Leitura:
Lucas 3:21-22 e 4:1-2
Esta batalha não é recente,
começou lá no Paraíso, com os nossos primeiros pais. Desde então o homem vive
num estado de guerra. Um dos nomes deste inimigo é “tentador”. Este nome se dá,
pois de modo literal, a sua atividade é tentar induzir os filhos de Deus a
pecarem ou abandonarem a fé.
Momentosos
eram, para o mundo, os resultados em jogo no conflito entre o Príncipe da Luz e
o líder do reino das trevas. Depois de tentar o homem a pecar, Satanás reclamou
a Terra como sua, e intitulou-se príncipe deste mundo. Havendo levado os pais
de nossa raça à semelhança com sua própria natureza, julgou estabelecer aqui
seu império. Declarou que os homens o haviam escolhido como seu soberano.
Através de seu domínio sobre os homens, adquiriu império sobre o mundo. Cristo
viera para desmentir a pretensão de Satanás. Como Filho do homem, o Salvador
permaneceria leal a Deus. Assim se provaria que Satanás não havia adquirido
inteiro domínio sobre a raça humana, e que a sua pretensão ao mundo era falsa.
Todos quantos desejassem libertação de seu poder, seriam postos em liberdade. O
domínio perdido por Adão em consequência do pecado seria restaurado.
Nesta lição, focalizaremos o
significado da tentação, seus agentes e sobretudo como vencê-la. As tentações
aparecem com um só objetivo, ou seja, de nos levarem à desobediência a Deus.
Felizmente não precisamos de enfrentá-las sozinhos. Não nos esqueçamos do
exemplo máximo, representado na pessoa de Jesus, Aquele que também foi tentado,
porém, conseguiu vencer o Tentador. Jesus é o mais forte, por isso temos paz,
na certeza de que na companhia dele, alcançaremos a vitória contra toda a forma
de tentação.
Quando Jesus chegou ao
deserto, estava rodeado da glória do Pai. Absorto em comunhão com Deus, foi
erguido acima da fraqueza humana. Mas a glória afastou-se, e Ele foi deixado a
lutar com a tentação. Ela O apertava a todo instante. Sua natureza humana
recuava do conflito que O aguardava. Durante quarenta dias, jejuou e orou.
Fraco e emagrecido pela fome, macilento e extenuado pela angústia mental, “o
Seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a Sua
figura mais do que a dos outros filhos dos homens” (Is. 52:14). Era então a
oportunidade de Satanás. Julgou poder agora vencer a Cristo.
Quando Jesus foi levado ao
deserto para ser tentado, foi levado pelo Espírito de Deus. Não convidou a
tentação. Foi para o deserto para estar sozinho, a fim de considerar Sua missão
e obra. Por jejum e oração Se devia fortalecer para a sangrenta vereda que Lhe
cumpria trilhar. Mas Satanás sabia que Jesus fora para o deserto, e julgou ser
essa a melhor ocasião de se aproximar dEle. Contudo, Jesus já estava preparado
para enfrentar o diabo, Ele estava cheio do Espírito Santo de Deus. É o próprio
Espírito, que nos leva para sermos provados, logo que estejamos preparados.
Jamais um homem vai para a guerra, sem que primeiro conheça a estratégia do
inimigo, sem que antes seja instruído pelo General de guerra, Deus dos
Exércitos.
A tentação de Jesus por Satanás foi uma tentativa de
desviá-lo da perfeita obediência à vontade de Deus. Note que Cristo em cada
caso submeteu-se à autoridade da Palavra de Deus, ao invés de submeter-se aos
desejos de Satanás (vs. 4, 7, 10).
Por isso, num certo sentido não foi surpresa o ataque de Satanás a Cristo.
A Palavra diz que Cristo foi levado ao deserto, pela direção do Espírito Santo,
para ser tentado. A tentação aconteceu quando Cristo consagrava a Sua vida e
orava ao Pai. Todos nós somos tentados como Jesus todos os dias, vivemos em
intensas batalhas que somente pela compreensão da tentação e a leitura da
palavra é que podemos vencer. Vamos abordar alguns aspetos importantes
relativos à tentação.
