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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Cruz de Cristo: A Maior Expressão da nossa Vitória!


(Colossenses 2:13-15)

Se a morte de Cristo na cruz é o verdadeiro significado de sua encarnação, então não existe evangelho sem a cruz. O nascimento de Cristo, por si mesmo, não é a essência do evangelho. Mesmo a ressurreição, embora seja importante no plano geral da salvação, não é o cerne do evangelho. As boas-novas não consistem apenas no facto de que Deus se tornou homem, ou de que Ele falou com o propósito de revelar-nos o caminho da vida, ou de que a morte, o grande inimigo, foi vencida. As boas-novas estão no facto de que Deus lidou com nosso pecado (do que a ressurreição é uma prova); que Jesus sofreu o castigo como nosso Representante, de modo que nunca mais tenhamos de sofrê-lo; e que, por isso mesmo, todos os que crêem podem antegozar o céu. Gloriar-se na Pessoa e nos ensinos de Cristo somente é possível para aqueles que entram em um novo relacionamento com Deus, por meio da fé em Jesus como seu Substituto. A ressurreição não é apenas uma vitória sobre a morte, mas também uma prova de que a expiação foi satisfatória aos olhos do Pai (Rm. 4:25) e de que a morte, o resultado do pecado, foi abolida por causa desta satisfação.

Somos, por natureza, pecadores e estamos absolutamente sujeitos ao julgamento e juízo de Deus. Nada podemos fazer a esse respeito. No entanto, numa demonstração de amor sem precedentes, Deus toma a iniciativa de mudar nossa história, apesar de toda a nossa rebeldia contra Ele. Um bebé nasce em Belém da Judeia, um menino destinado a virar o mundo de cabeça para baixo. Ali, a eternidade entra no tempo. O céu desce à terra. Deus se esvazia de sua glória e se faz homem. Um homem obstinadamente decidido a morrer para livrar o homem da morte. Morte eterna; morte física, espiritual e moral.

A maior declaração de amor da história não saiu da pena de um poeta, nem foi envolvida com notas de suave melodia. A maior declaração de amor da história foi pavimentada com sofrimento e abandono; foi provada com dor e sacrifício; foi selada com sangue na cruz: “Mas Deus prova o seu próprio amor para connosco pelo facto de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5.8). Ele ama-nos, mas não escreveu isso em letras de fogo nas nuvens. Ele revelou esse amor na cruz do seu Filho. Ela é a mais eloquente expressão de seu amor por nós. Ele mesmo disse: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3.16). Isaías descreve essa expressão de amor ao profetizar a respeito do sofrimento do Cristo (Is. 53.1-12).

Sua morte não foi determinada por factores circunstanciais. Jesus não foi morto porque Judas o traiu, porque os sacerdotes o prenderam, porque Pilatos o entregou ou porque os soldados o pregaram na cruz. Judas o traiu, por ganância; Pilatos o sentenciou por covardia e os soldados o pregaram na cruz por crueldade. O Filho foi à cruz porque o Pai o entregou por amor de nós. “O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53.6b). Ele não foi obrigado. Antes, em amor se entregou voluntariamente: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” (53:4).

Seu amor é constrangedor. Nos deu tudo, sem nos pedir nada. Amor sacrificial. “Ele foi trespassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (53:5). Foi moído por nossas transgressões e morreu pelos nossos pecados; na cruz, recebeu o cálice da ira de Deus e a espada da lei caiu sobre ele. Foi humilhado. Seu corpo, rasgado. Seu rosto, desfigurado. Seu corpo, ferido. Seus punhos, trespassados.

Os açoites eram nossos. A Cruz era nossa. A vergonha e dor pertencia-nos. Mas, em silêncio, Ele tomou o nosso lugar “e como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (53:7). Tudo por causa de seu grande amor por nós.

Este amor, provado com sacrifício e dor, não é vão. Seu sangue nos comprou a liberdade. Fez-nos livres do pecado para viver em vitória para Deus; livres das trevas, do poder de Satanás, da condenação eterna. Isaías diz ainda: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte…” (53:11-12). Somos o alvo e a recompensa de seu grande amor expresso na cruz. Não somos mais escravos. Somos filhos! E como filhos, somos, juntamente com Cristo, herdeiros da glória de Deus. Ele suportou tudo e nos libertou para seu louvor. Nosso arrependimento é a sua conquista. Nosso retorno a Ele em gratidão e submissão é a sua glória. Nós somos a sua recompensa. Entendamos o que Deus realizou na cruz, de modo que nos gloriemos tão-somente na cruz de Cristo.

A cruz de Cristo foi onde o mundo, a carne e o diabo foram vencidos (e continuam sendo). A cruz é a base da nossa salvação, o que inclui a santificação, a justificação, a redenção e a regeneração do pecador que recebeu e creu na mensagem que Cristo pregou através dela. Nela está também a nossa libertação a nossa cura e a nossa vitória.

Uma das passagens mais inquietantes, e até mesmo que provoca calafrios, é o relato no evangelho de Marcos sobre a exclamação do Messias ao estar na Cruz romana. Ele exclamou: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste (Mc. 15:34)?

À luz do que sabemos sobre a natureza impecável do Filho de Deus e de sua perfeita comunhão com o Pai, é difícil entender as palavras de Cristo, porém ainda assim encontramos expostas nelas o significado da Cruz, e encontramos a razão pela qual Cristo morreu. Para obter a salvação de Seu povo, Cristo não somente sofreu o terrível desamparo de Deus, mas Ele tomou a amarga copa da ira de Deus e teve uma morte sangrenta em lugar de Sua gente. Só então a justiça divina podia ser satisfeita, apaziguar a ira de Deus, e fazer possível a reconciliação.

Contemplamos aqui o Salvador submerso nas profundezas de Suas agonias e dores. Nenhum outro lugar como o Calvário mostra melhor as angústias de Cristo, e nenhum outro momento do Calvário está tão saturado de agonia como quando esse clamor rasga o ar: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste”? A debilidade física que lhe sobreveio naquele momento pelo jejum e pelos açoites se somou a aguda tortura mental que experimentou por causa da vergonha e da ignomínia que teve que suportar. Como culminante da dor, sofreu uma agonia espiritual inexprimível devido ao desamparo do qual foi objecto por parte de Seu Pai. Essa foi a negridão e a escuridão de Seu horror. Foi então quando penetrou nas profundezas das cavernas do sofrimento.

A cruz de Cristo é motivo de glória. O Sangue ali derramado faz com que estejamos aqui livres. Ele morreu, mas ressuscitou. Ele está vivo. A cruz nos trouxe vitória, vida, prosperidade,  saúde, liberdade no Cristo que ressuscitou. É importante que a igreja de Jesus acredite na vitória do Sangue na cruz e também acredite no poder da palavra do testemunho. Porque quando damos testemunho daquilo que Jesus fez por nós, daquilo que o Sangue fez em nossa vida, sobrenaturalmente, é libertado um poder espiritual superior a qualquer poder que destrói o adversário. O nosso testemunho tem um poder sobrenatural, porque a Bíblia diz que nós vencemos por causa do testemunho.

Naquelas palavras de nosso Salvador existe algo que tem sempre o propósito de nos beneficiar. A contemplação dos sofrimentos dos homens nos afligem e nos horroriza, mas os sofrimentos de nosso Salvador, ainda que nos movam ao pesar, estão revestidos de algo doce e cheio de consolação. Aqui, inclusive, nesse negro local de dor, enquanto contemplamos a cruz, encontramos nosso céu. Esse espectáculo que poderia ser considerado horroroso, torna o cristão alegre e feliz. Se bem lamenta a causa, se alegra devido às consequências.

A maior e mais importante mensagem que jamais se ouviu, o “está consumado”, foi pregada por Cristo, no púlpito mais significativo do Universo, a sua cruz! É por isso, que não se pode conceber o verdadeiro cristianismo sem a cruz de Cristo. Realmente, a centralidade do Evangelho e a nossa vitória está na cruz de Cristo.

 Os Benefícios Advindos do Triunfo da Cruz de Cristo.

Deus, ao manifestar a sua graça comum para com os incrédulos através dos efeitos colaterais da cruz de Cristo, tinha em vista o bem dos seus eleitos, aqueles que seriam os beneficiários da salvação. Todas as bênçãos dispensadas sobre os réprobos contribuem para que a Igreja seja mantida segura na sua missão de testemunhar acerca de Cristo.

A ignorância a respeito dos nossos direitos como salvos por Cristo tem levado muitos a uma vida de derrotas e fracassos. A obra realizada por Cristo na cruz do Calvário foi perfeita, completa e suficiente para nos levar a outra dimensão, tanto espiritual como fisicamente. Por meio dela recebemos a vida abundante que Cristo nos promete como está em João 10.10: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

Na cruz de Cristo, temos os maiores benefícios para nossa vida.
“Somente conhecemos a Cristo, na medida em que conhecemos os benefícios de sua obra da cruz”. Se entendermos o que Jesus fez por nós, encontraremos mudança em nossa vida. Há provisões abençoadoras na cruz de Cristo. Rios de bênçãos fluem da obra de Cristo na cruz.

Além dos benefícios concedidos da salvação e da vitória na batalha espiritual, o cristão recebe também mais três benefícios tremendos: o perdão, a mudança do caráter e a nova identidade. Estes três benefícios nem sempre são reconhecidos e, às vezes, não são recebidos por muitos cristãos, o que os torna pessoas abaixo daquilo que Cristo projetou para suas vidas.

 a) Perdão:

Quando nós nos voltamos para Deus pela fé em Jesus Cristo, recebendo Jesus como nosso novo Senhor, Mestre e Comandante e Salvador de nossas vidas, então Deus nos concede um perdão, nos perdoando de todos os pecados e erros que já cometemos. E isso é maravilhoso, mas há algo ainda maior do que isso. O perdão que nós recebemos de Deus não é conquistado. Nós não temos que primeiro demonstrar que nos endireitamos antes que Deus nos conceda Seu perdão. A Bíblia diz em Efésios 2:5 que Deus: “estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo”.

Porém, para que a cura divina se realize em nós, se faz necessário que usemos do nosso livre arbítrio para nos arrependermos de alguns embaraços (pecados não confessados) e nos apropriemos com fé das promessas bíblicas dirigidas a nós cristãos.

A raiz do perdão divino está na cruz de Cristo. Nenhuma outra religião oferece perdão. Só Deus, em Cristo, oferece o perdão para os nossos pecados. Ao derramar o Seu sangue na cruz do Calvário, Jesus Cristo tomou o nosso lugar de pecador e pagou o preço da nossa condenação. A base do perdão está no sangue de Cristo derramado na cruz do Calvário. Fora da cruz, Deus não nos pode perdoar! O perdão que recebemos por graça divina, não foi barato, pois custou a Deus tudo o que Ele é e tudo o que Ele tem – o preço do perdão foi o sacrifício do Seu Filho, Jesus!

