“Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual
também foste chamado, e de que fizeste a boa confissão, perante muitas
testemunhas” (1 Tm. 6:12).
A
grata palavra usada em Efésios 6:12 para descrever este conflito é
significativa. É a palavra técnica para uma luta disputada na arena, a respeito
da qual o léxico dá a seguinte nota explicativa: “O lutador tinha que derrubar
seu adversário virando-o ou passando-lhe uma rasteira, e então mantê-lo caído”.
Constantemente o inimigo se esforça para nos derrubar. Se ele não pode
virar-nos para um extremo, ele procurará nos virar para o oposto. Se ele não
pode manter-nos indiferentes, ele nos tornará fanáticos.
A nossa
vida, como cristãos, é permeada de batalhas nos mais diversos níveis de
complexidade. Não há um cristão se quer que não tenha que travar batalhas na
sua caminhada. Algumas batalhas são até fáceis de vencer, mas outras se tornam
ferrenhas e extremamente difíceis.
A nossa luta
é travada prioritariamente contra Satanás e seus seguidores, jamais contra o
nosso semelhante, a quem devemos amor, misericórdia e perdão. Essa é, sem
dúvida, o foco externo das nossas batalhas espirituais, que são difíceis, mas
não tanto quanto as nossas batalhas pessoais, isto é: a batalha contra a nossa
carne, cujo principal inimigo é a nossa alma, que não se converte ao Senhor.
Qual
é o segredo da vitória aqui? Uma vez mais, é Cristo. Nós estamos em Cristo “Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na
força do seu poder” (Ef. 6:10). Cada peça das armas nos versos seguintes
fala de Cristo. Habitado por Ele pelo Espírito, revestido dEle e ligado a Ele,
sentado triunfante à “direita da Majestade nas alturas”, podemos aprender o
caminho da vitória, e se precisamos de restauração no caminho, João nos mostra
o equilíbrio disso muito claramente.
“Meus
filhinhos”, diz ele, “estas coisas vos
escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com
o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados...”
(1 Jo. 2:1-2). Podemos ser constantemente vitoriosos nEle, mas se somos
enganados e derrubados, podemos ter restauração imediata, e podemos nos
levantar para lutar com renovado propósito e vigilância através do poder
purificador do “sangue do Cordeiro”.
Deve
ser claramente entendido que é totalmente impossível batalhar por outros até
que o problema do conflito em nossa própria vida tenha sido resolvido com
sucesso. Não podemos tentar remover o cisco do olho do nosso irmão, quando há
uma trave no nosso. E ainda mais, muitas das nossas atividades evangélicas são
uma forma inconsciente de escapismo da realidade deste conflito; uma mera fonte
de satisfação, mais do que uma ocasião para ganhar um genuíno entendimento do
caminho da vitória. Por esta razão o derrotado e desalentado intruso não vem a
nós. Instintivamente ele sabe que não estando nosso próprio conflito resolvido
temos pouco para lhe oferecer, e assim calmamente nos faz descer cada vez mais
fundo num pântano de fadiga e indiferença, negligentemente cínica.
Sem desconsiderar a nossa principal
batalha espiritual, contra as hostes espirituais da maldade, pelo exercício da fé, da justiça
procedente de Deus, da verdade, da prontidão do evangelho, da verdade e da
palavra, vamos abordar cinco níveis de batalha contra a nossa alma, que
precisamos de travar e vencer, para que possamos prosperar como homens e
mulheres de Deus na Terra. A negligência em uma ou mais dessas batalhas tem
levado muitos cristãos ao lugar da derrota e do fracasso, ainda que tenham grandes
projetos ou palavras rhema de vitória para as suas vidas, famílias,
ministérios, finanças etc.
1. Cinco batalhas da fé que se travam na nossa alma:
Primeira:
Batalha contra o isolamento.
Após a conclusão de cada etapa da criação, vemos nas Escrituras que o
Senhor Deus reconhece que aquela obra feita era algo bom (Gn. 1:10, 12, 18, 21,
25, 31). A única declaração de teor diferente acontece quando Deus olha para o
homem que estava sozinho e afirma: “não
é bom que o homem esteja só” (Gn. 2:18). A sabedoria divina condena
o isolamento e nos ensina as bênçãos do companheirismo: “O solitário busca o
seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria” (Pv.
