Leitura: Isaías 6:1-8
Isaías era um jovem aristocrata que nascera num lar de
um judeu chamado Amós. Sua cidade natal era Sião. Muitos problemas o rodeavam,
um deles era a Assíria, nação que crescia. Ele sabia que a sua nação era fraquinha.
Os dias de Israel, na época de Isaías, não eram dias
fáceis. Existia um sentimento de desgosto nacional no coração do povo. No campo
da espiritualidade as pessoas estavam distantes de Deus. Imperava a Idolatria,
a Superstição, a Imoralidade... assim como todos os costumes pagãos. As pessoas
estavam se afastando de Deus, perdendo a dignidade e a integridade. Elas faziam
sacrifícios profanos em lugares que antes eram dedicados a Deus. Eram tempos de
insegurança e de incerteza quanto ao futuro da nação. As cidades estavam
desoladas, os campos estavam destruídos, o trono estava vazio, o orgulho de ser
judeu e de morar na nação israelita estava ferido. Os cultos religiosos
oferecidos nos templos não eram mais aceites por Deus.
Os profetas,
corajosos de outrora, se enfraqueciam. As mulheres eram vulgares, sensuais,
superficiais. Era gravíssima a situação da pátria. Havia uma
oscilação na espiritualidade em relação ao reino de Judá, enquanto que em
Israel o povo estava corrompido e impenitente, apesar de algumas poucas
exceções. A prosperidade no reinado de Uzias
induziu o povo de Judá à luxúria e autoconfiança, motivo pelo qual rejeitaram a
mensagem profética de Isaías ao arrependimento (cf. Is 6:10-11), passando então
a descrever o juízo divino. Assim começava o declínio espiritual do povo, na
mesma proporção que o político. É neste ambiente de decadência que Isaías
recebe o seu chamado.
Um dia, Deus
agiu e fez Isaías, que tinha apenas 20 anos, dar uma volta à vida. Isaías já
tinha um chamado profético, porém o inicio desse chamado é marcado pela
referência à morte de um amigo íntimo, de nome Uzias. Foi nesse ano, quando
algo que existia na vida de Isaías foi arrancado para que ele visse a glória de
Deus, para que tevisse uma extraordinária visão que o transformou em servo e
renovou o chamado profético. Ele foi convocado por Deus para pregar a Sua
Palavra para um povo cego, surdo e insensível.
Estamos vivendo dias muito significativos enquanto
povo de Deus. A par de presenciarmos um grande mover do sobrenatural de Deus,
para alguns a crise e o caos estão ainda presentes na vida pessoal, familiar,
ministerial, financeira etc. Em muitos casos, a Palavra de conforto e desafio
logo se esvai e o desânimo rapidamente se instala, denunciando uma derrota
iminente. No entanto, o nosso Deus continua insistindo em nos chamar para
conquistar os territórios da nossa promessa: família, discipulado, ministério,
cidades, finanças e etc.
Muitos estão como Isaías estava, antes daquela
experiência transformadora diante do trono de Deus; ele estava deprimido, sem
esperança, sem direção, por causa da situação crítica da nação e da morte do
rei Uzias. Parecia que o fim havia chegado para ele, um profeta de Deus na sua
geração. Porém, algo muito importante aconteceu com ele, que mudou o seu
discurso e a sua vida: a revelação da presença e do trono de Deus.
Neste texto, observamos pelo menos três experiências fundamentais que
poderão nos transformar em discípulos que fazem a diferença no Senhor.
1. A Experiência com a santidade de
Deus (v. 1-5).
Em certo
momento da visão, Isaias passa a ver serafins ou anjos. Existem detalhes
importantes aqui. Estes serafins cobrem os seus rostos e pés. Eles fazem isto
por causa da santidade do Senhor, da glória de Deus que estava naquele lugar.
Eles cobrem seus corpos em sinal de temor e respeito diante da presença do
Senhor. Quanta gente não tem nenhum respeito e reverencia na presença do
Senhor!
Este
é um dos textos mais conhecidos de Isaías: a “visão” de Deus; a eterna
confirmação de Sua Santidade; o reconhecimento do estado de pecador, do profeta
e do povo; o perdão pelo fogo; o desafio de Deus quanto à comunicação de Sua
mensagem; a submissão plena do profeta e a sua disponibilidade para servir ao
envio de Deus.
O
profeta está situado no tempo e no espaço. Ele não está no céu, está na terra.
