. Que possamos ser plenamente informados do perigo, é necessário termos em mente que o mundo está cheio de corrupção mortal, e que o primeiro passo para viver bem é renunciar à companhia dos ímpios, caso contrário, é certo que nos contaminaremos com a sua própria poluição.
A sua afirmação de que são bem-aventurados os que não têm nenhuma associação com os ímpios, é o que o senso comum e a opinião da humanidade dificilmente admitem, por quanto todos os homens naturalmente desejam e buscam a felicidade. Procuram satisfazer-se em seus pecados, caminhando o mais distante possível da justiça, na satisfação dos seus desejos. Tudo isto é contabilizado feliz, porque obtêm os desejos do seu coração. O salmista, ao contrário, aqui nos ensina que nenhum homem pode ser devidamente feliz e estar ao serviço de Deus, e ao estudo de sua lei, até que ele esteja firmemente convencido de que todos os ímpios são miseráveis, e que os que não se retirarem dessa empresa de ímpios miseráveis serão envolvidos na destruição com eles mesmo. Mas como não é fácil de nos desviarmos dos ímpios com quem estamos misturados no mundo, de modo a sermos totalmente alienado deles, o salmista, a fim de dar maior ênfase à sua exortação, emprega uma multiplicidade de expressões.
A palavra inicial deste salmo, “Bem-aventurado” trata-se de um termo que enfatiza a alegria. No Novo Testamento Jesus usou esta expressão para se referir à verdadeira felicidade. A intenção do salmista, é que para uma vida bem-sucedida, tudo deve estar sempre bem com os devotos servos de Deus, cuja incansável diligência é entrarem na companhia dos profetas e reis, dos salmistas e historiadores, e, principalmente, na do próprio Deus, os quais nos falam através das Escrituras; é serem dirigidos pela Palavra e fazerem progressos no estudo da mesma e não se limitarem apenas a ler a Bíblia, mas a meditarem nela, porque é melhor um versículo bem mastigado, do que um capitulo inteiro engolido às pressas. Ao invés de seguirem os conselhos errados, andarem no caminho dos ímpios, ou seja, participarem das ideias dos ímpios, das suas ações inspiradas em princípios mundanos, maldosos e astutos; se detêm no caminho dos pecadores, ou seja participam dos seus projetos, adotam a linha de comportamento deles; se assentam na roda dos escarnecedores, ou seja, participam do seu modo de agir, zombando de Deus e de coisas eternas, devem encontrar na Palavra a fonte de conselhos sábios que os conduzirão à vida, a uma adesão alegre movida pela obediência e motivada pelo amor, já que o maior contingente do género humano vive sempre acostumado a escarnecer da conduta dos santos como sendo mera ingenuidade e considera o seu labor como sendo total desperdício. São livres-pensadores cínicos, espíritos orgulhosos e autossuficientes. São de pensamentos e linguagem desdenhosa no que concerne a Deus.
O salmista declara que o indivíduo que realmente merece o nome de justo e de Bem-aventurado é aquele que terminantemente recusa andar ou viver na atmosfera criada por tais homens maus. Não tem o menor desejo de se deter ou de gastar tempo na companhia desses que tragicamente erram o alvo da vida. Foge de assentar-se na roda desses escarnecedores, para não ser contado como um deles. Bem-aventurado é aquele que é fiel a Deus naquilo que evita e naquilo que faz. Bem-aventurado significa que o justo desfrutará do favor e das graças especiais de Deus. Bem-aventurado não somente é a palavra pela qual este salmo se inicia, mas é também, a essência do que é prometido aos que meditam na Palavra de Deus, noite e dia. Meditar não é apenas ler como se fosse um dever, mas é procurar entender espiritualmente a lei do Senhor e, em seguida, aplicá-la à sua própria vida.
Deste modo, é de suma importância que o justo se deleite no que Deus diz, ouvindo com atenção e seja confirmado no caminho da santidade, pela consideração da miserável condição de todos os homens destituídos da bênção de Deus e da convicção de que Deus a ninguém é favorável senão àqueles que zelosamente se devotam ao estudo da verdade divina. Além do mais, como a corrupção sempre prevaleceu no mundo, a uma extensão tal que o carácter geral da vida humana, nada mais é do que um perene afastar-se da lei de Deus.
O salmista, antes de declarar a ditosa sorte dos estudantes da lei divina, os admoesta a se precaverem para não se deixarem levar pela impiedade da multidão que os cerca. Ele nos ensina como é impossível para alguém aplicar sua mente à meditação da lei de Deus, se antes não recuar e afastar-se da sociedade dos ímpios. Eis aqui sem dúvida uma admoestação em extremo necessária; porquanto vemos quão irrefletidamente os homens se precipitam nas armadilhas de Satanás; no mínimo, quão poucos, comparativamente, há que se protegem contra as fascinações do pecado.
Este salmo é importantíssimo em nossa vida cristã, pois bem-aventurados são os que foram separados por Deus, que são o sal da terra, a luz do mundo. O apóstolo Paulo bem dizia: Que as más conversações corrompe os bons costumes. Temos que ter uma vida exemplar, sermos irrepreensíveis, foi para isso que Deus nos chamou e nos separou, para sermos um povo de propriedade exclusiva Dele.
Para que vivamos plenamente conscientes de todos os perigos que nos cercam, necessário se faz recordar que o mundo está saturado de corrupção mortífera e que o primeiro passo a dar para viver bem e feliz consiste em renunciar a companhia dos ímpios; consiste em ter consciência de que Deus nos conhece e nos ama (ver Sl. 56:8), de outra sorte, é inevitável que nos contaminemos com a sua própria poluição. O impio começa com a impiedade, depois passa ao escarnecimento e termina como palha (Mt. 13:30).
A soma do todo é que os servos de Deus devem se esforçar por seguirem o caminho de Deus, por certo aborrecível para a vida dos homens ímpios. Mas como é da política de Satanás insinuar seus enganos, de uma forma muito artesanal, o salmista, a fim de que ninguém possa ser enganado insensivelmente, mostra como a pouco e pouco os homens são ordinariamente induzidos a se desviarem do caminho certo. Não acontece logo na primeira etapa, mas uma vez tendo começado a dar ouvidos a maus conselhos, Satanás leva-os, passo a passo, mais perdido, até que se precipitam em transgressão aberta.They do not, at the first step, advance so far as a proud contempt of God but having once begun to give ear to evil counsel, Satan leads them, step by step, farther astray, till they rush headlong into open transgression.
E se, no tempo do salmista, era necessário que os fiéis devotos de Deus se retirassem da companhia dos ímpios, a fim de enquadrarem correctamente as suas vidas, quanto mais nos dias de hoje, quando o mundo se tornou muito mais corrupto, devemos com cuidado evitar toda a sociedade perigosa que pode ser mantido limpo por suas impurezas.
