Leitura:
João 11:39-44
O presente texto descreve
a situação de uma pequena família que, a despeito de toda a intimidade que
desfrutava da pessoa de Jesus, não estava isenta de enfrentar graves aflições
como todos os mortais. A dificuldade bateu à porta, e, naquele momento, Marta e
Maria registaram na história uma valiosíssima lição que deverá ser seguida por
todos os cristãos.
Lázaro, o
amigo de Jesus, tinha morrido. Seu corpo jazia numa gruta que lhe servia de
tumba. A decomposição começava a sua obra. Jesus não ora a fim de que Lazaro ressuscite por ordem
de sua palavra; está implícito que ele já orou por isto, e que tem a certeza de
que será atendido. Ele não precisa de orar a Deus em voz alta; ele o faz em
benefício dos presentes para que “creiam
que tu me enviaste” (Veja 17:21).
O Senhor Jesus,
comovido, se aproximou da tumba onde o corpo de Lázaro havia sido colocado e
mandou tirar a pedra que fechava a entrada, ao que Marta reagiu negativamente,
dizendo que o corpo já estava cheirando mal pois já haviam passado quatro dias
(v. 39). Mas era necessário que o triste estado do morto pudesse ser comprovado
por cada um dos presentes. Então se acharam frente a frente, como em um duelo
singular, a Morte, que tem direitos ilimitados sobre o homem, e Aquele que
acabara de se designar a Ressurreição e a Vida. A nova menção dos quatro dias
sublinha os estragos da morte e evidencia uma vez mais que a irmã não vê
diferença entre a morte de um discípulo e a que padeceu a humanidade desde
sempre. Não crê que a adesão a Jesus tenha mudado a condição do homem. A fé
expressa antes por Marta, clara em sua formulação, vacila da realidade crua (já
cheira mal); não conhece a qualidade do amor de Deus nem o alcance de sua obra
criadora.
Jesus
refere-se às suas palavras anteriores. Tinha perguntado a Marta se cria no que
lhe dissera: “Eu sou a ressurreição e a
vida”, e sua consequência: “o que crê
em mim, ainda que morra, viverá” (11:25). Isso implica dizer que para o
Senhor não há impossíveis. Esta vida que vence a morte manifesta a glória de Deus.
Se Marta crer, ou seja, se aderir a Jesus como ressurreição e vida, verá os
efeitos do seu amor para com o homem, a vida do seu irmão. A fé aparece aqui
como condição para ver/experimentar pessoalmente (Verás) a glória de Deus,
manifestada no dom da vida definitiva. Deus lhe diz que se crer nele ainda que
esteja com todos os sintomas de alguém que está morto ele vai ressuscita-lo e
vai dar-lhe vida em abundância (Jo. 10:10). Creia em Jesus e seja ressuscitado
agora em Seu nome para a honra e a glória do Deus Todo-Poderoso!
Ressuscitar os mortos é uma prerrogativa divina que o
Pai compartilha com o Filho (veja 5:21, 25-29), e é importante que os presentes
compreendam isto. Portanto, eles o ouvem a agradecer a Deus por tê-lo atendido.
A
ressurreição de Lázaro (Jo. 11:1-45) é um dos milagres mais extraordinários da
vida pública do Redentor, o qual manifesta o seu poder supremo, uma vez que
vence a morte. A ressurreição de Lázaro lembra a todo cristão que quem crê em Jesus, um
dia vencerá também a morte. Hoje, mais do que nunca, é esta fé a única tábua de
salvação num mundo materializado e divorciado dos valores eternos!
O chamado
que traz Lazaro de volta para a vida é uma alegoria daquele dia quando todos os
que estão nos túmulos ouvirão o mesmo chamado vivificante e sairão. Trata-se
somente de uma comparação, porque Lazaro é trazido para uma renovação e
continuação da vida mortal, enquanto aqueles que ouvirem o chamado no último
dia receberão a vida da ressurreição. Todavia, antes que tal vida pudesse ser
concedida às pessoas, o próprio Jesus tinha que ser ressuscitado. A diferença
pode estar indicada no facto de Jesus deixar os lençóis no túmulo ao ressurgir
(20:5-7).
