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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Abnegação é Um Elemento Importante na Adoração

Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios. (Sl. 96.8)
Do começo ao fim da Bíblia, podemos acompanhar a adoração pública na história dos santos de Deus. Podemos vê-la na primeira família que viveu na terra. A história de Caim e Abel gira em torno de actos de adoração pública. Podemos encontrá-la na história de Noé. A primeira coisa registada sobre Noé e sua família, após saírem da arca, foi um acto solene de adoração pública. Podemos vê-la também na história de Abraão, Isaque e Jacó. Onde quer que armassem sua tenda, erguiam um altar. Eles não somente oravam em particular, mas também adoravam em público. Podemos vê-la em toda a época da lei mosaica, do Sinai em diante, até que nosso Senhor apareceu. O judeu que não fosse um adorador público, no tabernáculo ou no templo, seria cortado da congregação de Israel. Podemos ver a adoração pública em todo o Novo Testamento. O próprio Senhor Jesus fez uma promessa especial de que estaria presente onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome. Em cada igreja que fundaram, os apóstolos fizeram do dever de congregar juntos um dos mais importantes princípios em sua lista de deveres.
A adoração pública, sempre foi uma marca dos servos de Deus. Ela tem sido um dos grandes instrumentos de Deus em fazer o bem à alma dos homens. O homem, em regra geral, é um ser social e não gosta de viver separado de seus semelhantes. Em todas as épocas, Deus fez uso desse poderoso princípio e ensinou o seu povo a adorá-lo de modo coletivo, em público, e de modo individual, em particular. Deus nos ensina a fazer isso por muitas razões sábias: em parte, para que demos um testemunho público ao mundo; em parte, para que fortalecemos, animemos, ajudemos, encorajemos e confortemos uns aos outros; e, acima de tudo, afim de nos treinar e prepar para a assembleia geral no céu.
Na adoração, vimos perante Deus que ele nos ama na presença de outros a quem ele também ama. Na adoração, mais que em qualquer outra coisa, nos colocamos deliberadamente em posição de abertura à ação de Deus e à necessidade do próximo que exigem que cresçamos plenamente à altura de Cristo, que é Deus e homem por nós. A adoração regular e fiel é tão essencial ao cristão em desenvolvimento como o alimento e o abrigo o são para o crescimento da criança. A adoração é a luz e o ar nos quais o crescimento espiritual ocorre.
Para que a adoração seja realizada em espírito e em verdade é essencial que exista o sentimento de gratidão pela bondade de Deus para connosco, dia após dia; que exista o sentimento de necessidade espiritual e o reconhecimento de que ninguém, exceto Deus, pode satisfazer essa necessidade; que exista o sentimento de que somos devedores a Cristo, que nos amou e a Si mesmo se entregou por nós; em cuja morte está nossa única esperança e cujo Espírito é nossa única força.
Diante de Deus, precisamos de todos esses elementos juntos e mesclados, para que a nossa adoração seja verdadeira adoração. Sem estes elementos, uma pessoa pode vir à igreja e retirar-se “da maneira como entrou”. Deus deseja que declaremos que Ele é Deus e que só Ele o é. Na oração que o Senhor nos ensinou, dizemos: “santificado seja o teu nome” (Mt. 6:9b), isto é, teu nome seja separado como especial, majestoso, incomparável, santo.
Conhecer a Deus como Pai é estabelecer um relacionamento pessoal, mas conhecê-Lo como Deus é reconhecer Seu lugar exaltado, único em todo o universo. Adorar é, pois, reconhecer que Ele é Deus, o único Deus, e que eu sou um homem apenas, criatura dEle. Quando o reconheço como Pai sou salvo e erguido à Sua presença como filho. Quando o reconhecemos como Deus, caímos humildemente aos Seus pés e o adoramos. Como diz o salmista: “Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da santidade” (Sl. 29:2). Ler com atenção o salmo 5:7.
A adoração demanda louvores a Deus, mas também devemos nos lembrar que a adoração exige abnegação, que nos neguemos a nós mesmos. Temos de entender correctamente que a adoração é um dever que possui uma natureza tão sublime e sobrenatural, e que para realizá-la exige de nós certa medida de sacrifício pessoal. Adorar a Deus tem sempre de exigir abnegação.