O salmista, porém, não só ordena os fiéis a que mantenham uma distância do ímpio, a fim de não de serem infectados por eles, como também faz uma advertência que implica que cada um deve ser mais cuidadoso para não se danificar a si mesmo, nem se abandonar à impiedade. Um homem não pode ter contraído contaminação a partir de exemplos do mal, e ainda vir a assemelhar-se ao ímpio por imitar espontaneamente seus costumes corruptos.
O salmista não se limita a pronunciar “felizes os que temem a Deus”, como em outros lugares, mas designa piedade pelo estudo da lei, ensinando-nos que Deus é servido justamente quando a sua lei é obedecida. Quando Davi fala aqui da lei, não deve ser entendido como se as outras partes da Escritura devam ser excluídas, mas uma vez que toda a Escritura é nada mais do que uma exposição da lei, sob ela como chefe é compreendido todo o corpo.
O salmista, por conseguinte, elogiando a lei, inclui todo o resto dos escritos inspirados. He must, therefore, be understood as meaning to exhort the faithful to the reading of the Psalms also. Ela deve, portanto, ser entendida no sentido de exortar os fiéis para a leitura dos Salmos também. Desde a sua caracterização como o piedoso deleitando-se na lei do Senhor, podemos aprender que a obediência forçada ou servil não é de todo aceitável a Deus. São dignos estudantes da lei os que vêm com um espírito alegre e estão tão encantados com as suas instruções, que nada é mais delicioso e desejável do que progredir nela. From this love of the law proceeds constant meditation upon it, which the prophet mentions on the last clause of the verse; for all who are truly actuated by love to the law must feel pleasure in the diligent study of it. Deste amor da lei continua a meditação constante sobre ela, que o salmista fala sobre a última cláusula do versículo, para todos os que são verdadeiramente motivados pelo amor à lei devem sentir prazer no diligente estudo da mesma.
Como o salmista, em primeiro lugar, prescreve aos santos precaução contra as tentações para o mal, seguiremos a mesma ordem. Sua afirmação de que é bem-aventurado, – plantado junto aos rios, dando fruto e prosperando (ver Gn. 39:34; 49:22) - quem não têm nenhuma associação com os ímpios, é o que o comum sentimento e opinião do género humano dificilmente admitirá; pois enquanto todos os homens naturalmente desejam e correm após a felicidade, vemos com quanta determinação se entregam a seus pecados; sim, todos aqueles que se afastam ao máximo da justiça, procurando satisfazer suas imundas concupiscências, se julgam felizes em virtude de alcançarem os desejos de seu coração.
O salmista, ao contrário, aqui nos ensina que ninguém pode ser devidamente encorajado ao temor e serviço de Deus e bem assim ao estudo de sua lei, sem que convictamente, se persuada de que todos os ímpios são miseráveis e que os que não se afastam de sua companhia se envolverão na mesma destruição a eles destinada. Como, porém, não é fácil de evitar os ímpios com quem estamos misturados no mundo, sendo-nos impossível distanciar-nos totalmente deles, o salmista, a fim de imprimir maior ênfase à sua exortação, emprega uma multiplicidade de expressões.
Em primeiro lugar, ele nos proíbe de andarmos segundo a conselho dos impios; em segundo lugar, de nos determos no caminho dos pecadores; e, finalmente, de nos assentarmos junto deles.
Notemos bem a forma como o primeiro versículo deste Salmo demonstra uma progressão entre os verbos andar, deter-se e assentar-se; e dos substantivos conselho, caminho e assento; e dos adjetivos impios, pecadores e escarnecedores. Podemos assim observar que passo a passo o pecado é um ato contínuo, induzindo sempre o pecador para ir mais além no seu erro. Começa por andar, depois por se deter e, por fim, por se assentar a despojar-se.
Demonstra aquela pessoa que vai aos poucos atentando e se acomodando aos conselhos daqueles que desprezam o Senhor. Os ímpios com suas práticas e conquistas são efêmeros e passageiros, como “a palha que o vento dispersa” (v. 4). Isto porque não serão poupados no juízo (v. 5), permanecendo separados daqueles que andam segundo o conselho de Deus. Seu fim é a destruição (v. 6).
A suma de tudo é: os servos de Deus devem diligenciar-se ao máximo por cultivar aversão pela vida ímpia. Essas etapas sucessivas na estrada do mal devem ser religiosamente evitadas por esse homem que tem sabedoria suficiente, para ver que a vida é muito curta para ser assim esbanjada com um comportamento iniquo.
Os servos de Deus devem andar sempre em direção oposta ao “curso deste mundo” (Ef. 2:2), não aceitando conselhos de pessoas que os induzirão a pecar contra o Senhor (Is. 30:1; Pv. 12:5). O cristão que se preza, anda segundo o conselho de Deus por meio do Espírito Santo (Sl. 33:11; Gl. 5:25).
O crente não pode se embaraçar com as coisas desta vida (Hb. 12.1), pois, a sua mente deve ser sempre livre para o uso do Senhor. Quando ele começa a se envolver com as práticas comuns aos ímpios, é porque se deteve naquilo que o levará consequentemente à morte espiritual. Esse é um estágio mais adiantado que o anterior, no qual ele já experimentou andar no pecado, se adaptou e se deteve.
As rodinhas onde se contam piadas “evangélicas”, ou não, são a característica marcante de um ajuntamento onde a igreja, os líderes e Deus são escarnecidos (Pv. 1:22).
Estejamos atentos, pois a habilidade de Satanás consiste em insinuar seus embustes, de uma forma muito astuta. O salmista, a fim de que ninguém se deixe insensivelmente enganar, mostra como paulatinamente os homens são ordinariamente induzidos a se desviarem do reto caminho.
No primeiro passo, não se precipitam em franco desprezo a Deus, mas, tendo uma vez começado a dar ouvidos ao mau conselho, Satanás os conduz, passo a passo, para um desvio mais acentuado, até que se lançam em transgressão aberta. O salmista, portanto, começa com um conselho, termo este, a meu ver, significa a perversidade que ainda não se exteriorizou abertamente.
A seguir o salmista fala da vereda, o que deve ser tomado no sentido de habitual modo ou maneira de viver. E coloca no ápice da ilustração o assento, uma expressão metafórica que designa a obstinação produzida pelo hábito de uma vida pecaminosa. Da mesma forma, também, devem-se entender os três verbos, a andar, deter e assentar.
Quando uma pessoa anda voluntariamente, em consonância com a satisfação de suas corruptoras luxúrias, a prática do pecado o enfatua tanto que, esquecido de si mesmo, se torna cada vez mais empedernida na perversidade, o que o salmista denomina de deter-se no caminho dos pecadores. Então, por fim, segue-se uma desesperada obstinação, a qual o salmista expressa usando a figura assentar-se.