Diferentemente
de outros túmulos, este de Lázaro era escavado numa rocha, não no sentido
horizontal, mas sim, no chão e verticalmente. Para se chegar ao local onde
haviam depositado o corpo de Lázaro, era necessário descer um bom número de
degraus. Ao redor do sepulcro, estavam todos em forte expectativa, pois os
antecedentes prognosticavam um portentoso acontecimento. O sepulcro onde tinham
colocado Lazaro, segundo o costume e a mentalidade dos judaicos, não era o seu
lugar próprio. Foram eles que o colocaram ali (11:34): “Onde o pusestes”? É o
sepulcro do passado (11:38b). O crente não é destinado a ele, porque, ainda que
morra, continua vivendo (11:25; 19:41).
Neste episódio da vida de Jesus aqui na terra, que gira em torno da
ressurreição do Seu amigo Lázaro, de Betânia, vemos que Jesus deu três
importantes comandos, que também valem para nós, como ensino de grande valor.
1.
Os três grandes comandos de Jesus:
a) Tirai a pedra (v. 39).
O túmulo
era uma pequena caverna na rocha, cuja entrada fora bloqueada com uma pedra que
nela se encaixava mais ou menos como uma rolha. A descrição é muito semelhante
à do túmulo onde o corpo do próprio Jesus foi colocado mais tarde.
Nos
sepultamentos judaicos tradicionais daquele tempo, normalmente colocava-se o
corpo num túmulo, que mais tarde passava a ser o último lugar de descanso de
gerações consecutivas. Era comum usar uma caverna natural ou um sepulcro
lavrado na rocha sólida. Esses túmulos eram amplos; era possível ficar em pé na
câmara da lamentação. No interior, cavavam-se prateleiras para colocar os
corpos. Uma pedra lavrada em formato de roda, pesando várias toneladas, vedava
a entrada. Apoiada numa vala, essa porta podia ser rolada de um lado para o
outro. Quando fechada, apoiava-se numa pequena cavidade em frente à entrada,
impedindo que a pedra rolasse de volta.
Essa pedra
bloqueava o caminho para o milagre, fechava a porta da esperança e pintava o
quadro da desilusão, trazendo uma imagem perfeitamente depressiva. Porém, não
era da responsabilidade de Jesus retirá-la. Isso nos faz entender que mesmo
diante da impossibilidade humana, há sempre algo que precisamos fazer a fim de
que o milagre de facto aconteça. Aquilo que está dentro da nossa possibilidade
é de nossa responsabilidade e vice e versa. Deus só faz o que não podemos
fazer.
Ao comando de Jesus “tirai a pedra”, Marta sempre prática, argumenta que o ato de tirar a
pedra, como Jesus pedira, seria desagradável, pois que Lázaro estava morto há
quatro dias e que o corpo cheirava mal. Jesus, então, lhe lembra sua promessa,
a adverte da sua necessidade de crer. Ela precisava crer. Mas tal como Marta,
parece-me que muitos de nós, crentes, igrejas e instituições temos perdido a
capacidade de crer no poder transformador de Jesus, em sua infinita capacidade
de mudar as situações. Trocamos a fé por análises sóbrias, bem fundamentadas e
racionais da situação. Assim transformamos o evangelho em algo sem poder, sem
atrativo, apenas informações sobre Deus. Tiramos sua sobrenaturalidade e
colocamos a cognição em seu lugar. A vida abundante com Jesus se torna em ter
informações sobre Jesus. É um empobrecimento do evangelho.
As palavras “Tirai a pedra”, são diretas e com o verbo
no imperativo. Portanto tirar a pedra é tirar tudo aquilo que impede que as
pessoas ouçam a voz de Jesus e venham até Ele. É não ter medo de sentir o odor
desagradável dos que são alvo do amor de Cristo. Há muitas pedras que estão
entre o Senhor e muitos cristãos, inclusive nós mesmos. Tirar a pedra é remover
tudo aquilo que impede que os que ouviram a Palavra de vida saiam das trevas
para a luz.