18:1).
O isolamento gera a solidão e a solidão a
inutilidade. A solidão é o reconhecimento doloroso que inunda a vida de milhões
de pessoas, que não possuem um relacionamento significativo com outros. Ela é
devastadora, é uma onda cósmica que consome nossos pensamentos e nossas
energias. Só pela união, que é a força, somos capazes de combater o isolamento.
O Salmo 133 diz: “Oh! Quão bom e quão
suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça,
que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.
Como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o
Senhor ordena a bênção e a vida para sempre”. Não é bom que o homem esteja
só!
O isolamento pode ser total
ou parcial. Seja como for, o isolamento produz pessoas limitadas em seus
caminhos e conquistas, tirando-as de rotas promotoras de grandes conquistas. Em
geral, pessoas que optam pelo isolamento acabam por se envolver em projetos
menores, pessoais e personalistas, dissociados, no todo ou em parte, dos
projetos do Reino de Deus.
Um antídoto para o isolamento é o envolvimento e o
compromisso com os projetos nobres de conquista do Reino de Deus. Estudar e
aplicar as Escrituras é a forma principal de desenvolver nosso relacionamento
pessoal com Ele; trata-se de conhecê-lO através da revelação dEle mesmo. Muitos se escondem atrás de
desculpas e evasivas para não se envolverem, por exemplo, nos grupos,
discipulado, ministérios, ações etc. Um bom começo para se vencer a batalha
contra o isolamento é deixar de dizer que não tem tempo, que não está
preparado, que está com outras prioridades, que não acredita nos projetos e
estratégias de conquista etc.
Segunda:
Batalha contra os argumentos destrutivos da alma.
Enquanto certas questões
podem parecer não estar relacionadas com o Evangelho, elas podem subverter
indiretamente a Palavra de Deus, afastando os crentes da verdade e inibindo
dessa forma a graça necessária para uma vida agradável ao Senhor.
Perguntar é uma coisa,
argumentar é outra. Parece ser a mesma coisa, mas não é. Em geral, quem faz
perguntas busca esclarecimento porque quer crescer no conhecimento e quem
argumenta tem opinião contraditória formada e só quer questionar com a intenção
de resistir e obstruir. A diferença está na pessoa em questão e não
necessariamente no que foi dito.
Uma boa pergunta pode mudar a
nossa vida, pois pode nos enriquecer de conhecimento, nos fazer ajustar os
planos, nos promover na rota da conquista e da prosperidade. Perguntar faz
parte do processo de crescimento; argumentar pode estancar vidas, processos,
conquistas e muito mais.
O argumentador é aquele que
não coopera com o crescimento; gera questionamentos negativistas, desprovidos
de compromisso com a causa em questão; em geral procedem de pessoas
insatisfeitas, rebeldes, insubmissas que questionam só por questionar.
Para se avançar na rota da vitória é preciso: arrancar
os argumentos contra os objetivos nobres do casamento, família, equipe etc.;
deixar de lado a posição defensiva ou contrária às pessoas envolvidas e aos
propósitos nobres; deixar de questionar as lideranças com o objetivo de infamar
ou levar ao descrédito as promessas, sonhos e projetos; tirar dos lábios as
expressões do tipo: “não é bem assim”, “não tem nada a ver”, “não estou a fim
de entrar nisso”, “isso não me agrada”; há que santificar a mente, as emoções e
a vontade e alinhá-las com os projetos de nobreza.
É preciso mudar de mentalidade, quebrar os argumentos
contrários e fundamentar novos princípios de vida espiritual, frutífera e
vitoriosa, para romper nos caminhos de fé.
Terceira:
Batalha contra a confissão contrária.
Gostaria de dizer que o cristão não é apenas um
soldado de Deus, isso é uma parte da verdade, realmente, somos soldados e
estamos engajados numa batalha contra as forças espirituais da maldade, nos
lugares celestes, mas nunca nos devemos esquecer que antes de sermos soldados,
somos filhos, e o nosso Pai espera que tenhamos um relacionamento assim com
Ele.