Ora, se nos dias do salmista, necessário se fazia que os devotos adoradores de Deus evitassem a companhia dos ímpios, a fim de manterem a sua vida bem estruturada, quanto mais necessário é no tempo presente, quando o mundo se transformou em algo muitíssimo mais corrupto. O nosso dever é evitar criteriosamente todas as ameaças da sociedade, para que nos conservemos incontaminados de todas as suas impurezas.
O salmista, contudo, não só prescreve aos fiéis que se mantenham à distância dos ímpios, temendo serem contaminados por eles, mas também que cada um seja prudente, a fim de que se não corrompa, nem se embarace com as coisas desta vida e nem se entregue. Mesmo que uma pessoa não tenha ainda contraído todo o aviltamento provindo dos maus exemplos, no entanto é possível que se assemelhe aos perversos, ao imitar espontaneamente os seus hábitos corruptos.
No segundo versículo, o salmista não declara simplesmente ser bem-aventurado aquele que teme a Deus, como faz em outros passos, senão que designa o estudo da lei, como sendo a marca da piedade, nos ensinando que Deus só é corretamente servido quando a sua lei for obedecida; quando se busca respostas e se recorre à Palavra de Deus e não a conselhos de pessoas sem o temor de Deus. Não se deixa a cada um a liberdade de codificar um sistema de religião ao sabor de sua própria inclinação, senão que o padrão de piedade deve ser tomado da Palavra de Deus.
Quando Davi aqui, fala da lei, não deve ser deduzido como se as demais partes da Escritura fossem excluídas, mas, antes, visto que toda a Escritura outra coisa não é senão a exposição da lei, ela é como a cabeça sob a qual se compreende todo o corpo.
O salmista, pois, ao enaltecer a lei, inclui todo o resto dos escritos inspirados. É mister, pois, que ele seja compreendido como a exortar os fiéis a meditarem também nos Salmos. Ao caraterizar o santo se deleitando na lei do Senhor, daí podemos aprender que obediência forçada ou servil não é de forma alguma aceitável diante de Deus, e que só são dignos estudantes da lei aqueles que se chegam a ela com uma mente disposta e que se deleitam com as suas instruções, não considerando nada mais desejável e delicioso do que extrair dela o genuíno progresso. Desse amor pela lei procede a constante meditação nela, o que o salmista menciona na última cláusula do versículo; pois todos os que são verdadeiramente impulsionados pelo amor à lei devem sentir prazer no diligente estudo dela.
Somos comparados a ovelhas, animal ruminante que passa a noite regurgitando e mastigando o alimento que engoliu durante o dia. Desta forma, o cristão se alimenta da maravilhosa Palavra de Deus e “rumina de dia e de noite”.
Ser cristão significa ser uma nova criatura em Cristo Jesus (2 Co. 5:17), que corresponde ao “nascer de novo” em João 3:5. Esse processo acarreta em mudanças radicais, que começam no espírito do homem. Logo, os desejos do coração do servo de Deus têm um novo alvo, e agora, ele se deleita no Senhor e tem grande prazer em seus mandamentos e não no mundo (Sl. 37:4; 112:1).
A Felicidade flui do manancial da vida, das verdades eternas, da palavra viva e eficaz. Eis o nosso jardim, o paraíso do coração, os pastos verdejantes, as águas tranquilas que refrigera as nossas almas. “Ele será como uma árvore plantada junto a ribeiros de águas, que produz o seu fruto na estação própria, cujas folhas não murcharão e tudo quanto faz prosperará” (Sl. 1:3).
Bem-aventurado é o que está plantado junto à fonte da fertilidade espiritual, se torna qual árvore forte e vigorosa, formosa e garbosa, cujas raízes são muito profundas no subsolo e alcançam lençóis de água, dos quais recebem ocultamente o alimento que vai aparecer abertamente em frutos abundantes no seu devido tempo e as suas folhas não murcham. Estando firmemente plantada, jamais os ventos que varrem a planície conseguem derribá-la, porque a esperança e a fé sustentam e fortificam essas pessoas, pois a sua confiança está em Deus (Sl. 56:11).
Esta afirmação revela a vitalidade do cristão. Revela que a felicidade não das alegrias da carne, pois elas são mundanas, pecaminosas, enganosas e diabólicas, mas sim das alegrias espirituais e eternas, das alegrias que contagiam a nossa alma, que renovam a esperança, que nos levam a sonhar, a ser mais amáveis, gentios, piedosos e santos. Uma vez seguidas as recomendações nos vs. 1 e 2, ele pode esperar resultados esplêndidos em sua vida espiritual, pois será idêntico a uma planta regada constantemente. É junto às margens de rios e lagoas que se encontram as terras mais férteis e, da mesma forma, a vida cristã vigorosa não permite distanciar-se da Palavra do Senhor.
O salmista além de descrever o caminho do homem fiel a Deus, sendo bem-aventurado em sua essência, ele detalha alguns aspectos desta bem-aventurança:
1) Solidez Frutificante: (3)
Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido” (Sl. 1.3).
a) “No devido tempo, dá o seu fruto” (3)
Há um crescimento silencioso, mas, constante. O salmista nos indica o caminho para uma vida inteiramente entregue a Deus, conhecendo a sua Palavra e dela tirando bons conselhos. A vida que se quer ter daqui a 5, 10, 20, 40 ou 60 anos, depende de nossas decisões que tomarmos hoje. A prosperidade manifestada no fruto é produzida em sua estação e não necessariamente imediatamente depois de se plantar a semente. Aqui há um estímulo à perseverança na Palavra. Deus tem o tempo certo para todas as coisas. A colheita resultante da nossa fidelidade a Deus ocorre no tempo próprio; portanto, não deve haver lugar em nosso coração nem para descaso e indiferença, nem ansiedade. A obediência a Deus é sempre frutuosa, ainda que no processo de perseverança obediente e aprendizado nem sempre percebamos alguns frutos que apontam para uma abundante colheita. Deus tem o controle de todas as coisas; ele controla as estações do tempo e de nossa vida. O “devido tempo” pertence a Deus. Confiemos no Senhor e perseveremos em fazer o bem.
O salmista nos diz que uma vida que se alimenta da Palavra de Deus, que se alegra em fazer a vontade de Deus, é sempre frutífera, produzindo boas obras. A combinação do viver limpo com o comer a Palavra de Deus, e com o produzir fruto, o conservará vigoroso no seu interior, como no seu exterior e produzirá essa espécie de vida que positivamente influenciará para o bem, onde quer que esteja.
