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quinta-feira, 11 de julho de 2013

A Bondade de Deus

Leitura: Salmos 34:1-8
Bondade é ser benevolente, amável e ela é exercida em favor dos outros. Esta bondade pode se definir como “aquela perfeição de Deus que o mantém solícito para tratar generosa e ternamente todas as suas criaturas”.
Quando Deus criou a terra e os céus, viu que tudo era bom (Gn. 1:10, 12, 18, 21, 25, 31). Tudo o que Deus faz é bom; tudo o que Ele aprova pode ser considerado bom.
Deus não é somente o maior dos seres, mas o melhor. Deus é originalmente bom em si mesmo. As criaturas podem ser boas, mas a sua bondade é comunicada, não essencial. Em Deus a bondade é parte da sua natureza. Não há Deus sem esse atributo. Ele é bom essencialmente. Deus não depende de ninguém para ter bondade. Ele a tem em si mesmo. Sua bondade não é derivada, é própria. A bondade que os homens possuem lhes é comunicada, mas em Deus a bondade é essencialmente infinita. A sua bondade não muda, mesmo que os homens mudem de atitude para com ele. Como Deus é imutável na sua natureza, assim ele o é nos seus atributos. Deus não muda de atitude para connosco em sua bondade, a menos que a manifestação de qualquer de suas bênçãos seja condicional à obediência dos seus filhos. Mas, mesmo quando seus filhos o desobedecem, a sua atitude de repreensão é cheia de bondade. Deus não se mostra em ira com seus filhos. Na hora de ira, ele se lembra da sua bondade (Hc. 3:2).
Tudo o que é bom vem de Deus (Tg. 1:17). Ele é a fonte de todo o bem.
Deus é bom para todos (Sl. 145:9). Dá a vida, a respiração, a chuva, etc (At. 17:25; Mt. 5:45; 1 Tm. 6:17).
Até o homem pecaminoso, não regenerado, recebe as bênçãos da bondade de Deus. O interesse bondoso de Deus se revela no cuidado para o bem das suas criaturas. Naturalmente, a manifestação de sua bondade tem uma variação de grau de acordo com a capacidade das criaturas em receber essa bondade. Ainda que os crentes não sejam os únicos a receber a bondade de Deus, eles são os únicos a reconhecer e a manifestar uma apreciação adequada das suas bênçãos sendo agradecidos por elas, servindo ao Senhor, o que resulta em mais bênçãos ainda. Deus não nos deu olhos somente para lermos a Sua palavra, mas também para vermos e provarmos sua bondade.
Deus é bom (Sl. 34:8; 100:5; 145:9; Zc. 9:17), misericordioso (Ex. 34:6; Ne. 9:31; Sl. 103:8) e gracioso (Fp. 1:2; Cl. 1:6; 2 Ts. 2:16). Jesus declarou que só Deus é bom (Mt. 19:17).
A bondade de Deus é notória na variedade de prazeres naturais providenciados para o deleite das Suas criaturas – cores, perfumes, sabores - “porque a terra está cheia da bondade do Senhor” (Sl. 33:5).
Expressões da bondade de Deus: graça e misericórdia (Ex. 33:19; Sl. 23:6).
1.     A Graça de Deus
De acordo com C.S. Lewis, a graça de Deus é um conceito peculiar do Cristianismo. Nenhuma outra tradição religiosa tem qualquer equivalente à ideia de um Deus gracioso. A compreensão da graça de Deus é, portanto, vital para a experiência e vivência da espiritualidade cristã.
Graça: favor imerecido. A graça de Deus é a boa vontade de Deus, a pré-disposição positiva de Deus, o desejo de abençoar, a intenção constante de fazer o bem e agir com bondade em relação ao universo criado e à humanidade (Êx. 33:19; Sl. 100:5; 2 Cr. 16:9; Jr. 29:11; 33:3; Hb. 4:16). A graça de Deus é o fluxo constante de amor e vida que sustenta o universo e a humanidade (Is. 18:4; At. 17:28; Rm. 11:33-36; Hb. 1:3). Deus nos dá o que não merecemos (Rm. 11:6; Hb. 4:16). Graça é um acto de amor para com o necessitado. Deus ama a Seu Filho unigénito. Mas não existe o elemento graça nesse amor. Ninguém pode dizer que Deus trata Seu Filho com graça. A graça divina atua quando as obras e os méritos humanos não resolvem mais nada, quando não podemos comprar a salvação nem recompensar a bondade de Deus. Afinal, nossas obras são “como trapo da imundícia” (Is. 64:6). Não merecemos, mas a graça de Cristo nos basta (2 Co. 12:9). Por isso, “acheguemo-nos… confiadamente… ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça” (Hb. 4:16).