Por que é importante a revelação do perdão? O recebimento do perdão pelo cristão é fundamental para a vitória contra Satanás, que é também chamado de “o acusador de nossos irmãos” (Ap. 12:10). Porque muitos cristãos não recebem o perdão de Deus, vivem recebendo a acusação de Satanás, o que torna suas vidas um inferno.

O alvo do diabo é impedir que recebamos a plenitude da obra que Cristo consumou na cruz do Calvário, o que nos faz viver abaixo das expectativas do Senhor. O inimigo sabe que ao nos vermos debaixo da culpa, ficamos inibidos no uso da nossa autoridade espiritual e perdemos ou entregamos territórios valiosos para ele. Receber o perdão de Deus, conquistado para nós por Cristo na cruz do Calvário, é uma garantia espiritual, com reflexos no plano físico, de que nenhuma acusação há para nós e que, portanto, o acusador tem seus direitos quebrados em nossas vidas.

Outra vitória recebida através do perdão é a libertação e a cura para a nossa alma, que, sem a revelação do perdão de Deus, se fragiliza pela culpa e se torna uma lixeira para receber todo o lixo emocional que o diabo puder lançar nela, como falsa culpa, autopunição, rejeição e outros traumas e feridas. A cruz de Cristo, por causa do perdão libertado, torna-se a base da libertação e da cura da alma do cristão, permitindo, assim, que ele viva a vida abundante que vem pela salvação.

b) Mudança do Carácter

O carácter de Cristo em nós é formado pela Cruz. O caminho para o carácter de Cristo é o caminho da operação da cruz em nós. Não há outra maneira das marcas do carácter de Cristo serem formadas, a não ser pela cruz. É através da lei da cruz (Mt. 16:24) que somos formados em nosso carácter. Esta lei opera em nós, moldando-nos e ensinando-nos a vida do Espírito. A cruz é que opera em nós a beleza do Senhor. A cruz é o instrumento de Deus para moldar-nos à semelhança de Cristo. A cruz é que nos capacita para termos o carácter que suporta o poder de Deus.

Na cruz de Cristo o pior de nós foi trocado pelo melhor de Deus! Dá para imaginar uma troca como esta? Só Deus mesmo para realizá-la. Ao processar a nossa salvação, na cruz do Calvário, Jesus tomou o nosso lugar, fazendo-Se pecador por nós e tornando-nos justos, santos, redimidos e regenerados perante Deus.

Ali, na cruz, a nossa carne foi vencida, o Senhor tomou para Ele a nossa vida de pecado e derramou em nós a Sua vida, perfeita para Deus. Na cruz o Senhor trocou as nossas velhas características pelas características dEle, trocou o nosso caráter pelo caráter dEle. Aleluia!

 Assim, a partir da salvação, quando Cristo passou a viver em nós, o caráter dEle também passou a fazer parte de nós. Se temos Cristo em nós, temos também o Seu caráter em nós. Nascemos de novo em Cristo, tornando-nos Sua expressão na Terra, portanto, temos o dever de manifestar o Seu caráter que está em nós. O que efetivamente precisamos fazer é decidir viver a novidade de vida que temos em Cristo e não mais a velha criatura do pecado, que fomos antes dEle nos salvar.

 O arrependimento é uma mudança radical de interesses, afectos, vontades e prioridades. É uma transformação tão radical do coração que a Bíblia fala de conversão – somos mudados noutra coisa. Um novo nascimento (Jo. 3:3). Uma nova criação de Deus (2 Co. 5:17). Este tipo de arrependimento e tal transformação só podem vir de Deus (Jo. 1:13).

Esta mudança produz um impacto tão grande nos nossos corações e nas nossas mentes que os lábios que antes protestavam: “Não há Deus!” (Sl. 53:1)  agora alegremente confessam e proclamam que “Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fip. 2:11).

c) Nova Identidade

Nosso Deus por nos amar muito e desejar a nossa salvação, nos chama para um novo estilo de vida, onde estaremos pelo poder transformador da graça de Deus vivendo livres da escravidão do pecado. Nos chama para um novo estilo de vida no qual Ele possa reinar de forma absoluta e completa em nosso coração. Os cristãos que serão salvos, serão aqueles que alcançarão essa experiência com Cristo e que também estarão pelo poder de Deus renovando diariamente essa experiência com nosso Salvador. Não há vida sem Jesus. Somos susceptíveis ao pecado e, a qualquer momento que nos afastamos do Senhor, estaremos vivendo como escravos do pecado. 

Aos que receberem Cristo, que crerem em seu nome, dá-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne, nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus. A obra da cruz, a salvação do pecador, fez-nos nascer de novo, isto é: fomos regenerados. Na velha natureza, tínhamos a identidade de pecadores, afastados de Deus, deformados pelo pecado e influenciados pela carne, pelo mundo e pelo diabo. Cristo, na cruz, tomou para Ele essa velha natureza, ou seja, essa velha identidade, a identidade de pecadores e, fez-nos nascer de novo, pelo Espírito e pela Palavra, gerando em nós a nova identidade, a identidade de filhos e filhas de Deus.

A obra de Cristo no coração não destrói as faculdades humanas. Cristo dirige, fortalece, enobrece e santifica as faculdades da alma. Por meio da obra da cruz o Senhor trocou a nossa identidade, tornando-nos filhos do Deus Altíssimo, irmãos de Cristo e co-herdeiros com Ele, como está escrito em Romanos 8:16-17: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co- herdeiros com Cristo”. Se nascemos de novo em Cristo, também em Cristo recebemos uma nova identidade, deixamos de ser criaturas governadas pelo pecado e nos tornamos família de Deus, sendo chamados pelo Seu nome.

Precisamos, portanto, compreender que pele fé em Cristo é nosso privilégio ser participante da natureza divina e livrar-nos da corrupção das paixões que há no mundo. Então somos purificados de todo pecado, de todos os defeitos de caráter.

Com a marca da salvação (o sangue de Jesus), passamos a ser identificados no Reino espiritual como príncipes e princesas do Deus Eterno, fomos revestidos de nobreza celestial, tornamo-nos autoridades espirituais no planeta, embaixadores do Reino de Deus na Terra! Deixamos de ser conduzidos pela carne e mentoriados pela mente maligna, para sermos dirigidos pelo Espírito, conforme a Palavra de Deus e conduzidos pela mente de Cristo que habita em nós! Nos tornamos factores de mudança onde estivermos e uma ameaça para o diabo e seus projetos.

A nova identidade nos habilita a sermos os verdadeiros embaixadores do Reino de Deus na Terra e a reproduzirmos o ministério de Cristo entre os homens. Nenhum cristão precisa mais de andar com a velha identidade, porque o cristão se tornou novidade de Deus na Terra. Por causa da velha identidade, herdamos a maldição e a derrota, mas com a nova identidade nos tornamos descendentes de Abraão, benditos na Terra e herdeiros conforme a promessa que ele recebeu (Gl. 3:29: “E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa”).

Ele nos chama “directamente para a herança espiritual e para as boas coisas celestiais, e designa para nós um reino” (cf. Lc. 22:29). Agora os crentes são “chamados eminente e enfaticamente filhos de Deus” (1 Jo. 3:2), como Isaías tinha profetizado (Is. 56:4,5), e o Espírito Santo testifica com os seus espíritos que é isso mesmo (Rm. 8:15-16). Deus é conscientemente Seu Pai pessoal, e este nome, “Pai, passa a ser o nome de Deus em relação à nova aliança, representado a família pactual à qual Ele Se obriga em favor dos Seus filhos, de modo que agora eles têm liberdade para clamar, “Abba, Pai” (Gl. 4:6).

Agora que estamos em Cristo, não temos o Espírito de escravidão, mas temos a certeza dada pelo Espírito Santo de que somos filhos de Deus e de que podemos aproximar-nos dEle confiadamente. O mesmo Espírito Santo, que habita em nós, também dá gemidos antecipatórios em nossa alma (ansiando) pelo estado de ressurreição e glória, que é a meta que Deus designou para nós”.

Qual a importância disso? Espiritualmente, a identidade aponta para um destino. Com a velha identidade estávamos destinados à morte eterna e ao inferno, com a nova identidade, fomos direccionados para a vida eterna e para as mansões celestiais!