Aqui temos a produtividade do crente. É importante frisar que as árvores, exceto as de enxerto, só produzem fruto na estação própria. Portanto, o cristão que tem raízes firmes, profundas e que está bem fixo e otimamente sustentado, não deve se preocupar em forçar a produção de frutos em sua vida, mas sim, em prover os meios necessários para que, no devido tempo, eles apareçam (Jo. 15:1-8; 2 Pe. 1:5-8).
Trata-se de uma promessa para o fiel. Encontra paralelo na profecia de Jeremias 17:5-10. Lembre-se de que a árvore é um ser vivo em dinâmico ciclo de crescimento, fotossíntese, alimentação, geração de frutos, mudança de folhagem etc. Assim é o crente que está ligado à Palavra de Deus. Ele absorve seus ensinos vitais e o Senhor transforma isso em crescimento e frutos. O justo não teme as estações, pois as suas raízes estão solidas e totalmente seguras pela Rocha, que é Jesus. “Mas eu confio em ti, ó Senhor; digo: Tu és o meu Deus. Todos os meus dias estão nas tuas mãos...” (Sl. 31:14, 15).
b) “Cuja folhagem não murcha” (3)
Realça o livramento dos danos da seca. Deus não permite que as vicissitudes da vida, especialmente aquelas resultantes de nossa fidelidade à Sua Palavra, nos faça murchar em nossa alegria de viver e de permanecer em Seus caminhos. Só será realmente feliz aquele que for como “árvore plantada junto a corrente de águas, …e cuja folhagem não murcha”.
Aqui temos um desafio a confiar no Senhor, conforme o texto paralelo de Jeremias nos instrui: “Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se perturba nem deixa de dar fruto” (Jr. 17:7-8).
Deste modo, assim como as árvores se alimentam e se solidificam por meio de suas raízes, o fiel se nutre espiritualmente, fortalecendo a sua fé em Deus por meio da meditação sincera e constante na Sua Palavra.
Aqui, o salmista ilustra, e, ao mesmo tempo confirma pelo uso de metáfora, a afirmação feita no versículo anterior; pois ele mostra em que sentido os que temem a Deus devem ser considerados bem-aventurados, ou seja, não porque desfrutem de evanescente e infantil alegria, mas porque se encontram numa condição saudável. Há nas palavras um contraste implícito entre o vigor de uma árvore plantada num sítio bem regado e a aparência decaída de uma que, embora possa florescer lindamente por algum tempo, no entanto logo murcha em decorrência da aridez do solo em que se acha plantada.
Com respeito aos ímpios, como veremos mais adiante (Sl. 37:35), eles são às vezes como “os cedros no Libano”. Desfrutam de uma prosperidade tão exuberante, tanto de riquezas quanto de honras, que nada parece faltar-lhes para a sua presente felicidade. Não obstante, quanto mais alto se ergam e quanto mais se expandem por todos os lados os seus galhos, uma vez não possuindo raízes bem fincadas na terra, nem ainda suficiente humidade da qual venham a derivar seus nutrientes, toda a sua beleza e grandeza desaparece.
Apenas e tão-somente pela bênção divina é que alguém pode permanecer numa condição de prosperidade. Os que explicam a figura dos fiéis produzindo o seu fruto na estação própria, significando que sabiamente discernem quando uma coisa que deve ser feita, até onde pode ser bem-feita, em minha opinião revela mais subtileza do que bom senso, impondo às palavras um sentido que ele jamais pretendeu.
2) Bem-sucedido: (3)
A prosperidade e o sucesso têm os seus encantos naturais além daqueles que podem ser forjados pela nossa prodigiosa imaginação. E com todos estes ingredientes, há, certamente não sejamos ingénuos, as tentações próprias reforçadas pela nossa maneira de visualizar o mundo. No entanto, a Palavra nos mostra que o ser bem-sucedido está relacionado ao proceder conforme os preceitos de Deus. Jamais seremos frustrados Naquele que não tem planos frustrados (Jó 42.2). Não há genuíno sucesso fora da Palavra de Deus. O segredo do sucesso está no alimento de nossa alma na Palavra; devemos, portanto, permanecer “plantado junto a corrente de águas”. Deus pela graça nos preserva e conduz a bom termo o que Ele mesmo colocou em nossa coração a levar adiante. “Portanto, é tão-somente pela bênção divina que alguém pode permanecer numa condição de prosperidade”.
Lembremo-nos sempre de que o “sucesso” mencionado pelo salmista está associado mais especificamente à sua vida espiritual e, também, o que ele faz conforme o conselho da Lei do Senhor.
A intenção do salmista é nada mais, nada menos de que os filhos de Deus floresçam constantemente e sejam sempre regados com as secretas influências da graça divina, de modo que tudo o que lhes possa suceder será proveitoso para a sua salvação. Enquanto que, em contrapartida, os ímpios são arrebatados pelas repentinas tempestades ou consumidos pelo escaldante calor. E ao dizer: “produz seu fruto na estação própria”, ele expressa o pleno do fruto produzido, ao passo que, embora os ímpios aparentem precoce fecundidade, contudo nada produzem que conduza à perfeição.
Nesse estágio, o cristão tem o retorno merecido pela sua fidelidade ao Senhor: a prosperidade. Embora esteja implícita a ideia de riquezas materiais, o ensino principal é que todos os planos e investimentos na vida espiritual terão êxito. A relação é com a “árvore plantada junto a ribeiros de águas”, pois a sua progressão está intimamente relacionada com o terreno e a água abundante. Portanto, o cristão só prosperará se a sua vida estiver pautada na Palavra do Senhor e a sua vida totalmente Nele, por Ele e para Ele. (Jo. 15:1-7; Ef. 1:3).
O ímpio está em “lugares escorregadios” (Sl. 73:18), mas o cristão é feliz por sua estabilidade. As árvores normalmente perdem as suas folhas no tempo frio ou muito seco. O cristão, cheio de vida, não se abate quando as dificuldades aparecem, pois está sempre rejuvenescido pela presença do Espírito Santo e alimentado pela Palavra de Deus (Ef. 6:10).
Deveras, o primeiro salmo nos dá cordial encorajamento para nos agradarmos da lei de Deus, evitando a intimidade dos que realmente não amam o Altíssimo. Este proceder resultará em sermos felizes, não apenas por alguns anos, mas eternamente, como servos leais de Deus.
Este é o segredo do sucesso na vida do justo. A Bíblia é a nossa norma de conduta. Todo aquele que deseja ser bem-sucedido na vida deve se interessar pelo que Deus falou, fez e revelou nas Escrituras. Os ensinos adquiridos ao longo da vida do fiel tornam-se nossa regra de conduta. Tal como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, o fiel vai sendo “irrigado” pela Palavra de Deus.
4. Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento (Pv. 3:13).
