Leitura:
Êxodo 3:1-12
A vida de Moisés foi muito interessante e desafiadora.
Ele foi o grande libertador que Deus levantou para tirar o Seu povo de uma
escravidão egípcia de mais de quatro séculos. Paradoxalmente, ele viveu os seus
primeiros quarenta anos de vida no palácio de faraó do Egito, sendo criado como
um príncipe entre os príncipes egípcios. Porém, por ter matado um egípcio, em
defesa de um hebreu, foi obrigado a fugir de todas as honras e magnificência do
palácio de faraó, para passar quarenta anos na solidão do deserto, onde então
teve a experiência relatada no texto bíblico de Êxodo 3:1-12.
A aprendizagem do Egipto não foi suficiente para preparar
Moisés para sua missão. É, então, conduzido à solidão do deserto. Essa é a
universidade de Deus. Todos os que têm realizado os maiores feitos do mundo se
formaram nela Elias no Horebe, Ezequiel no Quebar, Paulo na Arábia, João em
Patmos. Os obreiros de Deus podem fazer cursos superiores nas universidades,
mas o verdadeiro curso teológico é só com ele. Muitas vezes no meio da tarefa
diária, nós entramos no esplendor da Presença dele. Estejamos à espera desse
momento e tiremos os sapatos.
Essa sarça-ardente tem sido adotada pela Igreja como símbolo
das chamas da tribulação; mas há um sentido mais profundo. O fogo era um sinal
da presença de Deus. A sarça não era consumida porque o amor de Deus é o seu próprio
combustível. Observe os passos sucessivos: “vi”; “ouvi”; “conheço”; “desci”; “enviarei”.
O “gemido” do capítulo anterior é respondido pelo “desci” (ver Lc. 18:7).
Para muitos, essa segunda fase de sua vida, no
deserto, poderia representar um grande desastre, um tremendo castigo divino ou
um retrocesso de quarenta anos, pois passar pela aridez do deserto é cansativo,
difícil, dolorido. É provável que Moisés se tivesse também achado um fracasso;
afinal, “caiu” de príncipe no palácio, para pastor de ovelhas no deserto. Mas o
que ele não sabia, como muitos também não sabem, é que Deus tinha Seus planos,
que não são de fracasso, mas de vitórias e conquistas.
Uma coisa é estar passando por um deserto, outra é estar
fora dos planos de Deus. Moisés estava num deserto sim, porém estava nos planos
de Deus. E quando se está nos planos de Deus a recompensa é e sempre será um
ser humano melhor, que sabe batalhar, que sabe superar seus próprios limites,
Deus pode usar um deserto para formar seus nobres,
valentes e conquistadores! O deserto não precisa de ser o local de fracasso,
mas o grande laboratório de Deus para forjar um caráter de nobreza e excelência
em seus filhos. O deserto é, portanto, uma providência divina para tratar nosso
eu interior, fazendo com que nos tornemos pessoas melhores e capacitadas para
lidar com todas as bênçãos que Deus quer nos entregar. Sempre poderemos tirar
lições valiosas nos períodos do deserto.
Ninguém é verdadeiramente educado senão aquele a quem Deus educa. Não está
dentro das possibilidades do homem preparar um instrumento para o serviço do
Senhor. A mão do homem é incapaz de moldar um “vaso idóneo para uso do Senhor” (2 Tm. 2:21). Somente Aquele que
quer usá-lo pode prepará-lo; e no caso presente temos um exemplo singularmente
belo do Seu modo de o fazer.
1.
Cinco lições para serem aprendidas
no deserto:
a) No deserto, Deus pode trocar o seu coração (v. 1a).
Possamos conhecer por nossa própria experiência o que
significa estar “atrás do deserto”, esse lugar sagrado onde a natureza é
deitada ao pó e só Deus é exaltado. Ali, os homens e as coisas, o mundo e o
ego, as circunstâncias presentes e a sua influência são estimados pelo seu
justo valor. Ali e somente ali, encontrará uma balança divinamente afinada para
pesar tudo o que há no Seu íntimo e à Sua volta. O coração que tem estado na
presença de Deus, “atrás do deserto”, tem pensamentos justos sobre todas as
coisas; e eleva-se muito acima da influência excitante dos negócios deste
mundo.