domingo, 30 de outubro de 2016

Águas Vivas

Depois disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas de debaixo do limiar do templo, para o oriente; porque a face da casa dava para o oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do altar. Ele me levou pela porta do norte e me fez dar uma volta por fora, até a porta exterior, que olha para o oriente; e eis que corriam as águas ao lado direito. Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos. Mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos. Mediu ainda outros mil, e era já um rio que eu não podia atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar. E me disse: Viste isto, filho do homem? Então, me levou e me tornou a trazer à margem do rio. Tendo eu voltado, eis que à margem do rio havia grande abundância de árvores, de um e de outro lado. Então, me disse: Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar Morto, cujas águas ficarão saudáveis. Toda criatura vivente que vive em enxames viverá por onde quer que passe este rio, e haverá muitíssimo peixe, e, aonde chegarem estas águas, tornarão saudáveis as do mar, e tudo viverá por onde quer que passe este rio. Junto a ele se acharão pescadores; desde En-Gedi até En-Eglaim haverá lugar para se estenderem redes; o seu peixe, segundo as suas espécies, será como o peixe do mar Grande, em multidão excessiva. Mas os seus charcos e os seus pântanos não serão feitos saudáveis; serão deixados para o sal. Junto ao rio, às ribanceiras, de um e de outro lado, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não fenecerá a sua folha, nem faltará o seu fruto; nos seus meses, produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio (Ez. 47:1-12).
Introdução
O livro de Ezequiel além de ser uma mensagem de esperança que é dada por meio de símbolos e ações, afim de que o povo continue a esperar o tempo de Deus e a se afastar de seus maus caminhos levando uma vida de obediência e santidade, procurando zelar pelo próximo, tem também uma intenção objetiva: Declarar que o Senhor está no controle da história e que Ele é o Deus todo-poderoso, não importa o que aconteça, os planos do Senhor jamais podem ser frustrados. Se a ordem no céu é de que a sua bênção vai chegar, não importam as circunstâncias, se os factos ao redor dizem tudo ao contrário, Deus faz o provável e se preciso o improvável para que se cumpra o que Ele disse na sua vida
Esta visão do profeta Ezequiel, do rio que sai do Templo e que dá vida à terra desde Jerusalém até o mar Morto, contém um conteúdo incomensurável. Ela fornece a mais clara descrição simbólica já feita sobre um rio espiritual. Ao profeta Ezequiel Deus mostrou como proporcionaria abundantes bênçãos para o Seu povo. Essas bênçãos, representadas por um rio que flui do Templo, fertilizariam toda a terra, produzindo colheitas abundantes, curas milagrosas e, ao final, converteria o Mar Morto em um refúgio de água doce.
Este é um texto de esperança em que o profeta Ezequiel se utiliza de exemplos de seu tempo para mostrar que, no meio do orgulho, injustiça e violência das nações opressoras, o Senhor Deus irá humilhá-las e tirá-las de seu lugar de orgulho.
O rio que sai de dentro do templo produz vida por onde vai passando, é um rio de água viva. Até mesmo o mar morto é restaurado por este rio que sai de dentro do templo. “Então disse-me: Estas águas saem para a região oriental, e descem ao deserto, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, as águas tornar-se-ão saudáveis” (Ez. 47:8). O mar morto é um mar que não tem vida porque o nível de sal das suas águas é muito alto e nenhum peixe sobrevive nele. Mesmo ali onde não existe possibilidade de vida, o rio de Deus trará cura. “E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio” (Ez. 47:9). Deus restaura através dessas águas que saem do templo até mesmo no meio do deserto a vida volta a dar frutos. “E junto ao rio, à sua margem, de um e de outro lado, nascerá toda a sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem acabará o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de comida e a sua folha de remédio” (Ez. 47:12). Isso lembra um versículo no livro de Salmos 1:3: “Pois será como árvore plantada junto a ribeiros de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto fizer prosperará”. Aleluia!
A primeira coisa que podemos absolver é que as águas que saem de dentro do templo são águas que saram. O templo é lugar de adoração, de encontro com o Espírito Santo. Este é o verdadeiro segredo dessas águas, não são águas comuns, são águas espirituais geradas em Deus e em nosso encontro com Ele. Águas que se multiplicam sozinhas e se tornam muito mais abundantes assim como as estrelas do céu. “Pois toda a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hc. 2:14). Estas águas são a cura não apenas para mim ou para si, mas sim para a nossa casa, nossa família e para todos os que estão ao nosso redor. Todo aquele que tem sede pode ser saciado pelo rio de Deus que flui de dentro do templo. “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (Jo. 7:37).
As boas novas são que hoje nós somos o templo de Deus, o próprio Senhor Jesus afirmou: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus ainda não havia sido glorificado” (Jo. 7:38-39). Nós somos o templo do Espírito Santo. O apóstolo Paulo afirmou: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Co. 3:16-17). Nós somos o canal de Deus para a cura desta geração. Nós somos o lugar de onde fluem as águas de Deus que saram. Nós somos o templo que Deus pela sua infinita misericórdia restaurou, nós somos a morada do Senhor. Não para a nossa própria glória, mas porque em nós é glorificado o nome do Senhor. Porque nós não desejamos a nossa própria vontade, mas a vontade daquele que nos aperfeiçoou em Cristo Jesus e nos deu Vida Eterna.
Quem vive em obediência a Deus é usado como cura, restauração e salvação por onde quer que ande. Espontaneamente a Graça do Senhor flui através da sua vida para alcançar todo o tipo de pessoa à sua volta. Qualquer que seja o tempo é tempo de cura e libertação quando nos submetemos em obediência ao Senhor e rejeitamos a operação do pecado que há em nós. Não sejamos egoístas, compartilhemos este Rio que mudou a nossa vida com todos à nossa volta. Abramos espaço para Deus e permitamos que o Senhor flua através de nós como um Rio de Água Viva! Quanto mais nos esvaziarmos da nossa própria vontade, mais Águas de Deus fluirão de nós para todos à nossa volta. “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, afim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe. 2:9).
Somos lembrados que, apesar de tudo o que está acontecendo no momento, no que diz respeito a Israel e aos países vizinhos, o Senhor promete remover de Israel todos osIsrael vizinhos mal-intencionados, que são “espinhos dolorosos e espinhos afiados”'s troubling neighbors that are “painful briars and sharp thorns” (cf. Eze. 2:6).. O próprio Senhor vai reunir o Seu povo dentre as nações e devolvê-los para a terra de Sua aliança com Jacob. Ezequiel transmite a promessa de Deus de que Israel irá residir em sua terra natal com segurança e em paz, e nunca mais será atormentado por nações vizinhas.
Águas Vivas Segundo as Regras do Senhor
Ezequiel, no seu tempo, teve visões de águas vivas jorrando da mais sagrada das fontes, o templo, coração de Israel. Correntes de água jorravam da parte debaixo do limiar do templo, bem como das suas partes laterais. Por serem abundantes e poderosas, essas águas formavam rios profundos que purificavam as águas poluídas e as tornavam produtivas. É uma visão antecipada das águas cristalinas da Nova Jerusalém da era que virá. O livro do Apocalipse nos fala das águas que saem “do trono de Deus e do Cordeiro” (22:1).
Este era um rio que crescia cada vez mais, mas que, no entanto, não era alimentado por outros córregos, nem por outras fontes de água, o que é contrário à natureza, onde a água de um córrego tende a ser absorvida pela terra. Este tipo de descrição certamente é simbólico. Isto ilustra a natureza ilimitada e crescente da ação de Deus na vida do seu povo.
A visão era tão poderosa e tão intrigante em seu escopo que Ezequiel não conseguiu compreendê-la. Ele não conseguiu sequer comentar o seu significado – só conseguiu reportá-la. Na verdade, antes de a visão acabar, o Senhor pergunta a Ezequiel: “Filho do homem, viste isso?”  (v. 6).
O rio, que brota do templo de Deus, corre para oriente, desce para a região da Arabá – a região mais desolada e árida do país – e, daí, para o Mar Morto. Foi por isso que Ezequiel, quando finalmente voltou para a margem (v. 6), ficou bastante surpreso, pois viu que aquele rio tinha irrigado a terra árida, de tal maneira que, durante o tempo em que ele esteve no rio, ela pôde produzir muitas árvores, que estavam localizadas nos dois lados do rio (v. 7). O resultado era tremendo. Aonde as águas deste rio chegaram, tudo o que outrora estava morto começou a reviver.
A visão era tão poderosa e tão intrigante em seu escopo que Ezequiel não conseguiu compreendê-la. Ele não conseguiu sequer comentar o seu significado – só conseguiu reportá-la. Então o Senhor explicou a Ezequiel que este rio de água doce que nasce no templo será canalizado para o Mar Morto, onde o fluxo de seu leito faria com que as águas mortas e malditas desse mar fossem curadas, convertendo-o em um lago de água doce (v. 8). Ainda, aquele rio daria a vida a todas as criaturas que entrassem em contato com suas águas. Os pescadores (v. 10) beneficiariam ao pescar nas águas deste rio, porque haveria muitíssimos peixes (v. 9), tão rico em pescado como o Mar Mediterrâneo (v. 10). A água daquele rio teria um efeito vivificador, fecundando a aridez do deserto, tornando salubres as águas do Mar Morto e enchendo-as de vida.
Este quadro de água abundante, que faz brotar árvores de fruto de toda a espécie, dotadas de frutos de toda a espécie e de folhas medicinais (v. 12), retoma a imagem paradisíaca do Jardim do Éden, local de água e de árvores de fruto, onde o homem – vivendo em comunhão com Deus e obedecendo às suas propostas – tinha todas as condições para ser feliz (cf. Gn. 2:9-14).
A promessa profética de um manancial de águas que fertiliza e dá vida, e que brotará do templo, simboliza a inesgotável plenitude de vida que Deus comunicará a seu povo. Aos exilados o profeta anuncia, portanto, a chegada de um tempo em que Deus vai voltar a residir no meio do Seu povo e vai derramar, sobre os Seus eleitos, vida em abundância. A ação salvadora de Deus em favor do Seu povo irá possibilitar que a desolação e a morte do presente se transformem, no futuro, em vida e felicidade sem fim.
Num nível histórico esta visão apontava para o futuro retorno de Israel à sua terra, a renovação espiritual e a retomada das funções normais de irrigação, adubação, aração, semeadura e colheita. Seria uma vez mais o povo de Deus na terra de Deus. No entanto, num nível mais profundo, a Bíblia sempre conecta a humanidade com a terra – uma afeta a outra. Por causa do pecado humano, a terra está sujeita à maldição. A redenção da terra produzirá o efeito inverso, vai retirar a maldição e toda a criação será restaurada para a qualidade de vida que Deus planejou no início.
O facto mais significativo sobre o rio de águas vivas é a sua fonte, a sua origem. Ele vem diretamente da presença do próprio Deus. Por isso, é capaz de dar vida e sustento, porque essas coisas são dons do Deus vivo, tal qual na visão do vale de ossos secos. Quando combinado com as imagens anteriores, o efeito é ainda maior. Como já mencionado, o facto de que a porta oriental estava fechada dizia respeito ao regresso definitivo de Deus para seu templo (Ez. 43:1-5). Deus não marcharia para trás para refazer seus passos e sair pela porta do leste. Mas isso não significa que Ele estava trancado no santuário. O rio que levava a Sua bênção vivificadora fluía agora debaixo do templo na mesma direção em toda a terra da promessa. Assim como o sopro de Deus tinha vindo dos “quatro ventos”, para soprar o fôlego de vida sobre aquele exército de mortos (Ez. 37:9-10), assim também flui agora o rio de Deus que sai do santuário (v. 12), para regar e encher de vida uma terra e um mar que estavam mortos.