Mas por que tirar a pedra? Será que o Senhor não tinha
poder suficiente para removê-la só com uma palavra sua? Claro que tinha. Ele
que já havia decidido trazer Lázaro do mundo dos mortos, tinha autoridade para
tal, Ele poderia fazer a pedra desaparecer ou invocar os anjos para arrastá-la.
Contudo, a questão é que quem colocou aquele obstáculo foram os homens. Ao
colocarem aquela pedra na entrada do túmulo de Lázaro, eles estavam dando por
encerrada a história daquele homem, isto é: acabou a esperança para a vida,
chegou o fim. Fazer
Lázaro voltar à vida era uma tarefa impossível para os homens, mas possível
para Deus. Remover a pedra, era uma tarefa que os homens poderiam fazer e Jesus
deixou esse trabalho a cargo deles. Um milagre requer uma parceria entre Deus e
o homem para o
andamento da obra de Deus.
O homem entra com a fé fazendo o
possível, crendo nele e sob a sua orientação; Deus entra com a ação sobrenatural fazendo o impossível. Se o homem não
entra com a sua parte, a fé, o milagre não vem, pois “sem fé é impossível
agradar a Deus”. É óbvio que Deus pode fazer tudo só, mas agrada a Deus a fé
nele depositada pelo homem. Por isso a Bíblia diz: “Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração”
(Sl. 37:4). Se tirassem
a pedra antes, nada adiantaria. Se a deixassem para depois, também seria
inútil. Por isso, temos de agir sob a orientação de Jesus e crer no seu poder.
Retirar a pedra era um sinal de fé e obediência ao Senhor, uma resposta à Sua
declaração de que “se creres, verás a
glória de Deus” (v. 40). Tirar a pedra foi um acto profético de fé.
Essa é uma ação específica da Igreja, de cada um de
nós, os que cremos a fim de vermos a glória de Deus. São ações concretas
facilitadoras - são nossos encontros facilitadores! Afinal, há muitas pedras
que estão entre o Senhor e vários cristãos, inclusive nós mesmos. São as
barreiras (sociais, culturais, religiosas, financeiras, ideológicas etc.) que
funcionam como mecanismos impeditivos para vermos o Senhor e nos deslocarmos na
Sua direção.
Somos chamados a crer no irracional, no impossível, no
que os homens não conseguem nem podem explicar. Quando Deus diz à humanidade, “Creia”,
ele exige algo que está totalmente além da razão. A fé é totalmente ilógica.
Sua definição tem a ver com algo irracional. Pense nisso: Hebreus diz que a fé
é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que são invisíveis.
Estamos sendo informados, em resumo, “Não há nenhuma substância tangível,
nenhuma evidência visível”. No entanto, somos chamados a crer.
Precisamos de voltar a crer no sobrenatural, a
entender que a razão é dom de Deus, mas que nunca pode reger as ações da
igreja, e que nossa vocação é para sempre esperarmos dele o desconcertante.
“Verás a glória
de Deus”. Nós a vemos quando cremos de todo o coração que ele pode fazer o
impossível. Para que aconteça connosco só o possível não precisamos dele. Mas
ele é o Senhor exatamente para se glorificar na nossa impossibilidade e com
nossa obediência. Creiamos.
“Tirai a pedra”! É este o Recado: Abrir o coração para o poder de
Deus operar. Perdoar aos que nos magoaram. Agradecer a Deus em o Nome de Jesus
e aceitar o perdão que Ele concedeu. Tirai
a pedra, diz Ele: do ódio, do ressentimento, da vingança, da inveja, da
violência, da desarmonia entre as pessoas, da família, da ingratidão, do medo,
dos vícios. Ouçamos o eco desse recado de Jesus. Vamos deixar a vida de Deus
agir em nós. Tirai a pedra. Jesus continua a dizer: - Tirai a pedra (Jo. 11:1-45).
b) Vem para fora (v. 43).
