Leitura:
Lucas 9.10-17
Jesus queria descansar, mas olhou para a realidade e
viu uma multidão faminta, “como ovelhas sem pastor”. A compaixão fez com que
Jesus reordenasse as suas prioridades. Nesse caso, o foco imediato da compaixão
de Jesus era a multidão. A compaixão inclui o ministério social e também o
pastoral, o ministério para grandes grupos de pessoas, bem como para
indivíduos.
Cansados, os discípulos pediram a Jesus para dispensar
a multidão. Eles achavam que já haviam feito o seu trabalho naquele dia. Foram
burocráticos e, por isso, não se sentiram responsáveis em mudar a realidade que
estava em frente de seus olhos. Por isso, a ordem do Mestre foi: “deem-lhes vocês algo para comer (Mt.
14:16). Jesus mostra a responsabilidade dos discípulos para com o povo. Se eles
estavam famintos e cansados, o povo estava ainda mais.
O milagre da multiplicação de comida aconteceu. Mas
este acontecimento sobrenatural foi iniciado por um gesto compassivo que todo
ser humano pode praticar, não é exclusividade divina. O milagre tampouco
transferiu dos discípulos a obrigação de encarar a realidade nua e crua do
mundo.
Via de regra Jesus surpreendia Seus discípulos, atraindo a glória do Pai
com a manifestação de milagres e maravilhas, principalmente quando se
encontravam em situações críticas. Diante das dificuldades, a maneira como Se
portava e agia, funcionava sempre como uma forma de ensinar princípios
espirituais.
Nesse caso específico, quando uma multidão precisava ser alimentada, diante
da preocupação e da impotência dos Seus discípulos, o Senhor então aproveita
para ensinar como ser usado por Deus, de forma sobrenatural, para suprir
necessidades tendo tão pouco nas mãos, provando que a verdadeira provisão vem
de Deus. Precisamos aprender com o Mestre como agir corretamente diante de
situações críticas, buscando no sobrenatural de Deus as soluções.
1.
O que os discípulos realmente distribuíram?
Aqueles discípulos de Jesus estavam prestes a viver mais um dia de grandes
experiências sobrenaturais e a aprender com Ele a rota do milagre. Na verdade,
aquele foi também um dia de teste para cada um deles. Como se poderia alimentar
mais de cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes disponíveis para o
Senhor operar o milagre? Foi um momento dramático. Eles conheciam bem a
necessidade da multidão, mas não conheciam a providência e como alcançá-la.
O grande teste estava posto diante deles. Como sair aprovado dele? Jesus,
então, começa a agir da maneira mais natural possível (porém, a menos provável
para eles). O que Jesus fez depois de abençoar o escasso alimento, foi dar
alguns pedaços de pão e de peixe a cada um dos doze e mandou-os que
distribuíssem pelo povo. Aquele momento certamente foi dramático, pois havia
mais de cinco mil para serem alimentados e eles com tão pouco nas mãos! Eles
estavam entre aquilo que seus olhos mostravam e a ordem humanamente ilógica de
Jesus!
Como é que você se sentiria numa situação dessas? Iria em frente ou
recuaria e argumentaria com o Senhor? Muitas vezes nos vemos em situação
semelhante, tendo que dar mais do que entendemos que temos para dar. Muitos são
chamados para ser uma bênção no casamento, família, grupo, Igreja e não têm,
aos seus olhos, o suficiente para disponibilizar. Então recuam e argumentam com
o Senhor: “Como poderei ser um instrumento de Deus numa área em que estou tão
carente e vazio? Não dá! É impossível que Deus me mande fazer algo assim! Como
assumir a liderança de um grupo se acho que não sou capaz, que não tenho jeito,
que não estou preparado?”.
Neste tempo da providência sobrenatural, o Senhor nos responderá com
milagres, será um tempo de experiências com o sobrenatural de Deus. Precisamos
nos adestrar espiritualmente, pois seremos aprovados no nível do sobrenatural,
porque muitas das nossas conquistas serão a expressão dos milagres de Deus.