Que maravilhosa alegoria de experiência com Deus! O fluxo de bênção começa no altar do Senhor, o lugar de sacrifício, onde Cristo carregou os nossos pecados sobre si, e aquele rio, ao crescer com o crescimento que vem do próprio Deus, à medida que o Espírito Santo multiplica sua plenitude, torna-se um rio profundo que flui do trono do Senhor, enchendo toda a terra e que ninguém jamais pode sondar.
O próprio Senhor Jesus Cristo se refere a si mesmo como a água doadora de vida (Jo. 4:10-14). João declara que Jesus é a fonte de rios de água viva. Por onde Ele passa, na vida de quem Ele manifesta a sua graça ali há vida. O que crê em Jesus tem vida e vida em abundância. Louvado seja Deus por nos permitir experimentar dessa água viva e de sua ação restauradora.
Quando o livro do Apocalipse aborda a esperança da era que virá, ele nos mostra uma Nova Jerusalém onde toda sede será saciada. O autor começa essa parte de sua narrativa com a voz que diz: “Eu, a quem tem sede darei de graça da fonte da água da vida” (21:6), e, a seguir, reitera o convite: “Aquele que tem sede, venha” (22:17). Jesus nos oferece o bem maior, a riqueza imensuravel, a salvação de nossas almas. Vamos pois a Ele! Ele pode saciar a sede do interior do homem. A graça superabundante é livremente acessível a todas as pessoas.
As águas geralmente se movem, porém, se não se moverem, não são saudáveis e, portanto, não se pode beber águas paradas que só servem para proliferar insetos e contaminar vidas. A beleza do rio é a sua correnteza, a beleza do mar são as suas ondas beijando a areia da praia, a beleza da cascata é a queda da água.
Água boa é a que se move. Jesus falou desse tipo de água que tem que se mover para produzir vida, a qual chamou de águas vivas, um tipo de água que não é de rio, açude, mar ou piscina, mas que tal como as águas represadas dos rios geram energia nas hidrelétricas, assim é também a água viva.
No último dia da grande festa dos Tabernáculos, Jesus estava pregando e de repente ficou de pé e clamou em alta voz: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo. 7:37-38). Do seu interior fluirão rios de águas vivas. Águas vivas são atos, palavras, decisões sábias, são sentimentos bons, são atitudes de paz, que geram vida para as pessoas em volta.
As Águas Vivas do Espírito Santo, dando nova vida à humanidade
Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes. E brotarão como a erva, como salgueiros junto aos ribeiros das águas” (Is. 44:3-4).
Deus escolheu a água como símbolo do Espírito Santo por causa da sua essencialidade. Não há vida sem água. Podemos ter riquezas abundantes, mas se não houver água não teremos o alimento, nem mesmo condição de sobreviver em lugar algum.
O profeta Isaías nos traz uma grande promessa do Senhor que se estende para além de nós. Ela alcança a nossa descendência e nos acompanha em tudo o que fizermos. Quando aceitamos a orientação do Senhor e vivemos conforme Sua Palavra, Ele nos abençoa e nos faz prosperar em todos os sentidos. A promessa de Deus alcança várias gerações dos que O servem. Quando o Espírito de Deus é derramado sobre nossas vidas, tornamo-nos portadores das promessas e elas se concretizam quando fazemos a vontade de Deus. O profeta acrescenta que quem recebe a bênção “brotará como a erva, como salgueiros junto aos ribeiros das águas”. Por sua proximidade com a água, os salgueiros estão sempre viçosos, são típicos das regiões próximas aos ribeiros de água. E a água é um elemento apresentado na Bíblia como símbolo do Espírito Santo, Aquele que transforma, que torna fértil a alma sedenta. Sem água não há vida. Assim como a falta de água pode levar o planeta a destruição, a rejeição ao Espírito Santo causa morte e caos para uma humanidade vazia, sem vida em seu ser. Águas poluídas simbolizam vidas em pecado. E uma árvore aos pés de um ribeiro representa vida. Assim como o salgueiro tem sido utilizado para despoluir águas, as vidas cheias do Espírito têm o poder de regenerar doentes, de recuperar os pecadores. A água purifica o corpo, o Espírito Santo purifica a alma.
Que promessas gloriosas que as Escrituras contêm, não somente para os filhos de Deus, mas também para os seus descendentes! Aqui, Deus promete provisão abundante à alma sedenta, que anseia por Deus, pelo seu amor e compaixão. E é exatamente isso que Deus quer dar a uma terra que, a Seus olhos, está “gemendo e desfalecendo”. Naturalmente essa promessa vale em primeiro lugar para Israel, mas fico tão feliz porque posso ter a certeza de que o Senhor dirige essas palavras também a nós atualmente.
Jesus em João 4:13-14 diz: “Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.
Hoje as pessoas estão com sede, e nós mesmos também estamos com sede. Nós fazemos um monte de coisas e temos muitas reações às coisas só porque estamos com sede. O Senhor ama o homem, e Ele vê a necessidade real no homem, por isso Ele vem para satisfazer a nossa sede e derramar a chuva sobre nós, como chuveiros de água viva!
No mundo nós enchemo-nos com os prazeres sem sentido e temporários, como a educação, roupas, dinheiro e religião. No entanto, a única maneira de podermos ser verdadeiramente preenchido é beber a Água Viva que Jesus oferece. A água que Jesus nos dá é água viva, e isso anima-nos, bem como nos enche. Ele é eterno e vai realmente preencher todos os vazios que temos dentro de nós.
Se não estamos bebendo Cristo nunca seremos satisfeitos. Assim como nós somos sedentos por Cristo, Ele também é sedento de que nós bebamos dele. A maneira de beber essa água viva é através do arrependimento dos nossos pecados (Jo. 4:16-17), entrar em contato com Deus através do Espírito com o nosso espírito (Jo. 4:21-24). Quando nós bebemos das águas do Senhor, não só estamos alimentando a nossa alma com a sua palavra, mas também estamos a preparar-nos para ir viver com ele no céu por toda a eternidade, porque nos alimentamos da sua palavra.
E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo. 7:37-39).
Como são profundas essas palavras de promessa para os que vão a ele! Ele não se satisfaz em falar de um rio. Usa o plural – “rios” fluirão. Una-se um regato a outro, uma torrente a outra, um rio a outro, e todos reunidos mal serão suficientes para descrever a frescura e a abundância de vida que emanarão da alma daquele que, anteriormente, tinha estado sequioso para obter o seu próprio suprimento.
Na ascensão, o Senhor recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, e, então, uma nova era despontou para o mundo. A vida do crente já não era mais apenas uma imitação de obediência. Era o brotar e o derramar do Espírito Santo vindo do seu interior, e Cristo habita em nosso coração pela fé. Em consequência disso nós não somente somos cheios do Espírito, mas pelo seu gracioso ministério em nós fazemos o deserto alegrar-se e florir.
Nada mais satisfaz – senão Deus como a água viva nos satisfazendo e enchendo-nos! O desejo do Senhor é que nos cheguemos a Ele e bebamos dele, e a nossa maior necessidade é também vir a Deus e beber de Deus como águas vivas! Quando bebemos Dele, há algo acontecendo no nosso ser - há rios de água que fluem em nós! Aquele que crê no Senhor - do seu interior para fora correrão rios de água viva! Não é apenas um rio, mas muitos rios - os fluxos de muitos dos diferentes aspetos da vida, do “rio da água da vida” único. Um rio é o rio da paz, e outros rios são a alegria, o conforto, a justiça, a vida, a santidade, o amor, a paciência e a humildade. Estes rios de água viva fluem para fora das profundezas de nosso ser. Isto significa que Cristo como a vida entrou em nós, flui em todo o nosso ser, e que depois flui para fora de nós, como os muitos aspetos diferentes da vida divina.
E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado. E há-de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito” (Jl. 2:27-29).
Joel revela as extraordinárias bênçãos espirituais que estavam reservadas para o povo de Deus. O derramamento do Espírito, descrito em Atos 2:16- 17, não esgotou toda essa gloriosa profecia. Essa bênção é para todo aquele que o Senhor nosso Deus chamar para si. E sendo nós pessoas que receberam seu chamado, temos todo o direito de reivindicar nossa participação no Pentecostes. Até os escravos, os mais degradados e desprezados dos homens, tornavam-se livres quando se rendiam a Jesus, e têm igual direito ao mesmo Espírito.
E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens terão visões, E os vossos velhos terão sonhos; E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão” (At. 2:17-18).
Na era pré-cristã, o Espírito era dado apenas aos fieis mais proeminentes, mas, a partir do Pentecostes, filhos e filhas, velhos e moços, servos e criadas, participariam dos seus dons gratuitos. Eles são para as pessoas da Igreja, para todos os que invocam o nome do Senhor, para os pequenos bem como para os grandes.
Deus colocou em nós uma sede de algo eterno. Nossa sede não é só por uma bebida física, e a nossa sede de verdade não é satisfeito com entretenimento, internet, desportos, notícias, ou qualquer coisa que alimenta a alma. Nossa verdadeira sede é saciada quando chegamos abertamente ao Senhor para beber Dele! Precisamos de pagar esse preço - precisamos de ir até Ele! Mesmo como crentes - não sejamos arrogantes nem orgulhosos, achando que conhecemos a Bíblia e isso é suficiente. É uma bênção ter fome e sede de justiça (Mt. 5:6)! O homem foi feito com uma sede constante de Deus (Sl. 22:2), e é humano ter sede. “…A nossa alma tem sede de Deus e o nosso corpo o almeja, numa terra árida, exausta, sem água” (Sl. 63:1). Embora não possamos vê-lo ou tocá-lo fisicamente, podemos beber de Deus como as águas que vivem pela fé - e nosso desejo é satisfeito!
Venha a Cristo como a água viva, e Ele saciará a sua sede e satisfará a sua fome – e a água que você bebe dele se tornará em si uma fonte, uma fonte jorrando para a vida eterna! Mesmo na eternidade, vamos continuar a beber da fonte da água da vida (Ap. 21:6), e há um clamor contínuo pelo Espírito com a noiva - quem tem sede, venha e beba (Ap. 22:17)! Isto é o que Deus deseja - que podemos ir a Ele como o manancial de águas vivas e beber Dele!
Ao longo de toda a Bíblia há uma linha do rio da água da vida, que tipifica o fluxo Trino Deus! Ela começa em Génesis - ali mesmo, no jardim do Éden, após a menção da árvore da vida, não é o rio que flui e se estende por toda a terra! Este consuma o rio no rio da água da vida na Nova Jerusalém, onde o rio da vida flui do trono e fornece toda a cidade de Deus! O próprio Deus torna-se nossa fonte de vida, a água da vida, para nós, para beber e desfrutar! Aqui estão alguns dos versos onde podemos ver o rio de água - o Deus Uno e Trino, como o rio da água da vida:
Em Génesis 2:10-14, vemos que após a menção da árvore da vida não é o rio de água que flui através do jardim do Éden, e se divide em quatro ramos - chegando a toda a terra! Mas o Deus Trino como a vida flui para chegar a toda a humanidade!
Em Êxodo 17:6 e Números 20:11 vemos que a rocha foi ferida e a água fluiu. O cumprimento desta profecia está em João 19:34, onde vemos que na cruz, Cristo foi ferido e veio do seu lado sangue e água - sangue pela nossa redenção e água para nossa regeneração. Cristo foi ferido na cruz pela ira de Deus, e agora podemos beber a água viva que flui d'Ele!
Salmos 46:4 diz: Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o lugar santo das moradas do Altíssimo. Deus Pai é a fonte/poço, Deus o Filho é o curso ou o rio, e Deus o Espírito é o fluir do rio da água da vida... esse rio alegra toda a cidade de Deus, como o povo de Deus bebendo do fluxo Trino Deus!
Em Ezequiel 47:5-9, vemos que existe um rio que flui a partir da casa de Deus, e quanto mais são medidos, mais este rio cresce e flui! Quanto mais somos medidos por Deus, mais o Deus Uno e Trino pode fluir para dentro e fora de nós. Aleluia, há um rio que flui do trono, desde a casa de Deus, da glória de Deus!
Em João 4:10-14 o Senhor Jesus aponta aquele que beber desta água (a água mundana, tudo o que podemos beber, para que possamos estar satisfeitos), terá sede outra vez! Mas aquele que beber da água viva (Cristo) - que é Deus em Cristo como o Espírito que flui - esse nunca mais terá sede. Ainda mais - esta água vai se tornar na pessoa que bebe uma fonte de água jorrando para a vida eterna!