O método de educação instituído no princípio do mundo deveria ser para o homem o modelo durante todo o tempo subsequente. Como ilustração de seus princípios, foi estabelecida uma escola modelo no Éden, o lar de nossos primeiros pais. O Jardim do Éden era a sala de aulas; a natureza o manual; o próprio Criador, o instrutor; e os pais da família humana, os alunos.
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o homem que consente em ser moldado e afeiçoado segundo a semelhança divina é o mais nobre espécime da obra de Deus. O coração do sábio adquire o conhecimento, e os ouvidos dos sábios busca a ciência” (Pv. 18:15).
Encontramos na bíblia diversos textos que nos falam sobre conhecimento. Podemos até afirmar, ser, uma das palavras mais bonitas que existe no livro sagrado. Aonde por fé, cremos, por isso, testificamos, que ali, se encontra a palavra do Deus vivo a toda pessoa que O queira como Senhor.
A experiência trás o conhecimento e o conhecimento fortifica a esperança. “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento” (Pv. 3:13). O conhecimento experimental da verdadeira piedade, na consagração diária e no serviço de Deus, assegura a mais elevada cultura do espírito, da alma e do corpo. A comunicação de poder divino honra nosso sincero empenho em busca de sabedoria para o consciencioso uso de nossas mais altas faculdades, para honrarmos a Deus e abençoarmos nossos semelhantes. Como essas faculdades derivam de Deus, e não são autocriadas, devem ser apreciadas como talentos dados por Deus, para ser empregados em Seu serviço.
As faculdades mentais, confiadas pelo Céu, devem ser tratadas como os mais elevados poderes, destinados a reger o império do corpo. Os apetites e paixões naturais devem ser postos sob o controle da consciência e das afeições espirituais.
A religião de Jesus Cristo jamais degrada o seu recebedor; nunca o faz rude ou ríspido, descortês ou presunçoso, apaixonado ou duro de coração. Ao contrário, refina os gostos, santifica o juízo, purifica e enobrece os pensamentos, levando-os em cativeiro a Jesus Cristo.
O ideal de Deus para os Seus filhos é muito mais elevado do que o mais elevado pensamento humano. O Deus vivo deu em Sua santa lei uma transcrição de Seu caráter. O maior Mestre que o mundo já conheceu é Jesus Cristo. E qual a norma que Ele deu para ser alcançada por todos os que nEle crêem? “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus” (Mt. 5:48). Como Deus é perfeito em Sua alta esfera de ação, assim pode o homem sê-lo em sua esfera humana. O ideal do caráter cristão é a semelhança com Cristo. À nossa frente se abre um caminho de progresso constante. Temos um objetivo a alcançar, uma norma a satisfazer, que incluem tudo que é bom, e puro, e nobre e elevado. Deve haver contínuo esforço e constante progresso para a frente e para cima, rumo da perfeição de caráter.
a) Muito feliz é o homem que acha sabedoria (Pv.3:13).
Quantas e quantas vezes, no nosso dia-a-dia, precisamos ter sabedoria para tomarmos decisões, para decidirmos problemas, para darmos uma palavra de conforto, para darmos uma resposta sábia... Mas, para achá-la temos que a procurar, e para a procurar temos que saber a localização certa.
Quando uma pessoa se converte, ela passa pelo primeiro amor, isso porque acabou de nascer em Cristo Jesus. E nesse primeiro amor, Deus as alimenta o tempo todo, a alegria e a paz é constante, e assim como um bebé recém-nascido no colo de sua mãe é o recém-convertido no colo de Deus. Neste período de crescimento, aprendemos onde buscar o alimento espiritual, e por muito tempo agimos sabiamente em busca de sabedoria e conhecimento, pois é agradável esta busca. Lembra-se de como eramos felizes, e a todo tempo falávamos de Jesus, e que confiança sincera tínhamos Nele, e hoje quase sempre falamos: problemas, problemas e problemas. Mas a palavra diz: “Bem-aventurado ou muito feliz, é o homem, que acha a sabedoria e adquire conhecimento”.
Bem, temos que voltar ao primeiro amor, ser como crianças, dependentes de Deus em tudo, seja no falar, andar, gestos, atitudes, pensamentos, temos que parecer com Cristo. Em Provérbios 2:1-5 diz: “Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres o teu ouvido atento à sabedoria; e inclinares o teu coração ao entendimento; se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus”.
Irmãos, quando nos iramos e pecamos, buscamos nossos próprios interesses, agimos sem pensar, quando deixamos de orar, e outras coisas a mais, é porque deixamos de procurar, escavar na palavra de Deus a verdadeira sabedoria, e sem ela não teremos conhecimento de Deus e andaremos sempre em altos e baixo, sem constância ou melhor sem Paz de Deus. A palavra do Senhor sobre a sabedoria no texto de Provérbios 3:14-15, diz: Porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o que mais possas desejar não se pode comparar a ela. Que lindo!
Jesus nos deixa um recado importante em Mateus 7:7-8, veja: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á. Aleluia!
A sabedoria mais importante que Deus concede é a de reconhecer a sua vontade. Mas a sua promessa é sem limites. Um pai amoroso, anseia por nos conceder sabedoria para os nossos menores problemas. A palavra de Deus diz: “Por que o senhor dá sabedoria, da sua boca vem inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos” (Pv. 2:6-7).
Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas, que não saber” (Jr. 33:3).
Se porem, algum de vós necessita de sabedoria, peça a Deus, que a todos da liberalmente, e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg. 1:5).
A sabedoria está, juntamente com a fé, como um dos pilares fundamentais para o homem conhecer a Verdade absoluta, que é Jesus Cristo. A Bíblia Sagrada faz referência a vários homens que se destacavam pela sabedoria que possuíam: Noé, José do Egito, Moisés, Samuel, Davi, Jó, Isaías, João Batista, Pedro e João (estes dois apesar de terem sido pescadores se tornaram sábios), Paulo e tantos outros. Mas nenhum recebeu um destaque especial pela grande sabedoria que detinha como Salomão, filho e sucessor do rei Davi, e autor de mais de 3000 mil provérbios e 105 cânticos. O nome Salomão significa pacífico, mas não foi pela busca nem pela transmissão da paz que ele ficou conhecido. Salomão pediu algo que talvez muitos hoje em dia não atentassem a pedir: pediu sabedoria. E assim Deus fez: “Deus deu a Salomão sabedoria e muitíssimo entendimento, e larga inteligência como a areia que está na praia do mar. A sabedoria de Salomão era maior do que a de todos os do Oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios” (1 Rs. 4:29-30).
