Leitura:
João 11:21-28
Marta e Maria, que moravam em Betânia, um pequeno vilarejo, que ficava na encosta oriental do monte das
oliveiras, a cerca de três quilómetros de Jerusalém, tão logo se apercebem da gravidade do estado de saúde de seu irmão depois de usarem os escassos recursos de que a medicina dispunha naqueles
dias, enviam um
mensageiro até Jesus em Jerusalém porque acreditam que Jesus virá correndo para
salvar Lázaro da morte. As irmãs se revezam nas idas e vindas à porta, olham
para o caminho, na esperança de saudarem Jesus e festejarem a cura de Lázaro. Elas sabiam que Ele poderia ir além das tentativas frustradas dos médicos. Não dormem durante a noite, somente
oram para que Jesus chegue a tempo, o que não acontece. Ficam frustradas, teria
Ele se esquecido? Abandonado os amigos?
A
vontade de Marta e Maria é de que Jesus esteja em Betânia, a dos discípulos, de que Jesus não
saia de Jerusalém, porque os judeus procuram matá-lo. Discípulos amedrontados,
amigos desolados, e Jesus convicto da direção de Deus. Jesus atende ao pedido,
mas demora-se alguns dias para chegar e, quando chega, seu amigo Lázaro após
dias de sofrimento já havia morrido há quatro dias. Um mal repentino acometeu o
amigo amado de Jesus num momento em que Este estava a três quilómetros de
distância, em Jerusalém.
Mesmo
distante, Jesus sente quando Lázaro dá o último suspiro, ao que diz: “Lázaro, o nosso amigo dorme, mas vou
despertá-lo do sono” (Jo. 11:11). Os discípulos, testemunhas de vários
milagres de ressurreição, não entendem a declaração de Jesus, sobre o sono de
Lázaro: “Então Jesus disse-lhes
claramente: Lázaro está morto; e folgo por amor de vós, de que eu lá não
estivesse, para que acrediteis, mas vamos ter com ele” (Jo. 14-15).
A partir daí, ocorre uma das mais grandiosas operações
de Jesus: a ressurreição de Lázaro. No meio de um ambiente de dor e perda, o
Senhor se move atraindo a glória de Deus para aquele lugar. Não era o ambiente
ideal, em termos de fé, para que o sobrenatural de Deus se manifestasse, mas
Jesus não se prendeu às circunstâncias e operou o milagre.
Marta conhecia o Mestre, sabia dos
milagres que ele já fizera, mas pelo seu discurso no verso 27, vemos claramente que ela tentou
limitar a ação do Senhor. Para Marta, naquele momento, o
amigo Jesus era apenas o meio para pôr em ordem o caos que tomara conta do seu
mundo. Era um tipo
de fé que certamente não conseguia contemplar o milagre, a operação do
sobrenatural de Deus; ela até admitia a ressurreição, mas no tempo do provir,
jamais naquele momento! Jesus a exortou a entrar na dimensão da fé que lhe
permitiria ver a glória de Deus, pois ela tinha um tipo de fé que além de não
prever, não atraia o sobrenatural de Deus.
Impressiona-me
o facto de ninguém cogitar a ressurreição de Lázaro. Em Betânia, Jesus tenta “arrancar” alguma
declaração de fé, mas tudo o que ouve são reclamações, lamento, choro. É como
se Ele não estivesse presente. “Jesus chorou” (Jo. 11:35). Sempre imaginei
Jesus chorando silenciosamente, quase discretamente, seu olhar fixo no túmulo
de Lázaro, sua face e seus lábios imóveis. Mas não. Jesus chorou alto. Como?
Isso mesmo, todos ouviram a voz de Jesus em seu choro profundo.
“Jesus moveu-se muito em
espírito e perturbou-se” (v. 33 e 38). Movendo-se embrimaomai; Strong 1690:
derivado de em, “em”, e brime, “força”. A palavra é usada para exprimir
irritação, para indicar uma fala ou ação com sentimento profundo e para
repreensão severa.
Como poderia Ele
mover-se com força e irritação e
chorar mansamente? Ele se compadece do sofrimento das irmãs, da comoção dos
judeus ali presentes! Jesus brada com muita força para que a morte deixe
Lázaro! E é justamente isso que diz o texto Bíblico: “Clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora” (Jo. 11:43). Aquele
lugar estremece, é sacudido pela unção que quebra o jugo da morte, do seu amigo
e amado. Aleluia!