No deserto não há falsas cores, nem falsos penachos,
nem vãs pretensões! O inimigo das almas não tem o poder de dourar a areia desse
lugar. Tudo ali é realidade. O clamor e o ruído, a agitação e a confusão do
Egito não penetram nesse lugar retirado; não se ouve o ruído do mundo comercial
e financeiro; a ambição não se faz sentir ali; a ambição da glória do mundo
desaparece e a sede de ouro não se sente ali. Os olhos não são obscurecidos
pela concupiscência, nem o coração é ocupado pelo orgulho; a adulação dos
homens não interessa e a sua censura não desanima. Tudo é posto de parte excepto
a calma e a luz da presença divina; só se ouve a voz de Deus; a Sua luz
ilumina; os Seus pensamentos são aceitos pelo coração. Tal é o lugar onde têm
de ir todos aqueles que quiserem ser aptos para o ministério.
Prouvera a Deus que todos aqueles que aparecem em cena
para servir em público conhecessem melhor o que é respirar a atmosfera desse
lugar. Haveria, então, menos tentativas infrutíferas no exercício do
ministério, mas haveria um serviço bem mais eficaz para glória de Cristo.
O deserto é o lugar para Deus colocar um coração nobre
nos seus escolhidos. No deserto nosso caráter pode ser transformado por Deus.
Seguramente a vida palaciana afetou o caráter de Moisés. A verdade é que nem
sempre os nobres palacianos são nobres de Deus. Moisés tinha atitudes nobres,
mas com motivações erradas. Certamente amava seu povo, mas agia como um
justiceiro, vingador, cheio de justiça própria (2:11-12, 17).
Deus requer de seus filhos nobreza de atitudes e de
motivações. Deus quer colocar um coração nobre no lugar daquele afetado pelo
Egito. Ali, no deserto, o príncipe arrogante é confrontado com suas limitações
e debilidades e é transformado no homem humilde e submisso, na pessoa que Deus
quer usar para realizar Seus planos na Terra!
Foi no deserto que Moisés aprendeu as lições mais
preciosas, mais profundas, mais poderosas e mais duráveis; e é ali que devem
encontrar-se todos os que queiram ser formados para o ministério.
b) No deserto, Deus pode abrir os seus olhos (v. 2-3).
Num lugar inóspito, rude, árido, sem beleza, Deus faz
Suas maravilhas. Fique atento à presença manifesta de Deus no seu deserto.
Muitos de nós só adquirimos sensibilidade espiritual para discernirmos a
manifestação de Deus quando entramos num deserto. Um dos sinais de que você é
um nobre de Deus, é ter olhos nobres, olhos aptos para percebê-lO. O deserto é
o lugar onde os nobres de Deus podem ver as maravilhas de Deus!
“E
apareceu-lhe o Anjo do Senhor, em uma chama de fogo no meio de uma sarça; e
olhou e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés
disse: agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se
não queima” (vs. 2-3).
Era efetivamente uma grande visão, porque uma sarça ardia e não se consumia.
A corte de Faraó nunca poderia oferecer nada de semelhante.
Porém, era uma visão graciosa porque nela era simbolizada de um modo notável a
situação dos eleitos de Deus. Eles encontravam-se no meio do forno do Egito; e
o Senhor revelava-se no meio de uma sarça-ardente.
Portanto, assim como a sarça se não consumia,
tão-pouco eram eles consumidos, porque Deus estava com eles. “O Senhor dos Exércitos está connosco: o Deus
de Jacó é o nosso refúgio” (Sl. 46:7). Aqui temos força e segurança,
vitória e paz. Deus connosco, Deus em nós, e Deus por nós. Isto é provisão
abundante para todas as necessidades.
Não há nada mais interessante e mais instrutivo do que a maneira como aprouve ao Senhor revelar-Se a Moisés na passagem que estamos
considerando. Ele ia confiar-lhe o encargo de tirar o Seu povo do Egito, para
que eles fossem a Sua Assembleia, para habitar no meio deles tanto no deserto
como na terra de Canaã; e é do meio de uma sarça que lhe fala.