O próprio Jesus, Filho de Deus, fez referência a essa sabedoria ao fazer uma dura advertência aos escribas e fariseus, considerados os maiores doutores da Lei judaica na época: “A rainha do Sul se levantará no dia do Juízo com esta geração, e a condenará; pois veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui, está quem é maior do que Salomão” (Mt. 12:42). Foi Salomão também, no décimo ano do seu governo, quem construiu o opulento e belíssimo Templo para Deus, o qual durou sete anos para ser erguido, palácios reais e muitas naus. A Sabedoria de Salomão rompeu fronteiras e atraiu a atenção de muitos outros reis poderosíssimos. Um exemplo disso foi a visita da Rainha de Sabá, na Arábia, a qual, depois de saber de sua fama, procurou-o para prová-lo nos enigmas mais complicados: “Salomão lhe respondeu a todas as suas perguntas; nada lhe houve difícil demais que não soubesse explicar” (2 Cr. 9:2).
b) Muito feliz é o homem que acha conhecimento (Pv.3:13).
O conhecimento transforma a vida do ser humano, levando-o à aprendizagem e à mudança. A valorização do saber cresce conforme se entende a sua relevância no desenvolvimento. Conhecemos, gostamos e avançamos. Assim procedemos. Queremos sempre mais. A sociedade, por sua vez, envolvida por este movimento da busca pelas informações e os seus benefícios, cobra com vigor, a permanente fidelidade neste tipo de empreendimento.
A grandeza do conhecimento está na sua simplicidade: adquirir e transformar-se em sabedoria, para si próprio e para os outros. Não mais precisando de intermediários, como está em Oseias 4:6, Deus revela a sua mente ao profeta e exorta o povo dizendo: “O meu povo está sendo destruído, por falta de conhecimento”. E também em Oseias 6:6 – “Porque eu quero misericórdia e não sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais do que holocaustos”. Ainda hoje o povo de Deus sofre em consequência da falta de conhecimento, o verdadeiro conhecimento do amor de Deus que lança fora todo o medo. Jesus afirmou em João 8:32: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Em outro momento, enquanto Ele orava ao Pai por nós, Ele diz: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo. 17:17).
O conhecimento da verdade é o maior tesouro que alguém pode ter, e ninguém conseguirá roubá-lo de si, pois em Provérbios 3:13-14 lemos: “Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque melhor é o lucro que ela dá do que o da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino. O alongar-se da vida está na sua mão direita, na sua esquerda, riquezas e honra”.
Liberte-se do pecado. Liberte-se do mundo das trevas, venha para o mundo da Luz.
É na Luz que se encontra o verdadeiro conhecimento. Sabemos que quem caminha na escuridão, não encontra o caminho.
Como podemos chegar ao conhecimento da Verdade? Só existe um que tem autoridade para nos guiar a toda Verdade, que é o Espírito da Verdade! Se Ele não nos guiar é impossível chegar ao conhecimento revelado. O Espírito Santo é o nosso mestre verdadeiro, aquele que tem o poder e a autoridade para nos ensinar não na mente, no intelecto, mas no nosso espírito, “conferindo coisas espirituais com espirituais” (1 Co. 2:13). 
O Espírito Santo espera ansiosamente pelo momento em que Ele possa ser o nosso mestre pessoal. Aquele momento no qual nos colocamos em suas mãos dando a Ele a oportunidade de se envolver com o nosso espírito, guiando-nos a toda a verdade, trazendo para nós o entendimento revelado da Palavra, para que possamos andar à luz da Palavra. “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios (...). Antes, tem o seu prazer na lei (Palavra) do Senhor, e na sua lei (Palavra) medita de dia e de noite” (Sl. 1:1-2). Podemos receber conselho direto do coração de Deus ao invés de buscarmos conselho no mundo. Temos habitando dentro de nós o Espírito Santo, que tem como sua principal tarefa a função de nos guiar a Toda Verdade!
Há uma maneira de deixar que o seu verdadeiro mestre o ensine e aconselhe acerca de todas as coisas, pois Jesus nos prometeu: Vos enviarei o Espírito da Verdade! Esse vos ensinará todas as coisas. O Espírito Santo está disponível para todos nós, tanto quanto o ar que respiramos. Em Isaías 28:9-11 lemos: “A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender doutrina? (...) Por lábios gaguejantes e por línguas estranhas falará o Senhor a este povo”. Paulo instruiu a igreja de Coríntios, dizendo em 1 Coríntios 14:2: “quem fala em outra língua não fala aos homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende e em espírito fala mistérios”. Mas quais mistérios são esses? “Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória” (1 Co. 2:7).
Saiba que é um direito nosso sermos ensinados pelo nosso Deus Todo-Poderoso, entrando na presença Dele, onde Ele mesmo estará se comunicando com o nosso espírito através da oração em línguas, e assim nos revelando a Sabedoria eterna para que nos tornemos bem-aventurados no que realizarmos.
Fico maravilhada em ver que o nosso Deus já proveu em Cristo toda a condição para podermos beber desta fonte eterna todas as vezes que assim o desejarmos e obtermos conhecimento revelado, que dará fruto na estação própria. Esforcemo-nos para adquirir conhecimento. Só é feliz quem sabe apreciar a natureza e todos os dons com que Deus nos presenteou.
4.     Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor (Sl. 144:15)
O conhecidíssimo versículo transcrito acima nos fala da real e verdadeira felicidade presente na vida de um povo e a causa dela. Esta felicidade não é fruto de uma pretensa emancipação política, nem é resultado do governo de líderes poderosos e influentes. Tampouco é consequência de uma suposta independência e soberania nacional.
Neste salmo de Davi, repete-se a bem-aventurança constante do Salmo 33:12, qual seja, a bem-aventurança do povo cujo Deus é o Senhor. O segredo da felicidade de uma nação não está em ter recursos naturais abundantes, nem tampouco em dar condições materiais sublimes a seu povo, mas em tendo a Deus como seu Senhor, cresça com saúde, beleza e êxito.
No versículo 5, o salmista diz que é bem-aventurado “aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e sua esperança está posta no Senhor seu Deus”. Vemos que a razão de ser da felicidade do homem é a sua comunhão com o Senhor. Poder ser ajudado por Deus e esperar n’Ele é a bem-aventurança, a verdadeira felicidade. Entretanto, os “pregoeiros da prosperidade” preferem confiar nas riquezas materiais…
Nós podemos ter paz; podemos ter prosperidade, mas se não temos Deus, tudo será em vão. A maior bênção é conhecer Deus. Perto dele a nossa vida é segura. O salmo já disse: O homem é como um sopro, os seus dias, como a sombra que passa. O homem é fraco. Qualquer coisa pode atrapalhar a nossa vida. Uma bactéria, uma doença, um acidente, um assalto, um inimigo. Todo dia a nossa vida é ameaçada; muitas vezes nós não estamos conscientes disso.