1.
Como as nossas orações podem limitar
as ações de Deus a nosso favor?
A Bíblia diz sabiamente que os ouvidos de Deus não
estão agravados para que não possa ouvir-nos (Is. 59:1b). Sim é verdade, Ele
está pronto para nos ouvir a qualquer momento que clamarmos por Ele, porém Ele
nos fala de um sentido mais íntimo: “Eu ouvirei dos céus”! Quando Deus fala que
ouvirá a nossa oração, não se refere apenas ao ouvir o som das nossas palavras,
mas fala de senti-las, de tomar parte do nosso sofrimento, de dividir connosco
as nossas dores e aflições e principalmente de responder em tempo oportuno e de
maneira eficaz tudo o que pedimos. Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra
de todas. ... que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder
ouvir. Sua mão está
sempre pronta para nos salvar, mesmo nos piores momentos da nossa vida (Is.
59:1ª).
Os cristãos devem compreender que, após crerem em
Cristo, conforme diz as Escrituras, foram salvos da condenação proveniente da
queda de Adão. Esta salvação é efetiva para o tempo que se chama hoje. Quem
invoca a Cristo é salvo da condenação estabelecida em Adão no passado (1 Co. 6:
2).
Quem assim clamar (invocar) será escutado (atendido).
Quem gritar ao Senhor acerca da violência estabelecida em Adão, verá a salvação
de Deus. Quem vir a iniquidade em que foi formado, perceberá que precisa nascer
de novo, da semente incorruptível, que é a palavra de Deus (Sl. 51:5).
Embora a corrupção do género humano seja observável a
olho nu, o socorro e a salvação de Deus é imediata àqueles que invocam o seu
nome. Os ouvidos de Deus não estão agravados para que não possa ouvir quem
clame por salvação “E há-de ser que todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Joel 2:32); “Eis que a mão do Senhor não está encolhida,
para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir”
(Is. 59:1).
Nossas orações
não serão atendidas se não tivermos fé genuína, verdadeira. Jesus declarou
abertamente: “Tudo o que pedirdes, orando,
crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Mc. 11:24). Ao pai de um menino
endemoninhado, Ele falou assim: “Tudo é
possível ao que crê” (Mc. 9:23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em
inteira certeza de fé” (Hb. 10:22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé,
não duvidando (Tg. 1:6; cf. 5:15).
É evidente que o Senhor é o Deus Todo-Poderoso e
nenhum poder pode ser maior que o Seu. No entanto, há algumas características
pessoais que podem literalmente limitar as ações do Senhor a favor da pessoa.
a) Incredulidade
A incredulidade é uma barreira que impede de
recebermos as bênçãos divinas, ela se apresenta manifestando a falta de fé,
confiança, descrença e crédito. Ela também ocorre em pessoas piedosas, cristãs
e tementes a Deus. Jesus lançou-lhes em rosto a sua incredulidade (Mc. 16:14).
Temos nas escrituras alguns exemplos que servem para nós nos dias de hoje.
A incredulidade
tira-nos do lugar do sobrenatural de Deus. Há muitos cristãos que não creem que
o sobrenatural pode cruzar os seus caminhos. Muitos até oram, pedindo que o
milagre aconteça, mas muito mais por religiosidade do que pela fé propriamente
dita. É preciso crer que tudo aquilo que o Senhor disse a nosso respeito se
cumprirá, no que depender dEle. A incredulidade, muitas vezes, vem travestida
de falsa espiritualidade, levando a pessoa a espiritualizar a necessidade,
conformando-se a ela, para não ter que exercitar a fé que atrai a solução e a
glória de Deus.
Falamos de um “Deus do impossível”, mas quando se trata
de ver a manifestação do “Deus do impossível” em nossas próprias vidas, parece
que Ele não é tão milagroso assim. Lá no fundo de nossos corações, bem
escondidinho, pensamos: - Porque será que Deus faz proezas na vida de tantas
pessoas e eu só observo?