Seu povo e ele mesmo são da mesma natureza: pecadores, de língua má, de coração
duro. Gente sem educação no sentido de saber conviver, de compreender e aceitar
a soberania de Deus. O resultado disso é um povo de terceira categoria, não no
sentido científico e económico, mas no sentido da prática quotidiana da
Justiça, do Direito, da Verdade e do Amor a Deus e ao Próximo. Aí, sim, temos
um povo de primeira categoria, ainda a ser construído na terra. Este é o povo
do desejo de Deus, daí a sua promessa do Messias presente em todo o Antigo
Testamento. O profeta pega a mensagem já em andamento, isto é, não inventa uma mensagem
nova, pois ele não é o Messias. Sua função é a de comunicá-la ao povo para que
mude seu rumo de autodestruição.
Em
sua visão da sala do trono de Deus, Isaías pôde contemplar um espetáculo
surpreendente. Ele viu as abas das vestes de Deus enchendo o templo e seres
voadores com seis asas, chamados serafins. Ele os ouviu chamando uns aos outros
em louvor a Deus. Suas vozes devem ter sido poderosas, porque fizeram os
batentes das portas tremerem e o templo se encheu de fumaça.
Nesta
visão figurativa, o templo é aberto para ver, até mesmo para o lugar mais
santo. O profeta, do lado de fora do templo, vê a Presença Divina assentado
sobre o propiciatório, erguida sobre a arca da aliança, entre os querubins e
serafins, e a glória divina encheu todo o templo. Vê Deus em seu trono. Esta
visão é explicada em João 12:41, que Isaías viu agora a glória de Cristo, e
falava dele, que é uma prova cabal de que nosso Salvador é Deus. Em Cristo
Jesus, Deus está sentado num trono de graça, e através dele o caminho para o
lugar mais santo é colocado aberto. Não importam quaisquer que sejam as
circunstâncias da vida, Deus, o Santo, tem um plano que se descortina em
bênçãos através do Senhor Jesus, mediante minha inteira confiança e dependência
da Sua Pessoa. Esta é sem dúvida a mensagem apresentada pela vida e obra deste
profeta.
Hoje,
temos o dom pleno: a própria mensagem encarnou-se. Veio ser e nos mostrar o
sentido da visão de Isaías: Deus é santo. Diante dele o pecado não subsiste. Já
não nos perdoa pelo fogo, mas pelo sangue inocente de Cristo que, ao morrer na
cruz por nós, tornou-nos a todos comunicadores do seu acto, perdoados, nascidos
de novo para sermos o que ele deseja no quotidiano concreto do tempo e do
espaço em que vivemos.
A qualidade de nossa vida cristã depende da revelação que temos do trono
de Deus. Numa época em que ser íntimo de Deus, é meramente cantar uma balada
romântica, a visão do trono torna-se essencial. Quando os homens caem no erro
de contemplar o Santo de Israel de igual para igual, perde-se o temor e o senso
de reverência devido ao Omnipotente, que soberanamente reina no seu trono. Uma
vida profunda é medida pelo nível do seu temor diante de Deus. Quanto mais
superficial for o crente, mais ele lida com as coisas espirituais de forma
leviana. Mas quando o homem vê, pelos olhos do espírito, o trono e a majestade
de Deus, ele não consegue mais ser displicente em sua vida espiritual. É a
visão do trono que traz o temor.
Precisamos de ser escavados
pelo Senhor em nossa vida espiritual para que haja profundidade em nós. Vivemos
a geração da superficialidade: Ninguém se torna profundo naturalmente. A
profundidade é produzida sob duas condições: o amor e o temor. A primeira
condição é um genuíno amor pelo Senhor. Quando amamos a Deus e temos um intenso
desejo por Ele, nos dispomos a remover as coisas erradas que estão ocultas em
nós. Isto nos conduz à intimidade, porém, o amor não é a única condição para
nos aprofundarmos em Deus. Para equilibrar este sentimento, precisamos do
temor.
Falamos sobre o Movimento de Santidade em nosso tempo,
e louvamos a Deus por isso. Ouvimos de muitos buscadores da santidade e mestres
da santidade, ensinamento de santidade e reuniões de santidade. As verdades
abençoadas da santidade em Cristo e a santidade pela fé estão sendo enfatizadas
como nunca antes. O maior teste para vermos se a santidade que professamos
buscar ou atingir é verdade e vida, terá ela de ser manifestada na humildade crescente que ela produz. No
homem, a humildade é a única coisa necessária para permitir que a santidade de
Deus habite nele e brilhe através dele. Em Jesus, o Santo de Deus que nos faz
santos, a humildade divina era o segredo de Sua vida, de Sua morte e de Sua
exaltação.