Chegamos então ao ponto da grande ordem de Jesus. Estão frente a frente, como em um duelo singular, a Morte, que tem direitos
ilimitados sobre o homem, e Aquele que acabara de se designar a Ressurreição e
a Vida. A expectativa era intensa! Quem iria ganhar? Depois de
tirarem a pedra, Jesus precisava mostrar a glória de Deus àquela geração e
olhando para o céu levantou os olhos e disse: “Pai, graças te dou
por me teres ouvido”. E e deu uma ordem breve e
poderosa ao morto, gritando em alta voz: “Lázaro,
vem para fora” (Jo. 11:43). Ao que Lázaro obedece e sai do túmulo em direção aos que presenciavam a cena, os quais ficaram sem reação, ainda com os pés e mãos enfaixados. Ele sabia que
Deus o ouvira. Ele creu antes de ver a obra realizada. Lázaro saiu vivo do
sepulcro e foi ter com Jesus.
Hoje Jesus também nos ordena a sair e a vir ao seu
encontro, a segui-lo e a ressurgir de onde estamos, de nossas prisões, de
nossos túmulos que a pós-modernidade nos impõe. Jesus nos convida a um encontro
íntimo e pessoal com ele, e esse encontro só pode acontecer através de uma
comunidade viva que se reúne para celebrar em seu nome.
Foi bom Jesus dizer: “Lázaro …”. Se ele tivesse
simplesmente dito “Venha para fora”! todos os mortos do cemitério se teriam
levantado! Lázaro estava vivo! Seus amigos desenrolaram as longas faixas usadas
no sepultamento para que Lázaro pudesse andar. Não havia dúvida de que Jesus
executara um tremendo milagre.
É uma maravilhosa ordem específica de Jesus, como o
Soberano, o Senhor sobre todas as coisas, inclusive sobre a morte. Vir para
fora é sair da morte para a vida, das trevas para a luz. Aleluia! Mas, antes e
depois deste comando existiram outros: tirai a pedra e desatai-o e deixai-o ir.
Este episódio mostra-nos o
tamanho da dureza dos nossos corações. Quantas vezes nossas orações não são
ouvidas? Quantos pedidos foram feitos em vão? “Tirai a pedra”. Saia do
sepulcro! Abra a porta do seu coração. Receba Jesus.
Somos tal qual Lázaro, porém Deus nos chama para a vida, aliás, para a
Ressurreição, através de Cristo. Jesus nos chama: “Lázaro, vem para fora”! Ele
nos chama pelo nome, não é um chamado genérico, é pessoal. Mas para que
possamos ouvir a voz de Jesus, para que possamos ressuscitar, primeiro é
preciso remover a pedra que nos cerra na caverna.
Quando Jesus fala, até os mortos O ouvem e O obedecem.
Eis a razão porque muitos estão na Igreja mas não conseguem ouvir, nem obedecer
ao Senhor da Igreja: não estão mortos para o mundo. Na verdade, quanto mais
morremos, mais capacitados estamos para ouvi-lO e obedecê-lO.
Lázaro não saiu do lugar da sua paralisia da morte por
meios próprios. Primeiro, o comando do Senhor liberou a ação do Espírito Santo,
o Espírito da ressurreição, promovendo a ressurreição de Lázaro; depois, já
cheio de vida, pelo mesmo comando, o Espírito da ressurreição o tirou da
sepultura. Só pelo poder do Espírito Santo, debaixo do comando do Senhor, é que
muitos conseguirão ser arrancados de suas sepulturas. Só quando morremos é que
o Espírito da ressurreição e da vida nos arranca do poder e do território da
morte.
c) Desatai-o e deixai-o ir (v. 44).
Jesus ressuscitou Lázaro, mas não lhe removeu os
lençóis. No entanto, o Senhor ordenou ao povo: “desatai-o e deixai-o ir” (Jo. 11:44), porque remover os lençóis é
responsabilidade do homem. Da mesma forma, embora sejamos salvos pela graça de
Cristo, a tarefa de tirar nossos trajes imundos é nossa (Ef. 4:22-24).