1.
Satanás tem um alvo certo – O homem.
A ação mais direta de Satanás na vida do homem, é pela
tentação. Esta ação se dá através da mente, com ideias e pensamentos malignos,
objetivando fazer com que o homem ceda e eventualmente venha a pecar.
De todas as lições a serem
aprendidas da primeira grande tentação de nosso Senhor, nenhuma é mais
importante do que a que diz respeito ao controle dos apetites e paixões. Em
todos os séculos, as tentações mais atraentes à natureza física têm sido mais
bem-sucedidas em corromper e degradar a humanidade. Satanás opera por meio da
intemperança para destruir as faculdades mentais e morais concedidas por Deus
ao homem como inapreciável dom. Assim se torna impossível ao homem apreciar as
coisas de valor eterno. Através de condescendências sensuais, busca ele apagar
na alma todo o traço de semelhança com Deus.
As irrefreadas satisfações
da inclinação natural e a consequente enfermidade e degradação que existiam ao
tempo do primeiro advento de Cristo, dominarão de novo com intensidade
agravada, antes de Sua segunda vinda. Cristo declara que as condições do mundo
serão como nos dias anteriores ao dilúvio, e como em Sodoma e Gomorra. Todas as
imaginações dos pensamentos do coração serão más continuamente. Vivemos mesmo no
limiar daquele terrível tempo, e a nós convém-nos a lição do jejum do Salvador.
Unicamente pela inexprimível angústia suportada por Cristo podemos avaliar o
mal da irrefreada satisfação própria. Seu exemplo nos declara que nossa única
esperança de vida eterna é manter os apetites e paixões sob sujeição à vontade
de Deus.
Em nossa própria força,
é-nos impossível escapar aos clamores de nossa natureza caída. Satanás trar-nos-á
tentações por esse lado. Cristo sabia que o inimigo viria a toda criatura
humana, para se aproveitar da fraqueza hereditária e, por suas falsas
insinuações, enredar a todos cuja confiança não se firma em Deus. E, passando
pelo terreno que devemos atravessar, nosso Senhor nos preparou o caminho para a
vitória. Não é de Sua vontade que fiquemos desvantajosamente colocados no
conflito com Satanás. Não quer que fiquemos intimidados nem desfalecidos pelos
assaltos da serpente. “Tende bom ânimo”, diz Ele, “Eu venci o mundo”
(Jo. 16:33).
E a maneira por que isso se
realiza, Cristo no-la mostrou. Por que meio venceu no conflito contra Satanás?
– Pela Palavra de Deus. Unicamente pela Palavra pôde resistir à tentação. “Está
escrito”, dizia. E são-nos dadas “grandíssimas e preciosas promessas, para que
por elas fiqueis participantes da Natureza divina, havendo escapado da
corrupção, que pela concupiscência há no mundo” (2 Pe. 1:4). Toda a promessa da
Palavra de Deus pertence-nos. “De tudo o que sai da boca de Deus”
havemos de viver. Quando assaltados pela tentação, não olheis às
circunstâncias, ou à fraqueza do próprio eu, mas ao poder da Palavra.
Pertence-vos toda a sua força. “Escondi a Tua Palavra no meu coração”,
diz o Salmista, “para eu não pecar contra Ti…” (Sl. 119:11). “Pela
Palavra dos Teus lábios me guardei das veredas do destruidor” (Sl. 17:4).
a) Mas qual é o propósito de Deus em
permitir que Satanás nos tente?
Por uma razão muito simples, amados! Deus não quer que
o homem o ame e o glorifique por obrigação. Deus quer adoradores espontâneos.
Homens e mulheres que façam a opção de servir ao Senhor de livre e espontânea
vontade.
Assim como Satanás induziu Eva a tomar a decisão de
desobedecer à lei de Deus, também o faz com o homem, e Deus permite que
passemos por tentações, para que tenhamos a liberdade de escolher entre servir
a Deus em obediência ou servir ao diabo com a desobediência. Sabemos que o
pecado é a quebra da lei de Deus. E se o homem decide fazer algo errado, isso
significa que a sua vontade foi contaminada. A sua vontade não é mais pura.