A adoração e o louvor colocam-nos num nível alto, de triunfo. Quando oramos, ainda estamos em nosso ambiente; quando adoramos, somos erguidos acima de nosso ambiente, com suas dificuldades e limitações. Na adoração, Deus nos ergue acima dos limites, acima da vergonha, acima das frustrações e sofrimentos. O que a oração não puder fazer, a adoração e o louvor o farão. Que nossa adoração se torne algo nobre e assim escaparemos da leviandade em relação a ela, a leviandade tão prevalecente e perniciosa.
Devemos atentar cuidadosamente para o facto de que na adoração e na contemplação do Senhor é que está o segredo de nossa transformação à sua imagem: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co. 3:18).
A verdadeira adoração pública é aquela em que o povo de Deus se reúne para exaltar, engrandecer e bendizer a Deus por quem Ele é – o Todo Poderoso, o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores. Os verdadeiros cultos de adoração pública são aqueles que tornam os seus adoradores mais santos na vida pessoal, familiar e pública. Portanto, por essas e outras razões somos exortados a ‘não deixar de congregar’ (Hb. 10:25).
A adoração, além de ser o que Deus busca, é um recurso maravilhoso para a vida cristã! Aleluia!
A Importância de Contribuir na Adoração
Primeiramente, o elemento de sacrifício pode ser visto na questão de ofertar dinheiro. Nossa contribuição é um acto de adoração a Deus (Fp. 4:18) e é tendo essa consciência que devemos contribuir. É uma atitude que deve ser feita com alegria e sinceridade. Trazei oferendas e entrai nos seus átrios.
Dessa forma, o que é mais sublime, o que é mais tremendo, o que é mais imensurável é que nossa contribuição não se resume apenas a uma movimentação financeira, mas desencadeia reflexos no céu e na terra; ela toca o coração de Deus e abre portas na terra. Algo espiritual acontece, de acordo com o princípio divino e eterno do plantio e colheita!
No momento de nossa oferta nós estamos dizendo a Deus que queremos ter o privilégio de sermos parceiros dEle no grande projecto de levar o evangelho a todos os povos. E Deus aceita a nossa parceria com gratidão e nos garante uma promessa maravilhosa: “E certamente estou convosco todos os dias, até a consumação do século” (Mt. 28:20).
O sublime pensamento a respeito de tudo que Cristo havia dado estimulava até os mais pobres a ofertarem. Este pensamento santificou de tal maneira o ofertar por parte dos crentes, que Paulo falou sobre o triunfo da ressurreição e, em seguida, parecendo inconsciente da mudança de assunto, acrescentou: “Quanto à colecta para os crentes”.
Ora, enquanto todas as ofertas dos crentes eram aceitáveis a Deus e traziam bênção aos ofertantes, desde tempos remotos os homens espirituais sentiam que o verdadeiro ofertar tinha de envolver o negar-se a si mesmo. Lembramos o repúdio de Davi contra a atitude de oferecer a Deus algo que nada lhe custaria (2 Sm. 24:24). Esse comportamento do rei Davi, no meio de todas as suas falhas, revela seu caráter centralizado em Deus. E lemos a respeito do Senhor Jesus e de seu julgamento referente à oferta da viúva e às riquezas que Ele encontrou em tal oferta, porque houve abnegação no ofertá-la. Foi um maravilhoso clamor que brotou dos lábios de Zaqueu, quando ele se encontrou face a face com o Senhor Jesus. Ele clamou olhando para Jesus: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens” (Lc. 19:8). Zaqueu sempre havia ofertado de conformidade com sua maneira judaica de fazê-lo. Ele nunca entrara no templo sem levar uma oferta; mas agora, ao contemplar Jesus, sentiu que nunca poderia dar o bastante.