É preciso crer que podemos ser o que Deus diz que
somos e seremos. Confissões contrárias são aquelas que se opõem à Verdade, que
atraem maldição, fracasso e derrota, que se opõem aos projetos de Deus para o
indivíduo e para o seu contexto. Se fez confissões contrárias não fique desanimado,
nem se sinta um derrotado, porque há um princípio de vitória para nós: a
confissão posterior anula a anterior. Mude a sua mentalidade, mude o seu
discurso e declare o que lhe pode dar esperança e vitória. Faça declarações de
fé e anule, em nome de Jesus, toda a declaração contrária que flutua nos céus
sobre a sua cabeça.
Quarta:
Batalha contra a desobediência e a rebeldia.
A Bíblia está repleta de histórias de pessoas que
foram leais e de outras que foram traiçoeiras e há muito do que se aprender com
esses relatos. Um exemplo clássico é de Arão e Miriã. Miriã foi rebelde, se
levantou contra uma liderança, mas Arão foi desleal, pois não defendeu Moisés e
ainda ficou do lado de Miriã.
”E falaram Miriã
e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem casara; porquanto
tinha casado com uma mulher cusita. E disseram: Porventura, tem falado o Senhor
somente por Moisés? Não tem falado também por nós? O Senhor o ouviu” (Nm. 12:1-2).
Muitos não têm chegado a ponto de ser rebeldes, mas
tornam-se desleais, pois ouvem falar mal ou criticar sua liderança e se calam
consentindo, não são rebeldes porque não participam, mas são desleais porque
consentem.
Creio firmemente que estamos em plena Batalha Espiritual e que
ninguém está fora dela ou ninguém pode ser omisso: é uma luta diária e
constante contra o inimigo, contra as obras das trevas, as forças espirituais
da maldade aqui e nas regiões celestiais. Ninguém que esteja em rebelião contra
o Senhor tem a verdadeira paz, alegria, contentamento, ou sucesso na vida. A desobediência e a rebeldia têm sido as
causas de sérias dificuldades na vida de muitos crentes. Toda a atitude que
implica desobediência constitui uma queda e qualquer atitude de desobediência é
rebeldia.
A insubmissão gera a desobediência, e a desobediência,
a rebeldia. A motivação por trás de toda a rebelião é o poder, ou seja, a
capacidade de manipular as pessoas e circunstâncias em benefício próprio ou buscando enaltecimento pessoal. “E os filhos de Eliabe: Nemuel, e Datã, e Abirão; estes, Datã e Abirão,
foram os líderes da comunidade que se rebelaram contra Moisés e contra Arão,
estando entre os seguidores de Corá quando se rebelaram contra o Senhor; e a
terra abriu a boca e os engoliu juntamente com Corá, cujos seguidores morreram
quando o fogo devorou duzentos e cinquenta homens, que serviram como sinal de
advertência” (Nm. 26:9-10). É melhor ser obediente do que cabisbaixo.
Toda a desobediência e rebeldia aos
preceitos divinos agridem
profundamente a alma da pessoa. Desobediência e rebeldia são sinais claros de
incredulidade. Abrem uma ilegalidade no mundo espiritual que se transforma em
brecha escancarada para o diabo entrar e lançar maldição e derrota sobre o
desobediente. Quando alguém não faz o que se requereu entra em desobediência e
quando resiste a uma autoridade ou governo entra em rebeldia.
O diabo tornou-se num especialista em destruir
igrejas, trabalhando do lado de dentro dela. Quando um líder é fiel, satanás
sabe que terá poucas chances de destruir um ministério trabalhando do lado de
fora. Então ele precisa usar alguém que está do lado de dentro. Sua tática hoje
é enfraquecer o cristão e desviá-lo da fé cristã, mas fazendo com que ele
permaneça dentro da igreja com o objetivo de usá-lo na hora certa. Estes se
tornam seus agentes infiltrados. Pessoas assim não creem na obra do Espírito
Santo que é a de nos convencer do pecado, da justiça e do juízo.
A desobediência e a rebeldia são semeaduras de
maldição, inclusive para as gerações futuras. Saul foi um rei que por causa da
sua desobediência e rebeldia perdeu a unção, a honra e o reino (1 Sm.