Satanás não quer que o homem esteja sob a autoridade
de Deus. Satanás teme aquele(a) que está debaixo da Autoridade de Deus. E para isso ele efetua a sua luta
dentro dos corações, mentes, e almas dos homens e mulheres. Satanás cega as
mentes dos não crentes e ataca os crentes nas áreas de adoração, Palavra, seu
caminhar diário e em seu trabalho para Deus.
O alvo do diabo é o ser humano, com vistas a afastá-lo
cada vez mais de Deus e de Seus propósitos eternos. No texto bíblico, o alvo
foi Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Messias, cheio do Espírito Santo. Desde
que Cristo nasceu, Satanás tentou liquidá-lO através de Herodes (Mt. 2:16), mas
falhou! Depois de passados 30 anos, tenta de novo, justo quando o Senhor Se
preparava para iniciar Seu ministério libertador, que culminaria na Sua
crucificação.
Como se vê, a muita espiritualidade não nos livra de sermos tentados. Naqueles
40 dias de preparação espiritual no deserto o maligno agiu. Quanto mais cheio
do poder de Deus se encontrar o discípulo, tanto maior será a sua probabilidade
de tornar-se o alvo da tentação. Ser tentado não é pecado, ceder à tentação
sim.
2.
O tempo certo para a tentação.
A palavra tentação
refere-se a uma solicitação para se praticar o mal. Às vezes, a pessoa cai
imediatamente em tentação, pois ela não percebe que está sendo induzida a
praticar o erro, só depois é que possui a noção real de que uma cilada lhe foi
armada. Em outras ocasiões, o indivíduo claramente identifica a situação;
inicia-se um processo de luta, que culminará na realização do pecado ou na
resistência sistemática a ele, saindo a pessoa vitoriosa do conflito, porque
não cedeu ao pecado. Jesus foi tentado quarenta dias pelo diabo, contudo não
sucumbiu à tentação.
O inimigo que enfrentamos hoje é o mesmo que o Mestre enfrentou. As
estratégias e os propósitos malignos ali detetados ainda se manifestam hoje.
As tentações de Cristo estão sempre
relacionadas ao tempo e ao modo. Jesus haveria de comer pão (Mt. 26:26), mas
não naquela hora nem seguindo a “receita” do inimigo. Ele seria servido pelos
anjos (Mt. 4:11), mas não através de uma tentativa de suicídio. Ele teria o
domínio sobre todos os reinos do mundo (Ap. 11:15), mas não pelas mãos de
Satanás. Tudo seria conquistado no tempo certo e da maneira correta. Jesus
precisaria de esperar, demonstrando paciência e perseverança, seguindo os
trâmites normais, pagando o preço justo, dentro do itinerário previsto pelo
Pai, sem atalhos ou caminhos alternativos.
Estes aspetos
também permeiam as tentações que enfrentamos hoje. Muitas experiências da vida
são necessárias e válidas, desde que aconteçam no tempo certo e do modo correto
(Ec. 8:5-6). Discernir o tempo e o modo é uma das maiores utilidades da
sabedoria. Há momentos em que não podemos esperar por que a situação urge e é
necessária uma ação. Há um tempo em que ficamos em dúvidas se devemos agir ou
esperar, porém há tempos em que nós sabemos que o melhor é esperar, mas a
ansiedade não permite. E se seguirmos a ansiedade podemos colocar os pés pelas
mãos, colocar a carroça na frente dos bois e alterar todo o nosso futuro. A
pressa e a precipitação fazem com que muitas pessoas antecipem factos da vida,
para os quais não estão preparadas. Por exemplo, podemos citar as relações
sexuais precoces, fora do matrimónio, talvez seguidas pela gravidez indesejada
que, em alguns casos, termina em aborto.
A hora e a maneira
de se realizar algo serão fatores determinantes para que aquilo seja bom ou mau
para nós (Ec. 3:1-8).