A verdadeira felicidade de um povo é a bênção e o privilégio de um povo que faz do Senhor o seu único Deus. Mas, um povo cujo único Deus é o Senhor é feliz? Eis aqui, 5 razões:
É feliz porque não guerreia sozinho as suas guerras, mas as vence no poder do Senhor. O salmo 144, no versículo 10 nos diz assim: “É ele quem dá aos reis a vitória; quem livra da espada maligna a Davi, seu servo”.
Davi, que era guerreiro, sabia como era a vida. Um guerreiro conhece os perigos. Ele foi treinado para lutar contra os perigos e contra os inimigos. Mas sendo um grande guerreiro, um homem capaz de se defender e se proteger, confessou neste salmo: “Bendito seja o Senhor, rocha minha, que me adestra as mãos para a batalha e os dedos para a guerra; minha misericórdia e fortaleza minha, meu alto refúgio e meu libertador. Meu escudo, aquele em quem confio” (vs. 1-2). Davi sabia muito bem: Preciso de ti, meu Deus. Todos nós precisamos de ser protegidos por Deus! Todos nós. Todos os dias! A todo momento - de dia e de noite! Na vida e na hora da morte! Só Deus pode nos ajudar. “Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor”.
Quem tem o Senhor como Deus tem a vitória sobre todas as outras guerras. Pois a palavra nos diz: “somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” (Rm. 8.37). Pois, a maior guerra que poderíamos travar e não teríamos chance alguma de vencê-la, já foi vencida por Jesus na cruz do calvário. A guerra contra a morte, contra o pecado, foi travada e vencida por Jesus.
Fazer do Senhor o nosso Deus é crer no sacrifício de Cristo por nós, arrependermo-nos dos nossos pecados e recebê-lo em nossa vida como nosso Salvador.
Quando Cristo é o centro de nossa vida, sua palavra, seus ensinos, serão a coisa mais importante para nós, então nós, enquanto povo, ouviremos a sua voz, a seguiremos, obedecendo e fazendo a sua vontade.
Para que sejamos um povo realmente feliz é necessário que tenhamos o Senhor como nosso único Deus, pois quando o Senhor for de facto o Deus deste povo, ele andará nos conselhos do altíssimo e se cumprirá a palavra que diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (Sl. 32:8).
1)    É feliz porque não depende de sua própria força, mas do Senhor.
Davi inicia o salmo 144 dizendo: “Bendito seja o Senhor, rocha minha, que me adestra as mãos para a batalha e os dedos, para a guerra”.
Mesmo com toda a capacidade e inteligência humana que temos e podemos adquirir, é preciso reconhecer que somos como um sopro, nossos dias se passam como sombra. Como nos diz o versículo 3, nós também podemos perguntar: “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem, para que o estimes”?
Por mais hábeis que os homens possam ser, por mais habilidosos que os governantes sejam, nós como seres humanos, somos falhos, limitados e frágeis diante da grandeza e do poder de Deus.
Por mais que devamos nos esforçar, somos chamados a depender da força que há em Deus para sermos bem-sucedidos em tudo o que empreendermos.
Como já foi dito, em nós não há capacidade alguma de fazer algo de bom, por nós mesmos. Somente estando em Cristo é que podemos provar o agir de Deus em nossas vidas e em nossa nação.
2)    É feliz porque confia num Deus poderoso capaz de livrar.
Quando Davi clama ao Senhor dizendo: “Abaixa, Senhor, os teus céus e desce; toca os montes, e fumegarão. Despede relâmpagos e dispersa os meus inimigos; arremessa as tuas flechas e desbarata-os. Estende a mão lá do alto; livra-me e arrebata-me das muitas águas e do poder de estranhos, cuja boca profere mentiras, e cuja direita é direita de falsidade”, ele está reconhecendo que o Senhor é poderoso para o livrar. 
Cristo ao morrer na cruz nos livrou da morte do pecado, para podermos estar na presença de Deus e, assim, através de sua morte, assegura o livramento para todo aquele que nele crer.
Para o pecador que se encontra perdido, há uma esperança: Cristo! Para um povo que se encontra perdido, há uma esperança: Cristo! Somente o Senhor é poderoso para livrar e salvar!
3) É feliz porque o Senhor o abençoa com o suprimento de todas as suas necessidades.
Quando Davi clama ao Senhor para que o livre. “Livra-me e salva-me do poder de estranhos, cuja boca profere mentiras, e cuja direita é direita de falsidade” (v. 11), ele demonstra a sua confiança na bondade de Deus, a sua certeza de que o Senhor é quem pode e vai abençoá-lo com o suprimento de as suas necessidades sejam pessoais ou de seu povo
Imagine-se sendo parte de um povo que segue os preceitos do Senhor, que sob a sua Palavra está pondo todos os caminhos e a forma de administrar. Um povo que tem a justiça como propósito, a verdade como forma de condução de vida e o respeito ao próximo como forma de relacionar-se com os seus compatriotas. Seríamos felizes e desfrutaríamos do melhor de Deus para a nossa vida. Um povo cujos filhos fossem tementes a Deus, que cumprissem os mandamentos do Senhor e que tivessem temor a Ele em todas as situações de sua vida. Diante do mundo em que vivemos, ter a esperança de um povo que cumpre a palavra do Senhor em todas as suas ações, pode parecer utópico. Quando observamos as nossas famílias, nosso ambiente de trabalho, até a comunidade cristã em que estamos inseridos, acreditamos que dificilmente poderíamos ter esta felicidade um dia. Mas ela deve ser um objetivo a ser perseguido, não uma imagem da nossa fé que somente poderemos alcançar um dia quando estivermos na glória. A vida que o Senhor nos deu deve ser iniciada a partir de nossa vida terrena. Nós somos os instrumentos d’Ele para ser a ponte entre Ele e o mundo que jaz no maligno. Os cristãos são o testemunho vivo de que Jesus continua a ser hoje o que era antes e o que será futuramente. Através de nossas vidas o mundo saberá que Jesus veio e somente através d’Ele teremos nosso caminho de volta para a casa do Pai. Por isso, todos conhecerão a justiça de Deus se a apresentarmos; conhecerão a paz, se nós formos os pacificadores do Senhor nesta terra. Conhecerão o amor de Deus se nós amarmos ao próximo como a nós mesmos. A missão da pregação do Evangelho é de cada cristão, pois esta é a nossa missão maior. Fazer discípulos do Senhor, inseri-los numa comunidade de fé, no meio do povo de Deus, da nação santa, um povo que foi escolhido para ser testemunha d’Ele nesta terra. Este é um povo bendito do Senhor e que tem o privilégio e a responsabilidade de refletir a sua face e dar continuidade à obra de construção do seu reino nesta terra
5.   Bem-aventurados e santos, são aqueles que têm parte na primeira ressurreição (Ap. 20:6).
Um dos temas mais importantes em toda a Bíblia é a sua apresentação indiscutível da vida após a morte.