Todo aquele que busca a santidade
precisa de vigiar, a fim de que não aconteça que, inconscientemente, o que foi
começado no espírito seja aperfeiçoado na carne e o orgulho rasteje onde a sua
presença é menos esperada.
O nosso Deus é Santo, Santo, Santo. Suas coisas são
santas. Suas alianças são santas, porque não se concebe Deus num relacionamento
que não seja santo. O que Ele requer de seus filhos é nada menos que santidade.
Ele relaciona a manifestação de suas maravilhas com a santidade do Seu povo.
Há muita confusão em relação à santidade, porque
conceituamos santidade a partir dos nossos conceitos e paradigmas religiosos,
morais e éticos. Adotamos práticas e atitudes que nada têm a ver com a
verdadeira santidade. Muda-se de roupa, de atitudes e de palavras sem que haja
verdadeiramente santidade na pessoa. Precisamos de ser santos no corpo, na
alma, no espírito, nos relacionamentos com os cônjuges, filhos, pais, irmãos.
Os nossos pensamentos, sentimentos e vontade precisam de ser santificados. Os
nossos sonhos, projetos, finanças também precisam de santificação. Até as
nossas ações ministeriais e evangelísticas precisam de ser santificadas.
Santidade é espiritual, portanto é uma medida de Deus
e não de homens. Deus não me vai considerar santo porque eu me considero santo,
mas porque estou contido no Seu padrão de santidade para Seus filhos. Só um
Deus absolutamente santo pode definir, de forma clara, o que é ser santo. As
Escrituras nos informam que ser santo é ser separado, posto à parte, tornado
sacro. Estes conceitos estão contidos em Deus e não no homem, por isso tanta
confusão.
Uns, em nome da santidade, se colocam sob o jugo de um
espírito de religiosidade terrível e entram numa vida de negação inconsequente,
se enclausurando e fugindo de tudo e de todos. Outros, por causa dos conceitos
frouxos de santidade aliados a uma licenciosidade pecaminosa, confundida com
liberdade, transformam-se em verdadeiros ícones de sensualidade e perversão.
Não queremos tocar de forma alguma nos “usos e costumes” de quem quer que seja,
porém, que cada um ande segundo a luz que já alcançou e nela não peque e nem
induza ao pecado.
É evidente que quem é santo fala, se veste e se
comporta como um santo de Deus, mas a atitude recíproca nem sempre é
verdadeira. Sabemos que por detrás de muitas ações, roupas, palavras e atitudes
chamadas santas, existem pessoas cheias de iniquidade e pecado, apodrecidas e
profanando tudo o que tocam e se relacionam. Não se movem em aliança com o Pai,
não andam na Sua presença, trilham rotas estranhas aos propósitos de Deus e,
claro, não são alcançadas pelas boas surpresas de Deus. Por quê? Porque não
compreenderam ainda que a santidade é uma medida espiritual alcançada em Deus e
não no homem, em seus valores e paradigmas humanistas. Pessoas assim confundem
o humanismo, o ser bem-intencionado e o ser ético, política e moralmente
correto com santidade.
Yeshua (Jesus) é a medida da
santidade de Deus para nós! O Senhor nos diz em João 14:6 que “Ele é o caminho, a verdade e a vida e que
ninguém vem ao Pai se não for por Ele”. Em Mateus 11:29 Ele diz para que
tomemos sobre nós o Seu jugo e aprendamos dEle. Quando solicitado a mostrar o
Pai, Ele disse que quem O visse também via o Pai (Jo. 14:9). Ele é a referência
de santidade para a Igreja, portanto precisamos de ouvir e aprender dEle, andar
nos caminhos dEle, agir como Ele agiu. Ele sempre buscou as suas referências de
santidade no próprio Pai, com a intenção de obedecê-lO, agradando-O e fazendo a
Sua vontade em tudo.
A Palavra, o Espírito Santo
e o sangue nos santificam. O Senhor nos santifica através de três elementos
santificadores: a sua Palavra, o Espírito Santo e o Sangue derramado na cruz do
Calvário. O caminho da aliança com Deus passa necessariamente pela ação
conjunta desses três elementos divinos santificadores, aliados à nossa
determinação de nos santificarmos para Deus, isto é: de pessoalmente nos
separarmos para o nosso Senhor e Salvador. Sem eles, ninguém caminha em aliança
com Deus, muito menos na rota do surpreendente de Deus. Não basta querermos ser
santos, precisamos de nos deixar influenciar por cada um desses três elementos.