Que símbolo maravilhoso e belo, solene e próprio do
Senhor habitando no meio do Seu povo eleito e resgatado; “O nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb. 12:29), não para nos
consumir, mas para consumir em nós e à nossa volta tudo o que é contra a Sua
santidade, pois Deus que não tolera a iniquidade e porque é, portanto, um
perigo para a nossa verdadeira e eterna felicidade. “Muito fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa,
Senhor, para sempre2 (Sl. 93:5). Deus é santo, quer um povo santo e julgará
na sua santidade (1 Pe. 1:14-17). Jamais compreenderemos o Deus perfeito, mas
devemos reverenciá-lo!
No deserto, Deus atrai os seus nobres com as Suas
maravilhas. É preciso ser sensível às manifestações de Deus, mesmo às mais
esquisitas. Deus sempre quer nos atrair para Ele mesmo, com a intenção de nos
transformar. Muitas vezes, não conseguimos voltar-nos para Deus, porque estamos
distraídos com muitas coisas em “nossos palácios” que competem com o nosso
Deus. Estando no deserto, Moisés tinha muito pouco com o que se distrair. Um
nobre deve ser sensível aos moveres de Deus, mesmo nos desertos. Só os que se
voltam para Deus podem ser transformados e usados por Deus!
c) No deserto, Deus pode abrir os seus ouvidos (v. 4).
Examinemos agora o que Moisés viu e ouviu, atrás do
deserto. Teremos ocasião de ver como ele aprende ali lições que estão muito
acima da inteligência dos mais eminentes sábios do Egito. Poderia parecer à
razão humana uma estranha perda de tempo um homem como Moisés ter de passar
quarenta anos sem fazer nada senão guardar ovelhas no deserto. Porém, ele
estava ali com Deus e assim o tempo passado nunca é perdido.
É conveniente recordar que há para o verdadeiro servo
de Cristo alguma coisa mais do que mera atividade. Todo aquele que está sempre
em atividade corre o risco de trabalhar demais. Um tal homem deveria meditar
cuidadosamente nas palavras profundamente práticas do Servo perfeito: “Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me
o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem” (Is. 50:4).
O servo deve estar frequentemente na presença do seu
mestre, a fim de poder saber o que deve fazer. O “ouvido” e a “língua” estão
intimamente unidos, em vários aspetos; porém, debaixo do ponto de vista
espiritual ou moral, se o ouvido está fechado e a língua desatada, não restam
dúvidas que se dirão muitas coisas bem tolas. Por isso, “amados irmãos... todo o homem seja pronto para ouvir e tardio para
falar” (Tg. 1:19).
Esta exortação oportuna baseia-se em dois factos: a
saber, que tudo o que é bom vem do alto e tudo o que mau está pronto a
transbordar do coração repleto de maldade. Daí, a necessidade de ter o ouvido aberto
e a língua refreada: rara e admirável ciência! Ciência na qual Moisés fez
grande progresso “atrás do deserto”, e que todos podem adquirir, desde que
estejam dispostos a aprender nessa escola.
Portanto, só teremos os ouvidos abertos para Deus
quando estivermos num deserto. O deserto é o lugar do homem para ouvir a voz de
Deus, porque lá existem poucos ruídos paralelos. Um nobre deve ter ouvidos
nobres. Um ouvido nobre é um ouvido santificado, inclinado para os lábios do
Senhor.
No deserto também temos a oportunidade de nos ouvirmos
a nós mesmos e aferirmos nossos argumentos, valores e princípios. Ali, é
possível fazermos as avaliações corretas e limparmos nossos ouvidos,
tornando-os espiritualmente viáveis para os propósitos de Deus.
d) No deserto, Deus pode santificar o seu discurso (v. 4).
Debaixo de todos os aspetos, as visões de Horebe
rendem testemunho, ao mesmo tempo, da graça e da santidade do Deus de Israel.
Se a graça de Deus é infinita, a Sua santidade também o é; e, assim, a maneira
como que Ele se revelou a Moisés faz-nos conhecer a primeira, porque o próprio
fato de Se revelar atesta a última. O Senhor desceu porque era misericordioso;
mas, depois de haver descido, é dito que Se revelou como sendo santo: “Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus
de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto,
porque temeu olhar para Deus” (Êx. 3:6). A natureza humana esconder-se-á
sempre como resultado da presença divina; quando estamos na presença de Deus,
com os pés descalços e o rosto coberto, quer dizer, naquela disposição de alma
que esses atos exprimem de um modo tão admirável, estamos em condições
vantajosas para ouvir os doces acentos da graça. Quando o homem ocupa o lugar
que lhe compete, Deus pode falar-lhe em linguagem de pura misericórdia.