1 Coríntios 10:4 diz: E todos beberam da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia, e a pedra era Cristo. Como crentes, bebemos toda de Cristo como nossa bebida espiritual – Ele, como a rocha que foi partida na cruz, segue-nos para dar-nos a água da vida, sempre que estamos com sede e precisamos dela!
Em Apocalipse 22:1 vemos que existe um rio da água da vida que flui do trono de Deus e do Cordeiro, e em ambos os lados do rio existe a árvore da vida. A água da vida e a árvore da vida ricamente fornecem a cidade de Deus e alimentam o povo e saram todas as enfermidades: Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos. Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele.
Há tantos outros versos que mostram claramente que toda a Bíblia foi escrita de acordo com a visão de controle que o Deus Trino está a trabalhar em seu povo escolhido e redimido para ser a sua vida e fonte de vida, a fim de saturar seu ser com a Divina Trindade! O Deus uno e trino saiu da eternidade no tempo como a água da vida - Ele se transformou a Si mesmo como homem para ser o Senhor Jesus Cristo, tornando-se o Espírito que dá vida - e agora o Deus Uno e Trino é potável! Ele foi totalmente processado e consumado para se tornar potável a Deus Trino como o Espírito! Sempre que invocar o nome do Senhor, o Senhor Jesus, nós bebemos do Deus Uno e Trino, como a água viva! Este é o desejo do Seu coração - ser recebido e bebido pelo homem, para em seguida, cumprir sua economia e através do homem! A economia de Deus é realizada através do fluxo do rio da água da vida!
Embora tenhamos sido posicionados para bebermos do Espírito, precisamos estar sedentos por Deus para beber Dele!
Muitas vezes pensamos que Deus quer que façamos algumas coisas super rígidas e complicadas por Ele, e assim nos sentimos muito impotentes.... até mesmo para “expressar Deus em tudo o que Ele é” - por e em nós mesmos - parece tão impossível e inatingível! No entanto, o caminho de Deus para cumprir o Seu propósito de ter uma expressão na terra através de nós, Seu Corpo, é tão simples: só precisamos de comer e beber Cristo, sermos fornecidos com este Trino processado e consumado de Deus. Não é pelo nosso esforço, nem por nossa luta, mas é por nossa alimentação contínua no Senhor que Ele pode realizar Seu propósito em nós e nós ficaremos felizes (como Ele está feliz em nós)! Tudo começa com o posicionamento, como 1 Coríntios. 12:13 diz: “Pois também em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres, e todos foi dado a beber um único Espírito”.
Aleluia, fomos trazidos de volta para Deus, voltamos para Ele, para que possamos continuamente beberá-lo como a água viva! Isto é tão importante – pois agora estamos noutro reino, com outro sabor e outra sede. Nós agora somos colocados na frente da primavera da vida, o rio que flui da água da vida, para que possamos beber!
No entanto, apesar de termos sido posicionados para beber, não deve beber, a menos que estejamos com sede. Assim como no reino humano, onde bebemos apenas quando estamos com sede, também no reino espiritual, nós bebemos quando temos uma sede em nós. Anteriormente tínhamos sede de tantas outras coisas, pessoas, lugares, relacionamentos, etc. Mas agora que o nosso gosto mudou e já experimentamos Deus, há uma sede cada vez maior em nós, todos os dias, de Deus. E quando não estamos sedentos de Deus por algum tempo, precisamos estar em alerta: não é normal! Se não oramos ou invocamos o nome do Senhor por um determinado período de tempo, ou se não entramos em contato com o Senhor durante um dia inteiro, então precisamos estar preocupados... Nós, na verdade precisamos de ir ao Senhor e pedir-Lhe para nos dar uma constante sede por ele.
Tantos milhões de cristãos não têm o desejo de Deus, nem sede por ele. Mas, como nós apreciamos o Senhor, como provamos e vimos que o Senhor é bom, temos um gosto por ele e uma sede por ele. Esta sede em nós nos faz orar e entrar em contato com o Senhor. No decorrer do dia, há algo em nós que nos dá a consciência profunda de que, embora nós tenhamos que fazer todas essas coisas externas, internamente temos sede de Deus e queremos bebê-Lo como a água viva! Muitos de nós pode testemunhar isso - que durante o dia estamos conscientes desta sede dentro de nós. Espontaneamente, durante o dia, nós dizemos ao Senhor, Senhor Jesus, eu sou tão sedento por Ti, que quero apenas tocar-Te e entrar em contato contigo! E se sentimos que a nossa sede é inadequada, que não desejamos o Senhor o suficiente, podemos dizer ao Senhor: Senhor, aumenta no nosso interior a nossa sede. Provoca em nós cada vez mais sede.
Deus não se zanga com o seu povo quando este está com sede e queixa-se, pelo contrário, Ele cuida e alimenta-o!
Em Números 20, vemos que o povo de Israel murmurou contra Deus e Moisés - , porque eles estavam com sede. Desta vez, porém, quando Moisés foi a Deus por uma solução, Deus disse a Moisés para “falar à rocha perante os seus olhos para que ela produz a sua água...” (Nm. 20:8). É quase como se não houvesse uma rocha que seguisse o povo de Israel em sua jornada, através da sobremesa, e quando estão com sede, uma vez que a rocha foi ferida uma vez, agora tudo o que eles precisam fazer é falar com a rocha! De qualquer forma, voltando a Moisés - como sabemos, ele estava zangado com o povo de Israel e em vez de falar à rocha, ele feriu a rocha duas vezes. Porque não santificou a Deus diante do seu povo nisto - ele representou mal Deus, que não estava zangado com o seu povo, em frente de Israel – por isso, nem Moisés, nem Aaron foram autorizados a entrar na boa terra com as pessoas. Isto é realmente um assunto muito sério. Precisamos conhecer o nosso Deus, o Deus a quem servimos, como Aquele que é justo, generoso, amoroso, gentil e gracioso. Quando o povo está com fome ou com sede e reclama/murmura acerca disso, Deus não está zangado com ele, mas cuida e alimenta-o!
Assim como uma mãe que não está zangada com seu filho porque ele está com sede -, mas ela cuida da criança e dá-lhe de beber, também Deus não estava zangado com o povo de Israel quando eles estavam com sede, e estavam chorando para ele acerca disso - mas sim, assumiu a responsabilidade de fornecer-lhes água. Como nós bem sabemos, Ele é o único, que valoriza e nutre o Seu povo, amando-os e cuidando bem deles, por isso, vamos aprender a não ter pressa em falar as coisas para Deus, em nome de Deus, ao Seu povo. Ao fazermos isto, estamos aprendendo a não acusar o seu povo quando está com sede - e que por ter sede pode reclamar ou murmurar. Nós sempre precisamos de aprender a considerar a Sua natureza santa, para santificá-Lo, e para representá-lo adequadamente diante de seu povo. Tudo o que fazemos e dizemos sobre o povo de Deus deve estar absolutamente de acordo com a natureza santa de Deus. Caso contrário, as nossas palavras e ações irão se rebelar contra Deus e ofendê-lo.
Na vida da igreja, pode acontecer sermos ofendidos por alguém ou nós ofendermos alguém. Nestas alturas, orar com o nosso coração aberto para o Senhor, sobre a Sua Palavra penetrante a ponto de dividir a nossa alma, discernindo os pensamentos e propósitos do coração (Hb. 4:12), é uma boa prática. Caso contrário, como acontece muitas vezes em nossa experiência, podemos orar a Deus “orações” acusando os outros, orações em que podemos acusar os nossos irmãos. Mesmo que nós estejamos certos e eles hajam feito algo que não é bom para nós, o coração de Deus é para alimentar os crentes e para acalentar e nutri-los de forma adequada (é claro, que às vezes as infrações devem ser trazidos à luz e sobre companheirismo, mas neste caso, no que se refere a nós, pessoalmente, precisamos de ir ao Senhor para sermos alimentados, nutridos e acalentados...). Precisamos de ter cuidado quando oramos a Deus a respeito de seu povo - o povo de Deus é santo e sem defeito diante dele, o seu povo é um com Cristo e é de Cristo. Que possamos valorizar o seu povo, e que possamos representar adequadamente! Ministremos aos outros crentes! Aprendamos a nos santificarmos nas nossas relações com todos os crentes.
Só quem vem a Deus como a fonte das águas vivas é que pode ser totalmente satisfeito e se tornar Sua expressão hoje!
Em Isaías e Jeremias, vemos Deus lidar com Seu povo, e muitas vezes temos a impressão de que “Deus quer punir Israel” - todos os julgamentos, as guerras, etc. Mas há um versículo em Jeremias que lança alguma luz nova sobre o que Deus deseja de Seu povo, como Ele quer se relacionar com Israel, que diz: “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, para cortar para si cisternas, cisternas rotas, que retêm as águas” (Jr. 2:13).
Aqui vemos que, embora o livro de Jeremias fale sobre a ira de Deus e de sua disciplina / castigar do povo de Israel, ele considera que os males que o seu povo fizera antes dele - não é que eles não obedecem à lei, ou não  pudessem fazer isto ou aquilo - mas simplesmente que eles abandonaram o Senhor, a fonte de águas vivas, e foram para outras fontes. Então, Deus expressa a Sua tristeza pela insensatez de Seu povo: “Fizeram o que era mal aos olhos de Deus, queimaram incenso a deuses estranhos, e adoraram as obras das suas próprias mãos” (Jr. 1:16). “O meu povo me trocou por aquilo que é imprestável” (Jr. 2:11); construíram cisternas, mas cisternas rotas. Cisternas que não retém água” (Jr. 2:13). Eles desprezaram o manancial, a fonte de água viva.
A função das cisternas é reter água. Israel errou tremendamente, pois preferiram construir as suas próprias cisternas, mas Deus diz que são “cisternas rotas”. Ou seja, são aquelas que não cumprem seu papel corretamente, elas estão quebradas ou que vão quebrar, são aquelas que estão vazando, que não retém água.
A intenção de Deus é ser a fonte de águas vivas, a fim de dispensar a Si mesmo em Seu povo escolhido para a sua satisfação e seu prazer! Água viva é para nós bebermos e desfrutarmos, e é esta água que nos faz viver! O desejo de Deus em se tornar a água viva para o Seu povo é para os animar, os capacitar e os fortalecer para que viveram uma vida para o Seu propósito! Qual é o objetivo final deste de beber de Deus como água viva? É que Deus tem um povo na terra que expressa plenamente - a Igreja, a contraparte de Deus, algo que vem de Cristo e é Cristo, como Sua plena expressão na terra (Jo. 3:29-30). Isto é o que Deus sempre quis e sempre será o Seu desejo: um povo aberto para Ele, e que se chega a Ele, a água viva!
Assim como a mulher samaritana em João 4, todos nós estamos com sede, e todos nós tentamos satisfazer a nossa sede com outras coisas – cavamos para nós mesmos cisternas - ainda que essas outras coisas possam nos satisfazer por um tempo, no final, deixam-nos com sede e insatisfeitos! Apenas as águas vivas que entram em nós podem saciar a nossa sede plenamente! Na verdade, quanto mais tentamos provar outras coisas, mais percebemos que estamos cavando cisternas rotas - que não retêm as águas! Podemos tentar o entretenimento, podemos tentar alimentarmo-nos de filmes ou música, ou talvez de desportos ou até mesmo das mais novas e maiores tecnologias, mas todas essas “fontes” nos deixarão secos e vazios do Deus que nos criou à Sua imagem e semelhança, e com uma profunda sede em nós, que só Deus pode preencher e satisfazer! Podemos labutar e trabalhar para comprar coisas, adquirir propriedades, ou talvez nos envolvemos em um monte de atividades divertidas e temos muitos amigos, mas no final, percebemos que estas coisas são como “ídolos” que substituem Deus mas ainda não nos satisfazem. O facto é que “as cisternas” foram quebradas e isso, significa que além de dispensarmos o próprio Deus em nós, como água viva, nada podemos saciar a nossa sede! Só quando bebemos dEle ficamos plenamente felizes e satisfeitos - chamando pelo Seu nome, orando com o coração aberto para Ele, orando por Sua Palavra e todas as outras atividades vitais da vida divina em nós - no nosso espírito! Ao beber dEle como o manancial de águas vivas, nós nos tornamos a Sua expressão na terra! E é a nossa alegria e deleite total a ser preenchido com Deus como água viva, a Sua expressão de uma forma viva e corporativo!
Que jamais abandonemos o manancial de águas vivas! Que mantenhamos e vejamos sempre Deus como a única fonte de vida, para bebermos e ficarmos satisfeitos! Sejamos a sua expressão na vida hoje!