Esses panos
atrapalhavam-no enquanto ele tateava em seu caminho para fora da caverna, em
direção à voz que o tinha chamado. Por isso, era necessário que alguém o
ajudasse desvencilhando-o das mortalhas, para que ele pudesse ver e andar
livremente.
A ordem de
Jesus pede às pessoas que se despojem desta crença que faz a ressurreição
demorar até o final, separando os vivos dos mortos. Da mesma forma que o
paralítico tinha que tomar a sua cama, também estas pessoas tem que lançar elas
mesmas de lado a mentalidade que as impedem de crer plenamente em Jesus.
Ao
desatarem Lazaro morto, são elas que se desatam do medo da morte que as
paralisava. Esta ação libertadora de Jesus implica em nossa prática
libertadora: desamarrar as pessoas de todos os laços que as prendem a uma
situação de morte. Assim agindo, estaremos continuando o que Jesus fez, a fim
de que todos tenham vida em abundância. Assim saem todos do sepulcro, que os
submetia à escravidão da morte. Somente agora, sabendo que morrer não significa
deixar de viver, é que as pessoas poderão entregar a vida como Jesus, para
recuperá-la.
Precisamos de desatar o nosso modo antigo de pensar (Rm.
12:1-2; Cl. 3:1-4); desatar o nosso modo antigo de falar e agir (Ef. 5:1-8; Cl.
3:8-10).
Jesus não apenas disse “desatai-o”, mas
acrescentou “deixai-o ir”.
Cristo não deseja que fiquemos marcando passo no mesmo lugar, mas que avancemos
(Cl. 2:6-7). Se alguém diz que crê, mas não age de acordo com a fé que diz ter,
essa fé está morta (Tg. 2:17).
E por fim,
Jesus ordena e envia Lázaro: “Desatai-o e
deixai-o ir embora” (Jo. 11:44). Basta que o homem seja desatado daquilo
que o fecha em si mesmo para a vida de Deus. Lázaro conheceu a corrupção: um
pecador. A salvação é o perdão do vivo, a vida que volta a ser dada na carne
que se corrompe e que a perdeu. As ataduras que o envolvem são postas para
conter e ligar as carnes que se decompõem. Só aquele que é o caminho, a verdade
e a vida pode dar essa ordem: “Desatai-o
e deixai-o ir”.” O que nos aproxima do que Jesus diz à mulher adúltera:
“vai em paz e não voltes a pecar”!” Quando Jesus ressuscitar, os panos que
servem para esconder a decomposição da carne, não terão servido de nada. Estão
dobrados, ao lado.
Muitos, como Lázaro, estão totalmente envoltos em
ataduras, dos pés à cabeça, mesmo depois de provarem os milagres do Senhor e de
estarem na presença dEle. Saíram das cavernas da morte pelo poder de Deus, mas
ainda estão com as ataduras que os impedem de viver a plenitude de vida que o
Senhor lhes deu.
O primeiro e o terceiro comandos demandaram ações
específicas a serem realizadas por nós, os que cremos nEle e na Sua Palavra.
Não podemos nos dar por satisfeitos por termos sido arrancados das covas da
morte, mas precisamos de nos libertar de toda e qualquer amarra que porventura
exista em nossa vida. Do mesmo modo, precisamos de fazer o mesmo com os discípulos,
aqueles que vieram das trevas para a luz de Jesus por intermédio de nossas
vidas.
Desatar é tirar as ataduras, desimpedir, desamarrar.
Desatar e deixar ir é uma ação também específica que Jesus requer da Sua
Igreja. O Senhor espera que cada um de nós tenhamos ações concretas para
libertar e facilitar o crescimento e a vida dos que Jesus traz da morte para a
vida. Para melhor funcionarmos como libertos e libertadores, precisamos de saber
o que são as ataduras, onde elas estão e o que elas estão atando.