Outra
característica das tentações de Cristo é que todas estão relacionadas ao “eu”.
O inimigo sugere benefícios pessoais em cada situação, seja no caso dos pães,
do socorro angelical ou do governo mundial. Aparentemente, o homem Jesus
estaria usufruindo de tudo, como o centro das atenções. Entretanto, existe a
vantagem de Satanás em cada facto, pois, em caso de realização daquelas ações,
ele levaria o crédito. Dele seriam o planeamento e a direção. Teria, portanto,
uma posição de autoridade sobre Cristo. No caso do controle sobre os reinos do
mundo, Jesus seria o rei, mas Satanás seria ainda superior, em posição de “deus”,
pois haveria de ser adorado (Mt. 4:9).
Portanto, em toda
tentação ou pecado, por trás dos aparentes benefícios humanos, existe o ganho
discreto, porém maior, de Satanás. Depois, o benefício acaba, mas o dano
espiritual permanece. É o que acontece com alguns produtos que compramos. A
mercadoria acaba, mas continuamos pagando as prestações. Cuidado! O sabor do
pecado termina rapidamente, mas a culpa fica, as consequências permanecem e o
castigo pode ser eterno, caso não haja arrependimento e conversão.
O inimigo
utiliza coisas boas para tecer suas teias malignas. Nas três tentações
observamos que ele procurou desviar o poder sobrenatural (Mt. 4:3), a palavra
de Deus (Mt. 4:6) e a adoração (Mt. 4:9) para alvos inadequados. Note-se a
subtileza da tentação e o quanto devemos vigiar.
Satanás escolhe o tempo oportuno para tentar. Ele
ataca quando os alvos estão mais vulneráveis. Ele achou que após o batismo no
Jordão, depois de ser cheio do Espírito e ser aprovado pelo Pai, Jesus estaria
tão confiante de si que aquele seria o momento certo. Deve ter imaginado: 30
anos no anonimato, é batizado, ungido e comissionado pelo Pai para o ministério
público; agora, plenamente identificado com os pecadores, cheio de poder e
revelação do Pai, deve estar no ponto de ceder pelo orgulho, autossuficiência,
vaidade. Sim, Jesus passou do sorriso do Pai para o ataque do diabo, cujo
propósito era desviar o Messias do Seu caminho.
Vigiemos: não é porque estamos mais próximos do Senhor e observamos a unção
do céu cair sobre as nossas cabeças, que não enfrentamos a maior oposição do
diabo. Nossa aproximação de Deus garante-nos a vitória, mas não remove a
tentação. O que garante a nossa vitória não é a nossa força, mas a nossa
posição diante de Deus. Satanás sabe que quanto mais vitórias, mais vulneráveis
ficamos ao orgulho, autoconfiança, soberba, vaidade etc. Devemos
de estar sempre em alerta, vigiando e orando para não cairmos na astutas
ciladas do inimigo, pois ele lança as suas ofertas para nos tentar, e fazer com
que pecamos. É necessário aprender a viver com
sabedoria em Cristo e então tudo ao redor de nós irá adquirir significado e
valor para a eternidade.
3.
Qual o território ideal para a tentação?
O deserto (tanto literal como figuradamente).
Toda a intenção de Satanás é de nos trazer o mal. De
nos levar ao engano, nos oferecendo oportunidades, negócios, facilidades, que
nos darão lucros, sucesso, vantagens... aparentemente não nos farão mal, mas
que na verdade é puro engano! E se caímos na tentação, temos que depois arcar
com os prejuízos, os danos morais e físicos. O que ele quer de facto é nos
fazer crer que algo é falso, seja verdadeiro, pois ele é o pai da mentira como
está escrito em João 8:44.
O tentador vai procurar contestar em depoimento,
citando a Palavra de Deus, distorcida para nos enganar, para ver até onde
concordamos com ele, procurando convencer-nos, através da força física, aquilo
que a alma deseja. Ele vai trabalhar persistindo, incomodando e atormentando,
para ver a nossa firmeza, até onde vai (fidelidade para com Deus) na qualidade
moral, principalmente na espiritual que aparenta ser.