Esta é a característica distintiva da oferta cristã: ela alcança a abnegação. Quem ama é pródigo em ofertar. Nosso amor por Deus não passa de palavrório vazio se não ofertamos ao Senhor com generosidade. Nossa contribuição, ainda que sacrificial, não tem valor diante de Deus, se não é motivada pelo nosso amor ao Senhor e à Sua obra. O apóstolo Paulo diz que ainda que entreguemos todos os nossos bens para os pobres, se não tivermos amor, nada disso aproveitará. Não podemos ofertar no mesmo espírito de Jesus, até que, assim como Ele, nossa abnegação seja atingida, até que o amor de Cristo nos constranja a algum sacrifício, assim como O compeliu ao maior de todos os sacrifícios.
Somente assim o ofertar é uma alegria e nos aproximará mais de Cristo; somente assim o ofertar será um dos meios da graça, tão espiritual e fortalecedor quanto a oração.
Agora aprofundemo-nos um pouco mais; pois gradualmente, à medida que nos tornamos mais espirituais, o conceito de renúncia própria também se aprofunda em nós. Apenas trazer uma oferta em nossas mãos não é o suficiente para uma pessoa que vinha adorar a Deus. Lentamente foi gravado na mente dos judeus o facto de que a verdadeira oferta estava no coração. E não existe algo tão instrutivo quanto observar nas Escrituras o desenvolvimento desse conceito, o gradual aprofundamento da abnegação como um elemento na adoração aceitável a Deus.
Deus é o dono de tudo. Tudo o que temos vem das Suas mãos. Tudo o que damos, também procede de suas dadivosas mãos. Ele é Deus de primícias. Merece o melhor e não as sobras. As coisas de Deus precisam de ser feitas com excelência. Não podemos ofertar a Deus com usura, pois Ele não nos dá Suas bênçãos por medida. Ao ofertar ao Senhor, devemos colocar aí o nosso coração e a nossa força.
A contribuição é uma graça que Deus nos dá. É um privilégio ser cooperador com Deus na sua obra. O acto de contribuir é uma expressão de culto e adoração. Deus ama a quem dá com alegria. A voluntariedade e a alegria são ingredientes indispensáveis no acto de contribuir. Davi perguntou ao povo: “Quem está disposto, hoje, a trazer ofertas livremente ao Senhor? O povo se alegrou com tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles livremente ao Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo” (1 Cr. 19:5,9). Devemos ir ao gazofilácio para ofertar, exultando de alegria e não com tristeza.
O resultado da alegre, generosa e abundante oferta do rei e do povo foi a manifestação da glória de Deus. Davi louvou a Deus pela sua glória, poder e riqueza, reconhecendo que as ofertas que deram tinham vindo do próprio Deus. O povo adorou a Deus e houve grande regozijo. O maior propósito da nossa contribuição deve ser a manifestação da glória de Deus. John Piper tem razão em dizer que o Senhor é mais glorificado em nós quanto mais nos deleitamos nele. Que tudo o que somos e temos esteja ao serviço de Deus e seja um tributo de glória a Deus. Que os bens que Deus nos deu estejam no altar de Deus, ao serviço de Deus.
Os sacrifícios agradáveis a Deus são um espírito quebrantado, um coração humilhado e contrito. Se não nos entregarmos a nós mesmos como uma oferta a Deus, não seremos um adorador aceitável a Deus. Temos de nos negar a nós mesmos e nossas concupiscências; precisamos de abandonar nosso orgulho e arrepender-nos; pois, doutro modo, toda a nossa adoração será uma zombaria e o santuário um lugar de esterilidade para Ele. Adorar significa renunciar.
Quando nosso pensamento de renúncia própria se aprofunda, reconhecemos que não existe qualquer bênção no santuário, a menos que em nosso coração haja arrependimento e humilhação. Esta é uma poderosa verdade que nós precisamos assimilar, uma verdade que enriqueceu a adoração a Deus através dos séculos.
A Importância da Atitude do Coração na Adoração
A adoração ao Senhor é uma questão extremamente íntima e muito pessoal, algumas pessoas expressam o seu louvor a Deus publicamente de forma muito clara, enquanto outros consideram o seu relacionamento com o Pai tão pessoal que preferem isolar-se dos que estão à sua volta naquele momento. Alguns cristãos cheios do Espírito Santo manifestam a sua adoração ao Senhor em silêncio, numa plena demonstração de temor e contemplação, isto nos fala de liberdade na adoração. As formas de adoração variam segundo a individualidade de cada um, seja por altos clamores, brados de adoração, sentimentos de louvor ou silêncio, o que realmente importa é estar diante do Senhor com verdadeiro coração de adorador, pois na total diversidade Deus estabelece a unidade.