Que o Senhor Jesus possa nos inspirar e nos impulsionar a agirmos com a
reta consciência e firme convicção, de que podemos ressuscitar, desde que
ressuscitemos todos juntos, em comunidade, unindo forças em prol de uma igreja
cada vez mais viva, comprometida e vivificante. A
expectativa da iminente volta do Senhor deve inspirar e impulsionar os cristãos
a uma vida santa. Uma vez que haverá um novo céu e uma nova terra, e que este
céu e esta terra são morada de justiça, quem quiser habitar nas mansões
celestiais com Cristo deverá praticar a vida de santidade desde agora, pois no
porvir não haverá qualquer vestígio de injustiça.
2.
Onde podemos encontrar as ataduras
nas pessoas?
a) Na cabeça: obstruindo os olhos, os
ouvidos e a boca.
As ataduras podem impedir a muitos de ver, ouvir,
falar e se alimentar. Elas podem produzir cegos, surdos, mudos e desnutridos
espirituais. Muitas mentes podem estar atadas, inibindo o entendimento
espiritual e as ações corretas de muitos salvos.
b) No tronco: obstruindo o tórax e o
abdómen.
As ataduras podem apertar, o tronco de muitos,
impedindo-os de respirar livremente, sufocando-os. Muitos podem estar
impedidos, pelas ataduras, de experimentar as profundas inspirações do Espírito
Santo em suas vidas. Quantos estão engessados no peito, impedidos de desfrutar
dos sopros profundos do Espírito em suas narinas espirituais. Não se enchem do
Espírito Santo.
c) Nos membros: obstruindo braços e
pernas, mãos e pés.
Quantas ataduras têm prendido os pés, braços e mãos valorosos? Quantos
estão paralisados no caminho e no ministério, impedidos de crescer e servir por
causa de ataduras? Quantas mãos estão limitadas ou impedidas de agir abençoando
os outros por estarem atadas, amarradas? Quantos têm tropeçado, caído ou sido
impedidos de caminhar por causa das ataduras que possuem nos pés?
3.
Que ataduras são essas?
São todos os mecanismos, ainda que bons, que podem
exercer papel limitador ou bloqueador para o nosso crescimento ou caminhada
espiritual com o Senhor, tais como: medo, maldições (miséria, falência,
enfermidades, divórcios, perversões sexuais etc.), orgulho, vaidade, ódio,
rancor, amargura, preconceitos, inveja, paradigmas eclesiais e denominacionais,
feridas e traumas emocionais, experiências pessoais (positivas ou negativas)
com o poder de Deus e com a fé, nossos dons e ministérios mal conduzidos
(gerando desistência, insucesso).
Para ficarmos livres destas “ataduras”, nós precisamos
de confessar nosso envolvimento nestas coisas, pedir perdão a Jesus, receber o
perdão de Jesus, liberar perdão para as pessoas que nos levaram a participar
nestas atividades, renunciar os demónios que operam nestas áreas, e
livrarmo-nos de qualquer objeto que tem ligação com estas coisas.
A Igreja de Jesus tem um papel fundamental no processo
de libertação e crescimento, na vida daqueles que precisam ir a Jesus e
caminhar com Ele na plenitude. Creio na igreja de Jesus como peça fundamental
no projeto de resgate das vidas hoje laçadas pelas drogas. Creio em uma
sociedade e um estado que precisa de ser sacudido e mobilizado para fazer parte
desse projeto. Precisamos de dizer não às drogas, mas acima de tudo precisamos de
dizer sim a Jesus! Algumas vezes não funcionamos por não querermos, mas,
noutras, é porque também estamos limitados por causa das nossas ataduras. Como
Igreja de Jesus, precisamos de nos livrar das ataduras pessoais, pois temos o
chamado específico para tirar as ataduras das pessoas, desatando-as para que
caminhem na liberdade e desfrutem da vida abundante que o Senhor trouxe para
cada um de nós. Vamos obedecer ao Senhor, alcançando os perdidos e facilitando
o seu crescimento em Cristo.
Sem comentários:
Enviar um comentário