Nesse episódio temos um grande ensino para nos adestrarmos espiritualmente e
experimentarmos o poder de Deus e a Sua abundante provisão. Olhando para os
discípulos, vemos que para colherem o êxito, eles tiveram que dar três passos
importantes: confissão, fé e obediência.
a) Confissão
A confissão é um ato composto de palavras que se transformam em palavras
eficazes. A confissão é então um ato de palavra, como é a promessa, o
reconhecimento, a adoção, a profissão de fé. Aquilo que deve guiar a nossa reflexão sobre a
confissão é o fato que se trata de uma palavra que permite de reconhecer
efetivamente a realidade da nossa situação pessoal e da relação com os outros.
Às vezes nos vimos em situações que parecem não ter solução, muitas vezes
não conseguimos enxergar além dos problemas que nos cercam e que acabam tomando
conta das nossas vidas, algumas situações são tão complexas e difíceis de
conviver que parece que não vamos suportar a pressão que se desenvolve em
virtude das dificuldades.
Ora, o primeiro passo é confessar a realidade dos factos à nossa volta. Os
discípulos confessaram que tinham tão pouco à sua volta para tanta necessidade.
O ponto de partida para atrairmos o sobrenatural de Deus é não mascarar os
factos, mas mostrar sensibilidade e alto grau de compromisso com as questões do
Reino. Eles tinham consciência dos factos, pois não perderam a misericórdia e foram
ao Senhor da provisão buscar a solução.
Muitos, diante das dificuldades, entram em murmuração, blasfemam contra o
Senhor e contra seus líderes, fechando assim a porta do sobrenatural. A
confissão verdadeira diante de Deus abre caminhos para que a glória de Deus se
manifeste, trazendo cura para quem confessa e, quem sabe, os milagres de Deus.
b) Fé
O segundo passo é crer no Senhor, na Sua Palavra e no Seu poder
Esperar algo do nada. A confissão das realidades e limitações não quer
necessariamente dizer que tenho que mostrar incredulidade. Se não formos
discípulos de fé no Senhor, jamais atrairemos a glória de Deus para a Terra e
nossos cestos permanecerão vazios. Apesar das circunstâncias tão desfavoráveis
eles não retrocederam diante dos factos à sua volta, mas prosseguiram sabendo
que o Senhor que os enviou não os deixaria sozinhos e cumpriria a Sua palavra
de ordem.
Fé é colocar todos os ovos na cesta de Deus e em
seguida contar todas as suas bênçãos antes que choquem. A fé é a força de uma
vida plena. Creio que a principal causa da infelicidade no mundo atual seja a
falta de fé. A fé é como um radar que percebe em meio a neblina a realidade das
coisas que os olhos humanos não conseguem ver. A fé enxerga o invisível, crê no
inacreditável e recebe o impossível. É a fé, e não a razão, o que impulsiona o
homem à ação... A inteligência se satisfaz em apontar a estrada, mas nunca
dirige por ela. A fé é um guia mais seguro do que a razão. A razão só pode
chegar até um certo ponto, a fé não tem limites. A fé aciona o milagre. Ela é o
caminho para a intervenção divina. A fé é simplesmente trazer Deus para a nossa
realidade.
Ponha a fé em ação quando for mais fácil duvidar. A
fé é a âncora da alma, o estímulo para a ação e o incentivo para a realização.
A fé jamais irá abandoná-lo; só você pode abandoná-la. Nada, a não ser a fé,
pode conduzir a sua vida da maneira certa. A fé nos encoraja a enfrentar o
presente com confiança e o futuro com esperança. O que nos faz desistir ou
ficar reclamando em geral não é a magnitude de nossos problemas mas a pequenez
de nossa fé. A fé guarda quem guarda a fé. Ninguém vive em dúvida depois de ter
orado com fé. A fé ou remove as montanhas ou escava um túnel através delas.
Toda a força e toda a energia de um homem provêm de sua fé no que ele não vê.