Satanás sempre injeta pensamentos impuros na mente do
homem para induzi-lo ao pecado. O pensamento impuro é o ponto de partida. Todo o
pensamento impuro contamina a mente, prejudica o senso moral e tende a apagar
as impressões do Espírito Santo. Devemos resistir a todo e a qualquer
pensamento impuro, pois ele é o ponto de partida para o pecado. Se tal
pensamento se recusar a deixar-nos devemos lançar mão das promessas em Tiago
4:7. Se a Bíblia diz que o diabo fugirá de nós após o resistirmos, é porque o
diabo fugirá de nós após o resistirmos! Ou cremos na Bíblia ou cremos na
mentira satânica. Pode parecer que ainda não fugiu, e é esta a mentira do diabo,
tentar quebrar a Palavra do Senhor. Devemos crer que fugiu porque a Palavra
assim o garante. Isso é fé. Não lhe dê mais tanta atenção, pois é exatamente o
que ele quer, desviar a nossa atenção das promessas de Deus para nos
enfraquecer (Gn. 3:1-7).
Qualquer lugar ou área de nossa vida onde as nossas
fragilidades podem aparecer, ali poderá ser um deserto em nossa vida e onde o
diabo poderá tentar-nos. O nosso deserto pode estar nas emoções, na moral, na
família, no sexo, no dinheiro, no ministério, nos relacionamentos no
discipulado, nas circunstâncias adversas. O facto é que o tempo no deserto será
sempre um período onde nossa fraqueza pode aparecer e onde geralmente mostramos
alguma suscetibilidade à queda.
No entanto, foi naquele lugar hostil que o Senhor venceu a tentação e o
tentador. Aleluia! Por isso, não importa tanto o tipo de deserto, pois se nos
mantivermos firmes, submissos ao Senhor e debaixo do Seu poder poderemos sair
vencedores em qualquer território. Precisamos de evitar de usar o deserto como
desculpa para as nossas derrotas e fracassos.
4.
Uma tática diabólica.
Satanás deseja ardentemente acusar os santos de Deus.
Isso acontece na consciência. O Espírito Santo opera na consciência para
purificar; o diabo tenta imitar o Espírito, mas contrariamente. Ele tenta
desestruturar o homem pela sua consciência. Esse tipo de ataque é comum e
destrói muitos crentes desapercebidos. O Espírito quer livrar-nos do pecado,
enquanto o diabo quer que permaneçamos presos nele.
O texto diz que
Jesus foi tentado durante os quarenta dias (“sendo tentado”), mas que no
quadragésimo dia ela chegou ao auge. Exatamente quando a fome de Jesus
aumentou, o diabo atuou com mais intensidade, tentando-O em áreas onde Ele
tinha o direito de afirmar-Se. Tentou-O como Criador (podia criar pão a
qualquer hora), como Messias (Ele era dono de tudo) e como Senhor dos exércitos
(pois era comandante de todo o exército celestial). Mas Jesus não cedeu,
permaneceu nos propósitos do Pai e saiu vitorioso.
Satanás estará sempre mexendo com sua pessoa, seu
caráter, seu temperamento de filho de Deus. Como fez com Jesus: Se és Filho de
Deus, então prove nisto, ou naquilo, naquilo que tens demonstrado ser.
Satanás ainda quer ser o governante supremo. Ele está
travando uma batalha intensa pelo coração, mente, alma e espírito do homem.
Suas estratégias estão dirigidas contra Deus, Seu plano e Seu povo. A batalha
continuará até o grande conflito final.