Um acto de adoração na verdade é um acto do coração, é uma atitude do coração, direcionando nosso louvor a Deus. Seu propósito é glorificar a Deus. Um adorador pode, perfeitamente, estar de pé enquanto adora a Deus, mas seu coração deve estar prostrado diante do Senhor. Adoração é rendição, entrega e consagração apaixonada e integral ao Senhor. Ela ultrapassa a dimensão das atitudes e gestos e abraça toda a perspectiva de uma vida em sua plenitude. 
Agora, olhemos para o maior filho de Davi e ouçamos as palavras dEle próprio. No Sermão do Monte, Ele se referiu à atitude de trazer uma oferta ao altar: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faz a tua oferta”. (Mt. 5:23-24). Observe que Jesus estava falando sobre adoração. Seu assunto não era a reparação de contendas. Ele estava nos ensinando quais os elementos necessários para adorarmos a Deus em espírito e em verdade. O Senhor Jesus não somente insistiu na atitude de ofertar. Ele estava certo de que isto é necessário, mas também insistiu no facto de que por trás de cada oferta existe uma atitude de renúncia no coração. É mais fácil desistir de uma moeda do que desistir de uma contenda. É mais fácil estender a mão e fazer uma oferta generosa do que abandonar um rancor permanente e demorado.
E Jesus insistia sobre o seguinte: se a adoração tem de ser aceitável a Deus, o adorador precisa de deixar de lado seu orgulho e humilhar-se, como uma criancinha. Isto não é fácil e nunca o será. Isso está muito acima da capacidade do homem natural. É muito difícil de ser realizado, muito desagradável e bastante contrário às inclinações do homem natural. Exige paciência e sacrifício íntimo; e, juntamente com oração, é o segredo da abnegação. Somente desta maneira, conforme ensinou o Senhor Jesus, alguém pode esperar tornar-se adorador aceitável a Deus. Mas quem é suficiente para essas coisas? A adoração não é algo fácil; é bastante difícil. Não é um momento reconfortante no culto dominical, com músicas belas e um pregador eloquente. É uma atitude do coração e da alma que é impossível existir sem que se negue a si mesmo. Louvado seja o Senhor pelo facto de que na mais pura adoração há poucas exigências ao intelecto. O mais humilde crente, que talvez não seja capaz de escrever uma carta, pode experimentar todas as bênçãos durante o culto. No entanto, na mais pura adoração existe uma exigência sobre a alma; existe uma chamada ao sacrifício e a tomar a sua cruz. O caminho que nos leva à igreja é semelhante ao que nos conduz ao céu.
Adoração é atribuir honra a alguém que é digno. O dever supremo daqueles feitos à imagem de Deus é “atribuir dignidade” àquele em quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (At. 17:28). A adoração cristã tem sido corretamente definida como a atividade da nova vida de um crente na qual, reconhecendo a plenitude da Divindade como revelada na pessoa de Jesus Cristo e seus poderosos actos redentores, busca pelo poder do Espírito Santo prestar ao Deus vivo a glória, honra e submissão que lhe é devida (Robert Rayburn). “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (Ap. 5:12).
Nossa adoração deve refletir a adoração do céu, na qual todos os que estão ao redor do trono de Deus dão-lhe glória. “O Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo. 4:23). A nossa adoração pessoal, em nossa família, e especialmente quando reunidos como uma igreja, deveria ser a experiência mais maravilhosa da nossa vida. Deveria ser um antegozo de uma eternidade de adoração àquele que nos salvou e nos abençoou com imensuráveis bondades. 
A adoração está no centro da nossa existência; no coração da nossa razão de ser. Deus nos criou para ser sua imagem - uma imagem que refletiria Sua glória. De facto, toda a criação foi trazida à existência para refletir a glória divina. O salmista nos diz que “os céus proclamam a glória de Deus; e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Sl. 19:1). O apóstolo Paulo na oração com que ele inicia a epístola aos Efésios mostra claramente que Deus nos criou para louvá-lo.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado (...)” (Ef. 1:3-6).