a) Sangue de
Cristo: “Portanto,
se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os
contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue
de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus,
purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo”
(Hb. 9:13-14). É o Sangue na Nova Aliança, Aliança de Vida Eterna, e o
recebemos pela fé. Representa o preço que deveria ser pago pela minha culpa,
pelo meu pecado. Por isso, só o Sangue de Yeshua nos aproxima de Deus, lava-nos
do pecado e livra-nos do Acusador. A santificação pelo Sangue nos traz alegria,
não exige esforço, nem renúncia.
b) Espírito
Santo: “Mas
eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o
Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do
pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me
vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho
ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier,
porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não
falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas
que hão-de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há
de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há-de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo. 16:7-15).
É Ele Quem nos convence do pecado, da justiça e do
juízo, através da revelação da Palavra de Deus. É o Único que pode trazer
revelações de Deus (1 Co. 2:9-10). Em Gálatas 5:22-25 vemos que Ele gera no
cristão o Fruto do Espírito: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Não é necessariamente a prática
dos dons espirituais que mostra que estamos no caminho da santificação, mas é
ter Cristo no coração, andando e vivendo com Ele, é ter o caráter de Cristo e o
Espírito Santo agindo com liberdade em nossas vidas. O batismo no Espírito
Santo coloca-nos em contacto com o poder sobrenatural de Deus.
c) Palavra
de Deus: “Santifica-os
na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo. 17:17). “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo. 15:3).
Em conformidade com João 8:31-32, vemos que é permanecendo na Palavra de Deus,
que a vida de Cristo será vivida em nós e seremos Seus verdadeiros discípulos.
Se alguém não está procurando viver a Palavra é falso discípulo e se discípula
na Palavra é falso discipulador. A Palavra só irá gerar vida se o Espírito a
incubar, revelando a vida que está dentro dela em meu coração. O Sangue nos
santifica pela fé. A Palavra nos santifica pela obediência.
Deus é santo, santo, santo. Todo o cristão precisa de estar
convicto da impactante santidade de Deus. Seus filhos e filhas precisam de vê-lO
como Perfeito, Majestoso, Glorioso, Maravilhoso, Rei dos reis. Só quem O
considera um Deus Santo vive no temor e tremor do Senhor. Como cristãos
sinceros precisamos de ficar estarrecidos diante da Sua glória e santidade.
Quando temos experiência com a santidade de Deus, o
nosso pecado aparece e, naturalmente, somos levados à confissão diante dEle.
Não há como fugir: diante da manifestação da glória de Deus, nos vemos
pecadores e, arrependidos, devemos confessar os nossos pecados e os do nosso
povo (família, discipulado, grupo e etc.).
O discípulo chamado para fazer a diferença na sua geração precisa de ter
uma vida de quebrantamento, arrependimento e confissão diante de Deus e das
pessoas a quem ofendeu. Uma das consequências mais significativas na vida de
quem imergiu na santidade de Deus é o desejo de ser santo, traduzido pelo
quebrantamento e a confissão de pecados.
2. Experiência
com a misericórdia de Deus (v. 5-7).
A misericórdia de Deus é
descrita em vários lugares e de maneiras diversas. Sua misericórdia é grande (1
Rs. 3:6), é suficiente (Sl. 86:5), é terna (Lc. l:78), é abundante (1 Pe. 1:3),
é rica (Ef. 2:4), é eterna (Sl. 103:17). É de tão grande consolação sabermos
que Deus é tão abundante e rico exatamente no que necessitamos como pobres
pecadores. Não é surpresa que o Salmista diga: “Cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua
misericórdia” (Sl. 59:16. À medida que refletimos sobre a nossa própria experiência, desenvolve-se
em nós a convicção de que Deus foi movido por um grande amor no executar a sua
salvação. A nada mais poderia ser ela atribuída. Esse amor é demasiado grande
para proceder de outra fonte que não do próprio Deus. É inerente ao seu próprio
caráter. “Deus é amor” (1 Jo. 4:8).
Quão ricas são as misericórdias de Deus em nossa vida:
ele nos perdoou. Ele nos justificou. Ele nos adotou. Ele nos selou. Elas são a
causa de não sermos consumidos. Elas se renovam a cada manhã.
A misericórdia de Deus é o
apelo próprio do pastor a seu povo. “Rogo-vos,
pois, irmãos, pela compaixão (misericórdia) de Deus, que apresenteis os vossos
corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto
racional” (Rm. 12:1).