Cuidado! O diabo poderá tentá-lo numa área de
resistência, onde tem o direito de afirmar-se (como na família, no ministério),
fazendo-o perverter a verdade, os princípios eternos de Deus. A tentação pode
ser vista por dois ângulos: pelo ângulo divino, será um teste de retidão que
nos habilitará a prosseguir para planos mais altos; pelo ângulo diabólico, será
uma indução para a queda. Portanto, vigie! Nossa postura no deserto vai definir
o resultado da guerra!
a) Vemos assim que a tentação está basicamente
dirigida a três áreas:
1) Concupiscência da carne (4:3): dirigida ao que somos tentados a
fazer para satisfação dos desejos carnais (evidencia-se, entre outros, pelas práticas idólatras e da feitiçaria,
pelas ligações com os demónios, pela glutonaria, pelos desejos e pelas
práticas sexuais pecaminosas, junto com aquilo que tende a nos incitar, pela
violência, pelas atividades religiosas falsas, pelas posturas e ações contra o
próximo e pelas práticas que destroem o domínio próprio da pessoa).
2) Concupiscência dos olhos (4:6-7): dirigida ao que somos tentados a
ter para nos satisfazermos (evidencia-se a cobiça, insatisfação, materialismo).
Ou seja a vontade pervertida da carne e a vontade pervertida dos olhos
despertam em nós a cobiça pelas coisas que vemos e aí vem a contaminação
decorrente da soberba da vida, ou seja o orgulho de ter, de poder, de ser
alguma coisa, etc., se instala na mente. Eclesiastes 1:8 diz: “Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os
olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir”. E Tiago 4:4
diz: “Cobiçais e nada tendes; logo
matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada
tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o
gastardes em vossos deleites. Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é
inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus”.
3) Pela soberba da vida (4.9-11): dirigida ao que somos tentados a
ser para nos sentirmos realizados (revela-se pela inveja, orgulho pelas coisas
da vida, ostentação dos bens, exaltação de si mesmo, homens que fazem do
próprio “eu” um deus, gastam tudo o que possuem – dinheiro e energias - ou ao
contrário). Tudo isto para o propósito do “eu”, o perverso e pequeno “ego” que
quer que subamos no palco da vida com todos os refletores focados em nós. 1 Pedro 2:11-12 diz: “Amados, exorto-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais
das concupiscências da carne, as quais combatem contra a alma; tendo o vosso
procedimento correto entre os gentios, para que naquilo em que falam mal de
vós, como de malfeitores, observando as vossas boas obras glorifiquem a Deus no
dia da visitação”.
O diabo sempre tentará nessas três categorias, levando o homem a fazer, ter
ou ser algo errado, fora dos planos de Deus, a partir do engano ou da perversão
da verdade, com base na carnalidade humana.
5.
A nossa vitória.
A vitória está em Jesus Cristo. Ele nos livrou da condenação da
lei, porque Jesus cumpriu a lei. A penalidade para o pecado foi
paga na íntegra. Ele também nos deu o nascimento espiritual. Nós
nascemos espiritualmente.
Nós agora vivemos a vida nova em Cristo através do poder e da presença do
Espírito Santo. “Se formos guiados pelo
Espírito” nós somos os “filhos de
Deus” (8:14). Se não vivemos pelo Espírito, não
somos cristãos. A maior prova de que somos verdadeiros crentes é que estamos a
viver sob o controle do Espírito Santo.
A Palavra
de Deus nos dá a promessa da certeza da vitória final sobre o poder e a
presença do pecado na vida do cristão. O triunfo inevitável
virá através da graça de Deus.
Porque Deus nos salvou da pena de pecado, e está salvando-nos do poder do
pecado, Ele nos dará a vitória final sobre a presença do pecado quando Cristo
voltar.
Ao contrário do Senhor, que sempre quer nos dar
a vitória em qualquer lugar, o inimigo sempre utilizará o deserto para nos
derrotar com a tentação. Por isso, precisamos de agir como Jesus, de cabeça
ereta, confiantes nEle, posicionados como vencedores e não mais como
perdedores, esperneando e reclamando no deserto. Afinal, Jesus o venceu e,
nEle, também venceremos!
Lembre-se que o Senhor não nos deixará no deserto para
sermos derrotados, mas aprovados. Nossa vitória está em sermos achados em
Cristo em toda e qualquer situação. Para isto precisamos andar em verdade e
santidade – as nossas armas mais eficazes contra Satanás, dentro ou fora do
deserto!
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