Há muitos que mesmo vendo os atos poderosos de Deus no
seu meio, não acreditam que Deus possa abençoá-los. Não creem na fidelidade,
nem na soberania de Deus. Aquele povo, a despeito dos grandes feitos de Deus a
seu favor, não cria que Deus pudesse dar-lhe a vitória. A incredulidade é um
terrível fator de inviabilização de conquistas, porque ela paralisa a
caminhada, tira a pessoa da rota da vitória e a autoriza a caminhar pelo
próprio entendimento. A incredulidade é parceira do humanismo, do ceticismo e alimenta
os argumentos contra as promessas de Deus e suas conquistas.
Coloque-se na presença do Senhor e avalie-se, conforme
o texto bíblico abordado. Assuma a sua posição de livre em Cristo Jesus e
declare quebradas todas as cadeias que porventura ainda prendam a sua alma.
Nunca se contente com menos do que tudo o que o Senhor lhe prometeu. Dê um
basta a qualquer dos fatores inviabilizadores de suas promessas e rompa nas
conquistas sobrenaturais de Deus.
b) Medo de se frustrar.
O medo paralisa as ações de conquista porque
neutraliza a fé da pessoa. Quando o cristão é visitado pelo medo, ele se
esquece do Deus Todo-Poderoso com quem está aliançado e, diante de qualquer
relatório contraditório, terá seu coração derretido e se acovardará, porque
seus olhos só conseguem ver derrota, fracasso e impossibilidades, jamais
conquista. Há pessoas que têm medo até de serem felizes e abençoadas por Deus!
Há os que por medo de se frustrarem, caso não sejam
atendidos, não exercitam a fé que atrai o sobrenatural de Deus. O medo paralisa
a fé e inviabiliza as ações sobrenaturais de Deus a nosso favor. Toda a pessoa
que permite que o medo paralise a sua fé, acaba se tornando insegura na
caminhada espiritual e altamente limitada na sua relação com o Senhor. Nesse
caso estão as pessoas que relativizam as operações de Deus, afirmando que, para
elas, só algumas promessas de Deus podem se cumprir, outras não, principalmente
aquelas que dependem do exercício de uma fé ousada que atraia a glória de Deus.
A chamada ética de situação, comum em nossos dias, é
uma filosofia de vida bastante caótica e causa inúmeros prejuízos. É bem melhor
armazenar na mente, previamente, os princípios bíblicos, e viver por eles, do
que esperar até que as emoções, paixões e pressões da existência nos oprimam,
forçando-nos a uma decisão. É como disse o Senhor: “Antes bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”
(Lc. 11:28)! Ninguém pode guardar o que nunca ouviu. Mas, quando saturamos a
mente todos os dias com a Palavra de Deus, Ela iluminará os caminhos escuros do
futuro com a orientação divina.
c) Presunção
A presunção é sempre condenada na Bíblia. Quando Saul
se atreveu a achar que não fazia mal se ele oferecesse os sacrifícios, ainda
que Deus não houvesse dito isso, foi condenado (1 Sm. 13). Enquanto Naamã
confiou presunçosamente que os rios da Síria lhe concederiam a purificação da
mesma forma que o rio Jordão, continuou com lepra (2 Rs. 5). Quando Nadabe e
Abiú tomaram por certa a permissão de oferecerem outro fogo, a respeito do que
Deus não falou, foram consumidos por Deus (Lev. 10). Quando Uzias confiou por
presunção que um não levita pudesse queimar incenso, ainda que Deus não o
houvesse declarado, foi castigado com lepra (2 Cr. 26). Fazer o que Deus não
autorizou é agir por presunção e pecar.
Presunçoso é o que acha que já sabe o que vai
acontecer. A presunção, além de tornar a pessoa soberba, arrogante e limitada
no ensino, a torna fechada ao novo que Deus pode fazer em sua vida e história.
Parece que Marta tinha uma pitada de presunção: ela cria que Jesus poderia ter
curado Lázaro e que o ressuscitaria na ressurreição dos mortos no último dia,
mas não na ressurreição daquele dia.