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Abnegação é Um Elemento Importante na Adoração

Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios. (Sl. 96.8)
Do começo ao fim da Bíblia, podemos acompanhar a adoração pública na história dos santos de Deus. Podemos vê-la na primeira família que viveu na terra. A história de Caim e Abel gira em torno de actos de adoração pública. Podemos encontrá-la na história de Noé. A primeira coisa registada sobre Noé e sua família, após saírem da arca, foi um acto solene de adoração pública. Podemos vê-la também na história de Abraão, Isaque e Jacó. Onde quer que armassem sua tenda, erguiam um altar. Eles não somente oravam em particular, mas também adoravam em público. Podemos vê-la em toda a época da lei mosaica, do Sinai em diante, até que nosso Senhor apareceu. O judeu que não fosse um adorador público, no tabernáculo ou no templo, seria cortado da congregação de Israel. Podemos ver a adoração pública em todo o Novo Testamento. O próprio Senhor Jesus fez uma promessa especial de que estaria presente onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome. Em cada igreja que fundaram, os apóstolos fizeram do dever de congregar juntos um dos mais importantes princípios em sua lista de deveres.
A adoração pública, sempre foi uma marca dos servos de Deus. Ela tem sido um dos grandes instrumentos de Deus em fazer o bem à alma dos homens. O homem, em regra geral, é um ser social e não gosta de viver separado de seus semelhantes. Em todas as épocas, Deus fez uso desse poderoso princípio e ensinou o seu povo a adorá-lo de modo coletivo, em público, e de modo individual, em particular. Deus nos ensina a fazer isso por muitas razões sábias: em parte, para que demos um testemunho público ao mundo; em parte, para que fortalecemos, animemos, ajudemos, encorajemos e confortemos uns aos outros; e, acima de tudo, afim de nos treinar e prepar para a assembleia geral no céu.
Na adoração, vimos perante Deus que ele nos ama na presença de outros a quem ele também ama. Na adoração, mais que em qualquer outra coisa, nos colocamos deliberadamente em posição de abertura à ação de Deus e à necessidade do próximo que exigem que cresçamos plenamente à altura de Cristo, que é Deus e homem por nós. A adoração regular e fiel é tão essencial ao cristão em desenvolvimento como o alimento e o abrigo o são para o crescimento da criança. A adoração é a luz e o ar nos quais o crescimento espiritual ocorre.
Para que a adoração seja realizada em espírito e em verdade é essencial que exista o sentimento de gratidão pela bondade de Deus para connosco, dia após dia; que exista o sentimento de necessidade espiritual e o reconhecimento de que ninguém, exceto Deus, pode satisfazer essa necessidade; que exista o sentimento de que somos devedores a Cristo, que nos amou e a Si mesmo se entregou por nós; em cuja morte está nossa única esperança e cujo Espírito é nossa única força.
Diante de Deus, precisamos de todos esses elementos juntos e mesclados, para que a nossa adoração seja verdadeira adoração. Sem estes elementos, uma pessoa pode vir à igreja e retirar-se “da maneira como entrou”. Deus deseja que declaremos que Ele é Deus e que só Ele o é. Na oração que o Senhor nos ensinou, dizemos: “santificado seja o teu nome” (Mt. 6:9b), isto é, teu nome seja separado como especial, majestoso, incomparável, santo.
Conhecer a Deus como Pai é estabelecer um relacionamento pessoal, mas conhecê-Lo como Deus é reconhecer Seu lugar exaltado, único em todo o universo. Adorar é, pois, reconhecer que Ele é Deus, o único Deus, e que eu sou um homem apenas, criatura dEle. Quando o reconheço como Pai sou salvo e erguido à Sua presença como filho. Quando o reconhecemos como Deus, caímos humildemente aos Seus pés e o adoramos. Como diz o salmista: “Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da santidade” (Sl. 29:2). Ler com atenção o salmo 5:7.
A adoração demanda louvores a Deus, mas também devemos nos lembrar que a adoração exige abnegação, que nos neguemos a nós mesmos. Temos de entender correctamente que a adoração é um dever que possui uma natureza tão sublime e sobrenatural, e que para realizá-la exige de nós certa medida de sacrifício pessoal. Adorar a Deus tem sempre de exigir abnegação.
A adoração e o louvor colocam-nos num nível alto, de triunfo. Quando oramos, ainda estamos em nosso ambiente; quando adoramos, somos erguidos acima de nosso ambiente, com suas dificuldades e limitações. Na adoração, Deus nos ergue acima dos limites, acima da vergonha, acima das frustrações e sofrimentos. O que a oração não puder fazer, a adoração e o louvor o farão. Que nossa adoração se torne algo nobre e assim escaparemos da leviandade em relação a ela, a leviandade tão prevalecente e perniciosa.
Devemos atentar cuidadosamente para o facto de que na adoração e na contemplação do Senhor é que está o segredo de nossa transformação à sua imagem: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co. 3:18).
A verdadeira adoração pública é aquela em que o povo de Deus se reúne para exaltar, engrandecer e bendizer a Deus por quem Ele é – o Todo Poderoso, o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores. Os verdadeiros cultos de adoração pública são aqueles que tornam os seus adoradores mais santos na vida pessoal, familiar e pública. Portanto, por essas e outras razões somos exortados a ‘não deixar de congregar’ (Hb. 10:25).
A adoração, além de ser o que Deus busca, é um recurso maravilhoso para a vida cristã! Aleluia!
A Importância de Contribuir na Adoração
Primeiramente, o elemento de sacrifício pode ser visto na questão de ofertar dinheiro. Nossa contribuição é um acto de adoração a Deus (Fp. 4:18) e é tendo essa consciência que devemos contribuir. É uma atitude que deve ser feita com alegria e sinceridade. Trazei oferendas e entrai nos seus átrios.
Dessa forma, o que é mais sublime, o que é mais tremendo, o que é mais imensurável é que nossa contribuição não se resume apenas a uma movimentação financeira, mas desencadeia reflexos no céu e na terra; ela toca o coração de Deus e abre portas na terra. Algo espiritual acontece, de acordo com o princípio divino e eterno do plantio e colheita!
No momento de nossa oferta nós estamos dizendo a Deus que queremos ter o privilégio de sermos parceiros dEle no grande projecto de levar o evangelho a todos os povos. E Deus aceita a nossa parceria com gratidão e nos garante uma promessa maravilhosa: “E certamente estou convosco todos os dias, até a consumação do século” (Mt. 28:20).
O sublime pensamento a respeito de tudo que Cristo havia dado estimulava até os mais pobres a ofertarem. Este pensamento santificou de tal maneira o ofertar por parte dos crentes, que Paulo falou sobre o triunfo da ressurreição e, em seguida, parecendo inconsciente da mudança de assunto, acrescentou: “Quanto à colecta para os crentes”.
Ora, enquanto todas as ofertas dos crentes eram aceitáveis a Deus e traziam bênção aos ofertantes, desde tempos remotos os homens espirituais sentiam que o verdadeiro ofertar tinha de envolver o negar-se a si mesmo. Lembramos o repúdio de Davi contra a atitude de oferecer a Deus algo que nada lhe custaria (2 Sm. 24:24). Esse comportamento do rei Davi, no meio de todas as suas falhas, revela seu caráter centralizado em Deus. E lemos a respeito do Senhor Jesus e de seu julgamento referente à oferta da viúva e às riquezas que Ele encontrou em tal oferta, porque houve abnegação no ofertá-la. Foi um maravilhoso clamor que brotou dos lábios de Zaqueu, quando ele se encontrou face a face com o Senhor Jesus. Ele clamou olhando para Jesus: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens” (Lc. 19:8). Zaqueu sempre havia ofertado de conformidade com sua maneira judaica de fazê-lo. Ele nunca entrara no templo sem levar uma oferta; mas agora, ao contemplar Jesus, sentiu que nunca poderia dar o bastante.
Esta é a característica distintiva da oferta cristã: ela alcança a abnegação. Quem ama é pródigo em ofertar. Nosso amor por Deus não passa de palavrório vazio se não ofertamos ao Senhor com generosidade. Nossa contribuição, ainda que sacrificial, não tem valor diante de Deus, se não é motivada pelo nosso amor ao Senhor e à Sua obra. O apóstolo Paulo diz que ainda que entreguemos todos os nossos bens para os pobres, se não tivermos amor, nada disso aproveitará. Não podemos ofertar no mesmo espírito de Jesus, até que, assim como Ele, nossa abnegação seja atingida, até que o amor de Cristo nos constranja a algum sacrifício, assim como O compeliu ao maior de todos os sacrifícios.
Somente assim o ofertar é uma alegria e nos aproximará mais de Cristo; somente assim o ofertar será um dos meios da graça, tão espiritual e fortalecedor quanto a oração.
Agora aprofundemo-nos um pouco mais; pois gradualmente, à medida que nos tornamos mais espirituais, o conceito de renúncia própria também se aprofunda em nós. Apenas trazer uma oferta em nossas mãos não é o suficiente para uma pessoa que vinha adorar a Deus. Lentamente foi gravado na mente dos judeus o facto de que a verdadeira oferta estava no coração. E não existe algo tão instrutivo quanto observar nas Escrituras o desenvolvimento desse conceito, o gradual aprofundamento da abnegação como um elemento na adoração aceitável a Deus.
Deus é o dono de tudo. Tudo o que temos vem das Suas mãos. Tudo o que damos, também procede de suas dadivosas mãos. Ele é Deus de primícias. Merece o melhor e não as sobras. As coisas de Deus precisam de ser feitas com excelência. Não podemos ofertar a Deus com usura, pois Ele não nos dá Suas bênçãos por medida. Ao ofertar ao Senhor, devemos colocar aí o nosso coração e a nossa força.
A contribuição é uma graça que Deus nos dá. É um privilégio ser cooperador com Deus na sua obra. O acto de contribuir é uma expressão de culto e adoração. Deus ama a quem dá com alegria. A voluntariedade e a alegria são ingredientes indispensáveis no acto de contribuir. Davi perguntou ao povo: “Quem está disposto, hoje, a trazer ofertas livremente ao Senhor? O povo se alegrou com tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles livremente ao Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo” (1 Cr. 19:5,9). Devemos ir ao gazofilácio para ofertar, exultando de alegria e não com tristeza.
O resultado da alegre, generosa e abundante oferta do rei e do povo foi a manifestação da glória de Deus. Davi louvou a Deus pela sua glória, poder e riqueza, reconhecendo que as ofertas que deram tinham vindo do próprio Deus. O povo adorou a Deus e houve grande regozijo. O maior propósito da nossa contribuição deve ser a manifestação da glória de Deus. John Piper tem razão em dizer que o Senhor é mais glorificado em nós quanto mais nos deleitamos nele. Que tudo o que somos e temos esteja ao serviço de Deus e seja um tributo de glória a Deus. Que os bens que Deus nos deu estejam no altar de Deus, ao serviço de Deus.