13:13-14). Rejeite agora mesmo todos os passos que conduzem à rebelião - a perda
do temor a Deus ou a negação da existência dEle; acreditar na sua própria
capacidade de autoconhecimento ou que o homem seja divino; envolvimento no
ocultismo, idolatria, adivinhação, astrologia, bola de cristal, cartomancia,
telepatia, perceção extrassensorial, premonição, magia branca e magia negra,
mediunidade - toda a rebeldia e desobediência em sua vida; arrependa-se e peça
perdão a Deus e aos líderes pela desobediência e rebeldia; receba o perdão e
levante-se como um discípulo vencedor.
Deus quer lealdade e obediência à Sua Palavra, e não
propriamente ofertas e sacrifícios. As ofertas e sacrifícios de louvor são
agradáveis a Deus quando a vida está em conformidade com a vontade dEle, ou em
legalidade com a vontade divina.
A obediência é fonte de bênção
e de vitória nesta Batalha: “Logo, assim
como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores,
assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos
justos” (Rm. 5:19).
Nesta batalha espiritual, se
não andar em obediência diante do Senhor corre um sério risco.
Quinta:
Batalha contra o medo, a insegurança e a baixa-estima.
O
medo é definido no dicionário como “uma emoção angustiante despertado pelo perigo iminente, a
dor, o mal, etc, se a ameaça é real ou imaginada, o sentimento ou a condição de
ter medo”. Originalmente, o medo foi definido como súbito ataque ou perigo.
Medo é uma emoção que nos foi dada por Deus para levar-nos a reagir
adequadamente a situações de perigo.
O medo paralisa a pessoa e a inviabiliza para toda e
qualquer ação, e bloqueia a mente para as revelações da parte de
Deus. O medo muitas vezes impede que as pessoas usem os seus talentos. Há três
tipos de medo: dúvida quanto a si próprio (falta de autoconfiança),
constrangimento (medo do que os outros irão pensar) e autopiedade. O medo
transforma tudo em uma grande muralha. O medo é contrário à fé. Somos desafiados a dar
saltos de fé para conquistarmos nossos territórios, por isso, não podemos
permitir que o medo entre em nossos corações, contaminando nossos pensamentos,
discursos e atitudes. Vamos lançar fora todo o medo e entregarmo-nos ao Senhor
confiadamente. Quando nos entregamos
a Deus, nossa perspetiva muda radicalmente.
Geralmente o medo traz consigo outros dois inimigos: a
insegurança relativamente à
instabilidade no lar, às perdas significativas, à rejeição, à cultura
contemporânea, e ao orgulho / perfecionismo, e a baixa-estima, pessoas que não aceitam a maneira como Deus as fez,
seja a sua parte física, dons e talentos ou o lar em que nasceram. Isso pode
levá-las a um conflito com o Deus Criador e a outras consequências nefastas na
vida espiritual. Se não amam a si mesmas, como poderão amar os outros? (Pois o
referencial é amar ao próximo como a nós mesmos). Como entender que Deus as
ama, se não aceitam que Ele as criou? Como confiar em Deus, 'se Ele errou' ao
me fazer dessa forma? Juntos, os três formam cadeias terríveis na alma, levando
a pessoa a perder a fé no Deus Todo-Poderoso e a esperança de conquista das
promessas e bênçãos de Deus. Eles geram a desistência e o fracasso.
Hoje mesmo, em nome de Jesus, rejeite todo o medo, insegurança e baixa-estima,
e tome posse da unção do valente, que já faz parte de sua vida, em Cristo
Jesus, o Vencedor dos vencedores.
O segredo é ouvir a Deus e quando O ouvimos Ele nos dá
a sua bênção. Ele muda a nossa visão de nós mesmos e a nossa direção.
Chegou o tempo da sua conquista. Entenda que essas
batalhas só serão travadas se decidir enfrentá-las e só serão vencidas se
decidir obedecer aos princípios da Palavra de Deus, vivendo em santidade, na
dependência do Senhor e mortificando a sua carne, para a glória e o louvor do
Todo-Poderoso. Não desista, nem desanime, creia que o melhor do Senhor para a
sua vida ainda está por vir, em nome de Jesus.
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