Esta oração diz muita coisa sobre a adoração dos mais antigos Cristãos. Ela mostra a consciência que os primeiros Cristãos tinham do significado último de sua adoração. Eles entendiam a si mesmos como tendo sido destinados e nomeados para viver para o louvor da glória de Deus (Ef. 1:12). Quando o Catecismo de Westminster nos ensina, “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”, ele dá testemunho desse mesmo princípio básico; Deus nos criou para adorá-lo. Realmente, é aqui que nós devemos começar quando, nos perguntamos o que é adoração. Adoração deve, acima de tudo, servir à glória de Deus.
Quando a profundidade e a riqueza da Sua sabedoria são consideradas, ou quando são contemplados os Seus juízos insondáveis e caminhos inescrutáveis é reconhecido que a Ele deve ser dada a glória (Rm. 11:33-36). Quando a imensidade das obras da mão de Deus é vista, o homem é levado a entender a sua própria baixeza junto com a realização que Deus é gracioso por pensar no homem e visitá-lo (Sl. 8:3-4). Como os Seus generosos e santos atributos nos incitam com motivos inumeráveis para adorá-lO, a Sua espiritualidade nos ensina que essa adoração deve ser espiritual, vinda da nossa alma.
Para o verdadeiro adorador, a pessoa de Deus é tão preciosa quanto um copo de água fresca, puríssima, num dia de calor. “O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice” (Sl. 16:5). Adorar implica em peneirar nossos valores.
Se quisermos experimentar uma adoração legitimamente cristã, é necessário reconhecer o fundamento da Palavra de Deus, a Bíblia, como vital no conhecimento e revelação do Deus a quem pretendemos adorar. Reconhecer a Bíblia, como a autoridade, que nos informa, que nos adverte, que nos compartilha a experiência de tão “grande nuvem de testemunhas” que em seu tempo, contexto e cultura adoraram genuinamente a Deus de acordo com o Seu desejo.
A Importância de nos Reunirmos para a Adoração
Os líderes piedosos da Igreja do Antigo Testamento, que era a nação de Israel, especialmente os reis de Judá, Asa, Josafá, Ezequias e Josias, sempre congregaram o povo para a adoração a Deus, e se esforçavam para que eles vivessem de modo santo e afastados de toda a forma de idolatria.
A adoração não é apenas uma experiência de estar com Deus, mas também de estar uns com os outros em comunhão. Reunir para adorar é ótimo, melhor ainda quando viver é adorar, pois adorar não é um compromisso agendado apenas, mas tudo o que fazemos das nossas próprias vidas e que dá testemunho da obra de Deus em Cristo. Adoração é a sujeição das nossas vontades à vontade de Deus, é a coerência entre tudo o que somos, sabemos e fazemos em santidade, é alegria, é gratidão, é música que sai do coração sem que possamos impedi-la. Este sentimento de adoração deve ser a base da unidade familiar.
Reunirmo-nos para adoração pública conjunta ou celebração, cantar, tocar instrumentos, orar, erguer as mãos no louvor, são algumas das manifestações exteriores usadas para expressar adoração. Se nós, por fé, simplesmente reconhecermos nossa fraqueza e assumírmos nosso lugar de clara dependência de Deus, nos reunindo em nome do Senhor Jesus somente, sob a direção do Espírito, descobriremos que Cristo estará no nosso meio, conforme prometeu. A união como um princípio coerente de vida é a essência da adoração. Adoração envolve uma relação bifurcada: com Deus e uns com os outros. Esta é também a base, o padrão espiritual, de todos os nossos relacionamentos.
No céu o nome de Cristo é supremo, e assim deverá ser na terra também! O Senhor Jesus ensinou a Seus discípulos que Deus quer que a Sua vontade seja feita assim na terra como no céu. Eles deviam orar neste sentido. “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt. 6:10).