Tal foi, pois, o caráter duplo da revelação feita a
Moisés no Monte Horebe. A santidade e a graça estão reunidas naquilo que ele
viu e ouviu. E estes dois elementos acham-se sempre, como sabemos, em todas as
obras e revelações de Deus, caracterizando-a de um modo notável; e deveriam
também caracterizar a vida de todos aqueles que, de uma maneira ou de outra,
trabalham para o Senhor ou têm comunhão com ele.
Todo o verdadeiro servo é enviado da presença imediata
de Deus com toda a sua santidade e toda a sua graça; e é chamado para ser santo
e gracioso - para ser o reflexo da graça e santidade do caráter divino; e para
alcançar este estado, não só tem de sair da presença imediata de Deus como
também permanecer nela, habitualmente, em espírito. Este é o segredo do serviço
eficaz para o Senhor.
Somente o homem espiritual pode compreender estas duas
coisas, “sai e trabalha, mas não te afastes”. Para poder agir por Deus em
público, ele precisa de estar com Ele no santuário. Se ele não estiver com Ele
no santuário da Sua presença será completamente mal sucedido.
Sem a influência dos “palácios egípcios” poderemos
sair do discurso contraditório e entrarmos em linha com os propósitos de Deus.
Muitas as vezes, apesar de ouvirmos a voz de Deus, nós O deixamos sem
respostas. Sempre que Deus nos chama, Ele quer ouvir “Eis-me aqui”! Seja qual
for o lugar e a hora. Deus quer ser a prioridade em nossas vidas. Quer que Sua
vontade seja a nossa vontade.
Um discípulo deve ter atitudes e ações nobres, ou seja,
fazer prioritariamente o que o Senhor determinou que fosse feito. No entanto,
muitos de nós não respondemos prontamente, porque estamos ocupados com muitas
coisas, fazendo aquilo que Deus não nos mandou fazer, inclusive na Sua obra.
Gastamos um tempo precioso de nossas vidas fazendo tanta coisa, que não sobra
tempo para responder ao chamado de Deus.
Por isso, muitos são levados ao deserto, para deixarem
de fazer tantas coisas e aprenderem a responder ao chamado de Deus. A nossa
principal vocação é sermos santos adoradores e a nossa principal tarefa é fazer
a Sua vontade, inclusive a de fazer discípulos por todo o mundo (Mt. 28:18-20).
e) No deserto, Deus pode ajustar o meu chamado (v. 10-12).
Depois de tudo o que acabamos de dizer, é evidente
para si que o ar que se respira “atrás do deserto” é um ar muito saudável para
todo o servo de Cristo. Horebe é o verdadeiro ponto de partida para todos
aqueles a quem Deus envia para trabalharem para Si. Foi em Horebe que Moisés
aprendeu a descalçar os seus pés e a cobrir o seu rosto.
Quarenta anos antes ele quisera encetar a sua obra;
porém a sua atividade era prematura. Foi na solidão do monte de Deus, e do meio
da sarça-ardente, que a mensagem divina ressoou aos ouvidos do servo de Deus. “Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó,
para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (v.10). Nestas
palavras havia verdadeira autoridade. Existe uma grande diferença entre ser-se
enviado de Deus e correr sem ser enviado.
Ora, é evidente que Moisés não estava apto para o
serviço quando o princípio se dispôs a atuar. Se foram precisos, nada menos do
que quarenta anos de disciplina secreta, como poderia ter feito a sua obra de
outra maneira? Era impossível. Tinha de ser ensinado por Deus e enviado por
Ele; e o mesmo deve ser com todos aqueles que tomam a carreira de serviço e
testemunho por Cristo. Oh! Que todas estas lições sejam profundamente gravadas
em nossos corações, de modo que todas as nossas obras possam ter o selo da
autoridade do Mestre e a Sua aprovação!
Mas temos
alguma coisa mais que aprender aos pés do Monte Horebe. A alma encontra prazer detendo-se neste lugar. “É bom que estejamos aqui” (Mt. 17:4). A presença de Deus é sempre
um lugar de profundo exercício, onde o coração pode estar certo de ser descoberto.