Deus também ama os anjos, mas isso tampouco pode ser considerado como graça. Por que não é graça o amor do Pai para com o Filho e o amor de Deus para com os anjos? A razão é que não há perdas ou faltas envolvidas. Há somente amor; não existe a ideia de graça. Somente quando há perdas e faltas, quando não existe maneira para resolvermos nossos problemas por nós mesmos, é que o amor torna-se real como graça. Visto que somos pecadores, somos os que têm problemas, e não temos como solucioná-los. Mas Deus é amor e Seu amor é manifestado a nós como graça.
Portanto, quando o amor flui no mesmo nível, ele é simplesmente amor. Mas quando ele flui para baixo, é graça. Paulo saudou a igreja em Corinto: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Co. 13:13). O amor de Deus tornou-se graça por meio da obra do Senhor Jesus. Portanto, a Bíblia diz-nos que a lei foi dada por intermédio de Moisés, mas a graça veio por meio de Jesus Cristo (Jo. 1:17).
2.     A Misericórdia de Deus
Nenhum homem merece a misericórdia de Deus. Nenhum homem pode reclamar a misericórdia de Deus por mérito. Ninguém merece ser perdoado. Perdão é um acto de amor, misericórdia e graça. As Escrituras concluem: “... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm. 3:23).
Misericórdia: benignidade manifesta aos que estão em aflição. Deus dá menos do que merecemos (Is. 60:10; Hb. 3:2). A misericórdia sempre pressupõe culpa. A criação toda foi afetada pela queda e está em estado de miséria e pecado, carente da misericórdia divina (Sl 145.8-9).
Deus é eternamente misericordioso, mas a manifestação da sua misericórdia só se entende após o aparecimento do pecado na queda. Há a misericórdia especial e esta diz respeito aos seres humanos caídos. Deus os ajuda e os socorre no meio de suas misérias por causa dos seus pecados.
Podemos definir misericórdia como ‘a bondade de Deus ou amor de Deus para com os que se encontram em miséria e angústia espirituais, sem levar em conta o fato de que eles a merecem. Olhando de um outro prisma poderíamos dizer que misericórdia é o facto de Deus deixar de nos dar aquilo que nós merecíamos receber (Lm. 3:22).
O que justamente merecíamos Deus não nos dá, isto é, a punição. Quando dizemos que Deus é misericordioso, estamos dizendo que ele não nos trata segundo os nossos pecados. Ao contrário, ele nos perdoa, não colocando sobre nós a penalidade de nossas transgressões.
Misericórdia é para questões negativas, enquanto graça é para questões positivas. Misericórdia está relacionada com a condição presente, e graça está relacionada com a condição futura. Misericórdia fala da pobreza da nossa condição presente, e graça fala da condição radiante em que você será salvo no futuro.
O sentimento que Deus tem para connosco quando somos pecadores é misericórdia. A obra que Deus realiza em nós para fazer-nos Seus filhos é graça. Não ouso pedir a Deus que me ame nem ouso pedir-Lhe que mostre graça. Mas posso pedir misericórdia a Deus.
Efésios 2:4-5 diz: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos”. Paulo disse que Deus era rico em misericórdia por causa de algo. Esse algo é Seu grande amor com que nos amou. Sem amor não haveria misericórdia. Em que situação foi Ele misericordioso para connosco? Ele foi misericordioso para connosco quando estávamos mortos em nossos delitos. Aquilo teve a ver com nossa infeliz situação presente. Por estarmos mortos em pecados, Ele teve misericórdia de nós. Ele teve misericórdia de nós, baseado em Seu amor por nós. Que acontece após a misericórdia? O versículo 8 prossegue dizendo-nos que Ele nos salvou pela graça. Portanto, a misericórdia foi-nos mostrada porque estávamos numa situação de mortos em nossos delitos; então, a graça foi-nos dada para nossa salvação, indicando que recebemos uma nova posição e entramos numa nova esfera. Agradecemos a Deus porque não há somente amor e graça, mas também grandiosa misericórdia.
Em 1 Timóteo 1:13 Paulo diz: “A mim que noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade”. Paulo explica aqui como obteve misericórdia. O fato de obter misericórdia tinha muito a ver com a história de sua vida.