Os sacrifícios agradáveis a Deus são um espírito quebrantado, um coração humilhado e contrito. Se não nos entregarmos a nós mesmos como uma oferta a Deus, não seremos um adorador aceitável a Deus. Temos de nos negar a nós mesmos e nossas concupiscências; precisamos de abandonar nosso orgulho e arrepender-nos; pois, doutro modo, toda a nossa adoração será uma zombaria e o santuário um lugar de esterilidade para Ele. Adorar significa renunciar.
Quando nosso pensamento de renúncia própria se aprofunda, reconhecemos que não existe qualquer bênção no santuário, a menos que em nosso coração haja arrependimento e humilhação. Esta é uma poderosa verdade que nós precisamos assimilar, uma verdade que enriqueceu a adoração a Deus através dos séculos.
A Importância da Atitude do Coração na Adoração
A adoração ao Senhor é uma questão extremamente íntima e muito pessoal, algumas pessoas expressam o seu louvor a Deus publicamente de forma muito clara, enquanto outros consideram o seu relacionamento com o Pai tão pessoal que preferem isolar-se dos que estão à sua volta naquele momento. Alguns cristãos cheios do Espírito Santo manifestam a sua adoração ao Senhor em silêncio, numa plena demonstração de temor e contemplação, isto nos fala de liberdade na adoração. As formas de adoração variam segundo a individualidade de cada um, seja por altos clamores, brados de adoração, sentimentos de louvor ou silêncio, o que realmente importa é estar diante do Senhor com verdadeiro coração de adorador, pois na total diversidade Deus estabelece a unidade.
Um acto de adoração na verdade é um acto do coração, é uma atitude do coração, direcionando nosso louvor a Deus. Seu propósito é glorificar a Deus. Um adorador pode, perfeitamente, estar de pé enquanto adora a Deus, mas seu coração deve estar prostrado diante do Senhor. Adoração é rendição, entrega e consagração apaixonada e integral ao Senhor. Ela ultrapassa a dimensão das atitudes e gestos e abraça toda a perspectiva de uma vida em sua plenitude. 
Agora, olhemos para o maior filho de Davi e ouçamos as palavras dEle próprio. No Sermão do Monte, Ele se referiu à atitude de trazer uma oferta ao altar: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faz a tua oferta”. (Mt. 5:23-24). Observe que Jesus estava falando sobre adoração. Seu assunto não era a reparação de contendas. Ele estava nos ensinando quais os elementos necessários para adorarmos a Deus em espírito e em verdade. O Senhor Jesus não somente insistiu na atitude de ofertar. Ele estava certo de que isto é necessário, mas também insistiu no facto de que por trás de cada oferta existe uma atitude de renúncia no coração. É mais fácil desistir de uma moeda do que desistir de uma contenda. É mais fácil estender a mão e fazer uma oferta generosa do que abandonar um rancor permanente e demorado.
E Jesus insistia sobre o seguinte: se a adoração tem de ser aceitável a Deus, o adorador precisa de deixar de lado seu orgulho e humilhar-se, como uma criancinha. Isto não é fácil e nunca o será. Isso está muito acima da capacidade do homem natural. É muito difícil de ser realizado, muito desagradável e bastante contrário às inclinações do homem natural. Exige paciência e sacrifício íntimo; e, juntamente com oração, é o segredo da abnegação. Somente desta maneira, conforme ensinou o Senhor Jesus, alguém pode esperar tornar-se adorador aceitável a Deus. Mas quem é suficiente para essas coisas? A adoração não é algo fácil; é bastante difícil. Não é um momento reconfortante no culto dominical, com músicas belas e um pregador eloquente. É uma atitude do coração e da alma que é impossível existir sem que se negue a si mesmo. Louvado seja o Senhor pelo facto de que na mais pura adoração há poucas exigências ao intelecto. O mais humilde crente, que talvez não seja capaz de escrever uma carta, pode experimentar todas as bênçãos durante o culto. No entanto, na mais pura adoração existe uma exigência sobre a alma; existe uma chamada ao sacrifício e a tomar a sua cruz. O caminho que nos leva à igreja é semelhante ao que nos conduz ao céu.
Adoração é atribuir honra a alguém que é digno. O dever supremo daqueles feitos à imagem de Deus é “atribuir dignidade” àquele em quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (At. 17:28). A adoração cristã tem sido corretamente definida como a atividade da nova vida de um crente na qual, reconhecendo a plenitude da Divindade como revelada na pessoa de Jesus Cristo e seus poderosos actos redentores, busca pelo poder do Espírito Santo prestar ao Deus vivo a glória, honra e submissão que lhe é devida (Robert Rayburn). “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (Ap. 5:12).
Nossa adoração deve refletir a adoração do céu, na qual todos os que estão ao redor do trono de Deus dão-lhe glória. “O Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo. 4:23). A nossa adoração pessoal, em nossa família, e especialmente quando reunidos como uma igreja, deveria ser a experiência mais maravilhosa da nossa vida. Deveria ser um antegozo de uma eternidade de adoração àquele que nos salvou e nos abençoou com imensuráveis bondades. 
A adoração está no centro da nossa existência; no coração da nossa razão de ser. Deus nos criou para ser sua imagem - uma imagem que refletiria Sua glória. De facto, toda a criação foi trazida à existência para refletir a glória divina. O salmista nos diz que “os céus proclamam a glória de Deus; e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Sl. 19:1). O apóstolo Paulo na oração com que ele inicia a epístola aos Efésios mostra claramente que Deus nos criou para louvá-lo.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado (...)” (Ef. 1:3-6).
Esta oração diz muita coisa sobre a adoração dos mais antigos Cristãos. Ela mostra a consciência que os primeiros Cristãos tinham do significado último de sua adoração. Eles entendiam a si mesmos como tendo sido destinados e nomeados para viver para o louvor da glória de Deus (Ef. 1:12). Quando o Catecismo de Westminster nos ensina, “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”, ele dá testemunho desse mesmo princípio básico; Deus nos criou para adorá-lo. Realmente, é aqui que nós devemos começar quando, nos perguntamos o que é adoração. Adoração deve, acima de tudo, servir à glória de Deus.
Quando a profundidade e a riqueza da Sua sabedoria são consideradas, ou quando são contemplados os Seus juízos insondáveis e caminhos inescrutáveis é reconhecido que a Ele deve ser dada a glória (Rm. 11:33-36). Quando a imensidade das obras da mão de Deus é vista, o homem é levado a entender a sua própria baixeza junto com a realização que Deus é gracioso por pensar no homem e visitá-lo (Sl. 8:3-4). Como os Seus generosos e santos atributos nos incitam com motivos inumeráveis para adorá-lO, a Sua espiritualidade nos ensina que essa adoração deve ser espiritual, vinda da nossa alma.
Para o verdadeiro adorador, a pessoa de Deus é tão preciosa quanto um copo de água fresca, puríssima, num dia de calor. “O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice” (Sl. 16:5). Adorar implica em peneirar nossos valores.
Se quisermos experimentar uma adoração legitimamente cristã, é necessário reconhecer o fundamento da Palavra de Deus, a Bíblia, como vital no conhecimento e revelação do Deus a quem pretendemos adorar. Reconhecer a Bíblia, como a autoridade, que nos informa, que nos adverte, que nos compartilha a experiência de tão “grande nuvem de testemunhas” que em seu tempo, contexto e cultura adoraram genuinamente a Deus de acordo com o Seu desejo.
A Importância de nos Reunirmos para a Adoração
Os líderes piedosos da Igreja do Antigo Testamento, que era a nação de Israel, especialmente os reis de Judá, Asa, Josafá, Ezequias e Josias, sempre congregaram o povo para a adoração a Deus, e se esforçavam para que eles vivessem de modo santo e afastados de toda a forma de idolatria.
A adoração não é apenas uma experiência de estar com Deus, mas também de estar uns com os outros em comunhão. Reunir para adorar é ótimo, melhor ainda quando viver é adorar, pois adorar não é um compromisso agendado apenas, mas tudo o que fazemos das nossas próprias vidas e que dá testemunho da obra de Deus em Cristo. Adoração é a sujeição das nossas vontades à vontade de Deus, é a coerência entre tudo o que somos, sabemos e fazemos em santidade, é alegria, é gratidão, é música que sai do coração sem que possamos impedi-la. Este sentimento de adoração deve ser a base da unidade familiar.
Reunirmo-nos para adoração pública conjunta ou celebração, cantar, tocar instrumentos, orar, erguer as mãos no louvor, são algumas das manifestações exteriores usadas para expressar adoração. Se nós, por fé, simplesmente reconhecermos nossa fraqueza e assumírmos nosso lugar de clara dependência de Deus, nos reunindo em nome do Senhor Jesus somente, sob a direção do Espírito, descobriremos que Cristo estará no nosso meio, conforme prometeu. A união como um princípio coerente de vida é a essência da adoração. Adoração envolve uma relação bifurcada: com Deus e uns com os outros. Esta é também a base, o padrão espiritual, de todos os nossos relacionamentos.
No céu o nome de Cristo é supremo, e assim deverá ser na terra também! O Senhor Jesus ensinou a Seus discípulos que Deus quer que a Sua vontade seja feita assim na terra como no céu. Eles deviam orar neste sentido. “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt. 6:10).
As atividades da adoração são importantes, mas nada é mais importante do que a atitude de nossos corações e mentes quando nos empenhamos nestas atividades. Precisamos de ser cuidadosos para que nossos actos públicos de adoração não se tornem uma “exibição” que deprecia o louvor a Deus. Os homens não devem ser adorados, Deus sim.
A verdadeira adoração surge a partir de um contínuo andar com Deus. Um homem que dificilmente pensa em Deus durante os seis dias da semana, não está apto a adorá-lo corretamente no sétimo dia. Se tal pessoa fala quanto está se “regozijando” na adoração, alguma coisa está errada com ele! Ele está se entretendo ou está recebendo aquela vaga sensação de desafio que o homem natural desfruta. Por outro lado, em meio à verdadeira adoração, tal pessoa deveria sentir quanto está afastada de Deus e sentir uma tristeza santa por sua negligência para com a glória do Senhor.
As experiências mais ricas de nossa vida virão, provavelmente, quando nos reunirmos para a adoração pública. O grande amor de Deus e a Sua sabedoria são vistos neste arranjo. Levante sua voz em louvor e adoração ao Pai, glorifique seu Filho, adore-o em espírito e em verdade!