A misericórdia vem do amor e resulta em graça. Se a
misericórdia não viesse do amor, ela não resultaria em graça. Uma vez que ela
se origina no amor, ela chega à graça. Nos Evangelhos há o relato de um cego
recebendo visão (Mc. 10:46-52). Mas, perante o Senhor, Ele não disse: “Senhor
ama-me” ou “Senhor, sê benévolo para comigo”! Pelo contrário, ele disse: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim”
(v. 48)! Ele pediu misericórdia por causa da sua situação presente, da sua
dificuldade presente e da sua dor presente. Ele sabia que se o Senhor Jesus se
compadecesse dele, Ele não se limitaria a mostrar-lhe misericórdia; Ele
certamente faria algo.
Há sempre provisão para o pecador contrito. Uma das manifestações do amor
de Deus para os Seus filhos é a Sua misericórdia, que flui em direção ao
coração quebrantado, contrito e que busca a santidade. É por causa da Sua
misericórdia que, diante do Seu altar, somos alcançados pelo Seu fogo
consumidor, que nos traz cura e libertação. É só depois de nos quebrantarmos e
nos arrependermos diante do Senhor, que as Suas brasas vivas queimam as nossas
iniquidades e nos purificam.
3. A experiência com a voz do Senhor (v. 8).
Quando Isaías ouve o que os serafins dizem sobre o
Senhor, ele entende que está na presença do Senhor. Isto faz com que ele saiba
o quão impuro é. (Este é sempre o resultado quando somos colocados mais próximo
do Senhor. Enxergamos o quão descuidados temos sido. Mas quando confessamos ao
Senhor as coisas que temos praticado, as quais entendemos que não são do agrado
dEle, então Ele nos restaura).
Agora Isaías está pronto para ser um vaso usado pelo Senhor. (Não podemos estar prontos para o
uso do Senhor, a menos que tenhamos passado pela experiência de Isaías).
Precisamos de discernir a voz de Deus, o Seu chamado.
A voz de Deus vai contra os valores deste mundo... Ele tem-nos chamado para
fazermos a diferença nesta geração. Quer enviar-nos como modelos, para sermos o
sal e a luz no mundo e conquistarmos almas para Ele. Temos de estar com os
ouvidos ligados no Espírito Santo para discernir entre a voz de Deus e a do
inimigo. Tenhamos cuidado, porque o diabo tenta falar aos nossos ouvidos, mas
em lugar de dar atenção à sua voz, é necessário repreendê-lo em o nome de Jesus
e pela Palavra de Deus. Só assim será possível evitar desastres na vida cristã.
A voz de Deus nem sempre diz o que queremos ouvir, mas
habitualmente diz o que precisamos escutar. Basta haver disposição para ouvi-la
e, principalmente, colocá-la em prática. Precisamos estar preparados e o
discernimento é um pré-requisito fundamental para percebermos que Ele está
realmente falando connosco. O Espírito Santo sempre fala aos nossos ouvidos: “Quem
têm ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas” (Ap. 2:7).
Deus fala de diversas maneiras. Pode ser pela
pregação, pela leitura bíblica, pela palavra profética. Ou através de uma
criança, da natureza, da experiência de pessoas idosas; enfim, o Senhor fala da
forma que julgar necessário. Isso porque Ele conhece cada pessoa: suas
características pessoais, seu caráter, sua personalidade, seu temperamento.
Quando quer, fala diretamente ao nosso coração. Por isso é importante
aprendermos a ouvir a voz de Deus (1 Sm. 3:4).
O Senhor quer
que ouçamos o Seu chamado para conquistarmos os mais variados territórios:
família, discipulado, ministério, finanças e muito mais. Ouvir a voz de Deus
fará toda a diferença em nossas vidas, porém, se não dermos os dois passos
iniciais, jamais O ouviremos claramente. O impacto com a santidade e a
misericórdia de Deus ativam o nosso espírito, limpam a nossa alma e abrem os
nossos ouvidos para ouvirmos e discernirmos a voz de Deus.
E por que é tão importante ouvirmos a voz de Deus para
fazermos a diferença? Porque é quando o discípulo tem a convicção de que Deus
falou e decide se liberar para Ele, que nada o fará retroceder ou desanimar,
mas perseverará na rota da vitória e da conquista.
Em que nível de experiência estamos nós com Deus?
Precisamos de aprofundar no relacionamento com o Senhor até ao ponto de
ficarmos impactados com a Sua presença e a Sua glória e a nossa vida como um
todo será impactada e passaremos a fazer a diferença na nossa geografia. Não
podemos descansar enquanto não formos imersos no ambiente da sala do trono de
Deus.
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