As atividades da adoração são importantes, mas nada é mais importante do que a atitude de nossos corações e mentes quando nos empenhamos nestas atividades. Precisamos de ser cuidadosos para que nossos actos públicos de adoração não se tornem uma “exibição” que deprecia o louvor a Deus. Os homens não devem ser adorados, Deus sim.
A verdadeira adoração surge a partir de um contínuo andar com Deus. Um homem que dificilmente pensa em Deus durante os seis dias da semana, não está apto a adorá-lo corretamente no sétimo dia. Se tal pessoa fala quanto está se “regozijando” na adoração, alguma coisa está errada com ele! Ele está se entretendo ou está recebendo aquela vaga sensação de desafio que o homem natural desfruta. Por outro lado, em meio à verdadeira adoração, tal pessoa deveria sentir quanto está afastada de Deus e sentir uma tristeza santa por sua negligência para com a glória do Senhor.
As experiências mais ricas de nossa vida virão, provavelmente, quando nos reunirmos para a adoração pública. O grande amor de Deus e a Sua sabedoria são vistos neste arranjo. Levante sua voz em louvor e adoração ao Pai, glorifique seu Filho, adore-o em espírito e em verdade!
Quando caminhamos em adoração, aprendemos que, adoração é um relacionamento aberto com Deus e que precisa haver um elemento de abnegação. Ela é boa para o homem e agrada a Deus. A melhor de todas as maneiras de iniciar a semana é subjugar um pouco as nossas propensões.
Realizar aquilo que é nosso dever e, ao fazê-lo, trazer nossa vontade em submissão, é um dos melhores indícios de que desfrutaremos de um tempo brilhante, um indício melhor do que a leitura de um excelente sermão na poltrona de descanso. Jesus .entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. (Lc. 4:16). Você já meditou nessas palavras? Ele era o Filho de Deus, o céu era sua habitação, mas, conforme seu costume, Ele foi à sinagoga. Jesus nunca disse: Não precisam de se reuinir, podem desfrutar da comunhão com Deus em casa. Ele tomou a cruz, negou-se a Si mesmo e nos diz que devemos seguir os seus passos.
A verdadeira adoração é sempre um produto e uma perspectiva da grandeza de Deus e da nossa pequenez. O profeta Isaías vê a grandeza de Deus e clama: “Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is. 6:5). João, na ilha de Patmos, vê o Senhor e nos diz: “Quando O vi, caí a seus pés, como morto” (Ap. 1:17). Qualquer coisa de novo que introduzimos na adoração, que não tenha como objetivo exaltar a Deus, é simplesmente uma concessão ao desejo por novidade que, caracteriza todos os homens naturais.
A verdadeira adoração requer preparação. Um homem não pode simplesmente achegar-se à presença de Deus sem qualquer preparação de coração e alma, e esperar, então, por uma “adoração instantânea”. Davi disse: “Ao meu coração me ocorre: buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a Tua presença” (Sl. 27:8). A verdadeira adoração, surge de uma mente preparada para Deus, encorajada por uma oração ardorosa pela bênção do Senhor sobre a sua vida.
Adorar é uma visão das riquezas inesgotáveis de Deus, basta ser alguém que tem relacionamento com o grande Deus e que reflete essa verdade em todo o seu ser e em tudo o que faz.
A Importância da Comunhão na Adoração
No universo de significados na adoração, é de profunda importância a palavra Koinonia (comunhão). Quando olhamos para a realidade da igreja chamada primitiva em Atos 2:42-47 e Atos 4:32-35 percebemos que a comunhão genuína traz grande autoridade para a igreja fortalecendo o seu testemunho. O louvor, a alegria e a singeleza de coração eram resultados imediatos desta vida de koinonia. E importa, viver tais coisas na comunhão da Igreja, porque é especialmente nela que Deus se agrada em falar connosco, e manifestar os dons, os serviços e as realizações do Espírito Santo, que Ele distribui a todos os membros de cada congregação, conforme Lhe apraz, para um fim proveitoso.