Quando caminhamos em adoração, aprendemos que, adoração é um relacionamento aberto com Deus e que precisa haver um elemento de abnegação. Ela é boa para o homem e agrada a Deus. A melhor de todas as maneiras de iniciar a semana é subjugar um pouco as nossas propensões.
Realizar aquilo que é nosso dever e, ao fazê-lo, trazer nossa vontade em submissão, é um dos melhores indícios de que desfrutaremos de um tempo brilhante, um indício melhor do que a leitura de um excelente sermão na poltrona de descanso. Jesus .entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. (Lc. 4:16). Você já meditou nessas palavras? Ele era o Filho de Deus, o céu era sua habitação, mas, conforme seu costume, Ele foi à sinagoga. Jesus nunca disse: Não precisam de se reuinir, podem desfrutar da comunhão com Deus em casa. Ele tomou a cruz, negou-se a Si mesmo e nos diz que devemos seguir os seus passos.
A verdadeira adoração é sempre um produto e uma perspectiva da grandeza de Deus e da nossa pequenez. O profeta Isaías vê a grandeza de Deus e clama: “Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is. 6:5). João, na ilha de Patmos, vê o Senhor e nos diz: “Quando O vi, caí a seus pés, como morto” (Ap. 1:17). Qualquer coisa de novo que introduzimos na adoração, que não tenha como objetivo exaltar a Deus, é simplesmente uma concessão ao desejo por novidade que, caracteriza todos os homens naturais.
A verdadeira adoração requer preparação. Um homem não pode simplesmente achegar-se à presença de Deus sem qualquer preparação de coração e alma, e esperar, então, por uma “adoração instantânea”. Davi disse: “Ao meu coração me ocorre: buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a Tua presença” (Sl. 27:8). A verdadeira adoração, surge de uma mente preparada para Deus, encorajada por uma oração ardorosa pela bênção do Senhor sobre a sua vida.
Adorar é uma visão das riquezas inesgotáveis de Deus, basta ser alguém que tem relacionamento com o grande Deus e que reflete essa verdade em todo o seu ser e em tudo o que faz.
A Importância da Comunhão na Adoração
No universo de significados na adoração, é de profunda importância a palavra Koinonia (comunhão). Quando olhamos para a realidade da igreja chamada primitiva em Atos 2:42-47 e Atos 4:32-35 percebemos que a comunhão genuína traz grande autoridade para a igreja fortalecendo o seu testemunho. O louvor, a alegria e a singeleza de coração eram resultados imediatos desta vida de koinonia. E importa, viver tais coisas na comunhão da Igreja, porque é especialmente nela que Deus se agrada em falar connosco, e manifestar os dons, os serviços e as realizações do Espírito Santo, que Ele distribui a todos os membros de cada congregação, conforme Lhe apraz, para um fim proveitoso.
A Igreja Primi­tiva era também uma comunidade de adoração: “louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo” (At. 2:47). Sim, a Igreja que louva a Deus jamais deixará de ser reconhecida, até mesmo por seus inimigos, como um povo especial. Voltemos ao altar da verdadeira adoração. Louvemos a Deus com salmos e hinos. Abra­mos a Harpa Cristã e celebremos os grandes actos de Deus. É tremendo sentir a presença de Deus fluindo no meio de uma reunião, no meio da adoração a Ele.
A adoração pública é um privilégio dos filhos e filhas de Deus. O momento em que nos reunimos para cultuar a Deus é um momento abençoador. Deus nos chama ordinariamente para adorá-lo em espírito e verdade. Jesus sabia disso e deixou bem claro aos seus ouvintes, segundo o que está registado no evangelho de João, capítulo 4 e versículo 24.
Deixar de estar juntos, é privar a experiência de comunhão e deixar de experimentar os benefícios da adoração, dimensão da espiritualidade cristã que promove a vida comunitária, a devoção e o ministério cristão. A ausência física da adoração resulta da ausência do espírito de adoração em nosso coração, ou de um espírito de adoração intimista. Assim, se a adoração não for um atributo da alma, pouco importará que estejamos juntos em adoração ou esteja eu ou você a sós.
A adoração a Deus envolve nada menos do que a transformação interior do coração do povo Deus pela fé em Jesus Cristo, sua pessoa e sua obra. É mais do que louvor a Deus em um acto público. Jesus Cristo repreendeu fortemente os líderes religiosos de seus dias, porque eles deturparam o ensino das escrituras antigas, substituindo-o por seus próprios pareceres (Mt. 15:9; Mc. 7:7). Ele disse que tal adoração era “nada”. Cristo reservou as palavras mais duras de advertência para aqueles que professavam adorar a Deus (que dizem “Senhor, Senhor” – Mt. 7:21), mas se recusavam a fazer a vontade de Deus (Mt. 7:21-23). Tal adoração é vazia e sem mérito.
Quando chegarmos a compreender a frase mais essencial de Jesus sobre a adoração – “o Pai procura quem adore em espírito e em verdade”-, ou seja, eu, você e seu povo, quem sabe, experimentaremos o quanto é rica a experiência de estarmos juntos para consagrarmos a Deus as nossas vidas. O trivial ficará de lado e o essencial dirigirá o nosso coração. Aleluia!
O nosso esforço não é vão aos olhos do Pai. Martinho Lutero expressou: “Reunir-se com o povo de Deus em adoração ao Pai é tão necessário para a vida cristã, quanto à oração”. Certo pastor testemunhou acerca de Jorge Washington: “Muitas vezes sua casa em Monte Vernon, nos domingos pela manhã, estava cheia de hóspedes. Mas isso não era razão para que ele deixasse de ir ao culto na Igreja. Ele não somente ia como também convidava os hóspedes a acompanha-lo”.
A razão pela qual a adoração corporativa, ou culto, pode ser o único e mais importante hábito cristão, e nossa maior arma na luta pela alegria, é porque como nenhum outro único hábito, adoração corporativa combina todos os três princípios essenciais de fornecimento contínuo da graça de Deus para a vida cristã: audição de sua voz (em sua palavra), ser ouvido por Ele (em oração), e pertencer ao seu corpo (na comunhão da igreja).
Na adoração corporativa, ouvimos de Deus, na chamada do pastor para adorar, na leitura da Escritura, na pregação fiel do evangelho, nas palavras da instituição na Mesa, na comissão para sermos luzes no mundo. Na adoração corporativa, nós respondemos a Deus em oração, em confissão, em canto, em ação de graças, na recitação, nas petições, ao tomar os elementos de fé. E na adoração corporativa, fazemos tudo juntos.
Deus não nos fez para viver e adorar como indivíduos solitários. Meditação pessoal da Bíblia e oração são presentes gloriosos e essenciais, não devem ser negligenciados ou tido como certo. E eles são designados por Deus como ritmos de comunhão pessoal com ele que se desenvolvem apenas no contexto da comunhão comunitária regular com ele.
Na adoração pública, não somos apenas ouvintes, somos uma comunhão do povo de Deus. É uma comunhão de homens e mulheres unidos pela mesma fé e por coisas profundas, homens e mulheres que amam uns aos outros em Cristo Jesus. Em toda a comunhão deve haver certo elemento de sacrifício. Sim; em toda a comunhão precisa haver abnegação e uma constante disposição de ceder um pouco. Se isto é correto em referência à comunhão no lar, também é correto em relação à comunhão na igreja.
Na comunhão durante a adoração pública tem de haver consideração mútua e uma constante disposição de renunciar um pouco por amor a outros em favor de quem Cristo morreu. Tudo isso constitui a essência da verdadeira adoração e exige um pouco de sacrifício. Sem isto, não existe um lar feliz; o mesmo é verdade em referência a uma igreja feliz. Uma terna consideração pelos outros, juntamente com a abnegação nela envolvida, é uma parte integral de nossa adoração pública.
A adoração espiritual não é uma adoração sem entendimento, mas, uma que usa o conhecimento da excelência de Deus como motivo do seu louvor. Reconhecer Deus como soberano e regozijar-nos na glória dos Seus atributos manifestos no Redentor é adoração espiritual e são ações do espírito de um homem regenerado.
A Importância da Nossa Aproximação a Deus em Adoração
A adoração, ensina-nos Jesus, torna-nos cada vez mais semelhantes ao ser que estamos adorando; isto é, assemelhamo-nos a Deus, pois é a Ele que adoramos. A adoração é uma experiência interior que nos transforma espiritualmente de um modo gradual, e desse modo aqueles que adoram a Deus aproximam-se gradualmente dEle, e finalmente o alcançam.
Adoração é mais do que cantar, louvar, orar. Adoração não é somente isso é tambem reconhecer a Santidade de nosso Deus e buscar o caminho para aproximação com Ele e viver em intimidade com o Deus Todo-Poderoso.
A mesma verdade se torna ainda mais evidente quando pensamos a respeito da adoração como nossa aproximação a Deus. Adoração significa nos aproximarmos de Deus por meio do novo e vivo caminho de Jesus Cristo. Ora, é verdade que fomos criados para Deus e que nEle vivemos, nos movemos e existimos. Também é verdade que, ao acordarmos e nos levantarmos, Ele não está distante de qualquer um de nós. No entanto, existe um tão grande envolvimento nas coisas do mundo, mesmo entre aqueles que oram e vigiam intensamente, que para nos aproximarmos de Deus com todo o coração é necessário um verdadeiro esforço.
Evidentemente, podemos ir à igreja, estar ali e jamais conhecer a realidade da adoração; pois somos capazes de nutrir pensamentos, ter sonhos e, em espírito, estar a milhares de quilómetros. Mas rejeitar calmamente pensamentos intrusos e dedicar-se à oração, louvor e leitura da Bíblia são tarefas que raramente serão fáceis e, para alguns, incrivelmente difíceis. Se houvesse algo que prendesse nossa atenção, isto faria toda a diferença do mundo. Em um teatro, você pode esquecer-se de si mesmo, absorvido pela excitação da peça. Mas a igreja do Deus vivo não é um teatro e, quando ela se torna teatral, a sua adoração desaparece, com todas as suas bênçãos. Se quiser vaguear com seus pensamentos, você pode fazê-lo sempre que desejar, pois de modo visível nada existe na igreja para prender sua atenção.
Toda a escolha e atitude gera uma consequência, a adoração focada em Deus chega até Ele (Ap. 5:8), e Deus corresponde com a manifestação da presença de Sua glória sobre nós (Os. 6:3). Então, somos transformados e nos tornamos mais parecidos com Deus. Ele é o centro e o alvo da nossa adoração.
Nós precisamos de fazer o esforço necessário, fechar as portas de nossa mente e reservar-nos; através deste esforço, vem a bem-aventurança da adoração pública de Deus. Desse modo, a adoração torna-se um festa celestial; torna-se um dos meios da graça, em qualquer lugar populoso e agitado. Tornemos a adoração tão atrativa quanto desejarmos, mas lembremo-nos que, se ela tiver de nos ser uma bênção, temos de nos negar a nós mesmos, tomar a nossa cruz, trazer ofertas e entrar nos átrios de Deus.