Muitos não desfrutam das maravilhas de Deus por causa
de sua presunção religiosa, espiritual etc. A pessoa presunçosa, mesmo sem se
dar conta, define o que o Senhor pode ou não fazer. Para ela, arrancar seu
irmão das garras da morte, que o prendiam há quatro dias, era impossível. Por
causa dos seus argumentos presunçosos ela tentou impedir Jesus de operar o
milagre naquele momento. Parece que ela queria dizer a Jesus o seguinte: O
Senhor não pode fazer mais nada aqui, então, por que mexer com o que já está
definido? Jesus a confrontou desafiando-a a exercitar a fé.
Só pelo exercício da fé saímos da presunção e abrimos
espaço para que a glória de Deus se manifeste. Saia da presunção, achando que
já sabe tudo o que Deus pode fazer por si. Abra-se para o sobrenatural de Deus,
creia que Ele é o Senhor das maravilhas e espere pela manifestação da glória de
Deus, no cumprimento de cada uma das promessas que o Senhor tem para a sua
vida.
d) Paradigmas religiosos.
Paradigma pode ser entendido por um exemplo, um
modelo, uma referência, uma diretriz, um parâmetro, um rumo, uma estrutura, ou
até mesmo ideal. Algo digno de ser seguido. Podemos dizer que um paradigma é a
perceção geral e comum - não necessariamente a melhor - de se ver determinada
coisa, seja um objeto, seja um fenómeno, seja um conjunto de ideias. Ao mesmo
tempo, ao ser aceito, um paradigma serve como critério de verdade e de
validação e reconhecimento nos meios onde é adotado
Há muitos cristãos com conceitos erróneos quanto às
operações de Deus a favor de Seus filhos. Simplesmente não acreditam que são
herdeiros das promessas de Deus, nem que têm direito às maravilhas de Deus. São
pessoas com formatações religiosas definidas e erróneas em suas mentes, que as
impedem de esperar pelo sobrenatural de Deus em suas vidas.
É uma questão de mentalidade operando contrariamente
ao mover da fé que atrai a glória de Deus, as maravilhas de Deus. Muitos acham
que o tempo dos milagres de Deus já passou! Como uma pessoa assim pode crer que
o sobrenatural vá acontecer em sua vida? É preciso mudança de mentalidade para
haver mudança de paradigmas. A mente de Cristo precisa governar a nossa mente,
para que possamos nos abrir para o “é possível de Deus”.
Precisamos de deixar o humanismo e a teologia
mundanizada e mergulhar na Palavra de Deus com fé, pureza e simplicidade,
crendo que o Deus da Palavra é Verdadeiro, Fiel e Justo para cumpri-la na
íntegra. Quem vive relativizando a Verdade de Deus realmente tem dificuldade
para crer que a glória de Deus possa se manifestar, mesmo nas situações
aparentemente menos favoráveis. Pessoas assim, em geral, hipertrofiam ou
hipervalorizam alguns princípios de fé para justificarem a incredulidade ou o
atrofiamento de outros em sua vida; por exemplo, hipertrofiam o princípio da
soberania de Deus para não orarem por cura e “justificarem” sua incredulidade
quanto à cura divina, desvalorizando o princípio de que pelas Suas pisaduras o
Senhor levou nossas enfermidades.
e) Circunstâncias limitativas.
Às vezes, por causa das adversidades tão violentas,
muitos ficam como que anestesiados na fé. É possível que aquelas irmãs
estivessem paralisadas pela adversidade de terem perdido o irmão. A morte, em
muitos casos, funciona como fator limitativo, paralisador da fé.
São as situações adversas e conflituantes que roubam a
esperança das pessoas e, logicamente, a fé para a manifestação da glória de
Deus. Marta aparentemente estava assim, limitada na sua fé por causa da grande
perda que sofreu e, principalmente, porque aos olhos humanos era irreparável.
Muitos simplesmente não oram pela manifestação do sobrenatural de Deus em suas
vidas e história, porque estão debaixo do choque de alguma circunstância
terrível e limitativa. Parece que nesses casos há uma regência de desistência
na vida da pessoa; por causa das circunstâncias adversas elas puseram um ponto
final na história e, porque não há esperança, não oram e limitam as ações do
Senhor.
Ao orar não limite o Senhor, pelo contrário, abra-se
para o “é possível de Deus”. Creia que Ele é poderoso para realizar tudo aquilo
que nos prometeu. Recuse-se a orar olhando para as circunstâncias ou para as
suas possibilidades. Ore esperando o inusitado, o sobrenatural de Deus.
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