A Igreja Primi­tiva era também uma comunidade de adoração: “louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo” (At. 2:47). Sim, a Igreja que louva a Deus jamais deixará de ser reconhecida, até mesmo por seus inimigos, como um povo especial. Voltemos ao altar da verdadeira adoração. Louvemos a Deus com salmos e hinos. Abra­mos a Harpa Cristã e celebremos os grandes actos de Deus. É tremendo sentir a presença de Deus fluindo no meio de uma reunião, no meio da adoração a Ele.
A adoração pública é um privilégio dos filhos e filhas de Deus. O momento em que nos reunimos para cultuar a Deus é um momento abençoador. Deus nos chama ordinariamente para adorá-lo em espírito e verdade. Jesus sabia disso e deixou bem claro aos seus ouvintes, segundo o que está registado no evangelho de João, capítulo 4 e versículo 24.
Deixar de estar juntos, é privar a experiência de comunhão e deixar de experimentar os benefícios da adoração, dimensão da espiritualidade cristã que promove a vida comunitária, a devoção e o ministério cristão. A ausência física da adoração resulta da ausência do espírito de adoração em nosso coração, ou de um espírito de adoração intimista. Assim, se a adoração não for um atributo da alma, pouco importará que estejamos juntos em adoração ou esteja eu ou você a sós.
A adoração a Deus envolve nada menos do que a transformação interior do coração do povo Deus pela fé em Jesus Cristo, sua pessoa e sua obra. É mais do que louvor a Deus em um acto público. Jesus Cristo repreendeu fortemente os líderes religiosos de seus dias, porque eles deturparam o ensino das escrituras antigas, substituindo-o por seus próprios pareceres (Mt. 15:9; Mc. 7:7). Ele disse que tal adoração era “nada”. Cristo reservou as palavras mais duras de advertência para aqueles que professavam adorar a Deus (que dizem “Senhor, Senhor” – Mt. 7:21), mas se recusavam a fazer a vontade de Deus (Mt. 7:21-23). Tal adoração é vazia e sem mérito.
Quando chegarmos a compreender a frase mais essencial de Jesus sobre a adoração – “o Pai procura quem adore em espírito e em verdade”-, ou seja, eu, você e seu povo, quem sabe, experimentaremos o quanto é rica a experiência de estarmos juntos para consagrarmos a Deus as nossas vidas. O trivial ficará de lado e o essencial dirigirá o nosso coração. Aleluia!
O nosso esforço não é vão aos olhos do Pai. Martinho Lutero expressou: “Reunir-se com o povo de Deus em adoração ao Pai é tão necessário para a vida cristã, quanto à oração”. Certo pastor testemunhou acerca de Jorge Washington: “Muitas vezes sua casa em Monte Vernon, nos domingos pela manhã, estava cheia de hóspedes. Mas isso não era razão para que ele deixasse de ir ao culto na Igreja. Ele não somente ia como também convidava os hóspedes a acompanha-lo”.
A razão pela qual a adoração corporativa, ou culto, pode ser o único e mais importante hábito cristão, e nossa maior arma na luta pela alegria, é porque como nenhum outro único hábito, adoração corporativa combina todos os três princípios essenciais de fornecimento contínuo da graça de Deus para a vida cristã: audição de sua voz (em sua palavra), ser ouvido por Ele (em oração), e pertencer ao seu corpo (na comunhão da igreja).
Na adoração corporativa, ouvimos de Deus, na chamada do pastor para adorar, na leitura da Escritura, na pregação fiel do evangelho, nas palavras da instituição na Mesa, na comissão para sermos luzes no mundo. Na adoração corporativa, nós respondemos a Deus em oração, em confissão, em canto, em ação de graças, na recitação, nas petições, ao tomar os elementos de fé. E na adoração corporativa, fazemos tudo juntos.
Deus não nos fez para viver e adorar como indivíduos solitários. Meditação pessoal da Bíblia e oração são presentes gloriosos e essenciais, não devem ser negligenciados ou tido como certo. E eles são designados por Deus como ritmos de comunhão pessoal com ele que se desenvolvem apenas no contexto da comunhão comunitária regular com ele.