Quem crê é forte; quem duvida é fraco. As convicções fortes precedem as grandes
ações. A fé é necessária para uma vida bem-sucedida. Na medida em que a sua fé
crescer, você sentirá que não precisa mais controlar tudo. As coisas fluirão segundo
a vontade de Deus e você será capaz de fluir juntamente com elas para uma maior
felicidade e em seu benefício. Fé é construir sobre o que você sabe estar aqui,
de modo que possa alcançar o que você sabe estar lá. O único limite para a
nossa realização amanhã será a nossa dúvida hoje. Vamos seguir adiante com uma
fé ativa e forte.
c) Obedecer
Obedecer, é a prática da Palavra (1 Sm.
15:22-23). A obediência traz bênçãos! Já a desobediência é considerada diante de Deus
como rebelião. Independente do que eles viam e tinham, obedeceram a Jesus e
viram o milagre. Aqueles discípulos distribuíram muito mais do que pães e
peixes, levaram fé! A obediência traz bênçãos e atrai a glória de Deus!
Independentemente do que eles viam e tinham, decidiram obedecer a Jesus e viram
a glória de Deus. A obediência é um selo da fé. Nem sempre quem obedece o faz
porque crê (pode ser por interesse, para fazer média, para aparecer...), mas
todo o que crê, invariavelmente obedece.
Aqueles discípulos distribuíram muito mais do que cinco pães e dois peixes.
Viram as suas limitações, mas não agiram em função delas. Sabiam que deles
mesmos nada tinham para suprir a necessidade alheia, portanto deveriam
compartilhar mais do que tinham nos cestos, precisariam compartilhar a Palavra
motivadora de Jesus, a fé no Mestre e o poder gerador e multiplicador do
Senhor. É que Deus não segue a nossa lógica. E nós não devemos nos esquecer
nunca que é por causa disso mesmo que Ele é o Senhor, o Deus extraordinário,
que no final de tudo sempre nos surpreende com muito mais do que poderíamos
imaginar.
Creio que ao atender aos primeiros da multidão, seus olhos estavam fixos no
tamanho da multidão e no fundo dos seus cestos, temerosos de se esgotar os
recursos; mas à medida que iam distribuindo, os pães e peixes se multiplicavam
e os cestos iam se enchendo. Certamente o gozo de ver a provisão de Deus
fluindo deve ter invadido seus corações, aliando-se à alegria de serem
instrumentos (parceiros) do Senhor no mover da Sua graça provedora.
Neste tempo que se inicia, muitas vitórias serão ganhas nesse nível,
exclusivamente no sobrenatural e na dependência total do Senhor. Muitos acham
que nada podem fazer por alguém por terem tão pouco. Outros acham que não
obterão resposta favorável porque tal resposta se chama milagre. Ficam se
perguntando: como amar os outros se estou tão carente de amor, como ajudar se
estou necessitado de ajuda, como servir aos outros se estou precisando ser
servido, como abençoar se estou carente de bênçãos, como ofertar se estou precisando
de ofertas, como entregar o dízimo se ganho tão pouco, como liderar um grupo se
me acho incapaz? Veja o que o Senhor
diz: Eu irei adiante de ti, endireitarei
os caminhos tortuosos, quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei as trancas
de ferro; dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que
saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome
(Is. 45:2-3).
Enquanto questionarmos jamais experimentaremos o fluir da graça de Deus. Só
crendo e obedecendo é que veremos o milagre, a resposta favorável, a
manifestação do sobrenatural e o surpreendente de Deus fluindo em nossas vidas
e territórios!
Lembre-se que sobraram doze cestos cheios! No ano da providência
sobrenatural, além da resposta favorável do Senhor, nossos cestos se encherão
abundantemente de toda a provisão de Deus. O Senhor nos envia para sermos
bênçãos no casamento, na família, para fazermos a diferença nessa geração.
Amado, alinhe-se com o Mestre pela fé na Sua Palavra e no Seu poder e decida
obedecer-Lhe, disponibilizando o seu pouco tempo, amor, serviço, ajuda, dom,
talento, oferta, dízimo. Você será surpreendido com a fidelidade do Senhor! Não
questione, nem argumente – diante das crises, Creia no Senhor e Obedeça!
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