Tito 3:5 diz: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou”. Não há justiça em nós. Enquanto estávamos sem justiça e numa situação de sofrimento e sem esperança, Deus teve misericórdia de nós. Graças ao Senhor que existe a misericórdia! Vimos anteriormente que a misericórdia origina-se no amor e termina na graça. Quando a misericórdia se estende, sobre aqueles que o temem, somos salvos. Ele teve misericórdia de nós na condição em que estávamos, e como resultado fomos salvos. Como é bom saber que a cada manhã, a cada novo dia, as suas misericórdias se renovam. Ele demonstra o seu amor para connosco, dia após dia, não nos consumindo, devido à dureza de nosso coração, à nossa incapacidade de compreender a sua obra, a sua graça e o seu operar em nós.
Romanos 11:32 diz: “Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos”. Por que Deus encerrou a todos na desobediência? Foi para que pudesse mostrar misericórdia a todos. Deus permitiu que todos se tornassem desobedientes e encerrou a todos na desobediência, não com o propósito de fazê-los desobedientes, mas a fim de mostrar misericórdia para com todos. Após ter mostrado misericórdia, Seu próximo passo foi salvá-los.
Existe um lugar na Bíblia que nos mostra claramente que nossa regeneração é proveniente da misericórdia. A Primeira Epístola de Pedro 1:3 diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”. Toda a obra de Deus na graça foi planeada de acordo com Sua misericórdia em amor. Sua graça é dirigida por Sua misericórdia, e Sua misericórdia é dirigida por Seu amor. É segundo a Sua grande misericórdia que Deus nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
Assim sendo, tanto a regeneração como a viva esperança estão relacionadas com a misericórdia. Por existir a misericórdia, existe a graça. Hebreus 4:16 exorta-nos a vir constantemente ao Senhor a fim de orar. Ao virmos orar diante do Senhor, recebemos misericórdia e achamos graça para socorro em ocasião oportuna.
3.     A Paciência ou longanimidade
A paciência de Deus: um aspecto importante do seu amor. Sabemos que Deus é amor (1 Jo. 4:8) e que o amor é paciente (1 Co. 13:4). Sem dúvida alguma, a paciência ou longanimidade é um aspecto importante do amor de Deus. É uma qualidade divina mencionada várias vezes no Antigo Testamento. Êxodo 34:6-7 descreve Deus nestes termos: “Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia por mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração”! Em Naum 1:3, encontramos este comentário sobre a paciência e a justiça de Deus: “O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés”. A longanimidade de Deus nos deu todos os minutos da nossa vida até o presente momento, mas não dá garantia de mais nenhum. Se deixarmos nossa oportunidade passar, pode ser tarde demais.
Passagens como essas esclarecem o sentido da paciência de Deus. Quando a Bíblia afirma que Deus é longânimo, está dizendo que ele demora em se irar. A longanimidade não sugere injustiça. Deus ainda exige o castigo merecido pelo pecado, mas nem sempre castiga na hora da transgressão.
Há um sentido em que Deus é misericordioso com todos, pelo menos temporariamente. Por algum tempo Deus suporta os seus pecados e não os trata conforme eles merecem. Por esta razão, eles conseguem ter uma vida até suportável, a despeito de todas as suas ofensas ou indiferença para com Deus. Alguns teólogos chamam de paciência ou longanimidade divina (Ex. 34:6; Nm. 14:18; Sl. 86:15; 103:8; 145:8; Jn. 4:2; Na. 1:3).
Na sua longanimidade, Deus espera e leva os homens ao arrependimento (Rm. 2:4; 3:25; 9:22). Ele é tão bondoso para connosco que nos suporta e não desiste de nós, mesmo quando reiteradas vezes lhe desagradamos. Há, porém, um limite para isto.
Precisamos de ser fortalecidos na fé por uma tal força ou poder e devemos buscar esta força e ater-nos a ela por meio da palavra de Deus, e orar para que não haja apenas um começo, mas, também, continuidade e fim e, assim, esse poder aumente mais e mais. Agora, ser, assim, fortalecido e vencer, isso só pode dar-se por meio da muita paciência. Sim, e só paciência não basta, é preciso também longanimidade.
Cristo crucificado é o testemunho de Deus desta paciência e longanimidade. O sacrifício de Jesus Cristo é a demonstração da justiça e da paciência de Deus para com os pecadores: “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos” (Rm. 3:25). 

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