A luz que resplandece nesse lugar santo manifesta todas as coisas, e esta é a
nossa grande necessidade no meio das vãs pretensões que nos rodeiam e do
orgulho e da própria satisfação que estão em nós.
Poderíamos
pensar que, ao receber a incumbência divina, a resposta de Moisés fosse: “eis-me aqui”, ou, “que queres que eu
faça”? Mas não, ainda não estava preparado para isto.
Sem
dúvida, era a lembrança do seu primeiro fracasso que o impedia de responder
assim. Quando se age sem Deus em qualquer coisa é certo ficarmos desanimados,
mesmo quando Deus nos manda. “Então,
Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de
Israel” (v. 11)? Este procedimento em nada se assemelha ao homem que,
quarenta anos antes, cuidava que os seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia
de dar liberdade pela sua mão (At. 7:25). Tal é o homem! Umas vezes precipitado
e outras vezes vagaroso.
Moisés
aprendera muito desde o dia em que matara o egípcio. Crescera no conhecimento
de si próprio, e este conhecimento produzira modéstia e timidez. Contudo não
tinha, evidentemente, confiança em Deus. Se eu olhar para mim próprio, “nada”
farei; mas se olhar para Cristo, “posso fazer todas as coisas”. Assim, quando a
modéstia e a timidez levaram Moisés a dizer: “Quem sou eu”? A resposta de Deus
foi esta: “Certamente Eu serei contigo”
(v. 12), o que era mais do que suficiente.
Se Deus
estiver comigo, pouco importa quem sou ou o que sou. Quando Deus diz: “Eu te
enviarei e serei contigo”, o servo está amplamente revestido de autoridade
divina e de poder, e, portanto, deve estar perfeitamente satisfeito de ir aonde
Deus o envia.
Mas
Moisés faz a interrogação. “E Moisés disse a Deus: Eis que, quando
vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós;
e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi”? É mesmo maravilhoso ver
como o coração humano argumenta e interroga quando deve a Deus obediência
implícita; e ainda mais maravilhosa é a graça que suporta todos esses
argumentos e responde a todas as interrogações. Cada pergunta parece realçar
apenas qualquer novo aspeto da graça divina.
O deserto pode ser o lugar ideal para os nobres de
Deus receberem Seus planos e serem comissionados e consolidados por Ele. Por
isso, precisamos estar sensíveis às manifestações de Deus, mesmo às mais
esquisitas. Deus sempre quer atrair-nos para Ele mesmo, com a intenção de nos
transformar. Muitas vezes, não conseguimos voltar-nos para Deus, porque estamos
distraídos com muitas coisas em nossos palácios que competem com o nosso Deus.
Estando no deserto, Moisés tinha muito pouco com que se distrair. Um líder
nobre deve ser sensível aos moveres de Deus, mesmo nos desertos. Só os que se
voltam para Deus podem ser transformados e usados por Deus!
Não se impressione com as suas limitações pessoais,
nem com a grande obra para a qual Deus o chama para realizar. Não se inquiete
com o facto de ser chamado para abrir grupos, formar sua equipe de discipulado,
alargar a sua tenda, conquistar grandes territórios. Não se intimide por ser
chamado para projetos divinos muito maiores que o seu entendimento. Este é
tempo das maravilhas de Deus! Não dê ouvidos aos planos do diabo, mas dê
ouvidos aos planos de Deus para a sua vida. Não dê ouvidos às mentiras do
inimigo, mas firme-se nas verdadeiras promessas de Deus. Seja um nobre e decida
andar na excelência da sua vocação. Permaneça firme porque o Senhor será
consigo! Ao sermos aprovados no deserto, nos habilitamos para conquistas
grandes e maravilhosas que jamais imaginamos!
Não desespere, não murmure e nem se impressione com o
deserto, mas busque envolver-se com Deus no deserto. O deserto é o lugar do
homem ouvir a voz de Deus, porque lá existem poucos ruídos paralelos. Um líder
nobre deve ter ouvidos nobres. Ouvido nobre é ouvido santificado, inclinado
para os lábios do Senhor!
Prepare-se para ver as maravilhas de Deus, ouça a Sua
voz e entregue-se a Ele. Certamente que sairá com espírito e caráter nobres,
desafiado e preparado para conquistar muitas vitórias em direção à terra da
promessa. Afinal, o Senhor, que também age nos desertos, está consigo. Aleluia!
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