Na adoração pública, não somos apenas ouvintes, somos uma comunhão do povo de Deus. É uma comunhão de homens e mulheres unidos pela mesma fé e por coisas profundas, homens e mulheres que amam uns aos outros em Cristo Jesus. Em toda a comunhão deve haver certo elemento de sacrifício. Sim; em toda a comunhão precisa haver abnegação e uma constante disposição de ceder um pouco. Se isto é correto em referência à comunhão no lar, também é correto em relação à comunhão na igreja.
Na comunhão durante a adoração pública tem de haver consideração mútua e uma constante disposição de renunciar um pouco por amor a outros em favor de quem Cristo morreu. Tudo isso constitui a essência da verdadeira adoração e exige um pouco de sacrifício. Sem isto, não existe um lar feliz; o mesmo é verdade em referência a uma igreja feliz. Uma terna consideração pelos outros, juntamente com a abnegação nela envolvida, é uma parte integral de nossa adoração pública.
A adoração espiritual não é uma adoração sem entendimento, mas, uma que usa o conhecimento da excelência de Deus como motivo do seu louvor. Reconhecer Deus como soberano e regozijar-nos na glória dos Seus atributos manifestos no Redentor é adoração espiritual e são ações do espírito de um homem regenerado.
A Importância da Nossa Aproximação a Deus em Adoração
A adoração, ensina-nos Jesus, torna-nos cada vez mais semelhantes ao ser que estamos adorando; isto é, assemelhamo-nos a Deus, pois é a Ele que adoramos. A adoração é uma experiência interior que nos transforma espiritualmente de um modo gradual, e desse modo aqueles que adoram a Deus aproximam-se gradualmente dEle, e finalmente o alcançam.
Adoração é mais do que cantar, louvar, orar. Adoração não é somente isso é tambem reconhecer a Santidade de nosso Deus e buscar o caminho para aproximação com Ele e viver em intimidade com o Deus Todo-Poderoso.
A mesma verdade se torna ainda mais evidente quando pensamos a respeito da adoração como nossa aproximação a Deus. Adoração significa nos aproximarmos de Deus por meio do novo e vivo caminho de Jesus Cristo. Ora, é verdade que fomos criados para Deus e que nEle vivemos, nos movemos e existimos. Também é verdade que, ao acordarmos e nos levantarmos, Ele não está distante de qualquer um de nós. No entanto, existe um tão grande envolvimento nas coisas do mundo, mesmo entre aqueles que oram e vigiam intensamente, que para nos aproximarmos de Deus com todo o coração é necessário um verdadeiro esforço.
Evidentemente, podemos ir à igreja, estar ali e jamais conhecer a realidade da adoração; pois somos capazes de nutrir pensamentos, ter sonhos e, em espírito, estar a milhares de quilómetros. Mas rejeitar calmamente pensamentos intrusos e dedicar-se à oração, louvor e leitura da Bíblia são tarefas que raramente serão fáceis e, para alguns, incrivelmente difíceis. Se houvesse algo que prendesse nossa atenção, isto faria toda a diferença do mundo. Em um teatro, você pode esquecer-se de si mesmo, absorvido pela excitação da peça. Mas a igreja do Deus vivo não é um teatro e, quando ela se torna teatral, a sua adoração desaparece, com todas as suas bênçãos. Se quiser vaguear com seus pensamentos, você pode fazê-lo sempre que desejar, pois de modo visível nada existe na igreja para prender sua atenção.
Toda a escolha e atitude gera uma consequência, a adoração focada em Deus chega até Ele (Ap. 5:8), e Deus corresponde com a manifestação da presença de Sua glória sobre nós (Os. 6:3). Então, somos transformados e nos tornamos mais parecidos com Deus. Ele é o centro e o alvo da nossa adoração.
Nós precisamos de fazer o esforço necessário, fechar as portas de nossa mente e reservar-nos; através deste esforço, vem a bem-aventurança da adoração pública de Deus. Desse modo, a adoração torna-se um festa celestial; torna-se um dos meios da graça, em qualquer lugar populoso e agitado. Tornemos a adoração tão atrativa quanto desejarmos, mas lembremo-nos que, se ela tiver de nos ser uma bênção, temos de nos negar a nós mesmos, tomar a nossa cruz, trazer ofertas e entrar nos átrios de Deus.

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