O próprio Senhor Jesus estabelece a distinção entre as ressurreições, como está manifesto através de Suas palavras: Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação (Jo. 5:28-29).
A primeira ressurreição, denominada a ressurreição da vida, é também chamada, pelo Senhor, de ressurreição dos justos, como está escrito: Mas, quando fizeres o convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te recompensar, mas recompensado te será na ressurreição dos justos (Lc. 14:13-14).
Nessa ocasião é que os que foram declarados justos pela fé em Cristo receberão a coroa da vida, o seu galardão, o prémio da vida eterna. Ressuscitarão, não com o corpo com que desceram ao túmulo; se a ele desceram marcados pelo sofrimento provocado pela doença ou pela tortura, dele sairão com o corpo transformado e glorificado com que receberão a Jesus nas nuvens e com o qual viverão eternamente. A fragilidade e debilidade de antes contrastará com a saúde imortal e a perfeição do novo corpo, semelhante ao de Cristo.
Somente ao saírem dos seus túmulos é que os salvos tomarão consciência de que estiveram mortos. O primeiro pensamento que terão será exatamente o último que tiveram antes de morrer, não importa o período em que permaneceram mortos. Retomarão o seu raciocínio exatamente no ponto em que foi ele cortado pela morte. Este raciocínio será aquele mesmo que tinham no último vislumbre de consciência, antes de exalar o último suspiro.
Por esta razão a morte para eles é como se não tivesse existido. Por esta mesma razão é que o apóstolo assim se expressou: Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne (Fp. 1:21-24).
Ora, Paulo sabia que ao morrer ele estaria seguro no túmulo, a salvo de todas as tribulações da vida, aguardando no sono e na inconsciência da morte o dia de voltar à vida, na ressurreição dos justos. A morte, então, é lucro para aquele que tem assegurada a sua salvação. Paulo sabia que, ao morrer, ele estaria com Cristo, porque não veria, nem sentiria passar o tempo que separaria o dia da sua morte do dia da volta de Jesus.
Nessa ocasião ele sabia que irá receber a coroa da vitória, no verso já citado: Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda (II Tm. 4:6-8). Ao se referir à partida ele falava de sua morte próxima, bem como naquele dia representava o dia da ressurreição, por ele referida como o dia da Sua vinda. Estar na carne significa, claramente, estar vivo.
São inúmeros os textos, aparentemente contraditórios e que precisam ser corretamente entendidos, que se referem à morte e à ressurreição e são erroneamente compreendidos como se imediatamente após a morte as pessoas pudessem receber algum prémio ou castigo. O efeito é, na prática, o mesmo, pois ainda que se tenham passados muitos milénios, para o morto ressuscitado é como se houvesse passado apenas uma ínfima parcela de tempo entre a sua morte e ressurreição. Este período de tempo pode ser medido e compreendido como um piscar de olhos.
Por isto é que Paulo se expressa assim: Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com Ele... (II Ts. 2:1). Pode -se notar que o apóstolo nem considera o tempo que o separa do dia da vinda de Jesus, quando ocorrerá a reunião entre Ele e todos os que forem por Ele salvos. Por esta mesma razão é que ele afirma que é melhor deixar o corpo e habitar com o Senhor (II Co. 5:8).
João, o discípulo amado, nas revelações que recebeu de Jesus, deixou claro que existe um intervalo de mil anos entre uma ressurreição e outra. Eis suas palavras: E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele mil anos Ap. 20:5 e 6.
A primeira ressurreição é conhecida como a “Ressurreição dos Justos”. O mesmo Jesus que ressuscitou ao terceiro dia dará poder aos corpos mortos de Seus servos, para que ressuscitem. Será o despertar do longo sono (Jo. 14:12; I Co. 15:20), e ocorrerá antes do milénio, logo, bem antes do grande trono branco. A primeira ressurreição precederá o tribunal de Cristo e as bodas do Cordeiro.
Esta iniciou-se com a ressurreição de Jesus Cristo, também chamada ”As Primícias”: Ele foi o precursor, e durante quarenta dias demonstrou o Seu novo corpo glorioso a mais de quinhentas pessoas, antes de se elevar com ele ao céu, visivelmente, diante dos Seus discípulos (At. 1:22, 2:31, 4:33, Rm. 1:4, 6:5, Fp. 3:10, 1 Pe. 1:3, 3:21). Em seguida, encontramos duas fases bem definidas dessa primeira ressurreição:
1)   A ressurreição dos que morreram em Cristo, colocando a sua fé nEle, pertencendo assim à Sua igreja. Seus espíritos virão com o Senhor Jesus nos ares, recebendo novos corpos e encontrando-se com o remanescente da Igreja, composto dos que ainda se encontrarem vivos, cujos corpos serão transformados, e todos voltarão para os céus com o Senhor (Jo. 14:1-3, 1 Ts. 4:13-18, 1 Co. 15:50-58).
Será incomparável o júbilo dos fiéis, no dia da primeira ressurreição, Is 26.19. Eles estarão vendo o renascer glorioso de seus corpos, convidados a entrar no reino da imortalidade e da incorruptibilidade. Será o júbilo da noiva que se encontra com o esposo (Mt 25:10), o júbilo do filho pródigo que entra na casa paternal e eterna, e vê que todos “começam a alegrar-se” (Lc 15).
2. A ressurreição do restante dos justos, desde o início da humanidade até a segunda vinda de Cristo, que acontecerá depois do período da tribulação e antes do milénio. Ela abrangerá os santos do Antigo Testamento e porventura outros que nele não tenham sido mencionados, e os que tiverem morrido durante o período da tribulação (Is. 26:19, Dn. 12:2, Ap. 20:4).
Finalmente, terminado o milénio, acontecerá a ressurreição do julgamento dos injustos, compreendendo todo o restante dos mortos, a fim de comparecerem ao “trono branco” para receber a sua condenação (Jo. 5:29, At. 24:15; Ap. 20:5).
O contexto deste texto revela que a primeira ressurreição é aqui sinónimo de conversão. Converter-se a Cristo é sair da morte para a vida, da potestade de Satanás para Deus e do reino das trevas para o reino da luz. Pela conversão os mortos recebem vida abundante e eterna. Os salvos são aqueles que nasceram duas vezes: física e espiritualmente e morrerão apenas uma vez, fisicamente. Mas, aqueles que recusaram a graça nascerão apenas uma vez: fisicamente e morrerão duas vezes: sofrerão a morte física e também a morte eterna. Os salvos são as pessoas verdadeiramente felizes!

 

 


 

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